Você está na página 1de 16

1

Melancolização como forma de gestão da subjetividade


na pandemia de COVID-19.
Claudia Henschel de Lima (Professora Associada II. Universidade Federal
Fluminense- Campus de Volta Redonda. Professora Permanente do PPGP/UFRJ e
Professora Permanente do PROFIAP/UFF).

1. Considerações Iniciais.
A psicanálise provocou uma mudança no entendimento sobre os processos
de socialização e seu papel na constituição subjetiva, ao introduzir a dimensão
pulsional e os processos identificatórios como referências conceituais centrais e,
consequentemente, pensar esses processos de socialização à luz do patológico
como expressão do sofrimento psíquico compreendido como marcas da violência e
da sujeição social. E é seguindo essa lógica que nosso curso chega ao final. Nosso
objetivo principal, foi apresentar as referências transdisciplinares do campo da
filosofia política e da psicanálise para delimitar os impactos subjetivos do
neoliberalismo, formulando a hipótese de melancolização do sujeito.
No que se refere ao pensamento de Freud, é essencial sua demonstração
quanto a inseparabilidade entre psicologia individual e psicologia social, ao longo de
Psicologia das Massas e Análise do Eu (Freud, 1921/2020), a partir do
reconhecimento de que o mesmo processo de identificação que constitui o eu, a
primeira instância de regulação das pulsões, constitui também a massa. O
pensamento de Freud tem a virtude de possibilitar, então, entender como as
pulsões, os afetos, se constituem como o motor da massa. Sobre esse ponto
específico, gostaria de destacar duas referências clássicas no pensamento de
Lacan:
1. A tese IV, enunciada por Jacques Lacan em L’Agressivité en
Psychanalyse (1948/1966, p. 110).
2. A análise crítica que Lacan conduz sobre a liberdade em O seminário 3.
As psicoses (1955-1956, p.154-156)
No que se refere a tese IV, encontramos o segredo da estrutura forma do eu,
na identificação narcísica: “A agressividade é a tendência correlativa de um modo de
identificação, que nós denominamos de narcísica e que determina a estrutura formal
do eu do homem e do registro de entidades característica de seu mundo” 1. A tese IV
define a verdadeira estrutura do eu e que Lacan denominará de imaginária.
Compõem, portanto, a estrutura imaginária do eu:
1
Lacan, J. L’agressivité en Psychanalyse (1948). In Lacan, J. Écrits. Paris: Éditions du Seuil, 1966,
p.110. (a tradução é nossa).
2

1. Narcisismo.
2. Estagnação formal.
3. Sentimento de agressividade.
Com relação ao seminário 3, encontramos na lição X (Do Significante no Real
e do Milagre do Uivo 2), uma profunda análise das raízes do individualismo moderno.
Lacan () sustenta que sua raiz deve ser buscada no discurso delirante;
Um certo campo parece indispensável à respiração mental do homem
moderno, aquele em que se afirma sua independência em relação, não só a
todo senhor, mas também a todo deus, aquele de sua irredutível autonomia
como indivíduo, como existência individual. Há justamente aí alguma coisa
que merece ser comparada em todos os pontos a um discurso delirante. É
um deles. Ele não está de graça na presença do indivíduo moderno no
mundo, e nas suas relações com os seus semelhantes3.

Lacan avança no sentido de preservar o espírito da garantia da liberdade,


mas acentua que o homem moderno atravessa uma contradição insolúvel entre um
discurso – da liberdade – que tem sua dimensão delirante, ainda que necessário em
certo plano, e uma realidade, à qual o discurso sobre a liberdade não se coapta.
Sobre a psicanálise, Lacan é explícito: a psicanálise não adere a esse discurso da
liberdade. Ela visa, antes, o efeito do discurso no interior do sujeito. É exatamente a
pesquisa deste efeito que estou apresentando aqui – em especial, o efeito do
neoliberalismo no funcionamento subjetivo.

2. O efeito do discurso de época no funcionamento subjetivo: Sujeição


libidinal

A partir da clínica da histeria, a psicanálise pôde colocar a interrogação sobre


as formas da vida social, explicitando os regimes de adesão à sujeição social, que
produzem sofrimento. Neste sentido, cabe antecipar que a psicanálise define a
sujeição à luz de processos identificatórios, e de expectativas de amparo que a
subjetividade encontra nas relações de poder indicando a relevância de se
considerar o circuito de afetos com seus medos, esperanças, melancolias que
sustenta o poder, que dá ao poder a força de sujeitar sujeitos, de gerir suas
expectativas e sofrimentos.
Essa dimensão é bastante clara quando tomamos, por exemplo, como
referência, o trabalho da Escola de Frankfurt, na análise de fenômenos como o
antisemitismo, o nazismo e a constituição de personalidades autoritárias. Este
recurso está presente desde o início dos anos de 1930, com os estudos pioneiros de
Erich Fromm sobre a adesão do operariado alemão ao nazismo a partir da análise
2
Lacan, J. O Seminário. Livro 3. As Psicoses (1955-1956). Rio de Janeiro: Jorge Zahar p.151.
3
Lacan, J. O Seminário. Livro 3. As Psicoses (1955-1956). Rio de Janeiro: Jorge Zahar p.154.
3

das articulações entre impulsos emocionais do indivíduo e suas opiniões políticas.


