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INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NA
PRODUÇÃO DE PROVAS: VALIDADE
DAS PROVAS DIGITAIS ATRAVÉS
DA VALORAÇÃO SUBJETIVA DO JUIZ
NA JUSTIÇA DO TRABALHO
Resumo: O presente trabalho visa abordar a utilização das provas digitais dentro do processo
trabalhista. Tem por objetivo analisar e conhecer a forma pela qual as provas digitais têm sido
valoradas e validadas pelos magistrados. O tema é de grande relevância para estudo, uma vez
que cada vez mais se torna notória a evolução da sociedade para uma sociedade mais digital.
O trabalho demonstra como estas questões virtuais aparecem no ordenamento jurídico, pois
através da Internet, milhares de pessoas se relacionam e se comunicam, interagindo e gerando
questões de direito, podendo ser utilizadas dentro do processo judicial. Por fim, demonstra,
através de decisões judiciais, que as provas digitais vêm sendo bem aceitas nos processos
trabalhistas, sendo valoradas de forma positiva pelos juízes, pois previstas na legislação e
atingindo seu fim que é a demonstração de direitos através das mídias digitais.
Palavras-chave: Provas digitais. Valoração. Validação. Autenticidade. Princípio do livre
convencimento motivado.
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1 Introdução
Com o passar do tempo, a sociedade e as formas de exercer os di‑
reitos já existentes se modificaram com as transformações tecnológicas e
eletrônicas. Dentro do direito probatório não poderia ser diferente, uma vez
que com estas inovações tecnológicas se tornou possível utilizar mídias
digitais para demonstrar certo fato jurídico através da rede. A importância
de fazer uma análise acerca do tema proposto é que cada vez mais a era
digital se faz presente no dia a dia da sociedade como um todo – algo que
não se difere dentro da ciência do Direito – já que, por exemplo, o próprio
ordenamento jurídico brasileiro se utiliza de meios digitais para tramitação
de processos eletrônicos.
A utilização de provas digitais como meio de se conseguir um resultado
positivo em determinado processo, se submete à forma como o magistrado
irá valorar e validar tais provas, podendo ser aceitas ou consideradas ile‑
gítimas. O objetivo desta pesquisa é analisar e conhecer a forma como as
provas digitais têm sido valoradas e validadas pelos magistrados, em seu
poder de jurisdição, dentro do ordenamento jurídico no processo do trabalho,
bem como definir uma conclusão primária ao estabelecer um parâmetro de
julgamento através de análise de julgados recentes.
Como hipótese, pode-se perceber que o tratamento da prova digital não
tem um padrão a ser utilizado por cada juiz, pois há omissão da legislação
em criar uma normativa específica que valide e valore cada tipo de prova ele‑
trônica a ser produzida, trazendo insegurança jurídica pela discricionariedade
do juiz em admitir ou não tais provas.
Este trabalho foi feito mediante pesquisa com finalidade básica estraté‑
gica, tendo como objetivo o modo descritivo e feito pela abordagem qualita‑
tiva, através do método hipotético-dedutivo, pelo procedimento bibliográfico.
Inicialmente, a pesquisa discorre sobre dilação probatória no processo
do trabalho, apresentando noções gerais e conceito, objeto de prova, ônus
da prova e sua inversão, a produção antecipada das provas e, ainda, aponta
todos os tipos de provas que podem ser utilizados no processo trabalhista,
definindo cada espécie, incluindo seus conceitos, requisitos e legislação
atinente. Após, a pesquisa trata sobre as inovações tecnológicas na pro‑
dução de provas, discorrendo como houve a transição da sociedade para
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1
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5
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lei/l13105.htm. Acesso em: 28 abr. 2022.
6
“Art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LVI – são inadmissíveis, no
processo, as provas obtidas por meios ilícitos; (...)” (BRASIL. [Constituição (1988). Constituição
da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 21 fev. 2022).
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LEITE, Carlos Henrique B. CPC – Repercussões no processo do trabalho. 2. ed. São Paulo:
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12
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PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital. São Paulo: Saraiva, 2021. p. 21. Disponível em: https://
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SACOMANO, José B.; GONÇALVES, Rodrigo F.; BONILLA, Sílvia H. Indústria 4.0: conceitos e
fundamentos. São Paulo: Blucher, 2018. p. 36. E-book. Disponível em: https://integrada.
