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TRABALHO EM EQUIPE

Algumas pontuações positivas sobre sua importância para agilizar


a prestação jurisdicional

Andréa Araujo Bostelmam1


Claudia Aparecida Soares2

Resumo: A solução de conflitos com a intervenção do Estado necessita de respostas com maior
brevidade possível incluindo nisto as atividades dos servidores de maneira organizada e com
vistas à prestação jurisdicional célere. Assim, buscou-se neste trabalho conhecer em linhas
gerais o processo, os servidores públicos e a prestação jurisdicional para compreender quem
são as pessoas envolvidas nos procedimentos necessários para o andamento da ação judicial.
Em seguida, são apresentadas as características do trabalho em equipe e do trabalho em grupo
e suas consequências, situações que se relacionam com a gestão de pessoas, inserindo neste
contexto questões como percepção e clima organizacional e satisfação profissional, pois uma
pessoa que esteja bem em seu local de trabalho, exerce suas funções de maneira mais produtiva.
Por fim, apresentou-se algumas pontuações positivas acerca do desenvolvimento do trabalho
em equipe como auxiliar da prestação jurisdicional célere, considerando que são diversos os
grupos de servidores envolvidos desde o início de uma ação judicial até chegar ao seu fim com
a prolatação de sentença.
Palavras-chave: Trabalho. Equipe. Serviço. Público. Celeridade.

TEAM WORK
Some positive scores on its importance to expedite the
jurisdictional provision
Abstract: The solution of conflicts with the intervention of the State requires answers as soon
as possible including in this the activities of the servants in an organized way and with a view
to the fast judicial provision. Thus, this work sought to know in general terms the process, the
civil servants and the jurisdictional provision to understand who are the people involved in the
procedures necessary for the progress of the lawsuit. Next, the characteristics of team work and
group work and their consequences are presented, which relate to people management,
including in this context issues such as perception and organizational climate and professional
satisfaction, since a person who is well on their place of work, performs their functions in a
more productive way. Finally, some positive results were presented on the development of
teamwork as an aid to expeditious jurisdictional provision, considering that there are several
groups of servants involved from the beginning of a lawsuit until reaching its end with the
prolatação of sentence.
Keywords: Job. Team. Service. Public. Speed

1
Especialista em Direito Processual Civil e Direito Penal. Graduada em Psicologia. bostelmam@yahoo.com
2
Pedagoga. Psicopedagoga. Mestre em Educação. claudiabromer@conection.com.br
2

1 INTRODUÇÃO

A prestação jurisdicional atualmente é bastante criticada pelos cidadãos em virtude da


demora na resolução dos seus conflitos quando em determinados assuntos se necessita da
intervenção judicial. Isto porque, o cidadão que precisa da intervenção do Estado para
solucionar um problema por entender ter sido violado um direito seu, seja na condição de
vítima, autor da ação ou até mesmo como réu, almeja que a resposta do Poder Judiciário seja a
mais breve possível.

Iniciado o processo, independentemente de esfera ou matéria discutida, para que os


procedimentos legais sejam cumpridos torna-se importante o trabalho desenvolvido pelos
serventuários com atividades vinculadas ao processo. Neste sentido, com a presente pesquisa
buscou-se investigar se o desenvolvimento de um trabalho organizado em equipe como auxiliar
na mais rápida solução dos conflitos, ou seja, na prestação jurisdicional de forma mais célere
procedendo-se algumas sinalizações positivas sobre o tema.

Ressalta-se, contudo, que o objetivo deste estudo é em relação às atividades


desenvolvidas pelos servidores públicos, em especial a forma das relações estabelecidas em
unidades judiciais, observando a cultura organizacional para a prática do trabalho em equipe,
passando pelo estudo acerca da percepção e clima organizacional e satisfação profissional.
Assim, esclarece-se que não serão explorados com muito aprofundamento os temas específicos
acerca de procedimentos de ações judiciais e a esfera jurídica que o tema sugere, porquanto o
foco da pesquisa é a gestão de pessoas.

