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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CAMPUS I - CENTRO DE EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

CURSO DE HISTÓRIA

DISCIPLINA: HISTORIOGRAFIA I

PROFESSOR: ALBERTO EDVANILDO

PERÍODO: 2023.2

TURMA: NOITE

ALUNO: JOSÉ ADAUTO DA SILVA

ANÁLISE

OS BESTIALIZADOS O RIO DE JANEIRO E A REPÚBLICA QUE NÃO FOI

AUTOR JOSÉ MURILO DE CARVALHO


SUMÁRIO

I- José Murilo de Carvalho e Sua História


II- Os Bestializados
III- O Rio de Janeiro e a República
IV- República e cidadanias
V- A Abstenção Eleitoral
VI- Cidadãos Ativos: A Revolta da Vacina
VII- Bestializados ou Bilontras
VIII- A Obra e Seu Contexto
IX- Uma Analise Epistemológica
José Murilo de Carvalho e Sua História

José Murilo de Carvalho é um dos mais importantes Historiadores brasileiros. Nascido


no dia 8 de setembro de 1939 na cidade de Andrelândia, MG, José Murilo de Carvalho saiu do
interior de Minas Gerais para desenvolver uma grande carreira científica e acadêmica. Na
década de 1960, formou-se em Sociologia e Política pela Universidade Federal de Minas
Gerais, daí em diante, continuou sua formação fora do Brasil. Na década de 1970, foi para os
Estados Unidos desenvolver os estudos do Mestrado e do Doutorado em Ciência Política na
Universidade de Stanford, na Califórnia. No mesmo lugar, fez seu primeiro Pós-Doutorado,
sendo o primeiro curso especificamente na área de História.

Escreveu livros como A Escola de Minas de Ouro Preto: o peso da glória. Rio de
Janeiro: Finep/Cia. Editora Nacional, 1978. 2.a ed., Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004, A
Construção da Ordem: a Elite Política Imperial. Rio de Janeiro: Campus, 1980, Os
Bestializados. O Rio de Janeiro e a República Que não Foi. São Paulo: Companhia das Letras,
1987, Teatro de Sombras: a Política Imperial. São Paulo: Edições Vértice, 1988, A Formação
das Almas. O Imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
13.a reimpressão, 2003, Un Théâtre d’ombres. La politique impériale au Brésil. Paris: Maison
des Sciences de l’Homme, 1990, A Monarquia Brasileira. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico,
1993, Desenvolvimento de la Ciudadanía en Brasil. México: Fondo de Cultura Económica,
1995, A Construção da Ordem / Teatro de Sombras. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ/Relume
Dumará, 1996. 2.a ed., Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. 3.a ed., 2004, La
Formación de las Almas. El Imaginario de la República en el Brasil. Buenos Aires:
Universidad Nacional de Quilmes, 1997, Pontos e Bordados. Escritos de História e Política.
Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1998, A Cidadania no Brasil: o Longo Caminho. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, Ciudadanía en Brasil: el largo camino. Havana: Casa de
las Américas, 2004, Forças Armadas e Política no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2005, D.
Pedro II: ser ou não ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, Nação e cidadania no
Império. Novos horizontes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, Carvalho, José
Murilo de & Bethell, Leslie. Org., introdução e notas, Joaquim Nabuco e os abolicionistas
britânicos. Rio de Janeiro: Topbooks, 2008, Carvalho, José Murilo de et allii, (Org.), Histórias
que a Cecília contava. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2008 e Joaquim Nabuco:
correspondente internacional (1882-1891). Rio de Janeiro: Global, 2013.
Graduou-se em sociologia e política (1965) pela Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). Na Universidade de Stanford, EUA, concluiu mestrado (1969) e doutorado
(1975) em ciência política. Fez estágio de pós-doutoramento (1977) em história da América
Latina na Universidade de Londres, Reino Unido. Foi professor da UFMG (1969-1978) e do
Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro – Iuperj (1978-1997). Foi professor
visitante na Universidade de Londres (1981); na Escola de Estudos Superiores em Ciências
Sociais, França (1989); na Universidade de Leiden, Holanda (1992-1993); nas universidades
de Stanford e da California, EUA (1999); e na Universidade de Oxford, Inglaterra (2007). Foi
pesquisador da Casa de Rui Barbosa, do Centro de Pesquisa e Documentação de História
Contemporânea do Brasil e pesquisador visitante do Instituto de Estudos Avançados da
Universidade de Princeton, EUA. É professor emérito da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) e pesquisador emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq). Foi um dos fundadores da pós-graduação em ciência política da UFMG
e do doutorado em ciência política e sociologia do Iuperj. Suas pesquisas e produção
concentram-se na história do Brasil Império e Primeira República, com ênfase nos temas da
cidadania, republicanismo e história intelectual. Dentre prêmios e títulos, destacam-se:
Medalha Santos Dumont (1987), Medalha de Honra da Inconfidência (1992), Grande
Medalha Presidente Juscelino Kubitschek (2006) e a Comenda Teófilo Ottoni (2007), todas
do Governo de Minas Gerais; a Medalha de Oficial e Comendador da Ordem de Rio Branco,
do Itamaraty (1989); classe Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (1998);
Medalha de Grande Oficial da Ordem do Mérito Aeronáutico, do Ministério da Aeronáutica
(2004). Recebeu títulos de Doutor Honoris Causa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ, 2014) e da Universidade de Coimbra (2015). Além da ABC, também é membro da
Academia Brasileira de Letras (ABL).

