Você está na página 1de 19

TEMA: PRODUÇÃO, GESTÃO E CADEIA DE CUSTODIA DA PROVA NOS CRIMES

INFORMATICOS;
PROBLEMA: DESAFIOS JURIDICO-PROCEDIMENTAIS DA PROVA DIGITAL
CONTEMPORANEAMENTE EM MOÇAMBIQUE
CAPÍTULO I

1.Introdução

Tema

O presente trabalho tem como impulsionador as novas tecnologias de informação e comunicação


– TICs - as tecnologias e métodos para comunicar surgidas no contexto da "Revolução
Telemática" ou Terceira Revolução Industrial, desenvolvidas desde a segunda metade da década
de 1970 e, principalmente, nos anos 1990. A maioria delas caracteriza-se por agilizar e tornar
menos palpável (fisicamente manipulável) o conteúdo da comunicação, por meio
da digitalização e da comunicação em redes (mediada ou não por computadores) para a captação,
transmissão e distribuição das informações (texto, imagem estática, vídeo e som).

Alguns autores como Borges (2008), Lucci(2000), Burch (2005) entre outros, falam de sociedade
do conhecimento para destacar o valor do capital humano na sociedade estruturada em redes
informáticas. Mas, se por um lado contribuiu para o desenvolvimento das sociedades, por outro
tornou-se numa arma perigosa, dando origem aos mais diversos tipos de crime.
Moçambique também apresenta os seus números de criminalidade informática e arranjar
soluções praticas para lidar com a prova digital tem um papel preponderante no combate à
criminalidade no geral.

Dos actuais meios de obtenção de prova, consagrados no Código de Processo Penal (CPP) e
legislação relevante, impõem a SERNIC e ao Ministério Publico a busca de novas estratégias
para que desse modo se adeque a investigação criminal a complexidade de determinados
crimes.

O trabalho que se propõe realizar, procurará equilíbrio entre as garantias constitucionais e a


eficiência da investigação, propõe-se estabelecer parâmetros jurídicos para que tal necessidade
de inovação seja, ao mesmo tempo, praticável e razoavelmente limitada, sobretudo pelos direitos
fundamentais e garantias do arguido.
Problema
“Tão importante quanto o acessar os dados de conteúdo é garantir a sua validade jurídica”
(KIST, 2018)..

De início parece ser facto que ao longo dos tempos se tem junto aos processos penais “imagens
capturadas de écrans” como elemento de prova, entendendo os tribunais ser meio de prova
admitido pelo artigo 173 do Código de Processo Penal. Esse percurso pode estar a fragilizar os
princípios fundamentais do processo penal. Como efeito é recorrente os advogados fazerem
alusão ao enfraquecimento do contraditório bem como do princípio da imediação, que de seguida
permite, na verdade, a uma progressiva degradação das garantias processuais do suspeito e do
arguido. Por outro lado, todo esse pano de fundo tem disseminado uma cultura processual penal
de segurança, designadamente no seio das próprias magistraturas, que gera não só a crítica
sistemática a um ilusório excesso de garantismo dos arguidos, mas igualmente voluntarismos
exacerbados e outras práticas censuráveis.

Ora, inevitavelmente, toda essa “evolução” se tem manifestado também no domínio do combate
à chamada criminalidade informática e, em grande medida por esta via, no que concerne à
obtenção da prova digital. É sobre o exposto acima que é necessário reflectir, criar inquietações e
encontrar pistas para soluções.

É dentro das questões a dar na pesquisa informática armazenada em sistemas informáticos e à sua
conjugação com as buscas tradicionais, bem como à análise desta medida adotada e regulada
noutros ordenamentos jurídicos, que verificar-se-á de que forma a pesquisa de dados informáticos
armazenados poderão ser evasivos aos direitos fundamentais dos cidadãos.
Justificativa
A presente pesquisa abordará matérias técnicas, voltadas não só a questões práticas, mas também
doutrinárias. É de separar, materialmente, as atribuições e os limites da SERNIC e do Ministério
Público na investigação dos ilícitos penais informáticos com a aquisição da prova digital em
contraponto as garantias fundamentais.