De outra forma, a escolha e a definição do tema de pontuações do trabalho em equipe


em contraposição ao trabalho em grupo surgiu da inexistência de critérios para as atividades
públicas, havendo a atribuição de funções para cada cargo e sugerindo um estudo específico
sobre a influência da forma de trabalho como uma das resultantes da prestação jurisdicional.

Assim, examinou-se de modo sucinto as questões relacionadas ao processo judicial e os


servidores públicos e a cultura destes profissionais e como se apresenta a percepção e clima
organizacional e a satisfação destas pessoas onde exercem suas atividades. Também, quanto à
administração de pessoal, buscou-se averiguar as diferenças entre o trabalho em grupo e o
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trabalho em equipe, indicando-se as possíveis melhorias para agilização da prestação


jurisdicional.

A investigação foi de cunho qualitativo, numa avaliação integral, de enfoque


exploratório e descritivo, utilizando-se de pesquisa documental e bibliográfica, buscando-se o
maior arcabouço possível de dados para verificar se o desenvolvimento do trabalho em equipe,
e não apenas em grupo, é uma das formas para auxiliar na mais célebre prestação jurisdicional
não especificando um grupo único de servidores ou esfera de atuação.

2. PRESTAÇÃO JURISDICIONAL: AÇÃO JUDICIAL, PROCEDIMENTOS,


SERVIDOR PÚBLICO E CULTURA ORGANIZACIONAL

De início, considerando a proposta deste estudo é enfatizar o trabalho em equipe para


agilizar a prestação jurisdicional, traz-se algumas palavras sobre prestação jurisdicional e ação
judicial (o processo, numa definição comum). Porquanto, jurisdição é uma função do Estado
pela qual ele se “substitui aos titulares de interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a
pacificação do conflito que os envolve, com justiça. [...] e o Estado desempenha essa função
sempre mediante o processo [...]” (CINTRA, GRINOVER, DINAMARCO, 1999, p. 129).

Ademais, a prestação jurisdicional dentro de um prazo razoável é prevista na


Constituição Federal de 1988 e no Pacto de San José da Costa Rica (Convenção Americana
sobre Direitos Humanos). E neste sentido, o artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal
dispõe sobre o princípio da inafastabilidade da jurisdição ou ao acesso à ordem jurídica justa,
numa expressão mais atualizada dos doutrinadores jurídicos (LENZA, 2008).

Com o acesso à justiça e o início de uma ação judicial é necessário que sejam cumpridos
diversos procedimentos que formam o processo, os quais são assim apresentados por Cintra,
Grinover e Dinamarco (1999) como a soma dos atos processuais, interligados, praticados em
momentos oportunos e todos são necessários para o provimento final.

Corroborando o entendimento do que é processo e procedimento, sua distinção,


apresentam-se os ensinamentos de Wambier, Almeida e Talamini (2000) de que processo indica
movimento com organização encadeada de atos processuais para a solução de um conflito
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submetido ao poder estatal e procedimento é o mecanismo pelo qual se operam os processos


perante a jurisdição.

Por sua vez, o servidor público é o profissional titular de cargo público aprovado em
concurso, conforme dispõe a Constituição Federal (BRASIL, 1988). Nesse pensar, “os
servidores do Poder Judiciário são personagens essenciais na boa administração da Justiça. Suas
atividades são reguladas nos Códigos de Processo Penal e Civil, leis federais esparsas”
(FREITAS, 2011, p. 1).

E é na esfera dos processos que se podem inserir os servidores públicos que exercem
suas funções junto ao Poder Judiciário, pois eles praticam os atos atinentes ao procedimento. O
ato processual é uma manifestação da vontade humana no sentido de criar, modificar, conservar
ou extinguir o processo e na subdivisão apresentada na legislação processual existem os atos
das partes e os atos de jurisdição (do juiz ou do escrivão ou chefe de secretaria). Veja-se que,

Essa divisão, no código, não é exaustiva, pois por agentes da jurisdição devem-se
entender também os auxiliares da justiça, que evidentemente, praticam os atos
processuais. Pode-se citar: o oficial de justiça, o contador, o distribuidor, o perito,
entre outros (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2000, p. 170).

