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Nos minutos iniciais do filme, é apresentada a missão assumida

pelos nazistas de "purificar" a terra alemã dos males que a assolavam,


definindo aquilo que os nazistas chamaram de "corpo do povo da Alemanha".
Com esse discurso, os nazistas passaram a perseguir diversos grupos da
sociedade, principalmente as pessoas com deficiências e os judeus, tratando-
os como se fossem bactérias ou vírus, quando o documentário exibe os guetos
poloneses - um verdadeiro câncer que se difundia pelo mundo a ser contido e
removido da sociedade alemã. A medicina alemã deveria trabalhar em prol
desse corpo do povo, e não em prol do indivíduo, e nesse sentido diversos
médicos acabaram se tornando filiados ao Partido Nacional Socialista
Alemão a fim de conseguirem subir na carreira. Contudo, esse discurso
“higienista” acaba sendo incorporado a uma questão de ordem estética,
fundindo de certa maneira padrões de beleza (a “grande arte” idealizada
por Hitler, que via na Antigüidade Clássica especialmente a fusão das paixões
de Esparta, Atenas e Roma bem como na obra de Richard Wagner o ápice da
manifestação artística humana; sendo bastante influenciado pelo romantismo
alemão da segunda metade do século XIX) com questões de ordem médica.
Como exemplo disso, temos o rebaixamento da arte moderna, dentro da lógica
totalitária nazista, para uma chamada "arte degenerada". Hitler chega até
mesmo a elaborar duas exposições de arte, uma divulgando a "arte sadia",
condizente com suas concepções estéticas da raça ariana, e outra exposição,
desta vez da "arte degenerada", mostrando ao povo alemão como era a arte
que eles não deveriam apreciar. Chegou-se ao ponto de comparar diversas
obras modernistas com fotos de casos de deformação congênita, retiradas de
revistas médicas da época, o filme mostra o acervo da cultura hitlerista
apreendido pelos aliados.

Retomando o discurso estético e biológico dos nazistas, os manicômios são


apresentados durante o documentário como uma subversão da ordem natural,
uma vez que enquanto o "povo alemão" vivia em condições paupérrimas,
pessoas doentes, loucos e toda ordem de enfermos viviam cercadas de luxo e
beleza que elas nem mesmo seriam capazes de contemplar. Dentro dessa
mesma lógica, já no meio do documentário, é apresentado o filme nazista
intitulado Vítimas do Passado (1937), onde a intenção é também a de
"biologizar" o discurso nazista, que defendia a eugenia através da prática da
"eutanásia", termo não adequadamente empregado, uma vez que era realizada
sem o consentimento do enfermo ou de sua família. "Na natureza, tudo o que
não é adequado perece"; - diz o documentário nazista, induzindo os
telespectadores a adotarem a mesma lógica para a sociedade na qual eles
viviam, onde os mais aptos deveriam ser recompensados e os menos aptos
exterminados.

A prática da eugenia nazista, de acordo com o documentário de Cohen, teria


começado com a esterilização de doentes e passado então para morte de
crianças com algum tipo de má formação, passando num próximo momento, já
no fim da Segunda Guerra, para o extermínio de judeus na chamada “solução
final”. Essa prática de matar não apenas judeus "estrangeiros", mas também as
próprias crianças e soldados alemães considerados inaptos, vai ao encontro do
que afirma Hannah Arendt, para quem o totalitarismo seria uma forma de
domínio inovadora, uma vez não se limitaria a destruir as capacidades políticas
do ser humano, isolando-o em relação à vida pública, como faziam as velhas
tiranias e os velhos despotismos, mas tenderia a destruir os próprios grupos e
instituições que formam o tecido das relações privadas do homem, tornando-o
estranho assim ao mundo e privando-o até de seu próprio eu.

A narrativa do documentário é feita por vezes de modo irônico, tratando Adolf


Hitler como uma pessoa frustrada, "limitada intelectualmente" e cujos projetos
por vezes eram por vezes de "resultados amadorísticos". Logo no início Peter
Cohen apresenta Hitler como um arquiteto e pintor frustrado por sua não-
admissão na Academia de Artes de Viena, criando uma subseqüente obsessão
pela Antiguidade Clássica, Richard Wagner e Linz, sua cidade natal.