Ao longo do exercício da profissão de magistrado do Ministério Publico o pesquisador se


apercebeu da constante utilização nos processos crimes de “documentos” que na sua essência
retratam dados informáticos captados na esfera de comunicação privada. Em boa verdade, o
pesquisador só se sentiu ainda mais interessado na matéria quando em 2018 se deu início a um
processo disciplinar em que a prova junta era única e exclusivamente ficheiros digitais de
conversa interceptada e imagens produzidas de uma conversa realizada no aplicativo
“WhatsApp”. Tal facto suscitou a necessidade de compreender a legalidade daquela prova que
fundamentou uma decisão de um órgão parte do grande guardião da legalidade – a Procuradoria
Geral da República.

Com efeito, e no caso em concreto daquele processo disciplinar - 09/D/CSMMP/2018 - não


obstante a primeira evidencia ser de obtenção ilegal e até criminosa dos tais conteúdos, ainda
assim nunca foi feita a confirmação ou assunção dos diálogos que permitissem a valoração das
referidas provas contidas deixando duvidas que o processo de recurso terá a responsabilidade de
vir esclarecer, mais ate la é responsabilidade do pesquisador buscar respostas que no geral
motivam a discutir dia a após dia da cobertura legal do acto, isto é, se foi obedecido o critério de
validação da prova no geral e digital no especifico.

Trata-se, aqui, portanto, de tema com grande potencial de pesquisa, mas reduzida aplicação à
imensa maioria dos casos criminais; qualitativamente sensível, mas quantitativamente
ínfimo.

Há várias obras jurídico-científicas sobre os temas históricos, filosóficos e formais da


investigação criminal, mas pouco se produz, em Moçambique, sobre seus aspectos materiais,
a qualidade jurídica da investigação, sua aptidão e limites para, com rigoroso respeito aos
direitos fundamentais, reconstruir satisfatoriamente os factos investigados.
No entanto e no geral sobre Moçambique escreveu Ilídio Samuel Arrone, em sua dissertação
para o grau de mestrado no Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna, com o
tema: “A Investigação Criminal Em Moçambique: Gestão e Cadeia de Custódia da Prova, 07
de maio de 2018”.

Este será um ponto de partida para de seguida discutir-se a novidade da era da prova digital,
não só em comparação com a produção da prova clássica mais também com os avanços da
prova digital.

A realização deste trabalho justifica-se, ainda, pela presente reflexão no caso das dividas
ocultas em que muita da informação posta a circular na imprensa escrita faz referência a
volumes de dados informáticos captados e validados no sistema jurídico americano, e que
ajuda a perceber a ocorrência de comportamentos estranhos mais que no ensaio nacional ira
precisar de ser percebido e entendido, antes de qualquer validação.

Tal complexidade precisa ser, desde logo, ressaltada, para que não se interprete este
interesse em estudar a prova digital como ânsia de banalizar as ideias populares sobre o
assunto e as suas conexões com as novas tecnologias de informação e comunicação.
Nesse sentido, pode-se vislumbrar a importância da análise proposta, que identifique a essência
das melhores praticas de investigação criminal, levando os profissionais da área a uma reflexão
sobre seu entrelaçamento com a Constituição da República (Lei Fundamental) e as demais Leis
do Ordenamento jurídico moçambicano.

Mas, sem descorar que com essa necessidade, é igualmente necessário proteger os interesses
legítimos ligados ao uso e desenvolvimento das novas tecnologias de informação dentro da
sempre problemática validade da prova obtida pelos agentes da SERNIC sob direção do
Magistrado do Ministério Publico no âmbito das suas investigações.

Desde logo e atento as ordens judiciais actuais, parece que as mesmas merecerem actualização na
abordagem do que se pretende obter com as buscas e apreensões nos casos em que as novas
tecnologias de informação desempenham um papel importante - os crimes informáticos e
conexos.
São preocupações com aparente resposta na Convenção sobre a Cibercriminalidade (que
Moçambique não subscreveu) de onde podem logo aparentemente trazer uma série de medidas
processuais que ajudam mas não se esgotam.
Objetivos
Objectivo Geral

