Você está na página 1de 59

Fabrício Santos

BITCOIN
e Criptomoedas

Um guia essencial sobre


conceitos e tecnologia

BI TCOIN
CRI PTOMOE DAS

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Bitcoin e Criptomoedas

Dedicatória e agradecimentos

Esta é minha primeira publicação e, por isso, a dedicatória


pode ser mais extensa do que o usual.

Como em tudo na vida, inicio lembrando a Deus e minha família, base e motivo
de minha existência. A minha esposa, pais, irmãos e sobrinhos: meu carinho e
amor.

Não poderia também deixar de agradecer a equipe da Criptomaníacos, a qual


faço parte por mais de um ano e me sinto em casa, entre amigos. A iniciativa
partiu graças ao apoio e suporte da empresa.

Agradeço também ao Gustavo Gonçalves, Marcos Lobo e ao Everton Nogueira


pelo aprendizado no projeto Vibook e as boas conversas sobre blockchain.

Fica o agradecimento e apoio aos verdadeiros mestres Tim Connelly e Maura


Sparks sobre as lições sobre o funcionamento do mercado tradicional e sua
relação com blockchain, através da AccuChain.

Ao Arjen Breedt, eterna gratidão pelos ensinamentos quando iniciei no merca-


do, amizade, ajudas e grande amizade.

Por fim, dedico esta obra a cada entusiasta ou profissional do mercado de crip-
tomoedas, que vem conquistando espaço, desbravando caminhos e construin-
do pontes para o surgimento de um mundo com real liberdade.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia

Índice
Dedicatória e agradecimentos 02

Considerações iniciais 05

O que é criptografia e o que isso tem a ver com moeda digital? 06

O que é bitcoin e criptomoedas? 08


Quem criou o bitcoin? 09

Quem imprime bitcoins? 10

O que não é o bitcoin 11


Bitcoin é pirâmide? 12

Bitcoin é ilegal? 12

Altcoins são golpe? 13

Protegendo suas moedas contra golpes 14


Pirâmides e falsas promessas 14

Mantendo a sua chave de acesso em segurança 16

O que são Satoshis? A divisibilidade do bitcoin 17

Como as criptomoedas obtêm valor de mercado? 18

É possível que as criptomoedas consigam adoção 20


em grandes massas?
O exemplo da internet 21

Como isso tudo se relaciona com as criptomoedas? 22

Por que o BTC não possui lastro? 23


O que é lastro? 23

E o lastro do ouro? 24

Para concluir... 25

Pix e a moeda digital do banco central. Seriam 25


elas criptomoedas?
O conceito de criptomoeda? 26

Quer dizer que o Pix e o real digital não são criptomoedas? 27

Quer dizer que o Pix e o real digital não são bons? 28

4 ditados populares do mundo das criptomoedas 28

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Bitcoin e Criptomoedas

1. Invista o dinheiro da cachaça, não o do leite! 28


2. Exchange não é carteira 29
3. Não são as suas chaves, não são as suas moedas 29
4. Não tenha criptomoeda de estimação 30
Conclusão 30

Bitcoin, blockchain e a analogia das caixas de vidro 31

Características da blockchain do bitcoin 34


Descentralizada 34
Anônima e transparente 35
Confiável e Imutável 35
Uso além das criptomoedas 36

O que é a mineração? Conheça a analogia dos cofres do banco 37


A analogia dos cofres do banco 37
A explicação da analogia 38
Deixando a analogia de lado 38

Escassez e prova de trabalho no bitcoin e sua semelhança com o ouro 39


O valor do ouro: escassez 40
O valor do ouro: trabalho 40
Bitcoin e o ouro 41

O que são Altcoins? 42


Forks 43
Ethereum 44
Ethereum 2.0 45
Stablecoins 45

O que é DeFi e como funciona? 46


O que é DeFi? 48
Como funciona uma DeFi? Smart contracts e dapps 50

Considerações Finais 52

Sobre o autor 53

Sobre a Criptomaníacos 54

Apêndice de Termos Úteis 55

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 05

Considerações iniciais
Diferente de poucos anos atrás, pagamentos online e novas tecnologias para
serviços financeiros já não assustam. Hoje em dia, um grande número de pes-
soas já ouviu falar sobre bitcoin e outras criptomoedas.

O problema é que a maior parte das pessoas não faz ideia de como os criptoa-
tivos funcionam e muitos dos que se aproximam para aprender mais sobre as
moedas digitais focam exclusivamente em valor financeiro.

Não há nada de mal em conhecer as criptomoedas com o intuito de alocar in-


vestimentos e ter esperança em uma valorização futura. Mas entrar num mer-
cado por mera especulação sem conhecer o ativo em questão é muito delica-
do. Ainda mais quando se trata de um ativo de alto risco.

Este não é um livro para ensinar como “ficar milionário” com bitcoin. Mesmo
assim, ele tem a intenção de tornar investidores iniciantes do mercado de crip-
tomoedas mais maduros, já que conhecimento é poder.

Este é um livro para que você entenda de forma simples o funcionamento do


bitcoin, das tecnologias por trás das moedas digitais e os conceitos impor-
tantes do mercado. Através de textos simples, analogias e comparações; você
vai entender com facilidade termos usados no setor e que causam muita con-
fusão.

A maior parte do conteúdo aqui postado vem de artigos autorais escritos para
diversos sites sobre criptomoedas. Portanto, você pode ler em sequência ou
mesmo ir diretamente para um tópico de seu interesse. Apesar de
recomendável, a leitura de um capítulo anterior não é requisito obrigatório
para aprender sobre um tema qualquer listado no sumário.

Por fim, alguns conceitos podem se repetir com o decorrer do livro. É intencio-
nal. Reforçar alguns conhecimentos antes de adquirir novos fará com que sua
jornada seja mais leve e produtiva. A leitura se torna mais leve assim, e as novas
informações podem então se enraizar na sua mente.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


06 Bitcoin e Criptomoedas

O que é criptografia e o que isso tem a ver


com moeda digital?
Com o avanço da tecnologia, alguns temas que eram considerados de difícil en-
tendimento já são realidade em nosso cotidiano. Por exemplo, ao entrarmos
no nosso WhatsApp lemos uma mensagem de que o aplicativo usa criptografia
de ponta a ponta. Moedas como o bitcoin também recebem o nome de cripto-
moedas. Mas afinal, o que quer dizer criptografia?

O termo criptografia surgiu da fusão entre as palavras gregas "kryptós" e


"gráphein" que significam "oculto" e "escrever". Numa tradução direta, "escrita
oculta".

A criptografia é um sistema de cálculos matemáticos que codificam dados do


usuário para que só o seu destinatário possa ler. Isso evita que pessoas usem
esses dados para o mal, protegendo a informação transmitida.

O conceito básico é tão simples como aquela brincadeira de criança que usa
símbolos para substituir as letras do alfabeto, criando mensagens secretas
para os seus amigos. Sendo assim, somente quem possui a chave para decifrar
a mensagem será capaz de acessar seu conteúdo e entender o seu sentido.

Na computação, a ideia de criptografia pode ser comparada à brincadeira mas


com técnicas, níveis e algoritmos de proteção muito superiores, é claro.

Voltando ao nosso exemplo do WhatsApp, a criptografia usada permite que


apenas você e o destinatário de sua mensagem possam decifrar as mensagens
trocadas. Nas comunicações digitais a criptografia auxilia na proteção dos con-
teúdos transmitidos entre duas ou mais fontes evitando a interceptação de es-
piões, por exemplo.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 07

Isso acontece porque o programa somente decodifica os textos enviados para


quem compartilha de sua chave. É a chave que faz com que uma sequência de
números e letras aparentemente aleatórias passe a ser convertida na men-
sagem original. Ao entendermos que a criptografia é uma forma de escrita
secreta concluímos que ela pode ser usada para proteger a identidade e a pri-
vacidade do usuário.

usuário 1 usuário 2
chave pública chave privada
usuário 2 usuário 2

Criptomoeda é o nome dado para uma moeda digital que usa em seu código
conceitos avançados de criptografia justamente para buscar a segurança, pro-
teção e, muitas vezes, privacidade entre os seus usuários. Uma das moedas
digitais pioneiras no ambiente de criptomoedas é o bitcoin. Ela se encontra na
liderança em adoção e capitalização de mercado.

Ainda vale esclarecer um ponto que por vezes causa confusão. Muitos chamam
as criptomoedas de moedas virtuais. O termo virtual não parece ser o mais a-
dequado, quando pesquisamos os conceitos em um dicionário. Mesmo que
seja comum ouvir o termo e até mesmo que órgãos governamentais já tenham
chamado as criptomoedas assim, a expressão não é muito bem aceita pela co-
munidade e entusiastas do setor.

Segundo Oxford Languages, virtual significa:

1 - existente apenas em potência ou como faculdade. Sem efeito real;


2 - que poderá vir a ser, existir, acontecer ou praticar-se. Prático, factível.

Com as definições esclarecidas, vemos que elas não se aplicam às criptomoe-


das, já que são reais (apesar de utilizarem a tecnologia computacional para e-
xistirem). No próximo capítulo vamos entender melhor o que é o bitcoin e as
criptomoedas.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


08 Bitcoin e Criptomoedas

O que é bitcoin e criptomoedas?


"Nós vivemos no século XXI mas ainda estamos usando estruturas organizacio-
nais do século 16. O bitcoin é um dos melhores exemplos de como uma orga-
nização descentralizada, ponto a ponto, pode resolver problemas que essas
organizações antigas não podem." Dee Hock — Fundador da Visa.

Quando eu era criança, por vezes via na televisão artigos futuristas que diziam
que um dia ia chegar em que as pessoas não precisariam mais de andar com
notas de dinheiro em suas carteiras, pois aparelhos portáteis teriam a solução
para enviar e receber dinheiro de forma eletrônica, simples e rápida. Que não
haveriam problemas graves de segurança ao portar valores ou dificuldade de
se devolver trocos.

Talvez de forma ainda modesta, essa realidade já é presente em nossos dias.


Podemos usar da internet para fazer pagamentos online, usar nosso cartão de
crédito para compras virtuais e o smartphone já é uma ferramenta comum
para pagamentos via aplicativos bancários.

O que não pensávamos na época era que um sistema de pagamentos online


poderia tirar o poder dos grandes bancos e governo e passar o controle do di-
nheiro aos usuários de sua rede! Sim, esta é uma das muitas maravilhas trazi-
das a nós por algumas das criptomoedas.

Como já vimos, criptomoedas são moedas digitais que usam a criptografia para
garantir a segurança de sua rede. A mais famosa delas, e a primeira descentra-
lizada, é o bitcoin.

O bitcoin é uma forma de moeda digital, criada e transacionada por via


eletrônica. Bitcoin pode ser usado para adquirir bens e serviços eletronica-
mente. Podemos usar Bitcoins da mesma forma que nossa moeda tradicional.
Já existem diversas lojas e setores que aceitam pagamento via bitcoin, além de
cartões pré-pagos com recarga em ativos digitais. Pensado como forma de pa-
gamento, o bitcoin e as outras criptomoedas são como dinheiro convencional,
só que é negociado digitalmente.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 09

No entanto, a característica mais importante do bitcoin, e o que o torna dife-


rente da moeda fiduciária tradicional, é que ele é descentralizado. Ele é um sis-
tema de pagamento eletrônico baseado no modelo que conhecemos como
“peer to peer”, que significa “pessoa para pessoa” ou “ponto a ponto”. Sendo
assim, não existe um banco para controlá-lo ou emiti-lo.