Os aspectos de pensamento de extrema direita são notáveis nessa concepção,


pois a eugenia é associada a um ideal científico e estético, na qual aponta-se
para a superioridade de um grupo étnico e seu dever de eliminar as impurezas
que podem vir a diminuir esse grupo. Nota-se uma simbologia fortemente
ligada, por exemplo, à saúde (na comparação entre a eliminação de germes e
bactérias com a eliminação de "raças" consideradas degeneradas cuja
reprodução caso contrário traria a ruína à humanidade) e às artes (na busca do
ideal social, racial e corporal em obras épicas greco-romanas e germânicas).
Desses parâmetros sociais precede, segundo o documentário, a ambição
máxima nazista de "embelezamento violento do mundo".

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O Brasil tem uma democracia adolescente, com ideias contemporâneas


assimiladas das melhores práticas em outros países do mundo. Mas, por outro
lado, na saída dos tempos de ditadura, depois de duas décadas de regime
militar, as lideranças democráticas negociaram uma transição que pretendeu
acontecer sem traumas, o que manteve no texto constitucional e na malha
legislativa ordinária algumas peças do passado autoritário. Foi o caminho
possível para anular a pressão que vinha dos porões da ditadura, daqueles
contra a abertura, como o coronel Ulstra e seus parceiros, mesmo DNA do
atual presidente da República.

Essa juventude da democracia traz consigo muitas imprecisões legais e exige a


formação de blocos para chegar a novos consensos e a novas disputas. Estas
fragilidades, no entanto, nunca ameaçaram a democracia. A história colocou no
caminho da jovem constituição dois processos de impeachment a presidentes
eleitos, testes consideravelmente complexos ao regime democrático, que
respondeu bem. A destituição de Dilma Rousseff, por exemplo, não teve nada
a ver com crime, foi resultado do enfraquecimento político, que no
presidencialismo não justifica o golpe parlamentar da oposição. Mesmo assim,
a democracia não esteve ameaçada.

Os acontecimentos de 2016, vistos por um ângulo mais aberto, mostram que a


democracia mandou a cobrança para os partidos que lideraram a deposição, os
quais viram muitos de seus votos migrarem para o PSL de Bolsonaro.

Uma combinação de vetores, alguns deles iniciados em 2013, colocaram


Bolsonaro à frente já no primeiro turno das eleições presidenciais de 2017, com
43% dos votos, que subiram para 55% no segundo turno. Sua eleição foi o
resultado de um conjunto de aspirações de segmentos heterogêneos de
eleitores. Mesmo sendo político há três décadas, convenceu os eleitores tratar-
se de um candidato contra o sistema. O fracasso das candidaturas dos partidos
tradicionais, de centro e direita, o colocou como o único capaz de derrotar o
petismo e trazer de volta a segurança, os bons costumes da família e da
tradição.

Hoje, muitos de seus eleitores desembarcaram ao perceber sua recorrente


postura autoritária e abertamente contra o sistema democrático desenhado na
Constituição. Outros o abandonaram pelos seus fracassos no combate à
Covid-19 e na execução de políticas econômicas mitigadoras do desastre
depressivo.

De maneira geral, a sociedade começou a perceber a essência da proposta


bolsonarista, que é antes destruir do que aperfeiçoar o sistema e suas
instituições.

A afirmação contundente merece uma reflexão mais pausada, quase um artigo


para si, inviável neste espaço, mas pelo menos algumas palavras são
necessárias para compreender as atitudes do presidente e seus
filhos. Consegui entender melhor o sentido da destruição na construção política
enquanto assistia o documentário original Netflix “Privacidade
Hackeada”, e Christopher Wyle, cientista de dados da Cambridge
Analytics chamou minha atenção ao mencionar a “Doutrina Breitbart”, segundo
ele a raiz do pensamento da extrema direita contemporânea.

Breitbart é o nome de um site de notícias de extrema direita, criado em 2007.
Steve Bannon foi um dos seus principais formuladores, ao tempo em que
fundava a Cambridge Analytics, da qual se tornou vice-presidente.

