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RESUMO
A presente pesquisa concentra-se na esfera do direito processual civil, especificamente acerca
das execuçõ es civis no direito brasileiro. Tem-se por enfoque problematizar a contraposiçã o
dos princípios da efetividade e menor onerosidade do devedor, bem como analisar-se os
instrumentos prá ticos processuais do judiciá rio para o alcance da satisfaçã o do crédito do
exequente e seu implemento. Para tanto, verifica-se pesquisa e revisã o bibliográ fica, aná lise
jurisprudencial e disposiçõ es legais. Através de tais meios foi possível verificar a inefetividade
das execuçõ es civis, o que se dá por inú meros fatores, dentre eles, a inaplicabilidade de
mecanismos existentes perante o judiciá rio e o conflito de princípios.
Palavras-chave: Execuçã o civil. Processo civil. Efetividade.
INTRODUÇÃO
O processo de execuçã o está disciplinado no Livro dois a partir do artigo setecentos e setenta
e um da Lei treze mil cento e cinco de dois mil e quinze e contempla meios para a cobrança
que tem como base os títulos executivos extrajudiciais.
A persecuçã o civil em busca da satisfaçã o do crédito é uma realidade rotineira no judiciá rio
brasileiro, tendo quantidade expressiva de demandas com tal objeto. Ocorre que a intençã o do
legislador é promover a satisfaçã o do crédito de forma eficiente, célere, utilizando os meios
legais para tanto sem violar os direitos mínimos do devedor.
Contudo, analisar a efetividade do processo executó rio no Brasil em que o nú mero de
inadimplentes cresce de forma considerável é fomentar a discussã o sobre a devida e efetiva
prestaçã o jurisdicional, ao passo que nem todos os credores tem êxito em sua demanda, e
quais fatores corroboram para esta prá tica.
Nesse compasso, serã o analisados princípios basilares que dã o sustentá culo ao processo
executó rio, assim como as ferramentas prá ticas disponíveis para o judiciá rio, e a aná lise da
eficiência em contraponto ao princípio da menor onerosidade do devedor.
Assim, o presente trabalho é pautado por uma natureza bá sica, assim como ordenado por uma
metodologia dedutiva com abordagem qualitativa e pelo procedimento bibliográ fico. Através
do qual foram realizadas pesquisas bá sicas e fichamentos, buscando assim descrever uma
realidade.
Para tanto, o presente trabalho foi dividido em partes, sendo a primeira voltada para a aná lise
de conceitos bá sicos norteadores das execuçõ es civis, assim como os princípios que os regem,
o que se deu através de doutrinas, e a documental, ante a aná lise de decisõ es judiciais de
primeiro grau, legislaçõ es, jurisprudências, revistas e artigos científicos.
Por fim, tais referências bibliográ ficas foram utilizadas com fim a fundamentar e embasar o
desenvolvimento do presente trabalho, momento em que se realizou a produçã o e exposiçã o
dos fatos e cená rio identificado.
Por fim, concluiu-se pela inefetividade das execuçõ es civis. Seja pela inaplicabilidade das
ferramentas dispostas frente ao judiciá rio por inú meros fundamentos, seja por conflito de
princípios, o qual se dá pela excessiva interpretaçã o protecionista dos direitos do executado, o
que passará a expor.
PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE
É sabido que o processo nã o é um fim em si mesmo, mas o mecanismo judicial para que as
partes vejam satisfeitas suas pretensõ es, tendo por querido a paz social.
Nesse cená rio, encontra-se o princípio da efetividade, sendo este diretamente ligado a duraçã o
razoável do processo e eficiência da prestaçã o jurisdicional, o qual dispõ e que deve o
jurisdicionado obter nã o tã o somente acesso à justiça, mas uma tutela efetiva e em prazo
razoável, e tem por lastro a Constituiçã o Federal, a qual preceitua no inciso 78 do artigo quinto
(Incluído pela Emenda Constitucional nú mero 45, de 2004) que “A todos, no â mbito judicial e
administrativo, sã o assegurados a razoável duraçã o do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitaçã o”.
