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Música

ENSINO MÉDIO

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Dados internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

T267 Telecurso : Música : ensino médio / [Joaquim Santos]. 1.


ed. Rio de Janeiro : Fundação Roberto Marinho, 2008.
92 p. ; 28 cm.

Parceria da Fundação Roberto Marinho e Federação das


Indústrias do Estado de São Paulo.
Bibliografia: p. 88-90.
ISBN 978-85-7484-397-1

1. Música (Ensino médio). I. Santos, Joaquim. II. Fundação


Roberto Marinho. III. Federação das Indústrias do Es-
tado de São Paulo.

CDD 780

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O TELECURSO é um projeto de educação da
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e da Fundação Roberto Marinho.

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO


DO ESTADO DE SÃO PAULO – FIESP
Presidente
Presidente JOSÉ ROBERTO MARINHO
PAULO SKAF
Secretário-geral
Superintendente SESI-SP e HUGO BARRETO

Diretor Regional SENAI-SP


Conselho Curador
WALTER VICIONI GONÇALVES
ANTÔNIO JACINTO MATIAS
BEATRIZ BIER JOHANNPETER
Diretor Superintendente Corporativo
DENIS MIZNE
IGOR BARENBOIM
DENISE AGUIAR ALVAREZ
Diretor Técnico SENAI-SP EVELYN IOSCHPE
RICARDO FIGUEIREDO TERRA HELOISA BUARQUE DE HOLANDA
LAURO CAVALCANTI
Diretor da Divisão de Educação do SESI-SP MARCOS CASTRIOTO DE AZAMBUJA
FERNANDO ANTÔNIO CARVALHO DE SOUZA MERVAL PEREIRA
NÉLIDA PIÑON
PEDRO CARVALHO
SÉRGIO BESSERMAN
SÉRGIO MINDLIN
SÉRGIO RENAULT
SERGIO VALENTE

Gerente Geral de Educação e Implementação


VILMA GUIMARÃES

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Telecurso
Música – Ensino Médio

Este volume faz parte da coleção do TELECURSO.

ISBN 978-85-7484-397-1
Reimpressão da 1a Edição – 2012
Rio de Janeiro

FICHA TÉCNICA

Comitê gestor Autoria


FERNANDO GREIBER JOAQUIM SANTOS
HUGO BARRETO
JARBAS MANTOVANINI Consultoria técnica
NELSON SAVIOLI HENRIQUE AUTRAN DOURADO
SYLVIO ALVES DE BARROS FILHO
Pesquisa iconográfica
WALTER VICIONI GONÇALVES
CRISTINA BAND
Comitê pedagógico
Ilustração
VILMA GUIMARÃES
CAMILA MAMEDE – CUCA DESIGN
FERNANDO ANTÔNIO DE CARVALHO DE SOUZA
Assistente administrativo
Supervisão pedagógica
JANAINA CUNHA
VILMA GUIMARÃES
Produção editorial
Coordenação técnica e pedagógica
VITRINA COMUNICAÇÃO
DARIO VIZEU
TEREZA FARIAS Projeto gráfico
INVENTUM
Consultoria pedagógica
NÉLIO BIZZO

Equipe pedagógica
CONCETTA IANNACCARO,HELENA JACOBINA ,
INGRID BERTOLDO, MARCIA COUTO,
MARIA DE FÁTIMA GABRIEL, MARTA DIAS,
PAULA ANDRADE E SANDRA PORTUGAL

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO (FRM)


DO ESTADO DE SÃO PAULO (FIESP) Rua Santa Alexandrina, 336 – Rio de Janeiro – RJ – 20261-232
Av. Paulista, 1.313 – São Paulo – SP – 01311-923 Tel.: (21) 3232-8800
Tel.: (11) 3549-4499 www.frm.org.br
www.fiesp.com.br

Informações sobre o Telecurso, consulte: www.telecurso.org.br

©2012 Todos os direitos reservados à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e à Fundação Roberto Marinho. Nenhuma parte
desta edição pode ser utilizada ou reproduzida em qualquer meio ou forma, seja mecânico, eletrônico, fotocópia, gravação, etc., nem
apropriada ou estocada em sistema de banco de dados sem a expressa autorização por escrito dos titulares dos direitos autorais.

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Sumário

Conhecendo o Telecurso ................................................................................ 7


O Telecurso de Música .................................................................................. 10

Unidade 1
Aula 1 A natureza do som .................................................................... 12
Aula 2 A escrita do ritmo ....................................................................... 20

Unidade 2
Aula 3 A melodia................................................................................... 28
Aula 4 A escrita musical ........................................................................ 35
Aula 5 O texto musical ......................................................................... 42

Unidade 3
Aula 6 A escala musical ......................................................................... 49
Aula 7 O acorde .................................................................................... 54
Aula 8 A harmonia ................................................................................ 60

Unidade 4
Aula 9 Figuras no ritmo brasileiro ........................................................ 67
Aula 10 A forma musical ........................................................................ 77

Soluções e comentários ................................................................................. 85


Bibliografia ................................................................................................... 88

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Conhecendo Apresentação
o Telecurso

O Telecurso é uma realização da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), do Ser-
viço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI-SP), do Serviço Social da Indústria (SESI-SP) e
da Fundação Roberto Marinho.
O Telecurso é um programa de educação para todos que desejam concluir o Ensino Funda-
mental e o Ensino Médio ou para os que precisam melhorar sua qualificação por meio dos cur-
sos profissionalizantes de Mecânica, Gestão de Pessoas, Administração da Manutenção e Projetos
de Manutenção, integrantes de um itinerário que, em São Paulo, conduz à formação do Técnico
em Manutenção Mecânica de Máquinas e Equipamentos.
Há mais de uma década, o Telecurso tem estado ao lado de mais de 5 milhões de brasileiros
que concluíram seus estudos, implementando 27 mil telessalas com mais de 1.500 instituições
parceiras e oferecendo formação continuada a 30 mil professores. Nesse período de implemen-
tação, foram reproduzidos cerca de 24 milhões de livros e um milhão e 800 mil teleaulas, para o
desenvolvimento de ações educacionais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.
O Programa Telecurso realiza parcerias com empresas, sindicatos, associações de classe, presí-
dios, comunidades, igrejas, prefeituras, centros culturais e sistemas públicos de Educação, para
enfrentar os diferentes desafios que a educação brasileira apresenta – sejam eles aceleração de
estudos, complementação curricular ou educação de jovens e adultos.

Como participar
Você pode participar do Telecurso:
• estudando com o apoio dos materiais do Telecurso e prestando exames supletivos;
• inscrevendo-se em um centro de estudos supletivos;
• frequentando as telessalas nos sistemas públicos, em empresas, no SENAI, no SESI ou em
outras instituições que implementam o Telecurso.

Por que estudar na telessala?


Na telessala, você:
• estuda com a presença do professor;
• aprende com a metodologia criada para o Telecurso;
• dispõe de livros, teleaulas e outros materiais pedagógicos;
• faz sua avaliação no processo;
• tem sua certificação de conclusão de curso assegurada pelo sistema ao qual está vinculado.

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8 | APRESENTAÇÃO

Os livros, as teleaulas e os diversos meios

O Livro do aluno
Traz o conteúdo de cada uma das teleaulas, com mais explicações e mais atividades. Para facilitar
o seu estudo, ele contém, além de textos, ilustrações, fotos, ícones e outros recursos gráficos.

O Livro de atividades
Fortalece cada vez mais a sua autonomia de aprendizagem. Nele, você tem a oportunidade de
enriquecer sua escolarização por meio de outras atividades, experimentações e pesquisas, além
de possibilitar a autoavaliação.

ENSINO FUNDAMENTAL
Disciplinas Livros Aulas
Língua Portuguesa 2 90
Ciências 2 70
Matemática 2 80
Geografia 1 50
História 1 40
Inglês 1 30

ENSINO MÉDIO
Língua Portuguesa 3 80
Biologia 3 50
Matemática 3 70
Geografia 2 40
Química 3 50
História 3 80
Física 3 50
Inglês 1 40
Filosofia 1 20
Sociologia 1 10
Artes Plásticas 1 10
Música 1 10
Teatro 1 10

As teleaulas
Apresentam informações e conceitos referentes aos conteúdos de cada disciplina e expressam a
dinâmica da produção científica, histórica e cultural da sociedade.
As teleaulas usam linguagens de televisão como dramaturgia, entrevista, documentário e ani-
mação. Esse formato estabelece relações entre os conceitos, aproxima-os do cotidiano e provoca
questionamentos sobre o conteúdo apresentado.

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O Portal do Telecurso
No site www.telecurso.org.br você encontra notícias sobre educação, dicas e experiências que
podem enriquecer o seu estudo. Você também pode conhecer mais sobre os Projetos e salas de
aula onde o Telecurso está presente pelo Brasil e consultar respostas às perguntas mais frequen-
tes sobre o Telecurso e sua Metodologia Telessala.

O Telecurso nas redes sociais


A utilização das redes visa estreitar ainda mais os laços entre todos os envolvidos nos projetos que
trabalham com o Telecurso e a Metodologia Telessala – coordenações, formadores, professores e
estudantes –, criando uma grande comunidade colaborativa.
Estamos no Facebook (http://www.facebook.com/telecurso), no Instagram (https://www.instagram.
com/telecurso_oficial) e no Twitter (http://www.twitter.com/telecurso).
Visite-nos e incentive seus colegas a fazer o mesmo.

Certificação
A certificação é de responsabilidade da instituição à qual o estudante está vinculado.
As secretarias estaduais de Educação oferecem, periodicamente, exames oficiais.
Você pode receber os certificados de Ensino Fundamental ou Ensino Médio. Informe-se sobre
as datas de inscrição, local e documentos necessários. A idade mínima para realizar os exames
para o Ensino Fundamental é 15 anos e para o Ensino Médio, 18 anos.
Para obter a certificação do Curso Profissionalizante, você deve procurar o Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial (Senai) ou outras instituições da sua região autorizadas a oferecer
esta qualificação técnica.
Bons estudos!

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10 | AULA SECTION 1

Apresentação
O Telecurso de Música

Música,
Expressão que fala sem palavras.
Suas palavras são mais que sons.
Vibração que emociona,
Que está no ar.
Arte que não se vê,
Como perfume invisível que invade.
Que toca no corpo e na alma,
Que traz o passado ao presente,
Que alegra e faz chorar,
Que movimenta e faz parar,
Que profana e santifica,
Que fala ao coração.
Joaquim Santos

A música, assim como os sons, está presente no ar, nas ruas, em casa, no trabalho, em todo canto.
Onde houver pássaros cantando ou uma pessoa assoviando, lá estará a música. Ela está na voz
da nossa memória, no nosso corpo e na nossa alma.
Somos tão impregnados de música que não nos damos conta do quanto necessitamos dela, tal
como a água, algo tão simples e fundamental para a vida, que só nos lembramos da qual quando
temos sede. De modo semelhante é a música, musa da poesia e dos sons.
Apesar de a música estar presente nas horas alegres e tristes de nossas vidas, quase não para-
mos para pensar sobre ela. O que ela significa de fato? Como se desenvolve? De que elemen-
tos é formada? O que ela representa para os seres humanos das mais diferentes culturas? E mais,
como e por que a música consegue ser a linguagem universal, por excelência, de todos os tem-
pos? Tentar traduzir tudo isso em palavras para você é uma das tarefas deste livro. Mas esse tra-
balho de tradução nunca estará completo porque, ao tentar descrever a música, chegamos à con-
clusão de que ela fala através de si mesma.
Nesta tentativa, buscaremos encontrar na música o seu retrato, o seu formato, como se qui-
séssemos que você descobrisse como seria o corpo da música. É possível algo invisível ter corpo?
Assim como a brisa, que não podemos ver, mas podemos sentir, a música existe concretamente
porque é sentida. Essa existência concreta refere-se não só ao campo sentimental e poético, mas
também aos elementos e estruturas formais que compõem a linguagem musical e a tornam pos-
sível. Esses componentes trabalhados e estudados transformam simples ruídos em doces notas
musicais, meras contas matemáticas em belos acordes, um humilde som em música (e por que
não dizer em magia?).

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Por isso, estou convidando você para, juntos, no Telecurso, desvendarmos os mistérios desta arte
invisível e imaginária, tornando-a palpável pelo conhecimento da linguagem musical. Assim, ire-
mos conhecer os conceitos ligados à música e refletir sobre o nosso relacionamento com ela, sobre
o seu significado, sobre o que nos toca e nos provoca em relação a essa arte fascinante.
O Telecurso de Música do Ensino Médio é composto de cinco teleaulas e por este livro con-
tendo 10 aulas, divididas em quatro unidades.
Todas as aulas trazem glossário e seções que orientam seu estudo:

Um pouco de história

Em tempo

Hora da revisão

Atividades

Vamos fazer uma aventura e conhecer o que há dentro da música! Para explorá-la, percorrere-
mos os caminhos da teoria musical, em especial com os rudimentos para o entendimento da sua
escrita. Também viajaremos no tempo, fazendo uma jornada pela história da música nas regiões
do Brasil e em suas similaridades com as histórias Antiga e Ocidental. Aqui, iremos nos encon-
trar com a escrita musical e saber como ela constitui uma importante ferramenta no processo de
transmissão e preservação do patrimônio musical e cultural da humanidade.
Com essa intenção, desejamos que você viaje conosco neste mundo da música, descobrindo
novos saberes, novas culturas, novas linguagens e novas emoções. Escute, interprete e sinta.
Boa viagem!
Agora, lembre-se de que o dicionário também é importante para o seu estudo. Faça uso dele
continuamente para descobrir novas palavras e seus significados. Afinal, o dicionário não é uma
fonte de pesquisa exclusiva de quem estuda a Língua Portuguesa.
E, sempre que possível, faça as suas atividades em um caderno. Assim, o seu livro poderá ser
útil a outra pessoa.

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A natureza Aula 1
do som

Você vai aprender sobre:


• A música enquanto manifestação artística.

• As classificações do som.

• As propriedades do som.

• A música da Região Norte do Brasil.

• A origem da música.

• A pulsação.

Ao iniciarmos nossa aula,


vamos refletir sobre a necessi-
dade de estudar música. Essa
reflexão nos coloca diante
de uma questão essencial: a
música está presente no nosso coti-
diano, mas pouco se sabe sobre ela. Então,
estamos propondo uma aproximação do mundo
musical como uma forma de nos conhecermos
melhor. Para tanto, podemos pensar em quem faz
e em quem ouve música, como ela é criada, como foi
sendo modificada no decorrer do tempo e como pode ser regis-
trada para que não se perca no esquecimento.
Mas como você se relaciona com a música? Qual o significado da música na sua vida? Como
ela está presente no seu cotidiano? Que tipo de música você ouve? O que a música provoca
em você? O que pode ser considerado música? Será que todo tipo de som é música? Quando a
música surgiu?
A palavra música vem do grego antigo, mousikés. O termo mousikés é uma referência às musas,
as nove filhas do deus supremo, Zeus, que eram responsáveis pelas artes. Portanto, é importante
percebermos que a origem da palavra música vem da mitologia grega e está relacionada à cria-
ção artística.
Bem, vamos imaginar outra questão: será que a natureza produz formas, cores, desenhos, pin-
turas ou músicas? Quando observamos uma paisagem como a Terra, o céu, as suas cores, a sua

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sonoridade própria e em permanente movimento, mudando a cada hora e a cada segundo, con-
cluímos que, através desse conjunto de acontecimentos, a natureza desenha e sonoriza suas for-
mas diversas de manifestação. Contudo, queremos falar dessas impressões produzidas e senti-
das pelo homem a partir do seu olhar sobre a natureza. Estamos propondo uma reflexão sobre a
capacidade humana de criar música a partir do seu contato com as sonoridades do mundo.
Compreenderemos melhor essa experiência com a natureza se fizermos um passeio sonoro, ao
ar livre, por um local com árvores, jardins ou uma praça de sua cidade. Tente, imagine o lugar,
caminhe, ouça! Se fecharmos os olhos, ouviremos com mais clareza todos os sons do ambiente.
O conjunto de sons que imaginamos ouvir pode ser chamado de paisagem sonora.

Som – Uma sensação perceptiva ao ouvido humano, produzida pelas vibrações do ar ou de outra
matéria elástica, as quais se movimentam em forma de ondas.

Todo som é causado por uma vibração de um corpo, por exemplo: o som provocado pelo movi-
mento da corda do violão ao ser tocada. Então, todo som que se ouve é resultado da vibração
de um corpo, e as ondas sonoras podem ser compreendidas como a propagação dessas vibrações
pelo ar ou outro meio elástico.

REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE UMA ONDA SONORA

Os sons podem ser classificados da seguinte forma:


• Sons humanos: aqueles produzidos diretamente pelo corpo humano.
Ex.: voz, ronco, assovio, etc.
• Sons naturais: aqueles que não têm interferência humana.
Ex.: pássaros, cachoeira, trovão, etc.
• Sons artificiais ou mecânicos: aqueles que têm interferência humana.
Ex.: carros, piano, serrote, etc.

Os sons que acabamos de classificar são produzidos por uma fonte sonora.

Fonte sonora – Qualquer agente que produz o som, podendo ser uma pessoa, a natureza ou um
objeto, como um instrumento musical.

Propriedades do som
As propriedades que apresentaremos a seguir também são chamadas de elementos ou qualida-
des do som.

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14 | AULA 1

Uma das qualidades que nos faz diferenciar um instrumento de outro ou uma voz de outra é o
timbre, que contém as características únicas de cada fonte sonora.

Timbre – Qualidade do som que nos faz reconhecer a fonte sonora.

Um exemplo prático de reconhecimento é o timbre de voz de cada pessoa, o que nos permite
identificar quem está falando pelo telefone.
Agora que estamos com os ouvidos mais apurados, vamos continuar anotando, procurando
escutar um som apenas no meio de tantos outros que o meio ambiente produz. Observaremos
que o som tem começo, meio e fim, portanto tem duração.