Os Bestializados

José Murilo de carvalho vai focar todo seu estudo no Rio de Janeiro, e no inicio da
República utilizando o recorte temporal de fim de Império e inicio de República até o governo
de Rodrigues Alves estudando especificamente a população do Rio de Janeiro da então maior
cidade e capital desse inicio da República. A obra foi publicada pela primeira vez em 1987
com o tema Os bestializados. A obra foi inspirada na escrita de Aristides Lobo, que era um
grande propagandista da época um grande intuziasta da República brasileira, mas foi alguém
que se frustou logo após a Proclamação da República no dia 15 de novembro, escrevendo que
o povo do Rio de Janeiro assistiu a um desfile a marcha militar totalmente “Bestializados”,
atônicos. Aristides esperava que a Proclamação da República viesse com uma grande
participação pública, popular esperando o povo atuar nas ruas que na verdade não passou
apenas de uma marcha militar e o povo assistiu sem entender nada todos “bestializados”,
fazendo criticas a forma que a proclamação da República ocorreu.

A partir desse tema Bestializado e do que aconteceu e de como foi essa transição do
Império para República, José Murilo de Carvalho ele busca nessa obra entender de fato quem
era esse povo carioca, quem era esse povo que vivia na capital e se de fato podemos afirmar
que o povo do Rio de Janeiro assistiu bestializado a Proclamação da República e continuou
bestializado após anos inicias da República. É impressionante como José Murilo em poucas
paginas consegue usar uma infinidade de obras e fontes históricas divergentes e como ele
consegue passar muito conteúdo em poucas palavras.

O Rio de Janeiro e a República

O objetivo dessa obra e estudar a população e a vida no Rio de Janeiro e como era essa
vida, quais eram as praticas políticas do povo carioca o que era ser cidadão no Rio de Janeiro
nos anos Iniciais da República esses são os questionamentos que José Murilo procura
responder ao longo da obra. A obra é dividida em cinco capítulos e o primeiro O Rio de
Janeiro e a República, irá fala justamente do Rio de Janeiro e a República fazendo um
panorama do que era o Rio de Janeiro no final de 1800 a o inicio de 1900, o Rio de janeiro
passou por muitas mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais nessa transição. O Rio
de Janeiro era muito agitado disparada a maior cidade do Brasil naquele contexto capital
política e inclusive um grande centro econômico.

