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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MSP – POLÍCIA FEDERAL


DITEC – INSTITUTO NACIONAL DE CRIMINALÍSTICA

LAUDO No 1286/2018 - INC/DITEC/PF

LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL


(REGISTROS DE ÁUDIO E IMAGENS)

Em 20 de julho de 2018, no INSTITUTO NACIONAL DE


CRIMINALÍSTICA da Polícia Federal, designados pelo Diretor, Perito Criminal Federal
HÉLVIO PEREIRA PEIXOTO, os Peritos Criminais Federais PAULO MAX GIL
INNOCENCIO REIS e BRUNO GOMES DE ANDRADE elaboraram o presente Laudo,
no interesse das Ações Penais nº 2014.01.1.051777-6, 2015.01.1.108470-9,
2014.01.1.051753-4, 2014.01.1.051901-7, 2014.01.1.051915-4, 2013.01.1.188163-3,
2014.01.1.051890-6 e 2014.01.1.051923-4, que tramitam na 7ª Vara Criminal da
Circunscrição de Brasília, a fim de atender à solicitação do Juiz de Direito FERNANDO
BRANDINI BARBAGALO, contida no Ofício nº 1511/2017-7ª VCR BSB, de 15/09/2017,
protocolada no Sistema Criminalística sob o nº 2903/2017-DITEC/DPF, em 09/11/2017,
descrevendo com verdade e com todas as circunstâncias tudo quanto possa interessar à Justiça
e atendendo ao solicitado, abaixo transcrito:

“[Ofício nº 1511/2017-7ª VCR BSB, de 15/09/2017]


De ordem do MM. Dr. FERNANDO BRANDINI BARBAGALO, Juiz de
Direito, remeto aos bons serviços desse Instituto Nacional de Criminalística,
Decisão prolatada nos autos do Processo n.º 2014.01.1.051753-4 e processos
conexos, determinando realização de exame pericial, conforme cópias em
anexo.

[Decisão Interlocutória, fls. 10.691/10.693 da Ação Penal 2015.01.1.108470-9]


[…]
Assim, não há que se olvidar que o desiderato da perícia consiste -frise-se - na
averiguação de eventual adulteração durante a captação ambiental, ou seja, se
houve deturpações nas gravações de voz e, quiçá, das imagens, seja por indevida
interferência humana ou indesejável falha mecânica, e não em produção de nova
prova (ou mesmo de prova nova).
Assim, […], os sobreditos quesitos devem guardar relação de pertinência com
os arquivos objeto dos laudos 1507/2011, 1944/2015 e 092/2016, produzidos
pelo INC/DITEC/DPF.
[…] a perícia poderá, ocasionalmente, ser estendida para abranger a
complementação do laudo 1949/2015 – INC/DITEC/DPF, desde que
identificado entre os equipamentos custodiados na Polícia Federal o aparelho
utilizado na captação ambiental realizada no gabinete do colaborador processual
Durval Barbosa Rodrigues, no dia 23.10.2009.

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autenticidade, integridade e validade jurídica, nos termos da Medida Provisória nº
2.200-2, de 24 de agosto de 2001.
LAUDO No 1286/2018 - INC/DITEC/PF

Oportuno e necessário salientar que a identificação dos equipamentos será


averiguada pela prévia realização de exames de fonte. E uma vez descortinados
os equipamentos […], os exames se concentrarão neles, e todos os quesitos que
não guardem relação com eles serão impertinentes (v.g., de comparação entre os
aparelhos DAR 040) e, por isso, não serão objeto de análise e resposta pelo(s)
Sr. (s) Perito(s) Oficial(is).”

I – HISTÓRICO
Em resposta à Informação Técnica nº 001/2015 – INC/DITEC/DPF, datada de
02/01/2015, que, dentre outras coisas, solicitava a requisição, à unidade da Polícia Federal que
realizou diligências de captação ambiental, de todos os equipamentos de captação de áudio e de
vídeo utilizados para a produção dos registros constantes do Relatório de Captação Ambiental
juntado pelo Ministério Público do Distrito Federal ao processo 2014.01.1.051923-4, foi
recebido o Ofício nº 1052/2015 – 7ª VCR-BSB, de 23/06/20151, de lavra do Juiz de Direito
PAULO AFONSO CAVICHIOLI CARMONA. O referido ofício informa que os
equipamentos gravadores que realizaram as captações ambientais não podem ser
disponibilizados para a perícia, ao tempo em que solicita exame pericial nos arquivos de áudio e
vídeo no interesse das Ações Penais 2014.01.1.051901-7 e 2014.01.1.051923-4.
Após designação e distribuição da documentação e dos materiais relacionados aos
Peritos Criminais, os exames conforme demandados na decisão judicial foram realizados, e
como resultado se produziu o LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL Nº 1944/2015-
INC/DITEC/DPF, de 26/11/2015, encaminhado ao requisitante por meio do Ofício
nº 124/2015-INC/DITEC/DPF, de 30/11/2015.
O LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL Nº
1944/2015-INC/DITEC/DPF refere-se aos arquivos de áudio e vídeo cujos resumos
criptográficos estão elencados na Tabela 1, que haviam sido encaminhados a este Instituto por
meio do Ofício nº 2928/2014/7ª VCR de lavra da Diretora de Secretaria Substituta da 7ª Vara
Criminal de Brasília MARILUCE TEIXEIRA MENDONÇA, datado de 19/12/20142. Tais
arquivos já haviam sido objeto de exame de Análise de Conteúdo, por meio de
transcriçãorealizada no corpo do LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL
Nº 1507/2011-INC/DITEC/DPF.
Tais arquivos também foram objeto de análise do LAUDO DE PERÍCIA
CRIMINAL FEDERAL Nº 092/2016-INC/DITEC/DPF, encaminhado ao requisitante por
meio do Ofício nº 003/2016-INC/DITEC/PF, de 21/01/2016, em resposta a demanda pericial
1 Protocolado no Sistema de Criminalística sob o nº 1996/2015-DITEC/DPF, em 30/06/15.
2 Protocolado no Sistema de Criminalística sob o nº 3273/2014-DITEC/DPF em 23/12/2014.
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contida no Ofício nº 1187/2015-7ª Vara Criminal de Brasília/DF, de 03/09/20153, no interesse


da ação penal nº 2014.01.1.051753-4.
Tabela 1 – Resumos criptográficos dos arquivos examinados nos LAUDOS DE PERÍCIA
CRIMINAL FEDERAL Nº 1507/2015-INC/DITEC/DPF, 1944/2015-INC/DITEC/DPF e
092/2016-INC/DITEC/DPF.
Arquivo Resumos Criptográficos SHA-5124
256F7133820193B72E9DA8007FF78815108881B111F0BF7BBC46E98DEB8E85CC
video ambiental.avi
08EDC5373FAF57A0B31DA051F3B9EA5F593E54D9C28EAE07A16B7CC1EF1147F7
EEB71996C7E1435530C3FC9FD59E53559694B7EE9652E2AC4F53D763E11F068D
áudio ambiental.wav
9E15FE5687B7BB3895E88563CD2D022E616C8E3C9C42B66F942841ED62AAF583

Por meio do Ofício nº 1187/2015 – 7ª VCR-BSB, de 03/09/2015, de lavra do


Juiz de Direito PAULO AFONSO CAVICHIOLI CARMONA, foi solicitado também o
exame pericial em arquivos de áudio e vídeo no interesse da Ação Penal nº 2014.01.1.051753-4,
tendo como resultado o LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL Nº 1949/2015-INC/
DITEC/DPF, de 26/11/2015, encaminhado ao requisitante por meio do Ofício nº 124/2015-
INC/DITEC/DPF, de 30/11/2015.
O LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL Nº
1949/2015-INC/DITEC/DPF refere-se aos arquivos de áudio e vídeo encaminhados
juntamente com a solicitação e cujos resumos criptográficos estão elencados na Tabela 2.
Tabela 2 - Resumos criptográficos dos arquivos examinados no LAUDO DE PERÍCIA
CRIMINAL FEDERAL Nº 1949/2015-INC/DITEC/DPF.
Arquivo Resumos Criptográficos SHA-512
34D17BE2497DC451F9CC865A52813FC5065288B1ECE302F6227F5AEE78B60500
GNM_0001.WAV
A383C9D6211B8300803C32DC8C9720DDC3F667725CD8DB50EC373085E5DE1890
Default.V1- 943C4641204B562FECFC3AF34F495D3A615C400697B92174A742A9D5D9A4A07D
40026.162.01.avi 0E89316FE8358DADD1B3D225B5FA69BC434598DABE9FC1BC6897C18B4B1559EA

Todos os materiais encaminhados para exame foram devolvidos juntamente


com o Ofício nº 003/2016-INC/DITEC/PF, por ocasião da remessa do LAUDO DE
PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL Nº 092/2016-INC/DITEC/DPF.
3 Protocolado no Sistema de Criminalística sob o nº 2732/2015-DITEC/DPF, em 08/09/2015.
4 Também chamados de algoritmos de hash, os resumos criptográficos permitem a verificação de integridade
de arquivos digitais. Geram, a partir de um arquivo binário de entrada, de tamanho qualquer, um
correspondente arquivo binário de saída, de tamanho fixo (resumo criptográfico). As características
matemáticas do hash são tais que: dada uma mensagem e um algoritmo de hash o resumo é único e definido;
qualquer alteração no conteúdo da mensagem de entrada, por menor que seja, gera um resumo
completamente diferente; não é possível recuperar a mensagem original a partir de seu resumo; é
computacionalmente inviável produzir dois arquivos distintos com o mesmo resumo criptográfico. Com
isso, pode-se atestar a integridade de um conteúdo por meio da constatação da integridade do resumo
criptográfico. O algoritmo utilizado, SHA-512, é de domínio público.
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LAUDO No 1286/2018 - INC/DITEC/PF

Por meio do Ofício nº 1511/2017 – 7ª VCR-BSB, de 15/09/20175, foi


encaminhada decisão judicial do Juiz de Direito FERNANDO BRANDINI BARBAGALO,
prolatada nos autos da ação penal nº 2014.01.1.051753-4 e processos conexos, determinando a
realização de exame pericial complementar aos laudos supracitados, limitando-se o escopo dos
exames aos equipamentos gravadores que efetivamente realizaram a captação ambiental dos
registros de áudio e vídeo correspondentes aos referidos laudos, precedendo-se pois, todos os
questionamentos, à necessária realização de exame de Verificação de Fonte.
Dessa feita, foi expedida a Informação Técnica N° 242/2017 –
INC/DITEC/PF, de 04/12/2017, solicitando que fosse oficiada a Diretoria de Inteligência da
Polícia Federal solicitando o encaminhamento dos equipamentos gravadores a este Instituto,
bem como solicitando ao juízo o encaminhamento dos arquivos audiovisuais objetos de
exame, conforme constante das Tabelas 1 e 2.
Em resposta à Informação Técnica N° 242/2017 – INC/DITEC/PF, foram
encaminhados por meio do Memorando nº 2/2018-SOI/CGI/DIP/PF, registrado no SEI-PF6
sob o número 52621887, de 15/01/2018, 09 (nove) equipamentos de gravação de áudio e 01 (um)
equipamento de captação de áudio e vídeo.
Tendo em vista o não recebimento das mídias contendo os arquivos questionados
elencados nas Tabelas 1 e 2, foi expedido o Ofício nº 001/2018 – INC/DITEC/PF, de
22/01/2018, de lavra do Diretor do INC, Perito Criminal Federal HELVIO PEREIRA
PEIXOTO, endereçado à 7ª Vara Criminal de Brasília, apresentando o Perito Criminal Federal
BRUNO GOMES DE ANDRADE para receber, em mãos, duas mídias ópticas, contendo os
arquivos questionados referentes à solicitação de exame em epígrafe. As mídias foram entregues
em mãos em 23/01/2018, sendo expedida a Certidão s/n 7ª VCR-BSB, de 23/01/2018, de lavra
do Técnico Judiciário SANY SANTOS VILLORDO MORAES, registrada no Sistema
Criminalística sob o nº 201/2018 - DITEC/PF.
Posteriormente, em complemento ao Memorando nº 2/2018-SOI/CGI/DIP/PF,
foi encaminhado o Memorando nº 7/2018-DICINT/DIP/PF, registrado no SEI-PF sob o
número 54409098, de 31/01/2018, encaminhando 01 (um) equipamento de gravação de áudio, 01
(um) equipamento de captação de áudio e vídeo, e o Ofício nº 0004/2018 - 7ª VCR-BSB, de

5 Protocolado no Sistema Criminalística sob o nº 2903/2017-DITEC/DPF, em 09/11/2017.


6 Sistema Eletrônicos de Informações da Polícia Federal.
7 Código verificador 5262188 e o código CRC CE7A6AD0.
8 Código verificador 5440909 e o código CRC 793FA37F.
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02/01/2018. O referido ofício veio acompanhado de duas mídias ópticas, cujo conteúdo é
idêntico às recebidas em mãos por meio da Certidão s/n 7ª VCR-BSB, de 23/01/2018.
Em momento posterior, foi encaminhado em complemento ao Memorando
nº 7/2018-SOI/CGI/DIP/PF, o Memorando nº 18/2018-DICINT/DIP/PF, registrado no SEI-
PF sob o número 55539779, de 09/02/2018, encaminhando 02 (dois) equipamentos de gravação
de áudio.
No decorrer dos exames nos equipamentos questionados, os signatários
constataram que parte dos equipamentos de gravação possui dispositivo de memória modelo
Compact Flash, que pode ser sacado dos equipamentos para efetuar a leitura dos dados. De fato,
alguns dos equipamentos foram encaminhados sem os dispositivos de memória correspondentes.
Na esteira dessa constatação, os Peritos Criminais signatários identificaram que parte dos áudios
analisados no LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL nº 922/2017 –
INC/DITEC/PF10 apresenta características peculiares relacionadas à presença de
descontinuidades como aquelas descritas nos LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL
nº 1944/2015, 1949/2015 e 092/2016-INC/DITEC/PF. Desse modo, foi expedida a
Informação Técnica N° 028/2018 – INC/DITEC/PF, de 05/03/2018, requerendo o
encaminhamento do cartão de memória do tipo Flash, marca ADATA, modelo COMPACT
FLASH, com capacidade nominal de gravação de 2 GB, objeto de exame do LAUDO DE
PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL nº 922/2017 – INC/DITEC/PF.
Nesse ínterim, foi recebido pelo SEPAEL/DPER/INC/DITEC/PF o Memorando
s/n NO/DICINT/DIP/PF, de lavra do Agente de Polícia Federal LUIZ CARLOS CHARBEL
JÚNIOR, datado de 16/04/201811, encaminhando um exemplar de cartão do tipo flash, modelo
COMPACT FLASH, da marca ADATA, com capacidade nominal de 2 GB de gravação, para
utilização com os equipamentos de gravação de áudio encaminhados pelo Memorando nº
18/2018-DICINT/DIP/PF.
Em resposta à Informação Técnica N° 028/2018 – INC/DITEC/PF, foi
expedida decisão judicial de lavra da Desembargadora MÔNICA SIFUENTES, datada de
19/06/201812, constante da fl. 417 dos autos do Processo 0045951-56.2017.4.01.000/SP em
trâmite no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, determinando o encaminhamento aos

9 Código verificador 5553977 e o código CRC B6600990.


10 Vinculado originalmente a Ação Cautelar 4320/DF em trâmite, à época, no Supremo Tribunal Federal.
11 Protocolado no Sistema Criminalística sob o nº 956/2018-DITEC/DPF, em 16/04/2018.
12 Protocolado no Sistema Criminalística sob o nº 1673/2018-DITEC/DPF, em 25/06/2018.
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signatários do cartão de memória do tipo Flash, marca ADATA, modelo COMPACT FLASH,
com capacidade nominal de gravação de 2 GB e que fora objeto de exame do LAUDO DE
PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL nº 922/2017 – INC/DITEC/PF, feito esse executado por
meio do recebimento em mãos com a correspondente lavratura de Termo de Entrega de
Dispositivos de Armazenamento, Documentos13, sem número, datado de 25/06/2018, de lavra
do Diretor da Coordenadoria da Corte Especial, das Seções e de Feitos da Presidência JOSÉ
CARLOS DE OLIVEIRA.

II – MATERIAL
Aos signatários foram encaminhados, referente à solicitação de exame em
pauta, diferentes conjuntos de materiais por diferentes documentos, conforme relatado na
seção anterior, todos registrados no Sistema de Criminalística e descritos nas Seções a
seguir.

II.1 – Material nº 009/2018-DITEC/PF


O material em epígrafe foi encaminhado pelo Memorando nº 002/2018 – SOI/
CGI/DIP/PF e consiste de uma mala de transporte robustecida, na cor preta (Figura 1),
contendo lacres de numeração 0376716 e 0376715 (Figura 2).

Figura 1 - Mala de transporte robustecida.

13 Documento integrante do registro do Sistema Criminalística nº 1673/2018-DITEC/DPF.


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Figura 2 - Lacres numerados.

No interior da referida mala foram encaminhados diversos equipamentos,


acondicionados em maletas plásticas portáteis, conforme Figura 3:

Figura 3 – Maletas plásticas encaminhadas no interior da mala robustecida.

Os seguintes materiais encontravam-se nas maletas plásticas acondicionadas na


mala de transporte robustecida:

a) 01 (um) aparato destinado à captação de áudio e vídeo ambiental,


denominado DAVR 100 na documentação de encaminhamento, identificado
em seu chassi pelo número de série 40084. O referido equipamento foi
encaminhado acondicionado em uma maleta plástica, de cor
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predominantemente cinza, contendo etiqueta aposta em sua lateral com as


inscrições “GTS” e “Contact: s.jan2@orange.fr”, além de
inscrições manuscritas. Dentro da referida maleta foram encontrados 01
(um) gravador digital de áudio e vídeo com as inscrições TAG-V1 EMU, 01
(uma) câmera de vídeo CCD, 01 (um) microfone estéreo, cabos e acessórios,
conforme pode ser visualizados nas Figuras 4 e 5.

Figura 4 – Equipamento denominado DAVR 100, serial 40084: maleta e acessórios.

Figura 5 – Equipamento denominado DAVR 100, serial 40084: gravador digital.

b) 09 (nove) aparatos destinados à gravação de áudio ambiental, denominados


DAR 040 na documentação de encaminhamento, sendo 08 (oito) desses
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identificados em seu corpo com os números de série 2265, 2257, 2976,


2153, 2979, 2155, 2180 e 2156 e 01 (um) identificado com etiqueta
contendo número de patrimônio 20090700065. Os referidos
equipamentos foram encaminhados acondicionados em maletas plásticas, de
cor predominantemente preta, 08 (oito) desses contendo etiqueta aposta em
sua lateral com as inscrições “GTS” e “Contact:
s.jan2@orange.fr”, além de etiquetas com inscrições variadas, e 01
(um) deles apresentando a inscrição manuscrita aposta na face lateral com os
dizeres “Cabos trocados com DAR050” e “Gravador não
funciona com a bateria interna”, conforme exemplo ilustrado
na Figura 6. Dentro de cada uma das referidas maletas foram encontrados 01
(um) gravador digital de áudio, 01 (uma) fonte de alimentação com
conectividade USB, 01 (um) cabo contendo microfones estéreo, 01 (um)
adaptador para conexão telefônica, 01 (um) cabo para conexão serial RS-
232, e 01 (um) cabo para conexão serial USB. Algumas das unidades
apresentavam cabos, bem como acessórios, tais como manuais de operação e
mídias ópticas. As Figuras 6 e 7 ilustram as maletas e acessórios.

Figura 6 – Exemplares de maleta plástica contendo equipamentos denominados por DAR 040.

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Figura 7 – DAR 040: gravador e acessórios.

Cada um dos gravadores digitais de áudio DAR 040 encaminhados pode ser
visualizado nas Figuras 8 a 16.

Figura 8 – Equipamento DAR 040, serial 2265.

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Figura 9 – Equipamento DAVR 100, serial 2257.

Figura 10 – Equipamento DAVR 100, serial 2976.

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Figura 11 – Equipamento DAVR 100, serial 2153.

Figura 12 – Equipamento DAVR 100, serial 2979.

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Figura 13 – Equipamento DAVR 100, serial 2155.

Figura 14 – Equipamento DAVR 100, serial 2180.

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Figura 15 – Equipamento DAVR 100, serial 2156.

Figura 16 – Equipamento DAVR 100, patrimônio 2009070065.

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II.2 – Material nº 030/2018-DITEC/PF


O material em epígrafe foi recebido por meio da Certidão s/n 7ª VCR-BSB,
em resposta ao Ofício nº 001/2018 – INC/DITEC/PF, e consiste de:
a) 01 (uma) mídia óptica do tipo CD-R (Compact Disc – Recordable), doravante
denominada CD1, da marca ELGIN, com os manuscritos “51753-4/14”,
“Ref. inf. téc. 242/2017”, “INC” e “Proc. 51753-4/14”,
apostos em sua face frontal, e a inscrição “N109TL18D8221356B2”, próxima
ao seu orifício central.
b) 01 (uma) mídia óptica do tipo CD-R (Compact Disc – Recordable), doravante
denominada CD2, da marca ELGIN, com os manuscritos “Ref. inf. téc.
242/2017” e “INC”, apostos em sua face frontal, e a inscrição
“N109TL18D8001119B1”, próxima ao seu orifício central.
As duas mídias ópticas podem ser visualizadas na Figura 17.

Figura 17 – Mídias ópticas CD1 e CD2, encaminhadas.

II.3 – Material nº 126/2018-DITEC/PF


O material em epígrafe foi encaminhado pelo Memorando nº 7/2018-DICINT/
DIP/PF e consiste de 01 (um) aparato destinado a captação de áudio e vídeo ambiental,
denominado DAVR 100 na documentação de encaminhamento, identificado em seu corpo
pelo número de série 40026. O referido equipamento foi encaminhado acondicionado em
uma maleta plástica, de cor predominantemente cinza, contendo etiqueta aposta em sua lateral
com as inscrições “GTS” e “Contact: s.jan2@orange.fr”, além de inscrições
impressas contendo a identificação serial 100100. Dentro da referida maleta foram
encontrados 01 (um) gravador digital de áudio e vídeo com as inscrições TAG-V1 EMU, 01
15
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(uma) câmera de vídeo CCD, 01 (um) microfone estéreo, cabos e acessórios, conforme pode
ser visualizado nas Figuras 18 e 19.

