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AGRESSIVIDADE E VIOLÊNCIA NA CLÍNICA COM CRIANÇAS E JOVENS

NPPCri
Patrícia Ribeiro¹ e Tereza Facury²

Na extensa correspondência trocada entre Freud e o escritor Stephan Zweig o tema da violência está
presente. Diante dos horrores praticados na Europa na segunda grande guerra, Freud lhe diz que
“embora estivesse profundamente abalado com o momento destruidor, ele não se dizia surpreso
com essa aterrorizante erupção de bestialidade”³. Para ele, isso apenas confirmaria o que já afirmara
em diferentes ocasiões: “a barbárie, instinto elementar de destruição, não poderia ser extirpada da
alma humana.‟‟

Em outra carta, desta vez dirigida a Einstein que o interpelava pela fragilidade dos tempos de paz,
Freud reafirma a existência de um instinto violento no humano, causador de crueldades, mas chama
a atenção também para outra dimensão da violência. Ele observa que ela esta igualmente presente
no ato
que fundou o pacto civilizatório, conforme a narrativa de Totem e Tabu. Ele assim ensina que “nem
toda violência é simplesmente destrutiva, no sentido de conduzir à morte ou à dissolução do laço
social.”
Se, como Freud observou, nem todo ato violento tem efeitos devastadores, nos interessa perguntar
se, todo ato agressivo é um ato violento. Dito de outro modo, ao nos referirmos à agressividade e à
violência, estamos falando da mesma coisa? Para a psicanálise a resposta é não, elas têm
mecanismos distintos.

Pontuações sobre a agressividade e a pulsão de morte em Freud e Lacan

Em Freud a agressividade é tomada como um fenômeno instintivo para assinalar o que resta de
animal no humano. Lacan observa que tal leitura reflete o pensamento darwinista de seu tempo, tal
como fica evidenciado, por exemplo, na associação da agressividade à pulsão de autopreservação
do primeiro binarismo pulsional. Entretanto, temos que considerar que, ao tomá-la como ato
fundador da ordem social, paradoxalmente, Freud também a coloca em um registro que vai além da
mera herança filogenética, inscrevendo-a no campo da cultura, ou seja, a faz tributária da
linguagem.
Miller também observa que a postulação de uma pulsão de morte indica a presença de outro
impasse nesse apoio freudiano na biologia para elucidar as experiências humanas. O conceito em si
já apontaria para algo que vai além da natureza, distinguindo um fenômeno lingüístico,
transcendente, portanto, ao instintual.
(MILLER apud RAMÍREZ:
2010, p. 31)
Com a formulação do segundo dualismo e a descoberta do mais além do principio do prazer, abrese
uma nova perspectiva na teoria freudiana sobre a agressividade. Conforme sabemos, os signos de
sua presença, Freud os encontrará em sua própria clínica, como por exemplo, na repetição de
sonhos traumáticos ou nas chamadas reações terapêuticas negativas.O modo como insistiam em se
repetir, à revelia do bem estar do sujeito, o levou a entrever a presença de um outro tipo de
satisfação.
1. Membro da EBP/AMP
2. Membro da EBP/MG
3. Ibidem
4. Ibidem
5 BARROS, R. R. A violência e seus limites. In: Opção Lacaniana online. Ano V, março de 2014.
Disponível em:http://www. opcaolacaniana.com.br/nranterior/numero13/texto2.html
6 MILLER apud RAMÍREZ:Actualidad de laagresividad em psicoanálisis de Jacques Lacan. Bs.
Aires: Grama Ediciones, 2010, p. 31)
Inicialmente, conforme esclarece Guillot, Freud irá buscar no supereu, instância decorrente da
passagem pelo Édipo, a origem dessa espécie de tendência agressiva masoquista, tratando-a como
uma resposta à culpabilidade do sujeito por seus desejos incestuosos. Somente em O Eu e o Isso,
uma nova dimensão do supereu se esboça sob a suspeita de que, diferente da idéia de uma instância
marcada por uma lei que interdita e pacifica, ele se revelaria implacável e feroz. O que ai se
desvelou foi a sua dimensão pulsional incitando o sujeito a uma forma obscura de gozo.
Rompendo com a perspectiva biológica freudiana, Lacan pensou a agressividade e a pulsão de
morte como decorrentes da intrusão da linguagem no humano. Guillot destaca que, para Lacan, “é a
linguagem que faz do homem um animal desnaturado, capaz de crueldades” 7
Na obra lacaniana, a agressividade se apresenta como um fenômeno próprio ao registro do
Imaginário. Assim, em 1948, no texto A agressividade em psicanálise, Lacan defende a idéia de que
ela estaria intimamente ligada a um modo de identificação chamado narcísico, cujo papel é
determinante na gênese do eu:
“Há nisso uma espécie de encruzilhada estrutural onde devemos acomodar nosso pensamento, para
compreender a natureza da agressividade no homem e sua relação com o formalismo de seu eu e de
seus objetos. Essa relação erótica, em que o individuo humano se fixa numa imagem que o aliena
em si mesmo, eis aí a energia e a forma donde se origina a organização passional que ele irá chamar
de seu eu. ” (LACAN, 1948/1998, p.116)

