Você está na página 1de 5

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE -

CAMPUS I
ESTUDOS DE TEORIA E METODOLOGIA DA HISTÓRIA I
DOCENTE: GERVÁCIO ARANHA
DISCENTES: ERICA DA SILVA OLIVEIRA, THAYNÁ DE
SOUZA GOMES, WESLEY FLORENCIO SIQUEIRA, LUIS MIGUEL GOMES
BEZERRA AMANCIO

SEMINÁRIO

‘A história cultural em Darnton e Davis e seu enraizamento na antropologia’

Livro : A Interpretação das Culturas

O capítulo I do livro de Clifford Geertz "Por uma Teoria Interpretativa das


Culturas" é intitulado "Uma Descrição Densa: Por uma Teoria Interpretativa da
Cultura". Neste capítulo, Geertz apresenta sua proposta de uma antropologia
hermenêutica ou interpretativa, que se contrapõe ao modelo estruturalista de análise
cultural.

Geertz defende que a cultura é um sistema de significados compartilhados pelos


membros de uma sociedade, e que o papel do antropólogo é interpretar esses
significados a partir de uma observação empírica e detalhada dos comportamentos,
símbolos e rituais dos grupos humanos. Além disso, o autor utiliza o conceito de
"descrição densa" para caracterizar esse método interpretativo, que busca
compreender o contexto e a intenção dos atos culturais, e não apenas descrevê-los
superficialmente. Geertz ilustra sua abordagem com o famoso exemplo do piscar de
olhos, mostrando que um mesmo gesto pode ter diferentes significados dependendo
da situação em que ocorre.
Geertz também discute as implicações epistemológicas e éticas da sua proposta,
enfatizando que a interpretação da cultura é sempre parcial, provisória e situada, e que
o antropólogo deve reconhecer sua posição de estrangeiro e dialogar com os nativos
para construir uma compreensão mútua. Geertz conclui o capítulo afirmando que a
antropologia interpretativa é uma forma de ampliar a experiência humana e enriquecer
a imaginação, contribuindo para uma maior diversidade e tolerância no mundo.

Referência bibliográfica: GEERTZ, Clifford. Por uma teoria interpretativa das


culturas. Rio de Janeiro: Guanabara/Koogan, 1989.

Livro: O Grande Massacre dos Gatos

O capítulo 2 ‘Os trabalhadores de revoltam: O grande massacre de gatos na rua


Saint-Severin’ do livro "O grande massacre de gatos: Ensaios de história cultural",
escrito por Robert Darnton, é uma obra que explora a história cultural da Europa do
século XVIII através de uma narrativa atrativa. O autor utiliza o episódio histórico do
suposto massacre de gatos em Paris no século XVIII como ponto de partida para
discutir diferentes aspectos da sociedade da época.

Darnton apresenta uma análise profunda das crenças, comportamentos e conflitos


sociais da sociedade parisiense do período. Ele aborda questões como as relações
entre as classes sociais, as práticas de violência e crueldade, a superstição popular e a
percepção da natureza e dos animais.

No livro, o autor explora as fontes históricas disponíveis para trazer à tona as


diferentes versões e interpretações do evento do massacre de gatos. Ele investiga as
motivações das pessoas envolvidas, as reações do público e os discursos políticos e
culturais que surgiram a partir desse acontecimento.

Além disso, Darnton discute o papel da literatura na construção das representações


sociais e culturais da época. Ele examina as obras de escritores famosos como
Voltaire e Rousseau, bem como as criações do folclore e das tradições populares.
Ao longo do livro, o autor revela a complexidade da sociedade do século XVIII e
mostra como os acontecimentos aparentemente superficiais podem revelar aspectos
mais profundos da cultura e da mentalidade da época.

Em suma, "O grande massacre de gatos" é uma obra fascinante que combina a
história cultural, a análise sociopolítica e a literatura para explorar a sociedade e as
mentalidades do século XVIII na Europa.

Referência bibliográfica: DARNTON, Robert. O Grande Massacre dos Gatos, e


outros episodios da história cultural francesa. Rio de Janeiro: Graal, 1986.