Figura 18 – Equipamento denominado DAVR 100, serial 40026: maleta e acessórios.

Figura 19 – Equipamento denominado DAVR 100, serial 40026: gravador digital.

II.4 – Material nº 127/2018-DITEC/PF


O material em epígrafe foi encaminhado pelo Memorando nº 7/2018-DICINT/
DIP/PF e consiste de 01 (um) aparato de gravação de áudio ambiental, denominado DAR
050 na documentação de encaminhamento. O referido equipamento foi encaminhado
acondicionado em maleta plástica de cor predominantemente preta, contendo etiqueta aposta
em sua lateral com as inscrições “GTS” e “Contact: s.jan2@orange.fr”, além de
16
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impressos contendo a identificação serial 05010114. Na referida maleta foram encontrados


01 (um) gravador digital de áudio, com identificação impressa contendo os dizeres “Type
DAR”, “REF 050” e “SN 050101”, 01 (uma) fonte de alimentação, 01 (um) cabo contendo
microfones estéreo, 01 (um) adaptador para conexão telefônica, 01 (um) cabo para conexão
RS-232, 01 (um) cabo de áudio com conectores P2 macho, 01 (um) adaptador serial/P2
fêmea, 01 (um) adaptador P2 fêmea/RJ-11, 01 (um) cabo para conexão serial USB, 01 (um)
invólucro de acondicionamento para cartão de memória do tipo compact flash, e 01 (um)
invólucro de acondicionamento para fones de ouvido. Integrado ao equipamento veio 01 (um)
cartão de memória do tipo Compact Flash, da marca ADATA, modelo “Super Compact
Flash”, com 2 (dois) GB de capacidade nominal, com carimbo em sua parte traseira com as
inscrições “31 ОКТ 2007”15. As Figuras 20 e 21 ilustram o material recebido.

Figura 20 – Equipamento denominado DAR 050, serial 05010116: maleta e acessórios.

14 Como será abordado na Seção IV.6, apesar da numeração impressa, o real número de série gravado no
firmware do referido equipamento é 1783.
15 A inscrição “ОКТ” encontra-se aparentemente escrita no alfabeto cirílico.
16 Como será abordado na Seção IV.6, apesar da numeração impressa, o real número de série gravado em
firmware do referido equipamento é 1783.
17
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Figura 21 – Equipamento denominado DAR 050, serial 05010117: gravador digital.

II.5 – Material nº 413/2014-SETEC/SR/PF/MA


O material em epígrafe foi encaminhado pelo Memorando nº 18/2018-
DICINT/DIP/PF e consiste de 01 (um) aparato de gravação de áudio ambiental, denominado
DAR 050 na documentação de encaminhamento. O referido equipamento foi encaminhado
acondicionado em maleta plástica de cor predominantemente preta, contendo etiqueta aposta
em sua face frontal com as inscrições “GTS” e “Contact: s.jan2@orange.fr”, além
de manuscritos contendo a identificação “DAR 050 2168 DIP” em tinta vermelha e
“S111135”, a lápis. Na referida maleta foram encontrados 01 (um) gravador digital de
áudio, com identificação impressa contendo os dizeres “Type DAR”, “REF 050” e “SN
2168”, 01 (uma) fonte de alimentação, 02 (dois) cabos contendo microfones estéreo, 01 (um)
adaptador para conexão telefônica, 01 (um) cabo para conexão USB, 01 (um) fone de ouvido e
01 (um) adaptador com as inscrições “12V >5 V”. As Figuras 22 e 23 ilustram o material
recebido.

17 Como será abordado na Seção IV.6, apesar da numeração impressa, o real número de série gravado em
firmware do referido equipamento é 1783.
18
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Figura 22 – Equipamento denominado DAR 050, serial 2168: maleta e acessórios.

Figura 23 – Equipamento denominado DAR 050, serial 2168: gravador digital.

II.6 – Material nº 134/2018-DITEC/PF


O material foi encaminhado pelo Memorando nº 18/2018-DICINT/DIP/PF e
consiste de 01 (um) aparato de gravação de áudio ambiental, denominado DAR 050 na
documentação de encaminhamento, encaminhado em maleta plástica de cor
predominantemente preta, contendo etiqueta aposta em sua face frontal com as inscrições
“GTS” e “Contact: s.jan2@orange.fr” e manuscritos com a identificação “DAR

19
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050 2161 DIP” em tinta vermelha e “2162”, a lápis. Na maleta foram encontrado 01 (um)
gravador digital de áudio com impressos e manuscritos contendo os dizeres “2162”, 01
(uma) fonte de alimentação, 01 (um) cabo contendo microfones estéreo, 01 (um) adaptador
para conexão telefônica, 01 (um) cabo para conexão serial USB, 01 (um) fone de ouvido e 01
(um) adaptador de tensão (Figuras 24 e 25).

Figura 24 – Equipamento denominado DAR 040, serial 2162: maleta e acessórios.

Figura 25 – Equipamento denominado DAR 040, serial 2162: gravador digital.

II.7 – Material nº 318/2018-DITEC/PF


O material em epígrafe foi encaminhado pelo Memorando s/n
NO/DICINT/DIP/PF, de lavra do Agente de Polícia Federal LUIZ CARLOS CHARBEL
JÚNIOR, datado de 16/04/201818, e consiste de 01 (um) cartão de memória do tipo Compact
Flash, da marca ADATA, modelo “Speedy Compact Flash”, com 2 GB de capacidade
18 Protocolado no Sistema Criminalística sob o nº 956/2018-DITEC/DPF, em 16/04/2018.
20
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nominal, com carimbo em sua parte traseira com as inscrições “30 MAЙ 2008”19. A Figura 26
ilustra o material.

Figura 26 – Cartão Compact Flash, da marca ADATA , modelo “Speedy Compact Flash”.

II.8 – Material nº 243/2017-DITEC/PF


O material em epígrafe foi encaminhado em mãos com a correspondente
lavratura de Termo de Entrega de Dispositivos de Armazenamento, Documentos sem
número, datado de 25/06/2018, e de lavra do Diretor da Coordenadoria da Corte Especial, das
Seções e de Feitos da Presidência JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA, conforme decisão judicial
de lavra da Desembargadora MÔNICA SIFUENTES, datada de 19/06/201820, constante da fl.
417 dos autos do Processo 0045951-56.2017.4.01.000/SP em trâmite no Tribunal Regional
Federal da 1ª Região, consistindo de 01 (um) cartão de memória do tipo Compact Flash, da
marca ADATA, modelo “Speedy Compact Flash”, com 2 GB de capacidade nominal, com
carimbo em sua parte traseira com as inscrições “30 MAЙ 2008”21. A Figura 27 ilustra o
material.

19 A inscrição “MAЙ” encontra-se aparentemente escrita no alfabeto cirílico.


20 Protocolado no Sistema Criminalística sob o nº 1673/2018-DITEC/DPF, em 25/06/2018.
21 A inscrição “MAЙ” encontra-se aparentemente escrita no alfabeto cirílico.
21
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Figura 27 – Cartão Compact Flash, da marca ADATA , modelo “Speedy Compact Flash”.

III – OBJETIVO
Os exames têm por objetivo verificar se os equipamentos que realizaram a
captação/gravação dos registros de áudio e vídeo correspondentes aos arquivos relacionados
nas Tabelas 1 e 2 - encaminhados por meio do CD1 e CD2 (Seção II.2) - estão dentre aqueles
submetidos a exame (Seções II.1, II.3 e II.4), buscando atribuí-los às suas fontes originais.
IV – EXAME
Para a realização dos exames, os Peritos se valeram de uma estação
computacional HP Z820, fones de ouvido ROLAND RH-300, dispositivos de captura e
reprodução de áudio EDIROL UA-25EX, equipamentos e softwares capazes de analisar
conteúdo de mídias ópticas, dispositivos com memória flash, e arquivos computacionais de
áudio em formato digital, destacando-se a utilização dos softwares Adobe Audition
3.0, ImageJ 1.52V, wxHexEditor 0.23 e MATLAB 7.0. Nas Seções a seguir,
os Peritos descrevem os fundamentos dos exames e para cada uma das técnicas
efetivamente empregadas apontam os achados relevantes.

IV.1 – Conteúdo do CD1 e CD2

Os signatários realizaram a análise macroscópica do CD1 e do CD2,


averiguando suas condições físicas e constatando que ambos se encontravam sem defeitos

22
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ou avarias. Foi realizada uma cópia das mídias ópticas por meio da extração de arquivos
imagem, utilizando a linha de comando dd22 do sistema operacional Linux23. A imagem foi
posteriormente montada como uma unidade lógica e os arquivos nela presentes foram
identificados por meio da sua nomenclatura, conforme a Tabela 3. Para cada um dos arquivos
presentes nas mídias os signatários geraram os correspondentes resumos criptográficos,
utilizando-se o algoritmo SHA-51224, de tal forma que se permita verificar, em momento
futuro, a integridade dos dados contidos nas mídias encaminhadas. Tais resumos também
estão relacionados na Tabela 3.

Tabela 3 – Conteúdo do CD1 e CD2.


Arquivo CD Resumos Criptográficos SHA-512
256F7133820193B72E9DA8007FF78815108881B111F0BF7BBC46E98DEB8E85CC
video ambiental.avi CD1
08EDC5373FAF57A0B31DA051F3B9EA5F593E54D9C28EAE07A16B7CC1EF1147F7
Default.V1- 943c4641204b562fecfc3af34f495d3a615c400697b92174a742a9d5d9a4a07d
CD1
40026.162.01.avi 0e89316fe8358dadd1b3d225b5fa69bc434598dabe9fc1bc6897c18b4b1559ea
34d17be2497dc451f9cc865a52813fc5065288b1ece302f6227f5aee78b60500
GNM_0001.WAV CD1
a383c9d6211b8300803c32dc8c9720ddc3f667725cd8db50ec373085e5de1890
EEB71996C7E1435530C3FC9FD59E53559694B7EE9652E2AC4F53D763E11F068D
áudio ambiental.WAV CD2
9E15FE5687B7BB3895E88563CD2D022E616C8E3C9C42B66F942841ED62AAF583

Observa-se a correspondência exata dos resumos criptográficos dos


arquivos encaminhados por meio das mídias CD1 e CD2 com os resumos criptográficos
dos arquivos de mesmos nomes analisados nos LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL
FEDERAL Nº 1507/2011 - INC/DITEC/DPF, Nº 1944/2015 - INC/DITEC/DPF,

Nº 092/2016 - INC/DITEC/DPF e Nº 1949/2015 - INC/DITEC/DPF, comprovando tratar-se


de duplicatas dos arquivos anteriormente analisados.

22 dd (coreutils versão 8.25) é uma linha de comando cujo objetivo principal é o de converter e copiar
arquivos. Ele também pode criar imagens de discos rígidos, mídias ópticas, arquivos de swap, dentre outros.
23 Distribuição Ubuntu Desktop 16.04.2 LTS.
24 Também conhecidos como algoritmos de hash, os resumos criptográficos consistem em métodos de
verificação de integridade de arquivos digitais. Operam gerando a partir de um arquivo binário de entrada,
de tamanho qualquer, um correspondente arquivo binário de saída, de tamanho fixo (resumo criptográfico).
As características matemáticas dos algoritmos de hash são tais que: dada uma mensagem e um algoritmo de
hash o resumo é único e definido; qualquer alteração no conteúdo da mensagem de entrada, por menor que
seja, gera um resumo completamente diferente; não é possível recuperar a mensagem original a partir de seu
resumo; é computacionalmente inviável produzir dois arquivos distintos com o mesmo resumo criptográfico.
Com isso, pode-se atestar a integridade de um conteúdo por meio da constatação da integridade do resumo
criptográfico. O algoritmo utilizado, SHA-256, é de domínio público.
23
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IV.2 – Arquivos questionados de áudio GNM_0001.WAV e áudio ambiental.WAV

Visando a descrever os arquivos de áudio em epígrafe, lista-se na Tabela 4


as características extraídas das informações de metadados do sistema de arquivos e de
metadados de cada um dos arquivos encaminhados, obtidas por meio da utilização do
software wxHexEditor 0.23 e do comando stat25 do Linux.
Os arquivos encaminhados, conforme se pode observar na Tabela 4, estão
formatados em um container 26 de áudio do tipo wave, estéreo, com taxa de bits constante,
taxa de amostragem de 16 kHz, sendo 16 bits por amostra, codificados em PCM27 linear.

Tabela 4 – Características dos arquivos wave contidos no CD1 e CD2 encaminhados.


Metadados do sistema de arquivos
Nome do Arquivo áudio ambiental.WAV GNM_0001.WAV
Data da última modificação28 2008-01-01 03:30:10(UTC) 2009-10-23 13:59:16(UTC)
Tamanho do arquivo (bytes) 546193488 80220240
Áudio
Formato Wave Wave
Codec PCM (linear) PCM (linear)
Taxa de amostragem 16.0 kHz 16.0 kHz
Canais 2 canais 2 canais
Taxa de bytes/segundo(total) 64000 B/seg 64000 B/seg
Bits/amostra 16 bits 16 bits
Número de amostras 136548352 20055040

Nas Seções a seguir, os arquivos de áudio questionados, encapsulados em


container do tipo wave, são analisados quanto às características de interesse para o exame
de verificação de fonte, que serão confrontadas com as características dos equipamentos
encaminhados e dos arquivos por eles gerados, visando a confirmar ou refutar as hipóteses de
atribuição de fonte.

25 stat (coreutils versão 8.25) é uma linha de comando que, dentre outras opções, permite visualizar
informações de metadados do sistema de arquivos.
26 Formatos de arquivos que podem encapsular diferentes tipos de dados. Arquivos container multimídia
podem encapsular diferentes tipos de mídia, ou diferentes tipos de codificações para um determinado tipo de
mídia.
27 Pulse Code Modulation.
28 Os metadados mac times do sistema de arquivos se destinam a registrar a informação temporal, na base
horária UTC (Universal Time Coordinated), relacionada a ocorrência de eventos de interesse em um
determinado arquivo, não devendo ser entendidos como registros formais, seguros e indubitáveis da
cronologia dos fatos associados aos arquivos a eles relacionados, muito menos como parâmetros de
autenticação.
24
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IV.2.1 – Estrutura de arquivo de GNM_0001.WAV e áudio ambiental.wav


Ambos os arquivos apresentam estrutura de cabeçalho consistente com o que
estabelece o formato de container do tipo WAVE. A Figura 28 ilustra a estrutura dos arquivos
WAVE em um diagrama em árvore onde os chunks e seu conteúdo são apresentados, de cima
para baixo, e da esquerda para a direita, na ordem de seu offset em bytes em relação ao início
do arquivo.

Figura 28 – Diagrama em árvore da estrutura dos arquivos questionados.

Os arquivos wave examinados seguem a especificação geral de arquivos do


tipo RIFF29 (IBM CORPORATION AND MICROSOFT CORPORATION, 1991). O
cabeçalho raiz dos arquivos RIFF WAVE possui indicação de tamanho do seu payload30 no
valor de 80.220.232 bytes de informação para o arquivo GNM_0001.WAV e 546.193.480
bytes de informação para o arquivo áudio ambiental.wav. Além do cabeçalho raiz,
esses arquivos apresentam três chunks31, um destinado a conter as variáveis relacionadas ao
decodificador empregado, denominado FormatChunk, outro destinado a conter os dados
das amostras dos registros de áudio, denominado DataChunk, e um chunk proprietário,
identificado por gnm2 Chunk, contendo metadados proprietários. A Tabela 5 relaciona as
variáveis contidas na estrutura do arquivo, seguida de seus valores e da respectiva descrição
de seu significado (MICROSOFT CORPORATION, 1994).

29 Resource Interchange File Format.


30 O valor do payload em arquivos RIFF refere-se ao total de bytes de informação do arquivo multimídia,
desde imediatamente após a sua indicação, e de forma sequencial, até o último byte de informação útil no
fecho do arquivo. Bytes adicionais existentes no arquivo que excedam o tamanho do payload devem ser
desconsiderados pelos decodificadores.
31 Unidade de bloco de dados básica da estrutura RIFF.
25
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Tabela 5 – Variáveis contidas na estrutura do arquivo, seus valores e significado.


FormatChunk
Variável Valor Descrição
chunkID ‘fmt’ Valor em ASCII que identifica o FormatChunk.

chunKSize 0x00000010 Valor em hexadecimal que corresponde ao tamanho


do chunk em bytes.
Valor em hexadecimal que corresponde ao
wFormatTag 0x0001
codificador DVI/IMA ADPCM.
Valor em hexadecimal que corresponde ao número
nChannels 0x0002
de canais. Valor 2 identifica que o áudio é estéreo.

nSamplesPerSec 0x00003E80 Valor em hexadecimal que corresponde ao número


de amostras por segundo.

nAvgBytesPerSec 0x0000FA00 Valor em hexadecimal que corresponde ao número


médio de bytes por segundo.
Valor em hexadecimal que corresponde ao número
nBlockAlign 0x0004 de bytes das estruturas de dados que o decodificador
deve processar em bloco.

wBitsPerSample 0x0010 Valor em hexadecimal que corresponde ao número


de bits por amostra.
DataChunk
Variável Valor Descrição
chunkID ‘data’ Valor em ASCII que identifica o DataChunk.
0x208E4000(áudio
ambiental.WAV ) Valor em hexadecimal que corresponde ao tamanho
chunkSize
0x04C81000 do chunk em bytes.
(GNM_0001.WAV)
waveformData Dados Correspondentes as amostras de áudio.
gnm2 Chunk
Variável Valor Descrição
Valor em ASCII que identifica o chunk
chunkID ‘gnm2’
proprietário.
chunkSize 0x0000001C Tamanho do chunk em bytes.
Metadados Dados proprietários.

Observa-se que o codificador que gerou os arquivos questionados produziu,


além dos chunks obrigatórios FormatChunk e DataChunk, um chunk proprietário
contendo ao todo 28 bytes de informação de metadados próprios da aplicação de codificação.
Metadados proprietários são inseridos em cabeçalhos de arquivos pelo fabricante por
conveniência de projeto. As Figuras 29 e 30 ilustram os bytes proprietários correspondentes
ao chunk gnm2 Chunk em cada um dos arquivos.

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Figura 29 – Bytes proprietários correspondentes ao chunk gnm2 Chunk.

Figura 30 – Bytes proprietários correspondentes ao chunk gnm2 Chunk.


Os valores das variáveis de formato são consistentes entre si e com a duração
do arquivo em software de reprodução padrão. Os primeiros 8 bytes de dados proprietários
constantes do chunk gnm2 Chunk são diferentes entre os dois arquivos, sendo que os
demais 20 bytes são idênticos entre si.As características relacionadas à estrutura do arquivo e
os valores utilizados para as variáveis de formato são utilizados para comparação com a
estrutura e o valor das variáveis observadas nos equipamentos gravadores encaminhados para
exame, como elementos para atestar sua consistência ou determinar eventuais
incompatibilidades. Essa análise se encontra reportada na Seção IV.6.1.

IV.2.2 – Características e eventos acústicos de interesse nos arquivos GNM_0001.WAV e


áudio ambiental.wav
Diversas características e eventos acústicos de interesse forense nos
arquivos GNM_0001.WAV e áudio ambiental.wav foram levantados. Dentre essas,
diversas estão descritas de forma pormenorizada no LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL
FEDERAL Nº 1944/2015-INC/DITEC/DPF, Nº 1949/2015-INC/DITEC/DPF e Nº
0092/2016-INC/DITEC/DPF. Em suma, ambos os áudios encontram-se codificados em PCM
(Pulse Code Modulation), estéreo, linear, sem compressão, com taxa de amostragem de
16.000 Hz, com 16 bits por amostra, e apresentam saturação de amostras em alguns instantes
ao longo de todo o arquivo de áudio. As Seções a seguir apresentam os principais achados
considerados relevantes para o exame em tela, conforme foram descritos nos citados laudos,
bem como algumas características adicionais.
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IV.2.2.1 – Harmônicos de 15,625 Hz


Em ambos os áudios pode-se observar em seu espectrograma a presença de
componentes frequenciais associadas a tons em banda estreita, harmônicos múltiplos
inteiros de 15,625 Hz, que correspondem à sobreposição de sinal ruidoso com padrão
periódico, como pode ser visualizado na ilustração do espectrograma ampliado nas
Figuras 31 e 32 (enjanelamento Blackman-Harris, com 16.384 pontos).

Figura 31 – Harmônicos em banda estreita – ampliação em 0 a 55 Hz (GNM_0001.WAV)

Figura 32 – Harmônicos em banda estreita – ampliação em 0 a 100 Hz (áudio


ambiental.wav)

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A presença das referidas componentes espectrais também pode ser


constatada em ambos os áudios pela estimativa da sua densidade espectral de potência,
obtida utilizando-se o método proposto por Welch (1967), com janelas de 2 17 pontos,
overlap de 50% e FFT32 de 217 pontos. Para uma melhor visualização das componentes
espectrais em banda estreita, a estimativa foi computada tomando-se somente os trechos
dos áudios questionados correspondentes ao ruído de fundo e, portanto, não sobrepostos
por sinais de voz ou demais sinais com características de distribuição de energia distintas
do ruído de fundo.
Para tal utilizou-se uma abordagem para detecção de atividade de voz,
(VAD, do inglês Voice Active Detector) que utiliza parâmetros de distribuição estatística
de energia do sinal de áudio, nos moldes das utilizadas em Reis et al. (2017) e Esquef,
Apolinário & Biscainho (2014). A densidade espectral de potência estimada está ilustrada
nas Figuras 33 e 34, onde se observam raias espectrais correspondentes à frequência
fundamental e seus harmônicos.