Na verdade, ninguém controla o Bitcoin. Bitcoins não são impressos como o


banco central imprime nossas notas de reais - eles são extraídos por pessoas
que correm seu software por computadores em todo o mundo, chamados de
mineradores, usando um algoritmo que resolve problemas matemáticos. Estes
mesmos princípios básicos se aplicam a muitas das outras criptomoedas.
Não seria realmente maravilhoso tomar as rédeas em relação a sua vida finan-
ceira e saber que é você que tem o poder sobre seu dinheiro, e não os bancos
e o governo?

Quem criou o bitcoin?


O bitcoin foi apresentado pela primeira vez em 2008 num grupo de discussão
chamado The Cryptography Mailing e a rede foi inaugurada em 2009. O desen-
volvedor do sistema (ou o grupo que o desenvolveu) criou o pseudônimo Sa-
toshi Nakamoto para preservar seu nome verdadeiro. Até hoje a identidade de
Satoshi é desconhecida.

De toda forma, a criatura é muito mais importante que seu criador: Satoshi Na-
kamoto propôs um sistema de pagamento eletrônico com base em prova
matemática. A ideia era produzir uma moeda independente de qualquer auto-
ridade central, transferível eletronicamente com taxas muito baixas de
transação.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


10 Bitcoin e Criptomoedas

Quem imprime bitcoins?


Quando ouvi pela primeira vez sobre uma moeda que não era controlada por
um banco, minha cabeça ficou confusa e foi difícil entender a resposta sobre
quem é responsável por emitir novas moedas: ninguém... Mas como assim!?

Bitcoins são limitados, e como a ideia era realmente não serem emitidos por
bancos, Satoshi Nakamoto teve uma ideia genial para a emissão de novas
moedas: um software, de tempos em tempos, solta uma sequência de núme-
ros com um valor em bitcoins, de forma criptografada. Quem consegue que-
brar essa sequência leva o bitcoin! Computadores muito potentes fazem esse
trabalho, chamado mineração. O nome lembra a mineração do ouro, que vai
sendo descoberto aos poucos através do trabalho dos mineiros. Falaremos
mais sobre esse processo em capítulos futuros deste mesmo livro. Geral-
mente, todas as criptomoedas que são mineradas partilham deste conceito.

No caso do BTC, os mineradores são os computadores. O bitcoin é usado digi-


talmente por uma comunidade de pessoas, onde qualquer pessoa pode parti-
cipar. Bitcoins são "extraídos", usando o poder de computação em uma rede
distribuída.

É essa mesma rede que também processa e valida as transações feitas com a
moeda virtual. Ao conhecer sobre mineração, temos mais algo interessante
para acrescentar: os bancos podem simplesmente produzir mais dinheiro para
cobrir a dívida nacional, assim desvalorizando sua moeda. Já o Bitcoin e muitos
dos ativos digitais possuem um limite pré-definido de emissão, o que tende a
manter seu poder de compra eser uma forte ferramenta contra a inflação.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 11

O que não é o bitcoin


A alguns meses atrás fui convidado para um almoço em família. Um daqueles
almoços onde a principal atração são as perguntas indiscretas dos parentes
mais velhos. Ao passar pela comum sabatina sobre a minha vida neste tipo de
eventos, uma querida tia me perguntou:

- E você? O que tem feito de sua vida? Trabalha de que?

Quando respondi que trabalho no setor de criptomoedas fui pouco compreendido,


tendo que responder de forma mais simples e direta:

- Tia, trabalho com bitcoin.

Logo que ouviu minha resposta, ela, muito assustada, me aconselhou que eu
revisse minhas escolhas, já que eu havia decidido trabalhar com uma “pirâmide
financeira”.

Foi naquele momento que entendi que, tão importante quanto saber o que era
o bitcoin, era também necessário conseguir explicar claramente que bitcoin
não é diretamente ligado à golpes, desonestidades e até crimes mais graves. O
foco deste capítulo, portanto, é deixar algumas opiniões e fatos sobre o que o
bitcoin não é.

Mas, para os que ainda estão um pouco confusos sobre o que ele é, deixo as
palavras contidas no site bitcoin.org, que traz rapidamente o que é o conceito
sobre este ativo digital:

“Bitcoin é uma rede que funciona de forma consensual onde foi possível criar
uma nova forma de pagamento e também uma nova moeda completamente
digital. É a primeira rede de pagamento descentralizada (ponto a ponto) onde
os usuários é que gerenciam o sistema, sem necessidade de intermediador ou
autoridade central. Da perspectiva do usuário, bitcoin funciona como dinheiro
para a Internet. “

Após esclarecer ainda mais o que o bitcoin é, vamos às respostas para


perguntas sobre o que não é o bitcoin.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


12 Bitcoin e Criptomoedas

Bitcoin é pirâmide?
Apesar de sabermos que a resposta é não, por que os assuntos sobre cripto-
moedas e pirâmides financeiras se misturam tanto?

O primeiro ponto a se lembrar é que golpes existem com todos os sistemas fi-


nanceiros. Desde a época do escambo, pessoas de má fé tentam se aproveitar
de pessoas mais inocentes.

Furto, venda enganosa, cartão clonado, roubo de senhas… Pessoas maldosas


existem em todos os ambientes, e no meio das criptomoedas não seria dife-
rente. O bitcoin é utilizado por pessoas de má fé para vender sonhos de retor-
nos com valores fixos e promessas milionárias.

Realmente, pela sua absurda valorização, as pessoas que obtiveram BTC no


início de sua rede ficaram ricas. Mas a curva de crescimento do preço não
tende a ser mais tão agressiva e não existe nenhuma garantia sobre o futuro.

Prometer retornos e porcentagens fixas é uma atitude suspeita e improvável


de acontecer. O mercado é incerto. Ninguém pode prever o preço do bitcoin
com garantias. Analistas apenas escrevem sobre probabilidades. Eles se uti-
lizam de gráficos para analisar os possíveis trajetos do mercado.

Portanto, se alguém te perguntar se bitcoin é pirâmide, você já sabe como res-


ponder: não é! O que acontece é que algumas pirâmides se utilizam do bitcoin
para promover seus golpes, assim como outras utilizam dinheiro físico para tal.

Bitcoin é ilegal?
Apesar da legislação sobre o tema ser incompleta, frágil e controversa, o uso de
bitcoin no Brasil não é ilegal. Existe um grupo de pessoas que insistem em dizer
que a criptomoeda é usada para fins ilícitos e isso mancha a “legalidade” da
moeda.

Pense nos crimes de lavagem de dinheiro, compra de armas, tráfico… A maior


parte de todos os crimes que envolvem dinheiro não são realizados com crip-
tomoedas. Segundo a pesquisa da empresa Elliptic, publicada em 2018 no
Reino Unido, apenas 1% das transações de bitcoin são para fins ilegais.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 13

Com o aumento da popularidade das


criptomoedas e o uso em camadas
mais populares, é bem provável que
o número de transações ilícitas com
criptomoedas caia ainda mais.

Mais uma vez caímos naquela situ-


ação: pessoas má intencionadas e-
xistem em todos os países e usando
diversos meios de transações finan-
ceiras, sendo o BTC só uma entre
tantas formas.

Portanto, se alguém perguntar se BTC é ilegal, claramente responda que não é


ilegal e que não há mal possuir bitcoins ou usá-los como meio de pagamento.
Por fim, você pode argumentar que o governo pede que você declare seus bit-
coins e criptomoedas para a receita. Como você declararia algo se fosse ilegal?
Não faz muito sentido, não é mesmo?

Altcoins são golpe?


Sobre as altcoins, nome dado para moedas alternativas ao bitcoin, temos
muitas confiáveis e bem famosas, como a Ethereum e a Litecoin. Teremos um
capítulo para falar sobre elas mais adiante.
Aqui, a recomendação é: não compre ou invista em uma moeda que você não
conheça bem. Existem diversas promessas de “novos bitcoins” pelo mercado,
prometendo valorização, mas que no fim não passam de projetos enganosos e
com o intuito de levar o seu dinheiro embora. Se você é novo no mercado, fique
em moedas mais conhecidas (e estude sobre elas). Caso tenha experiência,
com certeza você perceberá quando um projeto não é muito confiável.

Caso alguém te pergunte se investir em altcoins é golpe, responda que o mer-


cado de criptomoedas possui algumas moedas que demonstraram durante
anos possuírem boa tecnologia, aceitabilidade e apresentam certa validação no
setor. Portanto, muitas são confiáveis.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


14 Bitcoin e Criptomoedas

Mas alerte a todos que não devemos investir em nenhum projeto em que não
conheçamos muito bem a ideologia, planejamento, time, tecnologia etc.

É isso! Espero que você tenha entendido a


importância de saber o que o bitcoin não é,
a fim de poder saber quais respostas dar
quando for questionado em situações deli-
cadas, como relatei.

Ter claramente estes conceitos em sua


mente ainda te protegerá de situações ar-
riscadas, como falaremos um pouco mais
a seguir.

Protegendo suas moedas contra golpes


Existem duas grandes questões a serem consideradas para quem está inician-
do no mercado de criptomoedas:

A primeira já iniciamos o assunto no capítulo anterior ao respondermos se bit-


coin é pirâmide. Já sabemos que não. Mas como é possível identificar empresas
que se utilizam das criptomoedas para apresentar serviços e produtos fraudu-
lentos? Uma segunda preocupação é como manter suas moedas seguras.

Pirâmides e falsas promessas


Desde o início disse que este não é um livro que ensina como ficar milionário
com criptomoedas. É necessário ser categórico sobre isso porque existem cen-
tenas de cursos e guias que prometem altos lucros com ativos digitais.

A situação é tão séria que o Facebook e o Google restringiram as propagandas


sobre moedas digitais em suas plataformas de anúncios, como o Adsense. A
verdade é que se alguém tivesse a fórmula mágica de se tornar milionário, não
precisaria vender cursos com o tema para se sustentar, não é mesmo?

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 15

Alguns famosos vendedores de cursos alegam apenas querer ajudar ao próxi-


mo ao fornecer o conteúdo que abriram as portas da riqueza. Mas se querem
fazer caridade, por qual motivo cobram para liberar parte de seu material?

Existem diversos cursos bons, uma lista de livros úteis e essenciais para en-
tender o mercado. Existem plataformas confiáveis para se aprender trading de
criptomoedas ou acompanhar sinais de operações do mercado. Mas somente
acredite no que o bom senso mostra ser possível.

Ninguém pode te garantir riquezas. O mercado de criptomoedas é de alto


risco. Assim sendo, você pode ganhar muito dinheiro, assim como perder. Os
cursos te ajudarão a analisar gráficos, entender conceitos e gerenciar o risco. E
isso é bom! Só é uma má situação se alguém te vende a ilusão de riqueza fácil
e garantida. Fuja de promessas falsas, ambiciosas demais e vazias.

Falando em ambição, este é um mal de alguns iniciantes do mercado: a ilusão


por trás de números de ganhos fictícios é mais forte que a prudência e a
pesquisa sobre a viabilidade de uma empresa. Seja ambicioso e procure lucro!
Mas antes disso, seja racional e pesquise o mercado antes de tomar qualquer
decisão.

Empresas sérias te mostrarão o alto risco de investir em criptomoedas. Apesar


de oferecer bons produtos e fazer seu melhor, não vão garantir lucro. Todo o
mercado financeiro é assim: ativos de risco podem trazer grandes retornos da
mesma forma que podem gerar algum prejuízo.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


16 Bitcoin e Criptomoedas

Não deixe que o desejo de ser rico te faça acreditar que é possível obter lucros
garantidos e com altas taxas de rendimento. Se uma empresa parece suspeita,
não se arrisque. São muitos os casos diários de pessoas que perdem dinheiro
com este tipo de fraude, dentro e fora do mercado de criptomoedas.