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QUINTINO, Luís F.; SILVEIRA, Aline Morais; AGUIAR, Fernanda Rocha D. et al. Indústria 4.0. São
Paulo: Blucher, 2018. p. 14. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
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RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho. São Paulo: Método, 2020. p. 1237. E-book. Disponível
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20
MORAES, Rodrigo Bombonati de S. Indústria 4.0: impactos sociais e profissionais. São Paulo:
Blucher, 2020. p. 12. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
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21
SARLET, Ingo Wolfgang; MELLO FILHO, Luiz Philippe Vieira de; FRAZÃO, Ana Oliveira. Diálogos
entre o direito do trabalho e o direito constitucional. Série IDP São Paulo: Saraiva, 2013. p. 262.
E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502212275/.
Acesso em: 06 maio 2022.
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RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho. São Paulo: Método, 2020. p. 1237. E-book. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530989552/. Acesso em: 03 maio
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PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital. São Paulo: Saraiva, 2021. p. 21. Disponível em: https://
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24
PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital. São Paulo: Saraiva, 2021. p. 21. Disponível em: https://
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PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital. São Paulo: Saraiva, 2021. p. 25. Disponível em: https://
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26
PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital. São Paulo: Saraiva, 2021. p. 25. Disponível em: https://
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27
TEIXEIRA, Tarcísio. Direito Digital e Processo Eletrônico. São Paulo: Saraiva, 2022. p. 93. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555596946/. Acesso em: 18 abr.
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Acesso em: 20 maio 2022.
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31
PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital. São Paulo: Saraiva, 2021. p. 93. Disponível em: https://
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32
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm. Acesso em: 15
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33
PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital. São Paulo: Saraiva, 2021. p. 34. Disponível em: https://
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34
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Disponível em: https://www.academia.edu/41717035/A_Galaxia_da_Internet_Manuel_Castells.
Acesso em: 14 abr. 2022.
35
PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital. São Paulo: Saraiva, 2021. p. 35. Disponível em: https://
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36
BRASIL. Constituição Federal – “Art. 5º (...) X. São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação; (...)” (Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.
htm. Acesso em: 21 fev. 2022.
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legal para tanto.37 O uso desse tipo de prova é aceito completamente, desde
que atendidos alguns padrões técnicos de coleta e guarda, para evitar que
tenha sua integridade questionada ou que tenha sido obtida por meio ilícito.38
No mesmo sentido, o Código de Processo Civil, em seu art. 369 assegura
que “as partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como
os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para
provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir
eficazmente na convicção do juiz”.
Em 2001 foi publicada a Medida Provisória nº 2.200-2/2001,39 a qual
criou um regramento jurídico através da Infraestrutura de Chaves Públicas
Brasileira (ICP-BRASIL) para os documentos eletrônicos.40 Com o intuito de
garantir autenticidade, integralidade e validade jurídica para tais documentos,
o ICP-BRASIL tem como uma de suas atribuições a manutenção de registros
dos usuários e a ligação entre as chaves privadas utilizadas nas assinaturas
dos documentos e as pessoas que são emitentes das mensagens, garan‑
tindo que o seu conteúdo não seja alterado.41
Outra legislação pertinente que foi criada para se adaptar a estas novas
mudanças no cenário da sociedade digital, é a Lei nº 11.149 de 200642 que
dispõe sobre a informatização do processo judicial, comumente conhecido
como processo eletrônico. Dentro desta legislação, somente o art. 11 refe‑
re-se aos documentos produzidos eletronicamente.43 Este artigo dá validade
37
“Art. 441. Serão admitidos documentos eletrônicos produzidos e conservados com a observância
da legislação específica” (BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo
Civil. Brasília, DF: Presidência da República, 2015. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 28 abr. 2022).
38
PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital. São Paulo: Saraiva, 2021. p. 90. Disponível em: https://
integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555598438/. Acesso em: 13 abr. 2022.
39
BRASIL. Medida Provisória nº 2.200-2/2001, de 24 de agosto de 2021. Institui a Infraestrutura de
Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil, transforma o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação
em autarquia, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/antigas_2001/2200-2.htm. Acesso em: 25 abr. 2022.