De acordo com os ensinamentos de Bedaque, partindo dos postulados de Dinamarco, o
“processo efetivo é aquele que, observado o equilíbrio entre os valores segurança e celeridade,
proporciona à s partes o resultado desejado pelo direito material.”
Percebe-se que o direito a uma jurisdiçã o efetiva está pautado inclusive em sede
constitucional, e nos ensinamentos de Bedaque, trata-se de um processo efetivo aquele que
entrega a tutela satisfativa em duraçã o razoável de tempo. Nesse caminhar, preceitua o artigo
setecentos e oitenta e seis do Có digo de Processo Civil que a execuçã o civil possui como
finalidade a efetividade do bem da vida reconhecido pelo título executivo através da satisfaçã o
da obrigaçã o certa, líquida e exigível, quando da inércia do devedor.
Assim, o CÓ DIGO DE PROCESSO CIVIL de 2015, visando materializar tais previsõ es
constitucional e infraconstitucional, trouxe plausíveis dispositivos a fim de tornar possível o
alcance de um resultado processual satisfató rio e em prazo razoável, conforme o artigo quarto
do mencionado diploma, cuja redaçã o diz que “As partes têm o direito de obter em prazo
razoável a soluçã o integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”.
Marinoni afirma, em comentá rio ao supracitado dispositivo: Ao administrador judiciá rio, a
adoçã o de técnicas gerenciais capazes de viabilizar o adequado fluxo dos atos processuais..., b) ao
legislador, a adoçã o de técnicas processuais que viabilizem a prestaçã o da tutela jurisdicional dos
direitos em prazo razoável, c) ao Juiz, a conduçã o do processo de modo a prestar a tutela jurisdicional
em prazo razoável, inclusive com a adoçã o de técnicas de gestã o capazes de dispensar intimaçã o para a
prá tica de atos processuais.
Percebe-se que o ordenamento jurídico brasileiro contempla significativamente uma
prestaçã o jurisdicional respaldada na celeridade, efetividade e satisfaçã o.
Nesse contexto, fala-se da aplicaçã o de tais previsõ es legais nas execuçõ es civis. Neste cená rio,
a efetividade se demonstra quando o credor, através do poder jurisdicional, alcance o crédito
ou o cumprimento da obrigaçã o que lhe é devida. No entanto, como vislumbrado acima
quanto ao relató rio justiça em nú meros do Conselho Nacional de Justiça, exposto pela
senadora Soraya Thronicke em plená rio, as execuçõ es nã o cumprem com tal funçã o
jurisdicional.
De acordo com os ensinamentos de Gajardoni, em comento as execuçõ es civis, a crise nã o é só
do processo em si, mas do pró prio Poder Judiciá rio brasileiro que se encontra assoberbado de
açõ es e diminuído frente aos demais Poderes da Repú blica.
Nesse caminho, sem qualquer lapso, tais previsõ es legais devem ser fundamento basilar para
as execuçõ es civis, de modo que estes proporcionem ao jurisdicionado o encontro da
satisfaçã o de seu direito e em tempo regular, tal como teria obtido se ausente a necessidade de
interpelaçã o perante o poder jurisdicional, tanto quanto se faz possível.
No entanto, o que se dá hodiernamente é que a busca pela efetividade das execuçõ es tem se
transladado cada vez mais para tornar-se uma obrigaçã o exclusiva do exequente, em
contramã o a toda as disposiçõ es legais.
Assim, de tais aná lises, conclui-se que a realidade das execuçõ es civis vai de desencontro a tais
previsõ es constitucional e infraconstitucional, o que os torna utó picos se comparado a como
se dá o processo de execuçã o civil na prá tica, percebendo-se demasiada violaçã o de preceitos
fundamentais frente ao exequente. Ainda, é imprescindível mencionar o artigo sexto do Có digo
de Processo Civil, o qual traz em seu texto a obrigatoriedade da cooperaçã o entre todos os
sujeitos do processo, com fim a obter-se uma soluçã o processual que se efetive no plano
prá tico do jurisdicionado, materializando a entrega do bem da vida objeto da demanda.