Esse modo de identificação irá permitir que a criança assuma uma representação unitária de seu
corpo ao se identificar à sua própria imagem no espelho ou a de outra criança de idade próxima a
sua conforme Lacan elaborou em seu texto sobre o estádio do espelho. Essa imagem é, a matriz na
qual o eu se precipita viabilizando o domínio imaginário do corpo. O ser falante precisa, portanto,
passar pelo outro para
alcançar uma imagem de si mesmo, o que permite afirmar, que o eu nada mais é que o outro.
Disso resulta uma tensão, pois obter um corpo unificado pela via do outro especular implica em
uma relação que comporta tanto o erotismo como a agressividade. Se, por um lado, o sujeito investe
libidinalmente a imagem do outro, por outro, ela pode igualmente ser tomada como a imagem de
um rival, alguém que deseja aniquilá-lo. A base da relação com o outro pressupõe assim uma
divisão do sujeito por seu semelhante ao ponto dele se sentir agredido ou de se tornar agressor do
outro ou de si mesmo.
Há dessa forma um laço entre identificação e agressividade o que permite a Laurent afirmar que
“não há identificação sem agressividade” e “tampouco agressividade sem identificação” , conforme
sua leitura do texto de 1948. O ideal do eu ou a identificação simbólica é o que permite, conforme
esclarece Lacan, ainda em seu texto sobre a agressividade, “uma função pacificadora que
transcende a agressividade constitutiva da primeira individuação subjetiva.” ( LACAN:1948-1998,
p. 120)
________
7. GUILLOT, E. Da agressividade a pulsão de morte. In: Almanaque Online. Disponível em:
http://almanaquepsicanalise.com.br/daagressividade- a-pulsao-de-morte-2/
8. LACAN. J. A agressividade em Psicanálise. In: Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
9. LAURENT, È. apud RAMÍREZ, M.E. Actualidad de La agresividad em psicoanálisis de Jacques
Lacan. Bs. As.: Grama Ediciones, 2010, p. 58)
10.LACAN, J. A agressividade em Psicanálise. In: Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
O transitivismo daí decorre como um fenômeno próprio deste momento de báscula, em que as ações
da criança e desse outro, seu semelhante, se equivalem. É próprio da criança que bate, dizer, sem
mentir: "ele me bateu", pois, para ela, é exatamente a mesma coisa. O que o transitivismo revela é
essa desconhecimento inerente à estrutura do eu e que ganha contornos extremos na psicose. Como
afirmou Miller o estádio do espelho “é a paranóia original do homem.”
Nesse sentido, o golpe contra o outro na paranóia, é um modo que o sujeito encontra para eliminar a
desordem do mundo, ignorando que o que o move é a sua própria desordem. Desse ato, Lacan dá a
fórmula: ao atingir o outro, “é a ti mesmo que atinges” (LACAN: 1950, p 149) e o caracteriza como
uma “agressão suicida do narcisismo” (LACAN: 1950, p 176). Essa idéia fundamenta o que ele
antes chamara de paranóia de autopunição e é essa perspectiva, que ele vai se valer para falar sobre
o crime Kakon, designando, assim, as passagens ao ato homicidas. Nesses crimes, ao buscar
extirpar o mal que habita o corpo do outro, é o gozo desregulado do próprio corpo do sujeito que
está em jogo. O caso Aimée – tornado célebre por Lacan – ilustra esse modo de passagem ao ato.
Em 1931, Margueritte Anzieu, verdadeiro nome de Aimée, foi internada no hospital Saint-Anne por
atacar uma importante atriz da época, ferindo- lhe a mão com uma navalha. Aos cuidados do jovem
psiquiatra Lacan, Marguerite fala de seu ato e de sua história, o que lhe permitiu demonstrar que, ao
atacar a atriz, Aimée atacava um gozo que lhe era estranho.
Para Miller, os atos de violência caracterizados pelo ódio ao outro, tal como se apresentam nas
diversas formas de sectarismo tão evidentes hoje, teriam também esta fórmula.
Segundo ele, o modo de gozo estranho que suponho no outro é o que justifica que eu o ataque.
Assim, o que é rechaçado e pede para ser eliminado no outro, nada mais é do que aquilo que no
sujeito se apresenta como um “corpo estranho” que habita seu próprio corpo e, por isso, é odiado.
“Segrega-se o próprio situado no outro”, isto é, ataca-se o próprio gozo em posição de extimidade.
Serge Cottet, entretanto, ressalva que nem todo ato agressivo é forçosamente narcísico, ou
imaginário.
Ele toma como exemplo, as carnificinas cometidas pelos chamados atiradores em escolas. Segundo
ele, a agressividade nesses casos,
“pode visar um ponto de gozo no outro, por exemplo, um traço de gozo expresso no olhar, a
perseguição. (...) não é a imagem do outro que é perseguidora mas um traço do sujeito que não é da
ordem do imaginário, tal como uma identidade de situação social, como mostram os crimes de
massa nos colégios americanos. Não se pode dizer que o sujeito visa exatamente a imagem dele
mesmo. (...) é a infelicidade, a desgraça mesmo de estar vivo que é insuportável.”