Duração – Período de tempo em que o som é emitido, podendo variar de longo, como uma
sirene, a curto, como um bip.

Já vimos que o som tem duração, isto é, tem começo, meio e fim. Logo, chegamos à conclusão
de que o fim do som é o começo do silêncio.

Silêncio ou pausa – Ausência de som. Na música o silêncio é um elemento de expressão.

O som e o silêncio são parceiros nessa paisagem ou trilha sonora. Com certeza, no nosso passeio
sonoro, percebemos que alguns sons soam graves e outros, agudos. Talvez você tenha ouvido um
barulho grave, ou baixo, do motor de um automóvel, e é possível que tenha escutado também um
canto agudo, ou alto, de um passarinho. Se você ouviu algum tipo de som com essas caracterís-
ticas, é porque existe aí mais uma propriedade, a altura, para compor o nosso quadro sonoro.

Altura – Frequência das vibrações de uma onda sonora, podendo ir dos sons mais graves (bai-
xos) aos mais agudos (altos). Também são denominados no senso comum como grosso (grave)
ou fino (agudo).

O som que uma fonte sonora produz possui quatro propriedades: timbre, duração, altura e intensidade.

Intensidade – Propriedade que caracteriza o volume de um som, podendo ser forte ou fraco.

O som forte é aquele emitido com grande intensidade ou volume enquanto o som fraco é emi-
tido com pequena intensidade ou volume.
Um som pode começar fraco e crescer para o forte e vice-versa. Essa variação faz parte da dinâ-
mica que, na escrita musical, pode ser representada graficamente assim:

Forte Fraco Fraco Forte

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QUADRO DAS PROPRIEDADES DO SOM

Propriedade Som Silêncio


duração longo ou curto longo ou curto
altura grave ou agudo –
intensidade forte ou fraco –
timbre fonte sonora –

O silêncio e as propriedades do som estão presentes na música, compondo-a de diversas manei-


ras, como veremos mais detalhadamente nas próximas aulas.
Vamos conhecer um pouco da origem da música.

Um pouco de história
A origem da música
É tão remota a origem da música que ninguém sabe precisar o início da sua exis-
tência. A música e os sons surgiram simultaneamente como um meio de comu-
nicação e de linguagem, e, desse modo, até se pode arriscar um palpite afirmando
a possibilidade de os sons das palavras terem sido a primeira maneira espontâ-
nea de fazer música. Assim como a palavra expressa sentimentos, a música tam-
bém o faz.
A verdade é que essa arte acompanha o homem desde os primeiros tempos,
na Pré-História, em seus rituais religiosos, de guerra e em atividades de subsis-
tência, o que pode ser comprovado através de outras expressões artísticas, como
a pintura e a escultura, e por restos de ossos perfurados e trabalhados, como ins-
trumentos de sopro.
No antigo Egito, a utilização de instrumentos
musicais nos cerimoniais foi comprovada através
de pesquisas e escavações arqueológicas. Instru-
mentos como trompetes (encontrados em túmu-
los), flautas e instrumentos de corda (como a
lira e a cítara) faziam parte da cultura musical
do Egito, onde o poder mágico e ritualístico se
sobrepunha à arte.
No Antigo Testamento, há relatos sobre os rei-
nados de David e Salomão e suas realizações ceri-
moniais com a participação de grande número de
músicos e cantores.
Na Grécia Antiga, o povo adorava vários deu-
ses, e a música fazia parte desse ritual de adora-
ção. O mito grego de Orfeu, que encantava ani-
mais pela beleza de sua voz e pelo som da sua lira,
é um exemplo clássico da existência da música como
poder mágico e transformador.
Lira egípcia

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16 | AULA 1

No teatro grego, a música se fazia presente no coro, no instrumento e na dança,


integrando essas várias expressões artísticas em um só espetáculo. De um modo
geral, a música fazia parte da cultura grega, e seu desenvolvimento como ciên-
cia apoiava-se nos princípios estabelecidos pelo maior teórico da física musical,
o filósofo Pitágoras.
Os gregos foram dominados pelos romanos mas a sua arte influenciou for-
temente a arte romana. Desse modo, a música grega acabou entrando nos lares
romanos e se adaptando às novas circunstâncias culturais sem, contudo, perder
sua ligação com rituais e comemorações importantes. Assim, a cultura musical
grega foi transmitida para o Ocidente por intermédio dos romanos com a expan-
são do seu império por grande parte da Europa Ocidental.
A música indígena, por exemplo, como cenário de fundo de situações míti-
cas ou ritualísticas, também nos remete ao surgimento da música. Desse modo,
a música, enquanto manifestação ritualística, tem sua prática observada desde
a origem da humanidade e, ainda hoje, é importante fator que caracteriza as
diversas culturas, como podemos observar na Região Norte do Brasil, com toda
a sua riqueza musical.

Em tempo
A música da Região Norte do Brasil
A riqueza e a diversidade da música do Norte do Brasil resultam da miscigena-
ção de índios, negros e europeus a partir do século XVI. A musicalidade predo-
minante ali guarda, até os dias de hoje, características dessas influências em seus
gêneros musicais através da utilização de instrumentos como o banjo, o saxo-
fone, o curimbó – tambor feito de um tronco oco coberto de couro –, o maracá
e o ganzá.

Gênero musical – Forma de identificar as músicas pela semelhança de elemen-


tos básicos como o ritmo, a melodia e a harmonia (conceitos a serem tratados
mais adiante).

Além do maracá, há ainda nesse cenário musical a presença de outros instru-


mentos pertencentes também à cultura indígena. Esses instrumentos se revezam
para tratar de temas preferidos da música regional, normalmente voltados para
atividades econômicas, como a caça e a pesca, ou para evocação de mitos e len-
das que povoam o imaginário popular.
Podemos perceber também a influência da música indígena na formação
musical do Norte, na música-dança jacundá, também chamada de piranha. Essa
manifestação popular adotou o nome do peixe jacundá, abundante na região
setentrional, cuja pescaria é representada pela dança.
O que caracteriza a música do Norte é, na verdade, uma mistura de gêne-
ros que se assemelham, desde os tempos imemoriais da colonização da Região
Amazônica. Um processo de fluxo e refluxo de informações resultou num inter-
câmbio permanente de ritmos populares que deram origem à música da região.

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Por exemplo: no Pará, as circunstâncias históricas e geográficas incorporaram


ritmos negro-caribenhos como o mambo e o merengue, gêneros trazidos pelos
navegadores dos países vizinhos, que se ambientaram nas regiões suburbanas
do Norte do país.
Essa mistura musical tornou-se possível graças aos compositores, pela flexi-
bilidade que a música possui em conciliar elementos da tradição e da inovação.
Esse resultado do processo constante de miscigenação e de interferências cultu-
rais é, portanto, muito mais complexo do que parece. Isso porque a música cos-
tuma estar ligada a uma dança, a um mito, a uma lenda, a uma história encan-
tada, a uma ideia, a um sentimento, funcionando dessa forma como um elo
social entre os grupos culturais.

Os principais gêneros da Região Norte


O carimbó, um ritmo significativo para a
Região Norte, próprio da Ilha de Marajó
e de outras regiões do Pará, é originário
do lundu, que descende diretamente
do batuque afro-brasileiro, levado por
escravos para o Pará no século XVII.
São utilizados instrumentos como o
curimbó, ganzás e maracás. Instru-
mentos de sopro, como a flauta, o
saxofone, e de cordas, como o banjo,
também podem fazer parte do instrumen-
tal do carimbó. Percebem-se nessa dança, além
das influências africanas, expressões coreográficas indí- Curimbó
genas. Encontramos também nessa região o siriá, música e
dança com início lento acelerando gradativamente. Na década de 1970, o
carimbó foi eletrificado, iniciando um processo de inclusão desse gênero nos
meios de comunicação de massa, como o rádio e a televisão.

Como estamos falando em tambor, ganzá, maracá e reco-reco, vamos aproveitar esta oportuni-
dade para especificar algumas características sonoras próprias desses instrumentos de percussão,
de que não falamos no início da nossa aula. O som deles se relaciona com a duração, o timbre
e a intensidade de uma maneira diferente dos outros instrumentos, como a flauta, o violão, etc.

Percussão – Palavra genérica que se refere aos instrumentos que são batidos, como tambores,
xilofones e sinos; sacudidos, como o chocalho; e friccionados, como o reco-reco e a cuíca.

O som produzido pelos instrumentos de percussão produz vibrações irregulares pela mistura
simultânea de várias ondas sonoras. Entretanto há instrumentos batidos como, por exemplo, o
xilofone, que produz sons de alturas definidas, ou seja, emite notas musicais.
A presença dos instrumentos de percussão remete à origem da música e dos povos, e é pos-
sível encontrar uma variedade desses instrumentos em quase todas as culturas, independente-
mente de lugar ou de época.

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18 | AULA 1

No Brasil, é marcante a presença da percussão nas danças afro-brasileiras. De um modo geral, os


portugueses, no período colonial, denominaram essas danças brasileiras de batuque, sem distin-
ção entre o seu caráter religioso e não religioso. O mina nagô, no Pará, é um exemplo de gênero
religioso cujo ritmo frenético em terreiros de culto africano é a marca da fé, coragem e resistên-
cia do povo negro diante da escravidão do passado.
A dança marabaixo é outro exemplo dessa manifestação, herdada dos negros africanos e sin-
creticamente praticada em honra e memória do Divino Espírito Santo. Muito popular no ter-
ritório do Amapá, ela se originou dos negros escravos, cujo batuque é comovente, com pulsa-
ção marcada por tambores chamados de caixas. Essas manifestações foram aproveitadas pelos
compositores urbanos num processo de recriação constante, de preservação e dinamização das
características musicais da região.

Sincretismo – Combinação de diferentes cultos ou doutrinas religiosas com reinterpretação de


seus elementos.
Pulsação – Efeito de pulsar com constância em determinado tempo.

A pulsação
Para compreender mais claramente a pulsação, vamos imitar, através de palmas, o ruído pro-
vocado pelo movimento da máquina de um relógio ao marcar os segundos. É importante bater
regularmente, procurando manter o mesmo intervalo de tempo entre uma palma e outra.
Vamos perceber que essas batidas se assemelham às batidas do coração que, em música, podem
ser registradas em papel, assim como acontece nos exames cardiológicos.
Podemos também representar graficamente uma sequência de batidas ou palmas, utilizando
pontos da seguinte maneira:

Cada ponto representa uma batida ou um pulso e à sequência constante desses pulsos chama-
mos pulsação.
A velocidade dessa pulsação é denominada andamento. E a música, nossa personagem prin-
cipal, caminha em cima dessa pulsação acompanhando sua velocidade.

Andamento – Indicação de tempo que sugere a velocidade e o caráter da música.

Tomando como exemplo o carimbó, percebemos que esse gênero possui uma pulsação rápida, ou
seja, um andamento rápido. Contrariamente, a música Ave-Maria, que toca às 18 horas em alguns
programas de rádio, desenvolve uma pulsação lenta. Assim, a pulsação é fundamental para que a
música aconteça, da mesma maneira que a pulsação do coração é fundamental para a nossa vida.

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Hora da revisão
• A música originou-se de rituais pré-históricos e foi se transformando no decor-
rer da história da humanidade, diferenciando-se de acordo com as caracterís-
ticas culturais de cada civilização.

• O carimbó é uma dança que pertence à Região Norte do Brasil, trazendo influ-
ências europeias, africanas e indígenas.

• A música é uma manifestação artística que surge a partir da organização do


som e do silêncio.

• As propriedades do som são o timbre, a duração, a altura e a intensidade.

• A pulsação marca a regularidade do tempo da música.

Atividades
Faça no seu caderno.
1. Se cantarmos Parabéns pra você, acompanhando a melodia com palmas, essas
batidas de palmas representam o quê?

2. Se você escuta o som de uma discoteca a uma grande distância, que proprie-
dade é a responsável por você poder ouvi-la de tão longe?

3. Qual é a característica principal que faz você, ao ouvir um CD, distinguir o


som de um cavaquinho do som de uma flauta tocando a mesma melodia?

4. Como sabemos que a arte musical acompanha o homem desde a Pré-História ?

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Aula 2
A escrita do ritmo

Você vai aprender sobre:


• O que é ritmo, sua escrita e suas figuras gráficas representativas.

• Notação de sons e pausas de um, dois, três e quatro tempos, e suas combinações.

• A música atual da Região Norte do Brasil.

É possível escrever a duração dos sons e das pausas em uma música. Para tanto, basta pensarmos que
a música é constituída de sons e pausas cujas durações variam das mais longas às mais curtas.
Para escrever precisamente os sons e as pausas, bem como a duração dessas propriedades,
observe a sequência de pontinhos a seguir, que representam graficamente a pulsação; estes pon-
tinhos foram numerados para facilitar a visualização de cada pulso e seu lugar na sequência:

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10 11 12

Na sequência acima, que representa a pulsação, cada ponto serve de referência para o início e o
final de cada som ou silêncio.
Agora, o som será representado por um retângulo laranja, e o silêncio por um branco. Daqui
por diante, nas nossas aulas, o silêncio será chamado pausa.

SOM PAUSA

Agora vamos situar os retângulos de sons e de pausas na sequência dos pontos numerados, ou
seja, pulsação.

SOM PAUSA SOM PAUSA SOM PAUSA SOM PAUSA SOM PAUSA SOM

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Fim da pausa e início do som

Fim do som e início da pausa

Início do som

O primeiro som começou no pulso 1 e terminou no pulso 2. A primeira pausa começou no pulso
2 e terminou no pulso 3, e assim por diante. À duração de um desses sons ou pausas chamamos
de tempo musical. Observe que no pulso 2 começa a pausa, que se estende até o pulso 3, onde
termina, perfazendo igualmente um tempo.

Tempo musical – Duração de um som ou pausa, de um pulso a outro.

Vejamos a seguir alguns exemplos com diferentes tempos musicais:

Exemplo 1
Som e pausa de UM tempo: quando um som ou pausa começam em um pulso e terminam no
pulso seguinte, como veremos a seguir:

SOM PAUSA SOM PAUSA SOM PAUSA SOM PAUSA SOM PAUSA SOM

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

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22 | AULA 2

Exemplo 2
Som e pausa de DOIS tempos

SOM PAUSA SOM PAUSA SOM

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Fim do som e início da pausa

Início do som

Exemplo 3
Som e pausa de TRÊS tempos

SOM PAUSA SOM

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fim do som e início da pausa

Início do som

Exemplo 4
Som e pausa de QUATRO tempos

SOM SOM SOM SOM PAUSA PAUSA PAUSA PAUSA SOM SOM SOM SOM

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Fim do som e início da pausa


Início do som

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Exemplo 5
Intercalando sons e pausas

SOM PAUSA SOM PAUSA SOM PAUSA SOM

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Conforme verificamos nos exemplos apresentados, podemos criar várias combinações entre sons
e pausas. À essa combinação chamamos ritmo, um dos elementos da música.

Ritmo – São as ocorrências de sons e pausas de uma maneira variada em um determinado


tempo.

Observe que as batidas de um tamborim no samba, por exemplo, obedecem a um padrão de


toques e interrupções, ou seja, sons e pausas. Se imitar com sua voz as batidas de um tamborim,
você estará executando um ritmo de um dos instrumentos característicos do samba.

É possível cantar os exemplos 1 a 5, dos gráficos anteriores, já que agora sabemos onde começa
e onde termina cada som e cada pausa. Para cantar os ritmos e marcar bem o início de cada som,
podemos escolher o som da sílaba Ta.

SOM PAUSA SOM PAUSA SOM PAUSA SOM


Taaaaa ............... Taaaaaaaaaaaaa ............................. Taaaaa ............... Taaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Associando o gráfico às figuras de sons


e figuras de pausas Figuras de sons Figuras de pausas
Com o passar do tempo, foram criadas e
desenvolvidas diversas formas de represen- Semibreve Pausa de semibreve
tação de sons e pausas, ou seja, de nota-
ção musical. Essa notação se consolidou na Mínima Pausa de mínima
música ocidental há mais de três séculos com
a criação de um denominador comum. Em Semínima Pausa de semínima
nossa aula, utilizaremos apenas as seguintes
figuras básicas:

Existe uma relação de valor entre as durações de sons e pausas, portanto essa relação se reproduz
A
na sua representação por figuras. Uma semibreve ( ) tem a duração de duas mínimas ( ), assim ]
como as pausas correspondentes, que têm a mesma duração. Veja o quadro a seguir:

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24 | AULA 2

Figuras de sons Figuras de pausas

Qualquer figura de som ou de pausa pode


Figuras de sons Figuras de pausas
representar um ou mais tempos de som ou
de pausa. Se, por exemplo, atribuirmos à
[
semínima ( ) o valor de um tempo, con-
1 tempo 1 tempo
sequentemente, considerando a relação de
]
valor do quadro acima, a mínima ( ) equi-
A
valerá a dois tempos e a semibreve ( ) a 2 tempos 2 tempos
quatro tempos.
4 tempos 4 tempos

Após as considerações acima, podemos associar os retângulos, que nos primeiros exemplos (1 a 4)
representavam sons e pausas, às figuras que acabamos de introduzir. Para simplificar, continuamos
[
atribuindo à semínima ( ) o valor de um tempo.

Som e pausa de UM tempo: SOM PAUSA


= =

1 2 1 2

1 2 3

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Som e pausa de DOIS tempos:


SOM PAUSA
Para o som de três tempos, utilizare- = =
mos uma linha curva, que na escrita
musical se chama ligadura. A duração
1 2 3 1 2 3
de um determinado som composto
de sons unidos por uma ligadura é a
soma das durações das notas que ela
une (ver exemplo abaixo). Na pausa
de três tempos, por se tratar de silên-
cio, não será necessário o emprego de
ligaduras: 1 2 3 4 5

Som e pausa de TRÊS tempos:

SOM
=

1 2 3 4

PAUSA
=

1 2 3 4

1 2 3 4 5 6 7
Som e pausa de QUATRO tempos:
SOM
=

1 2 3 4 5
PAUSA
=

1 2 3 4 5

1 2 3 4 5 6 7 8 9

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26 | AULA 2

Até agora, aprendemos a escrita do ritmo. Vamos então dar continuidade às nossas aulas de
música e estudar essa matéria como manifestação artística, retomando os comentários da aula
anterior sobre a música da Região Norte do Brasil.