De fato, Fromm procurava, para além da expressão explícita do engajamento
político, compreender e tipificar a estrutura afetiva que fundamentava tais decisões.
Sua compreensão visava lançar luz sobre as contradições imanentes entre
comportamentos públicos e representações psíquicas, o que poderia explicar o
sistema de modificações bruscas das posições políticas de uma parcela da classe
operária, como a deserção do comunismo em direção ao nazismo. Mas para além
do uso da psicanálise na análise das dinâmicas de regressão social, os
frankfurtianos foram os primeiros a mostrar como a integração da psicanálise no
interior de uma reflexão sobre a crítica social permitiria desenvolver uma verdadeira
crítica da economia libidinal do capitalismo.
3. Emergências Humanitárias.
Guerras, conflitos sociais, golpes de estado, doenças infectocontagiosas,
desastres naturais, compõem o que a Organização Mundial da Saúde (OMS)
definira como sendo o quadro das emergências humanitárias.
Emergências humanitárias impõem condições muito duras às populações
evidenciando o limite de nossa capacidade de sobrevivência, colocando para nós a
condição da finitude ou o que Freud denominara de desamparo fundamental
(hilflosikheit). Foi essa condição de finitude que o poeta Rainer Maria Rilke
testemunhou, em um encontro com Freud e Lou Andreas Salomé, em agosto de
1913. Ali, Rilke admirava a beleza da natureza ao redor, sem extrair nenhuma
fruição disso.
O encontro foi tema de Transitoriedade (1916/2020), escrito para uma obra
sobre Goethe, organizada pela Sociedade Goethe de Berlim. No texto, Freud
interroga sobre os processos psíquicos que estariam na base da experiência de
transitoriedade. Freud relata que Rilke estava taciturno, atravessado por um
profundo sentimento de que a beleza é efêmera pois desaparece com a chegada do
inverno. Esse sentimento logo se estende à vida. Ela é efêmera e está condenada
ao desaparecimento: “Perturbava-o a ideia de que no inverno ela despareceria dali,
assim como toda beleza humana e tudo o que é belo e nobre que o homem criou e
poderia criar” (Freud, 1916/ 2020, p. 221).
É possível reconhecer nos sentimentos do poeta, a tonalidade do sentimento
de perda, de luto e de melancolia, diretamente abordado em Considerações
Contemporâneas sobre a Guerra e a Morte (1915/2020) e em Luto e Melancolia
(1917/2020, p.223-224), em que identificara o quão profunda fora a dimensão de
4

perda sofrida com a I Guerra:


Ela não destruiu apenas a beleza das paisagens que atravessou e as obras
de arte que encontrou em seu caminho, ela atingiu também nosso orgulho
pelas qualidades de nossa cultura, nosso respeito por tantos poetas e
artistas, nossa esperança, enfim, por uma superação das diferenças entre
povos e raças. Ela sujou a sublime neutralidade de nossa ciência, deixou
nua nossa vida pulsional, desacorrentou nossos maus espíritos, que
acreditávamos permanentemente domados por décadas de educação por
parte de nobres predecessores. Ela tornou nossa pátria novamente
pequena e outras terras distantes vastas. Ela roubou muito de nós, o que
amávamos, e nos mostrou a caducidade de muitas coisas que
acreditávamos estáveis. (Freud, 1915/2020, p.223-224).
A fineza da análise de Freud acerca do impacto da Guerra sobre a
subjetividade foi notável, em ambos os textos. Em Luto e Melancolia (1917/2020) ele
ressalta, no quadro da reflexão sobre o destino da libido a partir da perda do objeto
amado, o impacto que um acontecimento histórico como a Guerra pode ter a forma
como o ser humano se relaciona afetivamente, pathicamente, com a realidade
simbólica. Aqui, ele estabelece uma distinção entre o estado de ânimo do luto e da
melancolia. Ambos possuem as mesmas características, com exceção do
rebaixamento da autoestima. Assim, se ambos se caracterizam pela irrupção de um
sentimento de desânimo profundo e doloroso, pela suspensão do interesse pela
vida, com perda da capacidade de amar, inibição da atividade, a melancolia traz a
especificidade do rebaixamento da autoestima:
A melancolia se caracteriza psiquicamente por um desânimo profundamente
doloroso, por uma suspensão do interesse pelo mundo externo, pela perda
da capacidade de amar, pela inibição da capacidade para a realização e
pelo rebaixamento da autoestima, que se expressa em autorrecriminações e
autoinsultos, até atingir a expectativa delirante de punição. (Freud,
1917/2020, p. 100).
No luto, o sujeito perde o interesse por tudo o que não se refere ao objeto de
amor perdido, tudo o que não esteja ligado à sua lembrança. Isso se deve pelo fato
de que a prova de realidade indica que o objeto amado não mais existe, impondo
uma retirada do investimento pulsional de sua ligação com o objeto. Dessa forma, o
processo de luto é o processo de desligamento em relação ao objeto perdido com
investimento na lembrança inconsciente e idealizada deste objeto até sua finalização
com o reinvestimento em novos objetos libidinais. Na melancolia, ocorre que o
sujeito sabe exatamente quem ele perdeu porque a perda ocorre no eu, mas não
houve o trabalho inconsciente de investimento na lembrança do objeto perdido. Isso
indica um estado de ânimo diferente do luto, pois evidencia que algo no campo do
funcionamento inconsciente não ocorreu. No lugar do processo de retraimento no
investimento no objeto perdido na direção de sua lembrança e idealização, a
melancolia revela uma perda sofrida no eu, com retraimento do investimento
5