E, ainda, os serviços auxiliares da justiça, de acordo com o Código de Normas da


Corregedoria-Geral da Justiça do Poder Judiciário de Santa Catarina, a fim de exemplificar,
“compreendem a secretaria, a distribuição, a contadoria, o serviço social, a central de mandados,
o oficialato de justiça, o oficialato da infância e juventude, o setor de suporte em informática e
demais agentes não ligados a juízo determinado” (artigo 115). Ademais, “os servidores
auxiliares do juízo são responsáveis pela inclusão, manutenção e atualização dos dados nos
sistemas informatizados, de forma que guarde consonância com o trâmite do processo” (artigo
116).

Compreende-se, assim, que existem diversos profissionais atuando concomitantemente


na tramitação de um processo, remetendo o pensamento para questões relacionadas à cultura e
à organização destas pessoas dentro do espaço, sua forma de proceder no grupo e habilidades
dentro da esfera profissional, uma vez que são eles que recebem os processos, expedem os
documentos para o cumprimento das ordens do juiz e fazem os encaminhamentos necessários
até o final da ação judicial.
5

A cultura organizacional, nas palavras de Schein, pode ser definida como um conjunto
de pressupostos básicos criados e mantidos em um grupo da forma como enfrentar seus
problemas externos e internos “e que funcionou bem o suficiente para serem considerados
válidos e, então, passam a ser ensinadas a novos participantes do grupo como o modo correto
para perceber, pensar e sentir em relação a esses problemas” (BARRETO et al, 2013, p. 8). O
trabalho na esfera pública, conforme os estudos de Bohn (2014), atualmente é classificado como
administração gerencial (busca de eficiência, redução de custos e aumento da qualidade). E,
direcionado ao Poder Judiciário, a referida autora especifica:

No serviço público, seja no Poder Judiciário, [...] os grupos de trabalho, geralmente,


são formados por pessoas aprovadas em concursos de provas ou de provas e títulos ou
em processos seletivos, que, por provimento inicial ou em decorrência de promoção
ou remoção, desenvolvem suas atividades em órgão de um ente específico em um
determinado local [...]. Assim, via de regra, os grupos não são formados em razão das
competências, características e aptidões dos indivíduos que os compõem, nem em
decorrência das relações profissionais ou pessoais formadas entres eles, mas pelo
resultado da lotação dos servidores nas vagas existentes, de acordo com a vontade do
interessado, com a oportunidade e, em algumas situações, por interesse do gestor.
(BOHN, 2014, p. 5-6).

Realizando uma leitura sobre a cultura nas organizações públicas, Barreto et al. (2013,
p. 13) esclarecem as dificuldades encontradas na aceitação de mudanças e inovações:

Um dos fatores que podem tornar a cultura da gestão pública vulnerável é o fato desta
ser resistente ao novo, realizando tarefas do mesmo modo que sempre fez. Enfim, a
cultura influencia diretamente os servidores na sua maneira de pensar, agir ou até
mesmo realizar uma tarefa.
Constata-se que essas características e distorções culturais, que são peculiares às
organizações públicas, representam enormes obstáculos no esforço de promover
mudanças e introduzir inovações tecnológicas.

Neste pensar, estabelecido um norte não exaustivo da matéria sobre o processo judicial,
o papel do servidor público e a cultura organizacional nas organizações públicas e a resistência
às mudanças, torna-se importante explorar um pouco mais o tema da estrutura grupal e
individual das pessoas que constituem o agrupamento formador dos servidores do Poder
Judiciário, bem como da compreensão que fazem do seu ambiente laborativo.

3 DIRETRIZES SOBRE CLIMA E PERCEPÇÃO ORGANIZACIONAL E


SATISFAÇÃO PROFISSIONAL
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As organizações, como a sociedade em geral, são marcadas por transformações que


rompem os padrões anteriormente estabelecidos (cultura organizacional) e frente a estas
mutações é importante que haja a promoção constante de adequações no seu ambiente interno
e nas respostas a estes aspectos dinâmicos do ambiente de trabalho e no comportamento humano
que se denomina clima organizacional. Neste direcionamento, gerenciar o clima é uma
ferramenta para o monitoramento do comportamento humano por permitir a avaliação dos
processos de comunicação, do trabalho em equipe, da liderança entre outras variáveis,
observando aspectos objetivos e subjetivos presentes no ambiente de trabalho (BEDANI, 2006).

