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Achille Mbembe

Nasceu em um pais da Africa central


Atualmente Reside em Joanesburgo pais da africa do sul
Ele Possui PHD em história na universida de Sorbonne
Seus principais temas de investigação são Africa, pós colonialismo, ciências sociais e política.

Achile Mbembe delineia o seu ensaio sobre a necropolítica motivado pela preocupação
com “a forma de soberania que visa instrumentalização generalizada da existência
humana e a destruição de corpos humanos e populações”
Na obra Necropolítica, Achille Mbembe trabalha com as noções de soberania e de
biopoder. Para ele, a expressão máxima de capacidade e poder da soberania, está na
possibilidade de prescrever quem deve morrer e quem pode viver. No que tange a uma
característica da soberania, ele comenta que: “Exercitar a soberania é exeder controle
sobre a mortalidade e definir a vida como a implantação e manifestação de poder.” E,
no que tange a descrição de “poder”, ela pode ser expressa como a forma de dominação
e sujeição que um Estado, pode exercer sobre o corpo de determinados indivíduos.
Achille, tendo como por influência de Foucault, concebe essa impressão de soberania,
por meio de uma compação ao conceito de Biopoder descrita por Foucault, esse
conceito de Biopoder pode ser descrito como: “o domínio da vida sobre o qual o poder
tomou controle
(síntese de algumas partes do texto)
Para a análise da política, da soberania e o sujeito, o autor se utiliza das categorias de
“vida e de morte”. Primeiramente, em uma de suas conceituações, ele estabelece a
política como “o trabalho da morte”, para esta conceituação, ele se inspira em Hegel. E
o conceito que achille mbembe se utiliza dele, é o de morte, no qual apartir dele contrói
sua perspectiva política. Este conceio de morte para hegel, como cita MBembe tem
como um pressuposto, no que concerne a percepção humana de si, a existência de uma
constante negatividade da “natureza” de seu “ser humano”. E, objetivo que o ser
humano tem em se negar a própria natureza, está em “reduzir a natureza a suas próprias
necessidades”. Em consequência disso, o ser humano transforma o elemento negado,
por meio do “trabalho e da luta”. Como resultado da negação da natureza e
concomitantemente a transformação dela, o ser humano cria um mundo em que o
“‘animal’, que constitui o ser humano, é derrotado, tornando-se assim um sujeito, isto é,
um indivíduo subordinado. Além disso, pode-se dizer que neste confronto da negação
de seu ser animal, este indivíduo subordinado se enreda no movimento da história.
Lembrando que sua consciência está estrita ao momento histórico de sua existência, ou
seja, o individuo se subjetiva, ou se experiencia, conforme os elementos lhe aparecem
no delinear de sua própria história. Sendo a morte, por estes motivos, uma questão
conscientemente voluntária. Nesse aspecto, o autor introduz que “A política é, portanto,
a morte que vive uma vida humana”, ou seja, o indivíduo vivendo às espesas da morte
de outras vidas. Logo, essa definição de morte pode ser articulada com o conceito de
conhecimento absoluto e de soberania. A intersecção entre morte, conhecimento
absoluto e soberania está no poder de “arriscar a totalidade de uma vida”. E, esta
totalidade de uma vida tem como grade de inteligibilidade, as relações que o ser
humano estabelece com o outro, a partir de uma negatividade de si mesmo, no qual se
institui, assim, uma politica. Logo, neste ínterim, para o Achille, no movimento em que
a soberania decide o destino de uma vida, ou então, quando se nega uma vida, isto é,
não dar condições básicas necessárias para uma vida existir, esta subestendido no
discurso do soberano, que existe um conhecimento absoluto sobre determinado tipo de
vida que não deve continuar a existir.
Com efeito, nesse escopo de vida e morte em relação ao soberano, Aquille cita a visão de
Baitaille quanto ao mundo do soberano e o próprio soberano: “O mundo da soberania, é o
mundo no qual o limite da morte foi abandonado. A morte está presente nele, sua presença
define esse mundo de violência, mas, enquanto a morte está presente, está sempre lá apenas
para ser negada, nunca para nada alémdisso”. O soberano, conclui Bataille, “é ele quem é,
como se a morte não fosse... Não respeita os limitesde identidade mais do que respeita os da
morte, ou, ainda, esses limites são os mesmos; ele é atransgressão de todos esses limites”.
Ora, neste ínterim mbembe, observa que, o motivo pelo qual se institui a soberania, há uma
ambiguidade, ou seja, pelo mesmo motivo pelo qual se institui a soberania, que é o de
“evitar a morte”, ao mesmo tempo, tem-se na demanda da soberania, a exposição de
certos indivíduos à morte.
Além dessa análise da política, soberania e sujeito pelo viés da vida e da morte em seu
Ensaio, o autor trata do direito de matar da soberania, com isso, ele “relaciona a noção
de biopoder de Foucault a outro conceito: o estado de exceção”, neste escopo, ele
trabalha como o “estado de exceção e a relação de inimizade tornaram-se a base
normativa do direito de matar” e declara que, aqueles que “detém o poder”, se utilizam
de uma noção ficcional do inimigo, iserindo essas noções ficcionais em seus discursos.
Tem-se como um exemplo desse tipo de discurso, que incutiu uma inimizade ficcional
entre algumas culturas, o discurso realizado pelo Estado Nazista. Nesse discurso, se
encontram elementos que pressupõe a distribuição da espécie humana em grupos, a
subdivisão da população em subgrupos e o estabelecimento de uma censura biológica
entre uns e outros. Ou seja, nas palavras do filósofo, este discurso faz com que, na
relação entre indivíduos, o Outro seja um inimigo, “a percepção da existência do outro,
se torne um atentado contra a minha vida, o outro se torna uma ameaça mortal ou perigo
absoluto”.
Sobre o início da mobilização da biopolítica em prol de um estado de exceção, o
Filósofo reassalta ressalta a “estrutura do sistema de colonização” da modernidade.
Nesse sistema, o escravo se encontra no estado de exceção que se define, segundo ele,
como perda de um “lar”, perda de direitos sobre seu corpo e perda de status político.
Essa perda tripla, equivale a dominação absoluta, alienação ao nascer e, morte social, ou
seja, expulsão da humanidade de modo geral. Esse estado de exceção, pode-se dizer,
que se faz no ambito político-jurídico da fazendo, ora, nesse espaço, o escravo não era
considerado como “gente”, ele era considerado pelo detentor do meios de coerção,
como uma coisa, um objeto. Neste momento, é possível constatar que, para o filósofo
camaronês a estrutura de instrumentalização generalizada da existênca humana, já
possui os seus traços desde a modernidade. E, nesse estado, de instrumentalização\
exceção, ressalta Achillle que, “a humanida-de de uma pessoa é dissolvida até o ponto
em que se torna possível dizer que a vida do escravo é propriedade de seu dominador.” Nas
palavras de Susan Buck-Morss, “Uma morte em vida”.
ESBOÇO SOBRE A CRÍTICA DA RAZÃO NEGRA
Na “Crítica da Razão Negra”, Achille explicita, que a nossa época deixou de ter a Europa
como centro gravitacional do mundo e, além disso, relata como o pensamento Europeu ,
delineou a imagem de pessoas advindas do continente Africano por meio do substantivo negro.
De início,ao análisar a raça, ele a define como “uma forma de representação primária”.
Tem-se como por exemplo desta representação primária, a imagem que uma pessoa tem sobre
um invólucro, ou então, como designa, a uma determinada massa de pessoas, um revestimento
simbólico daquilo que é apenas superficial, apenas o aparente. Além disso, a raça se explicitaria
como um óculos pelo qual aquele que é o Outro, não se assemelharia a um si mesmo para
aquele que está enxergando, ou seja, por trás deste termo, ocorre a origem da interpretação da
realidade por um determinado viés. Este viés, cita Mbembe, associa o negro a um “(...)objecto
intrinsecamente ameaçador, do qual é preciso proteger-se, desfazer-se, ou que, simplesmente,
é preciso destruir, devido a não conseguir assegurar o seu controle total.”