11. Articular o narcisismo à pulsão de morte, como fez Lacan, dá a subjetividade uma forma
totalmente diferente do modo como a pensaram os pós- freudianos. O Eu, longe de ser o mestre da
personalidade, aquele que “se dirige a realidade para conhecê-la, dominá-la... ”será apenas um servo
das instâncias, como afirmou Freud em O Eu e o Isso. (FREUD apud RAMÍREZ, M.E. Actualidad
de La agresividad em psicoanálisis de Jacques Lacan. Bs. As.: Grama Ediciones, 2010, p. 35)

12. MILLER apud FERRARI, I. F. Agressividade e violência. Disponível em:


http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0103-56652006000200005
13. LACAN, J. Funções da psicanálise em Criminologia. In: Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
14. LACAN, J. Formulações sobre a causalidade psíquica. In: Escritos. Rio de janeiro: Zahar, 1998.
15. MILLER, J.A. Extimidad. Buenos Aires .Paidós,2010..p.53-55.
16. COTTET, S. Criminalidade e Psicanálise: entrevista com Serge Cottet. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372008000100002
A violência na clínica com crianças e adolescentes

Já em meados do século passado, Lacan chamava a atenção para o retorno da promoção do eu ou do


narcisismo no mundo moderno, alertando para os seus efeitos de violência e de segregação. Freud,
igualmente, em O mal estar na civilização de 1929 também advertia sobre os riscos presente nos
laços sociais baseados na identificação imaginária, em um tempo no qual o simbólico, ou os ideais,
já se mostravam frágeis para pacificá-la.
Constatamos, na atualidade, a confirmação dessa espécie de predição ao nos deparamos com uma
frequência impressionante e temerária de atos marcados pela violência. Miller, em seu seminário “O
Outro que não existe e seus comitês de ética”, define a civilização como um sistema de distribuição
do gozo a partir dos semblantes. O mal estar de nossa época nos evidencia que estes semblantes
ordenadores do gozo tendem, cada vez mais, a dar mostras de seu descrédito quanto a sua função,
na medida em que aquilo que poderia dar um tratamento ao mais de gozar, se degrada rapidamente
pela ação de um discurso, hoje hegemônico, que a tudo transforma em mercadoria pronta para ser
consumida e descartada.
Nesse sentido, no seminário de 1958, “As Formações do Inconsciente”, encontramos uma passagem
na qual Lacan nos permite distinguir com mais clareza a agressividade da violência e que nos será
útil para pensarmos essa questão tão atual.
Ele destaca que o termo agressividade comporta uma ambigüidade, pois haveria uma diferença
entre a agressividade provocada na relação imaginária com o pequeno outro que não pode
confundir-se com a totalidade do poder agressivo. Este último estaria associado à violência
propriamente dita. E Lacan faz uma importante ressalva dizendo que o poder agressivo “Não é a
fala, é até, exatamente, o contrário” e acrescenta que “o que pode produzir-se numa relação inter-
humana é a violência ou a fala.”(LACAN: 1957-8)
É nessa perspectiva que Miller abre seu texto intitulado Crianças Violentas se perguntando sobre o
estatuto dessa violência, isto é, se caberia generalizá-la como um sintoma. Ao elucidar que a
violência só se produz na ausência da ação do recalque, isto é, quando não foi possível uma
substituição da satisfação pulsional, ele deixa claro que não se pode tomá-la sempre como um
sintoma, cuja fórmula, dada por Freud, o define como resultante do recalque.