pulsional no objeto perdido sem investimento na lembrança inconsciente. É o que


Freud (1917/2020) caracterizara como identificação narcísica (o eu é o objeto
perdido) e hemorragia pulsional: há o retraimento do investimento pulsional
diretamente sobre o eu, sem o anteparo da lembrança idealizada do objeto perdido
no inconsciente. O rebaixamento da autoestima na melancolia se deve à hemorragia
pulsional:
O melancólico ainda nos mostra algo que falta no luto: um extraordinário
rebaixamento da autoestima do Eu, um grandioso empobrecimento do Eu.
No luto, o mundo se tornou pobre e vazio; na melancolia, foi o próprio Eu. O
doente nos descreve seu Eu como indigno, incapaz e moralmente
desprezível; ele se recrimina, insulta-se e espera ser rejeitado e castigado.
Ele se humilha diante de qualquer pessoa e sente pesar por seus familiares
estarem ligados a uma pessoa tão indigna. Ele não julga que uma mudança
lhe aconteceu, mas estende sua autocrítica ao passado; ele afirma que
nunca foi melhor. (Freud, 1917/2020, p. 102-103).
Com essa descrição, Freud não só define a distinção entre os estados de
ânimo que um ser humano assume diante da perda do objeto amado – que pode ser
um ente querido, uma abstração do tipo pátria, liberdade, ideal – como também
localiza, na melancolia, um estado de ânimo específico em que se observa a
retração do investimento da pulsão sobre o eu. Esse ponto parece percorrer as
entrelinhas de Linhas de Progresso da Técnica Psicanalítica (1918/1987). É uma
conferência apresentada no V Congresso Psicanalítico Internacional, em Budapeste,
em que Freud movimenta sua reflexão para a contabilização de traumatizados e
mortos no front, alertando para a miséria do mundo que se aprofundava para a
humanidade com o aumento dos casos de angústia e desamparo. E na contramão
de qualquer otimismo ilusório quanto ao futuro, Freud (1918/1987) previu a
equivalência epidêmica do sentimento de desamparo e angústia à própria
tuberculose como consequências diretas do impacto da I Guerra sobre o
funcionamento subjetivo. O que levanta a interrogação a respeito dos estados de
ânimo diante da perda do objeto, feita por ele tanto em Transitoriedade (1915/2020)
como em Luto e Melancolia (1917/2020), escritos no contexto da I Guerra. E nos
conduz a pensar que a equivalência epidêmica entre miséria subjetiva e tuberculose
responde à algo que se concretizará em Psicologia das massas e Análise do Eu
(1921/2020): o grau de destruição de uma emergência humanitária (sobre os bens
preciosos comuns à uma cultura, sobre orgulho pelas qualidades de nossa cultura,
nosso respeito por tantos poetas e artistas, nossa esperança pela superação das
diferenças entre povos e raças), pode impactar profundamente o funcionamento
inconsciente, desnudando nossa vida pulsional, desacorrentando nossos maus
espíritos, que podem se voltar agressivamente contra o eu.
6