Figura 33 – Densidade espectral de potência do sinal de áudio


GNM_0001.WAV.

32 Fast Fourier Transform.


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Figura 34 – Densidade espectral de potência do sinal áudio


ambiental.wav.

IV.2.2.2 – Artefatos espectrais na frequência de Nyquist


Pode ser observada em ambos os áudio questionados GNM_0001.WAV e
áudio ambiental.wav a existência de impulso no domínio frequência localizada na
frequência de Nyquist (OPPENHEIM; SCHAFER, 2013). Tal artefato é melhor
visualizado por meio da estimativa da densidade espectral de potência (WELCH, 1967) 33.
A estimativa foi computada tomando-se somente os trechos dos áudios questionados
correspondentes ao ruído de fundo, portanto não sobrepostos por sinais de voz ou demais
sinais com características de distribuição de energia distintas do ruído de fundo. Para tal,
utilizou-se uma abordagem para detecção de atividade de voz (VAD, do inglês Voice
Active Detector), que utiliza parâmetros de distribuição estatística de energia do sinal de
áudio, nos moldes das utilizadas em Reis et al. (2017) e Esquef, Apolinario & Biscainho
(2014).
A densidade espectral de potência estimada está ilustrada nas Figuras 35 e
36, onde se observam impulsos no domínio frequência localizada na frequência de
Nyquist.

33 Janelas de 217 pontos, overlap de 50% e FFT de 217 pontos.


30
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Figura 35 – Densidade espectral de potência: GNM_0001.WAV.

Figura 36 – Densidade espectral de potência: áudio ambiental.wav.

31
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LAUDO No 1286/2018 - INC/DITEC/PF

IV.2.2.3 – Amostras nulas na porção inicial dos arquivos


Ambos os arquivos questionados apresentam em seu início um conjunto de
amostras nulas, seguidas de um sinal impulsivo, e que antecedem a gravação do áudio
capturado. No arquivo GNM_0001.WAV tem-se o total de 1040 amostras nulas e no
áudio ambiental.wav tem-se o total de 1039 amostras nulas. Tais artefatos podem
ser observados nas Figuras 37 e38.

IV.2.2.4 – Artefatos em degrau na porção final do arquivo


O arquivo questionado áudio ambiental.wav apresenta forma de onda
em seu oscilograma, na porção final do arquivo de áudio, mais especificamente no instante
02:22:00,386, medido a partir do início da reprodução do arquivo, que corresponde a um
padrão em formato degrau que excursiona entre os limites máximo e mínimo da faixa de
representação das amostras34, seguido de um transiente subamortecido, conforme descrito no
LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL Nº 1944/2015-INC/DITEC/DPF.

Tal forma de onda está tipicamente associada à supressão física da entrada


de áudio (por retirada de fios, cabos ou desligamento de microfone). A Figura 39 ilustra o
padrão em oscilograma do referido transiente.

Figura 37 – Conjunto de amostras nulas no início do arquivo GNM_0001.WAV, seguidas de


um sinal impulsivo, e que antecedem a gravação do áudio capturado.

34 Considerando a faixa de representação em uma escala de 2¹⁶ níveis.


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Figura 38 – Conjunto de amostras nulas no início do arquivo áudio ambiental.wav,


seguidas de um sinal impulsivo, e que antecedem a gravação do áudio capturado.

Figura 39 – Marca de interrupção da entrada do sinal de áudio.

IV.2.2.5 – Descontinuidades sistemáticas


Em ambos os arquivos de áudio foram observadas, em diversos instantes,
descontinuidades sistemáticas no sinal de áudio, conforme descrito no LAUDO DE
PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL Nº 1944/2015-INC/DITEC/DPF, Nº
1949/2015-INC/DITEC/DPF e Nº 0092/2016-INC/DITEC/DPF.

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Como exemplo, a Figura 40 ilustra uma dentre as descontinuidades


mencionadas, observada no equivalente monaural 35 do arquivo áudio
ambiental.wav.

Figura 40 – Caracterização em oscilograma e espectrograma de uma das descontinuidades


encontradas (figuras em escalas horizontais distintas).

Conforme detalhadamente descrito nos três laudos acima delimitados, as


descontinuidades encontradas são fruto de um mecanismo determinístico e sistemático de
produção, em que se tem um intervalo de 5440 milissegundos (equivalente a 87.040
amostras) entre duas descontinuidades, seguido de outro intervalo de 5440 milissegundos
35 Arquivo de canal único, cujas amostras correspondem a média aritmética das amostras de ambos os canais
esquerdo e direito.
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(equivalente a 87.040 amostras) entre descontinuidades consecutivas e em sequência um


intervalo de 5504 milissegundos (equivalente a 88.064 amostras), padrão esse que se
repete sucessivamente:

… – 5440 – 5440 – 5504 – 5440 – 5440– 5504– 5440 – 5440– 5504 – …

Os intervalos entre descontinuidades de 5440 ms e 5504 ms, à taxa de


amostragem de 16.000 amostras por segundo, equivalem, respectivamente, a intervalos de
87.040 e 88.064 amostras entre descontinuidades. Porém é fundamental perceber que 87.040 e
88.064 são múltiplos inteiros de 1.024 (210 amostras), ou melhor dizendo:

87040=85∗1024
(1)
88064=86∗1024

IV.3 – Arquivos questionados de vídeo Default.V1-40026.162.01.avi e video


ambiental.avi

Visando a descrever os arquivos de vídeo, lista-se na Tabela 6 as


características extraídas das informações de metadados do sistema de arquivos e de
metadados de cada um dos arquivos encaminhados, obtidas por meio da utilização do
software wxHexEditor 0.23 e do comando stat36 do Linux.
Os arquivos encaminhados, conforme se pode observar na Tabela 6, estão
formatados em um container de vídeo e áudio do tipo AVI, com stream de vídeo
codificado em MJPG, com 352 x 288 pixels de dimensão e taxa de quadros por segundo de
cerca de 12,5, bem como stream de áudio monaural, com taxa de bits constante, taxa de
amostragem de 11.025 Hz, sendo 8 bits por amostra, codificados em PCM linear.

Nas Seções a seguir, os arquivos de vídeo questionados, encapsulados em


container do tipo avi, são analisados quanto às características de interesse para o exame
de verificação de fonte, que serão confrontadas com as caraceterísticas dos equipamentos
encaminhados e dos arquivos por eles gerados, visando a confirmar ou refutar as hipóteses
de atribuição de fonte.

36 stat (coreutils versão 8.25) é uma linha de comando que, dentre outras opções, permite visualizar
informações de metadados do sistema de arquivos.
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Tabela 6 – Características dos arquivos avi contidos no CD1 e CD2 encaminhados.


Metadados do sistema de arquivos
Default.V1-
Nome do Arquivo
video ambiental.avi 40026.162.01.avi
Data da última modificação37 2009-10-21 17:48:48 2009-10-23 16:45:00
Tamanho do arquivo (bytes) 318925312 121682432
Vídeo
Formato AVI AVI
Codec MJPG MJPG
Largura (pixels38) 352 352

Altura (pixels) 288 288

Taxa de quadros
(dwRate/dwScale)
12,49939 fps 12.50040 fps

Bits por pixel 24 24


Número de quadros 37081 8433
Áudio
Formato Wave Wave
Codec PCM (linear) PCM (linear)
Canais 1 1
Taxa de Amostragem (Hz) 11025 11025
Taxa de bytes/segundo(total) 11025 11025
Bits/amostra 8 8
Número de amostras 32713924 7437708

IV.3.1 – Estrutura de arquivo de vídeo ambiental.avi e Default.V1-


40026.162.01.avi
Ambos os arquivos apresentam estrutura de cabeçalho consistente com o que
estabelece o formato de container do tipo AVI. A Figura 41 ilustra a estrutura dos arquivos
AVI em um diagrama em árvore. No diagrama em árvore, os chunks são apresentados, de
cima para baixo, e da esquerda para a direita, na ordem de seu offset em bytes em relação ao
início do arquivo.

37 Os metadados mac times do sistema de arquivos se destinam a registrar a informação temporal, na base
horária UTC (Universal Time Coordinated), relacionada à ocorrência de eventos de interesse em um
determinado arquivo, não devendo ser entendidos como registros formais, seguros e indubitáveis da
cronologia dos fatos associados aos arquivos a eles relacionados, muito menos como parâmetros de
autenticação.
38 Acrônimo (em inglês) para Picture Element, menor unidade de informação de uma imagem digital.
39 De fato a taxa de quadros por segundo apontada no cabeçalho é dada pela razão da entrada dwRate/dwScale,
que no caso em questão valem 1000000/80006 = 12,49906257.
40 De fato, a taxa de quadros por segundo apontada no cabeçalho é dada pela razão da entrada
dwRate/dwScale, que no caso em questão valem 1000000/79997 = 12,500468768.
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Figura 41 – Diagrama em árvore da estrutura dos arquivos questionados


vídeo ambiental.avi e Default.V1-40026.162.01.avi.

Os arquivos AVI examinados seguem a especificação geral de arquivos do tipo


RIFF. Observa-se que o container AVI possui um stream de vídeo, codificado em MJPEG41,
e um stream de áudio codificado em PCM linear sem compressão (taxa de amostragem de
11.025 Hz, monaural, 8 bits de profundidade). O cabeçalho raiz dos arquivos RIFF AVI
possui indicação de tamanho do seu payload no valor de 318.925.052 bytes de informação
para o arquivo vídeo ambiental.avi e 121.682.414 bytes de informação para o arquivo
Default.V1-40026.162.01.avi.
Observa-se na estrutura do arquivo uma lista de cabeçalhos (hdrl), contendo
um chunk relativo ao cabeçalho principal (avih), e duas listas de streams (strl), sendo
cada uma delas relativa a cada um dos dois streams (áudio e vídeo) que compõe os arquivos.
Cada uma das listas de streams contém três chunks de cabeçalhos (strh,
strf e srtn), contendo informações acerca de cada um dos streams. Há ainda uma lista
movi, contendo um chunk movi, que contém efetivamente blocos de dados de áudio e vídeo
codificados, apresentados de forma alternada e indexados sequencialmente. A Tabela 7
relaciona as variáveis contidas nos chunks de cabeçalho da lista de cabeçalhos (hdrl) dos
arquivos e seu significado (MICROSOFT CORPORATION, 1994)

41 Motion Joint Photographic Experts Group.


37
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Tabela 7 – Variáveis contidas na estrutura do arquivo, seus valores e significado.


avih (AVIMAINHEADER)
vídeo Default.V1-
Variável ambiental.avi 40026.162.01.avi Descrição

ID ‘avih’ ‘avih’ Valor em ASCII que identifica o avih.

datalen 0x00000038 0x00000038


Valor em hexadecimal que corresponde, em
bytes, ao tamanho dos dados de cabeçalho.

dwMicroSecPerFrame 0x00013886 0x0001387D


Valor em hexadecimal que corresponde à
duração de um quadro em microssegundos.
Valor em hexadecimal que corresponde à
máxima taxa de dados, aproximada, do
arquivo. Indica o número de bytes por
dwMaxBytesPerSec 0x00052453 0x000363AC
segundo que o sistema deve processar para
apresentar a sequência de quadros conforme
especificado pelos parâmetros contidos no
cabeçalho principal e nos cabeçalhos dos
streams.
O arquivo sofrerá preenchimento (padding)
dwPaggingGranularity 0x00000000 0x00000000 para atingir um tamanho múltiplo do valor
dessa variável, em hexadecimal.
Valor em hexadecimal relacionado a um
conjunto de sinalizadores previamente
dwFlags 0x00000810 0x00000810 definidos. O valor em questão indica que o
arquivo possui chunk de indexação idx1 e
foi alocado ao capturar video em tempo real.
Valor em hexadecimal que contém o número
dwTotalFrames 0x0000E090 0x000020F1
total de quadros. Como alguns codificadores
escrevem valores errôneos aqui, não devem
ser considerados confiáveis.
Valor em hexadecimal que especifica o
quadro inicial para arquivos com vídeos
dwInitialFrames 0x00000000 0x00000000 intercalados. Valores iguais a zero
correspondem a arquivos de vídeo não
intercalados.

dwStreams 0x00000002 0x00000002


Valor em hexadecimal que corresponde ao
número de streams.
Valor em hexadecimal que corresponde ao
dwSuggestedBufferSiz
e
0x00007558 0x00007642 tamanho do buffer necessário para conter os
chunks do arquivo.

dwWidth 0x00000160 0x00000160


Valor em hexadecimal que corresponde à
largura da imagem em pixels.

dwHeight 0x00000120 0x00000120


Valor em hexadecimal que corresponde à
altura da imagem em pixels.
0x00000000 0x00000000
0x00000000 0x00000000
dwReserved[4]
0x00000000 0x00000000 Reservado.
0x00000000 0x00000000

strh (video stream header - AVISTREAMHEADER)


vídeo Default.V1-
Variável ambiental.avi 40026.162.01.avi Descrição

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Tabela 7 – Variáveis contidas na estrutura do arquivo, seus valores e significado.


id ‘strh’ ‘strh’ Valor em ASCII que identifica o strh.

datalen 0X00000038 0X00000038


Valor em hexadecimal que corresponde, em
bytes, ao tamanho dos dados de cabeçalho.

fccType ‘vids’ ‘vids’


Valor em ASCII que identifica o tipo de
stream como um stream de vídeo.

fccHandler ‘MJPG’ ‘MJPG’


Valor em ASCII que identifica o tipo de
codificador como MJPG.
Valor em hexadecimal relacionado a um
dwFlags 0x00000000 0x00000000 conjunto de sinalizadores previamente
definidos. Nenhum sinalizador.

wPriority 0x0000 0x0000


Valor em hexadecimal que define a
prioridade entre múltiplos streams.
Valor em hexadecimal que representa um
wLanguage 0x0000 0x0000
código da língua associada ao stream. Valor
igual a zero indica que esse campo deva ser
ignorado.
Valor em hexadecimal que especifica o
quadro inicial do stream de vídeo em vídeos
dwInitialFames 0x00000000 0x00000000 intercalados. Valores iguais a zero
correspondem a arquivos de vídeo não
intercalados.
Valor em hexadecimal que, conjuntamente
dwScale 0x00013886 0x0001387D com dwRate, especifica o número de
quadros por segundo.
Valor em hexadecimal que, conjuntamente
dwRate 0x000F4240 0x000F4240 com dwScale, especifica o número de
quadros por segundo.

dwStart 0x00000000 0x00000000


Valor em hexadecimal que especifica o tempo
de início do stream de vídeo.
Valor em hexadecimal que especifica o
dwLength 0x000090D9 0x000020F1 tamanho (em número de quadros) do stream
de vídeo.
Valor em hexadecimal que corresponde ao
dwSuggestedBufferSiz
e
0x00007558 0x00004276 tamanho do buffer necessário para conter os
chunks do stream de vídeo.
Valor em hexadecimal que indica a qualidade
dwQuality 0x00002710 0x00002710 do stream de vídeo, podendo variar entre 0 e
10000.
Valor em hexadecimal que especifica o
tamanho de um quadro do vídeo. Quando
dwSampleSize 0x00000000 0x00000000 igual a zero, indica que os quadros têm
tamanhos variados e devem ser armazenados
em chunks independentes.
Valor em hexadecimal que contém as
rcFrame
0x00000000 0x00000000 coordenadas do retângulo, que compreende a
0x01200160 0x01200160 moldura da imagem de destino no stream de
vídeo.

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Tabela 7 – Variáveis contidas na estrutura do arquivo, seus valores e significado.


strf (video stream format - BITMAPINFOHEADER)
vídeo Default.V1-
Variável ambiental.avi 40026.162.01.avi Descrição

id ‘strf’ ‘strf’ Valor em ASCII que identifica o strf.

datalen 0X00000028 0X00000028


Valor em hexadecimal que corresponde, em
bytes, ao tamanho dos dados de cabeçalho.

biSize 0X00000028 0X00000028


Valor em hexadecimal que corresponde, em
bytes, ao tamanho dos dados do cabeçalho.

biWidth 0X00000160 0X00000160


Valor em hexadecimal que corresponde à
largura do mapa de bits em pixels.

biHeight 0X00000120 0X00000120


Valor em hexadecimal que corresponde à
altura do mapa de bits em pixels.
Valor em hexadecimal que corresponde ao
biPlanes 0x0001 0x0001 número de planos de mapas de bit. Via de
regra, esse valor deve ser configurado em 1.

biBitCount 0x0018 0x0018


Valor em hexadecimal que corresponde ao
número de bits por pixel.

biCompression ‘ḾJPG’ ‘ḾJPG’


Valor em ASCII (código FourCC) que
identifica o tipo de compressão/codificação.

biSizeImage 0x00000000 0x00000000


Valor em hexadecimal que corresponde ao
número de bits por pixel.

biXPelsPerMeter 0x00000000 0x00000000


Valor em hexadecimal que especifica a
resolução horizontal em pixels por metro.

biYPelsPerMeter 0x00000000 0x00000000


Valor em hexadecimal que especifica a
resolução vertical em pixels por metro.
Valor em hexadecimal que corresponde ao
biClrUsed 0x00000000 0x00000000 número de índices de cor empregado na
tabela de cor, utilizada pelo mapa de bits.
Valor em hexadecimal que corresponde ao
biClrImportant 0x00000000 0x00000000 número de índices de cor considerado
relevante para a reprodução do mapa de bits.
strn (video stream name)
vídeo Default.V1-
Variável ambiental.avi 40026.162.01.avi Descrição

id ‘strn’ ‘strn’ Valor em ASCII que identifica o strh.

datalen 0X0000001A 0X0000001A


Valor em hexadecimal que corresponde, em
bytes, ao tamanho dos dados de cabeçalho.

data
_Geonautics _Geonautics Valor em ASCII que corresponde ao
International_ International nome/título do stream de vídeo.
strh (audio stream header - AVISTREAMHEADER)
vídeo Default.V1-
Variável ambiental.avi 40026.162.01.avi Descrição

id ‘strh’ ‘strh’ Valor em ASCII que identifica o strh.

datalen 0X00000038 0X00000038


Valor em hexadecimal que corresponde, em
bytes, ao tamanho dos dados de cabeçalho.

40
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Tabela 7 – Variáveis contidas na estrutura do arquivo, seus valores e significado.


fccType ‘auds’ ‘auds’
Valor em ASCII que identifica o tipo de
stream como um stream de áudio.

fccHandler ‘’ ‘’
Valor em ASCII que identifica o tipo de
codificador de áudio. Sem identificação.
Valor em hexadecimal relacionado a um
dwFlags 0x00000000 0x00000000 conjunto de sinalizadores previamente
definido. Nenhum sinalizador.

wPriority 0x0001 0x0001


Valor em hexadecimal que define a
prioridade entre múltiplos streams.
Valor em hexadecimal que representa um
wLanguage 0x0000 0x0000
código da língua associada ao stream. Valor
igual a zero indica que esse campo deve ser
ignorado.
Valor em hexadecimal que especifica o bloco
dwInitialFames 0x00000000 0x00000000
inicial do stream de áudio em streams
intercalados. Valores iguais a zero
correspondem a arquivos não intercalados.
Valor em hexadecimal que, conjuntamente
dwScale 0x00000001 0x00000001
com dwRate, especifica o número de
amostras por segundo em um stream de áudio
PCM.
Valor em hexadecimal que, conjuntamente
dwRate 0x00002B11 0x00002B11
com dwScale, especifica o número de
amostras por segundo em um stream de áudio
PCM.

dwStart 0x00000000 0x00000000


Valor em hexadecimal que especifica o início
do stream de áudio.
Valor em hexadecimal que especifica o
dwLength 0x01F32CC4 0x00717D8C tamanho (em número de amostras) do stream
de áudio.
Valor em hexadecimal que corresponde ao
dwSuggestedBufferSiz
e
0x00007558 0x0000039A tamanho do buffer, necessário para conter os
chunks do stream de áudio.
Valor em hexadecimal que indica a qualidade
dwQuality 0x00002710 0x00002710 do stream de áudio, podendo variar entre 0 e
10000.

dwSampleSize 0x00000001 0x00000001


Valor em hexadecimal que especifica o
tamanho, em bytes, de uma amostra de áudio.
Valor em hexadecimal que contém as
coordenadas do retângulo que compreende a
0x00000000 0x00000000
rcFrame
0x00000000 0x00000000 moldura da imagem de destino no stream de
vídeo. Em streams de áudio, esse valor é
tipicamente nulo.
strf (audio stream format - WAVEFORMATEX)
vídeo Default.V1-
Variável ambiental.avi 40026.162.01.avi Descrição

id ‘strf’ ‘strf’ Valor em ASCII que identifica o strf.

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Tabela 7 – Variáveis contidas na estrutura do arquivo, seus valores e significado.


datalen 0X00000010 0X00000010
Valor em hexadecimal que corresponde, em
bytes, ao tamanho dos dados de cabeçalho.

wFormatTag 0x0001 0x0001


Valor em hexadecimal que corresponde ao
codificador PCM.

nChannels 0x0001 0x0001


Valor em hexadecimal que corresponde ao
número de canais.

nSamplesPerSec 0x00002B11 0x00002B11


Valor em hexadecimal que corresponde ao
número de amostras por segundo.

nAvgBytesPerSec 0x00002B11 0x00002B11


Valor em hexadecimal que corresponde ao
número médio de bytes por segundo.
Valor em hexadecimal que corresponde ao
nBlockAlign 0x0001 0x0001 número de bytes das estruturas de dados, que
o decodificador deve processar em bloco.

wBitsPerSample 0x0008 0x0008


Valor em hexadecimal que corresponde ao
número de bits por amostra.
strn (audio stream name)
vídeo Default.V1-
Variável ambiental.avi 40026.162.01.avi Descrição

id ‘strn’ ‘strn’ Valor em ASCII que identifica o strh.

datalen 0X00000007 0X00000007


Valor em hexadecimal que corresponde, em
bytes, ao tamanho dos dados de cabeçalho.

data _Audio__ _Audio__


Valor em ASCII que corresponde ao
nome/título do stream de vídeo.