A cidade do Rio recebia uma grande quantidade de imigrantes especialmente


portugueses e também pessoas que viam de diversas regiões do Brasil e após a abolição da
escravidão no dia 13 de maio de 1888, muitos ex-escravisados abandonam as fazendas de café
e começam a ir à capital a procura de emprego. Então a quantidade de pessoas que o Rio
recebe é muito grande e vai sofrer com problemas gravíssimos sociais porque não estava
preparada para absorver toda aquela população que estava chegando. Com a abolição da
escravidão e toda essa migração para a capital vai aumentar a quantidade de pessoas
desempregadas ou subempregadas na informalidade, menores abandonados era muito alta e a
maioria dessas quando arrumava um emprego os ganhos eram baixos, empregos informais e a
desigualdade social do Rio, aumenta muito se tornando uma cidade muito perigosa,
aumentando o crime e o preconceito.
Ele destaca que mesmo com a abolição da escravidão ele faz um questionamento será
que a escravidão de fato foi abolida, pois, foi dada a abolição mais a população não foi
assistida e começa a criminalizar praticas ligadas as pessoas mais pobres da capital
especialmente os negros como a capoeira, os jogos acontecendo até prisões por vadiagem,
embriaguez e coisas do tipo e essa população mais pobre vão sofrer com perseguição policial
e o preconceito nesse início da República e fora os problemas de habitação tendo ai o
processo de favelização dos morros. Na saúde havia vários surtos de epidemias entre elas a
varíola, febre amarela, malária entre outras doenças que assolavam a capital. Na política era
intensa ali estavam os jacobinos, ele fala muito dos jacobinos principalmente durante o
governo do Floriano Peixoto como os jacobinos aterrorizavam o Rio de Janeiro como eles
praticavam violência política e ao mesmo tempo acontece a contradição do otimismo da
proclamação principalmente os positivistas outros grupos republicanos falavam que agora
tudo ia melhorar só que o choque com a realidade mostrou que iam melhorar pra quem.

Os anos inicias da República foi marcado pela busca incessante pelo lucro através da
bolsa de valores do Rio de Janeiro todo mundo queria ficar rico rapidamente e condizia com a
política econômica de Rui Barboza como a política do encilhamento, das apostas com o
aumento da quantidade de cassinos, o jogo do bicho. Quem estava no poder pregava um
discurso conservador que contradizia o que estava acontecendo nas ruas e José Murilo destaca
que entre a população ex escravizada e negra a República era muito impopular até porque a
monarquia caiu justamente no seu período mais popular pós treze de maio de 1888, com a
assinatura da lei Áurea os negros gostavam mais da Monarquia do que a Republica.

Essa República começa cheia de contradições e efervescência e o autor mostra que foi
se afastando o povo da participação política cada vez mais, primeiro que a constituição de
1891, ela excluía da participação política mulheres e os analfabetos excluindo grande parte da
população brasileira. José Murilo destaca que se for fazer uma comparação entre o final do
Império e o começo da República em termos de participação política de direitos políticos
pouco mudou então todo aquele otimismo que falava de uma República popular ela não se
apresentava na realidade e ele ate destaca que durante a presidência de Campos Sales isso se
intensificou ainda mais por que Campo Sales descentralizou o poder e o Brasil era muito mais
rural do que urbano.

O estado e o poder público foi afastando o povo cada vez mais nesses anos iniciais e o
estado ele não estava ali para assistir a população, ajudar dando saúde, empregos gerando
renda e trabalho e quando o estado aparecia especialmente para a população mais pobre era
pra destruir cortiços era para prender as pessoas e o estado começa a ser visto com uma
espécie de inimigo para a população mais pobre, o estado não tava pra ajudar e quando
aparecia era pra oprimir tomando decisão sempre de cima para baixo e o povo sempre ficava a
mercê dessa forma do estado agir.

República e cidadanias

No capitulo dois República e cidadanias, José Murilo fala que para cada grupo
Republicano cidadania era uma coisa então tinha os positivistas, os liberais, os socialistas, os
anarquistas só que era idéias importadas da Europa e muitas vezes adaptadas ou mal
adaptadas aqui no Brasil se misturando totalmente sendo curioso como para a maioria desses
grupos Republicanos o povo não estava no centro. Ele até fala que os positivistas defendiam
os direitos sociais só que defendiam um modelo de governo de ditadura Republicana da qual o
povo não participava, os liberais que assumiram o poder principalmente ligado ao partido
Republicano Paulista que tinha o discurso liberal nos moldes Norte Americanos praticamente
excluíam e não se portavam com os direitos sócias pro povo então a grande contradição dessa
República que se falava de povo quando na verdade eles não queriam o povo no estado.