Esses maus espíritos, a que Freud se referia em Transitoriedade (1915/2020),


será o que Freud denominará, a partir de 1920, de pulsão de morte. Nesse
momento, a psicanálise passa a se organizar em torno das expressões da pulsão de
morte na vida social, na forma tanto da agressão direcionada ao próximo, como de
uma agressão exercida contra o eu, produzindo desagregação despersonalização,
despossessão, melancolização.
4. A constituição do eu por meio do processo de identificação.
O texto Psicologia das Massas e Análise do Eu (1921/2020), escrito e
publicado um ano depois da reformulação da teoria das pulsões e da definição do
conceito de pulsão de morte, é referência central para entender a estrutura psíquica
que está na base da formação da massa. Trata-se de um texto escrito e publicado
no quadro histórico do final da I Guerra e de uma atmosfera política que antecede
imediatamente a ascensão do fascismo na Itália. O que não impediu Freud de
antecipar um movimento político, mesmo que ainda não estivesse claramente
presente no plano racional. Nesse texto, Freud apresenta a fórmula que
fundamentará o desenvolvimento doo conceito de pulsão de morte: é impossível
separar psicologia individual que investigaria os processos de constituição do eu e
psicologia social, dedicada a investigar criticamente os meios de sujeição social e
produção de alienação. Por isso, ao se dedicar à investigação a lógica da formação
do eu a partir do processo de identificação, Freud (1921/2020) definirá a constituição
do eu pela alienação às condições materiais da vida social e por sua íntima
articulação à figura da autoridade indicando como o eu não é uma instância de
mediação, mas pode vir a ser a própria reificação da autoridade.
O conceito de identificação condensará a presença da autoridade, o laço
afetivo com ela e o processo de alienação, resultando em uma teoria sobre a relação
entre alienação e autoridade no campo mais amplo das relações sociais. Essa teoria
define como o processo de identificação mobiliza uma gradação de afetos que vai
desde o enamoramento (com a idealização da autoridade) até a sujeição, em que o eu
acaba por desaparecer completamente em nome da figura hegemônica de autoridade:
humilde sujeição, alienação, despersonalização, solapamento da iniciativa própria,
docilidade ausência de crítica, desamparo e agressividade direcionada ao que não
se conforma a essa forma de identificação pela sujeição. A formulação de Freud é
precisa e indica o caminho de uma intuição que, muito pouco tempo depois, se
converteria em hipótese a respeito da ascensão do fascismo na Europa: ao mesmo
tempo em que a sujeição à autoridade se alimenta do desamparo, ela produz, no eu,
7

a alienação, com a ilusão de que a autoridade é a solução para a ligação com o


objeto perdido.
3.1. O que Gustave Le Bon e Gabriel Tarde não abordaram no sonambulismo da
massa.
Em Psicologia das massas e Análise do Eu (1921/2020), encontramos uma
revisão bilbiográfica importante de duas referências importantes no campo da
psicologia social e da sociologia das massas, que não abordam a forma como se dá
a gestão dos afetos pelo poder: Gustave Le Bon e Gabriel Tarde. O livro La
Psychologie des Foules fora escrito por Le Bon, em 1895, sendo considerado o
marco da fundação da psicologia social; e o livro Les Lois de L’imitation fora escrito
por Tarde em 1890. De Le Bon, Freud analisa sua hipótese de que o processo de
sugestão hipnótica esclarece o comportamento regressivo da massa em relação ao
comportamento individual; de Tarde, Freud destaca o papel da imitação na
constituição do vínculo social. Ambos os autores consideravam o comportamento da
massa como um comportamento de sonâmbulo movido por ideias sugestionadas por
um líder mesmerista, investido de prestígio.
Após um longo comentário a respeito desses autores e da relevância histórica
de suas hipóteses para explicar o fenômeno de massa, Freud finalmente afirma
como Le Bon e Tarde estendem um véu que esconde a verdadeira condição de
possibilidade da massa. De fato, para ele como a sugestão hipnótica e o
sonambulismo para explicar o ser humano na massa exigiriam, ainda, outra
explicação. Daí, Freud colocar a pergunta: o que converte a massa em massa? Por
isso, Freud (1921/2020) incluirá em sua investigação o conceito de pulsão, a
referência à libido. Trata-se de pensar a formação do líder e o poder que,
supostamente, dele emanaria como expressões do funcionamento da libido:
Iremos, portanto, tentar com a premissa de que as relações amorosas
(expresso de modo neutro: ligações sentimentais) também constituem a
essência da alma da massa. (...) Inicialmente, apoiaremos a nossa
expectativa em dois breves pensamentos. Primeiro, que a massa é
claramente mantida coesa por alguma espécie de força. Mas a que outra
força poderíamos atribuir essa realização se não a Eros, que mantém unido
tudo o que há no mundo? Segundo, que obtemos a impressão de que,
quando o indivíduo na massa desiste de sua singularidade e se deixa
sugestionar pelos outros, ele o faz porque nele há uma necessidade de
antes estar de acordo e não em oposição a eles, talvez, então, “por amor a
eles”. (Freud, 1921/2020, p.164).
A citação revela, então, a tese central do texto: as relações de autoridade com
líder e as relações entre os membros da massa são relações amorosas, libidinais.
Essa hipótese modifica toda a compreensão que se tem sobre certos modos de vida
social. Para Freud (1921/2020), o poder mobiliza, através do líder, uma nova forma
8