A Cooperaçã o das partes surge como grande fator para o alcance da efetividade, visto quanto a
maior a cooperaçã o, maior as chances de o exequente ver sanado se crédito frente ao
executado. Ademais, o dispositivo legal aborda a cooperaçã o sob a ó tica da obtençã o de uma
decisã o justa, efetiva e proferida em tempo razoável, corroborando com o disposto no artigo
quarto da respectiva lei.
De encontro a tal entendimento, discorre Neves em seus ensinamentos:
A colaboraçã o do juiz com as partes exige do juiz uma participaçã o mais efetiva, entrosando-se com as
partes de forma que o resultado do processo seja o resultado dessa atuaçã o conjunta de todos os
sujeitos processuais. O juiz passa a ser um integrante do debate que se estabelece na demanda,
prestigiando esse debate entre todos, com a ideia central de que, quanto mais cooperaçã o houver entre
os sujeitos processuais, a qualidade da prestaçã o jurisdicional será melhor.
Nesse compasso, percebe-se que a decisã o satisfativa e alcance da efetividade deve ser tida
como um objetivo das partes e do juízo, e nã o tã o somente de quem se vislumbra como o
"interessado" na causa.
Como abordado acima, a busca pela tutela satisfativa será alcançada quando todos
entenderem seu papel processual, cooperando entre si e resguardando a observâ ncia da
prestaçã o jurisdicional em tempo razoável e efetiva.
Deste modo, tais dispositivos legais trazem o arcabouço de como devem ser direcionados os
processos judiciais para que se alcance o fim almejado. A aplicaçã o rigorosa de tal princípio à s
execuçõ es civis certamente contribuirá essencialmente na mudança da deplorável realidade
quanto a busca por satisfaçã o da tutela jurisdicional.
Pois, como supramencionado, o que se visa é a materializaçã o do direito já reconhecido, com a
devida satisfaçã o do crédito do exequente, e consequente cumprimento da obrigaçã o que
recoberta o devedor.
Deste modo, o princípio da efetividade deve ser tido como a égide e o norte das execuçõ es
civis, pois de nada adianta atrelar as normas processuais civis aos direitos previstos na
Constituiçã o Federal, artigo primeiro do Có digo de Processo Civil. se nã o percebida a
efetivaçã o de tais direitos, nã o podendo ficar somente na literalidade da lei, devendo emanar
seus efeitos na esfera material.
O Có digo de Processo Civil traz em seu corpo previsõ es legais quanto a instrumentos para
serem utilizados na execuçã o civil, com a finalidade de substituir ou coagir o executado a
cumprir com sua obrigaçã o.
Os meios típicos de satisfaçã o de crédito ou da obrigaçã o ao qual se resguarda o título sã o os
expressamente previstos em lei. Em contrapartida, os atípicos sã o as medidas nã o constantes
em lei que sã o idealizadas pelo Judiciá rio e permitidas legalmente em condiçã o secundá ria à s
medidas típicas, ante o soçobro destas, conforme inciso quatro do artigo cento e trinta e nove do
có digo de processo civil.
artigo 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposiçõ es deste Có digo, incumbindo-lhe:
inciso quatro – determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogató rias
necessá rias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas açõ es que tenham por
objeto prestaçã o pecuniá ria;.
Nesse diapasã o, tais medidas ainda se subdividem em coerçã o e sub-rogaçã o. De acordo com
os ensinamentos de Didier jú nior sub rogaçã o configura a atuaçã o do Estado em substituiçã o
ao devedor, enquanto na coerçã o o Estado-Juiz, por meio de decisã o, determina que o devedor
cumpra com sua obrigaçã o, sob pena de medidas judiciais executivas, como a multa.
É notó rio que em um caso o Estado trabalha com a persuasã o sobre o executado, interferindo
diretamente em seu senso e vontade. Em contraposiçã o, percebemos a literal substituiçã o do
devedor pelo Estado-Juiz. Observa-se que o poder jurisdicional possui, à sua disposiçã o,
distintas formas de tornar satisfeito o direito, assim como efetivo o processo executivo.
