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ENSINO MÉDIO
CDD 780
ISBN 978-85-7484-397-1
Reimpressão da 1a Edição – 2012
Rio de Janeiro
FICHA TÉCNICA
Equipe pedagógica
CONCETTA IANNACCARO,HELENA JACOBINA ,
INGRID BERTOLDO, MARCIA COUTO,
MARIA DE FÁTIMA GABRIEL, MARTA DIAS,
PAULA ANDRADE E SANDRA PORTUGAL
©2012 Todos os direitos reservados à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e à Fundação Roberto Marinho. Nenhuma parte
desta edição pode ser utilizada ou reproduzida em qualquer meio ou forma, seja mecânico, eletrônico, fotocópia, gravação, etc., nem
apropriada ou estocada em sistema de banco de dados sem a expressa autorização por escrito dos titulares dos direitos autorais.
Unidade 1
Aula 1 A natureza do som .................................................................... 12
Aula 2 A escrita do ritmo ....................................................................... 20
Unidade 2
Aula 3 A melodia................................................................................... 28
Aula 4 A escrita musical ........................................................................ 35
Aula 5 O texto musical ......................................................................... 42
Unidade 3
Aula 6 A escala musical ......................................................................... 49
Aula 7 O acorde .................................................................................... 54
Aula 8 A harmonia ................................................................................ 60
Unidade 4
Aula 9 Figuras no ritmo brasileiro ........................................................ 67
Aula 10 A forma musical ........................................................................ 77
O Telecurso é uma realização da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), do Ser-
viço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI-SP), do Serviço Social da Indústria (SESI-SP) e
da Fundação Roberto Marinho.
O Telecurso é um programa de educação para todos que desejam concluir o Ensino Funda-
mental e o Ensino Médio ou para os que precisam melhorar sua qualificação por meio dos cur-
sos profissionalizantes de Mecânica, Gestão de Pessoas, Administração da Manutenção e Projetos
de Manutenção, integrantes de um itinerário que, em São Paulo, conduz à formação do Técnico
em Manutenção Mecânica de Máquinas e Equipamentos.
Há mais de uma década, o Telecurso tem estado ao lado de mais de 5 milhões de brasileiros
que concluíram seus estudos, implementando 27 mil telessalas com mais de 1.500 instituições
parceiras e oferecendo formação continuada a 30 mil professores. Nesse período de implemen-
tação, foram reproduzidos cerca de 24 milhões de livros e um milhão e 800 mil teleaulas, para o
desenvolvimento de ações educacionais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.
O Programa Telecurso realiza parcerias com empresas, sindicatos, associações de classe, presí-
dios, comunidades, igrejas, prefeituras, centros culturais e sistemas públicos de Educação, para
enfrentar os diferentes desafios que a educação brasileira apresenta – sejam eles aceleração de
estudos, complementação curricular ou educação de jovens e adultos.
Como participar
Você pode participar do Telecurso:
• estudando com o apoio dos materiais do Telecurso e prestando exames supletivos;
• inscrevendo-se em um centro de estudos supletivos;
• frequentando as telessalas nos sistemas públicos, em empresas, no SENAI, no SESI ou em
outras instituições que implementam o Telecurso.
O Livro do aluno
Traz o conteúdo de cada uma das teleaulas, com mais explicações e mais atividades. Para facilitar
o seu estudo, ele contém, além de textos, ilustrações, fotos, ícones e outros recursos gráficos.
O Livro de atividades
Fortalece cada vez mais a sua autonomia de aprendizagem. Nele, você tem a oportunidade de
enriquecer sua escolarização por meio de outras atividades, experimentações e pesquisas, além
de possibilitar a autoavaliação.
ENSINO FUNDAMENTAL
Disciplinas Livros Aulas
Língua Portuguesa 2 90
Ciências 2 70
Matemática 2 80
Geografia 1 50
História 1 40
Inglês 1 30
ENSINO MÉDIO
Língua Portuguesa 3 80
Biologia 3 50
Matemática 3 70
Geografia 2 40
Química 3 50
História 3 80
Física 3 50
Inglês 1 40
Filosofia 1 20
Sociologia 1 10
Artes Plásticas 1 10
Música 1 10
Teatro 1 10
As teleaulas
Apresentam informações e conceitos referentes aos conteúdos de cada disciplina e expressam a
dinâmica da produção científica, histórica e cultural da sociedade.
As teleaulas usam linguagens de televisão como dramaturgia, entrevista, documentário e ani-
mação. Esse formato estabelece relações entre os conceitos, aproxima-os do cotidiano e provoca
questionamentos sobre o conteúdo apresentado.
O Portal do Telecurso
No site www.telecurso.org.br você encontra notícias sobre educação, dicas e experiências que
podem enriquecer o seu estudo. Você também pode conhecer mais sobre os Projetos e salas de
aula onde o Telecurso está presente pelo Brasil e consultar respostas às perguntas mais frequen-
tes sobre o Telecurso e sua Metodologia Telessala.
Certificação
A certificação é de responsabilidade da instituição à qual o estudante está vinculado.
As secretarias estaduais de Educação oferecem, periodicamente, exames oficiais.
Você pode receber os certificados de Ensino Fundamental ou Ensino Médio. Informe-se sobre
as datas de inscrição, local e documentos necessários. A idade mínima para realizar os exames
para o Ensino Fundamental é 15 anos e para o Ensino Médio, 18 anos.
Para obter a certificação do Curso Profissionalizante, você deve procurar o Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial (Senai) ou outras instituições da sua região autorizadas a oferecer
esta qualificação técnica.
Bons estudos!
Apresentação
O Telecurso de Música
Música,
Expressão que fala sem palavras.
Suas palavras são mais que sons.
Vibração que emociona,
Que está no ar.
Arte que não se vê,
Como perfume invisível que invade.
Que toca no corpo e na alma,
Que traz o passado ao presente,
Que alegra e faz chorar,
Que movimenta e faz parar,
Que profana e santifica,
Que fala ao coração.
Joaquim Santos
A música, assim como os sons, está presente no ar, nas ruas, em casa, no trabalho, em todo canto.
Onde houver pássaros cantando ou uma pessoa assoviando, lá estará a música. Ela está na voz
da nossa memória, no nosso corpo e na nossa alma.
Somos tão impregnados de música que não nos damos conta do quanto necessitamos dela, tal
como a água, algo tão simples e fundamental para a vida, que só nos lembramos da qual quando
temos sede. De modo semelhante é a música, musa da poesia e dos sons.
Apesar de a música estar presente nas horas alegres e tristes de nossas vidas, quase não para-
mos para pensar sobre ela. O que ela significa de fato? Como se desenvolve? De que elemen-
tos é formada? O que ela representa para os seres humanos das mais diferentes culturas? E mais,
como e por que a música consegue ser a linguagem universal, por excelência, de todos os tem-
pos? Tentar traduzir tudo isso em palavras para você é uma das tarefas deste livro. Mas esse tra-
balho de tradução nunca estará completo porque, ao tentar descrever a música, chegamos à con-
clusão de que ela fala através de si mesma.
Nesta tentativa, buscaremos encontrar na música o seu retrato, o seu formato, como se qui-
séssemos que você descobrisse como seria o corpo da música. É possível algo invisível ter corpo?
Assim como a brisa, que não podemos ver, mas podemos sentir, a música existe concretamente
porque é sentida. Essa existência concreta refere-se não só ao campo sentimental e poético, mas
também aos elementos e estruturas formais que compõem a linguagem musical e a tornam pos-
sível. Esses componentes trabalhados e estudados transformam simples ruídos em doces notas
musicais, meras contas matemáticas em belos acordes, um humilde som em música (e por que
não dizer em magia?).
Por isso, estou convidando você para, juntos, no Telecurso, desvendarmos os mistérios desta arte
invisível e imaginária, tornando-a palpável pelo conhecimento da linguagem musical. Assim, ire-
mos conhecer os conceitos ligados à música e refletir sobre o nosso relacionamento com ela, sobre
o seu significado, sobre o que nos toca e nos provoca em relação a essa arte fascinante.
O Telecurso de Música do Ensino Médio é composto de cinco teleaulas e por este livro con-
tendo 10 aulas, divididas em quatro unidades.
Todas as aulas trazem glossário e seções que orientam seu estudo:
Um pouco de história
Em tempo
Hora da revisão
Atividades
Vamos fazer uma aventura e conhecer o que há dentro da música! Para explorá-la, percorrere-
mos os caminhos da teoria musical, em especial com os rudimentos para o entendimento da sua
escrita. Também viajaremos no tempo, fazendo uma jornada pela história da música nas regiões
do Brasil e em suas similaridades com as histórias Antiga e Ocidental. Aqui, iremos nos encon-
trar com a escrita musical e saber como ela constitui uma importante ferramenta no processo de
transmissão e preservação do patrimônio musical e cultural da humanidade.
Com essa intenção, desejamos que você viaje conosco neste mundo da música, descobrindo
novos saberes, novas culturas, novas linguagens e novas emoções. Escute, interprete e sinta.
Boa viagem!
Agora, lembre-se de que o dicionário também é importante para o seu estudo. Faça uso dele
continuamente para descobrir novas palavras e seus significados. Afinal, o dicionário não é uma
fonte de pesquisa exclusiva de quem estuda a Língua Portuguesa.
E, sempre que possível, faça as suas atividades em um caderno. Assim, o seu livro poderá ser
útil a outra pessoa.
• As classificações do som.
• As propriedades do som.
• A origem da música.
• A pulsação.
sonoridade própria e em permanente movimento, mudando a cada hora e a cada segundo, con-
cluímos que, através desse conjunto de acontecimentos, a natureza desenha e sonoriza suas for-
mas diversas de manifestação. Contudo, queremos falar dessas impressões produzidas e senti-
das pelo homem a partir do seu olhar sobre a natureza. Estamos propondo uma reflexão sobre a
capacidade humana de criar música a partir do seu contato com as sonoridades do mundo.
Compreenderemos melhor essa experiência com a natureza se fizermos um passeio sonoro, ao
ar livre, por um local com árvores, jardins ou uma praça de sua cidade. Tente, imagine o lugar,
caminhe, ouça! Se fecharmos os olhos, ouviremos com mais clareza todos os sons do ambiente.
O conjunto de sons que imaginamos ouvir pode ser chamado de paisagem sonora.
Som – Uma sensação perceptiva ao ouvido humano, produzida pelas vibrações do ar ou de outra
matéria elástica, as quais se movimentam em forma de ondas.
Todo som é causado por uma vibração de um corpo, por exemplo: o som provocado pelo movi-
mento da corda do violão ao ser tocada. Então, todo som que se ouve é resultado da vibração
de um corpo, e as ondas sonoras podem ser compreendidas como a propagação dessas vibrações
pelo ar ou outro meio elástico.