de gestão social dos afetos bem distinta da que fora mobilizada pelo recalcamento
disciplinar. Nessa nova gestão, não se trata de abrir mão da libido em nome das
exigências da civilização, mas de suspender o recalcamento com consequente:
declínio da consciência moral, ascensão da atividade de pensamento por analogia e
divorciada das exigências de racionalidade, incapacidade de moderação e
adiamento, desinibição da afetividade com tendência a ultrapassar todas as
barreiras na expressão de sentimentos e a descarregá-los inteiramente na ação.
A partir dessa tese, Freud (1921/2020) escolhe a Igreja e o exército para
localizar, aí, esses processos de gestão afetiva típica da massa. Mais uma vez,
depreendemos, seu posicionamento analítico investido de ironia e crítica ao afirmar
que em ambos, na religião e no exército, encontramos a mesma centralidade de um
líder que, à todos os desamparados, amaria sem distinção: Cristo e o General. E é
muito interessante o alcance deste posicionamento assumido por Freud, quando
dirige ao militarismo prussiano a responsabilidade do preço da neurose grave de
seus soldados na I Guerra, ao mesmo tempo em que ironicamente desenha, no
quadro maior do texto, as soluções fascista e nazista que, em breve, a história
testemunharia:
O militarismo prussiano, que foi tão pouco psicológico quanto a ciência
alemã, talvez tenha precisado experimentá-lo na Grande Guerra mundial.
As neuroses de guerra, que desintegraram as forças armadas alemãs,
foram reconhecidas como sendo em grande parte um protesto do indivíduo
contra o papel que lhe foi atribuído nas forças armadas (...) podemos afirmar
que o tratamento sem amor recebido pelo homem comum de seus
superiores estava entre os principais motivos de adoecimento. (Freud,
1921/2020, p.167).
A definição de massa inclui o traço afetivo libidinal interno entre o líder e o
indivíduo e entre os indivíduos, suspende a ação do recalcamento permitindo, pela
ascensão da rigidez e severidade do eu, a defesa contra a angústia decorrente da
condição ontológica do desamparo e o direcionamento da agressividade pulsional
contra tudo o que não pertence à ela. A análise conduzida por Theodor Adorno
(1951), alguns anos depois, sobre os agitadores fascistas norte-americanos na épica
da II Guerra foi magistral e revelara a consistência da tese de Freud (1921/2020)
para explicar a mentalidade fascista:
Primeiro: excetuando algumas recomendações completamente negativas e
bizarras, como a de pôr os estrangeiros em campos de concentração ou
expatriar os sionistas, o material de propaganda fascista deste país pouco
se preocupa com tópicos políticos concretos e tangíveis. A esmagadora
maioria dos procedimentos do conjunto dos agitadores é feita ad hominem.
Baseiam-se claramente em especulações psicológicas, mais do que na
intenção de ganhar seguidores através do procedimento racional de
objetivos racionais. O termo "rabble-rouser" [sublevador da ralé], embora
objetável, por causa de seu menosprezo pelas massas como tais, parece
9

ser adequado, na medida em que consegue expressar a atmosfera de


agressividade irracional e emotiva propositadamente promovida pelos
nossos candidatos a Hitler. Embora seja impudico chamar o povo de ralé, a
verdade é que o objetivo do agitador é nisso transformá-lo; isto é, multidões
dispostas a agir de modo violento e sem qualquer objetivo político, para não
falar na criação de uma atmosfera favorável ao pogrom.
3.2. Identificação e formação da massa sem identidade

O capítulo VII de Psicologia das Massas e Análise do Eu (1921/2020) será


dedicado à lógica do processo de identificação e sua centralidade na formação da
massa, tomando como referência central o fato de que a identificação é a expressão
primitiva, primária, de uma ligação afetiva com outra pessoa. Conforme já foi
mencionado anteriormente, posicionando o conceito de identificação no cerne da
lógica de formação da massa, Freud explicita o processo que articula a formação do
eu à forma como se dá o processo de alienação e sujeição social, topicamente
encontrados na massa - desde o enamoramento até o próprio desaparecimento do
eu (indicativo do que caracterizamos, na pesquisa, do estado de ânimo
melancolizado) – além de reconhecer na posição assumida pelo eu, na massa, a
presença de uma marca diferencial (um traço, uma insígnia) ou um objeto distintivo
(na forma de um chefe, uma entidade, um totem). Freud (1921/2020) retoma, então,
seus achados conceituais sobre o narcisismo, o estado de ânimo à perda do objeto
e o complexo de édipo para definir o processo de identificação tanto como ambíguo,
como limitado à um traço do objeto:
1. Do narcisismo, isolara a tese de que uma unidade comparável ao eu não
existe desde o início e que sua constituição depende da ação psíquica da
identificação.
2. Do estado de ânimo ligado à perda do objeto, Freud ressalta como a figura da
autoridade pode ser uma solução para a retração do investimento pulsional
ao eu.
3. Do complexo de Édipo, destacara a identificação primária ao pai como
constitutiva do eu (o ideal do eu é o modelo que o eu gostaria de ser). Esse
valor de ideal, paradoxalmente, posiciona o pai de forma ambígua no édipo:
ele é o modelo para a constituição do eu, ao mesmo tempo em que é o
obstáculo para a manutenção do vínculo primitivo com a mãe.

A partir dessas referências, o autor distinguirá, no capítulo VII, as três formas


de identificação, expostas na tabela 3.