Para quem entra no mercado, possivelmente uma das melhores decisões seja
somente comprar ativos digitais em corretoras de boa reputação e guardar,
para esperar uma possível valorização. Se você quer ir um pouco além, procure
empresas que ofereçam mais do que apenas sinais de trading. Procure por
serviços que te ensinem como o mercado e a análise dos ativos funcionam.
Educação é um ponto essencial para o seu sucesso.

Mantendo a sua chave de acesso em segurança


Já que não existe um órgão regulador na maioria dos ativos digitais, a responsa-
bilidade pelo uso e segurança das moedas é exclusivamente sua. Caso você
erre o endereço de envio ou perca a sua chave, não haverá onde pedir ajuda ou
solicitar estornos. Por isso, cuide muito bem de senhas e dados, além de não se
expor na internet.

Nunca use sua carteira cripto em dispositivos pouco confiáveis. Se você baixa
todos os tipo de programas piratas, clica em qualquer link que chega em seu
email e não se preocupa com sua exposição online, a segurança de suas
moedas pode estar num nível abaixo do esperado.

Lembre-se também que as criptomoedas foram criadas para serem mantidas


sem intermediários. Assim sendo, não é ideal que se use exchanges para guar-
dar todas as suas economias. São muitos os casos de atividade hacker em cor-
retoras.

Pensando nisso, assuma a responsabilidade sobre a segurança de seus va-


lores. Estude mais sobre as wallets para computador e celular. Existem
também carteiras físicas de criptomoedas, conhecidas como Hard Wallets. Elas
podem ser usadas como um fator de segurança adicional.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 17

Tire um tempo para ver qual das opções é a


mais indicada para sua realidade. Uma boa
opção pode incluir deixar pequenos saldos
para trading em corretoras confiáveis e o
restante em uma carteira em um computador
livre de vírus e más práticas de uso.

Modelo popular
de Hard Wallet

O que são Satoshis? A


divisibilidade do bitcoin
O bitcoin possui um limite máximo de moedas em circulação: 21 milhões de
unidades. Com um preço unitário alto e com um número total de moedas
baixo, é preciso haver uma forma de dividir um bitcoin em frações.

Além disso, a divisibilidade é uma característica essencial para o dinheiro.


Sendo assim, cada bitcoin pode ser dividido em cem milhões de partes. O
nome escolhido para cada pequena fração é Satoshi, em homenagem ao
fictício nome do criador da moeda. Representando em numerais, temos:

1 satoshi = 0,00000001 BTC

Mesmo que num primeiro momento esta divisão pareça exagerada em seu
número de casas decimais, o tempo vem mostrando que Satoshi Nakamoto
pensava de forma certa a longo prazo.

No ano de 2020, o centavo do peso argentino já valia menos que um Satoshi.


Isso sem contar com moedas fracas como os bolívares venezuelanos, que
valem bem menos que a menor fração do bitcoin.

Portanto, caso a moeda digital continue a crescer e a valorizar como o espera-


do, os Satoshis podem passar a ser a referência principal de cálculos e
transações, já que um bitcoin alcançaria valores menos acessíveis para
aquisição, considerando uma unidade completa.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


18 Bitcoin e Criptomoedas

Como as criptomoedas obtêm


valor de mercado?
Você já parou para pensar como o preço da maior parte dos ativos, produtos e
serviços são calculados? Alguns fatores precisam ser levados em conta para
que o preço possa ser justo, concorda?

Por exemplo, a matéria prima e o custo de produção pode afetar o preço de


um produto. Geralmente, uma roupa de algodão vale menos que uma de
couro por causa do preço de sua matéria-prima e custo de confecção.

Assim, ao pensarmos que muitas moedas como o bitcoin exigem uma máquina
de grande poder de processamento e energia elétrica para extraí-lo; temos em
mente que existe um custo de emissão das moedas, o que afetará seu preço.
É improvável que um bitcoin passe a valer menos que o preço gasto com equi-
pamentos e energia elétrica necessária para sua “extração”.

Um fator ainda mais importante para o cálculo do preço das criptos é a lei de
oferta e procura de um ativo.

Um dos motivos de procura pode vir pela usabilidade. Um ativo ou produto


que resolve um problema real tende a ser visto como algo útil e, consequente-
mente, mais buscado e melhor avaliado.

O bitcoin e as criptomoedas em geral são usados para envio de valores de


forma rápida, simples e barata. Mais que isso, resolve o problema do controle
dos bancos e governos sobre o dinheiro, dando independência financeira aos
participantes de sua rede.

Outro motivo que causa procura é a especulação. Neste caso, investidores de-
cidem comprar um ativo na esperança da valorização do mesmo, ainda que
não o utilizem em ampla escala.

Vemos que o mercado de criptomoedas também é especulativo, já que grande


parte do volume do setor se movimenta pelas exchanges, nome usado para as
corretoras e casas de câmbio entre moeda fiduciária, como o real, e as criptos.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 19

Vemos assim que existe real procura pelo bitcoin e criptomoedas, mas como
será a oferta desses ativos?

No caso do bitcoin, existe um limite máximo de 21 milhões de unidades de


moedas. Sendo assim, uma oferta limitada e uma procura que cresce com o
passar dos anos pode influenciar de forma direta no preço. Quando um produ-
to possui oferta reduzida e procura crescente, a tendência é que aconteça a
valorização.

A lei de oferta e procura se mostra eficiente ao analisarmos o preço das cripto-


moedas. Não importa se a procura é por especulação ou usabilidade (na minha
opinião, ocorre pelos dois motivos): quanto mais populares as criptomoedas se
tornam, mais o preço sobe. Mas até que ponto a usabilidade e especulação
podem trazer mais pessoas para o mercado? Veremos sobre o assunto no
próximo capítulo.

Antes de terminar é muito importante enfatizar um outro ponto: bitcoin e


muitas outras criptomoedas possuem um limite bem definido de emissão. Por
isso, as moedas digitais não sofrem com a inflação, como as moedas governa-
mentais.

Enquanto vemos os bancos centrais de diversos países ligarem suas impresso-


ras para emitir mais e mais dinheiro, o bitcoin continua sem mudar o seu plano
de emissão. Assim, as criptomoedas tendem a ter maior valorização frente a
moedas fiduciárias, que estão a todo momento a criar novas unidades de
forma pouco controlada.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


20 Bitcoin e Criptomoedas

É possível que as criptomoedas consigam


adoção em grandes massas?
É inegável que as criptomoedas, lideradas pelo bitcoin, já ocupam um lugar in-
teressante no portfólio de investidores mais arrojados. E, com o passar dos
anos, espera-se que mais espaço se abra para este novo formato de investi-
mento.

Mas existem algumas preocupações: será que as criptomoedas vão ficar mais
no campo das especulações ou serão usadas no nosso dia a dia como fazemos
com o dinheiro tradicional?

Qual a possibilidade de que as criptomoedas estejam mais presentes em


nosso cotidiano, sendo usadas como forma de pagamento em comércio,
serviços básicos e transações de pequenos valores? Lembrar como a internet
surgiu e o seu progresso pode nos ajudar a entender um possível caminho
para o futuro dos ativos digitais.

Aceitamos

O exemplo da internet
A internet levou um tempo considerável para que se tornasse o que conhece-
mos nos dias de hoje. A verdade é que sua concepção se deu em plena guerra
fria e a função dela era garantir a comunicação entre os militares de forma
segura. As bases militares americanas, assim, podiam manter a comunicação
mesmo se os meios tradicionais de comunicação da época fossem destruídos.

Portanto, no início, a internet tinha uso restrito. E mesmo com a criação de um

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 21

modelo público e aberto, a adoção dessa nova rede não se deu de forma ime-
diata. Em seus primórdios, a internet era acusada de vínculo com usos imorais
e criminosos. Muitas empresas eram receosas de postar informações sobre
seu negócio online, já que tinham medo de ter sua reputação prejudicada.

Vale dizer também que no início a internet era lenta, com poucos recursos e
menos acessível. Assim como toda tecnologia recente, usar a internet para
transações financeiras era encarado com muita desconfiança nos quesitos
eficácia, usabilidade e segurança.

Lembro-me de quando eu precisava esperar dar meia noite e usar uma inter-
net discada para navegar online. O horário não era por escolha: pela madruga-
da, até às seis da manhã, era mais barato entrar na internet, que custava o
mesmo que uma ligação local.

Com o tempo a internet mostrou seus benefícios, aliou-se a outras tecnologias


para ser rápida e acessível. Uniu-se com os dispositivos portáteis como celu-
lares, sendo essencial nos aparelhos modernos. O que era estranho, restrito e
de uso duvidoso, virou indispensável nos nossos dias. Também virou um mer-
cado extremamente lucrativo.

Algumas das empresas que viram logo no início o potencial da internet se tor-
naram gigantes de seus mercados. Como exemplos podemos citar a primeira
loja virtual de livros, a Amazon, que foi fundada em 1994. Um pouco depois, em
1998, foi fundada a Google, que dispensa qualquer tipo de apresentações. Não
é novidade para ninguém que estas duas companhias figuram entre as princi-
pais do mundo, na atualidade.

Em 2020, em meio à pandemia de COVID-19, a internet possibilitou trabalhos


remotos, compras sem sair de casa, prestação de serviço e educação à distân-
cia. Além disso, cada vez mais usamos a internet para nos comunicar e interagir
com o mundo ao redor.

Se você perguntasse para as pessoas a algumas décadas atrás se elas acredita-


vam que a internet seria tão presente e benéfica em nossa vida, existe uma boa
chance de que parte delas respondesse que não…

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


22 Bitcoin e Criptomoedas

Como isso tudo se relaciona com as criptomoedas?


Para matar esta charada de forma fácil, sugiro que você pergunte para as pes-
soas ao seu redor se elas acreditam que as criptomoedas são úteis e benéficas
para as nossas vidas, a ponto de serem integradas ao nosso cotidiano.

A mesma descrença do passado da internet paira em torno do atual momento


dos ativos digitais. Mas o que impede que as criptomoedas tomem um cami-
nho parecido? Blockchain, que é a tecnologia por trás delas, é extremamente
útil para finalidades além das finanças, como o registro de documentos ou ge-
renciamento de cadeias de produção.

E reflita bem: os que acreditam que o PIX ou internet banking possuem a


mesma função que as criptomoedas como o bitcoin, não entendem a re-
volução que elas trazem ao nos libertar de intermediários e terceiros, como
bancos e instituições financeiras.

Existem diversas empresas que oferecem os mesmos serviços dos bancos, de


forma mais barata, descentralizada e aberta, colocando parte ou até mesmo
todo o controle dos serviços na mão de seus participantes.

E, por fim, as acusações de que criptomoedas são usadas apenas com fins ile-
gais já vem perdendo força. Como já discutimos, será que o problema são as
criptomoedas ou as pessoas desonestas que usam os diversos meios mone-
tários para fraudes?

O mundo sofre bruscas mudanças com o passar dos anos e com os avanços da
tecnologia. Basta olharmos ao nosso redor e observar esta realidade. Quem
pode garantir que as criptomoedas não vão repetir, nem que seja em uma pe-
quena parcela, o sucesso de adoção da internet? Somente o futuro nos trará as
respostas. Em caso positivo, já estou posicionado! E você?

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 23

Por que o BTC não possui lastro?


Uma dúvida recorrente desde os iniciantes no mundo das criptomoedas até
economistas renomados é sobre como funcionaria um suposto lastro da
moeda digital.

Esse tipo de questionamento, por mais que interessante, é de fácil entendi-


mento quando aprendemos os conceitos de termos importantes e o funciona-
mento do mercado financeiro tradicional.

O que é lastro?
O lastro era um depósito em ouro que servia de garantia ao papel-moeda. Isso
quer dizer que um governo só podia emitir uma quantidade de dinheiro estatal
em proporcionalidade com as suas reservas físicas do metal precioso.