Os sons que acabamos de classificar são produzidos por uma fonte sonora.
Fonte sonora – Qualquer agente que produz o som, podendo ser uma pessoa, a natureza ou um
objeto, como um instrumento musical.
Propriedades do som
As propriedades que apresentaremos a seguir também são chamadas de elementos ou qualida-
des do som.
Uma das qualidades que nos faz diferenciar um instrumento de outro ou uma voz de outra é o
timbre, que contém as características únicas de cada fonte sonora.
Um exemplo prático de reconhecimento é o timbre de voz de cada pessoa, o que nos permite
identificar quem está falando pelo telefone.
Agora que estamos com os ouvidos mais apurados, vamos continuar anotando, procurando
escutar um som apenas no meio de tantos outros que o meio ambiente produz. Observaremos
que o som tem começo, meio e fim, portanto tem duração.
Duração – Período de tempo em que o som é emitido, podendo variar de longo, como uma
sirene, a curto, como um bip.
Já vimos que o som tem duração, isto é, tem começo, meio e fim. Logo, chegamos à conclusão
de que o fim do som é o começo do silêncio.
O som e o silêncio são parceiros nessa paisagem ou trilha sonora. Com certeza, no nosso passeio
sonoro, percebemos que alguns sons soam graves e outros, agudos. Talvez você tenha ouvido um
barulho grave, ou baixo, do motor de um automóvel, e é possível que tenha escutado também um
canto agudo, ou alto, de um passarinho. Se você ouviu algum tipo de som com essas caracterís-
ticas, é porque existe aí mais uma propriedade, a altura, para compor o nosso quadro sonoro.
Altura – Frequência das vibrações de uma onda sonora, podendo ir dos sons mais graves (bai-
xos) aos mais agudos (altos). Também são denominados no senso comum como grosso (grave)
ou fino (agudo).
O som que uma fonte sonora produz possui quatro propriedades: timbre, duração, altura e intensidade.
Intensidade – Propriedade que caracteriza o volume de um som, podendo ser forte ou fraco.
O som forte é aquele emitido com grande intensidade ou volume enquanto o som fraco é emi-
tido com pequena intensidade ou volume.
Um som pode começar fraco e crescer para o forte e vice-versa. Essa variação faz parte da dinâ-
mica que, na escrita musical, pode ser representada graficamente assim:
Um pouco de história
A origem da música
É tão remota a origem da música que ninguém sabe precisar o início da sua exis-
tência. A música e os sons surgiram simultaneamente como um meio de comu-
nicação e de linguagem, e, desse modo, até se pode arriscar um palpite afirmando
a possibilidade de os sons das palavras terem sido a primeira maneira espontâ-
nea de fazer música. Assim como a palavra expressa sentimentos, a música tam-
bém o faz.
A verdade é que essa arte acompanha o homem desde os primeiros tempos,
na Pré-História, em seus rituais religiosos, de guerra e em atividades de subsis-
tência, o que pode ser comprovado através de outras expressões artísticas, como
a pintura e a escultura, e por restos de ossos perfurados e trabalhados, como ins-
trumentos de sopro.
No antigo Egito, a utilização de instrumentos
musicais nos cerimoniais foi comprovada através
de pesquisas e escavações arqueológicas. Instru-
mentos como trompetes (encontrados em túmu-
los), flautas e instrumentos de corda (como a
lira e a cítara) faziam parte da cultura musical
do Egito, onde o poder mágico e ritualístico se
sobrepunha à arte.
No Antigo Testamento, há relatos sobre os rei-
nados de David e Salomão e suas realizações ceri-
moniais com a participação de grande número de
músicos e cantores.
Na Grécia Antiga, o povo adorava vários deu-
ses, e a música fazia parte desse ritual de adora-
ção. O mito grego de Orfeu, que encantava ani-
mais pela beleza de sua voz e pelo som da sua lira,
é um exemplo clássico da existência da música como
poder mágico e transformador.
Lira egípcia
Em tempo
A música da Região Norte do Brasil
A riqueza e a diversidade da música do Norte do Brasil resultam da miscigena-
ção de índios, negros e europeus a partir do século XVI. A musicalidade predo-
minante ali guarda, até os dias de hoje, características dessas influências em seus
gêneros musicais através da utilização de instrumentos como o banjo, o saxo-
fone, o curimbó – tambor feito de um tronco oco coberto de couro –, o maracá
e o ganzá.
Como estamos falando em tambor, ganzá, maracá e reco-reco, vamos aproveitar esta oportuni-
dade para especificar algumas características sonoras próprias desses instrumentos de percussão,
de que não falamos no início da nossa aula. O som deles se relaciona com a duração, o timbre
e a intensidade de uma maneira diferente dos outros instrumentos, como a flauta, o violão, etc.
Percussão – Palavra genérica que se refere aos instrumentos que são batidos, como tambores,
xilofones e sinos; sacudidos, como o chocalho; e friccionados, como o reco-reco e a cuíca.
O som produzido pelos instrumentos de percussão produz vibrações irregulares pela mistura
simultânea de várias ondas sonoras. Entretanto há instrumentos batidos como, por exemplo, o
xilofone, que produz sons de alturas definidas, ou seja, emite notas musicais.
A presença dos instrumentos de percussão remete à origem da música e dos povos, e é pos-
sível encontrar uma variedade desses instrumentos em quase todas as culturas, independente-
mente de lugar ou de época.
A pulsação
Para compreender mais claramente a pulsação, vamos imitar, através de palmas, o ruído pro-
vocado pelo movimento da máquina de um relógio ao marcar os segundos. É importante bater
regularmente, procurando manter o mesmo intervalo de tempo entre uma palma e outra.
Vamos perceber que essas batidas se assemelham às batidas do coração que, em música, podem
ser registradas em papel, assim como acontece nos exames cardiológicos.
Podemos também representar graficamente uma sequência de batidas ou palmas, utilizando
pontos da seguinte maneira:
Cada ponto representa uma batida ou um pulso e à sequência constante desses pulsos chama-
mos pulsação.
A velocidade dessa pulsação é denominada andamento. E a música, nossa personagem prin-
cipal, caminha em cima dessa pulsação acompanhando sua velocidade.
Tomando como exemplo o carimbó, percebemos que esse gênero possui uma pulsação rápida, ou
seja, um andamento rápido. Contrariamente, a música Ave-Maria, que toca às 18 horas em alguns
programas de rádio, desenvolve uma pulsação lenta. Assim, a pulsação é fundamental para que a
música aconteça, da mesma maneira que a pulsação do coração é fundamental para a nossa vida.
Hora da revisão
• A música originou-se de rituais pré-históricos e foi se transformando no decor-
rer da história da humanidade, diferenciando-se de acordo com as caracterís-
ticas culturais de cada civilização.
• O carimbó é uma dança que pertence à Região Norte do Brasil, trazendo influ-
ências europeias, africanas e indígenas.
Atividades
Faça no seu caderno.
1. Se cantarmos Parabéns pra você, acompanhando a melodia com palmas, essas
batidas de palmas representam o quê?
2. Se você escuta o som de uma discoteca a uma grande distância, que proprie-
dade é a responsável por você poder ouvi-la de tão longe?
• Notação de sons e pausas de um, dois, três e quatro tempos, e suas combinações.
É possível escrever a duração dos sons e das pausas em uma música. Para tanto, basta pensarmos que
a música é constituída de sons e pausas cujas durações variam das mais longas às mais curtas.
Para escrever precisamente os sons e as pausas, bem como a duração dessas propriedades,
observe a sequência de pontinhos a seguir, que representam graficamente a pulsação; estes pon-
tinhos foram numerados para facilitar a visualização de cada pulso e seu lugar na sequência:
10 11 12
Na sequência acima, que representa a pulsação, cada ponto serve de referência para o início e o
final de cada som ou silêncio.
Agora, o som será representado por um retângulo laranja, e o silêncio por um branco. Daqui
por diante, nas nossas aulas, o silêncio será chamado pausa.
SOM PAUSA
Agora vamos situar os retângulos de sons e de pausas na sequência dos pontos numerados, ou
seja, pulsação.
SOM PAUSA SOM PAUSA SOM PAUSA SOM PAUSA SOM PAUSA SOM
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Início do som
O primeiro som começou no pulso 1 e terminou no pulso 2. A primeira pausa começou no pulso
2 e terminou no pulso 3, e assim por diante. À duração de um desses sons ou pausas chamamos
de tempo musical. Observe que no pulso 2 começa a pausa, que se estende até o pulso 3, onde
termina, perfazendo igualmente um tempo.
Exemplo 1
Som e pausa de UM tempo: quando um som ou pausa começam em um pulso e terminam no
pulso seguinte, como veremos a seguir:
SOM PAUSA SOM PAUSA SOM PAUSA SOM PAUSA SOM PAUSA SOM
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Exemplo 2
Som e pausa de DOIS tempos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Início do som
Exemplo 3
Som e pausa de TRÊS tempos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Início do som
Exemplo 4
Som e pausa de QUATRO tempos
SOM SOM SOM SOM PAUSA PAUSA PAUSA PAUSA SOM SOM SOM SOM
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Exemplo 5
Intercalando sons e pausas
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Conforme verificamos nos exemplos apresentados, podemos criar várias combinações entre sons
e pausas. À essa combinação chamamos ritmo, um dos elementos da música.
É possível cantar os exemplos 1 a 5, dos gráficos anteriores, já que agora sabemos onde começa
e onde termina cada som e cada pausa. Para cantar os ritmos e marcar bem o início de cada som,
podemos escolher o som da sílaba Ta.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Existe uma relação de valor entre as durações de sons e pausas, portanto essa relação se reproduz
A
na sua representação por figuras. Uma semibreve ( ) tem a duração de duas mínimas ( ), assim ]
como as pausas correspondentes, que têm a mesma duração. Veja o quadro a seguir:
Após as considerações acima, podemos associar os retângulos, que nos primeiros exemplos (1 a 4)
representavam sons e pausas, às figuras que acabamos de introduzir. Para simplificar, continuamos
[
atribuindo à semínima ( ) o valor de um tempo.
1 2 1 2
1 2 3
SOM
=
1 2 3 4
PAUSA
=
1 2 3 4
1 2 3 4 5 6 7
Som e pausa de QUATRO tempos:
SOM
=
1 2 3 4 5
PAUSA
=
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Até agora, aprendemos a escrita do ritmo. Vamos então dar continuidade às nossas aulas de
música e estudar essa matéria como manifestação artística, retomando os comentários da aula
anterior sobre a música da Região Norte do Brasil.
Em tempo
A música atual da Região Norte do Brasil
A música do Norte do Brasil mescla tradição e atualidade, fazendo-se presente
em todo o processo de criação e produção musical da região. É assim que pensa-
mos no boi-bumbá de Parintins, que teve origem no bumba meu boi do Mara-
nhão e foi levado para o Amazonas no século XX, durante o ciclo da borracha.