Tabela 3. Formas de identificação, segundo Psicologia das Massas e Análise


do Eu (1921/2020).
10

Formas Definição

Formação do Ideal do Eu (Ser É a forma de ligação afetiva originária com uma outra
como a pessoa) pessoa, que conduz o psiquismo ao posterior investimento
em outros objetos de amor (ter).
Por regressão do ter ao ser A forma de ligação afetiva originária toma o lugar do
investimento em outros objetos de amor (ter), vigorando a
introjeção do objeto no eu.
Infecção psíquica (identificação A forma de ligação afetiva opera entre pessoas a partir do
entre os eus) reconhecimento de um traço comum, sem se orientar pelo
Ideal do Eu. A identificação é por imitação e está fundada em
um querer colocar-se no lugar do outro.

Ele avança em seu raciocínio, no capítulo VIII, onde retoma formulações feitas em
Totem e Tabu (1912/1987), sobre a formação do líder da horda primitiva, e em Luto e
Melancolia (1917/2020) - a respeito da distribuição afetiva, pulsional, entre o eu e o
objeto. E não só esclarece, na formação do líder, a passagem sutil do enamoramento à
sujeição como, mais fundamentalmente, o grau de funcionamento pulsional, que vai
desde a sua distribuição entre o eu e objeto, até a desaparição do eu pela sombra do
próprio objeto:
Ele é amado por causa das perfeições que se almeja para o próprio Eu, e as
quais agora se gostaria de obter, por esse desvio, para a satisfação de seu
narcisismo. (...) o Eu se torna cada vez menos exigente, mais modesto, e o
objeto, cada vez mais grandioso, mais valioso; este finalmente alcança a
posse de todo o amor próprio do Eu, de modo que o autossacrifício do Eu
torna-se a consequência natural. O objeto consumiu o Eu, por assim dizer.
Traços de humildade, de restrição do narcisismo, de causação de danos a si
mesmo estão presentes em qualquer caso de enamoramento; em casos
extremos, eles são simplesmente intensificados, e com o recuo das
reivindicações sensuais, eles ficam sozinhos a dominar. (...) Silencia-se a
crítica exercida por essa instância; tudo o que o objeto faz e exige é correto
e inatacável. A consciência não encontra aplicação para tudo que ocorre em
favor do objeto; na cegueira amorosa nos tornamos criminosos sem
remorso. A situação inteira se deixa resumir, se resíduos, em uma fórmula:
O objeto colocou-se no lugar do ideal do Eu. (Freud, 1921/2020, p. 188).
Assim, Freud conduz a distinção fundamental entre identificação e
enamoramento/sujeição:
1. Na identificação: o objeto foi perdido ou renunciou-se a ele; então é
novamente instaurado no Eu, que se modifica parcialmente conforme o
modelo do objeto perdido enriquecendo-se com suas propriedades.
2. No enamoramento/sujeição: o objeto foi totalmente conservado
(equivalendo ao pai da horda primitiva, severo, rígido e autoritário) e, como
tal, é sobreinvestido por parte e à custa do Eu.
A lógica do enamoramento/sujeição é caracterizada como hipnose pois a
posição do eu, neste caso, é a mesma da hipnose: humilde sujeição, solapamento
da iniciativa própria, docilidade e ausência de crítica ante o mesmerista, exatamente
11

como diante do objeto amado. Ele é o único objeto, nenhum outro recebe atenção
além dele. A figura 1, foi extraída de Psicologia das Massas e Análise do Eu
(1921/2020). Ela foi desenhada, por Freud, como matriz para a inteligibilidade da
constituição do líder a partir da identificação primária ao pai, localizada no narcisismo.

Figura 1. A Formação do líder segundo a lógica da identificação.

Fonte: Freud, 1921/2020.

A figura 1 mostra como um objeto externo (o traço ou insígnia de um líder) ocupa o


lugar do que o eu ama como seu ideal. O êxito da constituição da massa reside não
só na substituição entre o objeto externo e o ideal, como também na identificação de
cada eu, na massa, à outros eus: “Uma massa primária como essa é uma
quantidade de indivíduos que colocaram um e o mesmo objeto no lugar de seu ideal
do eu e, em consequência disso, identificaram-se uns com os outros em seu eu”
(Freud, 1921/2020, p. 192).
Ao observarmos a formação do líder autoritário do fascismo, identificamos
exatamente substituição do ideal do eu pelo líder, como uma extensão da
personalidade. Por isso, o líder é considerado alguém como nós, com as mesmas
preocupações, os mesmos anseios, segundo um mesmo projeto. O esquema
desenha o modelo do lugar do eu na alienação e da formação do fascismo, revelando
como uma grande quantidade de indivíduos elege e posiciona um único objeto no lugar
do Ideal do eu, e em consequência disso:
1. Identificam-se uns com os outros em seus eus.
2. Formam uma relação de semelhantes e o sentimento de somos todos iguais.
3. Constituem a imagem unitária do povo.
4. Produzem a segregação agressiva de tudo o que se opõe a essa imagem unitária.
Essa forma de identificação é denominada de identificação imaginária,
precisamente porque situa a formação do líder fascista sobre a base da identificação
especular ao ideal do eu. Neste sentido, um líder autoritário, que encarna a imagem
unitária do povo, se ergue como defesa narcísica, agressiva e extremamente violenta
da identidade de si.
12