O motivo de manter a paridade da moeda fiduciária com o ouro era evitar que
alguns países abusassem da emissão de notas, o que poderia causar a inflação
desenfreada, dentre outros problemas. O modelo ficou mundialmente conhe-
cido como padrão-ouro.

Infelizmente, muitas vezes


as autoridades governa-
mentais quebravam este
padrão para que pudessem
financiar o custeio de guer-
ras. E foi após a segunda
guerra que aconteceu a
primeira grande alteração
neste sistema.

No fim da segunda guerra, um acordo foi feito e o padrão-ouro foi substituído


por um conhecido por padrão dólar-ouro. Assim, o câmbio de muitos países
passaram a fixar suas taxas de câmbio em relação ao dólar dos Estados
Unidos.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


24 Bitcoin e Criptomoedas

No ano de 1971, os Estados Unidos abandonaram o padrão dólar-ouro pela


necessidade de financiar outra guerra, desta vez a Guerra do Vietnã. A partir
daí, as emissões de dinheiro estatal não foram mais definidas por lastro em
metais nem outro ativo. Na verdade, atualmente os governos usam a confiança
do povo em seus políticos, programas econômicos e bancos centrais para justi-
ficar novas emissões.

E mesmo quando essa confiança é fraca, as autoridades legais podem fazer


com que a moeda tenha curso forçado, onde simplesmente existe um decreto
governamental garantindo o seu valor e obrigando seu uso.

Assim vemos que cobrar um lastro para o bitcoin é um assunto delicado, visto
que o próprio dinheiro tradicional que usamos já não é pareado com nenhum
outro ativo.

E o lastro do ouro?
Uma segunda pergunta frequente é: se as moedas possuíam lastro em ouro,
existia algum outro ativo em que o ouro também era lastreado? O ouro servia
de lastro, mas não era lastreado em outro ativo.

O motivo de se usar o ouro como referência vem pelo fato dele ser um metal
nobre, com diversos usos e de alta demanda. Além disso, ele é escasso, o que
o faz ser altamente valorizado.

É possível comparar o bitcoin como um


ouro digital: ele possui casos de uso
que vão além do uso como dinheiro.
Mais que isso, a demanda tem crescido
com o passar dos anos e seu modelo
Pinos de processadores
são banhados em ouro de emissão é baseado em escassez.

Existe uma quantidade de ouro limitada na terra. Quanto mais se garimpa,


menos metal sobra no solo. Portanto, a retirada do metal fica mais escassa.

De forma semelhante, há um número limitado de bitcoins de acordo com o


protocolo criado. Quanto mais se minera, menos bitcoins restam para serem
extraídos também.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 25

Para Concluir...
Concluímos assim que o modelo monetário fiduciário atual não trabalha com o
sistema de lastro. E existe um ponto negativo nisso: os governos podem emitir
moeda descontroladamente, causando uma inflação também sem controle.

O bitcoin foi planejado desde sua concepção para ter uma emissão controlada,
definida e com limite bem estabelecido. Não é necessário confiar em nenhum
órgão nem é preciso garantias adicionais para que esse limite seja cumprido: o
código é aberto e apenas temos que confiar na própria matemática e com-
putação.

Além do mais, o bitcoin possui um modelo de emissão que lembra a extração


do ouro, que era o ativo escolhido para lastrear as moedas fiduciárias, quando
este modelo era vigente.

Sendo assim, dizer que o bitcoin precisa de um lastro em outro ativo, seja digi-
tal ou físico, é um argumento que pode ser refutável pelas informações aqui
apresentadas. A inflação, vilã da perda do lastro das moedas governamentais,
não assombra o principal ativo do mercado de criptomoedas: no bitcoin a in-
flação é controlada, reduzida e um dia será levada a zero.

Pix e a moeda digital do banco central.


Seriam elas criptomoedas?
No final do ano de 2020, o anúncio de um novo sistema de pagamento eletrôni-
co ganhou manchetes e destaque em noticiários econômicos de todo o Brasil.
A chegada do Pix foi vista como uma grande evolução na forma de se transferir
dinheiro.

Transações instantâneas a qualquer momento do dia e gratuidade para pes-


soas físicas e MEI: estes são alguns dos benefícios trazidos pelo Pix.

Dando ainda passos maiores, o Brasil está na lista dos primeiros países que en-
caram de forma séria a criação de uma moeda digital. De acordo com o G1, no

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


26 Bitcoin e Criptomoedas

dia 20 de agosto de 2020, o Bacen (Banco Central) informou que criou um


grupo de estudos para discutir a possível emissão dessa moeda.

Com a boa aceitação do Pix, o banco central acredita que criar a versão digital
do real é uma consequência da modernização do mercado financeiro. No início
de novembro de 2020, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reafirmou a
posição do Bacen ao dizer que o Brasil teria uma moeda digital.

Com as novidades comentadas acima, muitos entusiastas do mundo das crip-


tomoedas se perguntam se essas iniciativas não fazem com que o uso de bit-
coin e altcoins percam completamente o sentido…

Criptomoedas são criadas para serem transferidas de forma mais rápida, com
taxas baixas e a qualquer hora do dia. E o Pix oferece tudo isso. Seria o fim da
era das criptomoedas e o surgimento da era das moedas digitais estatais?

O conceito de criptomoeda
Para compararmos o Pix e a versão digital do real com as criptomoedas, é pre-
ciso entendê-las melhor. Além da velocidade, relativo anonimato e baixo custo,
existe uma característica na blockchain que a difere de quase todos os siste-
mas monetários: a liberdade financeira.

Quer dizer que os proprietários de criptomoedas possuem completo controle


sobre o uso de suas moedas. Não existe um órgão regulador. Se um governo
emite uma ordem judicial para bloqueio e apreensão de bitcoins, não há ne-

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 27

nhuma autoridade para acatar a intimação e transferir os saldos pedidos.

Criptomoedas não dependem de terceiros, como bancos e instituições finan-


ceiras, para transacionar valores. O saldo vai diretamente da conta de destino
numa rede aberta, descentralizada e distribuída.

Quer dizer que o Pix e o real digital não são criptomoedas?

Ao considerarmos os conceitos principais e características básicas das cripto-


moedas tradicionais, vemos que o real digital não compartilha de todas as ca-
racterísticas que esperaríamos.

A emissão da versão digital do real e o Pix serão completamente regulamenta-


das e controladas pelo governo do Brasil, sob orientação do Banco Central.

Na verdade, a moeda proposta nada mais é que a criação da versão digitalizada


do próprio real estatal, num sistema conhecido como CBDC (Central Bank Digi-
tal Currency, algo como "Moedas Digitais de Bancos Centrais").

Uma prova de que o Pix é regulado pode ser dada ao lembrar que o sistema Pix
pode reter uma operação que gerar desconfiança de sua legalidade. Além
disso, o Banco Central tem direito a bloquear transações e algumas chaves
podem ser travadas temporariamente. Sendo assim, não existe uma completa
liberdade financeira no modelo.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


28 Bitcoin e Criptomoedas

Quer dizer que o Pix e o real digital não são bons?


O Pix e o real digital não foram feitos para funcionar exatamente como cripto-
moedas. Mas isso não tira alguns méritos da modernização do setor. O envio
rápido, a redução na complexidade de operações e gratuidade para boa parte
dos usuários são evoluções no sistema financeiro oferecido pelo governo.

Apesar de reconhecer pontos positivos na nova e moderna proposta financeira


do país, comparar criptomoedas como o bitcoin com o real digital seria um
grande erro. Cada modelo tem seu uso e função.

E, claro, as criptomoedas tradicionais não devem ser desmerecidas com o sur-


gimento destas novas opções de dinheiro digital: elas ainda são um refúgio
seguro contra momentos de crise e opressão.

4 ditados populares do mundo


das criptomoedas
Também conhecidos como provérbios, ditados populares são frases curtas,
que transmitem uma ideia consolidada por seu uso no cotidiano. Geralmente
possuem um propósito como dar conselhos ou compartilhar ensinamentos
sobre a vida em geral ou situações específicas.

No mercado de criptomoedas, algumas frases são tão usadas que passaram a


ser consideradas ditados. Aqui vamos conhecer algumas delas, que vão de
conselhos a frases bem engraçadas!

1. Invista o dinheiro da cachaça, não o do leite!

Divertido e descolado, este ditado consegue nos ensinar muito sobre gerencia-
mento de capital e risco.

Traders inexperientes ou imaturos utilizam sua reserva pessoal de emergência


para operar no mercado de criptomoedas. Num ambiente de alta volatilidade,
há um risco considerável de perder esse dinheiro.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 29

Mesmo para os que apenas holdam criptomoedas, a volatilidade também pode


trazer bruscas variações em um portfólio. Por isso, o ditado tenta mostrar que
devemos investir neste mercado somente o dinheiro que não nos fará falta.

Arriscar o dinheiro que precisa


ser usado para pagar as contas,
alimentação e serviços essenciais
não é uma boa! Nem mesmo é
ideal por todo o capital em cripto-
moedas, sem possuir uma reser-
va em moeda fiduciária. E acre-
dite: são muitos os que insistem
em cometer este erro, dando
origem ao dito!

2. Exchange não é carteira


Talvez este seja o mais famoso dos ditos populares, que ensina que não é a
mesma coisa guardar moedas em uma wallet e uma corretora.

O principal motivo para evitar guardar moedas em exchanges é entender que


hackers do mundo inteiro tentam invadi-las. O volume de dinheiro que passa
por uma exchange chama atenção de grupos criminosos, havendo sempre
algum risco de que um ataque tenha sucesso. Muitas exchanges famosas e
consideradas seguras já foram hackeadas, como a Binance.

Outro motivo para não usar exchange como se fosse uma carteira é entender
que uma corretora é um intermediário. E as moedas digitais foram criadas para
que você possa ter o controle de seus valores, justamente sem necessitar de in-
termediários.

3. Não são as suas chaves, não são as suas moedas

Este ditado é bem parecido com o anterior, certo? Por isso nem é necessário
tantas explicações.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


30 Bitcoin e Criptomoedas

Podemos adicionar aqui o risco de usar carteiras onlines e serviços que não
fornecem a chave privada para o usuário. Sem ela, você não consegue recupe-
rar seus ativos digitais em caso de problemas com o serviço.

Se for usar serviços de carteiras pela internet, conhecidas como hot wallets,
use as que te dão acesso à chave privada. Sem isso, você passa a dar total con-
trole das moedas para a empresa que maneja as wallets. Arriscado, não é?

4. Não tenha criptomoeda de estimação


Alguns investidores colocam muito sentimento em suas decisões de compra e
venda. Por isso, possuem muita dificuldade de se desfazer de um ativo, mesmo
que saiba que seria a decisão mais racional. Ao tratar moedas com o coração e
não o cérebro, diz-se então que elas são de estimação.

Já sentiu pena em vender um ativo que você não acredita mais em valorização?
O instinto de gostar de um projeto falou mais alto do que os problemas apre-
sentados por ele? O apego a uma criptomoeda falou mais alto que o seu geren-
ciamento de risco? Se sim, você tem uma moeda ou projeto de estimação!

Conclusão
Os ditos populares no mercado de criptomoedas mostram que já existe uma
certa tradição e história no setor.

Você conhece mais algum ditado que poderia estar na lista? Além de serem en-
graçados e ensinarem lições interessantes, esse é um ótimo indicador de que
o mundo das criptomoedas está amadurecendo.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 31

Bitcoin, blockchain e a analogia


das caixas de vidro
Ao acompanhar o livro até aqui, você já tem um maior conhecimento acerca do
mercado e conceitos básicos sobre criptomoedas. Agora é hora de aprofundar
um pouco mais sobre a tecnologia por trás das moedas digitais e explorar
pontos técnicos, sempre de forma simples e fácil.

