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Olá, amigos!

Nessa aula teórica iremos abordar de forma bem fácil de entender o tema
provas digitais, tema de grande relevância!

Em outras oportunidades estaremos tratando dos temas da produção e


preservação das provas nos crimes cibernéticos e no marco civil da internet,
também irei trazer temas de teoria geral das provas, provas em espécies, e
provas no processo penal de modo geral, mas nesta aula de hoje iremos falar
especificamente da teoria de provas digitais e trazer julgados.

Noções gerais.

Prova é:

“Todo elemento pelo qual se procura mostrar a existência e a veracidade de


um fato. Sua finalidade, no processo, é influenciar no convencimento do
julgador.”

É a tentativa de reconstrução da verdade real dos fatos.

Quando estamos na esfera penal, se uma denúncia ou queixa é oferecida,


incumbe ao autor da afirmação provar em juízo a existência do fato.

Sua finalidade é formar a convicção do juiz.

Todos os fatos dependem de prova, exceto:

Fatos Notórios (art.374, inciso I do CPC) e das presunções legais (art.374, inciso
IV do CPC)

A tecnologia pode trazer certo grau de complexidade no momento de


produção e preservação de provas, porém, não é de todo impossível.

A Justiça do Trabalho até mesmo implantou um Programa de Provas Digitais


que possui objetivo de capacitar os profissionais do poder Judiciário com as
novas ferramentas.
Fonte: https://www.tst.jus.br/provas-digitais

Quando temos a tecnologia ao nosso lado no processo judicial, podemos


acessar importantes instrumentos de produção de provas que são essenciais
para o processo em si.

Conceito de Prova Digital

Quando tratamos de direito digital, estamos falando da relação jurídica com a


tecnologia e o desenvolvimento do direito. De outra forma podemos assim
dizer que, é a tecnologia sendo utilizada no âmbito jurídico.

O conceito de prova digital, para o Prof. Maurício Tamer, são as evidências que
tenham relação com a tecnologia da informação.

Conforme ensina Patrícia Peck Pinheiro (2021): A evidência digital é toda


informação ou assunto de criação, intervenção humana ou não que pode ser
extraído de um compilado ou depositário eletrônico. E essa evidência deve
estar em formato de entendimento humano. Dependendo do caso, poderá ser
considerada um artefato (na ciência da computação, essa é a designação de
qualquer objeto ou produto de trabalho mecânico ou eletrônico que tenha
sido construído para um fim determinado.
Podemos então entender que: Um fato praticado em um ecossistema digital é
uma prova digital.

Exemplos: contas e sites fakes, calúnias proferidas nos meios digitais,


difamação na internet, etc…

Existe também a possibilidade de demonstrar (provar) um fato que ocorreu


fora desse ecossistema digital, porém, através dele, se consegue evidenciar
que aquilo aconteceu.

Ex: Pessoa estava indo levar drogas e praticar o crime de tráfico (ato realizado
fora do ecossistema digital) a polícia pega a pessoa em flagrante e após
verificar o celular tinham mensagens no whatsapp que comprovavam a
encomenda da droga (prova digital).

Conforme leciona o Prof. Maurício Tamer, prova digital é o ato de evidenciar


um fato e todas as circunstâncias. Este fato poderá ser praticado em um
ecossistema digital ou fora dele. Porém, por intermédio de meios tecnológicos,
é possível provar este fato.

Validade da Prova Digital

As provas devem demonstrar sua autenticidade e integridade, que é o ato de


verificar se aquele fato é realmente autêntico e não foi alterado.

Cadeia de Custódia: é o caminho probatório da prova que deve ser preservado


para dar a segurança da autenticidade e a integridade das provas.
A cadeia de custódia não é exclusiva das provas digitais, mas é necessária para
sua validação.

Ensina Pinheiro (2021) que: Podemos afirmar que a tecnologia trouxe mais
ferramentas para a validação jurídica das provas, algo que se busca há muito, e
hoje, por certo, já há força legal muito maior numa prova composta por um e-
mail do que apenas um testemunho oral ou um mero fax; o mesmo para uma
assinatura digital ou biométrica do que apenas o número de um RG ou CPF
anotados a mão sem conferência do documento, ou cuja foto, normalmente
está desatualizada
Para que a prova digital possa ter válidade ela precisa seguir os mesmos
princípios de outros meios de prova, tais como:

Não é cabível produção de prova digital por meio ilícito


exemplo: quebra de sigilo de conversa sem mandado judicial, coação, conversa
privada. Isso irá ficar bem claro nas jurisprudências que trouxe para vocês ao
final.

Mas no caso de um monitoramento eletrônico do e-mail corporativo por


exemplo, será considerada uma prova lícita pois se entende que a pessoa tem
conhecimento daquele monitoramento e trata de questões de poder do
empregador.

Provas digitais em espécie:

Prova documental: A prova documental constitui qualquer registro sobre


qualquer fato em dado suporte. Exemplo: fotos que eram em papel, ou
documentos em papel que foram registradas em um pendrive ou no google
drive.

Prova documentada: Um documento em si como nos casos de um laudo


pericial.

Documento eletrônico: : documento assinado eletronicamente. Há o controle


de toda cadeia de custódia

Documento digitalizado: documento que existia fisicamente e passou por


processo de digitalização. Sua autenticidade é comparada entre a versão
original e a física.

Ata notarial: documento feito pelo tabelião que deve ter contato com a fonte
direta e autêntica da prova. Este documento terá autenticidade e integridade
asseguradas porque há fé pública presumida;

Obtenção de dados e registros eletrônicos: se revela à identificação das


conexões e os autores dos atos praticados pela internet.
Blockchain: rede de armazenamento que possibilita a autenticidade e
integridade dos registros.
Para quem não sabe e só explicando de forma bem simples, Blockchain é um
banco de dados que armazena dados em blocos interligados em uma cadeia.
Os dados são cronologicamente consistentes porque não é possível excluir
nem modificar a cadeia sem o consenso da rede.

LEI E JURISPRUDÊNCIA SOBRE PROVAS DIGITAIS

PROCESSO DO TRABALHO. PROVAS DIGITAIS. PRINTS DE


CONVERSAS DE APLICATIVO WHATSAPP.
A juntada de prints de telas de conversa de aplicativo "Whatsapp", a exemplo
de qualquer prova digital, isoladamente considerada, em regra e ao contrário do
senso comum, não configura meio de convencimento eficaz, pois as capturas de
tela, sem a apresentação da necessária cadeia de custódia ou produção de prova
da integridade da comunicação, não têm a autenticidade confirmada.
Iinteligência do art. 411, do CPC, e artigos 158-A a 158-F do Código de
Processo Penal (Lei 13.964/2019), aplicáveis subsidiariamente.
LEGISLAÇÃO DE REFERÊNCIA:

Código Civil:

Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode
ser provado mediante:
I - confissão;
II - documento;
III - testemunha;
IV - presunção;
V - perícia.
Código de Processo Civil

Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como
os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para
provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir
eficazmente na convicção do juiz.
Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as
provas necessárias ao julgamento do mérito.
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências
inúteis ou meramente protelatórias.
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do
sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de
seu convencimento.

Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro


processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o
contraditório.

Bibliografia

PINHEIRO, Patricia Peck


Direito digital. – 7 ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2021. E-book.

Tribunal Superior do Trabalho. Disponível em:


https://www.tst.jus.br/provas-digitais. Acesso em 07 jan. 2023.

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