Com isso José Murilo desenvolve sua tese que chama de Estadania que para você ser
um cidadão pleno nos anos inicias da República você tinha que ter um cargo no estado e fazer
parte do estado, ou seja, o povo que era totalmente excluído na participação políticas dos
direito políticos não era considerado cidadão nesse sentido por que o cidadão aquele que
gozaria dos seus plenos direitos tinha que estar dentro do estado.

A Abstenção Eleitoral

No capitulo três Cidadão Inativos: A Abstenção Eleitoral, José Murilo de Carvalho


deixa destacado que um grande erro e analisar a população carioca do inicio de 1900,
colocando como molde a idéia de cidadania na Europa no mesmo período então claro que ser
cidadão no Brasil nos anos inicias a República não era a mesma coisa que na Europa ou
Estados Unidos ela fala devidamente que não devemos enxergar a pratica cidadã do povo
carioca tendo como molde a Europa e os Estados Unidos. Ele ainda fala o povo do Rio de
Janeiro não era bestializado via outras formas de atuação política de fato o povo estava
excluído do estado o que não quer dizer que o povo não tinha outras formas de atuar
politicamente destacando que a vida no Rio de Janeiro inclusive foi muito agitada no inicio de
1900, seja através dos florianistas, das greves organizadas geralmente pelos anarquistas, seja
pelas passeatas, manifestações quebra quebra, como foi o caso da revolta da vacina então o
povo na verdade saiu nas ruas do Rio de Janeiro para pedir, exigir a abolição da escravidão
com grande participação popular então não da pra afirmar que o povo do Rio era Bestializado.

O povo do Rio de Janeiro era afastado, mas atuava de outra forma até porque votar no
inicio da República era inútil segundo José Murilo, porque havia fraude e todo mundo sabia
quem ia vencer era perigoso e violento, as pessoas sofriam ameaças quando iam votar e o voto
não era obrigatório e muita gente preferia não votar com o numero de abstenção altíssimos
sendo assim os cidadãos cariocas atuavam de outras formas como José Murilo fala no quarto
capitulo na revolta da vacina.

Cidadãos Ativos: A Revolta da Vacina

Quando o presidente Rodriguez Alves em acordo com o prefeito da capital Pereira


Passos e o médico Osvaldo Cruz decidiram implementar toda serie de reformas na capital
tendo como modelo Paris a capital francesa. Quando se iniciou todas essas reformas no Rio de
Janeiro de maneira ditatorial e autoritária o povo se rebelou e quando as brigadas sanitárias
viam visitar os cortiços e as casas dos mais pobres procurando combater as epidemias de
forma arbitrária levando os médicos e funcionários a entrarem nas residências acompanhados
de policiais, entravam a força, dedetizavam, interditavam as casas e muitas vezes derrubavam
mandavam até demolir essas casas deixando a população sem habitação tudo de maneira
arbitrária.

É nesse contexto que vem a vacinação obrigatória contra a varíola foi efetivada a
força, como destaca José Murilo essa população não vai se rebelar a toa só por causa da
vacina os revoltosos estavam contra o estado como ele agia com os mais pobres que eram
excluídos e quando o estado aparecia era de forma arbitrária obrigando, forçando as pessoas a
saírem de seus recintos e os opositores políticos aqueles que não estavam no poder vão
aproveitar esse momento e começar a inventar uma serie de mentiras sobre a vacinação e o
resultado disso tudo é bondes virados e queimados, prédios depredados população se
revoltando no Rio de janeiro contra aquilo que eles julgavam imoral por parte do governo que
invadiam o lar e o espaço privado. O povo podia esta excluída do seu direito político, mas,
não abria mão dos seus direitos civis.