A partir da década de 1960, a produção artesanal que caracterizava os primeiros
anos do boi transforma-se em espetáculo de grandes proporções, semelhante aos
desfiles das grandes escolas de samba, atraindo enormes levas de turistas. Grande
é a frequência do público no “bumbódromo” de Parintins, que bem demonstra
essa grande popularização.
Hora da revisão
• Ritmo é a forma como sons e pausas acontecem no tempo, tendo por base a
pulsação.
Atividades
Faça no seu caderno.
1. Se você batucar um samba sobre uma superfície, qual, entre os elementos que
o compõem, o que melhor serve para identificá-lo?
Bumba meu boi: Folguedo que se caracteriza pela representação, por intermédio da música, do
canto, da dança e do teatro, a lenda rural de um servil vaqueiro, Pai Francisco. O vaqueiro é preso
por ter matado o boi mais estimado de seu patrão, para arrancar a língua do animal e dá-la de
comer à sua mulher, grávida, atendendo-lhe um desejo. Um curandeiro é então chamado para
ressuscitar o animal, cena que encerra a festa.
Cabocolinho: Folguedo popular carnavalesco cuja encenação representa conflitos entre índios
e não índios. No cabocolinho, também ficam evidentes elementos da cultura africana.
Coco: Dança folclórica que deve sua origem às danças rurais portuguesas e africanas; carrega tam-
bém influências da cultura indígena. É dançado aos pares e em formação de roda.
Fandango ou chegança: Folguedo que trata da luta entre mouros e cristãos; mantém diversas
características medievais, retratando séculos de dominação da Península Ibérica pelos mouros.
Maracatu: Cortejo folclórico de origem afro-brasileira; tem ligação com as congadas que, por sua
vez, surgiram com influências ibéricas e africanas. Os participantes desfilam em alas que repre-
sentam as diferentes nações africanas.
Pastor, pastoril, pastoral e reisado: Folguedos tradicionais das crenças populares católicas que,
embora mostrando ricas diferenças entre si, celebram o nascimento de Cristo por meio de cân-
ticos e dramatizações.
Repente: De todos, é talvez o mais representativo do Nordeste. Como bem diz o nome, é carac-
terizado pela criatividade repentina e pela capacidade do músico de narrar episódios cotidianos
ou históricos, improvisando sua música em versos encadeados, à maneira de textos recitados.
O repente costuma ser acompanhado pela viola e, pelas suas características, traz à lembrança a
Europa medieval dos jograis e trovadores.
Xaxado: Dança masculina do alto sertão pernambucano, foi difundido no interior da Bahia pelos
cangaceiros, que faziam percussão com as coronhas de seus fuzis e o arrastar das alpercatas (san-
dálias de couro) no chão de terra.
A viola
É impossível falar de música nordestina sem falar na viola, instrumento que utiliza dez ou doze
cordas (cinco ou seis cordas duplas). A viola teve origem em Portugal, por influência dos mou-
ros durante a ocupação da Península Ibérica, para onde levaram suas fístulas, que deram origem
à viula, viola de arame (como era denominada pelos portugueses), e predomina até os dias de
hoje nas zonas rurais do Brasil, onde é conhecida como viola caipira, sertaneja, cabocla e diver-
sos outros nomes.
O instrumento também possui sistemas peculiares de afinação, que
podem variar conforme a região e que levam nomes curiosos como cebo-
linha, cebolão, rio-abaixo e boiadeira, entre outros.
De um modo geral, a música do Nordeste brasileiro tem características
próprias, acompanhamento simples, à maneira dos trovadores medievais –
poetas-músicos que perambulavam narrando causos e notícias, por meio
de poemas e melodias que surgem do ritmo natural das palavras, man-
tendo espaços regulares de tempo entre uma melodia e outra.
Em tempo
A influência da Europa medieval
A Idade Média, que vai do século IV ao século XV, é marcada por uma forte reli-
giosidade católica e pelos primórdios da escrita musical na Europa.
Naquele tempo, práticas religiosas e profanas (não religiosas) destacavam-se
no cenário musical. A música religiosa, ilustrada por textos da Bíblia, passou a
ser chamada de cantochão.
A música profana, por sua vez, caracterizava-se pelas danças, encenações e can-
ções dos trovadores, que, por meio de suas músicas, narravam histórias de amor,
atos heróicos e conquistas militares. Tanto a música religiosa quanto a música
profana medievais tinham como característica a monofonia.
Monofonia (palavra de origem grega que significa som único) – Música cons-
tituída de apenas uma melodia.
Com o passar do tempo (já entre os séculos XIII e XVI), os compositores passa-
ram a justapor uma segunda voz, de linha melódica independente, que era
executada de forma simultânea. Acrescentou-se ainda uma terceira e depois,
uma quarta voz, técnica que ficou conhecida como polifonia.
Polifonia (palavra de origem grega que significa vários sons) – Técnica que
combina duas ou mais vozes ou partes instrumentais, simultaneamente, de
forma harmoniosa entre si. Trovador medieval
Uma das influências mais marcantes do surgimento da polifonia é a chamada Escola de Notre-Dame,
de Paris, cujos representantes mais conhecidos foram os compositores Léonin e Pérotin, seu sucessor.
Ambos assumiram o posto de mestre de capela da Catedral, cabendo-lhes a tarefa de compor
e executar música religiosa. Como consequência dessa função, contribuíram de forma decisiva
para a evolução da escrita vocal religiosa.
A prática musical da Catedral era, portanto, a música vocal que, com Pérotin, passou a ser
conhecida como moteto (palavra de origem latina que significa breve composição musical).
A música profana, por sua vez, recebe influência de compositores populares, como os trova-
dores franceses, cuja música era enfatizada por temas políticos, canções de amor, narrações de
momentos épicos e heróicos, como as cruzadas, além de lamentações, duelos musicais e baladas.
A base das melodias profanas da época se assemelhavam às monofonias gregorianas, entrelaça-
das a ritmos marcados e dançantes, eviden-
ciando traços da origem moçárabe, ou seja, dó
dos cristãos hispânicos que viviam na Penín- si si
sobe desce
sula Ibérica durante a ocupação dos mouros.
lá ALTO lá
agudo
Elementos da melodia sol sol
A música nordestina é uma arte artesa- fá fá
nal por excelência, resultado de uma tra- mi mi
dição de conhecimentos transmitidos de
ré ré
maneira espontânea que, entretanto, per-
mitiu recriações inovadoras em um pro- dó BAIXO dó
grave
cesso constante de flexibilidade. Apesar dessa maleabilidade, em geral, segue o padrão da escrita
musical tradicional, composto pelas sete notas da música ocidental conhecidas por dó, ré, mi,
fá, sol, lá e si. No final do século X e início do século XI, o monge beneditino Guido D’Arezzo
criou os nomes das seis primeiras notas musicais, como os conhecemos hoje, a partir das pri-
meiras sílabas de cada verso de um hino a São João Batista, em uma sequência que vai do grave
ao agudo. Podemos tomar a nota dó como sendo mais grave do que a ré, e esta, mais grave do
que a mi, e assim por diante.
É a combinação dessas notas que compõe não somente a melodia básica, mas todas as suas
possíveis interpretações, caracterizando a liberdade de que falamos anteriormente. Um exem-
plo claro dessa flexibilidade é Asa branca, música do sanfoneiro e compositor Luiz Gonzaga e
do letrista Humberto Teixeira. Gonzaga inaugurou, em meados dos anos de 1940, o gênero cha-
mado baião, que tem como instrumentos principais a sanfona, o triângulo e a zabumba.
Asa branca é um dos mais belos exemplos representativos da música da Região Nordeste do Bra-
sil. Vamos aproveitar esse baião para falar, na próxima aula, sobre alguns elementos da melodia
e demonstrar como se faz a escrita musical.
Em tempo
O Movimento Armorial
Esse movimento foi criado oficialmente em 1970, no Recife, pelo escritor Ariano
Suassuna. Reunindo artistas de diversas áreas, teve considerável projeção na his-
tória da cultura brasileira.
O Armorial fundamenta-se na afirmação da identidade cultural e no lugar que
a memória e as expressões populares ocupam em sua formação. Sinaliza, também,
a diversidade das heranças culturais, sejam elas indígenas, ibéricas ou afro-brasilei-
ras, que junto a outras contribuições originaram sua identidade plural e dinâmica.
Armorial – Livro onde são registrados os brasões dos reinos e das famílias
nobres. Remete também às coloridas e brilhantes bandeiras e aos estandartes
das festas populares, o que vem refletir o elo entre os artistas desse movimento
e a cultura popular.
O Armorial se revela também nas áreas de teatro, literatura, dança, música e artes
plásticas, integrando essas diferentes artes e linguagens nos espetáculos populares.
Entre as expressões musicais está a dos chamados cantadores ou repentistas,
poetas que cantam histórias memorizadas ou improvisadas na forma de versos
rimados.
Outras referências são os toques das rabecas, dos pífanos, das violas e dos
berimbaus de lata, com suas sonoridades características, associados aos espetá-
culos populares como o guerreiro, cavalo-marinho, maracatu rural, reisado.
Na primeira fase do movimento, são criados a Orquestra Armorial e o Quinteto
Armorial, ambos voltados para a elaboração de uma música erudita brasileira. O
Quinteto, sob coordenação do compositor Antônio José Madureira, foi respon-
sável pela inclusão dos instrumentos musicais tradicionais populares, numa for-
mação de música de câmara, até então dominada por instrumentos europeus.
Numa segunda fase do movimento, foi criada a Orquestra Romançal Bra-
sileira, e depois, já nos anos de 1990, Antonio Madureira fundou o Quarteto
Romançal de Câmara, que passou a adotar instrumentos europeus convencio-
nais, para tornar as composições mais acessíveis a músicos de outras nacionali-
dades. Capiba, Guerra Peixe, Jarbas Maciel, Clóvis Pereira, Egildo Vieira, Anto-
nio Nóbrega, entre outros, são importantes nomes da música armorial.
Daniel Bitter
Hora da revisão
• A melodia é uma sequência de notas organizada de forma a criar um sentido
musical.
• As notas musicais da escala mais conhecida da música ocidental são: dó, ré,
mi, fá, sol, lá e si, do dó grave ao si agudo.
Atividades
Faça no seu caderno.