No depoimento de Christopher Wyle, no processo contra a Cambridge


Analytics, ele resumiu a doutrina da seguinte forma: “se você quiser mudar
fundamentalmente a sociedade, primeiro tem de destruí-la. Somente depois de
destruí-la é que se pode remodelar os pedaços segundo sua visão de uma
nova sociedade”. A Cambridge foi criada para ser a artilharia na guerra cultural
da extrema direita.

Marcos Nobre, no seu livro “Ponto Final”, alerta aos que se surpreendem com o


comportamento presidencial, com a falta de capacidade do governo
governar e com as atitudes no sense dos ministros. “Este é o plano”, explica o
autor.
Steve Bannon, um dos amigos (?) da família Bolsonaro, talvez seja o
mais conhecido ideólogo desta arquitetura
da destruição, título usado propositalmente numa referência meramente
ilustrativa ao documentário do sueco Peter Cohen, de 1989, no qual há uma
exposição brilhante do projeto nazista de aniquilação da estética e
sentimentos do passado, para construir uma alternativa que seja a expressão
do nazismo. Ideias, aliás, presentes também no livro autobiográfico de Albert
Speer, o arquiteto de Hitler.

Alguns apoiadores entraram no campo da dúvida. Na medida em que


percebiam que Bolsonaro veio apenas para destruir, para mostrar que a
administração pública que está aí não serve, mostra-se uma caixa de
propaganda do marxismo. A transparência com que o governo tentou tudo para
impedir o funcionamento do Ministério da Saúde é um caso exemplar. O
mesmo vale para educação, para o meio ambiente, para as relações exteriores,
todos voltados para anular o avanço das últimas décadas.

Nos últimos meses, vozes de importantes instituições do sistema democrático


subiram o tom na defesa da democracia. São muitos os exemplos, mas elas
estão no Supremo Tribunal Federal, no Congresso Nacional, em algumas das
grandes redes de comunicação e jornais do país, CNBB, OAB, entre outras.

A pesquisa Datafolha de junho registrou o aumento na rejeição ao atual


governo, que passou a ser de 44% da população, quase 10 pontos
percentuais de crescimento nos seis primeiros meses deste ano. Porém, há
uma relativa estabilidade em torno de 30% da população, entre os que
consideram o governo ótimo e bom.

A perda de apoio acendeu o sinal de alerta, mesmo para um governo mais


interessado na destruição e no seu terço do eleitorado. A partir daí, Bolsonaro
adotou uma estratégia conhecida nos manuais de guerra como “cabeça de
ponte”. Para os que não conhecem a terminologia militar, a ideia é ocupar
solidamente uma posição em terreno inimigo, em geral para solidificar a
posição, acumular forças e voltar a atacar.

Não sabemos o quanto Bolsonaro aprendeu sobre táticas e estratégias


militares, antes do processo que o colocou para fora do exército.
Mas sua estratégia, desde o início, focou na solidificação de uma cabeça de
ponte na democracia, seu alvo, e consolidar seus 15% de fiéis, que somados
a outros, alcançam os 30% de ótimo e bom das pesquisas.

As instituições da República, no entanto, têm mostrado força para impedir a


expansão bolsonarista. Erros do invasor, acertos das forças da democracia
entrincheiradas, o fato é que ele viu o perigo de romper algum flanco e, antes
disso, suspendeu o ataque e concedeu alguns territórios em troca de apoio
contra o impeachment. A situação é de pausa. Se fosse um contexto
estritamente militar, diante do recuo do governo, as forças opostas avançariam
até a rendição do inimigo da democracia.

Mas é deste jogo de guerra que depende a sobrevivência da democracia


brasileira, ela será capaz de sustentar-se até as próximas eleições? Qual será
o custo social e de vidas enquanto estivermos com um governo mais
interessado em destruir as bases da organização do Estado e a capacidade de
governar com democracia? Quanto tempo será perdido, antes de passarmos a
ajustar a economia e retomar o crescimento da produção e do emprego? O fato
é que a boiada continua passando, enquanto o governo dirige o país em
direção à barbárie.

A oposição a Bolsonaro não parece disposta a mudar agora. Em parte, porque


deputados do Centrão, até agora na oposição, aceitaram negociar espaço
(cargos) no governo, em troca de apoio para impedir as tentativas
de impeachment. Por outro lado, os que como o PSDB, defendem a
democracia, mas não se declaram oposição ao governo autoritário.