Análise do direito nacional e internacional, da jurisprudência relevante e das boas práticas


judiciárias sobre a obtenção da prova digital

Objectivos Específicos

Em concomitância com o objetivo geral da pesquisa, apresentam-se os seguintes objetivos


específicos:
 Demonstrar as técnicas básicas de investigação criminal adotadas por órgãos policiais na
obtenção da prova digital;
 Estudar como deve ser realizado o planejamento da investigação para a obtenção de resultados
efetivos quando envolvidos dados digitais;
 Estudar a estrutura de investigação criminal e suas modalidades no que a prova digital diga
respeito;
 Identificar modelos de segurança cibernéticas vivenciados no país.
 Avaliar a utilização de novos equipamentos pela SERNIC no âmbito da modernização dos
métodos tradicionais de investigação criminal.
 Propor procedimentos na cadeia de custódia da prova utilizados pelo SERNIC e demais
instituições de colecta e tratamento de dados digitais.
Perguntas de pesquisa
Justificada a pertinência do estudo e levantado o problema, algumas questões de partida são
levantadas que irão nortear a pesquisa:
 Até que ponto se podem admitir elementos provenientes de actividades e órgãos não
persecutórios, para a instauração de um procedimento administrativo e ou criminal?
 Estando em fórum criminal, sob quais condicionamentos as provas penais seriam
produzidas e valoradas num processo penal eficiente?
 Qual é o limite jurídico das inovações técnicas e tecnológicas referentes à denuncia?

Na tentativa de abordar tão complexas perguntas com vários colegas e juristas, ficou acente
que qualquer pesquisa acadêmica que se proponha realizar será necessário e imprescindível
salvaguardar os direitos fundamentais (na perspectiva individual, de cada imputado, e na
perspectiva do fortalecimento do sistema de direitos fundamentais). Para tal e em atenção ao
estudo e de forma especifica colocam-se as seguintes perguntas de investigação:
- Quais as teorias e modelos utilizados, no contexto moçambicano, para produção, gestão e
custodia da prova nos crimes informáticos ou conexos?
- Como obter a prova do crime digital considerando a legislação vigente em Moçambique?
- Como tornar as provas digitais válidas em tribunal?
- Que condições existentes na cooperação internacional em matéria da prova digital?
CAPÍTULO II

Revisão Bibliográfica
Nas palavras de Neves (2011), o processo penal será efetivamente aplicável quando visar
“essencialmente a realização da justiça e a descoberta da verdade material, a proteção dos
direitos fundamentais e o restabelecimento da paz jurídica, através da aplicação de uma
sanção penal ao arguido que violou específicos bens jurídicos que ascenderam à discursidade
penal”. Tal aplicação sancionatória depende do desenvolvimento sociocultural da
comunidade afetada, das formas de actuação das entidades policiais e do estado de
maturidade da consciência jurídica comunitária.

Enquanto produto em constante mutação face à evolução, o Direito Processual Penal deverá
dar uso dos meios mais atuais e capazes de realizar eficazmente as tarefas condizentes à sua
função de administrar a justiça penal.

A crescente dependência social quanto aos meios tecnológicos e a informação automatizada


que se encontram por detrás dos instrumentos usados, impõem uma actuação clara do Direito
Penal, mais sem com isso significar autonomizar um direito penal informático, posição de
Costa (1998) que perfilha-se e entende-se ser coerente desde já.

O referencial teórico para esta pesquisa será constituído, essencialmente, por estes autores
que analisam e discutem questões sobre a custodia na produção da prova no geral, para com
a influência desses meios de investigação, afinal, focalizar-se no actual contexto em que as
novas tecnologias desempenham um crescente papel na operacionalização de acções
criminosas, tais questões se revelam como base para a abordagem a se realizar.

Nessa perspectiva, a contribuição de autores como Martins (2003), Dias (2004) Antunes
(2016) e Rodrigues (2011) tornam-se fundamentais, pois trazem luz para entender o contexto
da prova digital, conceito que não tem um significado jurídico propriamente dito mas cuja
noção tem a utilidade de estabelecer uma fronteira compreensível entre o contexto físico
(materializado numa realidade apreensível pelos sentidos) e o contexto digital (imaterial e
impercetível aos sentidos sem a mediação de sinais elétricos). Recorre-se à definição de Dias
(2004):
“o conceito de ambiente digital engloba apenas os dados informáticos que, de algum
modo, são criados, processados, armazenados e são identificáveis em sistemas
informáticos, de modo a que podem ser acedidos directa ou remotamente”.
Assim, a prova digital “pode definir-se como qualquer tipo de informação, com valor
probatório, armazenada [em repositório electrónico-digital de armazenamento] ou transmitida
[em sistemas e redes informáticas ou redes de comunicações electrónicas, privadas ou
publicamente acessíveis], sob a forma binária ou digital”, segundo Rodrigues (2011).