Em tempo
A música atual da Região Norte do Brasil
A música do Norte do Brasil mescla tradição e atualidade, fazendo-se presente
em todo o processo de criação e produção musical da região. É assim que pensa-
mos no boi-bumbá de Parintins, que teve origem no bumba meu boi do Mara-
nhão e foi levado para o Amazonas no século XX, durante o ciclo da borracha.
A partir da década de 1960, a produção artesanal que caracterizava os primeiros
anos do boi transforma-se em espetáculo de grandes proporções, semelhante aos
desfiles das grandes escolas de samba, atraindo enormes levas de turistas. Grande
é a frequência do público no “bumbódromo” de Parintins, que bem demonstra
essa grande popularização.

Boi-bumbá de Parintins – Folguedo junino que reúne


milhares de componentes na cidade de Parintins, no Ama-
zonas, representando, por meio de alegorias, elementos da
cultura amazônica.

Há inúmeras tradições de bois no Brasil, como o bumba


meu boi, o boi de mamão, o boi-calemba e outros. O
boi-bumbá de Parintins acontece no ciclo junino, e
é marcado pela disputa entre dois grandes grupos: o
Garantido e o Caprichoso, cujos integrantes são carac-
terizados pelas cores vermelho e azul, respectivamente.
Esses grupos traduzem as mais remotas origens do fol-
Bumba meu boi guedo, com as características da tradição moura tra-
zidas pela colonização.

Tradições mouras – Características culturais dos povos árabes nômades que


ocuparam durante alguns séculos a Península Ibérica (Portugal, Espanha e parte
da França), local onde ocorreram longos conflitos com os cristãos e onde foram
deixadas marcas profundas de sua cultura.

Além da grande popularização da música regional, é importante registrar o surgi-


mento de novas tendências na Região Norte do país, correntes que se desenvol-
vem a partir da chamada música brega. O brega é uma música que surgiu em mea-
dos dos anos de 1980 no Pará, expandindo-se para diferentes regiões do país. É um
ritmo extremamente dançante e sensual, que mistura jovem guarda, lambada, pop,
merengue e calipso (gênero caribenho). Até os anos de 1970 as populações do inte-
rior do Pará tinham mais acesso às emissões, em ondas curtas, das rádios dos países

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do Caribe, o que resultou em uma grande influência no gosto e na produção musi-


cal da Amazônia. Existem diferentes variações do brega; uma das mais conhecidas
é o tecnobrega, uma modernização feita com recursos de mixagens.

Hora da revisão
• Ritmo é a forma como sons e pausas acontecem no tempo, tendo por base a
pulsação.

• É possível escrever a duração de sons e pausas, por intermédio de um con-


junto de elementos chamado notação musical.

• Boi de Parintins é um folguedo tradicional da Região Norte do Brasil, evento


que se transformou em espetáculo popular de grandes proporções, à maneira
dos desfiles das escolas de samba.

Atividades
Faça no seu caderno.
1. Se você batucar um samba sobre uma superfície, qual, entre os elementos que
o compõem, o que melhor serve para identificá-lo?

2. Existe uma relação de valor entre as durações de sons e pausas. Consequente-


mente, essa relação se reproduz na representação gráfica por figuras. Escreva
os valores correspondentes das seguintes figuras:

3. Que espetáculo de grandes proporções, semelhante aos desfiles das grandes


escolas de samba, atrai enormes levas de turistas para o estado do Amazonas?

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Aula 3
A melodia

Você vai aprender sobre:


• O que são melodia, monofonia e polifonia.

• As notas musicais em suas diferentes


alturas.
• A música dos trovadores e a
música religiosa medievais.
• A música e as danças
populares da Região Nordeste
do Brasil.

O Nordeste brasileiro respira música


por todos os lados, e é por inter-
médio dela, entre outros aspectos,
que se torna possível identificar
seu povo no cenário nacional, em
meio a uma multiplicidade de rit-
mos e sons dos mais diversos gêne-
ros musicais.
Essa riqueza musical, resul-
tado da miscigenação dos povos
que construíram a história da região,
sejam eles indígenas, africanos ou
europeus, caracteriza a sua dinâmica
social.
Os diferentes gêneros musicais presentes na região marcaram culturalmente o Nordeste.
A música nordestina expressa e retrata sentimentos como beleza, contemplação da natureza e
felicidade, assim como sofrimento, saudade, angústia e a miséria de seu povo.
Falar da música nordestina é, na realidade, falar em músicas nordestinas, pois, apesar de
comungarem raízes étnicas semelhantes, elas se distinguem umas das outras constituindo-se em
diversos gêneros musicais, como o frevo pernambucano, que deve sua origem às marchas, pol-
cas e dobrados; o cabocolinho, com suas referências africanas e indígenas; ou a ciranda, herdeira
das cantigas de roda europeias.

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Alguns dos principais gêneros musicais do Nordeste:

Bumba meu boi: Folguedo que se caracteriza pela representação, por intermédio da música, do
canto, da dança e do teatro, a lenda rural de um servil vaqueiro, Pai Francisco. O vaqueiro é preso
por ter matado o boi mais estimado de seu patrão, para arrancar a língua do animal e dá-la de
comer à sua mulher, grávida, atendendo-lhe um desejo. Um curandeiro é então chamado para
ressuscitar o animal, cena que encerra a festa.

Cabocolinho: Folguedo popular carnavalesco cuja encenação representa conflitos entre índios
e não índios. No cabocolinho, também ficam evidentes elementos da cultura africana.

Ciranda: Dança de roda de origem portuguesa e típica do litoral pernambucano, frequente-


mente de espírito infantil.

Coco: Dança folclórica que deve sua origem às danças rurais portuguesas e africanas; carrega tam-
bém influências da cultura indígena. É dançado aos pares e em formação de roda.

Fandango ou chegança: Folguedo que trata da luta entre mouros e cristãos; mantém diversas
características medievais, retratando séculos de dominação da Península Ibérica pelos mouros.

Frevo: Dança popular característica do carnaval pernambucano. Surgiu no Recife do final do


século XIX, como diversão de capoeiristas e de músicos integrantes de bandas militares, abnega-
dos tocadores de marchas e dobrados. O nome frevo vem de “frever”, corruptela de ferver.

Maracatu: Cortejo folclórico de origem afro-brasileira; tem ligação com as congadas que, por sua
vez, surgiram com influências ibéricas e africanas. Os participantes desfilam em alas que repre-
sentam as diferentes nações africanas.

Pastor, pastoril, pastoral e reisado: Folguedos tradicionais das crenças populares católicas que,
embora mostrando ricas diferenças entre si, celebram o nascimento de Cristo por meio de cân-
ticos e dramatizações.

Repente: De todos, é talvez o mais representativo do Nordeste. Como bem diz o nome, é carac-
terizado pela criatividade repentina e pela capacidade do músico de narrar episódios cotidianos
ou históricos, improvisando sua música em versos encadeados, à maneira de textos recitados.
O repente costuma ser acompanhado pela viola e, pelas suas características, traz à lembrança a
Europa medieval dos jograis e trovadores.

Xaxado: Dança masculina do alto sertão pernambucano, foi difundido no interior da Bahia pelos
cangaceiros, que faziam percussão com as coronhas de seus fuzis e o arrastar das alpercatas (san-
dálias de couro) no chão de terra.

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30 | AULA 3

A viola
É impossível falar de música nordestina sem falar na viola, instrumento que utiliza dez ou doze
cordas (cinco ou seis cordas duplas). A viola teve origem em Portugal, por influência dos mou-
ros durante a ocupação da Península Ibérica, para onde levaram suas fístulas, que deram origem
à viula, viola de arame (como era denominada pelos portugueses), e predomina até os dias de
hoje nas zonas rurais do Brasil, onde é conhecida como viola caipira, sertaneja, cabocla e diver-
sos outros nomes.
O instrumento também possui sistemas peculiares de afinação, que
podem variar conforme a região e que levam nomes curiosos como cebo-
linha, cebolão, rio-abaixo e boiadeira, entre outros.
De um modo geral, a música do Nordeste brasileiro tem características
próprias, acompanhamento simples, à maneira dos trovadores medievais –
poetas-músicos que perambulavam narrando causos e notícias, por meio
de poemas e melodias que surgem do ritmo natural das palavras, man-
tendo espaços regulares de tempo entre uma melodia e outra.

Melodia – Sequência de notas organizada de modo a fazer sentido


musical para o ouvinte.

Um pouco de história Viola

Música renascentista no Brasil


A música do período medieval e as novidades do período musical renascentista
chegaram ao Brasil com os primeiros povoadores. Foram os jesuítas, com seu
trabalho de catequese entre os indígenas, os pioneiros na introdução da música
europeia em solo brasileiro.
Para melhor se aproximarem dos nativos, misturavam à música europeia ele-
mentos indígenas – sobretudo nas missas, que, originalmente em latim, passa-
ram a ser celebradas também em línguas como o tupi-guarani.
Esse processo de interferência da música local fez surgirem novas formas de
expressão genuinamente nacionais.

Em tempo
A influência da Europa medieval
A Idade Média, que vai do século IV ao século XV, é marcada por uma forte reli-
giosidade católica e pelos primórdios da escrita musical na Europa.
Naquele tempo, práticas religiosas e profanas (não religiosas) destacavam-se
no cenário musical. A música religiosa, ilustrada por textos da Bíblia, passou a
ser chamada de cantochão.

Cantochão – Cantos litúrgicos que incluíam práticas como os cantos gregoria-


nos, ambrosiano e galicano.

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M Ú SI CA | 31

A música profana, por sua vez, caracterizava-se pelas danças, encenações e can-
ções dos trovadores, que, por meio de suas músicas, narravam histórias de amor,
atos heróicos e conquistas militares. Tanto a música religiosa quanto a música
profana medievais tinham como característica a monofonia.

Monofonia (palavra de origem grega que significa som único) – Música cons-
tituída de apenas uma melodia.

Com o passar do tempo (já entre os séculos XIII e XVI), os compositores passa-
ram a justapor uma segunda voz, de linha melódica independente, que era
executada de forma simultânea. Acrescentou-se ainda uma terceira e depois,
uma quarta voz, técnica que ficou conhecida como polifonia.

Voz – Som produzido pelo homem na laringe por meio de vibração


do ar nas pregas vocais. Refere-se às características que classificam as
quatro vozes – aguda feminina (soprano), grave feminina (contralto),
aguda masculina (tenor) e grave masculina (baixo). São ainda as dife-
rentes partes ou linhas que compõem o conjunto sonoro de uma música
instrumental ou vocal.

Polifonia (palavra de origem grega que significa vários sons) – Técnica que
combina duas ou mais vozes ou partes instrumentais, simultaneamente, de
forma harmoniosa entre si. Trovador medieval

Uma das influências mais marcantes do surgimento da polifonia é a chamada Escola de Notre-Dame,
de Paris, cujos representantes mais conhecidos foram os compositores Léonin e Pérotin, seu sucessor.
Ambos assumiram o posto de mestre de capela da Catedral, cabendo-lhes a tarefa de compor
e executar música religiosa. Como consequência dessa função, contribuíram de forma decisiva
para a evolução da escrita vocal religiosa.
A prática musical da Catedral era, portanto, a música vocal que, com Pérotin, passou a ser
conhecida como moteto (palavra de origem latina que significa breve composição musical).
A música profana, por sua vez, recebe influência de compositores populares, como os trova-
dores franceses, cuja música era enfatizada por temas políticos, canções de amor, narrações de
momentos épicos e heróicos, como as cruzadas, além de lamentações, duelos musicais e baladas.
A base das melodias profanas da época se assemelhavam às monofonias gregorianas, entrelaça-
das a ritmos marcados e dançantes, eviden-
ciando traços da origem moçárabe, ou seja, dó
dos cristãos hispânicos que viviam na Penín- si si
sobe desce
sula Ibérica durante a ocupação dos mouros.
lá ALTO lá
agudo
Elementos da melodia sol sol
A música nordestina é uma arte artesa- fá fá
nal por excelência, resultado de uma tra- mi mi
dição de conhecimentos transmitidos de
ré ré
maneira espontânea que, entretanto, per-
mitiu recriações inovadoras em um pro- dó BAIXO dó
grave

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32 | AULA 3

cesso constante de flexibilidade. Apesar dessa maleabilidade, em geral, segue o padrão da escrita
musical tradicional, composto pelas sete notas da música ocidental conhecidas por dó, ré, mi,
fá, sol, lá e si. No final do século X e início do século XI, o monge beneditino Guido D’Arezzo
criou os nomes das seis primeiras notas musicais, como os conhecemos hoje, a partir das pri-
meiras sílabas de cada verso de um hino a São João Batista, em uma sequência que vai do grave
ao agudo. Podemos tomar a nota dó como sendo mais grave do que a ré, e esta, mais grave do
que a mi, e assim por diante.
É a combinação dessas notas que compõe não somente a melodia básica, mas todas as suas
possíveis interpretações, caracterizando a liberdade de que falamos anteriormente. Um exem-
plo claro dessa flexibilidade é Asa branca, música do sanfoneiro e compositor Luiz Gonzaga e
do letrista Humberto Teixeira. Gonzaga inaugurou, em meados dos anos de 1940, o gênero cha-
mado baião, que tem como instrumentos principais a sanfona, o triângulo e a zabumba.

Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu em Pernambuco, em 13 de


dezembro de 1912, e faleceu em 2 de agosto de 1989. Aprendeu a
tocar sanfona ainda criança e passou a se apresentar em bailes, for-
rós e feiras, de início acompanhando seu pai. Tornou-se conhe-
cido em um programa de rádio de Ary Barroso, com a música
Vira e mexe, um tema bem regional de sua autoria. O sucesso
Asa branca, composto em parceria com Humberto Teixeira, con-
sagrou-o como “O Rei do Baião”.

Quando olhei a terra ardendo,


qual fogueira de São João
Eu perguntei a meu Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação (...) Luiz Gonzaga
Luiz Gonzaga

Asa branca. Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga.

Asa branca é um dos mais belos exemplos representativos da música da Região Nordeste do Bra-
sil. Vamos aproveitar esse baião para falar, na próxima aula, sobre alguns elementos da melodia
e demonstrar como se faz a escrita musical.

Em tempo
O Movimento Armorial
Esse movimento foi criado oficialmente em 1970, no Recife, pelo escritor Ariano
Suassuna. Reunindo artistas de diversas áreas, teve considerável projeção na his-
tória da cultura brasileira.
O Armorial fundamenta-se na afirmação da identidade cultural e no lugar que
a memória e as expressões populares ocupam em sua formação. Sinaliza, também,
a diversidade das heranças culturais, sejam elas indígenas, ibéricas ou afro-brasilei-
ras, que junto a outras contribuições originaram sua identidade plural e dinâmica.

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M Ú SI CA | 33

Armorial – Livro onde são registrados os brasões dos reinos e das famílias
nobres. Remete também às coloridas e brilhantes bandeiras e aos estandartes
das festas populares, o que vem refletir o elo entre os artistas desse movimento
e a cultura popular.

O Armorial se revela também nas áreas de teatro, literatura, dança, música e artes
plásticas, integrando essas diferentes artes e linguagens nos espetáculos populares.
Entre as expressões musicais está a dos chamados cantadores ou repentistas,
poetas que cantam histórias memorizadas ou improvisadas na forma de versos
rimados.
Outras referências são os toques das rabecas, dos pífanos, das violas e dos
berimbaus de lata, com suas sonoridades características, associados aos espetá-
culos populares como o guerreiro, cavalo-marinho, maracatu rural, reisado.
Na primeira fase do movimento, são criados a Orquestra Armorial e o Quinteto
Armorial, ambos voltados para a elaboração de uma música erudita brasileira. O
Quinteto, sob coordenação do compositor Antônio José Madureira, foi respon-
sável pela inclusão dos instrumentos musicais tradicionais populares, numa for-
mação de música de câmara, até então dominada por instrumentos europeus.
Numa segunda fase do movimento, foi criada a Orquestra Romançal Bra-
sileira, e depois, já nos anos de 1990, Antonio Madureira fundou o Quarteto
Romançal de Câmara, que passou a adotar instrumentos europeus convencio-
nais, para tornar as composições mais acessíveis a músicos de outras nacionali-
dades. Capiba, Guerra Peixe, Jarbas Maciel, Clóvis Pereira, Egildo Vieira, Anto-
nio Nóbrega, entre outros, são importantes nomes da música armorial.

Daniel Bitter

Hora da revisão
• A melodia é uma sequência de notas organizada de forma a criar um sentido
musical.

• As notas musicais da escala mais conhecida da música ocidental são: dó, ré,
mi, fá, sol, lá e si, do dó grave ao si agudo.

• A música da Idade Média era predominantemente monofônica, mas com os


experimentos da chamada Escola de Notre-Dame foi introduzido o conceito
de polifonia.

• O Nordeste do Brasil possui uma grande diversidade de gêneros musicais,


entre os quais destacam-se o repente e o baião, sendo este último o gênero
cujo principal expoente foi o mestre Luiz Gonzaga.

• O Movimento Armorial foi criado em 1970, no Recife, pelo escritor Ariano


Suassuna, reunindo artistas de várias áreas, como a de música, literatura, artes
plásticas, dança e teatro.

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34 | AULA 3

Atividades
Faça no seu caderno.
1. Qual é o gênero musical narrativo encontrado no Nordeste do Brasil que lem-
bra os jograis da Idade Média?