Desta feita, compreender o que realmente acontece numa organização com foco naquilo
que pode influenciar as percepções humanas representa considerar tanto o espaço físico como
elencar possíveis fatores subjetivos, motivacionais e muitas realidades ligadas ao capital
intelectual (CANELA; LIMA; SANTIAGO, 2016). Marques (2017, p. 1) indica que “a
percepção organizacional se refere a um senso de observação e análise do ambiente da empresa.
A partir daí é possível identificar as necessidades de melhoria dentro do ambiente de trabalho”.

Assim, o clima e a percepção organizacional são interligados no sentido da identificação


das condições do ambiente profissional e como as pessoas envolvidas se comportam diante do
que acontece de forma positiva ou negativa frente às suas subjetividades. E o instrumento
utilizado para captar os dados acerca das características internas de uma organização é a
pesquisa de clima organização que pode resultar em transformações na cultura daquele local.
Acrescenta-se que as percepções podem influenciar outras variáveis como a satisfação no
trabalho, o absenteísmo, a rotatividade, entre outras (SANTOS E NEIVA 2013).

Em derradeiro, a satisfação profissional é apresentada por Rueda, Lima e Raad (2004)


em suas pesquisas e mencionando outros autores no sentido de que ela é relevante para a
Psicologia, bem como que a satisfação no trabalho é multifatorial com características
intrínsecas ao trabalho (execução de tarefas e ambiente) e extrínsecas (não são controladas pelo
trabalhador).

Em virtude das considerações acima, resta evidente que clima e percepção


organizacional são ferramentas que estão englobadas na cultura da organização e que se
vinculam à satisfação profissional, pois sendo ela positiva ou negativa influenciará diretamente
na maneira de cada um dos profissionais se portar diante dos membros de sua organização e
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das situações diárias e, também, no seu desempenho enquanto participante de um conjunto


profissional.

4 CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO EM GRUPO E EM EQUIPE E SUAS


CONSEQUÊNCIAS

Retomando o tema da cultura organizacional, tem-se que ela é um conjunto de crenças,


valores e expectativas compartilhadas entre os membros de uma organização e cada pessoa
tende a julgar conforme seu próprio ponto de vista. Assinala-se, ainda, que ela compõe o modo
de pensar e agir de uma organização, representando as percepções dos dirigentes e
colaboradores e refletindo a mentalidade predominante (CHIAVENATO, 2010).

Ao encontro da cultura, apresenta-se a questão do comprometimento organizacional que


objetiva encontrar estratégias de gerenciamento para tornar as pessoas mais satisfeitas e
envolvidas com a organização e, como consequência, torná-las mais produtivas. O
comprometimento é estudado em função dos focos (o grupo, os valores, da profissão, entre
outros) e da natureza dos vínculos (afetiva, instrumental, normativa, entre outros) (NAVES;
COLETA, 2003).

Especificamente em relação à forma de desenvolver o trabalho e o comprometimento


na organização são consideradas duas situações distintas: o trabalho em grupo e o trabalho em
equipe. Os grupos de trabalho são formados por conjuntos de pessoas sem um objetivo comum
ainda que possam ter interesses semelhantes, as decisões e ações são individuais, inexiste
interconectividade ou intercâmbio de ideias, resultam de uma soma de esforços das pessoas
envolvidas e não há interação emocional ou afetiva (CHIAVENATO, 2010).