O esquema de Freud, reproduzido na figura 1, evidencia a estrutura de


personalidade que caracteriza essa identidade de si e sua presença na própria vida
política, tal como Lacan (1938/2003) reconhece por meio da denominação de psicose
social: ancorada na imagem unitária do povo, ela persegue e expulsa a figura do outro
que se apresenta como diferente dessa unidade. Mas sobre qual estado de ânimo, ela
se assenta?
A hipótese da pesquisa é que o estado de ânimo predominante é o da
melancolização segundo a fórmula freudiana de Luto e Melancolia (1917/2020): a
sombra do objeto recai sobre o eu. Assim, é na formação identificatória de um eu
defensivo, agressivo, rígido e profundamente melancolizado que identificamos, em
Freud, os passos para construção de um entendimento sobre a relação entre a
gênese do eu e a sujeição social à um líder autoritário, na contramão da idéia de que
a ascensão do líder autoritário ocorre em um contexto de perda, de colapso da
identidade.
A figura 2 nos oferece um modelo similar àquele que Freud elaborara em
Psicologia das Massas e Análise do Eu (1921/2011):
Figura 2. Um esquema para a melancolização do sujeito: a sombra do objeto
recai sobre o sujeito.

Essa espécie de reversão da pulsão, abandonando o investimento no objeto e


direcionando-se ao eu, revela uma conformação subjetiva de maior radicalidade,
evidenciando a sujeição do eu ao objeto com retração da pulsão de morte sobre o eu.
Uma das pergunta que a pesquisa coloca reside especialmente neste ponto: seria
esse processo de invasão da pulsão de morte no eu, o que está na base da
constituição do sujeito no neoliberalismo? A fim de responder essa pergunta,
consideremos a identificação melancólica, com a finalidade de mostrar que a
melancolia não produz massa e esclarece o lugar do líder no funcionamento do
neossujeito.
Na melancolia, no lugar do objeto perdido, ocorre uma regressão do afeto
pulsional até o narcisismo, produzindo essa experiência melancólica da sombra do
objeto recaindo sobre o eu: o eu se autorecrimina, denigre a si próprio em um
13

movimento de retorno agressivo da pulsão ao eu, interrogando suas escolhas em um


movimento em que o eu é recriminado por ter feito escolhas erradas, adotado
ideologias enganosas.
Essa formulação encontrada em Freud é revestida de escandalosa
atualidade, pois permite entender a gênese da alienação típica dos dias da
pandemia. No caso do Brasil, também, permite que se coloque uma pergunta sobre
o papel do Estado brasileiro na consolidação de um processo de alienação cujo
resultado seria consolidar a identidade de si, o empreendedorismo de si como
princípios subjetivos na pandemia de COVID-19 sobre a base, paradoxal, de um
profundo sentimento de melancolização em que se verifica a regressão dos afetos
até o narcisismo. E com as seguintes características: sentimento de desânimo
profundo e doloroso, suspensão do interesse pela vida, perda da capacidade de
amar, inibição da atividade, denigrindo a si próprio em um movimento de retorno
agressivo do afeto pulsional ao eu, interrogando, de forma auto recriminatória, suas
escolhas e decisões.
4. O sentimento de melancolização e o peso do indivíduo nas costas do
estado brasileiro.
A identificação do sentimento de melancolização na base da reinvidicação de
liberdade individual e da alienação profunda à crença narcísica no poder, na força,
do indivíduo contra as adversidades da vida – ambos localizados no fundamento da
reivindicação da liberdade individual de ir e vir, da rejeição das medidas de
isolamento social e uso de máscaras, da banalização da pandemia e da crença na
eficácia do “kit para tratamento precoce” da COVID-19 – lança alguma luz à
pergunta sobre a relação entre essa dimensão psicológica, típica de um quadro de
despersonalização e melancolização, e a perpetuação do neoliberalismo.
Se por um lado, a espiral de desastres produz reformas estruturais que
retiram o Estado brasileiro da atividade econômica, de outro esse mesmo Estado
intervém para assegurar que essa espiral produza e aprofunda uma verdadeira
despolitização do campo social:
1. Alienando a população com relação às condições materiais de uma
emergência humanitária da amplitude da pandemia de COVID-19.
2. Produzindo no funcionamento psicológico, a “despersonalização e a crença
no poder do indivíduo investida pelo sentimento de melancolização”.
Assim, alienação, despersonalização e melancolização compõem as
condições a partir das quais a rigidez da identidade de si mesmo, da empresa de si
14