2. Como poderíamos definir música monofônica?

3. Complete os degraus em branco com as notas musicais cujos nomes você


conheceu, obedecendo à sequência estudada.


si si

sol sol
fá fá

ré ré
dó dó

4. Qual é o movimento no Nordeste do país que traduz a afirmação cultural bra-


sileira integrando várias expressões artísticas?

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Aula 4
A escrita musical

Você vai aprender sobre:


• O pentagrama e a clave de sol.

• Acentuação na música e compasso.

• Como escrever as notas musicais e uma melodia no pentagrama.

• A atual música popular da Região Nordeste do Brasil.

Para entender esta aula, é bom lembrar que uma Semínima


mínima tem a duração equivalente a duas semí-
nimas; atribuindo à semínima o valor de um Mínima
tempo, consequentemente, a mínima equiva-
lerá a dois tempos.
Semínima

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36 | AULA 4

O pentagrama e as notas musicais


Como estudamos na aula anterior, as notas musicais ocupam alturas diferentes, ou seja, podem
ir dos sons mais graves aos mais agudos.


si

AGUDO
sol

mi

dó GRAVE

Para que ficasse mais claro o entendimento da escrita musical no que se refere às alturas, houve
necessidade de se colocarem as notas sobre linhas. Ao longo da história da música, passou-se a uti-
lizar um diagrama de cinco linhas e quatro espaços, chamado pentagrama ou pauta musical:

Quinta linha
Quarto espaço
Quarta linha
Terceiro espaço
Terceira linha
Segundo espaço
Segunda linha
Primeiro espaço
Primeira linha

Sobre essas linhas, à sua esquerda, acrescenta-se um símbolo que identifica o posicionamento
das notas na pauta. Existem diferentes símbolos para essa finalidade, porém, para nossas aulas,
utilizaremos o símbolo abaixo, chamado clave de sol, que é também o mais utilizado.

A presença da clave de sol sobre as linhas define a disposição das notas musicais no pentagrama,
conforme a demonstração abaixo.

si dó
sol lá
mi fá
dó ré

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M Ú SI CA | 37

Podemos adicionar linhas além do pentagrama, as quais chamamos linhas suplementares. Essas
linhas podem ser escritas tanto abaixo do pentagrama, como acima. Observe que na demons-
tração anterior escrevemos a nota dó em uma linha auxiliar e a nota ré em um espaço, ambos
abaixo do pentagrama.
Vamos escrever as notas musicais no pentagrama utilizando a semibreve como figura de som.

dó ré mi fá sol lá si dó

Você deve ter percebido que a sequência das notas no pentagrama se dá alternando linha e
espaço. A nota sol, por exemplo, está sobre a segunda linha, enquanto a nota seguinte, o lá,
está no segundo espaço.
As notas musicais obedecem a uma sequência que se repete em ciclos. Observe que a par-
tir do dó, posicionado no terceiro espaço, a sequência das notas musicais se repete em uma
região mais aguda. Caso esse ciclo extrapole as cinco linhas, adicionaremos linhas e espaços
suplementares.
Linha suplementar superior

dó ré mi fá sol lá si dó ré mi fá sol lá

Linha suplementar inferior

Escrevendo uma melodia com figuras de sons


Como vimos na Aula 2, as figuras utilizadas na escrita musical estão relacionadas com a duração
das notas. Repare que quando você canta, por exemplo, a melodia da música Asa branca, além
da diferença de altura (grave e agudo), existe também a diferença na duração das notas. Umas
notas são mais longas, outras, mais curtas.

curto curto longo longo longo longo longo longo


quan- do o- lhei a ter - ra ar - den - do

Para representar um som longo e um curto, vamos associar o número 1 a um som curto e o
número 2 a um som longo.

1 1 2 2 2 2 2 2
quan- do o- lhei a ter - ra ar - den - do

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38 | AULA 4

Associando os números 1 e 2 do exemplo anterior às figuras a seguir, com duração de um e dois


tempos, teremos o seguinte:

Figuras de sons

Duração ou v alor 2 1

Dando sequência ao nosso estudo, vamos escrever no pentagrama o trecho da melodia da música
Asa branca com as figuras que representam sons longos e curtos. Para isso, vamos observar as
diversas alturas das notas utilizadas na melodia e colocá-las nas faixas que vão do grave (embaixo)
ao agudo (em cima).

sol sol
a ter-
f á f á
m i m i den- do

lhei ra ar-

do o -

Quan-

Passaremos, agora, essa sequência melódica para o pentagrama, colocando as notas em relação
à sua altura. É importante sempre cantarmos a melodia para percebermos a diferença das altu-
ras entre as notas musicais.

sol sol
mi fá fá
mi
dó ré

a ter
lhei ra ar den do
quan do o

Obseve agora a escrita musical de Asa branca:

Asa Branca
Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira

1 1 2 2 2 2 2 2

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M Ú SI CA | 39

A acentuação da música
A maioria das músicas apresenta acentuações com intervalos regulares nas notas musicais. Quando
cantamos uma música, as notas que são acentuadas geralmente estão associadas à acentuação
das palavras que compõem a sua letra.

Vamos conferir, cantando Asa branca.

Quan- do o- lhei a ter - ra ar - den - do

f F f F f F f

Observação: F = forte e f = fraco

As acentuações alternam-se entre sons fortes e fracos. Geralmente, nas músicas essas alternân-
cias periódicas ocorrem de dois em dois, três em três, ou de quatro em quatro tempos. Isso é o
que chamamos compasso. No primeiro caso, de dois em dois, chamamos compasso binário.

F f F f F f F f

1 2 1 2 1 2 1 2

Logo, concluímos que Asa branca é uma música em compasso binário.

Vamos verificar agora outros tipos de compasso.

F f f F f f F f f

1 2 3 1 2 3 1 2 3

Repare que no caso acima o tempo forte ocorre de três em três. Existe nele um tempo forte e
dois tempos fracos. Esse compasso é chamado ternário. Terezinha de Jesus é uma música em com-
passo ternário.

F f f f F f f f

1 2 3 4 1 2 3 4

No exemplo acima, o tempo forte ocorre de quatro em quatro. Existe nele um tempo forte e
três tempos fracos. Esse compasso é chamado de quaternário. O Hino Nacional é uma música em
compasso quaternário.

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40 | AULA 4

Em tempo
A atualidade da música nordestina
Vamos retomar o nosso tema anterior sobre a música nordestina, analisando-a a
partir de um processo de produção mais amplo, que foi a criação de uma indús-
tria musical montada para um consumo generalizado e com pouca ou quase
nenhuma vinculação com a música rural, como a de Luiz Gonzaga. É claro que,
para entendermos esse processo, é necessário verificar a trajetória da música nor-
destina dos anos de 1940 até os dias atuais.
O baião original, como o de Luiz Gonzaga, no Nordeste do país, populari-
zou-se por meio de produtoras independentes e de fundo de quintal. A música
nordestina, porém, tomou um novo caminho e sofreu influências posteriores de
vários compositores e intérpretes, entre os quais, Elba Ramalho, Alceu Valença,
Dominguinhos, Sivuca e Zé Ramalho.
Esses artistas, herdeiros diretos de Gonzaga, reinterpretaram a linguagem musi-
cal do baião, mesclando-o a outros gêneros musicais como o xaxado, o xote e o
coco, mistura a que chamamos genericamente forró.

O forró
O forró é uma dança brasileira nordestina com características próprias e grande aceitação popu-
lar. Rigorosamente, o forró é um conjunto de vários gêneros musicais que estão relacionados a
uma festa.
A origem da palavra vem de forrobodó, que significa arrasta-pé, farra, confusão e desordem.
Destacam-se o forró pé de serra e o forró eletrônico. As diferenças entre eles se resumem a deta-
lhes como, por exemplo, o fato de que no forró pé de serra os instrumentos utilizados são o tri-
ângulo, a zabumba e a sanfona, enquanto no eletrônico os instrumentos principais são o teclado,
o contrabaixo e a guitarra elétrica.

Axé-music
A Região Nordeste não é apenas conhecida pelo forró, apesar de esse gênero ser ainda o mais
comum, sobretudo na zona rural.
A axé-music atualmente também se destaca nesse universo pela simpatia popular. Nascida do
boom dos trios elétricos no fim dos anos de 1970 e início dos anos 1980 na Bahia, foi uma das
mais populares correntes musicais da música brasileira, sendo responsável por grande parte da
comercialização de CD's nacionais e aparições em mídias como televisão, rádio e internet.

Mangue Bit
O movimento musical originalmente chamado de Mangue Bit (bit: unidade de memória dos computa-
dores) surgiu na cidade do Recife, no começo dos anos de 1990. Bandas como Chico Science & Nação
Zumbi e Mundo Livre S/A misturaram a música pop internacional (o rap, as várias vertentes eletrônicas
e o rock inglês) aos gêneros tradicionais da música de Pernambuco (maracatu, coco, ciranda, cabocli-
nho, etc.). Em 1992, foi publicado o manifesto do movimento, intitulado “Caranguejos com cérebro”
de autoria de Fred 04, vocalista da banda Mundo Livre S.A. A imagem símbolo é uma antena parabó-
lica enfiada na lama, representando a combinação da diversidade que representa o mangue com as
influências externas. O Mangue Bit influenciou muitas bandas de Pernambuco e do Brasil.

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M Ú SI CA | 41

Hora da revisão
• O pentagrama é um conjunto de cinco linhas e quatro espaços onde escre-
vemos as notas musicais.

• A clave de sol orienta as posições das notas musicais no pentagrama.

• Na escrita musical utilizamos o pentagrama, a clave de sol e as figuras de sons.

• O agrupamento periódico de dois em dois, de três em três ou de quatro em


quatro tempos determina o compasso.

• A atual música nordestina abrange os gêneros tradicionais, como o forró pé


de serra e o forró eletrônico, sendo este último, juntamente com a axé-music,
incorporado à indústria musical por intermédio de grandes produções.

Atividades
Faça no seu caderno.
1. Qual é a figura de duração equivalente a duas semínimas?

2. Se atribuirmos um tempo a uma semínima, quantos tempos terá a mínima?

3. Por que utilizamos a figura da clave de sol no pentagrama?

4. Escreva o nome das notas musicais no pentagrama:

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Aula 5
O texto musical

Você vai aprender sobre:


• O texto musical e sua relação com o texto literário.

• O solfejo ritmado.

• A frase musical.

• As interferências musicais das fronteiras na Região Centro-Oeste do Brasil.

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M Ú SI CA | 43

Para acompanhar esta aula, é bom lembrar que uma semi-


breve tem a duração de duas mínimas;

que uma mínima tem a duração de duas semínimas

=
e que podemos prolongar a duração de um som ligando duas
ou mais figuras de som.

Em tempo
A fronteira musical da Região Centro-Oeste
Por localizar-se na parte central do Brasil, a Região Centro-Oeste teve uma prá-
tica musical influenciada por outras regiões do país, em função dos seus limi-
tes territoriais e políticos, o que lhe permite ocupar um lugar singular dentro do
panorama musical das regiões do Brasil.
Lá, a diversidade cultural adquire formas próprias de produção, execução e
recepção quanto às suas expressões musicais e à sua funcionalidade. Essa diver-
sidade também serve para expressar a fé, a religião, a vida cotidiana, as diferen-
ças étnicas, a relação entre o religioso e o não religioso e, acima de tudo, a iden-
tidade cultural do povo. Essa riqueza temática passa pela moda de viola, que fala
de romances e de fatos diversos, cantada a duas vozes e acompanhada por violas.
A riqueza musical da região também é resultado das influências externas,
como a fusão da música brasileira com a paraguaia.
Um bom exemplo dessa fusão é a guarânia Chalana, feita pelo sanfoneiro
Mário Zan. Conhecida como a música-símbolo do Pantanal, a Chalana é uma
espécie de síntese histórica das confluências musicais do Brasil, do Paraguai e
da Bolívia, sendo considerada a Asa branca do Pantanal, assim como Mário Zan
é considerado o “Luiz Gonzaga” da região. O nome Chalana é uma referência às
pequenas embarcações típicas da região do Pantanal.

Guarânia – Tipo de canção de ritmo suave originária do Paraguai.

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44 | AULA 5

Mário Zan nasceu em Veneza, na Itália, em 1920 e faleceu


em 2006 no Brasil. Com o nome de Mário João Zandomene-
ghi, chegou ao nosso país aos quatro anos de idade. Aperfei-
çoou sua maneira de tocar sanfona ouvindo outros sanfoneiros
nas festas da roça e passou a compor músicas que marcaram
época, como o hino aos 400 anos da cidade de São Paulo. É
autor dos grandes sucessos: Segue o teu caminho, Festa na roça,
Siriema e Chalana, esta com letra de Arlindo Pinto.
Lá vai uma chalana,
bem longe se vai
Navegando no remanso
do Rio Paraguai naZ oiraM

Oh, chalana, sem querer, Mário Zan


tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas
vais levando o meu amor.

Chalana. Mário Zan e Arlindo Pinto.

O texto musical e o texto literário


Para colocarmos letra em uma música, é preciso levar em conta algumas considerações importantes:

a) O tempo em que se falam as palavras do texto deve estar sincronizado com o tempo das notas
da música composta.
b) As palavras serão separadas em sílabas.
c) O tempo de duração das sílabas poderá ser curto ou longo, dependendo do tempo das notas
da música.

Para exemplificar essas considerações, utilizaremos os versos da música Chalana.


Exemplo:

1 1 2 3

Lá vai

Observe, nesse exemplo, que a duração da palavra lá foi curta, de apenas um tempo, e a da pala-
vra vai foi longa, de três tempos.
Essa maneira de falar as palavras de um texto com duração das sílabas em tempos diferentes
é como falar as palavras obedecendo a um ritmo. Esse é um passo que está inserido no processo
da escrita musical tradicional.
O texto falado com ritmo pode ser encarado como uma obra final de composição como, por
exemplo, o rap. Quando se executa uma música em que as palavras são ritmadas, é muito impor-
tante manter a pulsação constante. Para marcar a pulsação enquanto falamos um texto, sugeri-
mos palmas para facilitar a contagem dos tempos.

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M Ú SI CA | 45

Rap (do inglês rhythm and poetry) – Texto com ritmo falado, é uma forma de música quase decla-
mada de versos sobre ritmos, que geralmente expressa um conteúdo ideológico e de contesta-
ção e crítica social.

Atividades
Faça no seu caderno.
Partindo das observações acima, falaremos de maneira ritmada dois versos da
música Chalana. Obedeça aos números de palmas, conforme as indicações do qua-
dro a seguir, e prolongue o som das sílabas batendo as palmas simultaneamente.

1 Uma palma para uma sílaba

1 2 Duas palmas para uma sílaba

1 2 3 Três palmas para uma sílaba

1 2 3 4 Quatro palmas para uma sílaba

1 2 3 4 5 Cinco palmas para uma sílaba

1 1 2 3 1 1 1 1 1 2 3 4 1 1 2 3 1 2 1 1 2 3 4 5
Lá vai u- ma cha- la- na bem lon ge se vai

A maneira como falamos um texto ritmado, ou seja, com um tempo determi-


nado para cada sílaba ou palavra, chama-se solfejo ritmado, como apareceu nesta
atividade. Poderíamos dizer também que fizemos um pequeno rap com os ver-
sos da música Chalana.

Escrevendo o ritmo com figuras

1 1 2 3 1 1 1 1 1 2 3 4 1 1 2 3 1 2 1 1 2 3 4 5
Lá vai u- ma cha- la- na bem lon ge se vai

Com certa prática, podemos escrever apenas com as figuras de sons um texto qualquer. Que tal
repetirmos o rap da Chalana lendo pela escrita abaixo?

Lá vai u- ma cha- la- na bem lon ge se vai

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46 | AULA 5

Escrevendo com notas musicais


Agora que já escrevemos e executamos o ritmo da Chalana, continuaremos nossa aula seguindo
os mesmos passos da Aula 4, para acrescentarmos as alturas dos sons que compõem a melodia,
ou seja, as notas musicais.
No quadro a seguir, temos na esquerda a sequência das notas utilizadas no primeiro verso. Elas
vão do grave (mi) para o agudo (si). Observe que algumas notas da melodia se repetem e outras
mudam, que algumas são curtas e outras se prolongam e que as palavras se dividem em sílabas e
acompanham a sequência das alturas das notas. Não esqueça que a altura é o referencial grave-
-agudo conforme falamos em aulas anteriores.
Vejamos, então, como fica a distribuição do texto literário com o texto musical.

si

lá lon

sol
la- na bem ge

cha- se
mi
lá vai u- ma vai

Agora, transportaremos essa sequência melódica gráfica para o pentagrama, respeitando seus
lugares em relação à altura. É importante sempre cantar a melodia para perceber essa diferença
de altura das notas musicais. Caso você não conheça essa melodia ou não consiga cantá-la, não
tem problema, apenas acompanhe o desenrolar
dessa aventura: “a escrita musical”.
Antes de transportarmos o quadro acima, si dó
relembraremos a posição das notas nas linhas e sol lá
mi fá
nos espaços do pentagrama estudados na Aula 4. dó ré

Observe como fica o texto no lugar das notas musicais:


si
sol sol
fá fá
mi mi

lon
la -na bem ge se
Lá vai u_ ma cha- vai

Finalmente, chegamos à edição final da nossa música. Para isso, substituiremos o texto que
está ocupando as linhas e os espaços do pentagrama pelas figuras, com as sílabas dispostas
embaixo.