Observa-se que o codificador que gerou os arquivos questionados produziu,


além dos chunks relacionados aos cabeçalhos dos streams de áudio e vídeo, um JunkChunk
antecedendo a lista movi, ocupando ao todo 1674 bytes, sendo 1666 bytes (correspondentes
ao seu payload) iguais a zero. A Figura 42 ilustra o JunkChunk produzido.
Além disso, é possível observar que ambos os streams dos arquivos (de áudio e
de vídeo) possuem o chunk opcional strn, que contém a nomenclatura título dos streams. O
chunk strn para o stream de vídeo apresenta como dados de título a string Geonautics
International. Já para o stream de vídeo, o chunk strn apresenta como dados de título
a string Audio, porém, como particularidade, a string está contida em um campo de dados
que contém ao todo 8 bytes antes de se iniciar o próximo chunk, enquanto o tamanho do
campo de dados no cabeçalho strn é sinalizado com um total de 7 bytes. As Figuras 43 e 44
retratam, respectivamente, os títulos contidos nos chunks strn de ambos os streams de vídeo
e áudio.

42
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Figura 42 – Parcela dos bytes que compreendem o JunkChunk dos arquivos questionados.
Exemplo relativo ao arquivo video ambiental.avi.

Figura 43 – Título contido no chunk strn do stream de vídeo.

Figura 44 – Título contido no chunk strn do stream de áudio.

Além disso, é possível observar que em ambos os arquivos AVI, mesmo após o
término do conteúdo compreendido no payload RIFF, há o preenchimento do arquivo com a
repetição de bytes de índice de quadros, contidos no payload RIFF, de tal forma que o
arquivo como um todo seja múltiplo de 512 bytes. As Figuras 45 e 46 ilustram os bytes de
43
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preenchimento para os arquivos. Default.V1-40026.162.01.avi e video


ambiental.avi, respectivamente.

Figura 45 – Bytes de preenchimento com repetição de bytes de índice de quadros em


Default.V1-40026.162.01.avi.

Figura 46 – Bytes de preenchimento com repetição de bytes de índice de quadros em video


ambiental.avi.

As características relacionadas à estrutura do arquivo e os valores utilizados


para as variáveis de formato são utilizados para comparação com a estrutura e o valor das
variáveis observados nos equipamentos gravadores encaminhados para exame, como
elementos para atestar sua consistência ou determinar eventuais incompatibilidades. Essa
análise se encontra reportada na Seção IV.5.1.

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IV.3.2 – Características e eventos de interesse nos arquivos vídeo ambiental.avi e


Default.V1-40026.162.01.avi
Diversas características e eventos de interesse forense nos arquivos vídeo
ambiental.avi e Default.V1-40026.162.01.avi estão descritos de forma
pormenorizada no LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL Nº
1944/2015-INC/DITEC/DPF, Nº 1949/2015-INC/DITEC/DPF e Nº
0092/2016-INC/DITEC/DPF.
Em suma, os streams de áudio encontram-se codificados em PCM (Pulse Code
Modulation), monaural, linear, sem compressão, com taxa de amostragem de 11.025 Hz, com
8 bits por amostra, enquanto o stream de vídeo encontra-se codificado em MJPG (Motion
JPEG). As Seções a seguir apresentam os principais achados considerados relevantes para o
exame em tela.

IV.3.2.1 – Limitação espectral do stream de áudio


Nas Figuras 47 e 48 podem ser visualizados os espectros LTA (Long Term
Avarage42) dos streams de áudio de ambos os arquivos.

Figura 47 – Espectro LTA utilizando janela de Blackmann-Harris com 8.192 pontos (vídeo
ambiental.avi)

42 O espectro LTA, ou espectro de média de longo termo, é uma das técnicas de estimativa em tempo discreto
da densidade espectral de potência de um sinal não determinístico e estacionário em sentido amplo.
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Figura 48 – Espectro LTA utilizando janela de Blackmann-Harris com 8.192 pontos


(Default.V1-40026.162.01.avi)

Os espectros foram calculados utilizando janela de Blackmann-Harris com 8.192


pontos como forma de estimar a densidade espectral de potência do sinal de áudio. As setas em
azul no gráfico LTA evidenciam a existência da frequência de corte em 4.800 Hz. Em ambos os
arquivos de vídeo o stream de áudio apresenta moderada atenuação espectral a partir de
aproximadamente 4.800 Hz (setas azuis).

IV.3.2.2 – Matrizes de quantização MJPG e ordenamento dos marcadores de segmentos de


dados JPEG.
Em ambos os arquivos em questão o stream de vídeo está codificado em
MJPG, de tal sorte que cada quadro é codificado de forma independente dos demais
utilizando a estratégia de codificação do padrão de compressão JPEG (ISO/IEC 10918-
1:1994, 1992). Observa-se que, em ambos os arquivos foram empregadas as mesmas
matrizes de quantização de luminância e crominância ao longo de todos os quadros do
vídeo. As matrizes de quantização empregadas encontram-se descritas na Tabela 8.

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Tabela 8 – Matrizes de quantização JPEG.


Luminância Crominância
9 6 5 9 13 23 30 36 9 9 12 22 14 27 79 77
6 6 8 11 15 29 34 30 9 10 12 10 23 23 85 84
8 7 9 14 24 31 36 32 12 12 11 10 24 62 91 89
8 9 12 15 27 46 50 33 22 10 10 23 109 69 67 79
10 12 20 36 43 54 59 42 14 23 24 109 64 81 79 77
13 20 31 35 41 52 60 49 27 23 62 69 81 69 75 84
30 34 45 50 59 75 62 54 79 85 91 67 79 75 73 78
42 56 51 56 66 54 57 54 77 84 89 79 77 84 78 80

Além disso, em ambos os arquivos, cada quadro codificado em JPEG


apresenta a seguinte sequência ordenada de marcadores de segmento de dados de
codificação: 0xFFD8, 0xFFE0, 0xFFDB, 0xFFDB, 0xFFC0, 0xFFDA e 0xFFD9.

IV.3.2.3 – Artefatos de bordas


As imagens geradas em ambos os vídeos apresentam artefatos nas bordas
horizontal inferior e vertical esquerda, visualmente observados como linhas em preto, com
a espessura de uma unidade de pixel, onde os valores dos pixels apresentam intensidade
próxima ao valor mínimo da faixa dinâmica efetiva, independentemente de se tratar de
quadro oriundo de cena com elevada exposição luminosa.
A Figura 49 ilustra os artefatos de borda encontrados, por meio de uma
imagem ampliada do vértice inferior esquerdo de quadros tomados de ambos os vídeos. A
linha vermelha delimita a borda de espessura de um pixel que apresenta valores próximos
ao mínimo da faixa dinâmica efetiva, independentemente de haver alta exposição
luminosa.
A presença de tais artefatos é característica peculiar, oriunda de aspectos
construtivos ou de projeto, de tal sorte que as bordas inferior e esquerda da imagem não
contêm informação de luminância proveniente da cena, gerando, para todo e qualquer
quadro, valores de luminância próximos ao limite inferior da faixa dinâmica efetiva. Tais
artefatos devem ser confrontados para verificar a compatibilidade entre os arquivos de
vídeo e suas alegadas fontes de produção, ou entre eles e unidades de mesma marca e
modelo.
Observa-se ainda que tais artefatos são gerados anteriormente a codificação
digital da imagem no formato JPEG. Isso porque se observa a formação de linhas verticais
nas 8 (oito) primeiras colunas a esquerda e horizontais nas 8 (oito) últimas linhas na parte
inferior dos quadros de ambos os vídeos, em padrão periódico.
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Figura 49 – Artefatos de borda encontrados (Default.V1-40026.162.01.avi, à esquerda,


e vídeo ambiental.avi, à direita).

Tais linhas são fruto do processamento em bloco realizado pela compressão


JPEG e consistem em manifestações do fenômeno de Gibbs, ou artefatos de ringing
(RUSS, 2016), provocadas pela transição abrupta do artefato de linha em preto para
valores de luminância mais altos. A Figura 50 ilustra os artefatos de ringing encontrados,
delimitados pelas linhas em amarelo.

Figura 50 – Artefatos de ringing encontrados nos arquivos questionados (Default.V1-


40026.162.01.avi, à esquerda, e vídeo ambiental.avi, à direita).

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IV.3.2.4 – Faixa dinâmica


As imagens geradas em ambos os vídeos apresentam informação de
luminância com faixa dinâmica efetiva que não se estende por toda a amplitude de valores
possíveis, dada a representação de 8 bits por pixel por canal de cor no espaço RGB
utilizado.
A Figura 51 ilustra os histogramas de luminância, considerando todos os
quadros, para ambos os vídeos. Observa-se que, em ambos os vídeos, os histogramas
apresentam uma limitação em sua faixa dinâmica, saturando os níveis de luminância em
valores abaixo do fundo de escala (255), bem como apresentando patamar mínimo para os
valores de luminância, acima da origem da escala de representação (0).

Figura 51 – Histogramas de luminância considerando todos os quadros (Default.V1-


40026.162.01.avi, à esquerda, e vídeo ambiental.avi, à direita).

Para uma melhor caracterização da faixa dinâmica, foram calculados os


histogramas cumulativos de luminância (GONZALEZ; WOODS, 2006), considerando-se
todos os quadros para ambos os vídeos, conforme ilustrado nos gráficos da Figura 52.
É possível constatar, conforme representado pelas linhas tracejadas, que há
em ambos os vídeos uma limitação da faixa dinâmica dos níveis de luminância
(GONZALEZ; WOODS, 2006) entre valores próximos a 13, no limite inferior, e próximos
a 234 no limite superior. A seta em vermelho delimita a limitação de faixa dinâmica
observada. A limitação de faixa dinâmica dos níveis de luminância é característica
peculiar, oriunda de aspectos construtivos ou de projeto, e que deve ser confrontada para
verificar a compatibilidade entre os arquivos de vídeo e suas alegadas fontes de produção,
ou entre eles e unidade de mesma marca e modelo.
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Figura 52 – Histogramas cumulativos de luminância (Default.V1-40026.162.01.avi, à


esquerda, e vídeo ambiental.avi, à direita).

IV.3.3 – Análise de Corrente de Preto do Sensor de Imageamento


Ambas as imagens produzidas pelos arquivos de vídeo demonstram de
forma visual a existência de hot pixels nos quadros gerados, que consistem em pixels, ou
agrupamento de pixels (também chamados de “armadilhas” ou pixels traps),
espacialmente fixos e determinados no quadro da imagem, com intensidade luminosa
(brilho) acima do nível de fundo normal, independentemente de haver maior ou menor
sensibilização luminosa, fruto de um maior nível de corrente de preto (dark current) em
relação à vizinhança de pixels (HOLST; LOMHEIM, 2011).
Esses são artefatos inseridos particularmente por cada sensor, fruto de
diferenças no nível de corrente de preto produzida por cada elemento fotodetector, que
têm origem no processo de manufatura dos sensores de imageamento, sendo portanto uma
característica construtiva associada a um componente determinado. Sua aparição é
visualmente evidente nos quadros finais de ambos os arquivos, uma vez que a corrente de
preto dos sensores tende a ficar mais intensa com a temperatura (que normalmente
aumenta com o passar do tempo durante a contínua captura de quadros de vídeo).
Em alguns quadros de ambos os vídeos, em especial ao final da reprodução
onde a temperatura do sensor tende a estar mais elevada, é possível identificar
visualmente a existência dos chamados hot pixels. A Figura 53 ilustra a presença dos hot
pixels, indicados por meio das setas vermelhas, em cada um dos vídeos questionados 43.
A presença de hot pixels nas imagens indica que os dispositivos que as
capturaram não dispõem de pós-processamento para eliminação de ruído impulsivo.

43 As imagens tiveram brilho e contraste ajustados para melhor visualização de detalhes.


50
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Figura 53 – Hot pixels (Default.V1-40026.162.01.avi, à esquerda, e vídeo


ambiental.avi, à direita).

Para uma melhor caracterização dos hot pixels presentes nas imagens, cada um
dos vídeos foi submetido a extração do ruído de padrão fixo de natureza impulsiva. Para tal
foi realizada a extração do resíduo de ruído impulsivo de cada quadro, utilizando-se para isso
um filtro de mediana (GONZALEZ; WOODS, 2006), com kernel de 5x5 pixels, como filtro
de supressão de ruído. A caracterização dos hot pixels foi realizada pela extração do ruído
impulsivo de padrão fixo por meio da média aritmética dos resíduos de ruído obtidos
(LUKAS; FRIDRICH; GOLJAN, 2006). Foram utilizados 200 quadros consecutivos, com
variação da cena, localizados no final dos vídeos questionados (Figura 54).

Figura 54 – Hot pixels (Default.V1-40026.162.01.avi, à esquerda, e vídeo


ambiental.avi, à direita).

A existência dos hot pixels, bem como outras parcelas de ruído, como por
exemplo a não uniformidade de resposta fotônica dos sensores, pode ser utilizada para
51
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confronto com os padrões de ruído produzidos pelos sensores da câmera, visando a


atribuição de fonte (KUROSAWA; KUROKI; SAITOH, 1999). Essas análises estão
descritas nas Seções IV.5.3 e IV.5.4.

IV.4 – Confronto entre arquivos de áudio questionados e equipamentos DAR 040


Dentre o material encaminhado sob o protocolo Material nº 009/2018-
DITEC/PF encontram-se 9 (nove) equipamentos destinados à gravação de áudio,
identificados pelos numerais de série 2265, 2257, 2976, 2153, 2979, 2155, 2180,
2156 e 20090700065. O material em questão está descrito e ilustrado na Seção II.1,
alínea b.
Trata-se de equipamentos portáteis destinados à captação de áudio, com
memória interna de 2 GB integrada em dispositivo de estado sólido. Gravam arquivos de
áudio em container do tipo wave e formato de compressão do tipo PCM linear ou
PCM lei - µ. Permitem gravar arquivos de áudio com taxas de amostragem de 8 e 16 kHz e
no modo monaural ou estéreo. Utilizam microfones internos ou microfones externos, do
tipo eletreto, que são acoplados por meio de conector proprietário ao corpo do gravador.
Possuem controle automático de ganho e recursos de gravação automática por ativação
por voz, além de permitirem a geração de resumo criptográfico assinado digitalmente por
protocolo de criptografia assimétrica.
Toda a configuração do equipamento, tais como alteração dos parâmetros de
gravação e a automatização da gravação por ativação por voz, somente pode ser realizada
por meio de software específico, denominado Sound Manager Gnome P (Figura 55), não
havendo no corpo do aparelho mecanismo para alteração de tais configurações.
Foram realizados ensaios com o equipamento gravador com o objetivo de
verificar seu funcionamento e obter arquivos de áudio por ele gravados como amostras
para comparação, visando a verificação de compatibilidade com os arquivos de áudio
questionados. Para tal, configurou-se o equipamento com os mesmo parâmetros dos
arquivos questionados, quais sejam, codificação em PCM linear, sem compressão, estéreo,
com taxa de amostragem de 16.000 Hz, com 16 bits por amostra. A Seção a seguir relata
os achados relevantes.

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Figura 55 – Software Sound Manager Gnome P.

IV.4.1 – Estrutura dos arquivos de teste DAR 040


Os arquivos de áudio gravados em teste pelos equipamentos DAR 040
examinados foram submetidos a análise de sua estrutura de arquivos. O s arquivos gerados
apresentam nomenclatura correspondente à seguinte sequência de caracteres:
AAAA_MM_DD_hh_mm_ss.wav, onde “AAAA” corresponde ao ano, “MM” ao mês, “DD”
ao dia, “hh” à hora, “mm” ao minuto e “ss” ao segundo correspondente ao instante de início
da gravação, conforme os valores configurados no equipamento por meio da parametrização
realizada via software.
Observa-se que os valores de data e hora, uma vez configurados no
equipamento mantêm-se cronologicamente atualizados enquanto houver carga em sua bateria
interna. Havendo descarga total da bateria, no momento em que essa for recarregada, o
equipamento inicializará a configuração horária para zero hora, zero minuto e zero segundo
de primeiro de janeiro do ano 2000.

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Os arquivos gerados apresentam estrutura de cabeçalho consistente com o que


estabelece o formato de container do tipo wave. A Figura 56 ilustra a estrutura dos arquivos
wave em um diagrama em árvore.

Figura 56 – Diagrama em árvore da estrutura dos arquivos de teste gerados com os


equipamentos DAR 040.

Os arquivos wave examinados seguem a especificação geral de arquivos do


tipo RIFF. Apresentam um cabeçalho RIFF Wave e três chunks, um destinado a conter as
variáveis relacionadas ao decodificador empregado, denominado FormatChunk, outro
destinado a conter os dados das amostras dos registros de áudio, denominado DataChunk, e
um chunk do tipo lista (list chunk), contendo metadados proprietários. No diagrama em árvore
os chunks e seu conteúdo são apresentados, de cima para baixo, e da esquerda para a direita,
na ordem de seu offset em bytes em relação ao início do arquivo.

O chunk do tipo lista contém em sua estrutura de dados dois subchunks,


denominados INAM e ICMT, com estruturas de dados independentes e contendo metadados
proprietários. O chunk INAM apresenta 64 bytes de metadados, sendo 7 deles referentes aos
caracteres ASCII que formam a string Gnome P, seguidos de uma sequência de 57 bytes
iguais a zero. O chunk ICMT apresenta 64 bytes de metadados, sendo 51 deles referentes aos

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caracteres ASCII, que formam a string Start date-time & sound source:
AAAA_MM_DD_hh_mm_ss, e uma sequência de 13 bytes iguais a zero.

Observa-se que os metadados contantes do chunk INAM correspondem ao


nome do modelo do gravador GNOME-P. Constata-se que, embora o equipamento seja
identificado por meio da documentação, do manual que o acompanha e de etiquetas apostas
em seu corpo com o nome de modelo DAR 040, fabricado pela empresa sediada na França
GTS Services44, a fabricante de fato é a empresa de nacionalidade russa Speech
Technology Center e originalmente o modelo do equipamento é denominado
GNOME-P45,46. Já os metadados constantes do chunk IMCT dizem respeito à data e hora de
início da gravação, conforme configuração horária previamente parametrizada no
equipamento por meio do software Sound Manager Gnome P.

Conforme pode se verificar na estrutura em árvore dos arquivos de teste, como


mostrado na Figura 56, quando em comparação com a estrutura dos arquivos de áudio
questionados (Figura 28), bem como a partir do conjunto de informações constantes de seus
metadados, constata-se que tal estrutura de arquivo é incompatível com aquela dos
arquivos de áudio questionados.
Sendo assim, a análise de estrutura do arquivo é suficiente, na presente
circunstância, para firmar a conclusão de que nenhum dos equipamentos deste modelo
(DAR 040/GNOME-P) é o responsável por gerar os arquivos de áudio questionados
GNM_0001.WAV e áudio ambiental.wav.

IV.5 – Confronto entre arquivos de vídeo/áudio questionados e equipamentos denominados


DAVR 100
Foi encaminhado sob o protocolo Material nº 009/2018-DITEC/PF um
equipamento destinado à captação de áudio e vídeo denominado DAVR 100 na
respectiva documentação e identificado em seu corpo pelo número de série 40084. O
material em questão está descrito e ilustrado na Seção II.1, alínea a).
Também foi encaminhado sob o protocolo Material
nº 126/2018-DITEC/PF 01 (um) equipamento destinado à captação de áudio e vídeo
44 http://gts-services.fr/ - acessado em 11/04/2018.
45 http://speechpro.com/product/recorders acessado em 11/04/2018.
46 O modelo GNOME-P foi descontinuado pela fabricante, tendo sido substituído pelo modelo GNOME-P
II.
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denominado DAVR 100 na documentação de encaminhamento, identificado em seu


corpo pelo número de série 40026. O material em questão está descrito e ilustrado na
Seção II.3.
Trata-se de equipamentos portáteis destinados à captação de áudio e vídeo,
com memória interna de 4 GB integrada em dispositivo de estado sólido.
O dispositivo apresenta como acessório uma câmera externa analógica, em
tecnologia CCD47, que gera imagens em sinal de vídeo composto no padrão PAL48. O sinal
de vídeo analógico é digitalizado pelo equipamento, resultando em uma imagem raster 49
dinâmica, com total de 352 x 288 pixels nas dimensões vertical e horizontal, codificada
em MJPEG. Apresenta ainda microfone externo do tipo eletreto. O sinal de áudio
analógico é codificado em PCM linear, monaural, com 8 bits por amostra e taxa de
amostragem de 11.025 kHz.
Ambos os streams, de áudio e vídeo, são gravados em sua memória interna
em formato proprietário, criptografado e passível de verificação de integridade por meio
de software específico 50, conforme pode se depreender dos manuais do fabricante 51 (ver
maiores detalhes na Seção IV.5.1).
Toda a configuração do equipamento, como alteração dos parâmetros de
gravação, ajuste de data e hora, reprodução e download dos streams de áudio e vídeo
armazenados em formato proprietário, só pode ser realizada por meio de software
específico, denominado GeoSentinel (Figura 57), não havendo no corpo do aparelho
mecanismo para alteração de tais configurações. A configuração de data e hora se dá por
meio de sincronização de sua base horária com os ajustes de data e hora do sistema
operacional em que o software está sendo executado. O GeoSentinel permite a exportação
nativa dos arquivos gravados em memória no formato proprietário, com extensão .im3,
onde estão nativamente criptografados. Para permitir a reprodução do conteúdo dos
arquivos em players comerciais usuais por usuários que não disponham do software

47 Charged Coupled Device.


48 Phase Alterneting Line.
49 Imagens formadas pela disposição matricial, bidimensional, de unidades de informação denominadas pixels.
50 Authenticate2, versão 1.0.3.
51 Os manuais dos diversos softwares do fabricante podem ser acessados por meio de cadastro em seu sítio na
Internet, após preenchimento de formulário de registro: https://nauticsgroup.com/join, acessado em
29/05/2018.
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específico, ele também permite a exportação nativa dos streams de áudio e vídeo em
formato container AVI.