Em breve classificaçã o das medidas disponíveis perante o judiciá rio temos atípicas e
coercitivas: suspensã o de Carteira nacional de habilitaçã o, recolhimento de passaporte e
bloqueio temporá rio de cartã o de crédito. Por outro lado, as típicas de sub-rogaçã o, quais
sejam: busca e apreensã o e penhora. Por fim, as típicas coercitivas, como a estipulaçã o de
multa.
Exemplo de ferramentas sã o: SISBAJUD, RENAJUD, SNIPER, INFOJUD e CNIB. Todas visam a
busca de patrimô nio do devedor. Seja em pecú nia, bens mó veis ou imó veis. Assim como
demais ativos existentes em seu nome.
De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, o Sistema de Buscas de Ativos do Poder
Judiciá rio (SISBAJUD) é:
O sistema de envio de ordens judiciais de constriçã o de valores por via eletrô nica, o qual se dá
mediante a indicaçã o de conta ú nica bancá ria para penhora em dinheiro, o qual agiliza a solicitaçã o de
informaçõ es e o envio de ordens judiciais ao Sistema Nacional Financeiro.
Trata-se de um mecanismo em que se realiza a pesquisa de valores em contas bancá rias do
executado. Percebida a existência de saldo em conta proceder-se-á a penhora.
Ainda ensina o Conselho Nacional de Justiça que é o RENAJUD:
É um sistema on-line de restriçã o judicial de veículos que interliga o Judiciá rio ao Departamento
Nacional de Trâ nsito (Denatran). A ferramenta eletrô nica permite consultas e envio, em tempo real, à
base de dados do Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam), de ordens judiciais de
restriçõ es de veículos — inclusive registro de penhora — de pessoas condenadas em açõ es judiciais.
Ainda tem-se o sistema de Restriçõ es Judiciais sobre Veículos Automotores (RENAJUD), o qual
realiza busca de veículos automotor e traz informaçõ es quanto a situaçã o jurídica de tal bem,
momento em que existente este bem, será tomadas as medidas cabíveis para que este
responda pela dívida exequenda.
Ademais, resultado de uma parceria entre o Conselho Nacional de Justiça e a Receita Federal, o
Programa Infojud (Sistema de Informaçõ es ao Judiciá rio) “[...] é um serviço oferecido
unicamente aos magistrados (e servidores por eles autorizados), que tem como objetivo
atender à s solicitaçõ es feitas pelo Poder Judiciá rio à Receita Federal, para o alcance de dados.
Através do Infojud, obtém-se informaçõ es cadastrais e declaraçõ es através da Receita Federal,
as quais contribuem para o encontro da realidade patrimonial do executado, facilitando cada
vez mais o encontro de bens que possam arcar com a dívida.
No mesmo sentido, tem-se a Central Nacional de Indisponibilidade de Bens. A CNIB é um
sistema criado e regulamentado pelo Provimento nú mero 39 de 2014, da Corregedoria
Nacional de Justiça e se destina a integrar todas as indisponibilidades de bens decretadas por
Magistrados e por Autoridades Administrativas.
Mediante a CNIB, realiza-se o decreto de indisponibilidade de bens que atinge alienaçõ es e
oneraçõ es de todos os bens do executado, sejam estes mó veis ou imó veis, o qual se dá através
do rastreamento de todos os bens que O executado possui, evitando assim a dilapidaçã o do
patrimô nio com o fim de lesar credores.
O Sistema Nacional de Investigaçã o Patrimonial e Recuperaçã o de Ativos (SNIPER):
É uma soluçã o tecnoló gica que agiliza e facilita a investigaçã o patrimonial. A partir do cruzamento de
dados e informaçõ es de diferentes bases de dados, o Sniper destaca os vínculos entre pessoas físicas e
jurídicas de forma visual (no formato de grafos), permitindo identificar relaçõ es de interesse para
processos judiciais de forma mais á gil e eficiente.
Por sua vez, o SNIPER, nova ferramenta disponibilizada pelo CNJ, surge como o meio através
do qual obtém-se informaçõ es da existência de relaçõ es negociais entre a pessoa do executado
e outros.