Quanto às equipes Gilza Iale (2010, p 2) em pesquisa sobre os benefícios do trabalho


em equipe, bem define as características e forma de proceder deste conjunto de pessoas quando
a principal característica é que os membros têm como prioridades as metas da equipe, são
organizadas para trabalhar em conjunto, unindo esforços individuais, cada um cooperando com
o outro para alcançarem o sucesso, buscando decidir por consenso e comprometimento sem
desperdícios, ainda que existam conflitos, os quais são encarados como naturais e úteis para
resolver os problemas:
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[...] Esses membros podem possuir forte personalidade, habilidades especializadas


altamente desenvolvidas e comprometer-se com uma diversidade de objetivos que
esperam atingir através de suas ações.
Uma equipe no real sentido da palavra dá apoio uns aos outros, colaboram livremente
e se comunicam abertamente e com clareza entre si. Equipes eficazes tendem a fluírem
informações livremente, tem um relacionamento de confiança, respeito e apoio entre
os membros.

Convém destacar que, dentre as equipes de trabalho existem aquelas identificadas como
de alta performance, sendo que elas se destacam por apresentarem características como
“flexibilidade, alta produtividade, conhecimento organizacional e esforços conjuntos. Embora,
estes aspectos sejam necessários em qualquer equipe, somente as de alta performance
conseguem atingi-los de maneira satisfatória na obtenção da maioria dos resultados” (DREHER
et al, 2008, p. 1).

Em síntese, o trabalho desenvolvido por um agrupamento de pessoas pode ser de duas


formas distintas e com objetivos (metas) diferentes: o trabalho em grupo e o trabalho em equipe
e que possuem embasamento na cultura e no comprometimento organizacional. A partir destas
premissas, resta analisar qual o impacto do trabalho em equipe para a rapidez na prestação
jurisdicional.

5 A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO EM EQUIPE PARA AGILIZAR A


PRESTAÇÃO JURISDICIONAL – ALGUMAS PONTUAÇÕES POSITIVAS

Grande parte do acervo de conteúdo já publicado sobre os servidores públicos e os


resultados do trabalho prestado dão conta de que existem diversos problemas a serem
administrados pelos líderes como alguns dos mencionados neste artigo científico. Poucas
pesquisas apresentam experiências positivas, como é o objetivo deste estudo.

Em pesquisa junto ao Poder Judiciário de Santa Catarina, Antônio Colzani (2008)


discorre sobre a importância da gestão de processos e fluxos de trabalho, apresentando como
funcionam as atividades nos cartórios, as dificuldades identificadas, a falta de planejamento do
trabalho nos cartórios, finalizando que mesmo com ferramentas tecnológicas, o problema da
insatisfação dos servidores persiste. Sugere como possíveis mudanças na busca de resultados
positivos na administração cartorária a implementação de um planejamento estratégico, o
planejamento efetivo das atividades, a necessidade da formação de uma equipe central de
gerenciamento e o gerenciamento de pessoas, neste item acrescenta que muitas vezes a pessoa
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que é aprovada em concurso público não possui perfil para a atividade a ser desenvolvida, razão
pela qual é necessário haver um melhor preparo das chefias para identificar tal situação.

Ivete Rossoni (2010), em estudo sobre a formação de equipes de alta performance no


Poder Judiciário, esclarece a seu ver qual é a principal prioridade a ser desenvolvida no serviço
público a fim de alcançar melhores resultados, ou seja, destaca que as instituições públicas
vivem um aumento da criminalidade, entre outros fatores, sendo criticadas pela demora na
prestação jurisdicional, razão pela qual tem se alterado o modelo de gestão com a modernização
de estruturas, visando produtividade, custos e metas. Ademais, com a exigência de qualidade
no serviço é preciso que haja capacitação profissional.

Referindo-se aos resultados esperados do trabalho em equipe, é necessário que seus


componentes ajam com comportamentos de respeito pelo “compromisso de realizar a missão
da organização; aceitação das diferenças indivíduais; padrões elevados de desempenho,
tolerância a falhas na experimentação e clima de confiança.” (FERREIRA; MONTEIRO, 2007
p. 16). E as autoras complementam que, no desenvolvimento destas equipes, o líder deve
encorajar e auxiliar no processo de formação da equipe, pois são ultrapassadas as seguintes
etapas: inclusão (pertencimento à equipe), asserção (expressão de poder e ampliação de
fronteiras) e cooperação (busca de objetivos comuns).

