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CURSO DE PSICOLOGIA

JOÃO VICTOR CESCON RODRIGUES – 1296


ARIADNE PEREIRA FERREIRA – 1059
HELOISA RAFAELA ROSOLEN – 1079
THALIA THAOANI DE OLIVEIRA BARBOSA – 1061
MARIA EDUARDA LUCAS TREVIZAN – 1097
JEANE RAFAELA ROCHA FERNANDES – 1098

RESUMO DO ARTIGO O PAPEL DA PSICANÁLISE NA DESCONSTRUÇÃO DO


RACISMO À BRASILEIRA

Cianorte - PR
2023
JOÃO VICTOR CESCON RODRIGUES – 1296
ARIADNE PEREIRA FERREIRA – 1059
HELOISA RAFAELA ROSOLEN – 1079
THALIA THAOANI DE OLIVEIRA BARBOSA – 1061
MARIA EDUARDA LUCAS TREVIZAN – 1097
JEANE RAFAELA ROCHA FERNANDES – 1098

RESUMO DO ARTIGO O PAPEL DA PSICANÁLISE NA DESCONSTRUÇÃO DO


RACISMO À BRASILEIRA
Trabalho apresentado ao curso de Graduação em
Psicologia da Faculdade de Administração e Ciências
Econômicas – FACEC como requisito parcial para
aprovação na disciplina de Fundamentos de Psicanálise I