Bestializados ou Bilontras
José Murilo mostra que o povo tinha varias maneiras de se manifestar através da
religião, das grandes festas como carnaval, na música como samba e desrespeito as leis eram
formas de manifestação políticas e isso foi criando um sentimento de identidade coletiva de
unidade entre os cariocas que ainda atuavam fora do estado. O Rio de janeiro se desenvolveu
através dessas varias comunidades, ou seja, José Murilo desça que dentro da capital havia
varias repúblicas através do samba, carnaval, do futebol e outras formas de atuação dessas
comunidades nos quais os diversos grupos sociais passaram a se aproximar fora do poder
público.

O ator abordou em seu livro, três temas e suas relações entre si como: o regime
político a República, a cidade Rio de Janeiro e a cidadania e de acordo com as considerações
de José Murilo, se o Rio de Janeiro não pôde ser República, nem por isso se escondeu. Pelo
contrário, por meio do envolvimento da sua população nas associações e instituições,
instrumento de suas manifestações sociais, foi elaborando sua autoimagem, construindo a
identidade coletiva.

A Obra e Seu Contexto

A obra "Os Bestializados: O Rio de Janeiro e a República que Não Foi" de José
Murilo de Carvalho foi publicada em 1987. Esse livro trás uma análise crítica e profunda da
transição do Brasil do período imperial para o período republicano, com foco especial na
cidade do Rio de Janeiro. O contexto histórico em que a obra foi escrita envolveu um período
de redemocratização do Brasil depois de um longo tempo de ditadura militar. Na década de
1980, o país passava por um processo de abertura política, com o final gradual do regime
autoritário e a transição para um sistema democrático.

A problemática sobre a história do Brasil, suas estruturas sociais e políticas, e o


entendimento das mudanças sociais e econômicas que se passaram durante a transição do
Império para a República, era bastante importante na época. Teve um interesse renovado na
análise crítica do passado do país, especialmente sobre os períodos de mudanças políticas e
suas implicações sociais. Com isso, a obra de José Murilo de Carvalho oferecer uma análise
detalhada sobre a transição do regime monárquico para o republicano no Brasil, lançando luz
sobre as contradições sociais, políticas e culturais desse período histórico. A década de 1980
foi um momento de reavaliação da história brasileira e de interesse renovado em entender as
dinâmicas que moldaram a sociedade brasileira, o que contribuiu para a relevância e impacto
das reflexões apresentadas por Carvalho em "Os Bestializados".
A obra foi marcada por um contexto político de transição e de debates intensos sobre a
história e o rumo político do Brasil. Que estava em um período de abertura política após anos
de regime militar. O país passava por um processo de redemocratização, marcado pela luta
por liberdades civis, eleições diretas e maior participação popular no cenário político. Várias
vozes na sociedade brasileira tentavam entender e avaliar o passado do país, incluindo uma
revisão crítica de períodos importantes da história nacional, como a transição do regime
imperial para o republicano. Havia um interesse crescente em compreender as dinâmicas
políticas, sociais e econômicas que moldaram a nação, incluindo as contradições e os desafios
enfrentados durante os processos de mudança de regime. Portanto, a obra "Os Bestializados"
foi escrita em um momento de efervescência política e intelectual, quando o país passava por
transformações significativas em seu cenário político e social, e havia um interesse renovado
em compreender criticamente a história do Brasil.

A década de 1980 foi marcada por um cenário cultural diversificado e por um amplo
movimento artístico e intelectual. Com isso, buscavam redefinir a identidade nacional,
questionar o passado histórico do Brasil e refletir sobre questões sociais e políticas. Na
literatura, havia um renascimento de autores que abordavam questões sociais, políticas e
culturais do país, utilizando diferentes estilos narrativos para explorar temas como
desigualdade social, identidade nacional, e os desafios enfrentados pela sociedade brasileira.