O trabalho em equipes ou grupos no serviço público tem duas linhas distintas uma
positiva e outra negativa. Segundo Bohn (2014) existem alguns empecilhos para a formação
dos grupos e como proposta de solução indica: (1) postura organizacional de valorização e
promoção da capacitação dos seus membros; (2) a capacitação do gestor; (3) fixação de
objetivos gerais da instituição; (4) ação institucional voltada a promover a contínua e constante
conscientização dos servidores acerca da relevância das atividades do grupo para os usuários e
para a sociedade; e, (5) mudança da forma de pensar dos servidores públicos. E finaliza que a
atuação em equipes é a melhor forma de se trabalhar hodiernamente, tendo em vista que no
coletivo é possível reunir o conhecimento necessário para o atendimento da demanda pública
com inovação, presteza e qualidade.

Neste pensar, observa-se que o trabalho em equipe possui maior abrangência de


resultados pelo engajamento e comprometido de seus participantes no desenvolvimento de
atividades visando alcançar metas e que no serviço público isto é possível, desde que mudanças
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e treinamentos aconteçam para melhor fruição das atividades e se incorpore a compreensão de


que compartilhando-se conhecimento e boas práticas todos podem chegar em objetivos comuns:
agilização dos processos e mais breve resposta aos jurisdicionados.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das questões apresentadas, tem-se que para receber uma resposta do Poder
Judiciário acerca de um conflito de direitos o cidadão precisa ingressar com uma ação judicial.
Nas unidades judiciais (cartórios ou secretarias) para que se alcance a finalização do processo
é necessário que muitos atos processuais sejam praticados por diversos servidores e auxiliares
distintos . Ao lado disto, constata-se que o servidor no geral inicia suas atividades laborativas
no cargo público após aprovação em concurso, sendo lotado em alguma unidade vinculada ao
cargo escolhido, situação que muitas vezes não corresponde ao seu perfil profissional e no local
onde desempenha suas atividades existem padrões de comportamentos e de valores que regem
as relações formadas entre os participantes daquele agrupamento de pessoas – cultura
organizacional.

No pertinente à cultura organizacional e às mudanças que acontecem no ambiente


laborativo, destaca-se que cada servidor possui sua percepção do ambiente de trabalho,
observando e analisando diversos aspectos da organização a que pertence. Estas mutações e a
dinâmica do espaço de trabalho podem ser monitorados pelo clima organizacional, o qual
inclusive pode verificar como está a satisfação do profissional quanto ao seu labor, porquanto
é algo com características ligadas diretamente à execução de tarefas e o ambiente e outras não
controladas pelo trabalhador.

Dentre as relações de trabalho que podem ser verificadas existe o trabalho em grupo e
o trabalho em equipe, quando este último abrange um agrupamento de pessoas que trabalham
em conjunto, reunindo esforços para que a sinergia positiva gerada e os esforços organizados
resultem em desempenho muito maior. Ademais, quando existem conflitos, são avaliados como
algo natural e o clima é de participação com decisões tomadas em conjunto e com
comprometimento de todos.

Assim, pesquisando sobre a importância do trabalho em equipe para agilizar a prestação


jurisdicional, observou-se que são indicadas muitas questões negativas e positivas. E
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vislumbrando as proposições de resultados práticos benéficos encontrados, tem-se que reunindo


o conhecimento de cada profissional para o trabalho conjunto, enfrentando as situações diárias
e as mudanças necessárias com visão de ajustamento de comportamentos e atitudes e resultará
no serviço com maior presteza e com qualidade.

Por derradeiro, é possível afirmar que em havendo um melhor preparo dos gestores
(líderes) e também de todos os servidores envolvidos no andamento das ações judiciais,
organizando e adaptando procedimentos para a sua realidade (volume de trabalho e número de
processos), tornar-se-á possível ter um Poder Judiciário mais ágil na entrega jurisdicional,
apresentando na esfera pública o trabalho em equipe e de preferência de alta performance.

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