40
TEIXEIRA, Tarcísio. Direito Digital e Processo Eletrônico. São Paulo: Saraiva, 2022. p. 93. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555596946/. Acesso em: 18 abr.
2022.
41
SILVA, Louise S. H. Thomaz da; SOUTO, Fernanda R.; OLIVEIRA, Karoline F. et al. Direito Digital.
Porto Alegre: Grupo A, 2021. p. 135. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.
com.br/#/books/9786556902814/. Acesso em: 19 abr. 2022.
42
BRASIL. Lei nº 11.419 de 19 de dezembro de 2006. Dispõe sobre a informatização do processo
judicial; altera a Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil; e dá outras
providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/
l11419.htm. Acesso em: 24 abr. 2022.
43
“Art. 11. Os documentos produzidos eletronicamente e juntados aos processos eletrônicos com
garantia da origem e de seu signatário, na forma estabelecida nesta Lei, serão considerados
originais para todos os efeitos legais” (BRASIL. Lei nº 11.419 de 19 de dezembro de 2006.
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47
TEIXEIRA, Tarcísio. Direito Digital e Processo Eletrônico. São Paulo: Saraiva, 2022. p. 97. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555596946/. Acesso em: 18 abr.
2022.
48
TEIXEIRA, Tarcísio. Direito Digital e Processo Eletrônico. São Paulo: Saraiva, 2022. p. 97. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555596946/. Acesso em: 18 abr.
2022.
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Neste mesmo sentido, Patrícia Peck49 diz que, para o Direito Digital,
a chave criptográfica significa que o conteúdo transmitido só pode ser lido
pelo receptor que possua a mesma chave e será reconhecido com a mesma
validade de uma assinatura tradicional.
Cabe salientar que este procedimento de certificação digital necessita
de três elementos para cumprir seu fim, os quais são: a) certificado digital,
b) assinatura digital, e c) norma técnica positivada, a qual regulamenta o
sistema de chaves digitais e os órgãos estatais fiscalizadores.50
A assinatura digital pode ser definida conceitualmente como um código
anexado ou logicamente associado a um arquivo eletrônico que comprova a
autenticidade e a fidedignidade quanto à integralidade do conjunto de dados
do referido documento, de acordo com o original.51 Ou seja, a assinatura
eletrônica, através de sua criptografia, confere a autenticidade aos dados
que estão incluídos no documento eletrônico, pois é fato que terá um usuá‑
rio identificado (emitente), o qual assinou eletronicamente, surgindo daí sua
autenticidade.
Em relação à aplicação diária, Tarcísio Teixeira exprime que:
49
PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital. São Paulo: Saraiva, 2021. p. 92. Disponível em: https://
integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555598438/. Acesso em: 13 abr. 2022.
50
TEIXEIRA, Tarcísio. Direito Digital e Processo Eletrônico. São Paulo: Saraiva, 2022. p. 97. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555596946/. Acesso em: 18 abr.
2022.
51
TEIXEIRA, Tarcísio. Direito Digital e Processo Eletrônico. São Paulo: Saraiva, 2022. p. 97. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555596946/. Acesso em: 18 abr.
2022.
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52
TEIXEIRA, Tarcísio. Direito Digital e Processo Eletrônico. São Paulo: Saraiva, 2022. p. 97. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555596946/. Acesso em: 18 abr.
2022.
53
PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital. São Paulo: Saraiva, 2021. p. 92. Disponível em: https://
integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555598438/. Acesso em: 13 abr. 2022.
54
“Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a
tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento; Art. 372. O
juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que
considerar adequado, observado o contraditório” (BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015.
Código de Processo Civil. Brasília, DF: Presidência da República, 2015. Disponível em: https://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 28 abr. 2022).
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55
SOUSA, André Pagani de; CARACIOLA, Andrea Boari; ASSIS, Carlos Augusto de; FERNANDES,
Luís Eduardo Simardi; DELLORE, Luiz. Teoria Geral do Processo Contemporâneo. São Paulo:
Atlas/Grupo GEN, 2021. p. 129. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
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56
SOUSA, André Pagani de; CARACIOLA, Andrea Boari; ASSIS, Carlos Augusto de; FERNANDES,
Luís Eduardo Simardi; DELLORE, Luiz. Teoria Geral do Processo Contemporâneo. São Paulo:
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57
LEITE, Carlos Henrique B. CPC – Repercussões no processo do trabalho. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016. p. 51. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
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R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 39, n. 466, p. 57-90, outubro 2022 73
Ou seja, entende-se que a valoração dada pelo juiz é livre no que con‑
cerne a pré-valorações dadas pelo legislador às provas, porém esta liberda‑
de está atrelada a condições legais, quais sejam a fundamentação racional
e analítica de sua decisão. Não sendo tolerada a construção do processo
através de discricionariedade, devendo respeitar o princípio da legalidade.