Já na terminologia de Antunes (2016), a prova digital pode ser definida como toda e qualquer
“informação passível de ser obtida ou extraída de um dispositivo eletrónico (local, virtual ou
remoto) ou de uma rede de comunicações», razão pela qual «esta prova digital, para além de
ser admissível, deve ser também autêntica, precisa e concreta”. Em todo o caso, Dias (2004) é
perentório em afirmar que não se deve confundir prova digital com prova eletrónica, que
“abrange, não apenas a prova em formato digital, mas também a prova em formato analógico,
como sejam gravações em fita vídeo e áudio ou fotografias em rolo fotográfico, os quais,
apesar de digitalizáveis, não têm a sua origem em formato digital”.

A verdade é que a prova digital, devido a esta fragilidade, tem de ser tratada de forma
cuidada, na medida em que um mero descuido poderá efetivamente torná-la inutilizada. De
resto, justamente devido à sua complexidade e “delicadeza”, Dias (2004) considera que, de
entre as classificações probatórias tipificadas, se deve incluir a prova digital na prova pericial
(por exigir conhecimentos técnicos qualificados de quem a recolhe), sendo que, não obstante
a “imaterialidade” da prova digital (que não é suscetível de apreensão material), esta também
poderá ser classificada enquanto prova documental (na medida em que “possa ser corporizada
em escrito ou por outro meio técnico, como, por exemplo, a impressão fotográfica ou
audiovisual de uma mensagem de correio eletrónico”).

Desta forma, o investigador criminal que apreenda a prova digital tem de saber lidar com este
tipo específico de prova (não só na apreensão, transporte e manuseamento mas também na
posterior análise da mesma).
Independentemente da categorização que seja feita deste tipo de prova, ser-lhe-ão sempre
aplicáveis os princípios gerais que impõem restrições e limites a todos os meios de obtenção
de prova.

Neste âmbito, por exemplo, o princípio da investigação (ou da verdade material) concede ao
tribunal a competência para ordenar todos os meios de prova necessários para a descoberta da
verdade material dos factos, ainda que exista um limite à investigação por parte do tribunal: o
princípio da verdade processual (suscitando questões de admissibilidade, para que não
existam excessos na procura da verdade material). Igualmente importante é o princípio da
livre apreciação de prova (o art.º 127.º CPP estabelece que “salvo quando a lei dispuser
diferentemente, a prova é apreciada segundo as regras da experiência e a livre convicção da
entidade competente”23).

Outro sim, os arquivos eletrônicos têm sido introduzidos e discutidos no processo penal.
Inexiste qualquer disciplina legal quanto à utilização de tais provas na persecução penal.
Diante do princípio da liberdade da prova, não há impedimento para a utilização de tais
arquivos como provas inominadas. Todavia, é sempre necessária redobrada cautela na
valoração da chamada prova eletrônica, diante da possibilidade de adulteração ou supressão.

Apesar de os bens jurídicos atacados se manterem inalterados (a vida, a reserva da vida


privada, o património, os direitos de autor e os direitos conexos, a honra, a liberdade e
autodeterminação sexual, a segurança do Estado, a paz pública, a Humanidade, a segurança
das comunicações, entre outros), a sua esfera jurídica passa a ser afetada por novos métodos
lesivos, como a reprodução ilegítima de um programa protegido.

Assim, e tal como supra referido, a evolução tecnológica irá forçar o Direito Processual Penal
a evoluir, criando normas legais e procedimentos, de forma a criminalizar as práticas lesivas
realizadas através da informática. Questiona-se se a esta criminalidade deverá corresponder
um combate baseado na prevenção, que antecipe a proteção dos bens jurídicos essenciais
passíveis de lesão, enquadrando-se como condutas de perigo abstrato.

Nessa prespectiva vale informar que a investigação criminal, meio preliminar adoptado pelo
Estado Moçambicano, é regido por um Código de Processo Penal aprovado pelo Decreto n.
16489, de 15 de Fevereiro de 1929 e revisto à 24 de Janeiro de 1931, tendo ao longo do
tempo sido dada novas redações a alguns artigos - destaque ao Decreto-Lei n 35.007 de 13 de
Outubro de 1945.