1. Qual é o gênero musical narrativo encontrado no Nordeste do Brasil que lem-
bra os jograis da Idade Média?
dó
si si
sol sol
fá fá
ré ré
dó dó
dó
si
lá
AGUDO
sol
fá
mi
ré
dó GRAVE
Para que ficasse mais claro o entendimento da escrita musical no que se refere às alturas, houve
necessidade de se colocarem as notas sobre linhas. Ao longo da história da música, passou-se a uti-
lizar um diagrama de cinco linhas e quatro espaços, chamado pentagrama ou pauta musical:
Quinta linha
Quarto espaço
Quarta linha
Terceiro espaço
Terceira linha
Segundo espaço
Segunda linha
Primeiro espaço
Primeira linha
Sobre essas linhas, à sua esquerda, acrescenta-se um símbolo que identifica o posicionamento
das notas na pauta. Existem diferentes símbolos para essa finalidade, porém, para nossas aulas,
utilizaremos o símbolo abaixo, chamado clave de sol, que é também o mais utilizado.
A presença da clave de sol sobre as linhas define a disposição das notas musicais no pentagrama,
conforme a demonstração abaixo.
si dó
sol lá
mi fá
dó ré
Podemos adicionar linhas além do pentagrama, as quais chamamos linhas suplementares. Essas
linhas podem ser escritas tanto abaixo do pentagrama, como acima. Observe que na demons-
tração anterior escrevemos a nota dó em uma linha auxiliar e a nota ré em um espaço, ambos
abaixo do pentagrama.
Vamos escrever as notas musicais no pentagrama utilizando a semibreve como figura de som.
dó ré mi fá sol lá si dó
Você deve ter percebido que a sequência das notas no pentagrama se dá alternando linha e
espaço. A nota sol, por exemplo, está sobre a segunda linha, enquanto a nota seguinte, o lá,
está no segundo espaço.
As notas musicais obedecem a uma sequência que se repete em ciclos. Observe que a par-
tir do dó, posicionado no terceiro espaço, a sequência das notas musicais se repete em uma
região mais aguda. Caso esse ciclo extrapole as cinco linhas, adicionaremos linhas e espaços
suplementares.
Linha suplementar superior
dó ré mi fá sol lá si dó ré mi fá sol lá
Para representar um som longo e um curto, vamos associar o número 1 a um som curto e o
número 2 a um som longo.
1 1 2 2 2 2 2 2
quan- do o- lhei a ter - ra ar - den - do
Figuras de sons
Duração ou v alor 2 1
Dando sequência ao nosso estudo, vamos escrever no pentagrama o trecho da melodia da música
Asa branca com as figuras que representam sons longos e curtos. Para isso, vamos observar as
diversas alturas das notas utilizadas na melodia e colocá-las nas faixas que vão do grave (embaixo)
ao agudo (em cima).
sol sol
a ter-
f á f á
m i m i den- do
lhei ra ar-
ré
do o -
dó
Quan-
Passaremos, agora, essa sequência melódica para o pentagrama, colocando as notas em relação
à sua altura. É importante sempre cantarmos a melodia para percebermos a diferença das altu-
ras entre as notas musicais.
sol sol
mi fá fá
mi
dó ré
a ter
lhei ra ar den do
quan do o
Asa Branca
Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
1 1 2 2 2 2 2 2
A acentuação da música
A maioria das músicas apresenta acentuações com intervalos regulares nas notas musicais. Quando
cantamos uma música, as notas que são acentuadas geralmente estão associadas à acentuação
das palavras que compõem a sua letra.
f F f F f F f
As acentuações alternam-se entre sons fortes e fracos. Geralmente, nas músicas essas alternân-
cias periódicas ocorrem de dois em dois, três em três, ou de quatro em quatro tempos. Isso é o
que chamamos compasso. No primeiro caso, de dois em dois, chamamos compasso binário.
F f F f F f F f
1 2 1 2 1 2 1 2
F f f F f f F f f
1 2 3 1 2 3 1 2 3
Repare que no caso acima o tempo forte ocorre de três em três. Existe nele um tempo forte e
dois tempos fracos. Esse compasso é chamado ternário. Terezinha de Jesus é uma música em com-
passo ternário.
F f f f F f f f
1 2 3 4 1 2 3 4
No exemplo acima, o tempo forte ocorre de quatro em quatro. Existe nele um tempo forte e
três tempos fracos. Esse compasso é chamado de quaternário. O Hino Nacional é uma música em
compasso quaternário.
Em tempo
A atualidade da música nordestina
Vamos retomar o nosso tema anterior sobre a música nordestina, analisando-a a
partir de um processo de produção mais amplo, que foi a criação de uma indús-
tria musical montada para um consumo generalizado e com pouca ou quase
nenhuma vinculação com a música rural, como a de Luiz Gonzaga. É claro que,
para entendermos esse processo, é necessário verificar a trajetória da música nor-
destina dos anos de 1940 até os dias atuais.
O baião original, como o de Luiz Gonzaga, no Nordeste do país, populari-
zou-se por meio de produtoras independentes e de fundo de quintal. A música
nordestina, porém, tomou um novo caminho e sofreu influências posteriores de
vários compositores e intérpretes, entre os quais, Elba Ramalho, Alceu Valença,
Dominguinhos, Sivuca e Zé Ramalho.
Esses artistas, herdeiros diretos de Gonzaga, reinterpretaram a linguagem musi-
cal do baião, mesclando-o a outros gêneros musicais como o xaxado, o xote e o
coco, mistura a que chamamos genericamente forró.
O forró
O forró é uma dança brasileira nordestina com características próprias e grande aceitação popu-
lar. Rigorosamente, o forró é um conjunto de vários gêneros musicais que estão relacionados a
uma festa.
A origem da palavra vem de forrobodó, que significa arrasta-pé, farra, confusão e desordem.
Destacam-se o forró pé de serra e o forró eletrônico. As diferenças entre eles se resumem a deta-
lhes como, por exemplo, o fato de que no forró pé de serra os instrumentos utilizados são o tri-
ângulo, a zabumba e a sanfona, enquanto no eletrônico os instrumentos principais são o teclado,
o contrabaixo e a guitarra elétrica.
Axé-music
A Região Nordeste não é apenas conhecida pelo forró, apesar de esse gênero ser ainda o mais
comum, sobretudo na zona rural.
A axé-music atualmente também se destaca nesse universo pela simpatia popular. Nascida do
boom dos trios elétricos no fim dos anos de 1970 e início dos anos 1980 na Bahia, foi uma das
mais populares correntes musicais da música brasileira, sendo responsável por grande parte da
comercialização de CD's nacionais e aparições em mídias como televisão, rádio e internet.
Mangue Bit
O movimento musical originalmente chamado de Mangue Bit (bit: unidade de memória dos computa-
dores) surgiu na cidade do Recife, no começo dos anos de 1990. Bandas como Chico Science & Nação
Zumbi e Mundo Livre S/A misturaram a música pop internacional (o rap, as várias vertentes eletrônicas
e o rock inglês) aos gêneros tradicionais da música de Pernambuco (maracatu, coco, ciranda, cabocli-
nho, etc.). Em 1992, foi publicado o manifesto do movimento, intitulado “Caranguejos com cérebro”
de autoria de Fred 04, vocalista da banda Mundo Livre S.A. A imagem símbolo é uma antena parabó-
lica enfiada na lama, representando a combinação da diversidade que representa o mangue com as
influências externas. O Mangue Bit influenciou muitas bandas de Pernambuco e do Brasil.
Hora da revisão
• O pentagrama é um conjunto de cinco linhas e quatro espaços onde escre-
vemos as notas musicais.
Atividades
Faça no seu caderno.
1. Qual é a figura de duração equivalente a duas semínimas?
• O solfejo ritmado.
• A frase musical.
=
e que podemos prolongar a duração de um som ligando duas
ou mais figuras de som.
Em tempo
A fronteira musical da Região Centro-Oeste
Por localizar-se na parte central do Brasil, a Região Centro-Oeste teve uma prá-
tica musical influenciada por outras regiões do país, em função dos seus limi-
tes territoriais e políticos, o que lhe permite ocupar um lugar singular dentro do
panorama musical das regiões do Brasil.
Lá, a diversidade cultural adquire formas próprias de produção, execução e
recepção quanto às suas expressões musicais e à sua funcionalidade. Essa diver-
sidade também serve para expressar a fé, a religião, a vida cotidiana, as diferen-
ças étnicas, a relação entre o religioso e o não religioso e, acima de tudo, a iden-
tidade cultural do povo. Essa riqueza temática passa pela moda de viola, que fala
de romances e de fatos diversos, cantada a duas vozes e acompanhada por violas.
A riqueza musical da região também é resultado das influências externas,
como a fusão da música brasileira com a paraguaia.
Um bom exemplo dessa fusão é a guarânia Chalana, feita pelo sanfoneiro
Mário Zan. Conhecida como a música-símbolo do Pantanal, a Chalana é uma
espécie de síntese histórica das confluências musicais do Brasil, do Paraguai e
da Bolívia, sendo considerada a Asa branca do Pantanal, assim como Mário Zan
é considerado o “Luiz Gonzaga” da região. O nome Chalana é uma referência às
pequenas embarcações típicas da região do Pantanal.
a) O tempo em que se falam as palavras do texto deve estar sincronizado com o tempo das notas
da música composta.
b) As palavras serão separadas em sílabas.
c) O tempo de duração das sílabas poderá ser curto ou longo, dependendo do tempo das notas
da música.
1 1 2 3
Lá vai
Observe, nesse exemplo, que a duração da palavra lá foi curta, de apenas um tempo, e a da pala-
vra vai foi longa, de três tempos.
Essa maneira de falar as palavras de um texto com duração das sílabas em tempos diferentes
é como falar as palavras obedecendo a um ritmo. Esse é um passo que está inserido no processo
da escrita musical tradicional.
O texto falado com ritmo pode ser encarado como uma obra final de composição como, por
exemplo, o rap. Quando se executa uma música em que as palavras são ritmadas, é muito impor-
tante manter a pulsação constante. Para marcar a pulsação enquanto falamos um texto, sugeri-
mos palmas para facilitar a contagem dos tempos.
Rap (do inglês rhythm and poetry) – Texto com ritmo falado, é uma forma de música quase decla-
mada de versos sobre ritmos, que geralmente expressa um conteúdo ideológico e de contesta-
ção e crítica social.
Atividades
Faça no seu caderno.
Partindo das observações acima, falaremos de maneira ritmada dois versos da
música Chalana. Obedeça aos números de palmas, conforme as indicações do qua-
dro a seguir, e prolongue o som das sílabas batendo as palmas simultaneamente.
1 1 2 3 1 1 1 1 1 2 3 4 1 1 2 3 1 2 1 1 2 3 4 5
Lá vai u- ma cha- la- na bem lon ge se vai
1 1 2 3 1 1 1 1 1 2 3 4 1 1 2 3 1 2 1 1 2 3 4 5
Lá vai u- ma cha- la- na bem lon ge se vai
Com certa prática, podemos escrever apenas com as figuras de sons um texto qualquer. Que tal
repetirmos o rap da Chalana lendo pela escrita abaixo?
si
lá lon
sol
la- na bem ge
fá
cha- se
mi
lá vai u- ma vai
Agora, transportaremos essa sequência melódica gráfica para o pentagrama, respeitando seus
lugares em relação à altura. É importante sempre cantar a melodia para perceber essa diferença
de altura das notas musicais. Caso você não conheça essa melodia ou não consiga cantá-la, não
tem problema, apenas acompanhe o desenrolar
dessa aventura: “a escrita musical”.