58
PAMPLONA FILHO, Rodolfo; SOUZA, Tercio Roberto Peixoto. Curso de Direito Processual do Trabalho.
São Paulo: Saraiva, 2020. p. 668. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
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59
SANDES, Fagner. Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2020. p. 385.
E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555591682/.
Acesso em: 08 abr. 2022.
60
LEITE, Carlos Henrique B. Curso de Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2022. p. 326.
E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555596663/.
Acesso em: 10 abr. 2022.
61
SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz G.; MITIDIERO, Daniel. Curso de direito constitucional.
São Paulo: Saraiva, 2022. p. 399. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.
br/#/books/9786553620490/. Acesso em: 10 maio 2022.
74 R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 39, n. 466, p. 57-90, outubro 2022
4.1.2 Julgados
Teoricamente, constata-se as modalidades de validação e valoração
da prova, mas como este processo se dá na prática? Para isto, há de se
analisar as decisões que acontecem no mundo jurídico real.
A ementa trazida abaixo se trata de recurso de empresa reclamada,
pleiteando que seja revogada decisão que concedeu indenização por dano
moral à reclamante, a qual foi contratada para laborar na empresa, tendo
passado por processo seletivo, nutrindo expectativa de emprego por mais
de 60 dias, tendo sua CTPS retida durante todo este tempo.
62
FERREIRA NETO, Arthur Leopoldino; JOÃO, Paulo Sérgio. A prova documental eletrônica no processo
do trabalho: validade e valoração. Revista de direito do trabalho, São Paulo, v. 45, n. 206, p. 205-
231, out. 2019. Disponível em: bhttps://juslaboris.tst.jus.br/handle/20.500.12178/165470.
Acesso em: 11 maio 2022.
63
FERREIRA NETO, Arthur Leopoldino; JOÃO, Paulo Sérgio. A prova documental eletrônica no processo
do trabalho: validade e valoração. Revista de direito do trabalho, São Paulo, v. 45, n. 206, p. 205-
231, out. 2019. Disponível em: bhttps://juslaboris.tst.jus.br/handle/20.500.12178/165470.
Acesso em: 11 maio 2022.
R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 39, n. 466, p. 57-90, outubro 2022 75
64
BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região. RO nº 0020363-56.2020.5.04.0006. Relatora:
Angela Rosi Almeida, 09 de junho de 2021. Disponível em: https://pesquisatextual.trt4.jus.br/
pesquisas/rest/cache/acordao/pje/OfKkjP8FOJIk8DcFPh4Qaw?&qp=valora%C3%A7%C3%A3o+d
e+prova+digital. Acesso em: 22 maio 2022.
65
BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região. RO nº 0020363-56.2020.5.04.0006. Relatora:
Angela Rosi Almeida, 09 de junho de 2021. Disponível em: https://pesquisatextual.trt4.jus.br/
pesquisas/rest/cache/acordao/pje/OfKkjP8FOJIk8DcFPh4Qaw?&qp=valora%C3%A7%C3%A3o+d
e+prova+digital. Acesso em: 22 maio 2022.
76 R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 39, n. 466, p. 57-90, outubro 2022
66
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. ROT nº 0021047-28.2018.5.04.0013. Relatora:
Ana Luiza Heineck Kruse, 15 de março de 2022. Disponível em: https://pesquisatextual.trt4.jus.
br/pesquisas/rest/cache/acordao/pje/_Dax2hYL6lHYyFAPAgvUOA?&qp=valora%C3%A7%C3%A3
o+de+prova+digital%3B+prints%3B. Acesso em: 22 maio 2022.