Prof. Andressa Martinez

Cianorte - PR
2023
Guerra (2020) logo no início reforça a importância da autora Neuza Santos e sua
obra "Tornar-se negro: ou as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão
social" de 1983 e sua importância e atualidade para as discussões do tema do "racismo à
brasileira" nos dias de hoje, foi graças a ela que o racismo se tornou um assunto
psicanalítico e que exige posicionamento dos psicólogos e psicanalistas. Após isso, Guerra
discute brevemente acerca do racismo institucional que presencia nas instituições de
ensino pelas quais participou de eventos ou aulas ou relatos das pessoas negras.
Para contextualizar o racismo brasileiro, Guerra (2020) retoma o momento histórico
da escravização dos povos negros e colabora com uma visão psicanalítica para a sua
superação. Dentre o período da abolição da escravidão em 1888 com a Lei Áurea até 1988,
com a Constituição da República houve um período de descaso com a população negra
deixada à mercê da branquitude. Portanto, o racismo aos negros no Brasil é fruto de um
processo histórico da escravidão, econômico, político e estrutural.
Durante o período colonial, a coroa Portuguesa, foi o país que mais escravizou de
todo o mundo de toda a história, deslocando a população africana negra de seu continente.
A UNESCO, através da implantação em 1994 do Projeto A Rota do Escravo,
recuperou dados mundiais e rompeu com o silêncio sobre o tema, chegando a
considerar o tráfico transatlântico uma das maiores tragédias da história da
humanidade, dada sua amplitude espacial e temporal face aos danos impostos ao
continente africano. (GUERRA, 2020, p.3).
Através do site destinado ao Projeto A Rota do Escravo da UNESCO citado acima,
é capaz de compreender o verdadeiro intuito da conscientização através do conhecimento
a respeito do tráfico transatlântico de povos originários africanos negros que, assim como
a Segunda Guerra Mundial, devastou e prejudicou diretamente essa população, além de
que modificou a cultura e contribuiu para a disseminação do ódio ao negro.
Posteriormente, com o término das atividades escravistas mediante à abolição, a
transição do negro que até então era visto como um objeto pertencente ao meio de
produção para um sujeito “livre” que possuía escolha das suas atividades não se
concretizou sem danos subjetivos a cultura negra.
A construção de famílias serviria como um meio de controle dos escravos pelos
senhores das terras, “não era apenas o terror e a crueldade do senhorio que mantinham a
escravização, mas também a configuração de famílias” (GUERRA, 2020), é por meio delas
que o escravizado mantinha viva uma possível relação de amor e amparo em meio à
miséria e hostilidade.
A escravatura logo ia perdendo sua força, uma vez que cada vez mais a condição de
vida dos escravos se aproximava da condição dos homens brancos pobres, a capacidade
de “viver sobre si”, o acesso à própria terra e a capacidade de construção de uma família
tornava cada vez mais próxima a liberdade, as constantes revoltas e revolucionários, além
do novo interesse internacional da Inglaterra, fez com que fossem criadas leis que
auxiliavam os escravos a partir de 1850.
Após a abolição da escravatura, houve a dificuldade de reestabelecer a ligação do
homem negro, que deixou de ser escravo, em relação ao trabalho, parcialmente por ele
estar ligado a esse homem como uma relação de dor, sofrimento e humilhação, mas
principalmente pela falta de oportunidades, pois os antigos senhores de engenho não
queriam contratar antigos escravos, com isso buscavam mão de obra imigrante da Europa
para a substituição, quando essa mão de obra não era conseguida, utilizavam a mão de
obra do homem negro como de forma desvalorizada, sendo para esse homem o trabalho
remunerado uma extensão da escravidão.
A infraestrutura das cidades e suas formas de organizações sociais, levaram esses
indivíduos para as margens das cidades, criando as vilas que com o tempo se tornaram
periferias e favelas, onde esses homens sem renda digna, por falta de oportunidades
empregatícias que não se assemelhavam a escravidão; marginalizados, abandonados
socialmente, não havendo políticas de inclusão, esse homem passou a ser visto como
irresponsável e vagabundo. Se anteriormente o negro era visto como força de trabalho,
com as condições pós abolição começou a ser visto como criminoso e perigoso, pois sem
condições dignas de vida, alguns viram a criminalidade como forma de ascensão social, e
principalmente sobrevivência. Atualmente, 3 jovens negros morrem por hora no Brasil em
consequência do racismo histórico que ainda perdura em nossa sociedade, o racismo é
uma realidade inegável e que precisa ser amplamente debatida.
Souza (2012b, pág. 102) diz que “Existe algo de sintomaticamente psicanalítico no
“esquecimento’ brasileiro em relação à escravidão”, na forma como a psicanálise traz o
conhecimento de que, para se superar um trauma, necessita-se do registro e da lembrança,
não o esquecimento, a tentativa de apagar a vivência, estar em negação.
Historicamente, já desde o século XVI, nas Américas não havia lugar para "homens
tão diversos", tendo o Novo Mundo gerado um desafio para a lógica de representação
ocidental europeia da humanidade.
A teoria evolucionista, com as noções de aptidão, adaptação e luta pela
sobrevivência, invadiu a medicina, as filosofias e as incipientes teorias sociais, dando
origem à perspectiva que ficou conhecida como evolucionismo social, que trazia a
existência de estágios distintos de evolução, que iam da selvageria para a barbárie, e desta
para a civilização. Ainda no darwinismo, cruzamentos seriam um erro e trariam uma
deformação, assim se criava o enaltecimento da raça pura.
Mesmo após a conclusão da ciência na segunda metade do século XX de que a raça
não existe, atualmente o conceito ainda é utilizado enquanto forma de construção social.
No Brasil, a particularidade histórica e cultural do país produziu uma maneira própria de
vivência do racismo, marcada pela indeterminação e pelo negacionismo, pouco suscetíveis
ao apelo da razão, o racismo é implícito. Ninguém é racista, mas todos concordam que o
racismo existe. A democracia racial e seus efeitos no encobrimento do racismo, a distinção
de classe e o ódio que ela provoca entre brasileiros, é uma outra marca do racismo à
brasileira.
A maneira como o racismo se estruturou no Brasil implica mecanismos coletivos e
institucionais que não dispensam a ação humana, mas se articulam estruturalmente. Ele
não se apresenta apenas em práticas entre pessoas ou grupos, tendo sua alimentação
permanente através da institucionalização do preconceito, que se torna comumente visto.
Os diferentes modos de negação em psicanálise nos auxiliam a perceber a sutileza do
conjunto discursivo nacional do racismo à brasileira, essa negação se articula como
mecanismo estrutural e primário de defesa. Ela está na base de três grandes modelos de
defesa do inconsciente: o recalque, o desmentido e a forclusão.
No tópico final do artigo a psicóloga Andréa Maris Campos Guerra se questiona sobre
o modo e estrutura do racismo em nosso país, através da reflexão do que ela como uma
mulher branca, poderia desempenhar entorno das percepções do racismo enfrentadas em
nossa sociedade. A autora destaca também em como se é entendido de forma universal o
ser branco, e que junto a este individuo vem de encontro uma camada de privilégios, o
principal deles a não existência deste pré-conceito baseado por seu tom de pele ou
descendência.
No que se diz respeito a psicanálise, Borges (2017, pp. 27-28) oferece uma ideia e
direção para o que acredita ser uma ação psicanalítica necessária a ser empreendida
contra o racismo à brasileira:
Sensibilizar e dar visibilidade à crueldade do racismo à brasileira, esse “crime
perfeito”, (...) não é o suficiente (...) uma psicanálise brasileira teria o dever de
desenterrar, de tirar de sob os escombros do recalcamento e da denegação as
marcas que instituíram nossa nação, facultando a narrativa das agruras específicas
e singulares dessa história sempre atual, abrindo espaço para a reflexão e a
metabolização das dores infligidas reiteradamente pela colonização, escravidão e
exploração de nosso povo, desacomodando-nos do lugar de vítima e de algozes,
restituindo nossa potência e integridade, valorizando toda e qualquer história pessoal
em sua diversidade. Uma ação como essa deveria atravessar todo o cotidiano da
clínica. (GUERRA, 2020)
Ao final, se é reforçado a necessidade do entendimento destas mazelas enfrentadas
pela população negra, e do reconhecimento deste privilégio branco, para que desta maneira
haja uma melhora concreta na estrutura de nosso país aliado as políticas e programas
sociais.
Referências:
GUERRA, A. M. C. O Papel da Psicanálise na Desconstrução do Racismo à
Brasileira. Revista Subjetividades, [S. l.], v. 20, n. Esp2, p. Publicado online: 28/11/2020,
2020. DOI: 10.5020/23590777.rs.v20iEsp2.e9547.

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