Antes de transportarmos o quadro acima, si dó
relembraremos a posição das notas nas linhas e sol lá
mi fá
nos espaços do pentagrama estudados na Aula 4. dó ré
lon
la -na bem ge se
Lá vai u_ ma cha- vai
Finalmente, chegamos à edição final da nossa música. Para isso, substituiremos o texto que
está ocupando as linhas e os espaços do pentagrama pelas figuras, com as sílabas dispostas
embaixo.
3
4
Lá vai u- ma cha - la - na bem lon - ge se vai
Música e linguagem
A música é uma linguagem e, como tal, comunica alguma coisa. Nós vivemos em um mundo
rodeado de sons no campo, na cidade, enfim, em todos os lugares por que passamos ouvimos
diversos sons. Ao atendermos um telefone ou ao discarmos, ouvimos sons; ao atravessarmos a
rua, os sons dos veículos sinalizam o perigo. Esse complexo de sons superpostos é a trilha sonora
do mundo em que vivemos.
Portanto, a música, como linguagem dos sons, permite um discurso sonoro que pode passar de
um estado calmo para um frenético, ou até mesmo para um tenso e ruidoso, e todas essas expres-
sões, mesmo a ruidosa, podem ter um sentido musical. Alguns estilos de rock, por exemplo, tiram
partido do ruído para se comunicar e falar dos conflitos atuais e urbanos da nossa sociedade.
Compositores eruditos que buscaram novas estéticas sonoras procuraram em novos sons sua
maneira de comunicar e chamar atenção para uma nova concepção de música numa sociedade
de consumo capitalista e cosmopolita.
No primeiro e segundo versos, Arlindo Pinto, autor da letra, expressa sua saudade ilustrada pelo
barco que se vai bem longe.
Na primeira frase da música, Mário Zan faz uma sequência de notas musicais que sobem e des-
cem, repousando com uma nota longa, como se fosse o movimento do barco que, ao sumir,
deixa saudade.
Chalana Mário Zan e Arlindo Pinto
3
4
Lá vai u- ma cha - la - na bem lon - ge se vai
Hora da revisão
• O texto musical pode ser falado de maneira ritmada, assim como no rap.
Atividades
Faça no seu caderno.
1. A localização geográfica do Centro-Oeste tem uma relação direta com a música
dessa região do Brasil. Que regiões ou países exerceram influências na música
do Centro-Oeste?
1
3. Qual o principal cuidado que1 devemos
2 3ter ao colocarmos letra em uma
música?
Para se entender a música do Centro-Oeste brasileiro, é importante perceber que se trata de uma
manifestação musical rural que expressa os hábitos, costumes populares e regionais, enfim, a vida
e o comportamento das pessoas que vivem no campo, com suas venturas e desventuras, alegrias
e tristezas, seu sofrimento e sua solidão.
É, muitas vezes, uma música de lamento, com uma narrativa mítica, resultante da caminhada
dos primeiros habitantes em direção ao interior do país, na busca de melhores condições e qua-
lidade de vida. Nesse sentido, aproxima-se do espírito da música nordestina.
As escalas podem ser classificadas de acordo com o número de notas que possuem. A seguir, dare-
mos dois exemplos dentre os vários tipos de escala que existem:
dó ré mi sol lá dó lá sol mi ré dó
1 2 3 4 5
Ascendente Descendente
dó ré mi fá sol lá si dó si lá sol fá mi ré dó
1 2 3 4 5 6 7
Ascendente Descendente
Em tempo
A música caipira
O envolvimento da música no processo de catequese dos índios foi marcante
no Brasil. Para facilitar o processo de conversão dos índios ao cristianismo, os
jesuítas utilizaram os princípios religiosos dos nativos, adaptando-os aos rituais
A viola e o Renascimento
A viola utilizada na música brasileira, principalmente
na Região Centro-Oeste do país, descende da viola
portuguesa, também chamada viola de arame, ou
seja, viola com cordas de metal. Esse instrumento
atinge na Europa o seu apogeu no século XVI, apa-
recendo em romarias, arraiais e “bailaricos” em Por-
tugal, no período do Renascimento.
Os principais compositores
Vamos citar apenas os compositores que mais se destacaram, e cujas obras
expressavam sentimentos próprios do pensamento renascentista. Jos-
quin des Près, compositor holandês, foi considerado o “Príncipe dos
Compositores” pelos músicos de sua época. Sua obra causava admi-
ração aos ouvintes, pela clareza das palavras em conjuntos de vozes
cantadas simultaneamente. Palestrina, compositor italiano, renovou a
técnica da composição para várias vozes, levando a polifonia à perfeição.
John Dowland, alaudista inglês, musicou versos de William Shakespeare,
autor de diversas peças teatrais conhecidas, como Romeu e Julieta.
A elaboração dessas obras, sua sofisticação e riqueza de detalhes só
foram possíveis a partir de uma metodologia de composição que está vin-
culada à escrita musical. Além disso, a escrita favoreceu a preservação dessas
músicas, registrando-as em partituras com fidelidade até os nossos dias.
Alaúde renascentista
Hora da revisão
• As escalas são formadas por sequências de notas musicais e podem ser classi-
ficadas de acordo com a altura e o número de notas.
Atividades
Faça no seu caderno.
1. Partindo da nota dó, complete no sentido ascendente a escala heptatônica.
dó
Em tempo
A diversidade da Região Sudeste
A riqueza de gêneros musicais na Região Sudeste, bem como nas demais regiões
do país, decorre da diversidade étnica e da interação entre sons e ritmos do pas-
sado e a riqueza da musicalidade atual. A região mantém características rítmi-
cas tradicionais, como o jongo, dança afro-brasileira de umbigada e sapateado,
bem como o samba e o choro, gêneros que serão tratados mais adiante. A Região
Sudeste é também um terreno fértil para a proliferação de novas criações influen-
ciadas pelas mais diversas origens, como o rap e o funk.
Funk – Gênero musical que surgiu de uma forma de jazz basicamente negra
nos Estados Unidos, nos anos de 1960, a partir do rhythm and blues, com nítido
caráter de música coletiva ou de tribo urbana.
Um pouco de história
A herança da música colonial do Brasil
Durante os séculos XVII e XVIII, foram produzidas músicas compostas por negros
escravos e não escravos, em sua maioria de caráter religioso (música de concerto)
e executadas nas igrejas.
Grande parte dessa produção musical foi extraviada ao longo do tempo, mas
ainda existem manuscritos dessa música tão significativa para a história brasi-
leira, tanto nos locais de origem quanto nos acervos colhidos, microfilmados e
digitalizados ou arquivados por pesquisadores brasileiros e estrangeiros.
Durante o século XVIII, consolidam-se, em regiões do país, centros de cultivo
da música de concerto com características que mesclam estilos europeus depois
do barroco, como o rococó e o classicismo.
O barroco
O termo barroco significa pérola ou
joia de formato irregular a que se
associa a ideia de ornamentos. Na
Europa, a música do período bar-
roco caracteriza-se pela riqueza de
ornamentos musicais, ou seja, certo
tipo de embelezamento que emprega fre-
quentemente nota ou grupos de notas,
acrescentadas à melodia de forma
improvisada ou escrita, além da sen-
sação de claro-escuro, figura-fundo
advinda da pintura, e os contras-
tes dinâmicos (forte-fraco).
É no barroco também que sur-
gem a ópera (com Monteverdi) e for-
mas mais sofisticadas de oratório. Outra Orquestra
característica do período foi o surgimento da
orquestra, com a valorização dos instrumentos de cordas, como violinos e violas, e a consolida-
ção da suíte e do concerto, este último uma nova modalidade instrumental.
Ópera – Obra musical que combina orquestra, canto, teatro e artes visuais, na qual os persona-
gens cantam e representam.
Oratório – Música não encenada que é cantada sobre textos da Sagrada Escritura, sem movi-
mentação ou cenários.
Suíte – Conjunto de músicas de danças diversificadas, organizadas em sua apresentação.
Concerto – Obra musical em que um instrumento (ou um pequeno grupo de instrumentos) fun-
ciona como solista, dialogando com a orquestra.
Em tempo
Alguns dos autores que mais se destacaram no período barroco foram: o italiano
Cláudio Monteverdi, a quem se atribui a primeira ópera, Orfeu, de 1607; o ita-
liano Antonio Vivaldi, o alemão George F. Haendel, autor de diversas óperas e
concertos, além do oratório Messias, do qual faz parte o conhecido trecho Aleluia,
e o alemão Johann Sebastian Bach, autor de uma obra gigantesca que inclui
música instrumental, corais, cantatas, tocatas e suítes orquestrais.
Vivaldi
Vivaldi
J. S. Bach
No período barroco, surgiu uma nova organização musical; passa-se a privilegiar uma única melo-
dia sustentada por acordes instrumentais ou vocais. Esse tipo de escritura essencialmente dife-
rente da polifônica é chamada homofônica.
Acorde – Grupo de três ou mais notas musicais (e, mais raramente, apenas duas) executadas
simultaneamente.
Homofonia – Originalmente significava vozes e/ou instrumentos soando em uníssono. Na ter-
minologia musical moderna, designa o estilo de música em que uma parte melódica é acom-
panhada. Portanto, é a música composta por melodia principal vocal ou instrumental acompa-
nhada por outras vozes ou acordes.
Homofonia
Joaquim Santos
Melodia
principal
Acordes
O acorde
Note-se que no acorde a seguir as notas estão escritas no sentido vertical, indicando ao leitor que
elas devem ser tocadas ou cantadas simultaneamente. A função dos acordes é, principalmente,
sustentar e acompanhar a melodia.
Acorde
O classicismo
No período clássico, a música é mais leve e clara, diferentemente do barroco, em que a utiliza-
ção da polifonia ocorre de maneira constante. Desenvolve-se a sinfonia, forma musical consti-
tuída geralmente por quatro partes chamadas movimentos, alternando andamentos movidos
e andamentos mais lentos. O termo sinfonia vem do grego synphonía e significa “soar junto”.
Em tempo
Os principais compositores desse período são os austríacos Joseph Haydn e
Wolfgang Amadeus Mozart, além do alemão Ludwig van Beethoven.
t razoM
Beethoven
Hora da revisão
• A homofonia é a parte melódica principal acompanhada de acordes.
Atividades
Faça no seu caderno.