Alguns, da esquerda, têm responsabilizado injustamente a própria esquerda


por não conseguir unir-se para liderar o processo. Uma justa avaliação, no
entanto, mostra uma crescente rejeição da sociedade a Bolsonaro, mas não
uma disposição por mobilizar-se e ir às ruas.

Por enquanto, tudo indica, a população está deixando a decisão para as urnas
de 2022. E nas urnas existe a quase certeza de que Bolsonaro terá pelo menos
1/3 dos votos e estará no segundo turno contra alguém. No caminho, há
inúmeras incertezas, mas é certo que a democracia estará em risco. A
necessária reunião de forças para derrotar o projeto de destruição não será um
processo natural, como o de um rio correndo para o mar. Estará repleto de
alicerces programáticos e ideológicos que deverão ser protegidos, mas
contornados, para que o rio deságue na democracia.

Arquitetura da Destruição (1992) é um documentário sueco, produzido por


Peter Cohen, considerado um dos melhores estudos sobre o Nazismo. Lembra
que chamar Hitler de artista medíocre não elimina os estragos causados por
sua estratégia de conquista universal. O arquiteto da destruição tinha grandes
pretensões e queria dar uma dimensão absoluta à sua megalomania. O
nazismo tinha como princípio fundamental embelezar o mundo, nem que para
isso tivesse que destruí-lo. A produção longa de duas horas, além de induzir a
narcolepsia em meus alunos, desenha o imaginário de Hitler e de seus
colaboradores mais próximos. Analisa como a propagandas, as universidades,
a opinião pública foi manipulada pelo regime até que aceitassem a solução
final: a morte dos indesejáveis, de maneira indolor e científica, mediante gás,
dos “parasitas” humanos. O veneno gasoso utilizado era comercializado sob o
nome de Zyklon B. Ciclone em alemão. Sua base era cianeto, cloro e
hidrogênio. Inicialmente, a partir de 1924, seu fim era o combater os piolhos e o
tifo, ou seja, higienizando o corpo do povo alemão.

Por Neimar Machado de Sousa Do Racismo Ambiental

Com a ajuda do cinema, a população civil foi levada a crer que higienizar o
corpo era apenas o primeiro passo para limpar a sociedade das pessoas
consideradas sujas. Assim, foram cooptados pela ideologia do partido nazista
alemão artistas e cineastas que produziram várias campanhas publicitárias
com o objetivo de associar os judeus do Gueto de Varsóvia, na Polônia
invadida, a estas pragas, piolhos e pulgas. A conclusão sugerida era de que os
judeus, testemunhas de jeová, ciganos, homossexuais, comunistas, portadores
de necessidades especiais e soldados alemães invalidados nas frentes de
batalha deveriam ser eliminados para não atrapalhar a reengenharia para
construir uma nação pura, superior e que dominasse as demais nações.
No Brasil, um dos defensores de ideias próximas a este ideal é o deputado
federal, eleito pelo PP/RS, Luiz Claudio Heinze. Ele afirmou, durante audiência
com a bancada ruralista, que os indígenas, quilombolas, homossexuais e
lésbicas formam o grupo de “tudo o que não presta” e estão escondidos na
Casa Civil, conforme registrou a Revista Fórum, edição de outubro de 2014.
Esta afirmação não é isolada e encontra eco nos discursos de pelo menos 131
deputados, indicando o perigo de uma escalada fascista no parlamento
brasileiro. Parece que a meta destes deputados é capitalizar apoio para
projetos políticos totalitários e captar o voto de eleitores racistas e
preconceituosos. A estratégia deste bloco político tem se mostrado eficiente,
pois o próprio Luiz Claudio Heinze foi o deputado federal pelo Rio Grande do
Sul eleito com o maior número de votos, nas últimas eleições, agremiando 162
mil apoiadores.

Como podemos observar, a ideia de que quanto menor a diversidade étnico-


racial, mais desenvolvida será a sociedade não foi sepultada no bunker de
Hitler, durante a invasão russa em Berlim em 1945. Um dos lugares onde ela
foi vista andando nos primeiros dias de janeiro de 2016 foi na aldeia Te’ýijusu,
no município de Caarapó – MS.