Na música, surgiram novos gêneros e movimentos musicais que refletiam as


aspirações e as preocupações do povo brasileiro, como a MPB (Música Popular Brasileira), o
rock nacional, o rap, entre outros, que se tornaram veículos de expressão cultural e política.
Além disso, o teatro, o cinema e as artes plásticas também foram áreas em que artistas
exploraram diferentes formas de expressão, utilizando sua arte como meio de reflexão e
crítica social, contribuindo para um intenso debate sobre a identidade cultural do país.

Diversos fatores e motivações contribuíram para que o autor desenvolvesse essa obra:

1- Interesse na história do Brasil: José Murilo de Carvalho é um renomado


historiador brasileiro, e seu interesse e expertise na história do Brasil foi um dos
principais motivos para abordar esse período específico da história brasileira.
2- Reavaliação do período republicano: A obra foi escrita durante um
período em que o país estava passando por uma transição política e havia um interesse
renovado em revisitar criticamente eventos históricos, como a transição do Império
para a República. Carvalho buscou oferecer uma análise mais detalhada e crítica desse
momento crucial na história brasileira.
3- Compreensão das complexidades políticas e sociais: O autor se dedicou
a estudar as complexidades políticas, sociais e culturais desse período, buscando
compreender as contradições e os desafios enfrentados pelo Brasil durante a transição
do regime monárquico para o republicano.
4- Contribuição para o debate histórico: A obra de Carvalho contribui
significativamente para o debate acadêmico e histórico sobre a formação da República
brasileira, oferecendo uma análise crítica e detalhada sobre as dinâmicas sociais e
políticas desse período.
5- Interesse na cidade do Rio de Janeiro: A escolha do Rio de Janeiro
como foco da análise pode estar relacionada ao papel central que a cidade
desempenhou durante a transição para a República e sua importância histórica e
cultural no contexto nacional.

Em resumo, a motivação do autor ao escrever "Os Bestializados" foi fornecer uma


análise minuciosa e crítica sobre um período específico da história brasileira, oferecendo
insights valiosos sobre as dinâmicas políticas, sociais e culturais que marcaram a transição do
Brasil do Império para a República.

Uma Analise Epistemológica

Carvalho em sua abordagem histórica não está rigidamente associada a uma única
corrente historiográfica, mas ele é sempre identificado como um historiador que adota uma
postura crítica e analítica em relação aos eventos históricos que estuda e não se vincula
estritamente a uma escola historiográfica específica, mas suas análises costumam integrar
aspectos de diferentes correntes e abordagens, combinando elementos da história social,
política, cultural e intelectual. Ele utiliza métodos de pesquisa variados, baseados em fontes
documentais e bibliográficas, bem como interpretações críticas dos eventos históricos.

Uma análise epistemológica dessa obra vai considerar aspectos relativos ao


conhecimento histórico, à metodologia utilizada e às contribuições para o campo da história.

1- Na abordagem metodológica: José Murilo de Carvalho utiliza uma


abordagem histórica que combina pesquisa documental, análise de fontes primárias e
secundárias, além de reflexões teóricas sobre os eventos históricos. Ele se baseia em
uma vasta pesquisa de documentos da época, cartas, registros oficiais, relatos
históricos e obras de outros historiadores para fundamentar suas análises.
2- Na perspectiva crítica: A obra apresenta uma perspectiva crítica em
relação à transição do regime imperial para o republicano. Carvalho questiona as
interpretações simplistas desse período histórico e oferece uma análise mais complexa
das dinâmicas políticas, sociais e culturais da época.
3- Para as contribuições para a história: A obra oferece contribuições
significativas para o campo da história brasileira ao explorar as contradições e
complexidades da transição entre os regimes políticos, destacando elementos sociais,
culturais e políticos muitas vezes negligenciados em análises históricas convencionais.
4- Na revisão historiográfica: A análise de Carvalho pode ser considerada
uma revisão da historiografia brasileira sobre a transição do Império para a República.
Ele questiona interpretações anteriores e oferece uma nova visão sobre os eventos
históricos, considerando múltiplas perspectivas e evidências.
5- Na interdisciplinaridade: A abordagem de Carvalho transcende a mera
narrativa histórica ao contextualizar os eventos em um contexto social, político e
cultural mais amplo. Isso evidencia a interdisciplinaridade da obra, que também
dialoga com outras áreas do conhecimento, como sociologia, antropologia e ciência
política.