67
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. ROT nº 0021047-28.2018.5.04.0013. Relatora:
Ana Luiza Heineck Kruse, 15 de março de 2022. Disponível em: https://pesquisatextual.trt4.jus.
br/pesquisas/rest/cache/acordao/pje/_Dax2hYL6lHYyFAPAgvUOA?&qp=valora%C3%A7%C3%A3
o+de+prova+digital%3B+prints%3B. Acesso em: 22 maio 2022.
R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 39, n. 466, p. 57-90, outubro 2022 77
68
TEIXEIRA, Tarcisio. Direito Digital e Processo Eletrônico. São Paulo: Saraiva, 2022. p. 93. E-book.
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555596946/. Acesso
em: 13 maio 2022.
69
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. AP nº 0020355-41.2014.5.04.0022. Relator: Joao
Alfredo Borges Antunes de Miranda, 23 de junho de 2021. Disponível em: https://pesquisatextual.
trt4.jus.br/pesquisas/rest/cache/acordao/pje/X03ROgFQZCwd5Fl0v-f9yQ?&qp=valora%C3%A7%
C3%A3o+de+prova+digital%3B+prints%3B. Acesso em: 22 maio 2022.
70
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. AP nº 0020355-41.2014.5.04.0022. Relator: Joao
Alfredo Borges Antunes de Miranda, 23 de junho de 2021. Disponível em: https://pesquisatextual.
trt4.jus.br/pesquisas/rest/cache/acordao/pje/X03ROgFQZCwd5Fl0v-f9yQ?&qp=valora%C3%A7%
C3%A3o+de+prova+digital%3B+prints%3B. Acesso em: 22 maio 2022.
78 R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 39, n. 466, p. 57-90, outubro 2022
A prova trazida aos autos nesta situação foi considerada válida, porque,
neste caso, o recorrente não impugnou tal prova no momento oportuno de
71
CORREIA, Miguel Pupo. Sociedade de informação e o direito: a assinatura digital. Disponível em:
http://www.advogado.com/internet/zip/assinatu.htm. Acesso em: 13 maio 2022.
72
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. ROR.Sum. 0020714-07.2019.5.04.0251. Relatora:
Maria Silvana Rotta Tedesco, 22 de julho de 2021. Disponível em: https://pesquisatextual.trt4.
jus.br/pesquisas/rest/cache/acordao/pje/9wOJnjtObhODrg3GzAf9VA?&qp=valora%C3%A7%C3%
A3o+de+prova+digital%3B+prints%3B. Acesso em: 22 maio 2022.
R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 39, n. 466, p. 57-90, outubro 2022 79
instrução e não se desincumbiu do ônus probatório que era seu. Sendo as‑
sim, restou mantida a sentença proferida. Neste sentido, o Código Civil, em
seu art. 225, afirma que “as reproduções fotográficas, cinematográficas, os
registros fonográficos e, em geral, quaisquer outras reproduções mecânicas
ou eletrônicas de fatos ou de coisas fazem prova plena destes, se a parte,
contra quem forem exibidos, lhes impugnar a exatidão”.73
Também o Novo Código de Processo Civil assegura, em seu art. 369:
“as partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como
os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para
provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir
eficazmente na convicção do juiz”.74 Sendo assim, percebe-se que ambos
os diplomas legais aceitam o documento eletrônico como prova e, caso a
parte entenda que seja inverossímil, deverá impugnar para retirar-lhe a força
probatória.75
Já o acordão do ROT nº 0020663-58.2020.5.04.0025, fala sobre pe‑
dido para reforma de decisão de primeiro grau quanto ao reconhecimento
de vínculo de emprego: “Reconhecido o vínculo de emprego por presentes
os pressupostos previstos nos artigos 2º e 3º da CLT”.76 Confessa indire‑
tamente, a parte recorrente, que “não lhe prestou serviços, mas sim para
Seletro, com endereço na Rua Riachuelo, empresa para a qual a deman‑
dada também presta serviços de consertos de equipamentos de salão de
beleza (v. ata de audiência, ID. 190e82c – Pág. 1)”. Desta forma, o Juízo
de primeiro grau decidiu:
73
TEIXEIRA, Tarcísio. Direito Digital e Processo Eletrônico. São Paulo: Saraiva, 2022. p. 95. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555596946/. Acesso em: 18 abr.
2022.
74
“Art. 369” (BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF:
Presidência da República, 2015. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 28 abr. 2022).