Mais adiante no livro, no subítulo “aparência, verdade e simulacro”, ele ressalta que o
conceito de raça não está exposto às vicissitudes do poder, no qual podem molda-lo e
ressignifica-lo conforme às suas vontade , ou seja, nas palavras de Achille, “(...)não basta
afirmar que a raça é um complexo de microdeterminações, um efeito interno do olhar do
outro e uma manifestação de crenças e desejos tão insaciáveis como inconfessáveis8”. Não
obstante, o conceito de raça é antes de nada mais nada, um processo que se dá
incoscientemente, se encontrando exposto a apetites, afectos, paixões e medos, ou seja, estes
fenômenos que acontecem na psique”, no qual são simbolizadas pela lembrança da falta ou
do trauma, geram um compotamento tal em relação a um grupo específico de pessoas. E, vale
lembrar, que muitas das vezes essas pessoas nem participaram do trauma ou da falta. Além
disso, o termo raça, pode se fundamentar como um afirmador de força, um realidade
especular e uma força instintiva. Isto, de acordo com a imagem e discurso que foi estruturado
e afimado sobre certa pessoa. Como resultado disso, esse discurso e imagem incidem no
imaginário das pessoas, e, como uma espécie de agravante, cita Mbembe, “(...)enquanto
estrutura imaginária, escapa às condicionantes do concreto, do sensível e até do finito,
participando no sensível, no qual de imediato se manifesta.” Assim, o racismo ou a raça, tem
como consequencia no comportamento do individuo, a fixação e a absolutização daquilo que
não se encontra constante, como por exemplo disso, a relação de si mesmo com o Outro,
partindo sempre da ficção do Outro.

Diante dessa perspectiva sobre o racismo, pode-se citar como tal, passa a ser um
instrumento do Estado e do Poder em prol de uma sociedade de normalização. Concebe-se
primeiramente, que o soberano possui a capacidade para se autolimitar, e, na posse dessa
capacidade, em prol de uma normalização, se apropria de certos discursos pelo qual manifesta
o racismo. Como um exemplo desse racismo aqui no brasil, é de se lembrar da Operação
policial que aconteceu no complexo da Maré no dia 06\05\2019, no qual foi realizado dezenas
de disparos na direção de pessoa da comunidade.

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