De forma geral, temos a tendência de dizer que bitcoin é um ativo digital, ou


criptomoeda, revolucionário que tem seu protocolo construído em uma tecno-
logia chamada blockchain.

Imagine-se lendo a explicação acima sem ter um mínimo conhecimento sobre


o tema envolvido… Seria um bom conceito para você? Imagine, indo mais além,
o grande número de pessoas que possui informação limitada a temas sobre
tecnologia. A chance de que essas pessoas entendam o que é bitcoin é bem
pequena.

Em 2016, quando ainda estava a pouco tempo neste mercado, traduzi um


artigo para um famoso portal sobre criptomoedas que me ajudou a ter melhor
uma forma de explicar o que é blockchain para pessoas iniciantes. Ele faz uma
analogia entre caixas de vidro e a blockchain.

O bitcoin é uma moeda que precisa apenas de uma grande rede de computa-
dores conectados para que seja confiável. Diferente das moedas tradicionais,
você não precisa de um banco para transacionar e nem de um órgão regulador
para que o controle. O nome desta rede de computadores por trás do Bitcoin
é chamada de blockchain, ou cadeia de blocos.

A dúvida mais recorrente é: se é um dinheiro que está em meu computador, o


que me impede de copiar e colar suas unidades, assim como faço com os
outros arquivos que possuo?

Esta é uma ótima pergunta e entender o funcionamento da tecnologia fica mais


fácil se a compararmos com caixas de vidro. Vamos lá? Essa é a minha versão
atualizada da analogia das caixas de vidro.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


32 Bitcoin e Criptomoedas

Imagine que a blockchain é como um enorme cofre, feito com caixas de vidros
sobrepostas. Pela transparência do vidro, todos podem ver o conteúdo de
cada caixa do cofre, mas o acesso a essas caixas só é possível através de uma
chave. Sendo assim, quando uma pessoa acessa uma caixa vazia pela primeira
vez, ela recebe sua chave privada.

Aqui já conseguimos esclarecer alguns pontos que causam confusão sobre a


tecnologia do Bitcoin. Dizemos que a rede é transparente, mas é segura e
anônima. Assim como caixas de vidro, você pode ver as informações da rede,
mas sem sua chave você não pode alterar o “conteúdo” de uma carteira.

Lembre-se que você não consegue saber o dono de cada caixa. Você apenas
pode visualizar o que há dentro dela. Sendo assim, fica claro entender o que é
um sistema transparente e anônimo ao mesmo tempo.

Ah… mas e a questão de copiar e colar arquivos para se criar mais bitcoins?

Assim como o dono de uma caixa não poderia copiar e colar novas caixas, um
usuário da rede também não terá esse poder. Ter uma caixa no cofre não te dá
o direito e poder de criar mais caixas. Assim também, participar da rede não te
dá permissão para criar mais blocos ou moedas.

Sabemos que um dono de caixa até poderia copiar


e clonar uma chave, mas o conteúdo dentro da
caixa não seria duplicado por isso. Da mesma
forma, um usuário da rede blockchain pode até
copiar e clonar sua chave de acesso à rede, chama-
da de chave privada, mas fazer uma cópia da chave
não afetaria o conteúdo do bloco. Portanto, não há
duplicação de bitcoins…

Agora que você conhece um pouco mais da analo-


gia, vamos novamente explicar o que é blockchain
de uma forma um pouco mais técnica. Sem muito
esforço, tenho certeza que ao menos alguns pontos
serão mais claros para você a partir de agora.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 33

Blockchain é o nome da rede onde o protocolo Bitcoin funciona. O nome quer


dizer cadeia de blocos. Nessa cadeia, toda pessoa pode ver o conteúdo de
todos os demais endereços Bitcoin. Apesar dos proprietários serem anônimos,
todos os participantes estão cientes da existência de cada endereço.

Quando alguém abre uma carteira bitcoin, está criando um novo endereço na
blockchain e a chave privada que "desbloqueia" esse endereço. É por isso que
você não pode "copiar e colar" bitcoin. No máximo, você poderia duplicar uma
chave privada.

Lembre-se também que qualquer pessoa que tiver acesso à sua chave privada,
pode acessar o seu saldo e transferi-lo. Por isso você deve cuidar e proteger
sua chave privada, não dando o acesso a mais ninguém.

welcome

Viu como é fácil entender os conceitos por trás das criptomoedas e


da blockchain?

O que acontece, muitas vezes, é que pelo fato do mundo das criptomoedas
possuir termos, conceitos e definições novas, nem sempre encontramos expli-
cações menos técnicas. Isso confunde a maior parte de nós e afasta um bom
número de pessoas que poderiam adotar a tecnologia.

Agora que você já conhece mais sobre o tema, que tal você compartilhá-lo com
os amigos para que eles possam aprender mais? Além de fornecer um impor-
tante conhecimento, você ainda pode ganhar um novo assunto para conversar
na sua roda de amigos.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


34 Bitcoin e Criptomoedas

Características da blockchain do bitcoin


Essa tem sido uma jornada incrível, não é mesmo? Você já conhece o que são
criptomoedas, blockchain, além de também saber como ajudar as pessoas a
entenderem o que é o bitcoin.

Agora, vamos ver algumas características da blockchain do Bitcoin que fazem


com que esta rede seja usada e considerada confiável por milhões de pessoas
no mundo inteiro. Muitas das outras criptomoedas também compartilham das
características que veremos a seguir.

Se você leu a analogia das caixas de vidro, esta será a hora de reforçar e
expandir seu conhecimento. Vamos lá?

Descentralizada
Em sua leitura até aqui, o termo descentralização já foi usado, já que é uma dos
mais importantes conceitos que envolvem a rede Blockchain, e portanto, do
Bitcoin. Mas por ser um fator tão valioso, cabe desbravarmos um pouco mais
este assunto.

A rede bitcoin não é controlada por uma autoridade central. Cada máquina que
minera bitcoin e processa transações torna-se uma parte da rede, trabalhando
em conjunto. Os usuários regulares também têm a opção de guardar uma
cópia de toda a rede em seus computadores, a fim de trazer mais segurança
para o sistema.

Isso significa que, em teoria, um órgão central não pode interferir na política
monetária e causar um colapso - ou simplesmente decidir tomar bitcoins das
pessoas. E se uma parte da rede ficar offline por algum motivo, o dinheiro con-
tinua a fluir.

Para controlar a moeda, seria necessário possuir a maior parte do poder com-
putacional de toda a rede. Considerando que qualquer pessoa pode fazer
parte da rede, e que essa rede é espalhada por todo o mundo, essa possibili-
dade se torna bem improvável, ou mesmo praticamente impossível de se

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 35

pensar. Menos provável é que a rede fique offline em todo o mundo ao mesmo
tempo.
Anônima e transparente
Ao criar uma carteira, que é o local onde os bitcoins são armazenados, você
não precisa informar seus dados pessoais. Cada carteira apenas recebe uma
sequência de caracteres para a identificação. Os usuários podem armazenar
vários endereços com bitcoins. Isso faz com que a moeda digital tenha como
ponto forte sua privacidade.

Por outro lado, todas as transações são registradas em todos os computadores


da rede. Isso é feito de forma transparente e é assim que todo o sistema se
torna confiável, sem um centro de controle e com possibilidade nula de fraude.
Portanto concluímos que todos os registros de transações são registrados de
forma transparente em toda a rede, mas a privacidade é mantida, já que os
usuários não precisam registrar seus dados pessoais.

Confiável e Imutável
Por não depender de ação humana, ser distribuído e sem reguladores, além de
ser transparente, a rede blockchain é considerada muito confiável e segura.

Tentar modificar algum de seus registros é inviável em sistemas com muitos


participantes e poder computacional. Para se ter uma ideia, desde o seu surgi-
mento, não existem casos relevantes de vulnerabilidades e brechas de segu-
rança no bitcoin e seu código.

A rede é resguardada por participantes de várias partes do globo, que garan-


tem que seus dados serão preservados de forma segura e sem alterações.

Aqui, como sempre, vai um ponto a se refletir: a política monetária de um país


muitas vezes muda de direção com a entrada de uma nova linha de governo.
Muitas vezes, as posições políticas sobre emissão e controle do dinheiro variam
de acordo com a linha ideológica de políticos.

Já com o bitcoin, apenas precisamos confiar na matemática e na computação:


o código está escrito de forma aberta, sem surpresas, sem possibilidade de

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


36 Bitcoin e Criptomoedas

que alguém tente aumentar a emissão planejada. Serão apenas 21 milhões de


unidades planejadas, a menos que a maior parte de toda a rede decida por
uma mudança, algo que possui poucas chances de acontecer.

Uso além das criptomoedas


Blockchain é uma tecnologia que possui vasta utilização em diferentes merca-
dos. E até mesmo os governos dos mais diversos países se beneficiam dela. O
Brasil é um exemplo de nação que já possui projetos estatais em blockchain.
A CVM criou uma plataforma de integração de informações das Entidades Re-
guladoras (chamada de PIER) que utiliza blockchain para baratear os custos nas
trocas de informações entre seus participantes.

Já a receita federal usa a tecnologia blockchain para o desenvolvimento do


bCONNECT, que vai facilitar o compartilhamento e troca de dados entre os di-
versos países e garantir a segurança dos dados transacionados.

Ainda podemos citar a BlockIoT, que é uma identidade digital baseada em


blockchain sendo desenvolvida pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
em Telecomunicações (CPqD). A ideia do projeto é criar uma forma de autenti-
cação com mais segurança, privacidade e confiabilidade aos processos. Além
disso é possível o rastreio de objetos de forma facilitada.

Estas não são as únicas características de uma blockchain que merecem


destaque, mas espero que já sejam suficientes para que você se interesse em
conhecer mais sobre o tema.

RarePepes são exemplo de uso da blockchain do Bitcoin


para “tokenizar” arquivos digitais e torná-los escassos.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 37

Não duvide: blockchain quebra muitos modelos tradicionais e traz uma infini-
dade de caminhos para um mundo mais aberto e livre. Cabe a você a decisão
de participar desta tecnologia disruptiva.

O que é a mineração? Conheça a analogia


dos cofres do banco
As moedas digitais possuem um processo de validação das transações feitas
em sua rede a fim de garantir a confidencialidade das informações registradas
nela. Existem diversos modelos de validação e, entre eles, está a mineração.

O conceito de mineração pode ser complicado para pessoas novas e até


mesmo muitos experientes neste mercado. Por isso, vamos aprender o que é
a mineração de criptomoedas através de uma analogia.

A analogia dos cofres do banco


Imagine um antigo banco que possuía vários cofres em seu interior. Esses
cofres eram usados por clientes que deixavam seus pertences em segurança
na empresa, mas acabaram por abandonar seus itens e não mais voltaram
para buscar. Cada cofre estava trancado com um cadeado e, para abrí-lo, era
necessário descobrir a combinação numérica secreta.

O dono do banco, querendo dar uso aos cofres, teve uma ideia: ele iria pegar
todos os registros de transações e guardar nesses cofres, para garantir que as
informações estavam seguras.

Como era difícil descobrir a combinação de cada cadeado, ele lançou um de-
safio em sua cidade: assim que necessitava um novo cofre, todos poderiam
tentar acertar a sequência que o abria. Como recompensa, quem tinha os
números que o destrancava, podia levar o que havia em seu interior.

Com o cofre aberto e a recompensa dada a quem descobriu a combinação, os


dados das transações eram colocadas no cofre, que era guardado sob muita
segurança.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 38

A explicação da analogia
Em nossa comparação, o banco é a cadeia de blocos de uma criptomoeda, ou
seja, a sua rede. O dono do banco é programador que codificou a regra de
negócio da criptomoeda, que passa a funcionar sem a necessidade de inter-
ferência humana após sua entrega. Numa blockchain, um bloco é o nome do
arquivo em que se registra as transações mais recentes. É o cofre da rede.