75
PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital. São Paulo: Saraiva, 2021. p. 91. E-book. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555598438/. Acesso em: 13 abr. 2022.
76
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. ROT nº 0020663-58.2020.5.04.0025. Relatora:
Vania Maria Cunha Mattos, 24 de novembro de 2021. Disponível em: https://pesquisatextual.
trt4.jus.br/pesquisas/rest/cache/acordao/pje/-uh0VbMfZeMzwfA81PzpgA?&qp=valora%C3%A7
%C3%A3o%3B+invalidade%3B+eletr%C3%B4nico%3B+digital%3B+autenticidade%3B++facebook
%3B+e-mail%3B+instagram%3B+print&te=facebook. Acesso em: 22 maio 2022.
80 R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 39, n. 466, p. 57-90, outubro 2022
77
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. ROT nº 0020663-58.2020.5.04.0025. Relatora:
Vania Maria Cunha Mattos, 24 de novembro de 2021. Disponível em: https://pesquisatextual.
trt4.jus.br/pesquisas/rest/cache/acordao/pje/-uh0VbMfZeMzwfA81PzpgA?&qp=valora%C3%A7
%C3%A3o%3B+invalidade%3B+eletr%C3%B4nico%3B+digital%3B+autenticidade%3B++facebook
%3B+e-mail%3B+instagram%3B+print&te=facebook. Acesso em: 22 maio 2022.
78
“Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a
tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento” (BRASIL.
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF: Presidência da
República, 2015. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/
lei/l13105.htm. Acesso em: 28 abr. 2022).
79
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. AP nº 0020392-03.2020.5.04.0008. Relator:
João Batista de Matos Danda, 01 de julho de 2021. Disponível em: https://pesquisatextual.trt4.
jus.br/pesquisas/rest/cache/acordao/pje/TBCXWHeMQ1MxOFVkqsJxjg?&qp=invalidade%3B+do
cumento+eletr%C3%B4nico%3B+documento+digital%3B+autenticidade%3B+whastapp%3B+faceb
ook%3B+e-mail%3B+instagram&tp=valora%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 22 maio 2022.
R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 39, n. 466, p. 57-90, outubro 2022 81
80
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. AP nº 0020392-03.2020.5.04.0008. Relator:
João Batista de Matos Danda, 01 de julho de 2021. Disponível em: https://pesquisatextual.trt4.
jus.br/pesquisas/rest/cache/acordao/pje/TBCXWHeMQ1MxOFVkqsJxjg?&qp=invalidade%3B+do
cumento+eletr%C3%B4nico%3B+documento+digital%3B+autenticidade%3B+whastapp%3B+faceb
ook%3B+e-mail%3B+instagram&tp=valora%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 22 maio 2022.
81
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. AP nº 0020392-03.2020.5.04.0008. Relator:
João Batista de Matos Danda, 01 de julho de 2021. Disponível em: https://pesquisatextual.trt4.
jus.br/pesquisas/rest/cache/acordao/pje/TBCXWHeMQ1MxOFVkqsJxjg?&qp=invalidade%3B+do
cumento+eletr%C3%B4nico%3B+documento+digital%3B+autenticidade%3B+whastapp%3B+faceb
ook%3B+e-mail%3B+instagram&tp=valora%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 22 maio 2022.
82 R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 39, n. 466, p. 57-90, outubro 2022
que tais instrumentos digitais detêm autenticidade uma vez que pode ser
identificado quem o concebeu. Além do mais, o magistrado pode se utilizar
destes instrumentos, pois o art. 378 do Código de Processo Civil determina
que ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o
descobrimento da verdade.82
Em mandado de segurança impetrado para reforma de decisão liminar,
a qual indeferiu pedido para que a empresa demandada se abstenha de
utilizar mão de obra empregada em dias de feriados, pois sem autorização
na convenção coletiva de trabalho.
82
“Art. 378”. BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF:
Presidência da República, 2015. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 28 abr. 2022.
83
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. MSCiv nº 0021005-13.2021.5.04.0000. Relatora:
Simone Maria Nunes, 02 de agosto de 2021. Disponível em: https://pesquisatextual.trt4.jus.
br/pesquisas/rest/cache/acordao/pje/rt9LQTaj03i6HMggf0vGzw?&qp=valora%C3%A7%C3%A3
o%3B+invalidade%3B+eletr%C3%B4nico%3B+digital%3B+autenticidade%3B++facebook%3B+e-
mail%3B+instagram%3B+print&te=facebook. Acesso em: 22 maio 2022.