Chalana Mário Zan e Arlindo Pinto

3
4
Lá vai u- ma cha - la - na bem lon - ge se vai

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M Ú SI CA | 47

Música e linguagem
A música é uma linguagem e, como tal, comunica alguma coisa. Nós vivemos em um mundo
rodeado de sons no campo, na cidade, enfim, em todos os lugares por que passamos ouvimos
diversos sons. Ao atendermos um telefone ou ao discarmos, ouvimos sons; ao atravessarmos a
rua, os sons dos veículos sinalizam o perigo. Esse complexo de sons superpostos é a trilha sonora
do mundo em que vivemos.
Portanto, a música, como linguagem dos sons, permite um discurso sonoro que pode passar de
um estado calmo para um frenético, ou até mesmo para um tenso e ruidoso, e todas essas expres-
sões, mesmo a ruidosa, podem ter um sentido musical. Alguns estilos de rock, por exemplo, tiram
partido do ruído para se comunicar e falar dos conflitos atuais e urbanos da nossa sociedade.
Compositores eruditos que buscaram novas estéticas sonoras procuraram em novos sons sua
maneira de comunicar e chamar atenção para uma nova concepção de música numa sociedade
de consumo capitalista e cosmopolita.

Os versos e a frase musical


Voltando à nossa singela Chalana, essa joia musical que nos fala da saudade tem algo a nos
acrescentar nesta aula. Toda forma poética nos diz alguma coisa e se expressa por meio de pala-
vras, frases e orações, que chamamos versos e que traduzem, ao mesmo tempo, sentidos reais
e simbólicos.
Será que utilizando notas musicais podemos também construir frases? É claro que sim, e a
combinação das notas musicais com o texto deve manter certa coerência. Observe os versos
abaixo:

Lá vai uma chalana,


bem longe se vai

No primeiro e segundo versos, Arlindo Pinto, autor da letra, expressa sua saudade ilustrada pelo
barco que se vai bem longe.

Lá vai uma chalana, bem longe se vai


primeiro verso segundo verso

Na primeira frase da música, Mário Zan faz uma sequência de notas musicais que sobem e des-
cem, repousando com uma nota longa, como se fosse o movimento do barco que, ao sumir,
deixa saudade.
Chalana Mário Zan e Arlindo Pinto

3
4
Lá vai u- ma cha - la - na bem lon - ge se vai

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48 | AULA 5

Para facilitar o entendimento desse assunto que


abordamos, os dois versos estão unidos por uma
linha curva em vermelho, assim como as notas
da frase musical. Portanto, os versos da letra de Lá vai uma chalana, bem longe se vai
uma música devem ser combinados com as fra- primeiro verso segundo verso
ses musicais, mantendo dessa forma a coerên-
cia entre as duas linguagens.
Formam uma frase musical
Frase – Ideia musical definida da melodia; um trecho musical que se pode cantar com um só fôlego.

Hora da revisão
• O texto musical pode ser falado de maneira ritmada, assim como no rap.

• A música é uma linguagem dos sons que transmite sensações e se expressa


por melodias e por meio de versos a ela agregados.

• A frase musical se relaciona com os versos mantendo certo sentido.

• A música da Região Centro-Oeste, por sua localização, recebeu influências


musicais de regiões vizinhas do Brasil e de outros países, como, por exemplo,
do Paraguai, na guarânia Chalana, de Mário Zan.

Atividades
Faça no seu caderno.
1. A localização geográfica do Centro-Oeste tem uma relação direta com a música
dessa região do Brasil. Que regiões ou países exerceram influências na música
do Centro-Oeste?

2. Atribuindo-se um tempo à semínima, as figuras do exemplo abaixo terão


quantos tempos?

1
3. Qual o principal cuidado que1 devemos
2 3ter ao colocarmos letra em uma
música?

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Aula 6
A escala musical

Você vai aprender sobre:


• As escalas musicais.

• O Renascimento na Europa Ocidental.

• A música da Região Centro-Oeste e sua relação com o Renascimento na Europa.

Para se entender a música do Centro-Oeste brasileiro, é importante perceber que se trata de uma
manifestação musical rural que expressa os hábitos, costumes populares e regionais, enfim, a vida
e o comportamento das pessoas que vivem no campo, com suas venturas e desventuras, alegrias
e tristezas, seu sofrimento e sua solidão.
É, muitas vezes, uma música de lamento, com uma narrativa mítica, resultante da caminhada
dos primeiros habitantes em direção ao interior do país, na busca de melhores condições e qua-
lidade de vida. Nesse sentido, aproxima-se do espírito da música nordestina.

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50 | AULA 6

A música é uma manifestação artística e o desenvolvimento de sua técnica e teoria contribuí-


ram para sua formalização. Entretanto, sempre existiram, paralelamente a essa música elaborada
uma música típica do campo, com seus instrumentos próprios, modos de expressão espontâneos
e suas escalas musicais características.

Escala musical – Sequência de notas de nomes e alturas diferentes, organizadas graficamente


nos sentidos ascendente ou descendente.

As escalas podem ser classificadas de acordo com o número de notas que possuem. A seguir, dare-
mos dois exemplos dentre os vários tipos de escala que existem:

Pentatônica com cinco notas diferentes

dó ré mi sol lá dó lá sol mi ré dó

1 2 3 4 5

Ascendente Descendente

Heptatônica com sete notas diferentes

dó ré mi fá sol lá si dó si lá sol fá mi ré dó

1 2 3 4 5 6 7

Ascendente Descendente

Em tempo
A música caipira
O envolvimento da música no processo de catequese dos índios foi marcante
no Brasil. Para facilitar o processo de conversão dos índios ao cristianismo, os
jesuítas utilizaram os princípios religiosos dos nativos, adaptando-os aos rituais

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M Ú SI CA | 51

católicos. Assim, tiveram origem as festas de Santa Cruz, do Espírito Santo, de


Nossa Senhora da Conceição e de São Gonçalo, existentes até hoje na Região
Centro-Oeste do país. Elementos rítmicos da viola, do sapateado e do palme-
ado, oriundos das culturas europeia e africana, foram incorporados a essas fes-
tas ao longo dos anos.
As folias de reis e o cururu, manifestações da religiosidade popular, e o
cateretê completam o cenário cultural onde vai se desenvolver a música cai-
pira. Em todas elas, a presença da viola é marcante.

Folias de reis – Folguedo tradicional do catolicismo popular que representa a


trajetória dos Reis Magos a caminho de Belém, na Palestina.
Cururu – Dança masculina ligada a festas religiosas da tradição portuguesa, cujo
canto em forma de desafio é acompanhado pela viola de cocho, instrumento de
cordas esculpido num tronco de madeira.
Cateretê – Dança só para homens, com sapateado e palmeado, cantada e acom-
panhada por dois grupos liderados por violeiros.

A partir dos anos de 1920, surgem importantes compositores e intérpretes na


música caipira, como as duplas Alvarenga e Ranchinho, Tonico e Tinoco, Cas-
catinha e Inhanha, além de Inezita Barroso.
Grandes sucessos como Luar do sertão, de João Pernambuco e Catulo da Paixão
Cearense, No rancho fundo, de Ary Barroso e Lamartine Babo, e Chalana, de Mário
Zan e Arlindo Pinto, marcaram a música caipira, gênero musical que recebeu influ-
ências de seus equivalentes estrangeiros, como a guarânia paraguaia e a rancheira
mexicana. Esses sucessos povoaram o imaginário popular brasileiro e foram tomados,
a partir de então, como referência por várias gerações de compositores e cantores.
Nos anos de 1970, alguns artistas, como Sergio Reis, integrantes do movi-
mento da Jovem Guarda, passaram a compor músicas caipiras, alcançando grande
sucesso no Brasil e no exterior. A transformação da música caipira em música
sertaneja aconteceu por volta dos anos de 1980, com a influência da MPB na
linguagem das violas, com a adoção de instrumentos eletrônicos e a assimila-
ção da country music (gênero norte-americano), e com a formação de importan-
tes bandas ou duplas. Esse movimento teve um impulso com a popularidade de
Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo e Zezé Di Camargo e Luciano, que
herdaram, também, o romantismo pop da jovem guarda e transformaram seus
shows em megaespetáculos.

MPB (iniciais da expressão Música Popular Brasileira) – Refere-se a gêneros ori-


ginários da fusão da música das etnias brasileiras e folclóricas agregada a sofis-
ticações contemporâneas, não se enquadrando na categoria de música de con-
certo ou música clássica.

Desse momento em diante, dois segmentos musicais convivem no mercado cultu-


ral, dividindo plateias e gostos específicos. De um lado, os que preferem a música
sertaneja mais ao gosto eletrônico e popular, e de outro lado, os que fazem a música
caipira não eletrônica, como Roberto Corrêa, Almir Sater e Renato Teixeira.

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52 | AULA 6

A viola e o Renascimento
A viola utilizada na música brasileira, principalmente
na Região Centro-Oeste do país, descende da viola
portuguesa, também chamada viola de arame, ou
seja, viola com cordas de metal. Esse instrumento
atinge na Europa o seu apogeu no século XVI, apa-
recendo em romarias, arraiais e “bailaricos” em Por-
tugal, no período do Renascimento.

Renascimento – Período da história da Europa


ocidental que se estende do século XV até o
final do século XVI. Caracteriza-se pela reto-
mada dos ideais filosóficos e artísticos da
Antiguidade clássica.

No período renascentista, paralelamente à


prática das igrejas, a música profana passa a
se identificar melhor com as emoções humanas,
ou seja, fala do amor, dos sentimentos, conflitos e Viola de cocho
desejos mundanos, adquire uma liberdade natural e ocupa
um lugar importante como temática nas mãos dos compositores da época.
A valorização da música profana e instrumental no Renascimento é evidente,
pois nessa época os compositores passam a escrever músicas com a finalidade de
que sejam executadas por instrumentos musicais, e não somente para vozes.
Apesar da expansão da música profana, a música religiosa continua ocupando
lugar de destaque pela importância e qualidade de sua elaboração, expressando-
se por meio do coral cantado, a cappella (do italiano em capela), ou seja, sem
acompanhamento de instrumentos musicais. Nesse período, a técnica da com-
posição se desenvolve de uma maneira surpreendente, havendo registro de músi-
cas compostas para um ou mais coros cantando simultaneamente.

Os principais compositores
Vamos citar apenas os compositores que mais se destacaram, e cujas obras
expressavam sentimentos próprios do pensamento renascentista. Jos-
quin des Près, compositor holandês, foi considerado o “Príncipe dos
Compositores” pelos músicos de sua época. Sua obra causava admi-
ração aos ouvintes, pela clareza das palavras em conjuntos de vozes
cantadas simultaneamente. Palestrina, compositor italiano, renovou a
técnica da composição para várias vozes, levando a polifonia à perfeição.
John Dowland, alaudista inglês, musicou versos de William Shakespeare,
autor de diversas peças teatrais conhecidas, como Romeu e Julieta.
A elaboração dessas obras, sua sofisticação e riqueza de detalhes só
foram possíveis a partir de uma metodologia de composição que está vin-
culada à escrita musical. Além disso, a escrita favoreceu a preservação dessas
músicas, registrando-as em partituras com fidelidade até os nossos dias.
Alaúde renascentista

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Hora da revisão
• As escalas são formadas por sequências de notas musicais e podem ser classi-
ficadas de acordo com a altura e o número de notas.

• O Renascimento na Europa Ocidental caracterizou-se pela retomada dos ide-


ais filosóficos e artísticos da Antiguidade clássica.

• A música do Centro-Oeste do Brasil preserva características do Renascimento


europeu, trazidas pelos jesuítas no período da colonização.

• O cururu e o cateretê são gêneros representativos da música caipira da Região


Centro-Oeste do país.

• A música sertaneja sofreu influências da MPB e dos instrumentos eletrôni-


cos, assim como da jovem guarda.

Atividades
Faça no seu caderno.
1. Partindo da nota dó, complete no sentido ascendente a escala heptatônica.

2. Partindo da nota dó, complete no sentido descendente a escala pentatônica.


3. No período renascentista, paralelamente à prática das igrejas, a música pro-


fana passa a se identificar com qual temática?

4. Que fatores provocaram a transformação da música caipira na chamada música


sertaneja moderna?

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Aula 7
O acorde

Você vai aprender sobre:


• A homofonia e o acorde.

• O barroco e o classicismo na Europa


Ocidental.
• A música colonial brasileira.

• A diversidade musical do Sudeste


do Brasil.

Você precisa saber que:


• monofonia é música constituída de
apenas uma melodia;
• polifonia é música para duas ou
mais vozes distintas, cantadas ou
tocadas simultaneamente.

Em tempo
A diversidade da Região Sudeste
A riqueza de gêneros musicais na Região Sudeste, bem como nas demais regiões
do país, decorre da diversidade étnica e da interação entre sons e ritmos do pas-
sado e a riqueza da musicalidade atual. A região mantém características rítmi-
cas tradicionais, como o jongo, dança afro-brasileira de umbigada e sapateado,
bem como o samba e o choro, gêneros que serão tratados mais adiante. A Região
Sudeste é também um terreno fértil para a proliferação de novas criações influen-
ciadas pelas mais diversas origens, como o rap e o funk.

Funk – Gênero musical que surgiu de uma forma de jazz basicamente negra
nos Estados Unidos, nos anos de 1960, a partir do rhythm and blues, com nítido
caráter de música coletiva ou de tribo urbana.

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M Ú SI CA | 55

Para compreendermos melhor a diversidade da música na Região Sudeste, é


necessário conhecer as manifestações populares que deram origem a essa música,
sobretudo as danças tradicionais que receberam influências étnicas indígenas,
europeias e africanas. Esses povos, de um modo bastante peculiar, uniram o reli-
gioso e o profano nas homenagens a São Benedito e Nossa Senhora do Rosário,
entre outros, bem como a personagens da nobreza (reis, rainhas e condes) como
forma de resistência cultural à colonização branca.
Essas características podem ser observadas nas folias de reis e nas folias do
divino, folguedos populares que percorrem cidades e zonas rurais tocando e can-
tando em homenagem aos “Santos Reis” (nome dado popularmente aos Reis
Magos) e ao Divino Espírito Santo, respectivamente.
Nessa variedade de festas do catolicismo popular, as danças de são gonçalo,
realizadas apenas por promessa ao santo do mesmo nome, e a congada enri-
quecem o cenário musical, evidenciando a relação entre religioso e profano, tão
presente na cultura brasileira.

Congada – Dança dramática afro-brasileira de influência ibérica, realizada em


comemoração à coroação do rei do Congo e, às vezes, em homenagem à Nossa
Senhora do Rosário, podendo surgir nas festas natalinas, em festas de São Bene-
dito e Divino Espírito Santo. As festas são sempre animadas com danças e muito
batuque de zabumba. Os integrantes se dividem em grupos, chamados “ternos”,
e são caracterizados pela cor da farda.

Um pouco de história
A herança da música colonial do Brasil
Durante os séculos XVII e XVIII, foram produzidas músicas compostas por negros
escravos e não escravos, em sua maioria de caráter religioso (música de concerto)
e executadas nas igrejas.
Grande parte dessa produção musical foi extraviada ao longo do tempo, mas
ainda existem manuscritos dessa música tão significativa para a história brasi-
leira, tanto nos locais de origem quanto nos acervos colhidos, microfilmados e
digitalizados ou arquivados por pesquisadores brasileiros e estrangeiros.
Durante o século XVIII, consolidam-se, em regiões do país, centros de cultivo
da música de concerto com características que mesclam estilos europeus depois
do barroco, como o rococó e o classicismo.

Barroco – Estilo que dominou a arquitetura, as artes plásticas e a música na


Europa, principalmente no século XVII. É caracterizado por uma ornamentação
própria e uma riqueza de contrastes (claro-escuro e timbre).
Rococó – Termo utilizado nas artes plásticas para caracterizar o estilo decorativo,
é aplicado por analogia à música fortemente ornamentada e elaborada do perí-
odo de transição do barroco para o classicismo, principalmente na França.
Classicismo – Estilo posterior ao barroco, caracterizado pela produção musical
que vai de meados do século XVIII ao início do século XIX. Na música, buscava-
se retomar o equilíbrio entre a estrutura, a forma e a interpretação.

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56 | AULA 7

Entre os compositores brasileiros do século XVIII, destacam-se os pernambuca-


nos Inácio Ribeiro Nóia (Procissão de cinza) e Luis Álvares Pinto (Te Deum Laudu-
mus), o mineiro Lobo de Mesquita (Missa em mi bemol) e o carioca Pe. José Mau-
ricio, considerado o mais importante compositor do período colonial brasileiro,
não só por ter atuado na corte de D. João VI, como também por suas belas obras,
entre elas a famosa Missa pastoril.
Das várias heranças que marcaram a produção musical no Brasil e especialmente
no Sudeste, destaca-se a música a que chamamos música colonial brasileira.
Com a mudança da família real portuguesa para o Brasil em 1808, ocorre uma
grande transformação na atividade cultural em nosso país. A música, a partir
da Abertura dos Portos, além de ser praticada nas igrejas, passa a ser ouvida nas
cortes e depois nos teatros com maior intensidade.
A partir do final do século XIX, as companhias de ópera que passaram a se
apresentar no país contribuíram para dar novo tom à criação musical. Essas inter-
ferências musicais associadas às referências indígenas e africanas marcaram os
traços de uma música nitidamente nacional.

O barroco
O termo barroco significa pérola ou
joia de formato irregular a que se
associa a ideia de ornamentos. Na
Europa, a música do período bar-
roco caracteriza-se pela riqueza de
ornamentos musicais, ou seja, certo
tipo de embelezamento que emprega fre-
quentemente nota ou grupos de notas,
acrescentadas à melodia de forma
improvisada ou escrita, além da sen-
sação de claro-escuro, figura-fundo
advinda da pintura, e os contras-
tes dinâmicos (forte-fraco).
É no barroco também que sur-
gem a ópera (com Monteverdi) e for-
mas mais sofisticadas de oratório. Outra Orquestra
característica do período foi o surgimento da
orquestra, com a valorização dos instrumentos de cordas, como violinos e violas, e a consolida-
ção da suíte e do concerto, este último uma nova modalidade instrumental.

Ópera – Obra musical que combina orquestra, canto, teatro e artes visuais, na qual os persona-
gens cantam e representam.
Oratório – Música não encenada que é cantada sobre textos da Sagrada Escritura, sem movi-
mentação ou cenários.
Suíte – Conjunto de músicas de danças diversificadas, organizadas em sua apresentação.
Concerto – Obra musical em que um instrumento (ou um pequeno grupo de instrumentos) fun-
ciona como solista, dialogando com a orquestra.