Os blocos são criptografados, ou seja, para acessá-los e inserir as informações


dentro deles, é necessário encontrar uma numeração específica, como a do
cadeado do cofre presente na analogia.

Todos são convidados a participar do processo de busca pela combinação que


acessa o bloco. E este processo serve para deixar a rede mais segura e confiá-
vel. Com o tempo, máquinas foram criadas com o intuito de participar deste
sistema, chamado mineração.

Ao minerador que encontra a sequência correta é permitido registrar as


transações recentes e validá-las. Como sua recompensa, normalmente é ofere-
cido um valor em criptomoedas.

Deixando a analogia de lado


Agora você é capaz de entender o processo de mineração de uma forma mais
técnica, mesmo simplificando pontos importantes a fim de facilitar o entendi-
mento.

Mineração é um processo de validação de uma blockchain. O sistema é públi-


co, onde mineradores utilizam máquinas específicas para este propósito a fim
de resolver problemas matemáticos que garantem a segurança da rede. Ao re-
solver estes problemas, os mineradores ganham o direito de validar um bloco
e recebem uma recompensa em criptomoedas por isso.

Um exemplo de moeda que usa mineração é o bitcoin. Aproximadamente a


cada 10 minutos um novo bloco é emitido e os mineradores então trabalham
para acessá-lo. O bitcoin possui um sistema capaz de controlar a dificuldade da
mineração.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


39 Bitcoin e Criptomoedas

Quer dizer que quanto mais mineradores estiverem tentando resolver a se-
quência para validar o bloco, mais difícil ela fica. Interessante, não é?

O processo de mineração não é vantajoso no Brasil pelos gastos envolvidos,


como os de energia elétrica. Portanto, a melhor opção atualmente para se
obter criptomoedas é através da compra direta.

Escassez e prova de trabalho no bitcoin e


sua semelhança com o ouro
No processo conhecido como mineração, realiza-se proof-of-work, ou prova de
trabalho, em português. Neste processo, máquinas super potentes utilizam seu
poder computacional para resolver problemas matemáticos e, com isso, validar
a rede e obter criptomoedas como recompensa.

Mas qual a necessidade de se gastar processamento de computador, equipa-


mento e energia elétrica com a validação da rede? Não seria mais fácil simples-
mente emitir moedas de tempos em tempos sem todo esse sistema?

Para entender a resposta desta pergunta, é importante entendermos como o


preço de um ativo pode variar através de sua oferta e da força de trabalho
sobre ele. E mesmo com tanto uso do termo “ativo digital”, entender de forma
plena o que este conceito quer dizer não é muito simples. Sendo assim, vamos
dar um exemplo de um ativo físico antes de voltarmos a falar do universo das
moedas digitais.

Chips gráficos minerando blocos em conjunto

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 40

O valor do ouro: escassez


O ouro é um ativo escasso e, ao mesmo tempo, muito útil. O mineral é utilizado
desde a fabricação de joias e peças para ornamentação até o uso no meio in-
dustrial. Ele apresenta boa condutividade elétrica, resistência à corrosão, além
de não reagir com a maioria dos produtos químicos, sendo portanto um metal
nobre.

Com tantos diferenciais para um produto relativamente raro, ele começou a


ser visto como um bom investimento, sendo atualmente negociado nos merca-
dos mundiais e ganhando destaque como um porto-seguro no setor.

Como sua demanda é alta e a oferta é limitada, o preço apresenta boa valo-
rização. Caso o ouro fosse um ativo abundante na natureza, seu preço não
seria o mesmo, correto? Assim vemos que um ativo que possui utilidade e é
raro tende a ser bem valorizado.

O valor do ouro: trabalho


Para se obter ouro, é necessário muito trabalho. E isso é um dos pontos que
aumenta seu preço. Pense em todo o esforço, custos e tempo que as minas
levam para garimpar…

É necessário possuir um local que possua alguma reserva de ouro, retirar


grandes volumes de terra para o garimpo, passar por máquinas que fazem o
processo de separação do mineral da terra bruta.

Ainda é necessário mais tratamentos até que o ouro fique com o aspecto que
o conhecemos, livre da maior parte das impurezas. Imagine os valores para
custear toda essa operação!

Todo o trabalho realizado para extrair ouro do solo afeta o seu preço. E se você
ainda não está muito convencido sobre isso, vamos continuar a trajetória do
ouro até se transformar em uma joia.

Quando um ourives começa a dar forma ao metal precioso, ele não pensa no
cálculo de preço baseando-se somente em sua beleza nem mesmo somente
no peso do material utilizado.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


41 Bitcoin e Criptomoedas

As peças que levam mais horas de trabalho e apresentam maior dificuldade de


execução são mais valorizadas. Cada hora a mais reservada para a confecção
de uma peça de ouro é um agregador no valor de seu resultado final.

Portanto, concluímos então que o trabalho é um fator que pode agregar valor
a um ativo, sendo o ouro o nosso exemplo.

Tá bem! Até aqui tudo bem… Mas como isso se daria no mundo digital?

Bitcoin e o ouro
Com uma emissão controlada e com limite máximo em 21 milhões de uni-
dades, o código do bitcoin faz com que ele seja escasso, sendo assim chamado
de “ouro digital”.

Adiciona-se aqui que o bitcoin, diferentemente do ouro, é previsível. Não sabe-


mos com total certeza onde está todo o ouro a ser minerado do mundo nem
quando ele será completamente minerado. Já com o bitcoin, essa questão é
mais simples: ele atingirá a marca final dos 21 milhões por volta do ano 2140.

Ao entender como o trabalho interfere na cotação do ouro ou de uma joia,


agora é mais fácil entender o motivo da “proof-of-work”. Bitcoins não são sim-
ples arquivos de computador que podem ser copiados e colados.

Bem longe disso, as criptomoedas validadas por proof-of-work são verdadeiros


ativos emitidos através de muito trabalho computacional. Máquinas potentes e
caras, específicas para este fim, trabalham sem parar, consumindo todo o seu
poder de processamento, além de uma considerável quantidade de energia
elétrica. Além de tudo, este trabalho dos computadores é fundamental para a
segurança e validação de toda a rede.

Por fim, não se esqueça ainda que, assim como o ouro, obter bitcoins é um pro-
cesso que também leva tempo e é custoso. Assim fica fácil entender o porquê
do nome mineração para o processo de emissão do bitcoin, não é? Existem
mais semelhanças entre os dois ativos em questão do que inicialmente podem-
os imaginar!

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 42

O que são Altcoins?


O mercado de criptomoedas é livre e aberto. Desde o início, o código do bitcoin
estava à disposição para que a comunidade pudesse contribuir para o projeto.
Num caminho natural, outros desenvolvedores começaram a estudar a moeda
e criar projetos próprios baseados no protocolo original.

Alguns novos projetos de criptomoedas tentam melhorar algum aspecto do


bitcoin. Outros simplesmente clonam o seu código e tentam surfar na sua po-

pularidade. O nome dado a essas novas moedas é altcoins. Altcoin vem de


“moeda alternativa”. Sendo assim, tudo o que não é bitcoin, pode ser chamado
de altcoin.

A primeira altcoin foi a Namecoin, de símbolo NMC, que procurava fornecer


um sistema de registro de domínio descentralizado. O lançamento de sua
proposta aconteceu em 18 de abril de 2011. Apesar de conseguir alcançar o in-
teressante preço de 15 dólares em novembro de 2013, hoje em dia o projeto
está praticamente morto e sem uso.

Assim como o caso da NMC, uma grande parte das altcoins têm sérios proble-
mas para se manter e mostrar o real valor que carregam em seus projetos.
Mesmo assim, o mercado está em contínua expansão.

Ao fechar o ano de 2020, o site CoinMarketCap apresenta uma listagem de


mais de 8.000 ativos digitais em sua plataforma. Como é impossível conhecer
detalhes de tantas e variadas altcoins, selecionamos alguns dos conceitos mais
importantes.

A seguir vamos conhecer o que é um fork, palavra relacionada com a criação de


algumas criptomoedas. Ainda veremos o que é a Ethereum, a maior de todas
as altcoins atuais. Então falaremos um pouco mais das moedas estáveis,
também chamadas de stablecoins.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


43 Bitcoin e Criptomoedas

Forks
As criptomoedas podem receber upgrades em seu código. Para que isso acon-
teça, a maior parte da rede deve concordar e atualizar seus nós.

Soft fork é o nome dado para estas atualizações. Após o consenso da maior
parte da rede sobre uma mudança, um grupo atualiza o código da moeda, que
fica disponível para que todos os participantes possam baixar e também atu-
alizar seus nós. Quando mais da metade dos nós correm as alterações, elas
passam a ser válidas em todo o grupo.

O soft fork é um processo tranquilo e que não gera grandes transtornos no


meio cripto. Mas nem sempre existe uma conformidade sobre as mudanças
propostas para uma moeda. E, sem um consenso, um projeto de criptografia
pode preferir romper e dar origem a um novo ativo digital.

Hard fork é o nome dado para a criação de um projeto novo baseado num
outro projeto de criptomoeda já existente. Algumas vezes este processo é
dramático e causa discórdia entre a comunidade e equipe envolvida. Mas,
como dito, num mercado aberto e livre, o tempo e o livre arbítrio de cada inves-
tidor são essenciais para normalizar novamente o mercado.

A Litecoin foi uma altcoin lançada em 2011 e que clonou o código do BTC para
criar uma moeda com algumas diferenças do protocolo original. O máximo de
Litecoins é de 84 milhões, frente aos 21 milhões de unidades do BTC. O tempo
de bloco foi reduzido para 2 minutos e meio. Além disso, um novo algoritmo foi
implementado para equilibrar o seu processo de mineração.

A Litecoin não se colocou como uma concorrente direta do bitcoin, se decla-


rando a prata das moedas digitais, enquanto reconhecia o primeiro ativo digital
como o ouro.

Já o hard fork do bitcoin que deu origem ao altcoin Bitcoin Cash foi um momen-
to conturbado na comunidade cripto. O grupo por trás do fork queria o aumen-
to do bloco do bitcoin em 8 vezes, para que as taxas de transação fossem
menores e que não houvesse filas de espera nas operações.

A escalabilidade defendida pelo grupo do Bitcoin Cash não convenceu os par-

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 44

ticipantes da rede do bitcoin sobre a segurança que seus blocos menores


trazem. Sem um acordo sobre o tamanho dos blocos, a divisão entre as
moedas foi inevitável. O fato aconteceu em agosto de 2017.
Gold

Cash

Classic

Estes são apenas dois exemplos de uma infinidade de forks que aconteceram,
sendo que hard forks também podem ocorrer com altcoins. Até mesmo o Bit-
coin Cash já sofreu hard forks, sendo um deles bem recente, em novembro de
2020.

Ethereum
A Ethereum é a principal altcoin do mercado e possui grande popularidade no
meio cripto. Ela foi idealizada no ano de 2014 por um jovem desenvolvedor de
nome Vitalik Buterin.

Uma das grandes inovações da ETH foi a utilização de contratos inteligentes em


sua plataforma. Estes contratos permitem o desenvolvimento de aplicações
descentralizadas dentro de sua rede. Eles funcionam como programas de com-
putador, só que não estão localizados em nenhum servidor central.

Outro divisor de águas da Ethereum é a criação de tokens. Sem precisar co-


nhecer a fundo linguagens de programação, um participante da rede ETH pode
emitir seu próprio token, que é um ativo digital que funciona de forma depen-
dente da blockchain da Ethereum.