1. Com a mudança da família real portuguesa para o Brasil em 1808, ocorre uma
grande transformação na atividade cultural em nosso país. A música, além
de ser praticada nas igrejas, passa a ser ouvida nas cortes e depois nos tea-
tros com maior intensidade. Que gênero musical de origem europeia ganha
espaço nos teatros brasileiros a partir do final do século XIX?
2. O que é um acorde?
• A harmonia.
dó ré mi fá sol lá si dó
O acorde é a superposição de duas ou mais notas musicais que são tocadas ou cantadas simul-
taneamente.
Um pouco de história
O movimento romântico
Na Europa do século XIX, o classicismo começa a ceder lugar a novas ideias e,
após um período de transição surgem tendências que levam ao que se chama
romantismo, movimento que se estende até o início do século XX.
O romantismo surge com força como movimento na pintura e na litera-
tura da época. A expressão mais exacerbada, o apego à identidade individual, o
devaneio, a fantasia, o gosto pelo exótico e pelo mistério, tudo funciona como
fonte libertadora do rigor formal da música praticada até então. Os composito-
res românticos passaram a expressar de forma mais livre seus sentimentos e fan-
tasias por meio da música.
A orquestra, cujo número de integrantes já vinha sendo ampliado durante o
período barroco, agora adquire proporções maiores e, eventualmente, até gigan-
tescas. A reestruturação de sua formação introduz, no romantismo, um maior
número de instrumentos, o que colabora para atribuir à música mais colorido
de sons, dinâmica e timbres. Ao mesmo tempo, multiplicam-se as composições
para piano e canções para voz com acompanhamento de piano.
Além disso, é dada uma especial atenção às músicas de raízes regionais, vin-
culando-as à ideia de uma identidade nacional. O mundo se transformava a
partir do ideário da Revolução Francesa, das artes e da poderosa filosofia alemã.
Alguns dos compositores mais representativos do período romântico foram:
o austríaco Franz Schubert, da Sinfonia inacabada, o polonês Chopin, famoso
por seus Noturnos, o húngaro Franz Liszt, dos grandes concertos para piano, o
russo Tchaikovsky, de O lago dos cisnes e da Abertura 1812, e os alemães Ludwig
van Beethoven, da Nona sinfonia, Robert Schumann, das canções para canto e
piano (os Lieder) e Richard Wagner, da monumental ópera Tristão e Isolda, além
do francês Berlioz, da Sinfonia fantástica.
Chopin
Tchaikovsky
Um pouco de história
O romantismo no Brasil
As novas ideias musicais correntes na Europa no século XIX são absorvidas pelo
Brasil, especialmente na Região Sudeste, que mantinha uma estreita relação cul-
tural e comercial com aquele continente, e que vivia no período um momento
de grandes transformações em sua música.
A subjetividade, a expressão individual e a liberdade de criação, característi-
cas próprias do Romantismo, encontram, então, grande receptividade e come-
çam a transformar o cenário cultural de um Brasil já impregnado pelas ideias
republicanas.
No Rio de Janeiro, sede do Império, e em São Paulo, predominavam, prin-
cipalmente nos salões aristocráticos, as canções brasileiras de gêneros tradicio-
nais como o lundu, de características rítmicas africanas, e a modinha. Carlos
Gomes inicia uma produção operística que o transforma no principal represen-
tante desse gênero musical no país. É nesse ambiente que a música brasileira
passa a cultivar uma nova sonoridade.
Carlos Gomes
Elementos da harmonia
A música possui três elementos estruturais dos quais dois já estudamos: o ritmo e a melodia.
Agora vamos estudar o terceiro elemento, a harmonia. É importante ressaltar que nem todos os
povos empregam a harmonia em suas músicas.
Harmonia – A palavra harmonia tem vários significados, que ultrapassam o âmbito da música
Segundo o dicionário Aurélio, é “a disposição bem ordenada entre as partes de um todo”. Na
música, definimos harmonia como a combinação de sons simultâneos que formam um acorde
e sua relação com outros acordes.
Sendo assim, podemos dizer que harmonia é um sistema de sons superpostos, organizados de
forma a combinarem entre si e cada um com o todo. Esse sistema de combinação também se
relaciona a acordes, ou seja, grupo de notas musicais tocadas ao mesmo tempo.
Dessa forma, aplicando-se o conceito acima, podemos dizer que harmonia, em um acorde, é
a combinação de cada som com o som resultante de todos os sons juntos. Além disso, o acorde
também estabelece uma relação de harmonia com a melodia. Quando você vê alguém cantando
uma música, uma melodia, acompanhado de um violão, perceberá que o instrumento tem a fun-
ção de produzir acordes que combinam com esse canto. Se você prestar bastante atenção, poderá
notar que a melodia cantada não é igual aos acordes do violão mas, no entanto, os dois se com-
plementam. E isso também é harmonia.
Os acordes na escala de dó
O acorde se forma com base em princípios que tornam o som harmonioso, agradável aos
nossos ouvidos. Existem várias possibilidades de combinação de notas para a formação de
um acorde. Vamos conhecer uma combinação bem simples, que utiliza apenas três notas da
escala musical.
A sequência das três notas do acorde simples é chamada de tríade e pode ser formada a par-
tir de qualquer nota da escala, desde que seja saltada uma nota da primeira para a segunda e da
segunda para a terceira, na sequência da escala.
No exemplo a seguir, formaremos um acorde com as notas dó - mi - sol.
dó mi sol
Agora, vamos observar como pode ser escrito esse acorde, no qual as notas são tocadas ou can-
tadas simultaneamente.
Acorde 1
sol
mi
dó
I
Note-se que no acorde as notas estão escritas no sentido vertical, indicando ao leitor que elas
devem ser tocadas ou cantadas simultaneamente.
ré fá lá
Acorde 2
lá
fá
ré
II
Vamos ver como fica o acorde ou tríade com as notas mi - sol - si.
mi sol si
Acorde 3
si
sol
mi
III
fá lá dó
Acorde 4
dó
lá
fá
IV
Podemos construir, dessa maneira, sete acordes (tríades) a partir das sete notas da escala de dó,
da mesma forma que fizemos com os quatro exemplos anteriores. Veja agora como ficarão todos
os sete acordes seguindo o mesmo processo de formação.
I II III IV V VI VII
Melodia e harmonia
A função dos acordes é principalmente acompanhar a melodia. Agora que sabemos o que é um
acorde, vamos demonstrar a escrita de uma melodia acompanhada por acordes, ou seja, harmo-
nizada por acordes.
Tomaremos como exemplo um trecho da melodia Sambalelê, que escreveremos no pentagrama
superior (1) e os acordes no pentagrama inferior (2). Observe que, neste exemplo, estamos utili-
zando algumas figuras que serão tratadas na próxima aula:
Sambalelê
Cancioneiro tradicional
1
Notas da 2
melodia 4
dó dó mi sol mi dó ré fá si si ré fá ré si dó mi
2 Notas do 2
acorde 4
sol ré ré sol
mi si si mi
dó sol sol dó
Os acordes estão escritos no sentido vertical, alinhados com algumas notas da melodia. Isso indica
que os acordes devem ser tocados ou cantados simultaneamente às notas da melodia.
Hora da revisão
• O romantismo na música se caracteriza pela expressão mais exacerbada dos
sentimentos. Esse movimento influenciou a produção musical do Brasil do
final do século XIX ao começo do século XX.
• Uma tríade é uma combinação em acorde que utiliza apenas três notas sal-
tando-se uma entre elas (dó-mi-sol, fá-lá-dó, p. ex.) da escala musical.
• Os acordes podem ser construídos sobre qualquer nota do nosso sistema musical.
Atividades
Faça no seu caderno.
1. A subjetividade, a expressão individual e a liberdade de criação, caracterís-
ticas próprias do romantismo, encontraram grande receptividade e trans-
formaram o cenário cultural do Brasil. Qual foi o compositor romântico do
Brasil que teve projeção internacional após o sucesso, na Itália, de sua ópera
O Guarani?
I IV III
• O choro e o samba.
Para acompanhar esta aula, é preciso lembrar que a semibreve tem a duração de duas mínimas
e a mínima, a duração de duas semínimas. Lembre, também, que a mesma relação se mantém
para as pausas:
= + = +
= +
= +
= 1 tempo = 1 tempo
= 2 tempos = 2 tempos
= 4 tempos = 4 tempos
Um pouco de história
A música do século XX
A ousadia e a experimentação de novas combinações de sons e ritmos caracteri-
zam o que se denomina música do século XX, que reagiu ao romantismo mais
conservador do século XIX.
A Europa romântica se digladiava entre os seguidores de Brahms, da linha
mais tradicional, e os de Wagner, que saíram em busca de novos rumos. Ao con-
trário de movimentos anteriores, como o classicismo e o romantismo, a produ-
ção musical do século XX não se constitui um movimento em que as obras apre-
sentem características semelhantes.
A diferença básica entre a música do século XX e a dos séculos anteriores é
a liberdade de criação. Dela resulta uma série de novas técnicas de composição
e uma busca por novos sons e timbres, dividindo os compositores das novas
tendências.
Entre essas vertentes, destacam-se o nacionalismo, dos compositores hún-
garos Béla Bartók e Zoltán Kodály e o inglês Vaughan Williams; o impressio-
nismo, movimento em que se destacam os franceses Claude Debussy e Maurice
Ravel, e o dodecafonismo, da chamada Segunda Escola de Viena, capitaneada
pelo austríaco Arnold Schoenberg e seus discípulos Anton Webern e Alban Berg.
A música dodecafônica emprega técnica de diversas tendências como o nacio-
nalismo e o impressionismo. Melodia, acordes e mesmo ritmos são tratados de
maneira absolutamente peculiar, utilizando-se um rigor matemático conhecido
como serialismo, técnica bem diferente das normas que haviam sido consolida-
das nos séculos anteriores.
As teclas do piano
2 4 7 9 11
1 3 5 6 8 10 12
Em tempo
A música do século XX no Brasil
No início do século XX, Rio de Janeiro e São Paulo tornam-se centros gerado-
res de novas concepções artísticas. Essa ebulição criativa culmina na Semana de
Arte Moderna, ponto mais alto de um movimento que buscava romper com as
tradicionais concepções artísticas.
A Semana de Arte Moderna foi um encontro-manifesto de um movimento
artístico nacional que ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922 (sendo
por isso também conhecido como a “Semana de 22”). No Movimento Moder-
nista, artistas das mais diversas áreas apresentaram, durante a Semana de 22,
as novas tendências que se esboçavam na literatura, no teatro, nas artes plásti-
cas e na música.
A ideia dos modernistas era aliar movimentos artísticos inovadores euro-
peus à brasilidade, valorizando o caráter nacional da arte a partir do cotidiano e
da identidade brasileira. Cabe ressaltar, no entanto, que o público não acolheu
muito bem as ideias modernistas, tendo mesmo reagido contra elas.