Na verdade Moçambique, nação soberana, sozinho não pode assegurar ou garantir a


segurança cibernética, exigindo-se perceber o que o Mundo está a fazer acerca e numa
abordagem conjunta a nível internacional.
Consciente da ameaça, da ocorrência e sempre presente os efeitos negativos do crime
informático é, pois, necessário garantir que hajam instrumentos que não só possam proteger o
cidadão e penalizar os que cometam crimes informáticos, é igualmente preciso contribuir na
melhor forma de catalogar o aparecimento, tratamento e consequente afirmar de melhores
praticas.
São relevantes para entender as NTIC Moçambique a seguinte legislação:
 O novo Código Penal, Lei 35/2014, promulgada em Dezembro de 2014, que cobre os
crimes informáticos nos seus artigos 317, 318, 323, 324 e 326 mais outros tantos
conexos;

 A Lei 3/2017, a Lei das Transacções Electrónicas, promulgada em Janeiro de 2017,


que visa proteger os consumidores e regular o uso de sistemas electrónicos no
governo, sector privado e sociedade civil;

 Regulamento de controlo de Tráfego de Telecomunicações, Decreto n 75/214, de 12


de Dezembro;

 Regulamento de Registo de Cartões SIM, Decreto 18/2015;

 Lei de Telecomunicações, Lei n 4/2016, de 3 de Junho.

 Constituição da República de Moçambique.

Dessa forma, os conceitos e seus respectivos autores trazem efectiva contribuição para os
objetivos que se espera alcançar com a pesquisa.
CAPÍTULO III
Metodologia
Além de pesquisa bibliográfica, será utilizada pesquisa de campo que propiciará observar
como as brigadas especificas da SERNIC têm elaborado e colocado em prática suas
políticas de produção da prova digital e quais as mudanças têm sido incorporadas, que
revelem sua percepção em relação a actualidade das novas formas de aparecimento do
crime e a contribuição da informática.
A pesquisa junto à PGR e o Gabinete Central de Combate a Corrupção enriquecerá
significativamente o trabalho e aumentará sua contribuição para o delineamento de
estudos similares.

O método utilizado para a pesquisa de campo será o qualitativo. A pesquisa qualitativa


apresenta características que correspondem às necessidades do presente estudo, pois:
envolve pequenas amostras, as quais não necessitam ser representativas do ponto
de vista estatístico; utiliza uma variedade de técnicas de coleta de dados e não apenas o
formato de perguntas e respostas previamente estruturadas; considera o correto
entendimento e definição do problema e dos objetivos da pesquisa como parte dos dados a
serem coletados, permitindo que isto se incorpore ao briefing, antes do início do trabalho
de campo; torna acessível aos entrevistadores caminhos que lhes permitam expressarem a
si próprios. Ademais, segundo Gil (2010), a pesquisa qualitativa não se preocupa com
representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um
grupo social, de uma organização, etc.

A técnica de amostragem utilizada será a não-probabilística, em função da


representatividade da brigadas da SERNIC e as instituições da PGR selecionadas em seu
segmento, sendo que o método de tratamento de dados será de cunho qualitativo.

A seleção se dará por meio das brigadas que tenham levantado seus casos de alguma
complexidade informática para além das especificas se existirem na organização da
SERNIC dentro de categoria relacionada à produção e tratamento da prova digital. Tal
informação estará disponibilizada na Direccao Nacional da SERNIC e ainda no Gabinete
especializado da PGR.

Para a coleta de dados, serão conduzidas entrevista com perguntas abertas para os
profissionais responsáveis pela investigação criminal com foco nos crimes informáticos e
conexos dos casos selecionados.
A amostra, nesse caso, será composta por profissionais responsáveis das brigadas e os
magistrados com competências na direção da instrução em processos com elevado
volume de dados informáticos, aplicando-se entrevista durante.

A escolha de uma amostra não-probabilística, com tratamento de dados de cunho


qualitativo adequa-se ao tipo de pesquisa proposto, uma vez que só uma pesquisa
qualitativa pode informar como a SERNIC e a PGR realizam diligencias de instrução
criminal e de que maneira elas propiciam a valorização da legalidade na recolha da prova
digital e a geral em processos de crimes informáticos e ou conexos, estabelecendo
interface com as garantias individuais dos sujeitos objectos de investigação.
Acredita-se que o critério de seleção da amostra seja o mais apropriado para o estudo, na
medida em que os entrevistados serão selecionados a partir da competência que reúnem
para opinar sobre o assunto em questão.