Figura 57 – Software GeoSentinel.

O equipamento possui ainda possibilidade de configuração de gravação por


timer, no qual o usuário define data e horário de início da gravação, bem como sua
duração, sem necessidade de intervenção manual.
As configurações e parâmetros de gravação do equipamento, uma vez
ajustadas, são mantidas ainda que o equipamento seja desenergizado, com exceção das
configurações de data e hora que, uma vez ajustadas, interrompem a progressão síncrona
de sua base horária se o equipamento for desligado em suas chaves liga-desliga, ou se
houver a retirada ou descarga completa das baterias, sem alimentação externa.
Dos equipamentos encaminhados somente o de número de série 40026
está operante. O equipamento de número de série 40084, embora se conecte via cabo
USB ao microcomputador por meio do software GeoSentinel, não está funcional, não
realizando qualquer tipo de captação, seja de áudio ou vídeo.

Foram realizados ensaios com o equipamento gravador de número de


série 40026, com o objetivo de verificar o seu funcionamento e obter arquivos de
vídeo/áudio por ele gravados como amostras para comparação com os arquivos de
vídeo/áudio questionados, visando a realização de exame de verificação de fonte. Para tal,
configurou-se o equipamento com os mesmos parâmetros dos arquivos questionados.
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Os ensaios foram realizados somente com o equipamento gravador de


número de série 40026, porém foram utilizadas nos testes ambas as câmeras CCD
encaminhadas, tanto aquela encaminhada com o conjunto gravador relacionado ao serial
40026, quanto com o conjunto relacionado ao serial 40084.

As comparações realizadas e exames efetuados encontram-se descritos nas


Seções a seguir.

IV.5.1 – Estrutura dos arquivos de teste exportados em AVI pelo equipamento DAVR 100
Os Peritos realizaram ensaios de funcionamento com os gravadores
questionados, com o objetivo de verificar as características da estrutura de arquivos dos
registros de vídeo/áudio produzidos.
Os arquivos de vídeo/áudio gravados nos ensaios realizados com os
equipamentos DAVR 100 examinados foram submetidos a análise de sua estrutura de
arquivos. Os arquivos gerados apresentam nomenclatura correspondente a seguinte sequência
de caracteres: “FILEPREFIX.V1-SERIE-XXX.im3” ou “FILEPREFIX.V1-SERIE-
XXX.YY.avi”, onde:
a) FILEPREFIX: corresponde ao prefixo do arquivo, valor esse inserido pelo
próprio usuário na configuração do equipamento por meio do programa
GeoSentinel. Se não alterado pelo usuário o valor padrão é dado pela expressão
“Default”;
b) SERIE: sequência numérica de cinco caracteres correspondente ao número
de série do gravador;
c) XXX: sequencial numérico, incrementado em um inteiro a cada gravação
realizada. Esse valor é incremental, não podendo ser alterado pelo usuário.
d) YY: sequencial numérico utilizado quando do processo de exportação
nativa do programa GeoSentinel para o fomato .AVI. Por meio da interface
gráfica do software, o usuário pode escolher segmentar uma gravação, já
realizada e armazenada na memória interna do gravador, em múltiplos arquivos
de tamanho determinado. O valor inicia em *.01.AVI e é incrementado em um
inteiro para cada segmento de tamanho definido criado pelo software. Por
padrão, o programa GeoSentinel exporta a gravação em fomato .AVI em
segmento único.
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Os arquivos gerados apresentam estrutura de cabeçalho consistente com o que


estabelece o formato de container do tipo AVI. A Figura 58 ilustra a estrutura dos arquivos
AVI em um diagrama em árvore.

Figura 58 – Diagrama em árvore da estrutura dos arquivos gravados nos ensaios realizados
com os equipamentos DAVR 100.

Dos ensaios verifica-se que os arquivos de vídeo/áudio produzidos pelos


equipamentos DAVR 100 seguem a especificação geral de arquivos do tipo RIFF. Observa-
se na estrutura do arquivo uma lista de cabeçalhos (hdrl), contendo um chunk relativo ao
cabeçalho principal (avih), e duas listas de streams (strl), sendo cada uma delas relativas
a cada um dos dois streams (áudio e vídeo) que compõe os arquivos. Cada uma das listas de
streams contém três chunks de cabeçalhos (strh, strf e srtn) com informações acerca de
cada um dos streams.
Há ainda uma lista movi, apresentando um chunk movi, que contém
efetivamente blocos de dados de áudio e vídeo codificados, apresentados de forma alternada e
indexados sequencialmente.
Verifica-se que a estrutura dos arquivos AVI gerados pelos equipamentos
DAVR 100 nos ensaios é idêntica à estrutura dos arquivos questionados vídeo

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ambiental.avi e Default.V1-40026.162.01.avi (tal qual ilustrado na Figura


41 e 58).
As variáveis contidas nos chunks de cabeçalho da lista de cabeçalhos (hdrl)
apresentadas nos arquivos de teste durante os ensaios, e cujos valores não dependem do
conteúdo dos arquivos, apresentam os mesmos valores das variáveis relacionadas na Tabela 7,
provenientes dos arquivos questionados vídeo ambiental.avi e Default.V1-
40026.162.01.avi.
As variáveis dwMicroSecPerFrame (avih), dwMaxBytesPerSec
(avih), dwTotalFrames (avih), dwSuggestedBufferSize (avih),
dwScale (strh – video), dwLength (strh - video),
dwSuggestedBufferSize (strh - video), dwLength (strh - audio),
dwSuggestedBufferSize (strh – audio), apresentam valores que são
dependentes do conteúdo dos streams de áudio e vídeo.
Especialmente, a variável dwScale (strh – video) apresenta leves
variações, adequando a taxa de quadros por segundo em até duas casas decimais sempre em
valores no entorno de 12,5 quadros por segundo. Tais variações foram verificadas nos
arquivos de teste, conforme pode ser visualizado na relação de valores constante da Tabela 9.
Tabela 9 – Valores observados na variável dwScale (strh – video) nos ensaios
Arquivo dwScale
PericiaCriminalFederal.V1-40026.221.01.avi 79998
PericiaCriminalFederal.V1-40026.223.01.avi 79998
PericiaCriminalFederal.V1-40026.226.01.avi 79998
PericiaCriminalFederal.V1-40026.227.01.avi 79998
PericiaCriminalFederal.V1-40026.228.01.avi 79998
PericiaCriminalFederal.V1-40026.229.01.avi 79999
PericiaCriminalFederal.V1-40026.230.01.avi 79998
PericiaCriminalFederal.V1-40026.231.01.avi 79999
PericiaCriminalFederal.V1-40026.232.01.avi 79999
PericiaCriminalFederal.V1-40026.233.01.avi 79998
PericiaCriminalFederal.V1-40026.236.01.avi 79999
PericiaCriminalFederal.V1-40026.237.01.avi 79999
PericiaCriminalFederal.V1-40026.238.01.avi 79998
PericiaCriminalFederal.V1-40026.240.01.avi 79998
PericiaCriminalFederal.V1-40026.241.01.avi 80002
PericiaCriminalFederal.V1-40026.245.01.avi 79996
PericiaCriminalFederal.V1-40026.246.01.avi 79997

60
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Observa-se que os arquivos de teste produzidos nos ensaios apresentam, além


dos chunks relacionados aos cabeçalhos dos streams de áudio e vídeo, um JunkChunk
antecedendo a lista movi, ocupando ao todo 1674 bytes, sendo 1666 bytes (correspondentes
ao seu payload) iguais a zero. A Figura 59 ilustra o JunkChunk produzido.

Figura 59 – Parcela dos bytes que compreende JunkChunk dos arquivos de ensaio.

Também nos arquivos de teste foi observado a presença do chunk opcional


strn, em ambos os streams de áudio e de vídeo, contendo a nomenclatura título dos streams.
O chunk strn para o stream de vídeo apresenta a string Geonautics International.
Observa-se que tal string corresponde à marca associada a uma linha de dispositivos de
vigilância do fabricante do equipamento. De fato, embora o equipamento seja identificado por
meio de sua documentação e do manual que o acompanha, bem como de etiquetas apostas em
sua maleta, com o nome de modelo DAVR 100 da GTS Services (empresa sediada na
França), observa-se que originalmente a fabricante é a empresa com sedes na Austrália,
Canadá e nos Estados Unidos da América, denominada The Nautics Group, com a
denominação correta de TAG V1-EMU para o modelo do equipamento, pertencente à linha
de dispositivos de vigilância Geonautics International52.
Já para o stream de vídeo, o chunk strn apresenta como dados de título a
string Audio. Como particularidade, tal string está contida em um campo de dados que
contém ao todo 8 bytes antes de se iniciar o próximo chunk, enquanto o tamanho do campo de
dados no cabeçalho strn é sinalizado com um total de 7 bytes. As Figuras 60 e 61 retratam,

52 https://nauticsgroup.com/ acessado em 11/05/2018.


61
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respectivamente, os títulos contidos nos chunks strn de ambos os streams de vídeo e áudio.
Essas peculiaridades são compatíveis com os arquivos de vídeo questionados vídeo
ambiental.avi e Default.V1-40026.162.01.avi.

Figura 60 – Título contido no chunk strn do stream de vídeo dos arquivos de ensaio.

Figura 61 – Título contido no chunk strn do stream de áudio dos arquivos de ensaio.

Tal como os arquivos questionados vídeo ambiental.avi e


Default.V1-40026.162.01.avi, os arquivos produzidos nos ensaios apresentaram,
após o término do conteúdo compreendido no payload RIFF, bytes de preenchimento
copiados de trechos contidos no payload RIFF, de tal forma que o arquivo como um todo
seja múltiplo de 512 bytes. A Figura 62 ilustra a sequência de bytes de preenchimento, após o
término do payload RIFF, e copiados de outro trecho do mesmo arquivo.
Conforme pode se verificar da estrutura em árvore dos arquivos de teste,
conforme mostrado na Figura 58, em comparação com a estrutura dos arquivos de áudio
questionados (Figura 41), bem como a partir do conjunto de informações constantes de seus
metadados, a estrutura dos arquivos de teste e suas peculiaridades são idênticas àquelas
dos arquivos questionados.

62
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Figura 62 – Bytes de preenchimento com repetição de bytes de índice de quadros nos arquivos
de ensaio.

IV.5.2 – Características e eventos acústicos/visuais de interesse nos arquivos de teste exportados


em AVI pelo equipamento DAVR 100.
Os arquivos de teste produzidos pelos Peritos com os gravadores DAVR
100 questionados foram analisados com o objetivo de verificar características e eventos
acústicos/visuais de interesse forense, para confronto com os arquivos questionados
vídeo ambiental.avi e Default.V1-40026.162.01.avi. As Seções a seguir
apresentam os principais achados considerados relvantes para a realização dos confrontos
pertinentes ao exame em tela.

IV.5.2.1 – Limitação espectral do stream de áudio


Foram realizados ensaios com arquivos de vídeo contendo stream de áudio,
com aproximadamente dez minutos de duração, em condições de gravação de ruído
ambiental, de forma dissimulada nas vestes do portador, em condições de deslocamento.
Foi observada moderada atenuação espectral no stream de áudio dos arquivos de teste, a
partir de aproximadamente 4.800Hz. Na Figura 63 pode ser visualizado o espectro LTA
(Long Term Avarage) do stream de áudio de um dos arquivos de ensaio, utilizando janela de
Blackmann-Harris com 8.192 pontos, como forma de estimar a densidade espectral de potência

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do sinal de áudio. A seta em azul no gráfico LTA evidencia a existência da frequência de corte
em 4.800 Hz.

Figura 63 – Espectro LTA de um arquivo de ensaio, utilizando janela de Blackmann-Harris


com 8.192 pontos.

Essa característica de limitação espectral é a mesma observada nos streams de


áudio contidos nos arquivos questionados vídeo ambiental.avi e Default.V1-
40026.162.01.avi, conforme pode ser visualizado nas Figuras 47 e 48, e está tipicamente
relacionada a parâmetros de projeto dos circuitos de digitalização de áudio, mais especificamente
a faixa de corte dos filtros anti-aliasing.

IV.5.2.2 – Matrizes de quantização MJPG e ordenamento dos marcadores de segmentos de


dados JPEG
O stream de vídeo dos arquivos de teste realizados nos ensaios está
codificado em MJPG. Observa-se que os quadros codificados em JPEG apresentam as
mesmas matrizes de quantização de luminância e crominância observadas nos streams de
vídeo contidos nos arquivos questionados vídeo ambiental.avi e Default.V1-
40026.162.01.avi, conforme descrito na Tabela 8. Além disso, os arquivos de teste
apresentam, para cada quadro codificado em JPEG, a mesma sequência ordenada de
marcadores de segmento de dados dos arquivos questionados vídeo ambiental.avi
e Default.V1-40026.162.01.avi, conforme descrito na Seção IV.3.2.2

64
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IV.5.2.3 – Artefatos de bordas


As imagens geradas nos ensaios com o equipamento gravador DAVR 100
40026, utilizando-se ambas as câmeras encaminhadas, apresentam artefatos nas bordas
horizontal inferior e vertical esquerda, com a espessura de uma unidade de pixel, onde os
valores dos pixels apresentam intensidade próxima ao valor mínimo da faixa dinâmica
efetiva, independentemente de se tratar de quadro oriundo de cena com elevada exposição
luminosa.
A Figura 64 ilustra os artefatos de borda encontrados, por meio de uma
imagem ampliada do vértice inferior esquerdo de quadros tomados a partir dos arquivos
de teste, utilizando-se as câmeras encaminhadas, tanto com o gravador 40026 quanto
com o gravador 40084.

Figura 64 – Artefatos de borda em arquivos de teste: câmera 40026 (esquerda) e câmera


40084 (direita).

Como consequência, também foram observados artefatos de ringing nas


bordas inferior e esquerda dos vídeos de teste, conforme ilustrados pela Figura 65 e
delimitados pelas linhas em amarelo, em quadros tomados a partir dos arquivos de teste,
utilizando-se as câmeras encaminhadas, tanto com o gravador 40026 quanto com o
gravador 40084.

65
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Figura 65 – Artefatos de ringing em arquivos de teste: câmera 40026 (esquerda) e câmera


40084 (direita).

Os artefatos de borda observados são peculiares e fruto de aspectos


construtivos ou de projeto. Observa-se que os artefatos encontrados nos arquivos de teste são
idênticos aos descritos nos arquivos questionados vídeo ambiental.avi e
Default.V1-40026.162.01.avi, conforme descrito na Seção IV.3.2.3.

IV.5.2.4 – Faixa dinâmica


As imagens geradas nos ensaios com o equipamento gravador DAVR 100
40026 apresentam informação de luminância com faixa dinâmica efetiva que não se
estende por toda a amplitude de valores possíveis.
A Figura 66 ilustra os histogramas de luminância, considerando todos os
quadros, a partir dos arquivos de teste, utilizando-se a câmera encaminhada com o
gravador 40026 (esquerda) quanto com o gravador 40084 (direita). Observa-se que nos
vídeos de teste, os histogramas apresentam uma limitação em sua faixa dinâmica,
saturando os níveis de luminância em valores abaixo do fundo de escala (255), bem como
apresentando patamar mínimo para os valores de luminância, acima da origem da escala
de representação (0).
Para uma melhor caracterização da faixa dinâmica, foram calculados os
histogramas cumulativos de luminância, considerando-se todos os quadros para ambos os
vídeos de teste, conforme ilustrado nos gráficos da Figura 67.
66
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Figura 66 – Histogramas de luminância considerando todos os quadros: câmera 40026


(esquerda), câmera 40084 (direita).

Figura 67 – Histogramas cumulativos de luminância: câmera 40026 (esquerda) e câmera


40084 (direita).

É possível constatar, conforme representado pelas linhas tracejadas, que há


nos vídeos de teste uma limitação na faixa dinâmica dos níveis de luminância entre
valores próximos a 13, no limite inferior, e próximos a 234, no limite superior. A seta em
vermelho delimita a limitação de faixa dinâmica observada.
A limitação de faixa dinâmica dos níveis de luminância é peculiar e fruto de
aspectos construtivos ou de projeto. Observa-se que tal limitação é a mesma observada nos
arquivos questionados vídeo ambiental.avi e Default.V1-40026.162.01.avi,
conforme descrito na Seção IV.5.2.4.

67
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IV.5.3 – Análise de Corrente de Preto do Sensor de Imageamento.


As imagens geradas nos ensaios com o equipamento gravador DAVR 100
40026 também demonstram de forma visual a existência de hot pixels nos quadros
gerados.
Para a caracterização da existência e localização de hot pixels nos quadros
produzidos pelo sensor de imageamento, foi feita a coleta de padrão de ruído fixo das
câmeras CCD encaminhadas com os gravadores 40026 e 40084. Para tal, com cada uma
das câmeras foram gerados vídeos com aproximadamente 20 minutos de duração, com
obstrução total da entrada de luz pelo obturador das câmeras CCD, visando a obter quadros
com estimativa das componentes de ruído.
Cada um dos vídeos gerados por cada uma das câmeras foi submetido a
extração do ruído de padrão fixo de natureza impulsiva. Para tal foi realizada a extração
do resíduo de ruído impulsivo de cada quadro, utilizando-se para isso um filtro de
mediana, com kernel de 5x5 pixels, como filtro de supressão de ruído. A caracterização
dos hot pixels foi realizada pela extração do ruído impulsivo de padrão fixo por meio da
média aritmética dos resíduos de ruído obtidos (LUKAS; FRIDRICH; GOLJAN, 2006),
seguida de uma operação morfológica de dilatação em escala de cinza e ajuste de brilho e
contraste visando tornar mais visíveis os hot pixels. Foram utilizados 1000 quadros
consecutivos localizados no final dos vídeos.
A Figura 68 ilustra as estimativas do padrão de ruído fixo, com os hot pixels
destacados em cor mais clara, extraídos das câmeras CCD encaminhadas com os
gravadores 40026 (esquerda) e 40084 (direita).
A existência de hot pixels no ruído de padrão fixo extraído de determinada
câmera pode ser utilizada como forma de verificar se determinada imagem é proveniente do
sensor daquela câmera (KUROSAWA; KUROKI; SAITOH, 1999).
No caso em questão, as estimativas de ruído de padrão fixo extraídas das
duas câmeras CCD, encaminhadas com o gravador 40026 e 40084 (Figura 68), foram
comparadas com os resíduos de ruído de padrão fixo extraídos dos arquivos questionados
vídeo ambiental.avi e Default.V1-40026.162.01.avi (Figura 54).

68
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Figura 68 – Hot pixels: câmera 40026 (esquerda) e câmera 40084 (direita).

Da comparação, verifica-se a convergência entre o ruído de padrão fixo da


câmera CCD encaminhada com o gravador 40026 (Figura 69, esquerda) e o resíduo de
ruído de padrão fixo do arquivo questionado Default.V1-40026.162.01.avi
(Figura 69, direita), conforme pode ser verificado por meio da disposição dos hot pixels ilustrada
pelas setas vermelhas53.

Figura 69 – Convergência dos hot pixels produzidos pela câmera encaminhada com o
gravador 40026 (esquerda) e presentes no arquivo Default.V1-
40026.162.01.avi (direita).

A comparação entre o resíduo de ruído de padrão fixo do arquivo


questionado Default.V1-40026.162.01.avi com a estimativa de ruído de padrão
fixo da câmera CCD, encaminhada com o gravador 40084, demonstra-se divergente.

53 Verificou-se que um dos hot pixels identificados no arquivo Default.V1-40026.162.01.avi não foi
observado na extração do ruído de padrão fixo da câmera no momento dos exames.
69
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Da mesma forma, a comparação entre o resíduo de ruído de padrão fixo do


arquivo questionado vídeo ambiental.avi mostrou-se divergente com a estimativa
de ruído de padrão fixo de ambas as câmeras CCD.
Dessa análise é possível concluir que os achados corroboram muito
fortemente, ou seja, com elevado grau de plausibilidade (verossimilhança), a hipótese de que
a câmera CCD encaminhada com o gravador 40026 foi a câmera utilizada para
produzir os registros de vídeo constantes do arquivo Default.V1-
40026.162.01.avi.