O Movimento Modernista, que também tinha um cunho claramente polí-
tico de confronto com a chamada República Velha, revelou grandes intelectuais
e artistas como Oswald e Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Menotti Del Pic-
chia, Anita Malfatti, Vítor Brecheret e Manuel Bandeira, entre diversos outros.
O maestro Heitor Villa-Lobos participou da Semana de Arte Moderna e apre-
sentou ao público, no Teatro Municipal de São Paulo, três récitas com obras ino-
vadoras para a época. Como era de se esperar, novidades costumam dividir pla-
teias entre vaias e aplausos, e na Semana não foi diferente.
É famosa a série Choros de Villa-Lobos, assim como as Bachianas brasileiras,
inspiradas na obra do compositor barroco Johann Sebastian Bach. Villa-Lobos
passou vários anos viajando pelo interior do país, recolhendo temas populares
que vieram a se tornar importante fonte de inspiração para as suas obras.
Heitor Villa-Lobos
Villa-Lobos
O choro
O choro despertou interesse especial em diversos compositores brasileiros e entre os modernis-
tas, especialmente Villa-Lobos.
Esse gênero tipicamente nacional surgiu em meados do século XIX, no Rio de Janeiro, e
introduziu na prática musical brasileira danças europeias, como a mazurca, a polca, o schottis-
che e a valsa. Desses encontros, surgiu uma música saborosa na qual à flauta, com frequência,
eram reservados solos, tendo o violão e o cavaquinho como acompanhamento. Depois foram
introduzidos ao choro o pandeiro e diversos outros instrumentos, como a clarineta, o acor-
deon e o saxofone.
O choro tornou-se conhecido com sucessos de Chiquinha Gonzaga, como Corta-jaca; de
Ernesto Nazareth, Apanhei-te cavaquinho; de Anacleto de Medeiros e Catulo da Paixão Cearense,
Rasga coração; de Pixinguinha e João de Barro, Carinhoso, e de Joaquim Antonio da Silva Calado
e Catulo da Paixão Cearense, Flor amorosa, considerado um dos primeiros choros.
Ernesto Nazareth
Ernesto Nazareth
O samba
A palavra samba vem de semba, arbusto africano que dança ao vento e deu nome à umbigada de
roda trazida de Angola para a América do Sul, especialmente para o Brasil.
O primeiro samba foi oficialmente registrado em partitura em 1916 e gravado em 1917 com o
título de Pelo telefone. Creditado a uma criação coletiva, é atribuído oficialmente a Donga (Ernesto
dos Santos) e Mauro de Almeida. Pelo telefone tem nítidos traços de maxixe, dança urbana que
antecedeu o samba.
Isso se deve à própria característica da composição, feita em uma roda de samba em que diversos par-
ticipantes improvisavam versos e melodia. Morreu em 1974, aos 84 anos de idade.
Um pouco de história
A Era do Rádio
Em 1923, foi dado o primeiro grande passo de um projeto cultural que viria modi-
ficar hábitos e se transformar na maior atração cultural do país. Foi inaugurada a
Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Seu criador foi Roquette Pinto. No ano seguinte,
foi inaugurada a Rádio Clube do Brasil, marcando o início da expansão. As expe-
riências se sucederam e, em 1926, foi inaugurada a Rádio Mayrink Veiga, seguida
da Rádio Educadora, além de outras da Bahia, do Pará e de Pernambuco.
A Rádio Nacional, inaugurada em 1936, marcou a radiofonia no Brasil. As
marchinhas de carnaval, grande sucesso de público, eram lançadas pelas “Can-
toras do Rádio”, verdadeiras musas do mundo musical brasileiro nos anos de
1940 a 1960. As eleições para “Rainha do Rádio” eram disputadíssimas e tinham
total envolvimento do público. De norte a sul do Brasil, as rádios começaram a
influenciar o modo de vida das pessoas, lançando ao estrelato grandes nomes
da música, como Francisco Alves, Vicente Celestino, Dalva de Oliveira, Emili-
nha Borba, Marlene, Silvio Caldas, Dóris Monteiro, Carmem Miranda, Dorival
Caymmi, Orlando Silva, Moreira da Silva, Cauby Peixoto e muitos outros.
Bossa nova
O estilo macio de cantar de Mário Reis, o samba cantado nos apartamentos e bares da zona sul
do Rio de Janeiro, com influência do jazz, deram origem, nos anos de 1950, à bossa nova, um
novo modo de cantar e tocar. Entre seus maiores expoentes encontram-se Tom Jobim, João Gil-
berto, Vinícius de Moraes, Roberto Menescal, Carlos Lira, João Donato, Luis Eça, Astrud Gilberto,
Elis Regina, Ronaldo Bôscoli, Nara Leão, o conjuto Os Cariocas e muitos outros artistas. A bossa
nova abriu caminhos para a nova música popular brasileira no exterior, chegando a influenciar
o próprio jazz, a exemplo do saxofonista americano Stan Getz.
Jazz – Gênero musical que deriva do blues, da tradição dos escravos norte-americanos, mesclado
a elementos da tradição musical europeia.
miboJ moT
Um pouco de história
Influências imigratórias no Sul do Brasil
A característica marcante da música da Região Sul do Brasil é a confluência dos
diversos gêneros musicais trazidos não apenas pelos portugueses, mas por imi-
grantes italianos, alemães e espanhóis, entre outros, que vieram para a região
no final do século XIX, formando colônias agrícolas e se instalando em peque-
nas unidades familiares e policultoras.
Essas influências musicais convivem com a herança indígena, a africana dos
lundus do passado e dos batuques de origem jeje, presentes ainda hoje, e com
as referências musicais de países latinos vizinhos, contribuindo assim para a for-
mação de um estilo próprio que se distingue das demais regiões do país.
É grande a diversidade de danças na Região Sul. Além das danças de salão tra-
zidas por imigrantes, como a valsa, a rancheira e o schottische, registram-se cerca
de outras cem modalidades de danças, com caráter rural, nas quais se incluem o
anu, o balaio, a chimarrita, entre outras, chamadas genericamente fandangos.
Schottische – Dança escocesa que no Brasil (meados do séc. XIX) foi chamada
xotis para, depois, levada para o Nordeste, assumir personalidade própria como
xote, mas já assimilado pela cultura local.
Fandango – Palavra originária da dança espanhola do mesmo nome e que, na
Região Sul do Brasil, se refere genericamente a folguedo popular rural.
O fandango no Brasil
A palavra fandango designa os diversos tipos de músicas e danças que utilizam o sapateado e as
palmas como base de sua execução. A música e a dança se completam em uma coreografia divi-
dida em dois principais grupos de modalidades: o rufado ou batido, com batidas de pé, e o bai-
lado ou valsado, sem batidas de pé.
O acompanhamento tradicional do fandango em alguns estados do Sul, como no Paraná, é geral-
mente feito por um pequeno conjunto musical constituído por violas, rabeca (uma espécie de vio-
lino rudimentar) e adufo (pandeiro de formato quadrado, de origem mourisca). No Rio Grande do
Sul, é geralmente acompanhado pelo acordeão, chamado de gaita, além de violão e percussão.
Balaio: Dança de pares soltos, mas não independentes, emprega sapateados e lembra as qua-
drilhas do Nordeste do país. O nome balaio vem do movimento das saias, que lembram cestos
quando as mulheres, chamadas prendas, dão voltas.
Chimarrita: Dança influenciada pela polca, originária dos Açores e da Ilha da Madeira. Inicial-
mente era dançada em pares enlaçados, como na valsa; atualmente, dança-se em pares soltos. É
conhecida também por limpa-banco, pois, segundo dizem, ninguém consegue ficar sentado ao
ouvir a música.
Pezinho: Dança popular de roda do litoral do Sul do país, é originária dos Açores e difere das
outras danças típicas da região pela singeleza e ingenuidade da sua coreografia e pela participa-
ção de todos no canto.
Uma música bastante conhecida que lembra a Região Sul do Brasil é, sem dúvida, Prenda minha.
Essa música despertou interesse de compositores nacionalistas como Radamés Gnattali que, em
uma de suas obras orquestrais, expõe essa melodia popular em homenagem à sua terra natal.
Prenda minha tornou-se conhecida no país a partir da década de 1930, e daí em diante teve diver-
sas interpretações, como a dos cantores e compositores gaúchos Kleiton e Kledir e, anteriormente,
a da paulista Inezita Barroso.
Prenda minha
Cancioneiro tradicional
Vou - meem- bo- ra vou meem- bo- ra pren-da mi- nha Te- nho mui - to que fa - zer
Veremos no quadro a seguir a relação de valor existente entre as figuras e pausas apresentadas
anteriormente e a semínima e sua pausa:
= + = +
= + = +
Semibreve
Mínimas
Semínimas
Colcheias
Semicolcheias
Entre as várias figuras utilizadas em ritmos da música brasileira, como o choro, o samba e for-
mas populares, encontramos a predominância de quatro semicolcheias.
Conheça, a seguir, um trecho da escrita musical de Flor amorosa, de Joaquim Antonio da Silva
Calado e Catulo da Paixão Cearense (letra):
2 #
4
Flor a- mo - ro - sa com - pas - si - va sen - si - ti - vaó vê!.. Por ___ que?
Hora da revisão
• A música do século XX é diversificada e propõe novas técnicas sem consti-
tuir-se num movimento que tem características comuns, como aconteceu no
barroco, no classicismo e no romantismo.
• A era do rádio, que influenciou de norte a sul do país a vida das pessoas, abriu
portas para grandes cantores e intérpretes.
Atividades
Faça no seu caderno.
1. O que pretendia a música na Semana de Arte Moderna de 1922?
2. Quais eram as principais fontes inspiradoras para as obras do maestro Heitor Villa-
Lobos, integrante do movimento que gerou a Semana de Arte Moderna?
• Os elementos da música.
• A escrita musical.
A estrutura formal mais comum é a forma binária. Na forma binária a música se divide em duas
seções, a que se pode atribuir as letras A e B, respectivamente:
A B
Sambalelê
A Cancioneiro tradicional
2
4
Sam-ba-lelê tá do - en - te tá coa ca-be-ça que - bra -da Sam-ba le-lê pre-ci - sa - va deu-mas de-zoi-to lam - ba -das
B
9
Samba Samba Sam-baOh lê lê na bar-ra da sai-aOh lê lê Samba Samba Sam-baOh lê lê na bar-ra da sai-aOh lê lê
Podemos dizer que a música Sambalelê estrutura-se em forma binária AABB, repetindo cada parte,
como geralmente acontece.