O levantamento e a coleta de dados serão realizados por meio de observação indireta,


com entrevistas estruturadas e semi-estruturadas, além de levantamento e análise de
relatórios e materiais coletados junto aos entrevistados.
As técnicas de coleta de dados utilizadas serão a entrevista e o levantamento de dados
secundários, sendo que a entrevista contará com roteiro adaptado para cada organização
entrevistada (SERNIC e ou PGR), incluindo variáveis descritivas e explicativas.
O roteiro incluirá questionamentos sobre as ações de produção, gestão e conservação da
prova digital e a percepção sobre as garantias constitucionais que acarretam as buscas
nos casos de intromissão informática com reflexo no espaço público.
Os dados secundários serão obtidos por meio de levantamento bibliográfico, com
consulta a materiais das áreas de validade da prova colectada, da ciência forense e os
direitos fundamentais.
A descrição dos dados será realizada a partir das informações coletadas na pesquisa de
campo e consulta a dados secundários.

Conforme GRAHAM ( 2009) a análise descritiva é feita em dois passos:


1. Procedimentos técnicos de organização, crítica e classificação dos dados coletados.
Dessa forma, será realizada a manipulação dos dados, procurando encontrar tendências
na documentação obtida, assim como categorizando os dados para encontrar campos de
sentido; identificando e selecionando factos de significação para o tratamento analítico;
conseguindo um conhecimento prévio das possibilidades da documentação em relação
aos objetivos teóricos e práticos da investigação.

2. Procedimentos analíticos para construção do objeto empírico, obtido


operacionalmente pelos métodos técnicos descritivos, que para a nossa pesquisa será
utilizada principalmente a entrevista.
Todos os dados serão submetidos a análise interpretativa, sendo que as conclusões serão
expostas apresentando um resumo das análises mais importantes, além de expor as
limitações e as recomendações.

Posteriormente, serão analisadas as entrevistas e material coletado, por meio de


cruzamento que permitirá identificar se são sempre validas as provas digitais obtidas no
âmbito da investigação criminal.

Cronograma

Esta pesquisa se desenvolverá em seis meses, sendo finalizada com a entrega de relatório
ao Conselho Departamental.
A pesquisa será dividida em duas etapas. A primeira será constituída pela revisão
bibliográfica, bem como pela elaboração das entrevistas junto aos profissionais das
brigadas da SERNIC com relação aos crimes informáticos e conexos, e aos gabinetes
especializados da PGR durante o segundo semestre do ano de 2021. Tal etapa ocorrerá
nos primeiros três meses do cronograma.

A aplicação das entrevistas, bem como a análise, desenvolvimento de quadros


comparativos, informacionais e relatório integrarão a segunda etapa, desenvolvida nos
três meses restantes do prazo definido.
Como o cronograma se refere ao periodo do ultimo semestre do Mestrado Academico
sendo que nada obsta a que no mesmo periodo, e dentro da possibilidade, se desenvolva a
pesquisa da formação de mestrado. Ainda assim é importante esclarecer que, caso haja
imprevistos decorrentes de dificuldade de acesso aos dados, o prazo poderá se estender,
considerando uma possível ampliação.
MES/ETAPAS Janeiro Fevereiro Março de Abril de Maio de Junho de Julho de
de 2018 de 2018 2018 2018 2018 2018 2018

Levantamento X
bibliográfico
Escolha de Jogos X
Elaboração do X
anteprojeto
Apresentação do X
projeto
Coleta de dados X X X
Implementação X X X
prática
Redação do X X X
trabalho
Revisão e redação X
final
Entrega da X
Dissertação
Plano orçamental
Quanto à solicitação de financiamento da pesquisa junto aos órgãos de fomento, como FNI
(Fundo Nacional de Investigação), é importante declarar que, ainda que haja interesse de
solicitação, tal factor não será determinante para a realização da pesquisa e sua conclusão, uma
vez que o pesquisador poderá utilizar seus próprios recursos.

3. Referências Bibliográficas

 ANDRADE, Manuel da Costa, «Bruscamente no Verão Passado» a Reforma do Código


do Processo Penal - Observações críticas sobre uma Lei que podia e devia ter sido diferente,
s.l., Coimbra Editora, 2009.

 ANTUNES, Maria João, Direito Processual Penal, s.l., Almedina, 2016.