R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 39, n. 466, p. 57-90, outubro 2022 83
Nesta senda, pode-se perceber que apesar de o primeiro grau não ter
reconhecido a prova trazida aos autos, a r. Desembargadora em Juízo de
plantão entendeu que o print da postagem na referida rede social, da abertura
da empresa em dia de feriado, evidencia a verossimilhança das alegações
trazidas à inicial, restando, então, comprovado o direito pleiteado no man‑
dado de segurança, uma vez que era autêntica a prova trazida ao processo.
Diante da análise dos julgados acima, pode-se verificar que não há
controvérsia no que tange à utilização da prova digital, pois conforme já de‑
monstrado através de legislação pertinente, é possível se utilizar de qualquer
meio de prova moralmente legítimo.86
Com o uso massivo de computadores e demais aparelhos eletrônicos,
as evidências digitais podem e devem ser utilizadas, mesmo quando não
84
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. MSCiv nº 0021005-13.2021.5.04.0000. Relatora:
Simone Maria Nunes, 02 de agosto de 2021. Disponível em: https://pesquisatextual.trt4.jus.
br/pesquisas/rest/cache/acordao/pje/rt9LQTaj03i6HMggf0vGzw?&qp=valora%C3%A7%C3%A3
o%3B+invalidade%3B+eletr%C3%B4nico%3B+digital%3B+autenticidade%3B++facebook%3B+e-
mail%3B+instagram%3B+print&te=facebook. Acesso em: 22 maio 2022.
85
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. MSCiv nº 0021005-13.2021.5.04.0000. Relatora:
Simone Maria Nunes, 02 de agosto de 2021. Disponível em: https://pesquisatextual.trt4.jus.
br/pesquisas/rest/cache/acordao/pje/rt9LQTaj03i6HMggf0vGzw?&qp=valora%C3%A7%C3%A3
o%3B+invalidade%3B+eletr%C3%B4nico%3B+digital%3B+autenticidade%3B++facebook%3B+e-
mail%3B+instagram%3B+print&te=facebook. Acesso em: 22 maio 2022.
86
“Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente
legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se
funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz” (BRASIL. Lei nº 13.105, de
16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF: Presidência da República, 2015.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm.
Acesso em: 28 abr. 2022).
84 R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 39, n. 466, p. 57-90, outubro 2022
5 Conclusão
A presente pesquisa abordou o tema de inovações tecnológicas na Jus‑
tiça do Trabalho, mais precisamente sobre as provas digitais, sua validade
e valoração dada pelo receptor da prova (juiz).
Junto das inovações tecnológicas, as possibilidades de dilação proba‑
tória também se modificaram dentro do processo do trabalho. Os atos jurí‑
dicos que eram antes, praticados e registrados em papel, hoje em dia são
feitos por meio de documentos eletrônicos. Há variadas formas de provar,
por meio digital, diversos fatos jurídicos que se realizam no mundo real. Po‑
rém, ainda discute-se a validade de tais documentos eletrônicos, uma vez
que há possibilidades de intervenção de terceiros durante a movimentação
e processamento dos dados.
A importância de se fazer uma análise acerca do tema proposto é por‑
que cada vez mais a era digital se faz presente no dia a dia da sociedade
como um todo – algo que não se difere dentro da ciência do Direito – já que
o próprio ordenamento jurídico brasileiro se utiliza de meios digitais para
tramitação de processos eletrônicos, sendo até mesmo um objetivo final
findar com o andamento de processos físicos, o que já ocorre em alguns
Tribunais e Foros espalhados pelo Brasil.
A sociedade vem convergindo para uma modalidade mais digital, pois
vêm sendo muito utilizadas as redes sociais e demais mídias eletrônicas.
Com esses avanços tecnológicos, o Direito tem que se adaptar às mudanças
e regulamentar os acontecimentos cibernéticos, tal como fez através da Lei
nº 12.965 de 2014, que estabeleceu o Marco Civil da Internet no Brasil.
Entretanto, as provas digitais, que são documentos produzidos de for‑
ma eletrônica, ainda carecem de uma legislação específica. Os legisladores
87
PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital. São Paulo: Saraiva, 2021. p. 92. E-book. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555598438/. Acesso em: 13 abr. 2022.