Livro: Culturas do Povo

O capítulo 6 do livro "Culturas do povo: sociedade e cultura no início da França


moderna" de Natalie Zemon Davis trata dos ritos de violência que marcaram a história
francesa no século XVI, especialmente durante as guerras religiosas entre católicos e
protestantes. A autora analisa como esses ritos expressavam as tensões sociais,
políticas e culturais da época, bem como as formas de resistência e contestação dos
grupos populares.

A autora divide o capítulo em três partes: a primeira trata dos ritos de violência
coletiva, como as revoltas urbanas, as charivaris (manifestações ruidosas e
zombeteiras contra pessoas consideradas desviantes) e os massacres religiosos. A
segunda parte aborda os ritos de violência individual, como os duelos, os assassinatos
políticos e os suicídios. A terceira parte discute os ritos de violência simbólica, como
as sátiras, as caricaturas e os panfletos que circulavam entre os diferentes grupos
sociais.

A autora argumenta que esses ritos de violência não eram apenas formas de
expressar a agressividade e o ódio, mas também de comunicar valores, identidades e
reivindicações. Ela mostra como esses ritos eram influenciados pelas tradições
culturais, pelas mudanças históricas e pelas relações de poder entre as classes sociais.
Ela também destaca como esses ritos podiam ter efeitos contraditórios, ora reforçando
a ordem estabelecida, ora desafiando-a.
O capítulo é uma rica fonte de informações sobre a cultura popular francesa no
século XVI, que revela as complexidades e os conflitos da sociedade e da cultura no
início da França moderna. A autora utiliza uma variedade de fontes históricas, como
documentos oficiais, relatos de testemunhas, obras literárias e artísticas, para ilustrar e
analisar os ritos de violência que marcaram essa época.

Referências bibliográficas: DAVIS, Natalie Zemon. Culturas do povo: sociedade e


cultura no início da França moderna: oito ensaios. Tradução de Mariza Corrêa. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 1990. 308 p. (Coleção Oficinas da História).

Livro : As Muitas Faces da História

No livro "As Muitas Faces da História", Natalie Davis discute a relação entre
história e memória. Ela aborda o conceito de memória coletiva e como ela tem
influência na construção e interpretação da história. Ela argumenta que a memória
coletiva não é uma simples recuperação do passado, mas sim uma construção social
que surge por meio de narrativas, ela aborda alguns momentos da história que foram
cruciais para a análise de certos desdobramentos em torno da sociedade,
acontecimentos que ocorreram desde o século XVII até a contemporaneidade. Ela
destaca que cada grupo ou comunidade tem sua própria memória coletiva, o que leva
a múltiplas versões e interpretações da história.

No texto ela, também, aborda a importância da memória na construção da


identidade nacional. O autor argumenta que a memória coletiva desempenha um papel
fundamental na construção de narrativas históricas que reforçam a identidade de uma
nação. No entanto, ele ressalta que essas narrativas muitas vezes são seletivas e
tendem a excluir ou distorcer certos aspectos do passado.

Outro ponto discutido no capítulo é a violência da memória. O autor analisa como


lembranças traumáticas, como guerras, perseguições e genocídios, são transmitidas e
afetam as gerações futuras. Ele ressalta que, muitas vezes, a memória coletiva desses
eventos é permeada por silêncio, tabus ou negação, o que dificulta a reconciliação e a
construção de uma memória compartilhada.

O capítulo termina com uma reflexão sobre o papel dos historiadores em relação à
memória. Natalie argumenta que os historiadores devem se envolver ativamente no
estudo da memória coletiva, buscando compreender as diversas perspectivas e
interpretando-as criticamente. Ela defende que a história e a memória são elementos
interdependentes e complementares na construção do conhecimento histórico.

Em suma, Natalie aborda a relação entre história e memória, ela destaca a


construção social da memória coletiva, sua influência na construção da identidade
nacional, a violência que trás a memória e o papel dos historiadores nesse contexto.

Referencia bibliográfica: Pallares-Burke, Maria Lúcia Garcia. As muitas faces da


história. Nove entrevistas/Maria Lúcia Garcia Pallares-Burke. – São Paulo: Editora
UNESP, 2000.

Você também pode gostar