 BAILIE, Michael W.; HAGEN, Ed; JARRET, H. Marshal , Searching and Seizing
Computers and Obtaining Electronic Evidence in Criminal Investigations, s.n, s.l, 2009,
consultado em: 04-02-2020, disponível em
https://www.justice.gov/criminal/cybercrime/docs/ssmanual2009.pdf.

 BARROS, Juliana Isabel Freitas, O Novo Processo Penal: Os Meios de Obtenção de
Prova Digital consagrados na Lei 109/2009, de 15 de Setembro. Dissertação (Mestrado
em Estudos em Direito, especialização em Ciências Jurídico Forenses), Faculdade de
Direito, Universidade de Coimbra, Coimbra, 2012.

 BORGES, M. A. G. A informação e o conhecimento como insumo ao processo de
desenvolvimento. Revista Ibero-americana de Ciência da Informação (RICI), v.1, n. 1,
p.175-196, jul./dez. 2008.

 BRAVO, Rogério; ROCHA, Manuel Lopes; VERDELHO, Pedro, Leis do Cibercrime, Vol.I,
s.l., Centro Altântico, 2003, consultado em: 16-05-2016, disponível em: centroatlantico.pt

 BRAVO, Teresa Maria da Silva, Revistas e Buscas: O Processo Penal na Era da


Globalização, III Congresso de Processo Penal Coordenação de Manuel Monteiro Valente,
s.l., Almedina, 2010.

 BURCH, S. Sociedade da informação/ sociedade do conhecimento. In: Ambrosi, A.;


Peugeot, V.; Pimenta, D. Desafios das palavras. Ed. VECAM, 2005.
 COSTA, José Francisco de Faria, Algumas reflexões sobre o estatuto dogmático do
chamado “Direito Penal Informático”, Direito Penal da Comunicação, alguns escritos,
Coimbra Editora, 1998

 CORREIA, João Conde, Prova Digital: as leis que temos e a lei que devíamos ter, Revista
do Ministério Público nº 139, Ano 35, Junho- Setembro 2014

 DIAS, Jorge de Figueiredo, Clássicos Jurídicos, Direito Processual Penal, Coimbra


Editora, 2004,

 EIRAS, Henriques, Processo Penal Elementar, 7ª Edição (aumentada e actualizada), Quid


Juris? – Sociedade Editora Lda, 2007.

 GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

 JESUS, Francisco Marcolino de, Os Meios de Obtenção de Prova em Processo Penal, 2ª


Edição, Almedina.

 KIST, Dario José, Prova Digital No Processo Penal. JH MIZUNO. 1a Edição, 2018.

 LUCCI, E. A. A era pós-industrial, a sociedade do conhecimento e a educação para o


pensar. (2000). (notas de conferência para alunos e professores de ensino médio em
diversos estados do Brasil)

 MILITÃO, Renato Lopes, A Propósito da Prova Digital no Processo Penal, s.l., s.n.,
consultado em: 10-02-2020 disponível em: https://www.oa.pt/upl/%7B53f46e96-536f-
47bc-919d-525a494e9618%7D.pdf.
 MARTINS, A.G. Lourenço, Criminalidade Informática, vol. IV, Coimbra Editora, 2003

 NEVES, Rosa Vieira, A Livre Apreciação da Prova e a Obrigação de Fundamentação da


Convicção (na Decisão Final Penal), Coimbra, Coimbra Editora, 2011.

 NEVES, Rita Castanheira, As Ingerências nas Comunicações Electrónicas em Processo


Penal - Natureza e Respectivo Regime Jurídico do Correio Electrónico Enquanto Meio de
Obtenção de Prova, s.l., Coimbra Editora, 2011.

 PINTO, Ana Luísa, Aspectos Problemáticos do Regime das Buscas Domiciliárias, Revista
Portuguesa de Ciência Criminal, Ano 15, n.º 3, 2005.

 PINTO, Ana Luísa, As buscas não domiciliárias no direito processual penal português,
Revista do Ministério Público, Ano28, n.º 109, Janeiro- Março 2007.

 RODRIGUES, Benjamim Silva, Da Prova Penal – Tomo IV, Da Prova- Eletrónico- Digital e
da Criminalidade Informático-Digital, 1ª Edição, s.l., Rei dos Livros, 2011.

Você também pode gostar