Ainda nesse texto, Miller alerta que os atos violentos praticados por crianças podem ser um sinal de
psicose, mas adverte: “Ainda que seja um puro gozo no real, isso não assinala, necessariamente, a
psicose. (...) traduz, em todos os casos, uma ruptura na trama simbólica; trata-se, portanto, de saber
se esta é puntiforme ou ampla”.
17. MILLER, J.A Crianças Violentas. Disponível em: http://www.apreslenfance.com/wp-
content/uploads/2017/06/JAMEnfantsviolents- Orientation.pdf
18. Ibidem
Ele também nos orienta a averiguar se a violência em questão é uma violência sem fala, pura
irrupção da pulsão de morte; ai poderíamos inscrever os atos violentos de crianças e jovens autistas
e psicóticos.
Nesse ponto, vale evocar também outra observação de Serge Cottet ao se referir ao ensino mais
tardio de Lacan, especificamente, ao conceito de objeto a e de sua não extração do corpo. Tais
aportes nos ajudam a compreender outras formas de violência, como aquelas que causam horror nos
chamados crimes pulsionais ou as que se manifestam nos casos de autismo e de psicose.
Assim, no primeiro tempo do tratamento de Marie-Françoise, chama a atenção de Rosine o modo
violento como ela entra em contato com o corpo da analista. É um contato que passa mais pelo
muscular do que pelo escópico e que visa mais a destruir do que a ver. A predominância do
muscular resulta na exaltação do caráter destrutivo da pulsão, que é sempre pulsão de morte. Assim
como para os outros objetos, ela não manifesta o menor traço de inibição em sua agressão ao corpo
de Rosine. Desta forma a destruição e a autodestruição ordenam a relação desta criança autista com
o mundo exterior que a ameaça com os sinais da presença do Outro, uma vez que este é para ela um
objeto real, isto é, nele não se deu a subtração do objeto.
Eric Laurent nos atenta para as soluções que os sujeitos autistas podem construir como saída para
esses atos de destruição do Outro a partir do deslocamento do gozo sobre as bordas, modulando,
desse modo, a invasão de gozo. Temple Grandin constrói essa borda por meio da sua “máquina do
abraço”, permitindo-lhe operar sobre o impulso agressivo e apaziguar sua angústia diante do gozo
caprichoso do outro. Joey atendido por Bettelheim também fabrica uma máquina que une as duas
cargas e negativa, em uma única corrente, lhe possibilitando suportar a vacilação das elétricas,
positiva pessoas, sem agredi-las.
Miller ainda chama a atenção para que se verifique se a violência é simbolizada ou simbolizável, ou
seja, se a criança ou o adolescente consegue traduzi-la em palavras. Mais uma vez, o que ai se
destaca é a importância fundamental de buscarmos, em todos os casos de violência, a localização do
sujeito. Aqui cabe saber se o que é dito aponta ou não para o índice de uma paranóia precoce.