Entre os principais conceitos e correntes presentes na obra, destacam-se:

1- A Historiografia Brasileira: Carvalho utiliza contribuições e debates da


historiografia brasileira para compreender a história do Brasil, reinterpretar eventos e
oferecer uma visão crítica sobre a transição entre os regimes políticos.
2- Na Sociologia Política: A análise de Carvalho inclui elementos da
sociologia política para examinar as relações de poder, estruturas sociais e dinâmicas
políticas durante o período de transição.
3- Teoria Política: Elementos da teoria política são incorporados para
compreender as mudanças institucionais e os desafios políticos enfrentados durante a
transição do Império para a República.
4- Análise Cultural: Carvalho também utiliza uma abordagem que
considera aspectos culturais, como representações sociais, mentalidades e símbolos
presentes na sociedade carioca durante esse período de mudança política.
5- Historicismo: O autor emprega uma abordagem historicista ao
considerar a especificidade do contexto histórico, evitando anacronismos e
considerando as circunstâncias únicas da transição para interpretar os eventos.

Algumas das fontes que ele utilizou incluem:

1- Documentos Históricos: Carvalho consultou documentos históricos da


época, como cartas, diários, registros oficiais, discursos políticos, jornais e periódicos
da época para compreender o contexto político, social e cultural.
2- Fontes Acadêmicas: Ele também se basea em obras e estudos
acadêmicos de outros historiadores, sociólogos, cientistas políticos e pesquisadores
que abordam o período da transição do Império para a República, utilizando-se da
historiografia existente.
3- Fontes Arquivísticas: O autor também consultou arquivos históricos,
bibliotecas e instituições de pesquisa para acessar fontes primárias e secundárias
relevantes para sua análise, buscando documentos específicos relacionados ao tema
abordado.
4- Entrevistas e Testemunhos: É possível que Carvalho tenha utilizado
depoimentos, testemunhos e entrevistas com indivíduos que vivenciaram o período ou
seus descendentes, para enriquecer sua compreensão sobre o contexto histórico e
social.
5- Obras e Fontes Diversas: Além disso, o autor pode ter se referido a
obras literárias, peças teatrais, músicas e outras fontes culturais da época para
compreender as representações e mentalidades presentes na sociedade carioca durante
o período analisado.

Em resumo, a análise epistemológica de "Os Bestializados" revela uma obra que


vai além da mera narrativa histórica, oferecendo uma reflexão crítica, embasada em
pesquisa documental e teórica, sobre a transição do Brasil do período imperial para o
republicano, contribuindo de forma significativa para o campo da história brasileira.

REFERENCIAS
ESCOLA, Info. José Murilo de Carvalho. Info Escola. Disponível em:
<https://www.infoescola.com/biografias/jose-murilo-de-carvalho/>. Acesso em 31/10/2023.

DE LETRAS, Academia brasileira. Academia Brasileira de Letras. Disponível em:


<https://www.academia.org.br/academicos/jose-murilo-de-carvalho/bibliografia >. Acesso em
31/10/2023.

DE CIÊNCIAS, Academia brasileira. Academia Brasileira de Ciências. Disponível em:


<https://www.abc.org.br/membro/jose-murilo-de-carvalho/ >. Acesso em 31/10/2023.

PARA LER, Bons livros. Bons Livros Para Ler. Disponível em.
https://www.bonslivrosparaler.com.br/livros/resenhas/os-bestializados-o-rio-de-janeiro-e-a-
republica-que-nao-foi/5380. Acesso em 26/11/2023.

LITERATURE-ME, Literature-me, Disponível em.


https://literatureseweb.wordpress.com/2018/08/19/um-resumo-da-cidadania-no-brasil-atraves-
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FAPESP, Revista pesquisa, disponível em. https://revistapesquisa.fapesp.br/jose-murilo-de-


carvalho-renovou-o-estudo-das-elites-e-da-cidadania-no-brasil/. Acesso em 26/11/2023.

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