Os moradores desta comunidade, a maioria mulheres idosas e crianças,


relataram e gravaram em vídeo um objeto voador identificado como avião
agrícola, pulverizando a aldeia com inseticidas contra lagarta e nocivos à saúde
humana, fabricados por empresas multinacionais como BASF e Bayer, no dia
29 de dezembro.

As semelhanças entre a pulverização aérea de veneno sobre pessoas e o uso


de gás em câmaras para extermínio em massa na Alemanha nazista são
muitas para serem ignoradas.
1. A população alemã foi levada a crer que se os diferentes não fossem
eliminados, a economia do país ruiria. No Brasil, políticos eleitos e altos
funcionários do executivo ligados à Confederação da Agricultura e Pecuária do
Brasil (CNA) têm, ao invés de representar, organizar e fortalecer os produtores
rurais brasileiros, investindo recursos para influenciar a política nacional
agrícola e para convencer a população brasileira que os indígenas, quilombolas
e camponeses sem terra são um risco à produção de alimentos, à economia e
a segurança alimentar do povo brasileiro, se permanecer na posse de seus
territórios tradicionais e criminosos se insistirem na volta para as áreas de onde
foram removidos.

2. As execuções perpetradas pelo partido nazista, que controlou mediante


golpes o Estado alemão, eram assinadas por um responsável técnico, no caso,
um médico que, inseguro da proteção do partido, mas ambicioso suficiente
para progredir na carreira aliando-se aos mais fortes, sempre falsificava o
nome. A família da pessoa executada pelo Estado recebia uma
correspondência comunicando que, infelizmente, seu entre querido, apesar de
bem cuidado, faleceu em uma instituição pública como, por exemplo, sanatório,
asilo ou hospital, apresentava as condolências e dava ciência que o corpo, por
razões sanitárias havia sido cremado. Como muitos destes fornos funcionavam
dentro das cidades, funcionavam dia e noite e os funcionários, animados por
umas cervejas acabavam contando nos bares o serviço que faziam, a
população começou a desconfiar. As execuções passaram a ser feitas longe da
cidade e os indesejados transportados de trem até os chamados campo de
trabalho.

Do mesmo modo, os agrotóxicos pulverizados sobre o povo Guarani e Kaiowá,


representados em duas comunidades de Te’ýijusu e Apykai também têm
assinatura de responsável técnico e destinam-se ao fim nobre de aumentar a
produção de alimentos reduzindo seu preço ao consumidor final, tese
defendida pela atual Ministra da Agricultura Kátia Abreu. Nas últimas décadas,
estes compostos químicos foram batizados com nomes menos pagãos, sendo
renomeados de Zyklon para outros nomes menos ofensivos à opinião pública:
defensivos agrícolas e agroquímicos. As estatísticas em saúde pública do
Ministério da Saúde (2015) apontam que, apesar do batizado, a mortalidade
infantil indígena em áreas de acampamento, como este da foto acima,
Te’ýijusu, pulverizado com o Defensivo, é superior à média nacional em mais
de 200%.

Por fim, é preciso lembrar das ideias de história do prof. Robin Georg
Collingwood, quando nos esclareceu que a crença na racionalidade do
presente funda-se no registro e análise da origem. Para o historiador britânico,
este é um dos princípios que norteia nossa maneira moderna de ver o mundo,
o tempo e disciplinar os “anormais”. Deste modo, é possível pensar que a
arquitetura da destruição, perpetrada pelos nazistas a partir de 1939, foi
modernizada na região centro-oeste do Brasil como Agricultura da Destruição.

Diluição: apresenta na forma de altitude do prédio em relação do ponto de vista


do observador;

Distorção: deformação da fachada do prédio diante das linhas horizontais e


verticais;

Profundidade: diante das linhas pretas presentes na parte branca do prédio e o


vazio ao fundo da imagem, dando destaque a figura;

Superficialidade: se manifesta de forma inclinada dando destaque aos detalhes


não só da fachada como também da parte inferior;

Sobreposição: linhas pretas na horizontal na parte superior do prédio;

Ajuste ótico: paleta de cores presente da figura;

Ruido visual: presente nas inclinações do prédio

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