IV.5.4 – Análise de Não Uniformidade de Resposta Fotônica do Sensor de Imageamento


Adicionalmente à análise da corrente de preto, foi realizada a comparação
da parcela de ruído de padrão fixo decorrente da não uniformidade de resposta fotônica do
sensor (PRNU – do inglês, Photo-Response Non-Uniformity) (HOLST; LOMHEIM,
2011), como forma de verificar a fonte de determinado arquivo de imagem.
Para tal, foi realizada a estimativa da parcela de ruído fixo correspondente à
PRNU, utilizando a abordagem descrita por Fridrich (2009), para ambas as câmeras CCD
encaminhadas com os gravadores 40026 e 40084.
Para tal, utilizou-se os vídeos de teste gerados com ambas as câmeras,
selecionando trechos com uma duração total aproximada de 10 (dez) minutos para cada.
Dos quadros dos vídeos foram descartados as oito colunas mais à esquerda, bem como as
oito linhas inferiores para remoção da porção da imagem que contém artefatos de borda
em alta frequência espacial, para evitar a sua captura no processo de estimação do ruído
de padrão fixo PRNU (CHEN et al., 2007).
Cada um dos vídeos gerados por cada uma das câmeras foi submetido a
extração do ruído PRNU, utilizando-se filtro de remoção de ruído baseado em transformadas
wavelets54 e um estimador de máxima verossimilhança para a PRNU. Para evitar a
polarização indesejada das estimativas, os pixels pertencentes a regiões com saturação não
foram considerados na extração. Por último, as estimativas foram submetidas a um pós-
processamento para a remoção de artefatos periódicos (FRIDRICH, 2009). Com isso, obteve-
se o padrão correspondente ao ruído de não uniformidade de resposta fotônica de cada uma

54 Tal qual em Chen et al (2007) foi utilizado parâmetro σ=1,5 para o filtro wavelets.
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das câmeras CCD encaminhadas com os gravadores 40026 e 40084, doravante referidos
apenas como Padrão PRNU 40026 e Padrão PRNU 40084, respectivamente.
Para a atribuição de fonte dos vídeos questionados em relação a cada uma
das câmeras foram realizadas duas abordagens distintas. Nas duas abordagens, ambos os
vídeos questionados foram confrontados com ambas as câmeras. Sendo assim, a descrição
das abordagens abaixo deve ser entendida como tendo sido realizada separadamente para
cada vídeo.
Na primeira abordagem, dado um dos vídeos questionados, foram
selecionados diversos quadros distintos que foram confrontados de forma independente
com o padrão PRNU de cada câmera, como se fossem imagens estáticas desconexas 55, em
quadro completo56. Para tal, os quadros foram submetidos a extração do resíduo de ruído,
por meio do mesmo filtro de remoção de ruído utilizado na extração do PRNU dos
arquivos de teste de cada câmera.
A partir do resíduo de ruído de cada quadro foi calculada a superfície de
correlação cruzada normalizada (NCC, do inglês Normalized Cross-Correlation), que é a
função de detecção ótima para o problema de identificação de câmera, quando modelado
como um teste de hipóteses binário, nos moldes do descrito em Chen et al. (2007).
A partir da superfície NCC, foi calculado – para cada quadro – o pico de
energia de correlação (PCE, do inglês Peak-to-Correlation Energy)57 (KUMAR;
HASSEBROOK, 1990) entre o resíduo de ruído extraído e o Padrão PRNU de cada
câmera (FRIDRICH, 2009).
Em Goljan, Fridrich & Filler (2009), os autores, por meio de um teste em
larga escala58, realizaram o levantamento das distribuições estatísticas do PCE entre o
resíduo de ruído em imagens estáticas independentes com o Padrão PRNU de uma dada
câmera, para as condições em que essas imagens são (e não são) provenientes da câmera
confrontada. Do referido teste em larga escala é possível estabelecer, por exemplo, um
limiar para o PCE a partir do qual se pode classificar uma imagem como sendo
55 Essa abordagem subestima a informação decorrente de conhecimento a priori de que os quadros do vídeo
não são de fato imagens estáticas independentes, e sim imagens geradas a partir de um mesmo dispositivo.
56 As câmeras sob análise produzem vídeos com tamanho em pixels igual aos vídeos questionados, de tal forma
que a situação de atribuição positiva somente pode ser considerada na hipótese de quadro completo (ou seja,
sem haver operação de crop, ou recorte, dos quadros).
57 Embora seja uma medida de energia de correlação e, portanto, assuma valores sempre maiores ou iguais a
zero, serão adotados como notação valores negativos de PCE quando associada a uma medida de correlação
negativa.
58 Os autores analisaram 1.052.700 imagens, provenientes de 6.896 câmeras distintas.
71
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proveniente de determinada câmera, com uma dada confiança. Os autores sugerem o


critério de Neyman-Pearson (VAN TREES, 2004), priorizando minimizar o erro de falsa
atribuição à custa de um erro de falsa rejeição mais alto. Dos resultados do teste em larga
escala, classificar, por exemplo, uma imagem como proveniente de uma determinada
câmera, quando o PCE é superior ou igual a 16,5255, resulta em uma probabilidade de
falsa atribuição (PFA) igual a 2,4.10−5 para uma probabilidade de falsa rejeição (PFR)
igual a 0,0238. Obviamente, quanto maior o valor do limiar utilizado, menor será a
probabilidade de falsa atribuição, que pode ser calculada por meio da distribuição
estatística modelada. Em outras palavras, quanto maior o valor do pico de energia de
correlação, mais forte é a evidência de atribuição à câmera, podendo-se majorar o limiar
de detecção tornando-o mais conservador e minorando-se a probabilidade de falsa
atribuição associada.
A comparação dos vídeos questionados por meio dessa abordagem foi feita
selecionando-se, por amostragem, quadros uniformemente espaçados ao longo dos vídeos
questionados. Para o arquivo de vídeo Default.V1-40026.162.01.avi foram
tomados 12 (doze) quadros espaçados em 1 (um) minuto de intervalo e para o arquivo
vídeo ambiental.avi foram tomados 13 (treze) quadros espaçados em intervalos de 4
(quatro) minutos cada. Nas Tabelas 10 e 11 estão listados os valores da evidência PCE e os
valores de probabilidade de falsa atribuição correspondentes ao limiar mais conservador
possível que permitiria atribuir tal imagem à câmera em questão. Os quadros selecionados
em ambos os vídeos foram comparados ao padrão PRNU de cada câmera e, para cada
um, foi calculado o valor da evidência PCE e da probabilidade de falsa atribuição
associada.
Tabela 10 – Confronto entre o padrão PRNU de cada uma das câmeras examinadas e quadros
do arquivo Default.V1-40026.162.01.avi.
Padrão PRNU 40026 Padrão PRNU 40084
Quadro PCE PFA PCE PFA
1 66,0400 2,2093.10−16 -3,7411 0,97345
751 45,8985 6,2271.10−12 -2.8995 0,95569
1501 19,6785 4,5813.10−6 -1.4224 0,88349
2251 59,4224 6,3605.10−15 -0.8920 0,82754
3001 62,4074 1,3963.10−15 -0.4498 0,74879

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Tabela 10 – Confronto entre o padrão PRNU de cada uma das câmeras examinadas e quadros
do arquivo Default.V1-40026.162.01.avi.
Padrão PRNU 40026 Padrão PRNU 40084
Quadro PCE PFA PCE PFA
−6
3751 20,0779 3,7175.10 -3.9399 0,97642
4501 32,4367 6,1569.10−9 -0.6392 0,78801
5251 8,0619 2,2602.10−3 -0.0583 0,59545
6001 38,7165 2,4503.10−10 -0,6238 0,78518
6751 46,7483 4,0358.10−12 2,5421.10−4 0,49363
7501 43,1729 2,5055.10−11 -1,0273 0,84460
8251 64,7291 4,2967.10−16 -0,5481 0,77047

Tabela 11 – Confronto entre o padrão PRNU de cada uma das câmeras examinadas e quadros
do arquivo vídeo ambiental.avi.
Padrão PRNU 40026 Padrão PRNU 40084
Quadro PCE PFA PCE PFA
1 -0,4081 0,7385 0,0378 0,4228
3001 1,7874 0,0906 -0,3915 0,7342
6001 -0,8927 0,8276 1,2414 0,1325
9001 -1,7538 0,9073 1,5152 0,1091
12001 -6,0407 0,9930 -0,0034 0,5235
15001 3,7623 0,0262 -1,2880 0,8717
18001 0,0899 0,8209 2,1081 0,0732
21001 -0,3207 0,7144 1,9302 0,0823
24001 0,2817 0,2977 -0,6126 0,7830
27001 -12,4099 0,9997 -0,1508 0,6511
30001 -1,1169 0,8547 -0,2823 0,7024
33001 -0,7502 0,8068 -0,0513 0,5896
36001 7,3750 0,0033 -1,8989 0,9159

Como se pode verificar nas Tabelas 10 e 11, os valores de PCE e as


correspondentes probabilidades de falsa atribuição são visivelmente díspares em situações
distintas de comparação de cada um dos vídeos. Seus valores apresentam relevância e
significância estatística suficiente para atribuir os quadros do vídeo Default.V1-

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40026.162.01.avi à câmera CCD encaminhada com o gravador 40026, ao tempo


em que não permite atribuir os quadros do arquivo vídeo ambiental.avi a qualquer
uma das câmeras.
Numa segunda abordagem, para cada um dos vídeos questionados, foram
utilizados os quadros sequenciais que totalizam os primeiros dez minutos de reprodução
para fazer a estimação do padrão PRNU das câmeras que os capturaram, utilizando-se a
mesma estratégia empregada na extração do Padrão PRNU 40026 e Padrão PRNU
40084 (FRIDRICH, 2009). Com isso, calcularam-se as estimativas de ruído PRNU das
câmeras que geraram cada um dos vídeos questionadas, doravante denominadas PRNU
Video Ambiental e PRNU Default.V1, associados aos arquivos questionados vídeo
ambiental.avi e Default.V1-40026.162.01.avi, respectivamente.
Essa é a mesma abordagem utilizada em Chen et al. (2007), onde se calcula
a superfície de correlação cruzada normalizada (NCC), bem como a energia de correlação
de pico (PCE) entre as estimativas PRNU extraídas a partir de cada arquivo questionado
(PRNU Video Ambiental e PRNU Default.V1) e as estimativas PRNU extraídas de cada
câmera (padrão PRNU 40026 e padrão PRNU 40084)59.
Novamente, a evidência de atribuição é fortalecida para uma conclusão
verossímil a partir de valores de energia de correlação de pico elevados, em uma ou mais
ordens de grandeza acima dos valores de correlação obtidos ao acaso, o que se manifesta
por picos impulsivos proeminentes na superfície NCC.
Em Chen et al. (2007), os autores verificaram que, com essa abordagem para
arquivos de vídeo, os valores de energia de correlação de pico resultam em valores na casa de
1000 unidades ou mais, com coeficiente de correlação acima de 0,04 e em situações de
atribuição positiva para vídeos com taxa de bits acima de 450 kbps. Em situações de
atribuição negativa, os valores de energia de correlação de pico mantêm-se significativamente
mais baixos, com mediana na casa das 50 unidades ou menos e valores máximos que não
ultrapassam uma centena de unidades.
No caso em questão, as superfícies NCC, os valores de PCE e de coeficiente
de correlação obtidos, considerando-se dez minutos de vídeo questionado, apresentam valores
visivelmente díspares em situações distintas de comparação para cada um dos arquivos
questionados. De fato, a superfície NCC permite, por inspeção visual, a imediata e elevada
59 Essa abordagem leva em conta a informação decorrente de conhecimento a priori de que os quadros do
vídeo são imagens geradas a partir de um mesmo dispositivo.
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evidência de atribuição entre PRNU Default.V1 e Padrão PRNU 40026, ao tempo em que
não permite a atribuição entre PRNU Video Ambiental e o Padrão PRNU de qualquer
uma das câmeras. Os valores de PCE e de coeficiente de correlação resumem a mesma
informação visual, apontando para a mesma conclusão. Todas essas evidências estão
resumidas na Figura 70.
Padrão PRNU 40026 Padrão PRNU 40084
PRNU Default.V1

PCE = 1,0434.10+3 Coef.Correl = 0,1106 PCE = -1,678851 Coef.Correl = - 0,0045


PRNU Video Ambiental

PCE = 14,3397 Coef.Correl = 0,0166 PCE = 5,647 Coef.Correl = 0,0101


Figura 70 – Superfícies NCC, valores de PCE e de coeficientes de correlação entre arquivos
questionados e câmeras.

Dos resultados dessa análise verifica-se que os achados corroboram muito


fortemente, ou seja, com elevado grau de plausibilidade (verossimilhança), a hipótese de
atribuição entre os registros de vídeo constantes do arquivo Default.V1-
40026.162.01.avi e a câmera CCD encaminhada com o gravador 40026.

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IV.5.5 – Compilação das análises efetuadas entre os arquivos de vídeo/áudio questionados e


equipamentos denominados DAVR 100.
Levando-se em consideração as análises realizadas na SeçãoIV.5 e os achados
relevantes relacionados à estrutura dos arquivos de vídeo, às características e eventos
acústicos e visuais presentes nos arquivos, à análise de corrente de preto e à não uniformidade
de resposta fotônica, conclui-se que os registros de vídeo constantes do arquivo
Default.V1-40026.162.01.avi foram produzidos pelo conjunto gravador
denominado DAVR 100, modelo TAG V1-EMU, pertencente à linha de dispositivos de
vigilância da Geonautics International, número de série 40026, utilizando a
câmera CCD encaminhada conjuntamente com o referido equipamento , na mesma
maleta de transporte.
Conclui-se ainda que os registros de vídeo constantes do arquivo Video
ambiental.avi foram produzidos por conjunto gravador modelo TAG V1-EMU,
pertencente à linha de dispositivos de vigilância da Geonautics
International.60 Não foi possível atribuir, ou refutar a atribuição, do arquivo
questionado aos equipamentos denominados DAVR 100 encaminhados a exame.
Entretanto, é possível afirmar que o arquivo questionado não foi produzido por
nenhuma das câmeras CCD encaminhadas.

IV.6 – Confronto entre arquivos de áudio questionados e equipamentos DAR 050.


Foram encaminhados 3 (três) equipamentos destinados à gravação de áudio
e vídeo denominados na documentação de encaminhamento por DAR 050, identificados
em seu corpo por meio de etiquetas contendo os numerais de série 050101, 2168 e
2161, respectivamente, registrados no Sistema de Criminalística sob os protocolos
Material nº 127/2018-DITEC/PF, Material nº 413/2014-SETEC/SR/PF/MA e
Material nº 134/2018-DITEC/PF, descritos e ilustrados nas Seções II.4, II.5 e II.6,
respectivamente.
Trata-se de equipamentos portáteis destinados à captação de áudio, com
conexão para memória intercambiável do tipo Compact Flash I61. Esses equipamentos
gravam arquivos de áudio em container do tipo wave e formato de compressão do tipo
60 Aqui denominado DAVR 100.
61 O equipamento não possui memória interna, apenas conexão para memória intercambiável do tipo Compact
Flash I.
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PCM linear, PCM lei - µ ou PCM lei - A. Permitem gravar arquivos de áudio com taxas de
amostragem de 6, 8, 10, 16, 32 e 48 kHz, e modo estéreo. Utilizam microfones internos ou
microfones externos, do tipo eletreto, que são acoplados por meio de conector proprietário
ao corpo do gravador. Possuem controle automático de ganho e recursos de gravação
automática por ativação por voz, ambos configuráveis 62. Possuem alimentação por meio
de duas pilhas em série do tipo AAA (1,5 V) ou por fonte de alimentação própria.
Os equipamentos possuem ainda possibilidade de configuração de gravação
por timer, onde o usuário define o horário de início e término da gravação, sem
necessidade de intervenção manual. A gravação por timer permite ainda configurar a
condição de prioridade da gravação agendada frente a qualquer manuseio do equipamento,
de tal forma que uma vez iniciada, não possa ser interrompida de forma manual 63.
Possuem configuração de gravação em modo loop, que quando ativado gravam
ciclicamente os arquivos na memória, sobrescrevendo os mais antigos no caso de
esgotamento da capacidade livre de armazenamento.
O DAR 050 dispõe de visor de cristal líquido (LCD, do inglês Liquid
Crystal Display) e teclado que permite realizar a configuração dos diversos parâmetros de
operação, bem como de data e hora. Possui ainda chave mecânica destinada ao
acionamento da gravação, bem como à seleção entre microfones internos ou externos.
As configurações e parâmetros de gravação, uma vez ajustadas, são
mantidas ainda que o equipamento seja desenergizado, com exceção das configurações de
data e hora que, uma vez ajustadas, são perdidas se houver retirada ou descarga completa
das pilhas e for mantido sem alimentação externa. De fato, considerando que haja a
configuração do equipamento com uma data (DD/Mes/AAAA) 64 e hora (hh:mm:ss) 65
específicas, ao desenergizar o equipamento por mais que alguns minutos 66 essa
configuração é perdida e, quando reenergizado, seus valores são reconfigurados para
01/Jan/BBBB e 00:00:00. Por meio de ensaios, os Peritos constataram que o valor relativo

62 O limiar de ativação por voz é configurável pelo usuário diretamente no equipamento, por meio de seu visor
e teclado.
63 Interrompe-se antes do agendado somente cessando-se de alimentação, ou por falta de espaço para
armazenamento.
64 “DD” corresponde ao numeral relativo ao dia do mês, “Mês” corresponde a uma sequência das três
primeiras letras do mês e “AAAA” corresponde ao numeral relativo ao ano.
65 “hh” corresponde a hora, “mm” corresponde aos minutos e “ss” corresponde aos segundos.
66 Embora o manual refira-se a um minuto como suficiente para perda da configuração horária, os Peritos
verificaram que são necessários cerca de três minutos desenergizado para tal.
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ao ano dessa nova configuração de data – BBBB – é dependente do valor de ano AAAA
anteriormente configurado, sendo igual ao maior múltiplo de quatro que é menor ou igual
a AAAA. Ou seja:
67
BBBB= AAAA−mod ( AAAA ,4) (2)

O DAR 050 pode ser conectado a uma porta USB de uma estação
computacional utilizando-se um cabo com conector específico como interface física e ser
acessado por meio de software específico denominado STC-S203 Sound Manager. O
software conecta-se ao equipamento por meio de ação direta do usuário em botão
específico ou por comando presente no menu do software. Ao conectar-se no equipamento,
o referido software retorna o número de série registrado em seu firmware. Os
equipamentos apresentados para exame retornaram os seguintes números de série:
a) Material nº 127/2018-DITEC/PF: 1783.
b) Material nº 413/2014-SETEC/SR/PF/MA: 2168.
c) Material nº 134/2018-DITEC/PF: 2162.
Por meio desse software é possível realizar a configuração de data e hora
fazendo-se a sincronização com a data e hora da estação computacional. Também é
possível por meio desse software configurar no equipamento um códio PIN para evitar
acesso não autorizado às configurações de parâmetros de operação do equipamento. Por
padrão, os equipamentos vêm de fábrica sem qualquer código PIN configurado. Nenhum
dos três equipamentos encaminhados possuem configurados algum código PIN em seu
firmware.
Além disso, o software STC-S203 Sound Manager permite ativar uma
função de mascaramento 68 do sinal de áudio por sinal ruidoso, pseudoaleatório, associado
à cada gravador DAR 050. A despeito de eventuais ataques que possam ser realizados
para a supressão passiva do ruído inserido, o mascaramento torna o arquivo de áudio
ininteligível quando reproduzido em qualquer meio convencional. As Figuras 71 e 72
ilustram o oscilograma e o espectrograma, respectivamente, de um arquivo de áudio
gravado com a função de mascaramento ativada.

67 Função mod(x,y) retorna o inteiro correspondente ao resto da divisão entre os inteiros x e y.


68 Apenas para as taxas de amostragem de 6, 8 e 10 kHz.
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Figura 71 – Oscilograma de um arquivo de áudio de teste gravado com a função de


mascaramento ativada.

Figura 72 – Espectrograma de um arquivo de áudio de teste gravado com a função de


mascaramento ativada.

A reprodução de um áudio com mascaramento de forma inteligível pode ser


feita diretamente a partir do equipamento gravador que o gerou ou a partir do software
STC-S203 Sound Manager. Ressalte-se que, a partir do software STC-S203 Sound
Manager, é possível realizar a exportação de novo arquivo de áudio, a partir do original
mascarado, sem o ruído de mascaramento. Ademais, a reprodução a partir do software
STC-S203 Sound Manager não exige o conhecimento do código PIN ou de qualquer outro
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mecanismo de senha. As Figuras 73 e 74 ilustram o oscilograma e o espectrograma do


mesmo áudio quando exportado pelo software STC-S203 Sound Manager com esse ruído
suprimido.

Figura 73 – Oscilograma do áudio de teste quando exportado pelo software STC-S203


Sound Manager com o ruído de mascaramento suprimido.

Figura 74 – Espectrograma do áudio de teste quando exportado pelo software STC-S203


Sound Manager com o ruído de mascaramento suprimido.

Além das funcionalidades já mencionadas, o software STC-S203 Sound


Manager possui funções típicas de um gerenciador de arquivos de áudio em container do
tipo wave. Permite a navegação pela estrutura de diretório dos sistemas de arquivo
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contidos nos volumes de dados do sistema operacional e a visualização dos arquivos


wave existentes no referido volume, por meio de listagens contendo informações de
metadados, como nome, data, hora, duração, taxa de amostragem, profundidade de bits,
número de canais e tamanho em bytes.
Além disso, permite visualizar se os arquivos wave gerados pelos
equipamentos denominados DAR 050 foram gravados utilizando as configurações de
mascaramento, ativação por voz, gravação em loop e timer. Arquivos gravados com esses
recursos ativados são visualizados no software com ícones indicativos de tal configuração.
A Figura 75 ilustra a interface gráfica do software STC-S203 Sound
Manager.

Figura 75 – Interface gráfica do software STC-S203 Sound Manager.

Além disso, os Peritos constataram durante testes com o software STC-S203


Sound Manager que, ao se abrir arquivos de áudio no formato wave, que não foram
gerados por equipamentos DAR 050, o campo correspondente ao início da gravação

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apresentava registro de data hora sempre igual a “00/00/00 00:00:00”, ao tempo em que o
campo correspondente à duração é apresentado.

A Figura 76 ilustra a interface do programa com um arquivo de áudio no


formato wave, gravado por equipamento de outra marca e modelo (no caso, gravado pelo
equipamento denominado DAR 040), onde se constata a inexistência da informação
horária de início da gravação e a presença da informação de duração.

Isso permite concluir que, as informações de data/hora, apresentadas no


campo correspondente ao início da gravação, são provenientes de informação constante de
metadados do container wave, que são de formatação proprietária daquele modelo de
equipamento, e que a informação de duração independe de informações de cabeçalho
proprietárias.

Figura 76 – Interface do programa STC-S203 Sound Manager com arquivo de áudio no


formato wave, gravado por equipamento distinto do DAR 050.

Visando a verificar se o software STC-S203 Sound Manager consegue obter


a informação horária acerca do início da gravação dos arquivos questionados, esses foram
abertos pelo referido programa, conforme ilustrado na Figura 77.

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Figura 77 – Interface do programa STC-S203 Sound Manager com os arquivos de áudio


questionados.