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Em tempo
Alguns dos autores que mais se destacaram no período barroco foram: o italiano
Cláudio Monteverdi, a quem se atribui a primeira ópera, Orfeu, de 1607; o ita-
liano Antonio Vivaldi, o alemão George F. Haendel, autor de diversas óperas e
concertos, além do oratório Messias, do qual faz parte o conhecido trecho Aleluia,
e o alemão Johann Sebastian Bach, autor de uma obra gigantesca que inclui
música instrumental, corais, cantatas, tocatas e suítes orquestrais.

Antonio Vivaldi – Músico italiano, filho de um grande violi-


nista, Vivaldi foi encarregado da música na Basílica de São Mar-
cos, em Veneza. Escreveu uma obra monumental, que inclui
centenas de concertos – a maioria para violino ou violoncelo -,
óperas, sonatas e algumas poucas obras sacras. Entre as obras que
mais se destacam, está As quatro estações. (1678-1741)

Vivaldi

Vivaldi

Johann Sebastian Bach – Compositor e organista alemão, Bach foi kan-


tor (diretor musical) da Capela de Leipzig. Compôs uma vasta obra, que
inclui concertos para diversos instrumentos, dos quais os mais conheci-
dos são: para cravo ou violino; inúmeras obras para violino solo (as sona-
tas e partitas), seis suítes para violoncelo solo, mais de duzentos corais
e diversos oratórios, como A paixão segundo São Mateus, além de inúme-
ras cantatas, que são obras para solistas, coro e orquestra, entre as quais
se destaca a popular Cantata 147, Jesus, alegria dos homens. (1685-1750)
Bach

J. S. Bach

No período barroco, surgiu uma nova organização musical; passa-se a privilegiar uma única melo-
dia sustentada por acordes instrumentais ou vocais. Esse tipo de escritura essencialmente dife-
rente da polifônica é chamada homofônica.

Acorde – Grupo de três ou mais notas musicais (e, mais raramente, apenas duas) executadas
simultaneamente.
Homofonia – Originalmente significava vozes e/ou instrumentos soando em uníssono. Na ter-
minologia musical moderna, designa o estilo de música em que uma parte melódica é acom-
panhada. Portanto, é a música composta por melodia principal vocal ou instrumental acompa-
nhada por outras vozes ou acordes.

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58 | AULA 7

Homofonia
Joaquim Santos
Melodia
principal

Acordes

O acorde
Note-se que no acorde a seguir as notas estão escritas no sentido vertical, indicando ao leitor que
elas devem ser tocadas ou cantadas simultaneamente. A função dos acordes é, principalmente,
sustentar e acompanhar a melodia.

Acorde

O classicismo
No período clássico, a música é mais leve e clara, diferentemente do barroco, em que a utiliza-
ção da polifonia ocorre de maneira constante. Desenvolve-se a sinfonia, forma musical consti-
tuída geralmente por quatro partes chamadas movimentos, alternando andamentos movidos
e andamentos mais lentos. O termo sinfonia vem do grego synphonía e significa “soar junto”.

Em tempo
Os principais compositores desse período são os austríacos Joseph Haydn e
Wolfgang Amadeus Mozart, além do alemão Ludwig van Beethoven.

Wolfgang Amadeus Mozart – Compositor que, em suas óperas A


Flauta mágica, Don Giovanni e outras, desenvolveu um estilo musi-
cal bastante pessoal. As óperas, sinfonias e concertos de Mozart
o destacam como um dos maiores compositores que a música
produziu. Mozart compôs suas primeiras obras aos cinco anos de
idade. (1756-1791) Mozart

t razoM

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Ludwig van Beethoven – Considerado por muitos o último dos


compositores clássicos e o primeiro dos românticos, Beethoven era
um compositor de temperamento forte, genioso e pessimista. Ele
compôs concertos para piano e violino, uma ópera e nove sinfo-
nias, entre as quais se destacam a Quinta e a Nona, mais conhecidas
do público em geral. (1770-1827)
Beethoven

Beethoven

Hora da revisão
• A homofonia é a parte melódica principal acompanhada de acordes.

• O barroco na música caracteriza-se pela ornamentação, pelos contrastes claro-


-escuro, pelo uso equilibrado da polifonia e pelo surgimento da ópera.

• No classicismo se desenvolveram a sonata e a sinfonia.

• O barroco, o rococó e o classicismo europeus influenciaram a música colo-


nial brasileira do século XVIII.

• As folias de reis, a congada, o jongo, o choro, o rap e o funk são exemplos da


diversidade musical da Região Sudeste do país.

Atividades
Faça no seu caderno.
1. Com a mudança da família real portuguesa para o Brasil em 1808, ocorre uma
grande transformação na atividade cultural em nosso país. A música, além
de ser praticada nas igrejas, passa a ser ouvida nas cortes e depois nos tea-
tros com maior intensidade. Que gênero musical de origem europeia ganha
espaço nos teatros brasileiros a partir do final do século XIX?

2. O que é um acorde?

3. Que compositor é considerado por muitos o último dos clássicos e o primeiro


dos românticos?

4. O classicismo na música caracteriza-se, entre outras coisas, pela:

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Aula 8
A harmonia

Você vai aprender sobre:


• O romantismo na Europa e no Brasil.

• A harmonia.

• Os acordes na escala de dó.

Para estudarmos esta aula, vale relembrar as notas no pentagrama.

dó ré mi fá sol lá si dó

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O acorde é a superposição de duas ou mais notas musicais que são tocadas ou cantadas simul-
taneamente.

Um pouco de história
O movimento romântico
Na Europa do século XIX, o classicismo começa a ceder lugar a novas ideias e,
após um período de transição surgem tendências que levam ao que se chama
romantismo, movimento que se estende até o início do século XX.
O romantismo surge com força como movimento na pintura e na litera-
tura da época. A expressão mais exacerbada, o apego à identidade individual, o
devaneio, a fantasia, o gosto pelo exótico e pelo mistério, tudo funciona como
fonte libertadora do rigor formal da música praticada até então. Os composito-
res românticos passaram a expressar de forma mais livre seus sentimentos e fan-
tasias por meio da música.
A orquestra, cujo número de integrantes já vinha sendo ampliado durante o
período barroco, agora adquire proporções maiores e, eventualmente, até gigan-
tescas. A reestruturação de sua formação introduz, no romantismo, um maior
número de instrumentos, o que colabora para atribuir à música mais colorido
de sons, dinâmica e timbres. Ao mesmo tempo, multiplicam-se as composições
para piano e canções para voz com acompanhamento de piano.
Além disso, é dada uma especial atenção às músicas de raízes regionais, vin-
culando-as à ideia de uma identidade nacional. O mundo se transformava a
partir do ideário da Revolução Francesa, das artes e da poderosa filosofia alemã.
Alguns dos compositores mais representativos do período romântico foram:
o austríaco Franz Schubert, da Sinfonia inacabada, o polonês Chopin, famoso
por seus Noturnos, o húngaro Franz Liszt, dos grandes concertos para piano, o
russo Tchaikovsky, de O lago dos cisnes e da Abertura 1812, e os alemães Ludwig
van Beethoven, da Nona sinfonia, Robert Schumann, das canções para canto e
piano (os Lieder) e Richard Wagner, da monumental ópera Tristão e Isolda, além
do francês Berlioz, da Sinfonia fantástica.

Fréderic Franciszek Chopin – Suas obras são consideradas como os prin-


cipais pilares do romantismo na música clássica do século XIX. A genia-
lidade musical surgiu aos oito anos de idade, quando executou sua pri-
.
meira obra na sua cidade natal, Zelazowa Wola, na Polônia. Aos 15 anos,
foi eleito pela crítica como o maior pianista de seu país. Ele nasceu em
1810 e morreu em 1849, em Paris.
Chopin

Chopin

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62 | AULA 8

Piotr Ilych Tchaikovsky nasceu em 1840, na cidade russa de Votkinsk.


Aos cinco anos, aprendeu a tocar piano. Aos 20, ingressou no Conserva-
tório de São Petersburgo, onde estudou composição, piano, flauta e órgão.
Em 1866, foi convidado para ser professor do Conservatório de Moscou.
Nesse período, compôs a Primeira sinfonia e realizou diversos concertos. Sua
obra foi aclamada por toda Europa. Mas o sucesso quase o levou à loucura,
causando-lhe sintomas de neurastenia aguda. Morreu de cólera em 1893.
Tchaikovsky

Tchaikovsky

Um pouco de história
O romantismo no Brasil
As novas ideias musicais correntes na Europa no século XIX são absorvidas pelo
Brasil, especialmente na Região Sudeste, que mantinha uma estreita relação cul-
tural e comercial com aquele continente, e que vivia no período um momento
de grandes transformações em sua música.
A subjetividade, a expressão individual e a liberdade de criação, característi-
cas próprias do Romantismo, encontram, então, grande receptividade e come-
çam a transformar o cenário cultural de um Brasil já impregnado pelas ideias
republicanas.
No Rio de Janeiro, sede do Império, e em São Paulo, predominavam, prin-
cipalmente nos salões aristocráticos, as canções brasileiras de gêneros tradicio-
nais como o lundu, de características rítmicas africanas, e a modinha. Carlos
Gomes inicia uma produção operística que o transforma no principal represen-
tante desse gênero musical no país. É nesse ambiente que a música brasileira
passa a cultivar uma nova sonoridade.

Carlos Gomes (nascido em Campinas, São Paulo, em 1836, e fale-


cido em Belém, Pará, em 1896) tornou-se o maior compositor
romântico do Brasil e teve projeção internacional após o sucesso,
na Itália, de sua ópera O Guarani.
Carlos Gomes

Carlos Gomes

Elementos da harmonia
A música possui três elementos estruturais dos quais dois já estudamos: o ritmo e a melodia.
Agora vamos estudar o terceiro elemento, a harmonia. É importante ressaltar que nem todos os
povos empregam a harmonia em suas músicas.

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Harmonia – A palavra harmonia tem vários significados, que ultrapassam o âmbito da música
Segundo o dicionário Aurélio, é “a disposição bem ordenada entre as partes de um todo”. Na
música, definimos harmonia como a combinação de sons simultâneos que formam um acorde
e sua relação com outros acordes.

Sendo assim, podemos dizer que harmonia é um sistema de sons superpostos, organizados de
forma a combinarem entre si e cada um com o todo. Esse sistema de combinação também se
relaciona a acordes, ou seja, grupo de notas musicais tocadas ao mesmo tempo.
Dessa forma, aplicando-se o conceito acima, podemos dizer que harmonia, em um acorde, é
a combinação de cada som com o som resultante de todos os sons juntos. Além disso, o acorde
também estabelece uma relação de harmonia com a melodia. Quando você vê alguém cantando
uma música, uma melodia, acompanhado de um violão, perceberá que o instrumento tem a fun-
ção de produzir acordes que combinam com esse canto. Se você prestar bastante atenção, poderá
notar que a melodia cantada não é igual aos acordes do violão mas, no entanto, os dois se com-
plementam. E isso também é harmonia.

Os acordes na escala de dó
O acorde se forma com base em princípios que tornam o som harmonioso, agradável aos
nossos ouvidos. Existem várias possibilidades de combinação de notas para a formação de
um acorde. Vamos conhecer uma combinação bem simples, que utiliza apenas três notas da
escala musical.
A sequência das três notas do acorde simples é chamada de tríade e pode ser formada a par-
tir de qualquer nota da escala, desde que seja saltada uma nota da primeira para a segunda e da
segunda para a terceira, na sequência da escala.
No exemplo a seguir, formaremos um acorde com as notas dó - mi - sol.

dó mi sol
Agora, vamos observar como pode ser escrito esse acorde, no qual as notas são tocadas ou can-
tadas simultaneamente.
Acorde 1

sol
mi

I

Note-se que no acorde as notas estão escritas no sentido vertical, indicando ao leitor que elas
devem ser tocadas ou cantadas simultaneamente.

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64 | AULA 8

O exemplo a seguir demonstra uma outra possibilidade, no caso, ré - fá - lá.

ré fá lá

Acorde 2




II

Vamos ver como fica o acorde ou tríade com as notas mi - sol - si.

mi sol si

Acorde 3

si
sol
mi
III

O quarto acorde ficará assim:

fá lá dó

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Acorde 4




IV

Podemos construir, dessa maneira, sete acordes (tríades) a partir das sete notas da escala de dó,
da mesma forma que fizemos com os quatro exemplos anteriores. Veja agora como ficarão todos
os sete acordes seguindo o mesmo processo de formação.

I II III IV V VI VII

Melodia e harmonia
A função dos acordes é principalmente acompanhar a melodia. Agora que sabemos o que é um
acorde, vamos demonstrar a escrita de uma melodia acompanhada por acordes, ou seja, harmo-
nizada por acordes.
Tomaremos como exemplo um trecho da melodia Sambalelê, que escreveremos no pentagrama
superior (1) e os acordes no pentagrama inferior (2). Observe que, neste exemplo, estamos utili-
zando algumas figuras que serão tratadas na próxima aula:

Sambalelê
Cancioneiro tradicional

1
Notas da 2
melodia 4
dó dó mi sol mi dó ré fá si si ré fá ré si dó mi

2 Notas do 2
acorde 4

sol ré ré sol
mi si si mi
dó sol sol dó

Os acordes estão escritos no sentido vertical, alinhados com algumas notas da melodia. Isso indica
que os acordes devem ser tocados ou cantados simultaneamente às notas da melodia.

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66 | AULA 8

Hora da revisão
• O romantismo na música se caracteriza pela expressão mais exacerbada dos
sentimentos. Esse movimento influenciou a produção musical do Brasil do
final do século XIX ao começo do século XX.

• A harmonia é a combinação simultânea de sons. Refere-se aos acordes e sua


relação com outros acordes. A função dos acordes é acompanhar a melodia.

• Uma tríade é uma combinação em acorde que utiliza apenas três notas sal-
tando-se uma entre elas (dó-mi-sol, fá-lá-dó, p. ex.) da escala musical.

• Os acordes podem ser construídos sobre qualquer nota do nosso sistema musical.

Atividades
Faça no seu caderno.
1. A subjetividade, a expressão individual e a liberdade de criação, caracterís-
ticas próprias do romantismo, encontraram grande receptividade e trans-
formaram o cenário cultural do Brasil. Qual foi o compositor romântico do
Brasil que teve projeção internacional após o sucesso, na Itália, de sua ópera
O Guarani?

2. Podemos dizer que na música encontramos um sistema de sons superpostos,


organizados de forma a se combinarem entre si e cada um com o todo. Que
nome se deu a esse sistema de combinação?

3. Uma tríade é a superposição de:

4. Usando as notas da escala que você aprendeu, forme tríades de dó, fá e de


mi escrevendo as duas notas que faltam no pentagrama abaixo. Lembre-se
de que, se a nota está em uma linha, as demais também estarão sobre linhas;
se estiver em um espaço, as outras duas igualmente estarão sobre espaços.

I IV III

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Figuras no Aula 9
ritmo brasileiro

Você vai aprender sobre:


• A música do século XX na Europa e no Brasil.

• O choro e o samba.

• O fandango e suas danças na Região Sul do Brasil.

• As figuras rítmicas predominantes na música brasileira.

Para acompanhar esta aula, é preciso lembrar que a semibreve tem a duração de duas mínimas
e a mínima, a duração de duas semínimas. Lembre, também, que a mesma relação se mantém
para as pausas:
= + = +

= +
= +

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68 | AULA 9

Assim, se a semínima durar um tempo, a mínima e a semibreve durarão respectivamente dois e


quatro tempos. A mesma relação se mantém para pausas.

= 1 tempo = 1 tempo

= 2 tempos = 2 tempos

= 4 tempos = 4 tempos

Um pouco de história
A música do século XX
A ousadia e a experimentação de novas combinações de sons e ritmos caracteri-
zam o que se denomina música do século XX, que reagiu ao romantismo mais
conservador do século XIX.
A Europa romântica se digladiava entre os seguidores de Brahms, da linha
mais tradicional, e os de Wagner, que saíram em busca de novos rumos. Ao con-
trário de movimentos anteriores, como o classicismo e o romantismo, a produ-
ção musical do século XX não se constitui um movimento em que as obras apre-
sentem características semelhantes.
A diferença básica entre a música do século XX e a dos séculos anteriores é
a liberdade de criação. Dela resulta uma série de novas técnicas de composição
e uma busca por novos sons e timbres, dividindo os compositores das novas
tendências.
Entre essas vertentes, destacam-se o nacionalismo, dos compositores hún-
garos Béla Bartók e Zoltán Kodály e o inglês Vaughan Williams; o impressio-
nismo, movimento em que se destacam os franceses Claude Debussy e Maurice
Ravel, e o dodecafonismo, da chamada Segunda Escola de Viena, capitaneada
pelo austríaco Arnold Schoenberg e seus discípulos Anton Webern e Alban Berg.
A música dodecafônica emprega técnica de diversas tendências como o nacio-
nalismo e o impressionismo. Melodia, acordes e mesmo ritmos são tratados de
maneira absolutamente peculiar, utilizando-se um rigor matemático conhecido
como serialismo, técnica bem diferente das normas que haviam sido consolida-
das nos séculos anteriores.

Nacionalismo – Movimento que surge na Rússia no final do século XIX, esten-


dendo-se ao século XX, e que tem como proposta a associação da música a uma
ideia de identidade nacional, empregando elementos das raízes populares de
cada região nas composições.
Impressionismo – Termo advindo da pintura – principalmente de Renoir e
Monet – e aplicado por analogia à música; identifica as composições que pro-
porcionam sensações sonoras que lembram impressões de luzes e cores.
Dodecafonismo – Técnica composicional em que a música é estruturada por
meio de séries organizadas de notas da escala cromática, ou seja, a escala for-
mada pelo grupo das doze notas das teclas brancas e pretas do piano.