mesmo, emergirá assumindo, para si, a integral responsabilidade sobre a saúde de


si e dos membros de sua família em um contexto de emergência humanitária –
conformam os princípios da subjetividade neoliberal: identidade de si, accountability
e empreendedorismo.
Hoje, vivemos a situação de contabilizar mais de 3.000 mortes diárias por
COVID-19 e projeto do governo brasileiro em lidar com uma emergência humanitária
nos termos que já conhecemos desde o ano de 2020. Prefeitos e governadores
fazem apelos dramáticos diariamente para a população respeite as medidas de
prevenção à infecção viral, com isolamento social e uso de máscaras. No entanto, a
amplitude de aglomerações permanece, ainda que a curva ascendente do número
de mortos, ainda que o colapso do sistema de saúde seja uma realidade diária no
país.
Ao final, a argumentação, aqui apresentada, nos leva ao tweet do Presidente
da República em 16 de junho de 2020: Tiramos o Estado das costas de quem
produz e sempre nos posicionamos contra quaisquer violações de liberdade.
E a pergunta que se impõe é se este tweet não revela muito mais do que
defesa dos direitos individuais. Essa defesa, no quadro da pandemia de COVID-19,
ganha outro sentido. O sentido de uma despersonalização que se generaliza
impondo que cada um cuide de si próprio e ao preço, não de uma suposta
accountability e empreendedorismo, mas de uma profunda melancolização. Essa é
para nós a dimensão de verdade do desastre do neoliberalismo no Brasil e no
contexto de nossa tragédia sanitária: paradoxalmente a melancolia habita a festa, a
aglomeração, a defesa liberdade individual de não usar máscara, a banalização da
pandemia, a ilusão narcísica de que o indivíduo é livre e sobrevive às piores
adversidades. Enquanto isso, o governo brasileiro passa a boiada com reformas
estruturais que retiram, das costas do Estado, o peso dos brasileiros que sucumbem
economicamente, psicologiacamente, à pandemia.
A pergunta que resta é se a curva ascendente de mortos pela COVID-19 não
compõe parte do programa de reformas estruturais.
5. Referências.
Adorno, T. A Teoria freudiana e o modelo fascista de propaganda. Psychoanalysis
and  the Social Sciences 3 (408-433) 1951

Dardot, P. & Laval, C. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal.
Trad. M. Echalar, São Paulo: Boitempo, 2016.

Freud, S. Transitoriedade
15

Freud, S. Considerações Contemporâneas sobre a Guerra e a Morte (1915/2020)

Freud, S. Luto e Melancolia (1917/2020)

Freud, S. Psicologia das Massas e Análise do Eu (1921). In Freud, S. Cultura,


Sociedade, Religião: O mal-estar na Cultura e Outros Escritos. Belo Horizonte:
Autentica, 2020.

Freud, S. O Ego e o Id. In: Freud, S. Edição Standard das Obras Completas de
Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1923/1987. v. XIX.

Freud, S. Mal-estar na Civilização (1930[1929]). In Freud, S. Cultura, Sociedade,


Religião: O mal-estar na Cultura e Outros Escritos. Belo Horizonte: Autentica, 2020.

Friedman, M. The promise of vouchers. Wall Street Journal, Nova Iorque, 5 dez.
2005. Disponível em: https://www.wsj.com/articles/SB113374845791113764.

Henschel de Lima, C & Alves Junior, A.J. A terapia de choque e a nova onda
neoliberal no Brasil. In: Bercovici, G., Sicsú, J. & Aguiar, R. Utopias Para Reconstruir
o Brasil. São Paulo: Quartier Latin. 2020.
Klein, N. A Doutrina do Choque: a Ascensão do Capitalismo de Desastre. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2007.

Lacan, J. Os complexos familiares na formação do indivíduo (1938). In J.


Lacan. Outros Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 2003

Lacan, J. L’agressivité en Psychanalyse (1948). In Lacan, J. Écrits. Paris: Éditions


du Seuil, 1966.

Novaes, M. Brasileiros à beira de um ataque de nervos. Jornal El País, [S.l], 16 abr.


2016. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/15/politica/1460672392_067866.html .
Acessado em 2 de agosto de 2020.

Organização Panamericana de Saúde. Organização Mundial da Saúde. Guia de


intervenção humanitária (GIH-mhGAP): manejo clínico de condições mentais,
neurológicas e por uso de substâncias em emergências humanitárias, 2020.

Revista Veja. O remédio certo. Editorial de 04 de setembro de 2020.


https://veja.abril.com.br/revista-veja/o-remedio-certo/

Selwin, B. Friedrich Hayek: in defence of dictatorship. Open Democracy.


https://www.opendemocracy.net/en/friedrich-hayek-dictatorship/

Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Centro de Pesquisas e


Estudos de Direito Sanitário. CEPEDISA. Direitos na Pandemia – Mapeamento e
Análise das Normas Jurídicas de Resposta à COVID-19 no Brasil. São Paulo:
Universidade de São Paulo, 2021.

Von Hayek, F. Extracts from an Interview with Friedrich von Hayek. El Mercurio.
Chile, 1981. https://puntodevistaeconomico.com/2016/12/21/extracts-from-an-
16

interview-with-friedrich-von-hayek-el-mercurio-chile-1981/

Você também pode gostar