A grande popularidade da Ethereum trouxe problemas de escalabilidade para


o projeto. Com uma grande demanda de transações, o preço da taxa para
enviar ETH ou mesmo tokens entre os usuários da rede vinha subindo, consi-
derando o ano de 2020.

A fim de resolver os problemas descritos, o grupo responsável


pelo desenvolvimento da ETH, liderados por Vitalik Buterin,
propuseram uma atualização de seu protocolo, a Etherem 2.0. Ethereum

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


45 Bitcoin e Criptomoedas

Ethereum 2.0
Vimos que o crescimento e contínuo uso da rede Ethereum é muito positivo,
mas a alta demanda faz com que os preços das taxas de transação subissem
de forma inviável para muitos dos projetos.

Faltou ainda citar que a atividade de mineração de ETH também preocupa, já


que passou a ter uma barreira de entrada alta para a participação e é domina-
da por grandes empresas especializadas. Ainda temos que levar em conta que
com mais mineradores, mais energia elétrica precisa ser consumida.

Para que a Ethereum se tornasse mais escalável e descentralizada, algumas


das atualizações do protocolo foram propostas com o nome de Ethereum 2.0.
A atualização também é conhecida como Serenity.
POS X POW
A maior e principal mudança é a substituição da validação de prova-de-tra-
balho, que vem do inglês proof-of-work (POW) para prova de participação, ou
proof-of-staking (POS). Através da POS, espera-se que a moeda se torne mais
escalonável e flexível.

Na prova de trabalho, existe o conceito de mineradores, onde os participantes


precisam fornecer poder de processamento computacional para a rede, com-
petindo entre si para obter o direito a validar o próximo bloco em troca de uma
recompensa em criptomoedas.

Já a prova de participação foi criada como uma forma alternativa ao POW, com
intuito de ser mais escalável e resolver o problema de alto consumo de energia.

No sistema POS não existem mineradores. Os validadores são os nós que par-
ticipam da criação do bloco. Para isso, além de criar um um nó é necessário
manter uma quantidade de criptomoedas “travadas”.

Normalmente, quanto mais moedas bloqueadas um nó tem, maior a chance


que ele seja o validador do próximo bloco. No caso da ETH, é necessário ao
menos 32 moedas, o que é um valor bem acima do que um investidor mediano
é capaz de alocar sozinho. Apesar disso, é muito provável que algumas empre-
sas ofereçam o serviço de staking compartilhado.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 46

Com o sistema POS, a Ethereum será capaz de atender a sua crescente deman-
da e evitar congestionamentos na sua rede. A nova atualização da Ethereum,
segundo o seu time de desenvolvimento, será capaz de realizar até 100.000
transações por segundo. Esse número é muitíssimo superior ao atual: hoje a
rede pode fazer até 15 transações/segundo, considerando uma média.

Outros pontos de relevância


Existe uma crítica sobre a prova de participação ser um sistema mais centraliza-
do de validação. Pensando em descentralização, ainda há na Ethereum 2.0 uma
nova arquitetura, chamada de “sharding”. Nela, a Ethereum passará a ser uma
rede de canais paralelos trabalhando juntos. Cada fragmento terá seu próprio
conjunto de saldos de contas e contratos inteligentes.

Para a conclusão de uma atualização grandiosa como esta, é necessário dividir


todo o processo em fases. A primeira fase, chamada de fase zero, foi iniciada no
dia primeiro de dezembro de 2020. A atualização ainda contará com mais duas
fases, que deverão ser concluídas no final de 2021 ou no primeiro semestre de
2022.

O mercado tem reagido bem com as novidades da Ethereum 2.0 e tudo leva a
crer que a ETH continuará sendo uma plataforma líder de mercado, com de-
senvolvimento contínuo e evoluindo conforme as demandas identificadas. De-
finitivamente, esta é uma moeda que vale a pena acompanhar!

Stablecoins
Em geral, o mercado de criptomoedas é extremamente volátil. Isso é um pro-
blema para os investidores institucionais e os mais conservadores, que não

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


47 Bitcoin e Criptomoedas

estão dispostos a correr um alto risco. A volatilidade também dificulta o uso das
criptomoedas no nosso dia a dia e traz uma certa limitação para que sejam
mais que ativos especulativos.

Com o passar dos anos e a entrada de mais players no mercado, a volatilidade


poderá ser minimizada. Mas, por enquanto, as stablecoins são um refúgio para
muitos dos investidores em momentos de incerteza e de possíveis quedas do
mercado.

Stablecoins, ou moedas estáveis em português, é o nome dado para um ativo


digital que é pareado em outro ativo. Por exemplo: uma stablecoin pareada em
dólares precisará ter uma reserva na moeda estatal equivalente à sua capita-
lização de mercado, a fim de garantir o seu valor. Uma stablecoin busca somar
a estabilidade dos preços das moedas estatais aos benefícios que a tecnologia
das criptomoedas possuem.

A USDT, ou Tether, é a stablecoin mais popular dos dias de hoje, estando em


terceiro lugar no ranking de capitalização dos ativos digitais, a partir dos dados
do fim de 2020. Em teoria, para cada token USDT emitido, um dólar deveria ser
mantido em uma conta de custódia. Por isso podemos dizer que o USDT é uma
stablecoin pareada em dólar americano, na proporção de 1:1.

Existem denúncias e muitas polêmicas envolvendo a USDT, alegando que a re-


serva em dólares não é exatamente a necessária para a emissão de todos os
tokens do mercado. Ainda assim, Tether continua como líder absoluta no setor
de stablecoins.

São muitas as moedas estáveis alternativas ao Tether, como a Paxos, USDC e a


BUSD. Esses ativos citados também possuem o seu lastro no dólar americano.
Nem toda stablecoin é pareada com dólares. A Paxos Gold é um token que,
como é fácil de deduzir, tem sua reserva feita em ouro.

Já a DAI possui uma abordagem bem diferente e interessante: o seu valor é


equivalente ao dólar, mas ela usa uma reserva em Ethereum para garantir seu
preço, monitorando a volatilidade de ETH e como isso afeta suas reservas
através de contratos inteligentes.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 48

Há até mesmo uma versão tokenizada do próprio BTC na rede Ethereum,


chamada de WBTC. O intuito de criar um token estável com o seu respaldo em
bitcoin é a possibilidade de utilizar as funcionalidades da rede Ethereum num
ativo “apoiado” pelo bitcoin na proporção de 1:1.

É bem útil estudar mais sobre as stablecoins citadas neste capítulo, já que elas
podem ser úteis em diversas ocasiões. Até mesmo ao investidor que quer ter
um patrimônio em dólares, esta pode ser uma simples solução: ao obter sta-
blecoins relacionadas ao USD, a soma de suas economias estará sempre acom-
panhando as variações da moeda americana.

Comprar e converter stablecoins em bitcoin é mais


simples e menos burocrático que a mesma operação
com moedas fiduciárias.
DAI

O que é DeFi e como funciona?


Atualmente ouvimos cada dia mais empresas e investidores falarem sobre
DeFi. Mas o que esta palavra quer dizer e por que muitos acreditam que ela
tem relação com o futuro das criptomoedas mais promissoras?

Tome seu assento, aperte o cinto e seja bem vindo a essa viagem
pelo mundo DeFi!

O que é DeFi?
DeFi vem de “Decentralized Finance”, ou traduzindo, “Finanças Descentraliza-
das” e este é o nome dado para um novo modelo de serviços monetários que
é construído em blockchains públicas.

E se você está se perguntando se bitcoin é DeFi… Sim, o conceito se aplica para


a mais famosa das criptomoedas existentes! Mas se olharmos o site CoinMar-
ketCap, que é uma referência para análise de moedas digitais e cotações do
mercado, veremos que existem mais de 8000 projetos listados, baseando-se
no final de 2020.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


49 Bitcoin e Criptomoedas

Muitos desses e outros projetos existem porque alguns desenvolvedores, co-


munidades e empresas entendem que o bitcoin possui algumas limitações de
uso ou tecnologia, e por isso criaram novos modelos de protocolo ou aper-
feiçoaram o do próprio Bitcoin.

Um exemplo de projeto que veio agregar o mundo das criptomoedas é o


Ethereum, que usa seu modelo de Smart Contracts e tokenização para abrir
uma nova era de finanças descentralizadas.

Indo um pouco além do conceito do uso convencional das criptos, empresas


de DeFi oferecem serviços bem parecidos com o que bancos geralmente
fazem, como conversão de valores, empréstimos, poupança, financiamentos,
seguros… com taxas muito abaixo das praticadas pelo mercado tradicional.

No geral, podemos dizer que todo o mercado de criptomoedas tem uma boa
proximidade com DeFi e é por isso que as criptos tendem a obter um impacto
tão positivo nos próximos anos que se seguem. Num mundo onde sistemas
monetários em blockchains públicas vem ganhando notoriedade, existe uma
real possibilidade das criptomoedas ganharem um número substancial de
novos usuários e a adoção ser em grande escala.

Em alguns momentos observamos que o mesmo conceito de DeFi é também


conhecido como “Open Finance”, que serve para descrever a mudança das in-
fraestruturas financeiras tradicionais para um novo modelo aberto, que
remove os intermediários de nossas economias pessoais e nos dá completo
controle não só de nosso dinheiro, mas de uma gama de serviços financeiros.

Sendo assim, as pessoas começaram a descobrir que existem alternativas ao


sistema bancário, aquele mesmo que nos obriga a confiar nele o nosso dinhei-
ro. Aos poucos também vamos sendo libertos de empresas que nos cobram
taxas altas, visam o lucro a qualquer preço e usam o nosso dinheiro para inves-
timentos próprios.

As novas tecnologias abriram um caminho para transformar e revolucionar os


tradicionais sistemas bancários… e é aqui que entram as DeFis! Através da con-
fiabilidade da blockchain, as empresas de finanças descentralizadas conse-

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 50

guem oferecer os mesmos serviços


que os bancos a um preço extrema-
mente mais baixo. O mais incrível é
que usar blockchain para serviços
bancários elimina toda a burocracia
como comprovação por meio de do-
cumentos. Para alguns serviços sim-
ples de DeFi, o único requisito é ter
uma conexão com a internet. Yearn.finance

Se você já precisou fazer remessas de dinheiro para o exterior, sabe que o pro-
cesso não é simples, costuma ser custoso e algumas vezes até mesmo inviável.

Com serviços financeiros abertos, podemos simplesmente abrir um app aqui


no Brasil e enviar, por exemplo, 10 reais para uma pessoa que está na África.
Isso de forma segura, sem burocracia, de forma quase instantânea e com taxas
irrisórias; na casa dos poucos centavos.

Além de facilidade, empresas de DeFi podem levar esperança para países em


que existe repressão, ditatorialismo ou oferta limitada de serviços bancários.

Como funciona uma DeFi? Smart contracts e dapps


Muitos projetos de DeFi são construídos através de tokens na plataforma
Ethereum, através de Smart Contracts. Smart Contracts é o nome em inglês
para contratos inteligentes e nada mais são que códigos de programação que
correm dentro da rede Ethereum. Eles são acionados de forma automática,
assim que as condições escritas em seu algoritmo são preenchidas.

Atualmente, além da ETH, muitas outras moedas digitais já possuem “Smart


Contracts” como funcionalidade. Para ser mais simples, vamos a um exemplo
básico prático. Através de contratos inteligentes, um empregador pode agen-
dar o salário de seus funcionários. Sendo assim, sempre que for o dia do mês
descrito no contrato, a rede transfere de forma automática as moedas para a
wallet do trabalhador.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


51 Bitcoin e Criptomoedas

Os aplicativos construídos sob contratos inteligentes recebem o nome de


Dapps, que é uma forma reduzida para aplicações descentralizadas. Dapps são
consideradas por muitos como as novas ferramentas do futuro digital.