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As teclas do piano

2 4 7 9 11

1 3 5 6 8 10 12

Em tempo
A música do século XX no Brasil
No início do século XX, Rio de Janeiro e São Paulo tornam-se centros gerado-
res de novas concepções artísticas. Essa ebulição criativa culmina na Semana de
Arte Moderna, ponto mais alto de um movimento que buscava romper com as
tradicionais concepções artísticas.
A Semana de Arte Moderna foi um encontro-manifesto de um movimento
artístico nacional que ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922 (sendo
por isso também conhecido como a “Semana de 22”). No Movimento Moder-
nista, artistas das mais diversas áreas apresentaram, durante a Semana de 22,
as novas tendências que se esboçavam na literatura, no teatro, nas artes plásti-
cas e na música.
A ideia dos modernistas era aliar movimentos artísticos inovadores euro-
peus à brasilidade, valorizando o caráter nacional da arte a partir do cotidiano e
da identidade brasileira. Cabe ressaltar, no entanto, que o público não acolheu
muito bem as ideias modernistas, tendo mesmo reagido contra elas.
O Movimento Modernista, que também tinha um cunho claramente polí-
tico de confronto com a chamada República Velha, revelou grandes intelectuais
e artistas como Oswald e Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Menotti Del Pic-
chia, Anita Malfatti, Vítor Brecheret e Manuel Bandeira, entre diversos outros.
O maestro Heitor Villa-Lobos participou da Semana de Arte Moderna e apre-
sentou ao público, no Teatro Municipal de São Paulo, três récitas com obras ino-
vadoras para a época. Como era de se esperar, novidades costumam dividir pla-
teias entre vaias e aplausos, e na Semana não foi diferente.
É famosa a série Choros de Villa-Lobos, assim como as Bachianas brasileiras,
inspiradas na obra do compositor barroco Johann Sebastian Bach. Villa-Lobos
passou vários anos viajando pelo interior do país, recolhendo temas populares
que vieram a se tornar importante fonte de inspiração para as suas obras.

Heitor Villa-Lobos nasceu em 1887 e faleceu em 1959 no Rio de Janeiro.


Foi compositor, violoncelista, violonista e pianista, e recebeu influências
que vão do barroco ao impressionismo francês, passando pelas manifes-
tações do sertão e do interior brasileiros, incorporando ainda elementos
do choro, gênero urbano não muito bem aceito pela sociedade da época.

Heitor Villa-Lobos

Villa-Lobos

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70 | AULA 9

O choro
O choro despertou interesse especial em diversos compositores brasileiros e entre os modernis-
tas, especialmente Villa-Lobos.
Esse gênero tipicamente nacional surgiu em meados do século XIX, no Rio de Janeiro, e
introduziu na prática musical brasileira danças europeias, como a mazurca, a polca, o schottis-
che e a valsa. Desses encontros, surgiu uma música saborosa na qual à flauta, com frequência,
eram reservados solos, tendo o violão e o cavaquinho como acompanhamento. Depois foram
introduzidos ao choro o pandeiro e diversos outros instrumentos, como a clarineta, o acor-
deon e o saxofone.
O choro tornou-se conhecido com sucessos de Chiquinha Gonzaga, como Corta-jaca; de
Ernesto Nazareth, Apanhei-te cavaquinho; de Anacleto de Medeiros e Catulo da Paixão Cearense,
Rasga coração; de Pixinguinha e João de Barro, Carinhoso, e de Joaquim Antonio da Silva Calado
e Catulo da Paixão Cearense, Flor amorosa, considerado um dos primeiros choros.

Ernesto Júlio de Nazareth foi um pianista e compositor de bailes e saraus


do final do séc. XIX e início do séc. XX. Nascido no Rio de Janeiro em 1863
e falecido em 1934. Como autor de tangos, valsas e polcas, tornou-se um dos
grandes nomes da fusão desses gêneros na linguagem do choro.

Ernesto Nazareth

Ernesto Nazareth

O samba
A palavra samba vem de semba, arbusto africano que dança ao vento e deu nome à umbigada de
roda trazida de Angola para a América do Sul, especialmente para o Brasil.
O primeiro samba foi oficialmente registrado em partitura em 1916 e gravado em 1917 com o
título de Pelo telefone. Creditado a uma criação coletiva, é atribuído oficialmente a Donga (Ernesto
dos Santos) e Mauro de Almeida. Pelo telefone tem nítidos traços de maxixe, dança urbana que
antecedeu o samba.

Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos), compositor e violonista, nasceu


no Rio de Janeiro em 1890. Aos 14 anos de idade, começou a tocar cavaquinho,
passando depois a se interessar por violão. Integrou o grupo Caxangá, de inspi-
ração nordestina, além de outros conjuntos. Autor de modinhas, sambas, maxi-
xes, emboladas e marchas-rancho, e parceiro de Pixinguinha, Noel Rosa, João
da Baiana e Cícero Almeida, entre outros, Donga entrou para a história por ter
registrado, em 1916, na Biblioteca Nacional, a partitura do samba Pelo telefone,
composto na casa da Tia Ciata, onde se encontravam também outros composi-
tores, entre eles Sinhô, Pixinguinha, João da Baiana. Pelo telefone foi motivo de
polêmicas, pois desde o seu lançamento vários músicos pleitearam sua autoria. Donga Donga

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Isso se deve à própria característica da composição, feita em uma roda de samba em que diversos par-
ticipantes improvisavam versos e melodia. Morreu em 1974, aos 84 anos de idade.

Inicialmente considerado marginal, o samba tornou-se popular com as composições de Noel


Rosa (Conversa de botequim e Feitiço da Vila), Cartola (As rosas não falam) e Ary Barroso (Aquarela
do Brasil), entre outros. Do samba, além da corrente que se manteve original, surgiram o samba
de roda, o samba-enredo, o partido-alto, o samba-canção, o samba de breque, samba-exaltação,
o samba de gafieira, o sambalanço e diversos outros.

Um pouco de história

A Era do Rádio
Em 1923, foi dado o primeiro grande passo de um projeto cultural que viria modi-
ficar hábitos e se transformar na maior atração cultural do país. Foi inaugurada a
Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Seu criador foi Roquette Pinto. No ano seguinte,
foi inaugurada a Rádio Clube do Brasil, marcando o início da expansão. As expe-
riências se sucederam e, em 1926, foi inaugurada a Rádio Mayrink Veiga, seguida
da Rádio Educadora, além de outras da Bahia, do Pará e de Pernambuco.
A Rádio Nacional, inaugurada em 1936, marcou a radiofonia no Brasil. As
marchinhas de carnaval, grande sucesso de público, eram lançadas pelas “Can-
toras do Rádio”, verdadeiras musas do mundo musical brasileiro nos anos de
1940 a 1960. As eleições para “Rainha do Rádio” eram disputadíssimas e tinham
total envolvimento do público. De norte a sul do Brasil, as rádios começaram a
influenciar o modo de vida das pessoas, lançando ao estrelato grandes nomes
da música, como Francisco Alves, Vicente Celestino, Dalva de Oliveira, Emili-
nha Borba, Marlene, Silvio Caldas, Dóris Monteiro, Carmem Miranda, Dorival
Caymmi, Orlando Silva, Moreira da Silva, Cauby Peixoto e muitos outros.

Bossa nova
O estilo macio de cantar de Mário Reis, o samba cantado nos apartamentos e bares da zona sul
do Rio de Janeiro, com influência do jazz, deram origem, nos anos de 1950, à bossa nova, um
novo modo de cantar e tocar. Entre seus maiores expoentes encontram-se Tom Jobim, João Gil-
berto, Vinícius de Moraes, Roberto Menescal, Carlos Lira, João Donato, Luis Eça, Astrud Gilberto,
Elis Regina, Ronaldo Bôscoli, Nara Leão, o conjuto Os Cariocas e muitos outros artistas. A bossa
nova abriu caminhos para a nova música popular brasileira no exterior, chegando a influenciar
o próprio jazz, a exemplo do saxofonista americano Stan Getz.

Jazz – Gênero musical que deriva do blues, da tradição dos escravos norte-americanos, mesclado
a elementos da tradição musical europeia.

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Tom Jobim – Nascido em 1927 no Rio de Janeiro e falecido em 1994 em Nova


York, Estados Unidos, foi compositor, violonista, pianista e arranjador. Sua
experiência tocando em bares e boates no início da sua carreira proporcio-
nou o desenvolvimento de um estilo peculiar na elaboração harmônica e
melódica de suas composições. Foi um dos criadores da bossa nova, tendo
como um dos principais parceiros o letrista Vinícius de Moraes. Destacam-
-se entre suas obras, Chega de saudade, A felicidade, Samba de uma nota só
e Garota de Ipanema.
Tom Jobim

miboJ moT

A Música Popular Brasileira – MPB


Nos anos de 1960, a Música Popular Brasileira revelou grandes compositores e intérpretes por
meio de festivais de música. Os festivais inicialmente surgiram na extinta TV Excelsior paulista
e prosseguiram com a TV Record e os festivais internacionais da canção do Rio de Janeiro.
Um programa de TV criado em 1965 teve um papel fundamental na origem de outro movi-
mento musical, a Jovem Guarda, liderado por Roberto Carlos e Erasmo Carlos. O programa criou
muitos ídolos, como Celly e Tony Campello, Ronnie Von, Wanderléa, Martinha e Antônio Mar-
cos, entre outros. Os maiores sucessos foram É proibido fumar, O calhambeque e O negro gato.
Mas a música brasileira do século XX não parava de ganhar novas roupagens. Do Nordeste, pas-
sando pela Bahia, surgia a Tropicália, um vigoroso movimento musical. Em plena ditadura mili-
tar, artistas como Gilberto Gil e Caetano Veloso cantavam É proibido proibir. O movimento contava
com as vozes femininas de Gal Costa e Maria Bethânia. A nova música influenciava os costumes
dos jovens dos anos de 1960 e 1970. O tropicalismo conciliava o conhecimento da bossa nova com
o interesse pelo baião nordestino, pela música pop americana e outros fenômenos musicais univer-
sais. Incorporou a guitarra elétrica, abrindo caminho para invenções sonoras de conjuntos como
Os Mutantes (Rita Lee, Sérgio e Arnaldo Dias), a música e a poesia de Tom Zé e Capinam e os Novos
Baianos (Baby Consuelo, Moraes Moreira, Luis Galvão, Paulinho Boca de Cantor e Pepeu Gomes).
A MPB rompe definitivamente com barreiras de qualquer natureza com Raul Seixas, Jorge
Mautner, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Ivan Lins, Edu Lobo, Chico Buarque, Milton Nas-
cimento, Ney Matogrosso, Tim Maia, Jorge Ben Jor, Djavan, Arrigo Barnabé, Itamar Assunção
e muitos outros. Na esteira da vanguarda da MPB, incorporando linguagens como o rock, funk
e o rap, surgiram nomes como, Cazuza, Renato Russo, Herbert Vianna, Arnaldo Antunes, Cás-
sia Eller, Frejat, Lulu Santos, Carlinhos Brown, Marisa Monte, Toni Garrido, Nando Reis, Chico
Science, Zeca Baleiro, Lenine e outros.
O samba, a bossa nova, o choro e outros gêneros continuaram evidentes no cenário musical
brasileiro, estimulando gerações de novos compositores e intérpretes consolidando definitiva-
mente a música popular brasileira no panorama musical internacional.

Um pouco de história
Influências imigratórias no Sul do Brasil
A característica marcante da música da Região Sul do Brasil é a confluência dos
diversos gêneros musicais trazidos não apenas pelos portugueses, mas por imi-

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grantes italianos, alemães e espanhóis, entre outros, que vieram para a região
no final do século XIX, formando colônias agrícolas e se instalando em peque-
nas unidades familiares e policultoras.
Essas influências musicais convivem com a herança indígena, a africana dos
lundus do passado e dos batuques de origem jeje, presentes ainda hoje, e com
as referências musicais de países latinos vizinhos, contribuindo assim para a for-
mação de um estilo próprio que se distingue das demais regiões do país.
É grande a diversidade de danças na Região Sul. Além das danças de salão tra-
zidas por imigrantes, como a valsa, a rancheira e o schottische, registram-se cerca
de outras cem modalidades de danças, com caráter rural, nas quais se incluem o
anu, o balaio, a chimarrita, entre outras, chamadas genericamente fandangos.

Schottische – Dança escocesa que no Brasil (meados do séc. XIX) foi chamada
xotis para, depois, levada para o Nordeste, assumir personalidade própria como
xote, mas já assimilado pela cultura local.
Fandango – Palavra originária da dança espanhola do mesmo nome e que, na
Região Sul do Brasil, se refere genericamente a folguedo popular rural.

O fandango no Brasil
A palavra fandango designa os diversos tipos de músicas e danças que utilizam o sapateado e as
palmas como base de sua execução. A música e a dança se completam em uma coreografia divi-
dida em dois principais grupos de modalidades: o rufado ou batido, com batidas de pé, e o bai-
lado ou valsado, sem batidas de pé.
O acompanhamento tradicional do fandango em alguns estados do Sul, como no Paraná, é geral-
mente feito por um pequeno conjunto musical constituído por violas, rabeca (uma espécie de vio-
lino rudimentar) e adufo (pandeiro de formato quadrado, de origem mourisca). No Rio Grande do
Sul, é geralmente acompanhado pelo acordeão, chamado de gaita, além de violão e percussão.

Principais danças do fandango


Anu: Dança de pares soltos, mas não independentes, típica do Rio Grande do Sul. Constitui-se
de duas partes: uma cantada, com passos cerimoniosos, e outra movimentada e sapateada pelos
homens.

Balaio: Dança de pares soltos, mas não independentes, emprega sapateados e lembra as qua-
drilhas do Nordeste do país. O nome balaio vem do movimento das saias, que lembram cestos
quando as mulheres, chamadas prendas, dão voltas.

Chimarrita: Dança influenciada pela polca, originária dos Açores e da Ilha da Madeira. Inicial-
mente era dançada em pares enlaçados, como na valsa; atualmente, dança-se em pares soltos. É
conhecida também por limpa-banco, pois, segundo dizem, ninguém consegue ficar sentado ao
ouvir a música.

Pezinho: Dança popular de roda do litoral do Sul do país, é originária dos Açores e difere das
outras danças típicas da região pela singeleza e ingenuidade da sua coreografia e pela participa-
ção de todos no canto.

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Uma música bastante conhecida que lembra a Região Sul do Brasil é, sem dúvida, Prenda minha.
Essa música despertou interesse de compositores nacionalistas como Radamés Gnattali que, em
uma de suas obras orquestrais, expõe essa melodia popular em homenagem à sua terra natal.

Radamés Gnattali nasceu em Porto Alegre em 1906 e faleceu em 1988


no Rio de Janeiro. A obra intitulada Rapsódia brasileira marca o início
do sucesso de sua carreira. Com a criação da Rádio Nacional, em 1936,
Radamés criou uma sonoridade orquestral pessoal bastante brasileira,
com seus maravilhosos arranjos.
Radamés Gnattali

Arranjo – Reelaboração ou readaptação de uma música ou melodia,


tornando-a diferente da original. Radamés Gnattali

Prenda minha tornou-se conhecida no país a partir da década de 1930, e daí em diante teve diver-
sas interpretações, como a dos cantores e compositores gaúchos Kleiton e Kledir e, anteriormente,
a da paulista Inezita Barroso.

Vou-me embora, vou-me embora,


Prenda minha
Tenho muito que fazer
Tenho que ir para o rodeio
Prenda minha
No campo do bem querer.

Prenda minha
Cancioneiro tradicional

Vou - meem- bo- ra vou meem- bo- ra pren-da mi- nha Te- nho mui - to que fa - zer

Apresentando novas figuras


Vamos agora apresentar outras figuras de sons e pausas ainda não estudadas, que estão muito
presentes no universo musical brasileiro.

Figuras de sons Figuras de pausas

Colcheia Pausa de colcheia

Semicolcheia Pausa de semicolcheia

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Veremos no quadro a seguir a relação de valor existente entre as figuras e pausas apresentadas
anteriormente e a semínima e sua pausa:

Figuras de sons Figuras de pausas

= + = +

= + = +

Sons Pausas correspondentes

Semibreve

Mínimas

Semínimas

Colcheias

Semicolcheias

Escrevendo uma música de ritmo típico brasileiro colchete barra


As figuras como a colcheia e a semicolcheia podem
ter suas hastes unidas por barras, sendo representa- =
das graficamente assim:
=

Entre as várias figuras utilizadas em ritmos da música brasileira, como o choro, o samba e for-
mas populares, encontramos a predominância de quatro semicolcheias.

Conheça, a seguir, um trecho da escrita musical de Flor amorosa, de Joaquim Antonio da Silva
Calado e Catulo da Paixão Cearense (letra):

Flor amorosa Joaquim Antonio da Silva


e Catulo da Paixão Cearense

2 #
4
Flor a- mo - ro - sa com - pas - si - va sen - si - ti - vaó vê!.. Por ___ que?

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Hora da revisão
• A música do século XX é diversificada e propõe novas técnicas sem consti-
tuir-se num movimento que tem características comuns, como aconteceu no
barroco, no classicismo e no romantismo.

• O choro surge no Rio de Janeiro, no final do século XIX, abrigando gêneros


musicais europeus nos ritmos brasileiros, utilizando-se basicamente de ins-
trumentos populares.

• A Semana de Arte Moderna na música mostrou obras nacionalistas, como as


composições de Villa-Lobos.

• A origem do samba remonta ao final do século XIX, e atribui-se a Donga e


Mauro de Almeida, já na primeira década do século XX, a autoria da primeira
partitura impressa e do primeiro samba gravado, o Pelo telefone.

• A era do rádio, que influenciou de norte a sul do país a vida das pessoas, abriu
portas para grandes cantores e intérpretes.

• A bossa nova marcou a nova música popular brasileira.