Visa-se alcançar todos os dados existentes quantos possíveis relaçõ es e negó cios, através do
qual ativos e bens poderã o ser localizados e indicados como forma de suprir a dívida em
execuçã o.
O Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional (CCS)
É um sistema informatizado que permite indicar onde os clientes de instituiçõ es financeiras mantêm
contas de depó sitos à vista, depó sitos de poupança, depó sitos a prazo e outros bens, direitos e valores,
diretamente ou por intermédio de seus representantes legais e procuradores.
O objetivo central do CCS, como supramencionado, é a localizaçã o de ativos e bens, das mais
derivadas formas, o qual se dá mediante pesquisas quanto relacionamentos entre o indivíduo
e a instituiçã o bancá ria.
Nos termos do explanado pelo Conselho Nacional de Justiça, todos os mecanismos sã o
dispostos tã o somente perante o Magistrado e os demais serventuá rios auxiliares.
Qualquer protecionismo que exaspere o campo da dignidade da pessoa humana do executado
nã o pode prosperar, vez que todas as pesquisas realizadas findam no campo da busca por bens
patrimoniais e informaçõ es quanto a estes. Resta evidente que há relativamente demasiada
quantidade de medidas executivas postas frente ao judiciá rio. Contudo, percebe-se grande
divergências e limitaçõ es quanto à s suas aplicaçõ es, reprimindo o alcance da efetividade
executiva, como será percebido da aná lise de decisõ es a seguir.
CONCLUSÃO
Ao analisar o processo de execuçã o e as ferramentas existentes e postas frente ao judiciá rio
para o alcance da finalidade das execuçõ es civis, além das decisõ es que contrapõ e o alcance da
tutela satisfativa das execuçõ es civis pelo exequente, sob a égide da inaplicabilidade dos
instrumentos judiciais desenvolvidos pelo Conselho Nacional de Justiça, temos que estamos
diante de vá rios entraves quanto a efetividade.
Percebeu-se o conflito de direitos fundamentais existente, quando da aná lise da busca pelo
bem devido em convergência à preservaçã o das garantias fundamentais do executado.
Ademais, restou evidente que o princípio da menor onerosidade nã o deve ser enxergado com
supremacia e tã o pouco proteger os bens do executado, mas tã o somente preservar a
dignidade humana deste, bem como está límpido a existência de ferramentas para se fazer
valer o direito já reconhecido ao exequente.
Assim evidente as contradiçõ es existentes: O exequente é responsabilizado inteiramente pelo
êxito da execuçã o; a execuçã o gira em torno do protecionismo do executado, quando em
verdade, esta tem pô r fim a satisfaçã o do crédito do exequente. Antagonismos giram em torno
da interpretaçã o das normas, dos princípios e da aplicaçã o das ferramentas judiciais, o que
tornam sua aplicaçã o contraria ao pró prio fim do instituto jurídico.
Porém, sabe-se que nenhuma dessas contradiçõ es giram em torno de beneficiar o exequente, o
qual fica a mercê das ferramentas que, caso exitosas, já teriam saldado a dívida
extrajudicialmente.
Diante de tal conflito, o instituto da execuçã o civil percorre caminho totalmente distinto
daquele inicialmente traçado e para o qual foi criado, submergindo quanto ao alcance do
objetivo processual final, pondo frente ao Poder Judiciá rio grande desafio.
Ainda, imprescindível ressaltar que o presente trabalho nã o visou solucionar a causa e
tampouco apontar todas as causas e culpados pelo soçobro de tal instituto, analisando
detidamente fatores que sem qualquer lapso interferem grandiosamente em sentido negativo
para o alcance da satisfaçã o do crédito do exequente.
Deste modo, cabe ao poder jurisdicional ultrapassar a esfera do reconhecimento do direito
material, consubstanciando-o fora do campo processual para fins de atingir a ideia para o qual
o processo de execuçã o foi formulado buscando no aparato ao judiciá rio para a utilizaçã o
má xima das ferramentas disponíveis de satisfaçã o dos créditos assim como a sua utilizaçã o de
forma coerente e efetiva, afastando o ceticismo e estabelecendo a segurança jurídica e a
satisfaçã o da tutela jurisdicional.