Smart contrats e dapps podem criar aplicações de DeFi transparentes, descen-


tralizadas, onde não precisamos confiar num governo, nem ficar refém das
altas taxas de bancos e nem mesmo temer influência de decisões mal feitas por
humanos.

Após um serviço ser configurado e contratado, um contrato inteligente pode


nos garantir a execução do que foi combinado sem surpresas, sem interferên-
cia humana ou de terceiros e com a segurança da blockchain.

Ao eliminar a necessidade de bancos e dependência de governo, os preços são


mais acessíveis e justos, além de deixar que você, de fato, assuma o controle e
responsabilidade pelo seu dinheiro. Tudo isso de forma simples, fácil, sem bu-
rocracia e quase instantaneamente.

Como exemplo de DeFi, podemos citar a exchange descentralizada Uniswap.


Seu contrato inteligente consegue prover liquidez para a compra e venda de
tokens da rede Ethereum para as operações, de forma automática e sem inter-
mediários.

Para conhecer mais projetos e acompanhar o mercado das finanças descen-


tralizadas, você pode usar o site DeFiPulse, que é especializado no setor. Outra
forma é acompanhar a lista de projetos DeFi do Coinmarketcap, que ganhou
uma filtragem própria no site mais famoso para análise de preço de criptoa-
tivos.

Uniswap

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 52

Considerações Finais
Você fez uma longa caminhada até chegar a este ponto do livro, e por isso
merece reconhecimento! Parabéns pelo desejo em aprender mais sobre as
criptomoedas e a tecnologia por trás delas.

Não subestime o novo conhecimento que você adquiriu: ele o ajudará a ser um
investidor mais consciente, ou mesmo um entusiasta das criptomoedas mais
maduro.

Apesar disso, existe ainda muito mais a se aprender, visto que este livro teve o
intuito de ensinar o básico e essencial, em linguagem simples e clara. Em publi-
cações futuras seu conhecimento poderá ser refinado: outros livros que
tratam temas mais específicos em maior profundidade virão em breve.

Por agora, minha primeira sugestão é que você releia os tópicos que ficaram
pouco claros em sua cabeça. Para muitos, este livro contém muita informação
nova e é natural que seja necessário mais de uma leitura para absorver o seu
conteúdo. Caso você esteja confortável sobre o que leu, comece a buscar pelos
temas pela internet e verá que ainda há muito a ser explorado!

Espero, com sinceridade, que este livro tenha despertado sua curiosidade e o
desejo de aprender mais sobre as criptomoedas e a blockchain.

Espero ainda que você tenha aprendido ao menos um novo conhecimento e,


principalmente, que você possa passar o que aprendeu para frente. Preci-
samos quebrar o tabu de que bitcoin e criptomoedas são assuntos difíceis.

Até breve, em nossa próxima publicação.

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


53 Bitcoin e Criptomoedas

Sobre o Autor
Fabrício Alexandre dos Santos é natural de
Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais. For-
mado em Letras, estudante de tecnólogo
em blockchain e Criptografia Digital. Possui
registro de jornalista e atua escrevendo
sobre criptomoedas.

Entusiasta por novas tecnologias, conheceu


o bitcoin e outras criptomoedas em 2016,
quando teve a oportunidade, naquele mesmo ano, de ser responsável pela
edição brasileira de um dos maiores portais de notícias sobre criptomoedas do
mundo: CoinTelegraph.

Entre 2017 e 2020, Fabrício teve a oportunidade de participar de diversos pro-


jetos de criptografia em diferentes países do mundo. Em relação a projetos,
hoje faz parte do Vibook e da AccuChain, com sede no Vale do Silício.

Atualmente Fabrício trabalha como redator e locutor na Criptomaníacos, em-


presa pioneira e um dos principais nomes do mercado em educação em cripto-
moedas. Ainda atua como consultor blockchain, jornalista do setor de cripto-
moedas e locutor para vídeos e artigos em áudios sobre criptomoedas.

Está sempre aberto a conhecer e participar de novos projetos promissores e


pode ser contatado pelos seguintes meios:

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 54

Sobre a Criptomaníacos
A Criptomaníacos é uma plataforma de educação financeira
voltada à ativos digitais.

Fundada em junho de 2018 e lançada em abril de 2019, a plataforma entrega


um conjunto de serviços exclusivos que já impactaram mais de 15 mil pessoas
por todo o Brasil.

Atualmente a empresa possui mais de 1500 clientes assinantes de algum dos


planos disponíveis e conta ainda com 11 colaboradores e diversos fornece-
dores que atuam em diferentes frentes para entregar produtos e serviços
únicos.

Somos pautados pela paixão nas criptomoedas e prezamos muito pela trans-
parência, responsabilidade e qualidade. O cliente é colocado sempre no centro
das atenções, o que nos permite ter uma relação próxima e duradoura, que é
construída e mantida com solidez e com o objetivo contínuo de impactar positi-
vamente a vida de cada um.

Além da plataforma, somos atualmente o maior canal de criptomoedas do


Brasil. São mais de 100 mil inscritos e temos como objetivo analisar notícias,
projetos e ajudar pessoas a iniciar ou aprofundar neste mercado.

Você pode conhecer mais em


criptomaniacos.io

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


55 Bitcoin e Criptomoedas

Apêndice de Termos Úteis


Altcoins - é o nome dado à todas as criptomoedas alternativas ao bitcoin

ASIC - sigla que significa, em inglês, Circuito Integrado para Aplicações Específicas.

São equipamentos de informática baseados em circuitos integrados ou chips e de-

senvolvidos para executar funções muito específicas. Ficaram famosos no meio das

criptomoedas por representar um conjunto de processadores otimizados para a min-

eração do bitcoin e algumas altcoins.

Ataque de 51% - um ataque que visa possuir mais da metade da rede (51%) a fim de

controlar uma blockchain e possibilitar mudanças no código e manipulando os dados.

Baleia - Controladores de grandes valores de criptomoedas, geralmente tendo

volume suficiente para manipular ou influenciar o preço no mercado

Bit - O bit é a menor unidade de informação que pode ser armazenada ou transmiti-

da, usada na Computação e na Teoria da Informação.

Bitcoin - quando iniciado com letra maiúscula, representa o protocolo criado por

Satoshi Nakamoto.

bitcoin - quando iniciado com letra minúscula, representa a unidade monetária do

protocolo Bitcoin

Blockchain - registro público de transações em uma blockchain em ordem cronológi-

ca. Uma blockchain é compartilhada entre todos os usuários e é imutável, além de ser

descentralizado.

Block explorer - um explorador de blocos é um local, geralmente um site, onde

podem ser consultados saldos de wallets, últimas transações e outras informações de

mercado

Bloco Gênesis - o primeiro bloco de uma blockchain. No caso do bitcoin, o bloco

gênese contém a mensagem “The Times 03/Jan/2009 Chancellor on brink of second

bailout for banks”

BTC - abreviação para bitcoin

Bull Run - corrida dos touros é um movimento forte de alta sofrido pelo mercado

Carteira (wallet) - software utilizado para acessar as criptomoedas de um usuário,

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 56

muitas vezes possuindo versões para computador, dispositivos móveis e até mesmo

o próprio navegador.

Chave Privada - é uma espécie de “senha” que lhe permite assinar as transações e

enviar bitcoins para alguém. Com apenas essa informação uma pessoa pode acessar

e controlar os fundos de uma wallet

Consenso - Consenso é o acordo produzido pelo consentimento entre todos os

membros de um grupo ou entre vários grupos. No caso das criptomoedas significa

aceitação de um bloco como verdadeiro pela rede.

Confirmação - Quando a transação foi processada pela rede e não pode ser reverti-

da. Quanto mais confirmações uma transação tem, mais segura ela fica.

Criptografia - prática de codificar e decodificar dados e base matemática em que se

baseiam as moedas digitais mais populares

Dapps - abreviação para “aplicativo descentralizado”. É um aplicativo de código aberto

que funciona em redes como uma blockchain

Dump - em inglês, este termo significa “despejo” e é usado para momentos de queda

do preço de um criptoativo

Exchange - Empresa com foco em venda e compra de criptomoedas

FOMO - do inglês, “Fear of Missing out”. Significa “Medo de perder”. Geralmente, no

mundo das criptomoedas, é associado ao sentimento de medo por poder perder

uma boa oportunidade no mercado, ou medo de perder uma entrada ou saída que

seja lucrativa. Muitas vezes, um FOMO pode causar aumento do preço de uma cripto.

Fork (Bifurcação da rede) - atualização ou alterações na rede blockchain, podendo

ou não derivar uma divisão da rede. No caso de divisão, uma nova criptomoeda pode

ser criada

FUD - do inglês, “fear, uncertainty and doubt”. Significa “medo, incerteza e dúvida”.

Está associado a uma técnica de desinformação a fim de gerar dúvidas quanto a um

projeto ou ao mercado em geral, causando medo e o despejo de moedas no merca-

do, causando desvalorização.

Halving - evento que ocorre, em média, a cada 4 anos, reduzindo as recompensas de

mineração pela metade

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


57 Bitcoin e Criptomoedas

Hash rate - é calculado pelo número de trilhões de hashes que a rede está realizan-

do, é um importante número para o cálculo da dificuldade de mineração

Hodl - brincadeira com a palavra hold (manter, segurar, deter). É um jargão da inter-

net muito conhecido pelos entusiastas das criptomoedas para os traders que

mantém a posse de suas moedas, independente das condições de preço ou senti-

mento de mercado

Mão de alface - apelido pejorativo dado ao trader que não consegue manter a posse

de uma criptomoeda após uma pequena variação positiva de preço. Termo usado

para o trader que faz a venda precoce.

Minerar - Ato de gerar novos bitcoins resolvendo problemas criptográficos com um

computador ou hardware específico.

Moeda FIAT (fiduciária) - é a moeda tradicional, usada por governos. Geralmente é

inflacionária e controlada por um banco central ou organização similar

Nó (node) - É um computador conectado à rede de uma blockchain e que transmite

transações para outros computadores conectados.

Pool - Grupo de mineradores que se reúnem para minerar um bloco de forma coleti-

va, dividindo a recompensa adquirida entre eles.

Prova de Participação (Proof of stake) - uma das formas pela qual pode acontecer

a validação de uma blockchain. Requer que o usuário deixe uma quantidade de crip-

tomoedas em sua carteira. Um incentivo é dado para os participantes, em moedas

digitais.

Prova de trabalho(Proof of work) - outro processo pelo qual pode acontecer a vali-

dação de uma blockchain. Geralmente requer muita energia e equipamentos espe-

cializados para realizar sua tarefa

Pump - do inglês, “bomba”. Significa aumento no preço de uma criptomoeda

Satoshi - A menor parte de um bitcoin. Um único bitcoin tem cem milhões de satoshis

(0,00000001 BTC).

Satoshi Nakamoto - nome fictício pelo qual é conhecido o desenvolvedor (ou grupo

de desenvolvedores) do bitcoin. Até hoje sua identidade é desconhecida.

Scam (scamcoin) - projeto (ou moeda) que possui o intuito de enganar ou obter

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Um guia essencial sobre conceitos e tecnologia 58

fundos de forma maldosa, prometendo ganhos improváveis ou produtos e serviços

que não são de possível execução.

SHA-256 - algoritmo de hash usado pelo Bitcoin para garantir a integridade das infor-

mações armazenadas num bloco, entre outras coisas.

Taxa de transação - preço pago, em criptomoedas, para realizar um envio de

moedas entre endereços

Trader - profissional que trabalha operando venda e compras de criptomoeda, ob-

tendo lucro com as operações

Trading - compra e venda de criptomoedas

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com


Janeiro de 2021

BI TCOIN
CRI PTOMOE DAS

Conteúdo licenciado para Rui Soares - manoruca@gmail.com

Você também pode gostar