Verifica-se que o software atribui valores iguais a “23/10/09 11:37:48” para


o arquivo GNM_0001.WAV e “01/01/08 00:04:26” para o arquivo áudio
ambiental.wav. Tal fato indica, minimamente, que essa informação está inteligível
para o programa, de acordo com a formatação proprietária do equipamento DAR 050.
Observa-se ainda, na Figura 77, que ao se abrir os arquivos questionados
com o software STC-S203 Sound Manager, não há quaisquer ícones indicativos que
sinalizem a utilização de configurações de mascaramento, ativação por voz, gravação em
loop e timer.
Foram realizados ensaios com os equipamentos gravadores submetidos a
exame com o objetivo de verificar o seu funcionamento e obter arquivos de áudio para
comparação com os arquivos questionados, visando a realização de exame de verificação
de fonte. Para tal, configurou-se os equipamentos sob ensaio com parâmetros de gravação
correspondentes aos presentes nos arquivos questionados, bem como não foram utilizadas
as configurações adicionais de mascaramento, ativação por voz, gravação em loop e timer.
As comparações realizadas com os arquivos de teste e os exames efetuados encontram-se
descritas nas Seções subsequentes.

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IV.6.1 – Estrutura dos arquivos de teste WAVE produzidos pelo equipamento DAR 50.
Os arquivos de áudio gravados em teste pelos equipamentos DAR 050
examinados foram submetidos a análise de sua estrutura de arquivos. O s arquivos gerados
apresentam nomenclatura padronizada correspondente a seguinte sequência de caracteres:
GNM_XYWZ.wav, onde “XYWZ” corresponde a um sequencial numérico que é
incrementado, a cada nova gravação, em uma unidade acima do maior valor “XYWZ” dos
arquivos com nomenclatura padronizada presentes em sua memória. Se não há qualquer
arquivo na memória com a nomenclatura padrão, o valor “XYWZ” utilizado na nomenclatura
é igual a “0000”.
Os arquivos gerados apresentam estrutura de cabeçalho consistente com o que
estabelece o formato de container do tipo WAVE. A Figura 78 ilustra a estrutura dos arquivos
WAVE em um diagrama em árvore.

Figura 78 – Diagrama em árvore da estrutura dos arquivos gravados nos ensaios realizados
com os equipamentos DAR 050.

Dos ensaios verifica-se que os arquivos de vídeo/áudio produzidos pelos


equipamentos DAR 050 seguem a especificação geral de arquivos do tipo RIFF. Observa-se
na estrutura do arquivo um cabeçalho raiz RIFF WAVE e três chunks69, um destinado a conter
as variáveis relacionadas ao decodificador empregado, denominado FormatChunk, outro
destinado a conter os dados das amostras dos registros de áudio, denominado DataChunk, e
um chunk proprietário, identificado por gnm2 Chunk, contendo metadados proprietários.
Constata-se que, embora o equipamento seja identificado nos documentos de
encaminhamento e em etiquetas apostas em seu corpo com nome de modelo DAR 050,

69 Unidade de bloco de dados básica da estrutura RIFF.


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fabricado pela empresa, sediada na França GTS Services, a fabricante de fato é a empresa
de nacionalidade russa Speech Technology Center, e que originalmente o modelo do
equipamento é denominado GNOME 2M70,71.

Verifica-se que a estrutura dos arquivos WAVE gerados pelos equipamentos


DAR 050 nos ensaios é idêntica à estrutura dos arquivos questionados GNM_0001.WAV e
áudio ambiental.wav (tal qual ilustrado nas Figuras 28 e 78).
As variáveis contidas no FormatChunk dos arquivos de teste, durante os
ensaios, apresentam os mesmos valores das variáveis relacionadas na Tabela 5, provenientes
dos arquivos questionados GNM_0001.WAV e áudio ambiental.wav. Já as variáveis
do DataChunk, nas quais estão contadas as amostras de áudio, variam de arquivo para
arquivo, uma vez que são dependentes do conteúdo.
Já os dados contidos no gnm2 Chunk apresentam variações entre diferentes
gravações e entre gravadores. As Figuras 79, 80 e 81 ilustram o gnm2 Chunk para arquivos
gravados com os equipamentos com serial 2162, 1783 e 2168, respectivamente.
A partir dos ensaios realizados foi possível interpretar algumas das informações
proprietárias contidas no gnm2 Chunk. Observa-se que os 04 (quatro) primeiros bytes
dizem respeito ao horário de início (dois bytes), seguido do horário de fim (dois bytes) da
gravação, tal qual configurado no equipamento gravador. Do 5º (quinto) ao 8º (oitavo)
byte têm-se 04 (quatro) bytes definindo a data de início (dois bytes), seguida da data de
término (dois bytes) da gravação, tal qual configurada no gravador.
Ambas as informações de data/hora são formatadas de acordo com o padrão
adotado pelo sistema operacional Microsoft DOS. Como exemplo, as gravações ilustradas
nas Figuras 79, 80 e 81 apresentam valores que correspondem a informação horário de
início de gravação igual a “08:47:52 20/04/2018”, “09:19:58 20/04/2018” e “08:59:08
20/04/2018”, respectivamente. Da mesma forma, apresentam valores que correspondem à
informação de horário de término de gravação igual a “08:48:12 20/04/2018”, “09:20:08
20/04/2018” e “08:59:38 20/04/2018”.

70 http://speechpro.com/product/recorders acessado em 11/04/2018.


71 O modelo GNOME 2M foi descontinuado pelo fabricante.
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Figura 79 – gnm2 Chunk para arquivos gravados com o equipamento com serial 2162.

Figura 80 – gnm2 Chunk para arquivos gravados com o equipamento com serial 1783.

Figura 81 – gnm2 Chunk para arquivos gravados com o equipamento com serial 2168.

Uma ressalva deve ser feita com relação aos horários e datas de início e fim de
gravação colocados em cabeçalho. Quando observadas as durações dos arquivos constantes
dos exemplos (gravações ilustradas nas Figuras 79, 80 e 81) verifica-se que estas tem valor de
21,504, 12,416 e 28,288 segundos. Quando comparadas tais durações com o lapso temporal
das informações de data e hora de início e fim de gravação constantes do cabeçalho (20

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segundo, 10 segundos e 30 segundos), observa-se que há uma diferença entre o valor da


duração real e o lapso temporal constantes em cabeçalho de +1,504, +2,416 e -1,712. Essas
diferenças são esperadas uma vez que o formato de data e hora adotado pelo equipamento
(padrão Microsoft DOS) registra a informação horária a cada 2 segundos, bem como é
esperado um atraso temporal adicional entre a interrupção do processo de digitalização de
áudio pelo gravador e o registro do arquivo de áudio digital em memória, crescente com o
tamanho do arquivo. Com isso, insere-se um erro de precisão no registro horário presente no
cabeçalho de valor superior a dois segundos, para mais ou para menos.
O 13º e 14º bytes definem a taxa de amostragem do sinal de áudio, embora tal
informação já seja constante do FormatChunk. Além disso, constata-se que o 17º e 18º
bytes do payload do gnm2 Chunk traz a informação do número de série do equipamento
responsável por realizar a gravação.
Os demais bytes do referido chunk apresentam informações que não puderam
ser precisamente interpretadas, porém é possível constatar que trazem, minimamente,
informações acerca das configurações de mascaramento, ativação por voz, gravação em
loop e timer do equipamento no momento da gravação.
A partir das análises realizadas nos ensaios, constata-se que os áudios
questionados possuem informações constantes em seus metadados proprietários no gnm2
Chunk tal qual descrito na Tabela 12. Tais informações indicam que os arquivos
questionados foram gerados pelo equipamento gravador correspondente ao protocolo
Material nº 134/2018-DITEC/PF e cujo serial armazenado em firmware é 2162.
Além disso, é possível caracterizar a partir de tais metadados que na
gravação do arquivo de áudio GNM_0001.WAV houve configuração de data e hora em
momento anterior à gravação. Já no arquivo áudio ambiental.wav, as informações
caracterizam que o operador não configurou a data e hora do gravador após energizá-lo,
tendo retornado às configurações horárias padrão que são assumidas após alguns minutos
desenergizado.
Tabela 12 – Informações constantes do gnm2 Chunk dos arquivos questionados.
Variável Data-Hora Início Data-Hora Término Serial do Gravador
GNM_0001.WAV 11:37:48 23/10/2009 11:59:10 23/10/2009 2162
áudio ambiental.wav 00:04:26 01/01/2008 02:30:08 01/01/2008 2162

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Conforme pode se verificar da estrutura em árvore dos arquivos de teste,


conforme mostrado na Figura 78, em comparação com a estrutura dos arquivos de áudio
questionados (Figura 28), bem como a partir do conjunto de informações constantes de seus
metadados, a estrutura dos arquivos de teste e suas peculiaridades são idênticas àquelas
dos arquivos de áudio questionados ( GNM_0001.WAV e áudio ambiental.wav) e
as informações de metadados indicam que os arquivos de áudio questionados foram
gerados pelo equipamento gravador correspondente ao protocolo Material nº
134/2018-DITEC/PF e cujo serial armazenado em firmware é 2162.

IV.6.2 – Características e eventos acústicos de interesse nos arquivos de teste WAVE produzidos
pelo equipamento DAR 050.
Os arquivos de teste produzidos pelos Peritos com os gravadores DAR 050
questionados foram analisados com o objetivo de verificar características e eventos
acústicos de interesse forense para confronto com os arquivos questionados
GNM_0001.WAV e áudio ambiental.wav. As Seções a seguir apresentam os
principais achados considerados relevantes para a realização dos confrontos pertinentes ao
exame em tela.

IV.6.2.1 – Harmônicos de 15,625 Hz


A análise em domínio frequencial dos arquivos de teste revelou para os
gravadores questionados DAR 050 a existência de componentes frequenciais associadas a
tons em banda estreita e harmônicos múltiplos inteiros de 15,625 Hz. As Figuras 82, 83 e
84 ilustram os espectrogramas dos equipamentos com números de série 2162, 1783 e
2168, respectivamente.
Os espectrogramas foram obtidos por meio da magnitude Transformada de
Fourier de Tempo Curto (STFT), com função de enjanelamento do tipo Blackman-Harris,
com 16.384 pontos e escala logarítmica de intensidade, com faixa dinâmica de 130 dB. Os
tons de cor mais quentes, ou seja, deslocados para o amarelo, representam maior
magnitude do sinal. A escala vertical é a frequência, em hertz, e a escala horizontal é o
número de amostras.

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Figura 82 – Harmônicos presentes em espectrograma de arquivo de teste, gravado com o


equipamento 2162.

Figura 83 – Harmônicos presentes em espectrograma de arquivo de teste, gravado com o


equipamento 1783.

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Figura 84 – Harmônicos presentes em espectrograma de arquivo de teste, gravado com o


equipamento 2168.

A estimativa da densidade espectral de potência dos áudios de teste, com


janelas de 217 pontos, overlap de 50% e FFT de 2 17 pontos (WELCH, 1967), também
revela tais harmônicos, nas frequências normalizadas correspondentes a múltiplos inteiros
de 15,625 Hz.
Para uma melhor visualização das componentes espectrais em banda estrita,
a estimativa foi computada tomando-se somente os trechos dos áudios de teste
correspondentes ao ruído de fundo, portanto, não sobrepostos por sinais de voz ou demais
sinais com características de distribuição de energia distintas do ruído de fundo. Para tal,
utilizou-se uma abordagem para detecção de atividade de voz (VAD, do inglês Voice
Active Detector), que utiliza parâmetros de distribuição estatística de energia do sinal de
áudio, nos moldes das utilizadas em Reis et al. (2017) e Esquef, Apolinário & Biscainho
(2014). As Figuras 85, 86, e 87 ilustram a estimativa da densidade espectral para
equipamentos com números de série 2162, 1783 e 2168, respectivamente.
Nota-se, portanto, que os sinais periódicos observados nos arquivos
questionados, formados pela frequência fundamental de 15,625 Hz e seus harmônicos,
também são observados nos arquivos de teste realizados com os equipamentos DAR 050
submetidos a exame, concluindo-se que são produzidos pelos circuitos internos dos
equipamentos desta classe e modelo de equipamento .

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Figura 85 – Densidade espectral de potência: arquivo de teste gravado


com equipamento serial 2162.

Figura 86 – Densidade espectral de potência: arquivo de teste gravado


com equipamento serial 1783.

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Figura 87 – Densidade espectral de potência: arquivo de teste gravado


com equipamento serial 2168.

Sua ocorrência em todos os três equipamentos DAR 050 analisados, aliado ao


período exato de 1024 amostras72 (uma potência inteira de 2, valor esse costumeiramente
empregado em base binária para dimensionamento de parâmetros de circuitos digitais),
indicam, com elevada verossimilhança, que se trata de espúrio produzido em virtude de
componentes eletrônicos digitais e não rejeitados pelos filtros de sinal em banda básica73.

IV.6.2.2 – Artefatos espectrais na frequência de Nyquist


Os gravadores DAR 050 submetidos a exame geraram arquivos de teste
contendo artefatos na forma de impulso espectral localizado na frequência de Nyquist
(OPPENHEIM; SCHAFER, 2013). Tal artefato é melhor visualizado por meio da
estimativa da densidade espectral de potência (WELCH, 1967)74. A estimativa foi
computada tomando-se somente os trechos dos áudios questionados correspondentes ao

72 O que perfaz 64 milissegundos e 15,625 Hz para taxa de amostragem de 16 kHz.


73 A rejeição de espúrios em frequências pré-definidas em equipamentos eletrônicos de gravação de áudio é um
parâmetro de projeto. Mesmo assim, à medida que o equipamento envelhece, a rejeição de determinados
espúrios pode ficar deficiente, fruto da variação dos valores centrais de operação dos componentes
eletrônicos com o tempo, especialmente com a diminuição da capacitância dos capacitores, o que tende a
alterar a frequência central e a seletividade dos filtros de rejeição.
74 Janelas de 217 pontos, overlap de 50% e FFT de 217 pontos.
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ruído de fundo, portanto não sobrepostos por sinais de voz ou demais sinais com
características de distribuição de energia distintas do ruído de fundo.
Para tal, utilizou-se uma abordagem para detecção de atividade de voz
(VAD, do inglês Voice Active Detector), que utiliza parâmetros de distribuição estatística
de energia do sinal de áudio, nos moldes das utilizadas em Reis et al. (2017) e Esquef,
Apolinario & Biscainho (2014). As Figuras 88, 89, e 90 ilustram os referidos artefatos
para os equipamentos com números de série 2162, 1783 e 2168, respectivamente.
Tais artefatos são peculiares e fruto de características construtivas ou de
projeto. Os arquivos questionados GNM_0001.WAV e áudio ambiental.wav
apresentam o mesmo artefato na forma de impulso espectral localizado na frequência de
Nyquist (Figuras 35 e 36, Seção IV.2.2.2).

Figura 88 – Artefato espectral na frequência de Nyquist: 2162.

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Figura 89 – Artefato espectral na frequência de Nyquist: 1783.

Figura 90 – Artefato espectral na frequência de Nyquist: 2168.

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IV.6.2.3 – Amostras nulas na porção inicial dos arquivos


A análise em domínio temporal dos arquivos de teste revelou para os
gravadores questionados DAR 050 a existência de amostras nulas na porção inicial dos
arquivos, sempre que esses estão configurados com a opção “Monitor de Áudio”
configurada no modo “Trigger”. As Figuras 91, 92 e 93 ilustram as amostras nulas
para os equipamentos com números de série 2162, 1783 e 2168, respectivamente.

Figura 91 – Amostras nulas observadas no início dos arquivos de teste: 2162.

Figura 92 –Amostras nulas observadas no início dos arquivos de teste: 1783.

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Figura 93 – Amostras nulas observadas no início dos arquivos de teste: 2168.

Quando os gravadores estão configurados com a opção “Monitor de


Áudio” configurada no modo “Trigger”, os arquivos de teste apresentam em seu início
um conjunto de amostras nulas, seguidas na maior parte das vezes por um sinal impulsivo
e que antecedem a gravação do áudio capturado.
Observou-se nos ensaios realizados que a quantidade de amostras nulas no
início do arquivo não é fixa, porém seu valor varia pouco, ficando na maior parte das vezes na
casa de 1040 amostras. Em ensaios por repetição feitos com um total de 20 arquivos de teste
para cada gravador, a quantidade de amostras nulas observadas no início dos arquivos
apresentou as estatísticas amostrais relacionadas na Tabela 13.
Tabela 13 – Estatísticas amostrais da quantidade de amostras nulas observadas em ensaios
com 20 arquivos para cada gravador.
Estatísticas amostrais da quantidade de amostras nulas.
Gravador Mínimo Máximo Mediana Moda
2162 1039 1049 1040 1040
1783 1039 1053 1040 1040
2168 1024 1047 1039 1039

Os arquivos questionados GNM_0001.WAV e áudio ambiental.wav


apresentam o mesmo artefato de amostras nulas em seu início, seguida de sinal impulsivo,
96
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tendo os valores de 1040 amostras nulas e 1039 amostras nulas, respectivamente (Figuras
37 e 38, Seção IV.2.2.3). Tais artefatos resultam de características de projeto e indicam
que os arquivos de áudio questionados foram gravados com o equipamento DAR 050
com a opção “Monitor de Áudio” configurada no modo “Trigger”.

IV.6.2.4 – Artefatos em degrau na porção final do arquivo


Foram gerados arquivos de teste utilizando os gravadores questionados DAR
050 em que foi realizada a desconexão do microfone externo durante a gravação, com o
objetivo de verificar a forma de onda resultante em seu oscilograma.
Observa-se que o oscilograma dos arquivos de teste resultantes apresenta,
nos instantes de supressão, forma de onda correspondente a um padrão em formato degrau,
seguido de um transiente subamortecido.
As Figuras 94, 95 e 96 ilustram os artefatos em degrau resultantes da
desconexão do microfone externo para os equipamentos com números de série 2162,
1783 e 2168, respectivamente.

Figura 94 – Artefato em degrau resultantes da desconexão do microfone externo em


gravação de teste: 2162.

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Figura 95 – Artefato em degrau resultantes da desconexão do microfone externo em


gravação de teste: 1783.

Figura 96 – Artefato em degrau resultantes da desconexão do microfone externo em


gravação de teste: 2168.

A forma de onda resultante da supressão mecânica da entrada de áudio é


decorrente de características construtivas e de projeto. O arquivo questionado áudio
ambiental.wav apresenta o mesmo artefato em degrau observado, seguido de

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transiente subamortecido, conforme pode ser visualizado na Figura 39 (Seção IV.2.2.4).


Tal artefato indica que, no instante correspondente ao artefato em degrau, o microfone
externo foi desconectado do equipamento DAR 050 antes da interrupção da gravação do
arquivo questionado áudio ambiental.wav.

IV.6.3 – Descontinuidades sistemáticas


Foram gerados arquivos de teste utilizando os gravadores questionados DAR
050 com o objetivo de verificar a existência de descontinuidades sistemáticas no sinal de
áudio, tal qual descrito no LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL Nº 1944/2015-
INC/DITEC/DPF, Nº 1949/2015-INC/DITEC/DPF e Nº 0092/2016-INC/DITEC/DPF.
Os testes foram realizados utilizando conjuntos gravadores formados pelos
equipamentos DAR 050 questionados (números de série 2162, 1783 e 2168) e os cartões
de memória encaminhados e registrados nos protocolos Material nº 318/2018-DITEC/PF,
Material nº 243/2017-DITEC/PF e Material nº 127/2018-DITEC/PF.
Observou-se a ocorrência de descontinuidades sistemáticas, como as descritas
no LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL Nº 1944/2015-INC/DITEC/DPF, Nº
1949/2015-INC/DITEC/DPF e Nº 0092/2016-INC/DITEC/DPF, quando o conjunto
gravador era configurado a partir de qualquer dos gravadores DAR 050 questionados,
utilizando os cartões de memória do tipo COMPACT FLASH da marca ADATA, modelo
“Speedy Compact Flash”, protocolados como Material nº 318/2018-DITEC/PF e Material
nº 243/2017-DITEC/PF. Não foram observadas as descontinuidades sistemáticas ao se
utilizar cartões do tipo COMPACT FLASH de modelo diverso, como por exemplo o cartão
registrado no protocolo Material nº 127/2018-DITEC/PF ou mesmo outros cartões
COMPACT FLASH testados pelos Peritos.
As Figuras 97 e 98 ilustram, respectivamente, o instante de uma
descontinuidade em um áudio de teste por meio de seu oscilograma e o espectrograma na
forma de raias em baixa frequência de um conjunto de descontinuidades periodicamente
espaçadas, utilizando-se o equipamento DAR 050, serial 2162. Os mesmos achados foram
encontrados utilizando-se os demais equipamentos DAR 050, acompanhados dos cartões
COMPACT FLASH protocolados como Material nº 318/2018-DITEC/PF e Material nº
243/2017-DITEC/PF, da marca “ADATA”, modelo “Speedy Compact Flash” e capacidade
nominal de 2GB.

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jurídica, nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001.
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Figura 97 – Oscilograma contendo descontinuidade no áudio de teste ao utilizar gravador


DAR 050 e COMPACT FLASH “ADATA” modelo “Speedy Compact Flash” 2GB.

Figura 98 – Espectrograma contendo descontinuidades no áudio de teste ao utilizar gravador


DAR 050 e COMPACT FLASH “ADATA” modelo “Speedy Compact Flash” 2GB.

Observa-se, portanto, que tais descontinuidades são originadas pelo conjunto


gravador no momento da geração dos registros, fruto de características intrínsecas (ou seja,

100
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jurídica, nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001.
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construtivas e/ou de projeto), que acaba por não registrar em sua memória COMPACT FLASH
sequências de amostras de forma periódica. Observa-se, ainda, que tal característica está
associada especificamente ao modelo de cartão de memória COMPACT FLASH utilizado, ou
seja, está associada a características construtivas do mecanismo de escrita e leitura em
memória por parte do conjunto gravador, o que corrobora com precisão as conclusões já
apostas na Seção IV.5.3.3 do LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL Nº
1944/2015-INC/DITEC/DPF:
“[…] Todas estas características juntas concorrem para a conclusão de
que, com alto grau de plausibilidade, as descontinuidades encontradas
foram originadas pelo equipamento gravador no momento da geração dos
registros, sendo fruto de características intrínsecas do equipamento, que
acaba por perder sequências de amostras de tamanho fixo (128 ms) de
forma sistematicamente periódica. Tipicamente, fatores como o
dimensionamento de memórias, buffers e registradores, sincronismo de
sinais pulsados e mecanismos de escrita e leitura podem concorrer para tal
comportamento.”
Para uma melhor caracterização das descontinuidades sistemáticas produzidas
pelo conjunto gravador quando composto pelos cartões COMPACT FLASH, protocolados
como Material nº 318/2018-DITEC/PF e Material nº 243/2017-DITEC/PF, foram gerados
arquivos de teste a partir de um sinal estéreo específico. As Seções a seguir descrevem as
análises realizadas e as características levantadas nos ensaios.