A
Sambalelê está doente
Está com a cabeça quebrada
A
Sambalelê precisava
De umas dezoito lambadas
B
Samba, samba, samba, oh lêlê
Na barra da saia oh lê lê
B
Samba, samba, samba oh lêlê
Na barra da saia oh lê lê
O som e o silêncio
O som percebido pelos nossos ouvidos é o resultado de uma vibração ou movimento de corpos
ou objetos em algum meio elástico, como o ar, madeira ou mesmo a água.
Quando um corpo ou objeto está em movimento, ele impulsiona o ar, formando ondas que
se propagam de uma maneira parecida com as ondas que se formam quando jogamos uma pedra
na água de um lago.
Como já estudamos, a propagação das ondas sonoras pode ocorrer através de vários materiais
elásticos, como o ar, a água, a madeira, etc.
Quando tocamos a corda de um violão, ela se movimenta, movimentando também o ar, pro-
duzindo ondas que se propagam em várias direções até chegar aos nossos ouvidos. Esse efeito é
percebido pelo cérebro como som.
Cada som é constituído por vibrações que têm identidade própria; essas características das
vibrações de um som são determinantes, entre outras coisas, do timbre. O timbre nos ajuda a
identificar a origem do som, ou seja, mais precisamente, a fonte sonora.
A fonte sonora é o agente que produz o som, seja ele uma pessoa, a natureza ou um objeto,
como um instrumento musical. Segundo esse princípio, podemos classificar os sons da seguinte
maneira:
• Sons humanos – São produzidos diretamente pelo corpo humano, como a voz, palmas, espirros, etc.
• Sons naturais – Não têm interferência humana, como ventania, trovão, chuva, etc.
• Sons artificiais ou mecânicos – Têm interferência humana, como o barulho de um carro, o
som de um violão ou a batida de uma porta, etc.
O silêncio
Falar em som é falar também em silêncio, isso porque o silêncio existe na ausência do som.
Enquanto o som é a presença de vibrações, o silêncio é a ausência de vibrações perceptíveis.
Como já citado, não existe silêncio total no ambiente em que habitamos. Os sons naturais
produzidos pelo nosso corpo, como a respiração ou o pulsar do nosso fluxo sanguíneo, nos fazem
perceber sons o tempo todo. O silêncio, na realidade, existe quando não podemos perceber os
sons. Muitas vezes, a falta de concentração ou de prática de escuta é responsável por dificulda-
des em ouvir.
O silêncio, ou a pausa, é fundamental na música e se alterna com os sons, conferindo-lhes
expressão e equilíbrio.
Propriedades do som
O som, na realidade, é constituído por um conjunto muito complexo de vibrações cuja percep-
ção apresenta várias propriedades, como a duração, a altura, a intensidade e o timbre. Vamos
rever essas características:
Duração
Todo som tem começo e fim; portanto, tem duração. Duração é o período variável de tempo
em que os sons ou pausas acontecem. Podemos citar como exemplos dessas durações variáveis
o som longo de uma sirene ou de um apito de trem, o som curto de um bip ou de um apito de
juiz de futebol.
Altura
A altura de um som é definida pela sua frequência, ou seja, o número de vibrações por segundo de
suas ondas sonoras. Essa frequência determina a característica dos sons, tanto dos graves (menor
velocidade e maior amplitude de vibração) quanto dos agudos (maior velocidade e menor ampli-
tude de vibração).
Podemos dizer que sons graves são o trovão, o mugido de um boi ou o som da corda grave
de um violão. Como exemplo de som agudo, o canto de um passarinho ou uma nota aguda de
um violino.
Altura não deve ser confundida com intensidade ou volume do som. A altura se relaciona com
as características dos sons, dos mais graves aos mais agudos, enquanto a intensidade se refere aos
sons, dos mais fortes aos mais fracos.
Intensidade ou volume
A intensidade se refere ao maior ou menor volume do som, podendo ir do mais fraco ao mais
forte.
Os sons podem ser modificados pela dinâmica, que é a organização da intensidade dos sons.
Se a altura de um som pode ir da mais grave à mais aguda, a sua intensidade também pode ser
modificada, com todas as nuances intermediárias, no decorrer de sua duração.
Dessa forma, um som pode iniciar na intensidade mais fraca e, gradativamente, atingir a mais
forte, ou vice-versa. A dinâmica também se aplica a uma sequência de notas ou frases, indo igual-
mente da intensidade mais fraca à mais forte, ou crescendo e diminuindo, e vice-versa.
Na notação musical existem várias formas de se representar a dinâmica. A mais comum delas
são os colchetes, como os dispostos abaixo do pentagrama a seguir (o primeiro colchete indica
um crescendo, ou seja, uma progressão de fraco para forte, enquanto o segundo indica o contrá-
rio, ou seja, um diminuendo, do mais forte para o mais fraco). Veja:
Asa Branca
Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
O timbre
Já estudamos que o timbre é uma das qualidades do som. Ele pode nos ajudar a identificar a ori-
gem do som, ou seja, a fonte sonora. É por meio do timbre que identificamos em uma música a
voz de determinado cantor e distinguimos os instrumentos que o acompanham.
Vamos rever o quadro com as principais propriedades do som:
Ritmo
É a maneira como sons e pausas ocorrem em um determinado espaço de tempo. Essas ocorrências
podem repetir-se em padrões de tal maneira que podemos identificar e distinguir uma música de
outra, ou um gênero de outro, como um frevo de um samba. A pulsação é como se fosse a velo-
cidade com que o ritmo trafega na estrada da música. O ritmo move e anima a melodia.
Melodia
É uma sucessão de notas musicais organizadas para formar um sentido musical para quem escuta.
Quando cantamos uma música estamos cantando sua melodia. Em muitas culturas, as melodias
simples têm como base as sete notas musicais da chamada escala maior que conhecemos: dó, ré,
mi, fá, sol, lá, si. Nesse caso, podemos dizer que as notas de determinada melodia foram extra-
ídas dessa escala heptatônica, ou seja, de sete notas.
Uma melodia pode ser tocada ou cantada e, quando cantada, poderá ter um texto, a que cha-
mamos letra. Nesse caso, o texto deverá manter uma parceria com as notas da melodia, formando
assim um sentido lógico e coerente entre as duas linguagens: a melódica e a textual.
Harmonia
É o sistema de organização e combinação de acordes que guardam entre si, assim como na melo-
dia, um sentido musical em função dela.
Textura – Termo que se relaciona com a qualidade visual e tátil de materiais; aplicado por ana-
logia à música, serve para identificar a estrutura monofônica, polifônica ou homofônica de uma
composição.
A escrita musical
O aprendizado musical, na maioria das vezes, ocorre de uma maneira informal. Em muitas socie-
dades, a música se faz presente em quase todos os momentos, nas cantigas de ninar, nas festas e
em rituais religiosos. Essa transmissão de conhecimentos ocorre quase sempre de uma maneira
natural, como podemos observar nas músicas de raízes populares. Por outro lado, um número
monumental de composições sobreviveu até os dias de hoje graças à escrita musical, representa-
ção gráfica que passou por um processo de transformação que levou muitos séculos.
A música ocidental segue os padrões musicais tradicionais, sendo o mais comum composto
pelas sete notas da chamada escala maior, conhecidas por dó, ré, mi, fá, sol, lá e si, de onde
também derivam diversas outras escalas e modos.
Entre o final do século X e início do século XI, o monge beneditino Guido D’Arezzo criou os
seis primeiros nomes das notas musicais, como os conhecemos hoje, a partir das primeiras síla-
bas de cada verso de um hino a São João Batista, em uma sequência que vai do grave ao agudo.
Podemos tomar a nota dó como sendo mais grave do que a ré e esta, mais grave do que a mi, e
assim por diante.
si si
sobe desce
lá ALTO lá
agudo
sol sol
fá fá
mi mi
ré ré
dó BAIXO dó
grave
As notas musicais de uma escala, como já sabemos, obedecem a uma sequência que vai do grave
para o agudo, no sentido ascendente, e do agudo para o grave, no sentido descendente.
Uma melodia é constituída de notas de alturas diferentes, repetidas ou não. Na Antigui-
dade, os músicos escreviam as notas musicais de maneira menos precisa com relação à altura
e à duração.
Para que ficasse mais claro o entendimento da escrita musical no que se refere às alturas (graves
e agudos), houve necessidade de se disporem as notas sobre linhas e sobre os espaços que exis-
tem entre elas.
Com o tempo, passou-se a utilizar um diagrama de cinco linhas e quatro espaços, chamado
pentagrama ou pauta musical. Vamos rever o quadro:
Quinta linha
Quarto espaço
Quarta linha
Terceiro espaço
Terceira linha
Segundo espaço
Segunda linha
Primeiro espaço
Primeira linha
A posição da clave de sol sobre as linhas define a disposição das notas musicais no pentagrama,
conforme se pode ver abaixo:
Linha suplementar superior
dó ré mi fá sol lá si dó ré mi fá sol lá
Sons Pausas
As figuras rítmicas que utilizamos
para escrever as notas musicais cha-
A
mam-se semibreve ( ), mínima ( ), ] semibreve = + = +
[
semínima ( ), colcheia ( ), semicol- S
D
cheia ( ), etc. Elas mantêm entre si
mínima
= + = +
uma relação matemática de duração.
A semibreve tem o dobro da duração
da mínima e esta, o dobro da duração = + = +
semínima
da semínima, que, por sua vez, tem
o dobro da duração de uma colcheia
e assim por diante, conforme o qua- colcheia = + = +
dro a seguir:
semicolcheia
Hora da revisão
• A música utiliza diferentes formas em seu aspecto estrutural.
Atividades
Faça no seu caderno.
1. O modelo de organização segundo o qual a música se estrutura chama-se:
Semibreve
Mínima
Semínima
Colcheia
Semicolcheia
1 tempo
2 tempos
4 tempos
1 tempo
2 tempos
4 tempos
3. Boi-bumbá de Parintins.
Aula 3 – A melodia
1. Repente.
2. A música de uma só melodia sem acompanhamento.
3. Mi, lá, lá e mi.
4. Movimento Armorial.
4. Resposta correta
dó lá mi sol si dó ré fá ré
1. Resposta correta
dó ré mi fá sol lá si
1 2 3 4 5 6 7
2. Resposta correta
dó lá sol mi ré
1 2 3 4 5
3. Ela fala do amor, dos sentimentos, dos conflitos, das emoções humanas.
4. A influência da MPB na linguagem das violas, a adoção de instrumentos eletrônicos e a assimilação da country
music (gênero norte-americano).
Aula 7 – O acorde
1. A ópera.
2. É a combinação simultânea de duas ou mais notas musicais.
3. Beethoven.
4. Leveza, clareza.
Aula 8 – A harmonia
1. Carlos Gomes.
2. Harmonia.
3. Três notas musicais.
4. Resposta correta
I IV III
ANDRADE, Mário de. Modinhas imperiais. Belo Horizonte: Italiana Ltda., 1986.
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Anotações
Anotações