É importante também pesquisar, nas entrevistas com os pais, se a criança foi identificada muito
cedo ao lugar de criança violenta, um significante atribuído pelo Outro. O trabalho do analista é o
de permitir que o sujeito se distancie deste significante, fazendo valer a sua falta-a ser.
Nesses casos, nos quais o que se destaca é a alienação ao significante que vem do Outro ou ainda,
nos atos de violência de ordem histérica, em que o que esta em jogo é uma demanda de amor ou
uma queixa dirigida ao Outro, podemos traduzi-las como respostas sintomáticas. Assim, a
agressividade pode se apresentar: sob a forma de um sintoma; como um acting-out, um ato que
convoca o Outro; e também sob a forma de uma passagem ao ato, regida pelo supereu denotando o
gozo que escapa ao registro simbólico e retorna no real.
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19. Rosine,L. Nascimento do Outro:duaspsicanálises?RosineLefort e Robert Lefort. Salvador : Ed.
Fator Livraria;1984
20. O autismo hoje e seus mal entendendidos Conversação Clinica de Salvador.

Em um mundo no qual os ideais fracassaram e que, para muitos jovens, a saída se faz pela adesão
aos discursos extremistas tais como aqueles ligados ao Estado islâmico ou ao narcotráfico, as cenas
de violência que eles protagonizam revelam a presença desse supereu tirânico.

Daniel Roy, em recente conferencia em Belo Horizonte, observou que as passagens ao ato
cometidas pelos jovens jihadistas ou pelos atiradores em escolas nos permitem pensar que estes
sujeitos encontraram, na alienação a um Outro insaciável, sem limites, um ponto de terror sem
nome, aquele que Lacan designou em seu seminário A Ética da Psicanálise de „segunda morte‟.
Seria esta outra leitura do que Miller propôs como a presença em nossos dias de uma nova forma de
identificação com o próprio gozo, isto é, com a pulsão de morte?

Ainda segundo Roy, é esse terror que os jovens assassinos aplicam a si e aos seus semelhantes
como os colegas de colégio, homossexuais em uma boite gay ou outros jovens em espetáculos
musicais. Na vida de muitos desses meninos e meninas abandonados pelo desejo do Outro, o
supereu, nota Roy, herda os traços desse abandono movendo assim essas passagens ao ato.
Diante deste cenário atual marcado pelo imperativo do gozo e pela não existência do Outro, nos
perguntamos como avançar com a nossa prática clínica. É certo que este avanço não se dá a partir
de uma moral e nem mesmo de uma nostalgia pelo pai, mas sim, através da ética da psicanálise, em
que a partir de um encontro contingente com um analista seja possível ao sujeito uma invenção que
lhe permitiria localizar aquilo que é particular ao seu sintoma.
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21. Daniel, R. A juventude é uma palavra terna. Ainda inédito.

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