R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 39, n. 466, p. 57-90, outubro 2022 85
manifestaram sua preocupação com tal questão quando foi criada a In‑
fraestrutura de Chaves Públicas Brasileira através da Medida Provisória nº
2.200-2 de 2001.
A assinatura digital nada mais é que um código anexado ou logicamente
associado a um arquivo eletrônico que comprova a autenticidade e a fidedig‑
nidade quanto à integralidade do conjunto de dados do referido documento,
de acordo com o original. Ou seja, a assinatura confere autenticidade através
do conhecimento do emitente do documento, tendo sido assinado por ele.
A partir do conhecimento de quem produziu determinado arquivo eletrônico,
haverá confiabilidade a tais documentos, porque a responsabilidade é da‑
quele que o emitiu.
Já a certificação eletrônica é uma ferramenta de codificação usada para
transformar mensagens em códigos, convertendo-a em caracteres indecifrá‑
veis.88 A chave mais utilizada é a criptografia assimétrica que concebe duas
chaves: uma chave privada, que codifica a mensagem, e outra chave pública,
que decodifica a mensagem, porém podendo ocorrer o inverso.
Com a Informatização do Processo, através da Lei nº 11.419 de 2006,
tais ferramentas também foram positivadas na referida Lei, bem como a de‑
finição de documento eletrônico. Estas foram um marco na utilização desses
documentos, pois puderam conferir autenticidade, integridade e validade
jurídica aos documentos produzidos eletronicamente.
Ocorre que, como mencionado anteriormente, não há uma legislação
específica que contenha um rol taxativo e permissivo de quais documentos
eletrônicos poderão ser utilizados como prova eletrônica. Tal situação im‑
plica na valoração dada às provas digitais, por parte do convencimento do
magistrado.
Através do princípio do livre convencimento motivado, o juiz poderá
escolher qual prova terá força para convencê-lo a decidir por determinado
direito, devendo, porém, fundamentar sua decisão. Dessa forma, aí entra o
problema subjetivo da valoração do juiz. Para isto, o magistrado deverá se
valer dos requisitos já previstos na legislação como, por exemplo, a possi‑
bilidade das partes empregarem qualquer meio legal, moralmente legítimo
e não ilícito, para influir de forma eficaz na convicção do juiz.
Nesta senda, pode-se perceber, através desta pesquisa, que o juiz tem
validado de forma positiva as provas digitais, pois estas estão de acordo
88
TEIXEIRA, Tarcísio. Direito Digital e Processo Eletrônico. São Paulo: Saraiva, 2022. p. 97. E-book.
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555596946/. Acesso
em: 18 abr. 2022.
86 R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 39, n. 466, p. 57-90, outubro 2022
Referências
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Paulo: Revista dos Tribunais, 1974.
ALMEIDA, Amador Paes D. Curso Prático de Processo do Trabalho. São Paulo:
Saraiva, 2020. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
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BERNARDO, Daniel Carvalho. Da admissibilidade das provas digitais em juízo, perante
o ordenamento pátrio. 2013. 65f. Monografia (Graduação em Direito) – Universidade
Federal Fluminense, Niterói/RJ, 2003. Disponível em: https://app.uff.br/riuff/
bitstream/handle/1/15511/Tcc%20DANIEL%20CARVALHO%20BERNARDO%20
matricula%2010807159.pdf?sequence=1. Acesso em: 22 abr. 2022.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução nº 125 de 2010. Brasília, DF: 2010.
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DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
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Leis do Trabalho. Brasília, DF: 1943. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 18 mar. 2022.
BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Perguntas mais frequentes.
Brasília, DF, 2020. Disponível em: http://conarq.arquivonacional.gov.br/conarq/
perguntas-mais-frequentes.html. Acesso em: 19 abr. 2022.
BRASIL. Lei nº 11.419 de 19 de dezembro de 2006. Dispõe sobre a informatização
do processo judicial; altera a Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de
Processo Civil; e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11419.htm. Acesso em: 24 abr. 2022.
R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 39, n. 466, p. 57-90, outubro 2022 87
88 R. Fórum Just. do Trabalho | Belo Horizonte, ano 39, n. 466, p. 57-90, outubro 2022
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