• A característica marcante da música da Região Sul do Brasil são os diversos


gêneros musicais trazidos pelos imigrantes portugueses, italianos, alemães e
espanhóis, associados aos gêneros locais já existentes.

• O fandango na Região Sul do país é um folguedo popular rural que se refere


a inúmeras danças.

• Na música brasileira encontramos frequentemente a figura de quatro semi-


colcheias unidas.

Atividades
Faça no seu caderno.
1. O que pretendia a música na Semana de Arte Moderna de 1922?

2. Quais eram as principais fontes inspiradoras para as obras do maestro Heitor Villa-
Lobos, integrante do movimento que gerou a Semana de Arte Moderna?

3. Que gênero musical tipicamente nacional surgiu em meados do século XIX


no Rio de Janeiro e se tornou conhecido com sucessos como Corta-jaca, de
Chiquinha Gonzaga; Apanhei-te cavaquinho, de Ernesto Nazareth; Carinhoso,
de Pixinguinha, entre outros?

4. Como designamos os diversos tipos de músicas e danças que utilizam o sapa-


teado e as palmas como base de sua execução na Região Sul do Brasil?

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Aula 10
A forma musical

Você vai estudar: a forma musical.

O que você vai rever:


• As propriedades do som.

• Os elementos da música.

• A escrita musical.

Falar em forma é falar sobre o formato


utilizado pelos compositores na orga-
nização e na estruturação de suas ideias
musicais, do início até o seu final. Ou
seja, é o projeto de uma composição.
O princípio organizador que inte-
gra os elementos da música, como o
ritmo, a melodia, a harmonia e as par-
tes que compõem a música, tem a ver
com a forma.
Essa organização tem como obje-
tivo tornar a música coerente, man-
tendo uma unidade no desenvolvi-
mento da ideia ou tema musical de
uma obra. Para que a composição seja
revestida de maior interesse, temas
podem reaparecer em diversos lugares
de maneira diferente, com outras roupa-
gens ou com caráter contrastante.
Embora as formas possam variar de uma cultura para outra, elas podem ser estruturadas de
maneira estritamente definida por padrões teóricos, de forma livre ou mista. De qualquer maneira,
o discurso musical geralmente obedece a uma ideia de princípio, meio – com eventos e ocorrên-
cias musicais – e fim.

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A estrutura formal mais comum é a forma binária. Na forma binária a música se divide em duas
seções, a que se pode atribuir as letras A e B, respectivamente:

A B

As formas maiores são aquelas mais complexas, como as


suítes – conjunto de músicas com caráter de dança – e as
sonatas, que no período barroco eram escritas geralmente
para um instrumento solista com acompanhamento de
um instrumento contínuo, como o cravo, ou um instru-
mento de voz grave, chamado baixo contínuo. Também
se escreviam sonatas para um instrumento solista desa-
companhado. A sinfonia, o concerto, o oratório e a ópera
integram as principais formas conhecidas.
A forma na música é o projeto geral, assim como a
planta de um apartamento e a disposição de seus diversos
cômodos: sala, quarto, cozinha e banheiro, por exemplo.
Entre os diversos elementos de uma composição, vamos falar
de dois deles: ideia musical e contraste. A ideia musical constitui-se
de fragmentos primários que compõem um motivo ou um tema a ser Cravo
desenvolvido na música. O contraste em música pode aparecer de diversas
maneiras no ritmo, na melodia, na harmonia, na dinâmica ou em todos esses elementos, que-
brando a monotonia da repetição, criando interesse pela obra e entretendo o ouvinte.
Desenho melódico é o movimento que as notas musicais fazem subindo e descendo, repre-
sentado no exemplo a seguir por uma linha vermelha:

Sambalelê
A Cancioneiro tradicional

2
4
Sam-ba-lelê tá do - en - te tá coa ca-be-ça que - bra -da Sam-ba le-lê pre-ci - sa - va deu-mas de-zoi-to lam - ba -das

B
9

Samba Samba Sam-baOh lê lê na bar-ra da sai-aOh lê lê Samba Samba Sam-baOh lê lê na bar-ra da sai-aOh lê lê

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Podemos dizer que a música Sambalelê estrutura-se em forma binária AABB, repetindo cada parte,
como geralmente acontece.
A
Sambalelê está doente
Está com a cabeça quebrada
A
Sambalelê precisava
De umas dezoito lambadas
B
Samba, samba, samba, oh lêlê
Na barra da saia oh lê lê
B
Samba, samba, samba oh lêlê
Na barra da saia oh lê lê

O som e o silêncio
O som percebido pelos nossos ouvidos é o resultado de uma vibração ou movimento de corpos
ou objetos em algum meio elástico, como o ar, madeira ou mesmo a água.
Quando um corpo ou objeto está em movimento, ele impulsiona o ar, formando ondas que
se propagam de uma maneira parecida com as ondas que se formam quando jogamos uma pedra
na água de um lago.
Como já estudamos, a propagação das ondas sonoras pode ocorrer através de vários materiais
elásticos, como o ar, a água, a madeira, etc.
Quando tocamos a corda de um violão, ela se movimenta, movimentando também o ar, pro-
duzindo ondas que se propagam em várias direções até chegar aos nossos ouvidos. Esse efeito é
percebido pelo cérebro como som.
Cada som é constituído por vibrações que têm identidade própria; essas características das
vibrações de um som são determinantes, entre outras coisas, do timbre. O timbre nos ajuda a
identificar a origem do som, ou seja, mais precisamente, a fonte sonora.
A fonte sonora é o agente que produz o som, seja ele uma pessoa, a natureza ou um objeto,
como um instrumento musical. Segundo esse princípio, podemos classificar os sons da seguinte
maneira:

• Sons humanos – São produzidos diretamente pelo corpo humano, como a voz, palmas, espirros, etc.
• Sons naturais – Não têm interferência humana, como ventania, trovão, chuva, etc.
• Sons artificiais ou mecânicos – Têm interferência humana, como o barulho de um carro, o
som de um violão ou a batida de uma porta, etc.

O silêncio
Falar em som é falar também em silêncio, isso porque o silêncio existe na ausência do som.
Enquanto o som é a presença de vibrações, o silêncio é a ausência de vibrações perceptíveis.
Como já citado, não existe silêncio total no ambiente em que habitamos. Os sons naturais
produzidos pelo nosso corpo, como a respiração ou o pulsar do nosso fluxo sanguíneo, nos fazem
perceber sons o tempo todo. O silêncio, na realidade, existe quando não podemos perceber os
sons. Muitas vezes, a falta de concentração ou de prática de escuta é responsável por dificulda-
des em ouvir.
O silêncio, ou a pausa, é fundamental na música e se alterna com os sons, conferindo-lhes
expressão e equilíbrio.

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Propriedades do som
O som, na realidade, é constituído por um conjunto muito complexo de vibrações cuja percep-
ção apresenta várias propriedades, como a duração, a altura, a intensidade e o timbre. Vamos
rever essas características:

Duração
Todo som tem começo e fim; portanto, tem duração. Duração é o período variável de tempo
em que os sons ou pausas acontecem. Podemos citar como exemplos dessas durações variáveis
o som longo de uma sirene ou de um apito de trem, o som curto de um bip ou de um apito de
juiz de futebol.

Altura
A altura de um som é definida pela sua frequência, ou seja, o número de vibrações por segundo de
suas ondas sonoras. Essa frequência determina a característica dos sons, tanto dos graves (menor
velocidade e maior amplitude de vibração) quanto dos agudos (maior velocidade e menor ampli-
tude de vibração).
Podemos dizer que sons graves são o trovão, o mugido de um boi ou o som da corda grave
de um violão. Como exemplo de som agudo, o canto de um passarinho ou uma nota aguda de
um violino.
Altura não deve ser confundida com intensidade ou volume do som. A altura se relaciona com
as características dos sons, dos mais graves aos mais agudos, enquanto a intensidade se refere aos
sons, dos mais fortes aos mais fracos.

Intensidade ou volume
A intensidade se refere ao maior ou menor volume do som, podendo ir do mais fraco ao mais
forte.
Os sons podem ser modificados pela dinâmica, que é a organização da intensidade dos sons.
Se a altura de um som pode ir da mais grave à mais aguda, a sua intensidade também pode ser
modificada, com todas as nuances intermediárias, no decorrer de sua duração.
Dessa forma, um som pode iniciar na intensidade mais fraca e, gradativamente, atingir a mais
forte, ou vice-versa. A dinâmica também se aplica a uma sequência de notas ou frases, indo igual-
mente da intensidade mais fraca à mais forte, ou crescendo e diminuindo, e vice-versa.
Na notação musical existem várias formas de se representar a dinâmica. A mais comum delas
são os colchetes, como os dispostos abaixo do pentagrama a seguir (o primeiro colchete indica
um crescendo, ou seja, uma progressão de fraco para forte, enquanto o segundo indica o contrá-
rio, ou seja, um diminuendo, do mais forte para o mais fraco). Veja:

Asa Branca
Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira

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M Ú SI CA | 81

O timbre
Já estudamos que o timbre é uma das qualidades do som. Ele pode nos ajudar a identificar a ori-
gem do som, ou seja, a fonte sonora. É por meio do timbre que identificamos em uma música a
voz de determinado cantor e distinguimos os instrumentos que o acompanham.
Vamos rever o quadro com as principais propriedades do som:

QUADRO DAS PROPRIEDADES DO SOM

Propriedade Som Silêncio


duração longo ou curto longo ou curto
altura grave ou agudo –
intensidade forte ou fraco –
timbre fonte sonora –

Elementos básicos da música


Os elementos básicos da música são: ritmo, melodia e harmonia.

Ritmo
É a maneira como sons e pausas ocorrem em um determinado espaço de tempo. Essas ocorrências
podem repetir-se em padrões de tal maneira que podemos identificar e distinguir uma música de
outra, ou um gênero de outro, como um frevo de um samba. A pulsação é como se fosse a velo-
cidade com que o ritmo trafega na estrada da música. O ritmo move e anima a melodia.

Melodia
É uma sucessão de notas musicais organizadas para formar um sentido musical para quem escuta.
Quando cantamos uma música estamos cantando sua melodia. Em muitas culturas, as melodias
simples têm como base as sete notas musicais da chamada escala maior que conhecemos: dó, ré,
mi, fá, sol, lá, si. Nesse caso, podemos dizer que as notas de determinada melodia foram extra-
ídas dessa escala heptatônica, ou seja, de sete notas.
Uma melodia pode ser tocada ou cantada e, quando cantada, poderá ter um texto, a que cha-
mamos letra. Nesse caso, o texto deverá manter uma parceria com as notas da melodia, formando
assim um sentido lógico e coerente entre as duas linguagens: a melódica e a textual.

Harmonia
É o sistema de organização e combinação de acordes que guardam entre si, assim como na melo-
dia, um sentido musical em função dela.

Acorde – É a combinação simultânea de sons diferentes.

Os acordes se combinam com a melodia, servindo-lhe de acompanhamento. A isso denomi-


namos homofonia. Por sua vez, denominamos polifonia quando a harmonia se faz por combi-
nações simultâneas de melodias, e monofonia, música constituída de apenas uma melodia.
A essas possibilidades de organização harmônica denominamos textura. Podemos extrair as
notas de uma mesma escala para compor os acordes ou para formar uma melodia, e isso se tra-
duz em uma unidade harmônica simples.

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Textura – Termo que se relaciona com a qualidade visual e tátil de materiais; aplicado por ana-
logia à música, serve para identificar a estrutura monofônica, polifônica ou homofônica de uma
composição.

ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA

ritmo ocorrências de sons e pausas em um determinado tempo


melodia sucessão de notas musicais
harmonia sons simultâneos

A escrita musical
O aprendizado musical, na maioria das vezes, ocorre de uma maneira informal. Em muitas socie-
dades, a música se faz presente em quase todos os momentos, nas cantigas de ninar, nas festas e
em rituais religiosos. Essa transmissão de conhecimentos ocorre quase sempre de uma maneira
natural, como podemos observar nas músicas de raízes populares. Por outro lado, um número
monumental de composições sobreviveu até os dias de hoje graças à escrita musical, representa-
ção gráfica que passou por um processo de transformação que levou muitos séculos.
A música ocidental segue os padrões musicais tradicionais, sendo o mais comum composto
pelas sete notas da chamada escala maior, conhecidas por dó, ré, mi, fá, sol, lá e si, de onde
também derivam diversas outras escalas e modos.
Entre o final do século X e início do século XI, o monge beneditino Guido D’Arezzo criou os
seis primeiros nomes das notas musicais, como os conhecemos hoje, a partir das primeiras síla-
bas de cada verso de um hino a São João Batista, em uma sequência que vai do grave ao agudo.
Podemos tomar a nota dó como sendo mais grave do que a ré e esta, mais grave do que a mi, e
assim por diante.

Vamos rever este quadro:


si si
sobe desce
lá ALTO lá
agudo
sol sol
fá fá
mi mi
ré ré
dó BAIXO dó
grave

As notas musicais de uma escala, como já sabemos, obedecem a uma sequência que vai do grave
para o agudo, no sentido ascendente, e do agudo para o grave, no sentido descendente.
Uma melodia é constituída de notas de alturas diferentes, repetidas ou não. Na Antigui-
dade, os músicos escreviam as notas musicais de maneira menos precisa com relação à altura
e à duração.

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Para que ficasse mais claro o entendimento da escrita musical no que se refere às alturas (graves
e agudos), houve necessidade de se disporem as notas sobre linhas e sobre os espaços que exis-
tem entre elas.
Com o tempo, passou-se a utilizar um diagrama de cinco linhas e quatro espaços, chamado
pentagrama ou pauta musical. Vamos rever o quadro:

Quinta linha
Quarto espaço
Quarta linha
Terceiro espaço
Terceira linha
Segundo espaço
Segunda linha
Primeiro espaço
Primeira linha

Finalmente, foi necessário criar símbolos que estabeleces-


sem referências para a determinação da altura dos sons
na pauta. A esses símbolos chamamos claves. Em nos-
sas aulas utilizamos a clave de sol, que é também a mais
comum:

A posição da clave de sol sobre as linhas define a disposição das notas musicais no pentagrama,
conforme se pode ver abaixo:
Linha suplementar superior

dó ré mi fá sol lá si dó ré mi fá sol lá

Linha suplementar inferior

Sons Pausas
As figuras rítmicas que utilizamos
para escrever as notas musicais cha-
A
mam-se semibreve ( ), mínima ( ), ] semibreve = + = +
[
semínima ( ), colcheia ( ), semicol- S
D
cheia ( ), etc. Elas mantêm entre si
mínima
= + = +
uma relação matemática de duração.
A semibreve tem o dobro da duração
da mínima e esta, o dobro da duração = + = +
semínima
da semínima, que, por sua vez, tem
o dobro da duração de uma colcheia
e assim por diante, conforme o qua- colcheia = + = +
dro a seguir:

semicolcheia

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84 | AULA 1 0

Hora da revisão
• A música utiliza diferentes formas em seu aspecto estrutural.

• Timbre, duração, altura e intensidade são propriedades (elementos) do som.

• Ritmo, melodia e harmonia são elementos básicos da música.

• É possível determinar na escrita a duração de sons e pausas, por intermédio


de um conjunto de elementos chamados figuras rítmicas.

Atividades
Faça no seu caderno.
1. O modelo de organização segundo o qual a música se estrutura chama-se:

2. As principais propriedades do som são:

3. Nomeie alguns elementos básicos da música:

4. Desenhe as figuras de som e pausa que correspondem às indicações abaixo:

Semibreve

Mínima

Semínima

Colcheia

Semicolcheia

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Soluções e
comentários

Aula 1 – A natureza do som


1. Pulsação.
2. A intensidade ou volume.
3. O timbre.
4. Pelos registros achados nas pinturas e esculturas da época e por objetos como restos de ossos perfurados e traba-
lhados como instrumentos de sopro.

Aula 2 – A escrita do ritmo


1. Ritmo.
2.

1 tempo

2 tempos

4 tempos

1 tempo

2 tempos

4 tempos

3. Boi-bumbá de Parintins.

Aula 3 – A melodia
1. Repente.
2. A música de uma só melodia sem acompanhamento.
3. Mi, lá, lá e mi.
4. Movimento Armorial.

Aula 4 – A escrita musical


1. Uma mínima.
2. Dois tempos.
3. Para definir a disposição das notas musicais no pentagrama.

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86 | SOLUÇÕES E COM ENTÁRIOS

4. Resposta correta

dó lá mi sol si dó ré fá ré

Aula 5 – O texto musical


1. As regiões vizinhas e outros países, como o Paraguai.
2. Três.
3. O tempo em que se falam as palavras do texto deve estar sincronizado com o tempo das notas da melodia.

Aula 6 – A escala musical

1. Resposta correta

dó ré mi fá sol lá si

1 2 3 4 5 6 7

2. Resposta correta

dó lá sol mi ré

1 2 3 4 5

3. Ela fala do amor, dos sentimentos, dos conflitos, das emoções humanas.
4. A influência da MPB na linguagem das violas, a adoção de instrumentos eletrônicos e a assimilação da country
music (gênero norte-americano).

Aula 7 – O acorde
1. A ópera.
2. É a combinação simultânea de duas ou mais notas musicais.
3. Beethoven.
4. Leveza, clareza.

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Aula 8 – A harmonia
1. Carlos Gomes.
2. Harmonia.
3. Três notas musicais.

4. Resposta correta

I IV III

Aula 9 – Figuras no ritmo brasileiro


1. Aderir ao manifesto de um movimento nacional que buscava revalorizar a brasilidade a partir das raízes popu-
lares, rompendo com os conceitos estabelecidos e trazendo à prática musical elementos inovadores da música
europeia.
2. Os temas populares.
3. O choro.
4. Fandango.

Aula 10 – A forma musical


1. Forma.
2. O timbre, a duração, a altura e a intensidade.
3. O ritmo e a melodia.
4. Solução pessoal.

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Anotações

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