IV.6.3.1 – Sinal de referência utilizado


O sinal de referência utilizado apresenta duração de cerca de trinta minutos. É
composto no seu canal esquerdo por um tom senoidal de 1.003,90625 Hz. O valor do tom foi
escolhido como sendo aquele mais próximo de 1 kHz 75 e que apresenta um desvio de fase de
180 graus para uma perda de 2048 amostras (128 ms, considerando-se uma taxa de
amostragem de 16.000 Hz).
No canal direito, o sinal de referência apresenta uma sequência de 43 tons
senoidais, com duração de 128 ms cada, cujas frequências de oscilação variam de 100 Hz a
4.300 Hz em escala crescente, de 100 Hz em 100 Hz, e que se repete continuamente. Cada
conjunto de 43 tons senoidais de 128 ms totaliza 88.064 amostras (o maior intervalo apontado
no LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL Nº 1944/2015-INC/DITEC/DPF entre
75 O valor de 1 kHz está, via de regra, dentro da faixa útil da resposta em frequência em gravadores de áudio.
101
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jurídica, nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001.
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duas descontinuidades sistemáticas consecutivas), considerando-se uma taxa de amostragem


de 16.000 Hz. A Figura 99 ilustra o espectrograma do sinal de referência utilizado.
Para a realização dos ensaios, o sinal de referência foi reproduzido em estéreo,
utilizando dispositivos de conversão digital/analógico de áudio EDIROL UA-25EX e
Roland RH-300. O áudio proveniente de cada canal foi capturado pelo correspondente
microfone eletreto externo do equipamento gravador DAR 050, serial 2162. Para uma maior
separação do áudio proveniente dos canais de áudio, cada microfone eletreto foi isolado
mecanicamente, visando a atenuar a captação mútua entre canais. Além disso, o conjunto
gravador utilizado empregou os cartões COMPACT FLASH encaminhados e registrados nos
protocolos Material nº 318/2018-DITEC/PF e Material nº 243/2017-DITEC/PF.
A captura do sinal de referência gerou o doravante denominado arquivo áudio
de teste.

Figura 99 – Espectrograma do sinal de referência utilizado.

IV.6.3.2 – Análise de fase do canal esquerdo do áudio de teste (tom de 1.003,90625 Hz)

A ocorrência de descontinuidades em sinais de áudio, em que deixem de ser


registradas amostras que totalizem 128 ms, provoca um avanço de fase de 180 graus nos tons
de 1003,90625 Hz existentes76.
Realizando-se a diferença de fase com base na Transformada de Fourier entre o
canal esquerdo do áudio de teste e um tom padrão de 1003,90625 Hz, observa-se a existência
76 De fato tais descontinuidades provocam avanços de fase de 257 π radianos, que equivalem, em aritmética
modular (módulo 2 π), a π radianos, ou seja, 180 graus.
102
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de avanços de fase visualmente próximos de 180º, de acordo com a escala gráfica que pode
ser visualizada na Figura 100 (seta azul), tal qual esperado para perdas de 120 ms (2048
amostras) de forma periódica e sistemática.

Figura 100 – Análise de fase do canal esquerdo do áudio de teste.


Para uma caracterização ainda mais precisa de tais descontinuidades, os Peritos
realizaram uma análise de fase em alta resolução, utilizando estimadores de frequência de
oscilação de alta precisão (REIS et al., 2017), de tal forma a se poder determinar
numericamente os avanços de fase. Inicialmente, os Peritos observaram que, conforme
representado na seta de cor branca da Figura 100, além dos avanços de fase de
aproximadamente 180º, o canal esquerdo do áudio de teste apresenta uma variação linear,
contínua e ascendente da sua fase em relação a um tom padrão de 1003,90625 Hz. Isso indica
que a captura das amostras pelo equipamento gravador se dá a uma taxa de amostragem
ligeiramente inferior a taxa nominal de 16.000 Hz, de tal sorte que, na reprodução, o canal
esquerdo do sinal de teste tenha, de fato, frequência ligeiramente superior aos 1003,90625 Hz.
Para calcular um valor mais preciso da frequência de oscilação do canal esquerdo do áudio de
teste foi empregado um estimador baseado na técnica ESPRIT 77, (estimador 3E78) (REIS et al.,
2017), em um bloco de 5.000 amostras de sinal de áudio entre duas descontinuidades
sistemáticas consecutivas79, tomadas em instantes de tempo próximos à metade da duração do

77 Do inglês Estimation of Signal Parameters via Rotational Invariance Techniques.


78 Acrônimo para ESPRIT-based ENF Estimator.
79 Foram utilizadas amostras no intervalo entre 13.950.000 e 14.000.000.
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arquivo de teste, resultando num valor de frequência de oscilação de 1003,91412 Hz80. Foi
calculada então para cada amostra o valor da fase inicial de oscilação do canal esquerdo do
áudio de teste, considerando sua frequência central de oscilação em 1003,91412 Hz e
utilizando-se um estimador de frequência instantânea baseado na transformada de Hilbert
(estimador HEE81) (REIS et al., 2017). A Figura 101 ilustra a fase inicial de oscilação para o
tom de 1003,91412 Hz, amostra a amostra, onde é possível visualizar os avanços de fase de
cerca de 180º graus. Também é possível observar a ocorrência de 4 avanços de fase de 270º no
sinal de áudio de teste (setas vermelhas), também dispostos de forma periódica, em uma taxa
de ocorrência significativamente menor.

Figura 101 – Análise de fase em alta resolução do canal esquerdo do áudio de teste.

A análise de fase realizada no áudio de teste permite observar não só a


existência de descontinuidades, mas também a ocorrência de avanços de fase distintos

80 Esse valor representa um desvio de 0,0007839 % em relação a frequência nominal medida.


81 Acrônimo para Hilbert-based ENF Estimator.
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associados a descontinuidades dispostas em posições temporais que evidenciam seu padrão


periódico e sistemático.
Da mesma forma que o observado nos áudios questionados GNM_0001.WAV
e áudio ambiental.wav e detalhado nos LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL
FEDERAL Nº 1944/2015-INC/DITEC/DPF, Nº 1949/2015-INC/DITEC/DPF e Nº
0092/2016-INC/DITEC/DPF, observa-se no áudio de teste as descontinuidades associadas a
avanços de fase de cerca de 180º graus intervaladas da seguinte maneira: tem-se um intervalo
de 5440 milissegundos (equivalente a 87.040 amostras) entre duas descontinuidades,
seguido de outro intervalo de 5440 milissegundos (equivalente a 87.040 amostras) entre
descontinuidades consecutivas, e em sequência um intervalo de 5504 milissegundos
(equivalente a 88.064 amostras), padrão esse que se repete sucessivamente:

… – 5440 – 5440 – 5504 – 5440 – 5440– 5504– 5440 – 5440– 5504 – …

Adicionalmente, foram observadas que as descontinuidades que provocam


avanços de fase de 270º localizam-se entre duas descontinuidades com avanços de fase de
180º que estão separadas por 5504 milissegundos, localizadas precisamente a 3136
milissegundos (50.176 = 49 *1024 amostras) da descontinuidade à esquerda e a 2368
milissegundos (37.888 = 37 *1024 amostras) da descontinuidade à direita. Além disso,
duas descontinuidades com avanços de fase de 270º consecutivas estão separadas por 6
minutos, 33 segundos e 216 milissegundos (6.291.456 = 6144 *1024 amostras). Aqui, cabe
novamente observar que os intervalos entre descontinuidades são múltiplos inteiros de 1.024
(210 amostras).
Para uma melhor visualização, na Figura 102, são ilustradas em detalhe as
transições abruptas de fase fruto de algumas descontinuidades sistemáticas consecutivas. O
gráfico em detalhe ilustra as transições de fase no entorno do bloco utilizado para estimativa
em alta resolução da frequência de oscilação de 1003,91412 Hz.
Como resultado, observa-se um gráfico de transição de fase sem a variação
linear, contínua e ascendente, observada na Figura 100.

105
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Figura 102 – Detalhe ampliado do gráfico da análise de fase em alta resolução do


canal esquerdo do áudio de teste.

Além disso, foi calculado numericamente o valor da transição de fase, tomando


como referência o bloco utilizado para estimativa em alta resolução da frequência de
oscilação de 1003,91412 Hz, obtendo-se o valor estimado de 180,025º. Tal valor está, a
menos de uma margem de precisão numérica, de acordo com o valor esperado para a ausência
de 128 ms de amostras de sinal de áudio.

IV.6.3.3 – Análise espectral e temporal do canal direito do áudio de teste (tons ascendentes de 100
Hz a 4300 Hz)

A análise, nos domínios temporal e frequencial do canal direito, permite


determinar o número de amostras não registradas pelo conjunto gravador. Uma vez que o sinal
gravado pelo canal direito possui características conhecidas, quais sejam, uma sucessão de
tons com frequências incrementais e sucessivas de 100 em 100 Hz, todos com duração de
2048 amostras, pode-se utilizar sua formatação temporal e seu conteúdo frequencial como
referências para determinar a quantidade de amostras que deixaram de ser registradas em
memória.
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Como exemplo, na Figura 103, as setas em amarelo evidenciam a ocorrência de


descontinuidade, manifestada no espectrograma por meio da barra vertical associada ao
vazamento espectral provocado por transição temporal abrupta.

Figura 103 – Espectrograma evidenciando a ocorrência de descontinuidade com avanço de


fase de 180º.

Tal descontinuidade ocorre entre os tons de 2400 Hz e 2500 Hz. Para averiguar
o total de amostras que deixaram de ser registradas em memória, verificou-se o total de
amostras existentes entre o início do tom de 2400 Hz (amostra 13.928.150) e o final do tom de
2600 Hz (amostra 13.932.246), uma vez que são instantes bem delimitados no oscilograma e,
por projeto, cada tom em sequência possui um total 2048 amostras82. Os oscilogramas
constantes das Figuras 104 e 105 ilustram os instantes de início do tom de 2400 Hz e o final
do tom de 2600 Hz.

A contagem de amostras entre esses dois instantes resulta em 4096 unidades.


Como entre tais instantes tem-se, originalmente, a ocorrência de três tons frequenciais (2400,
2500 e 2600 Hz), o número de amostras no sinal de teste original correspondente a tais
momentos é de 3 x 2048 = 6144 amostras, indicando que deixaram de ser registradas 2048 (2
x 1024) amostras (o que corresponde a 128 ms em 16.000 Hz de taxa de amostragem). Os
mesmos cálculos podem ser realizados nas demais descontinuidades de 180º de avanço de
fase ao longo de todo o áudio, bastando para isso observar instantes de transição frequencial

82 A despeito de haver ligeira variação da taxa de amostragem abaixo de 16000 Hz, o valor é tão irrisório que
não se manifesta significativo em tão poucas amostras (equivalentes a 128 ms).
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bem demarcados em momentos anteriores e posteriores às descontinuidades existentes,


obtendo-se o mesmo resultado de 2048 amostras não registradas.

Figura 104 – Instante inicial do tom de 2400 Hz (em hachurado preto).

Figura 105 – Instante final do tom de 2600 Hz (em hachurado preto).

Exceção deve ser feita às quatro descontinuidades demarcadas pelas setas


vermelhas na Figura 101. Nesses quatro instantes, uma quantidade diferente de amostras
deixou de ser registrada, provocando avanços de fase de 270º. Pode-se usar a mesma

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abordagem para determinar precisamente o número de amostras que deixaram de ser


registradas nesse tipo de descontinuidade.
Na Figura 106, as setas em amarelo evidenciam a ocorrência de uma
descontinuidade que provoca avanço de fase em 270º, entre duas descontinuidades
consecutivas cujo avanço de fase é de 180º, manifestadas no espectrograma por meio da barra
vertical.

Figura 106 – Espectrograma evidenciando a ocorrência de descontinuidade com avanço de


fase de 270º.

Tal descontinuidade ocorre entre os tons de 3100 Hz e 3200 Hz. Para averiguar
o total de amostras que deixaram de ser registradas em memória, verificou-se o total de
amostras existentes entre o início do tom de 3000 Hz (amostra 11.705.063) e o final do tom de
3300 Hz (amostra 11.710.183), uma vez que são instantes bem delimitados no oscilograma e,
por projeto, cada tom em sequência possui um total 2048 amostras83. Os oscilogramas
constantes das Figuras 107 e 108 ilustram os instantes de início do tom de 3000 Hz e o final
do tom de 3300 Hz.

A contagem de amostras entre esses dois instantes resulta em 5120 unidades.


Como entre tais instantes tem-se, originalmente, a ocorrência de quatro tons frequenciais
(3000, 3100, 3200, 3300), o número de amostras no sinal de teste original correspondente a
tais momentos é de 4 x 2048 = 8192 amostras, indicando que deixaram de ser registradas

83 A despeito de haver ligeira variação da taxa de amostragem abaixo de 16000 Hz, o valor é tão irrisório que
não se manifesta significativo em tão poucas amostras (equivalentes a 128 ms).
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3072 (3 x 1024) amostras (o que corresponde a 192 ms em 16.000 Hz de taxa de


amostragem). Os mesmos cálculos podem ser realizados nas demais descontinuidades de 270º
de avanço de fase presentes no áudio, obtendo-se o mesmo resultado de 3072 amostras não
registradas.

Figura 107 – Instante inicial do tom de 3000 Hz (em hachurado preto).

Figura 108 – Instante inicial do tom de 3300 Hz (em hachurado preto).

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IV.6.3.4 – Contração temporal devido a perda de amostras.

As análises feitas a partir do áudio de teste permitem estabelecer com precisão


o modelo determinístico de ocorrência de descontinuidades sistemáticas produzidas pelo
conjunto gravador, quando composto pelos cartões COMPACT FLASH protocolados como
Material nº 318/2018-DITEC/PF e Material nº 243/2017-DITEC/PF.
Esse modelo estabelece um padrão em que a cada 6144 (24 x [85+85+86])
conjuntos de 1.024 amostras, deixam de ser registrados 147 (24 x [2+2+2] + 3) conjuntos de
1.024 amostras, de tal sorte que há uma redução efetiva do intervalo de tempo entre a
reprodução dos eventos acústicos para uma fração de 6144/(6144 + 147) = 0,976633286 do
intervalo de tempo que, em realidade, os separou84.
Dessa forma, considerando que os arquivos questionados GNM_0001.WAV e
áudio ambiental.wav apresentam 20.055.040 e 136.548.352 amostras (totalizando uma
duração de 20 minutos e 53,440 segundos e 2 horas, 22 minutos e 14,272 segundos), o tempo
decorrido entre os eventos de início e fim de gravação dos arquivos, levando-se em conta o
efeito de contração temporal correspondente ao modelo determinístico de descontinuidades
sistemáticas, será de 21 minutos e 23,430 segundos e 2 horas, 25 minutos e 38,461
segundos, respectivamente.
Esses valores estão de acordo com as durações dos arquivos questionados, tal
qual os valores de início e fim de gravação registrados em cabeçalho (21 minutos e 22
segundos e 2 horas, 25 minutos e 42 segundos), conforme pode ser visualizado na Tabela
12, a menos de uma precisão de alguns segundos devido aos processos de escrita e leitura em
memória, e inerente ao formato horário padrão Microsoft DOS..
Sendo assim, dadas as descontinuidades sistemáticas encontradas nos arquivos
questionados, conforme descrito nos LAUDO DE PERÍCIA CRIMINAL
FEDERAL Nº 1944/2015-INC/DITEC/DPF, Nº 1949/2015-INC/DITEC/DPF e
Nº 0092/2016-INC/DITEC/DPF, e considerando os ensaios e testes realizados com o
conjunto gravador DAR 050 quando composto pelos cartões COMPACT FLASH,
protocolados como Material nº 318/2018-DITEC/PF e Material nº 243/2017-DITEC/PF,
associados às características peculiares de produção sistemática e determinística de tais
descontinuidades, bem como aos efeitos de sua ocorrência em arquivos de áudio, conclui-se
com elevado grau de plausibilidade que os arquivos de áudio questionados foram gravados
a partir de equipamentos DAR 050, utilizando um dos cartões COMPACT FLASH
encaminhados a exame e protocolados como Material nº 318/2018-DITEC/PF e Material nº
84 Embora a diferença seja irrisória, a fração aqui calculada é mais precisa que a descrita no LAUDO DE
PERÍCIA CRIMINAL FEDERAL Nº 1944/2015-INC/DITEC/DPF uma vez que os ensaios controlados com
o conjunto gravador permitiram a caracterização mais completa das descontinuidades.
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243/2017-DITEC/PF, ou outro de mesma marca, modelo ou características, quais sejam,


marca ADATA, modelo “Speedy Compact Flash”, com 2 GB de capacidade nominal.

IV.6.4 – Compilação das análises efetuadas entre os arquivos de áudio questionados e


equipamentos denominados por DAR 050.
Levando-se em consideração as análises realizadas na Seção IV.6 e os achados
relevantes relacionados à estrutura dos arquivos de áudio, às características e eventos
acústicos presentes nos arquivos, bem como a análise das descontinuidades sistemáticas
encontradas, conclui-se que os registros de áudio constantes dos arquivos
GNM_0001.WAV e áudio ambiental.wav foram produzidos pelo conjunto
gravador denominado DAR 050, modelo Gnome 2M, fabricado pela Speech
Technology Center, número de série 2162, utilizando um dos cartões COMPACT
FLASH encaminhados a exame e protocolados como Material nº 318/2018-DITEC/PF e
Material nº 243/2017-DITEC/PF, ou outro de mesma marca, modelo e características,
quais sejam, marca ADATA , modelo “Speedy Compact Flash”, com 2 GB de capacidade
nominal.

V – CONCLUSÃO

Considerando-se as análises realizadas na Seção IV.4, e os achados relevantes


relacionados à estrutura dos arquivos questionados quando comparados com os arquivos
produzidos nos ensaios realizados, conclui-se que nenhum dos equipamentos denominados
DAR040 realizou a gravação de quaisquer dos arquivos questionados.
Adicionalmente, considerando-se as análises realizadas na Seção IV.5 e os
achados relevantes relacionados à estrutura dos arquivos de vídeo, às características e eventos
acústicos e visuais presentes nos arquivos, à análise de corrente de preto e à não uniformidade
de resposta fotônica, conclui-se que os registros de vídeo constantes do arquivo
Default.V1-40026.162.01.avi foram produzidos pelo conjunto gravador
denominado DAVR 100, modelo TAG V1-EMU, pertencente à linha de dispositivos de
vigilância da Geonautics International, número de série 40026, utilizando a
câmera CCD encaminhada conjuntamente com o referido equipamento na mesma
maleta de transporte.

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Conclui-se ainda que os registros de vídeo constantes do arquivo Video


ambiental.avi foram produzidos por conjunto gravador modelo TAG V1-EMU,
pertencente à linha de dispositivos de vigilância da Geonautics
International85. Não foi possível atribuir, ou refutar a atribuição, do arquivo
questionado aos equipamentos denominados DAVR 100 encaminhados a exame.
Entretanto, é possível afirmar que o arquivo questionado não foi produzido por
nenhuma das câmeras CCD encaminhadas.
Ademais, levando-se em consideração as análises realizadas na Seção IV.6 e
os achados relevantes relacionados à estrutura dos arquivos de áudio, às características e
eventos acústicos presentes nos arquivos, bem como a análise das descontinuidades
sistemáticas encontradas, conclui-se que os registros de áudio constantes dos arquivos
GNM_0001.WAV e áudio ambiental.wav foram produzidos pelo conjunto
gravador denominado DAR 050, modelo Gnome 2M fabricado pela Speech
Technology Center, número de série 2162, utilizando um dos cartões
COMPACT FLASH encaminhados a exame e protocolados como Material nº 318/2018-
DITEC/PF e Material nº 243/2017-DITEC/PF, ou outro de mesma marca, modelo ou
características, quais sejam, marca ADATA , modelo “Speedy Compact Flash”, com 2 GB
de capacidade nominal.

Os Peritos consideram o assunto esclarecido.


Acompanham, anexos a este Laudo, os arquivos de áudio e vídeo produzidos
nos ensaios e utilizados durante a realização dos exames.
Tanto o Laudo em sua versão eletrônica e assinado digitalmente, quanto seus
anexos, estão sendo encaminhados em mídia óptica do tipo DVD-R (Digital Versatile Disc
Recordable).
Os arquivos anexos passaram por um processo de garantia de integridade
baseado no algoritmo SHA-256, e seus resumos criptográficos estão consignados no arquivo
hashes.txt, que está incluso na raiz do DVD-R.
Para garantia de integridade de todo conjunto de arquivos foi extraído o resumo
criptográfico SHA-256 do arquivo hashes.txt:
C4546E516D2711E874A3BFEDB2C526A687647A197F638BC0AD62920350A2AC42

85 Aqui denominado DAVR 100.


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Dessa forma, qualquer remoção, acréscimo ou alteração de arquivos pode ser


detectada.
O DVD-R foi armazenado em estojo de plástico rígido apropriado para esse
tipo de mídia e posteriormente acondicionado em envelope de segurança padrão DPF nº
02001018843.
Nada mais havendo a lavrar, encerra-se o presente Laudo que, elaborado em
cento e quatorze páginas e um apêndice (referências bibliográficas) com duas páginas, lidas e
achadas conformes, assinam acordes.

PAULO MAX GIL INNOCENCIO REIS BRUNO GOMES DE ANDRADE


PERITO CRIMINAL FEDERAL PERITO CRIMINAL FEDERAL

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APÊNDICE – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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