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Formação e Gestão em Educação a Distância

Formação em Educação a Distância

Políticas Públicas, Estrutura e Legislação


no Ensino Superior Aplicadas ao EaD

Prof. Dra. Olívia de Quintana Figueiredo Pasqualeto


Prof. Me. Edna Barberato Genghini

1
PASQUALETO, Olívia de Quintana Figueiredo
GENGHINI, Edna Barberato

Políticas públicas, estrutura e legislação no ensino superior


aplicadas à EaD (livros-texto) / Olívia de Quintana Figueiredo
Pasqualeto; Edna Barberato Genghini. – São Paulo: Pós-
Graduação Lato Sensu UNIP, 2019.

112 p.: il.

1. Ensino superior. 2. EaD. 3. Legislação. 4. Políticas


públicas. I. Pasqualeto, Olívia de Quintana Figueiredo. Genghini,
Edna Barberato. II. Pós-graduação lato sensu UNIP. III. Título.
POLÍTICAS PÚBLICAS, ESTRUTURA E LEGISLAÇÃO NO ENSINO
SUPERIOR APLICADAS AO EAD

Professora-conteudista
OLÍVIA DE QUINTANA FIGUEIREDO PASQUALETO é mestra e doutoranda
em direito do trabalho e da seguridade social pela faculdade de direito da Universidade
de São Paulo. Especialista em docência no ensino superior pelo Centro Universitário
SENAC. Graduada em direito pela faculdade de direito de Ribeirão Preto
(Universidade de São Paulo). Bolsista de doutorado do programa The Ryoichi
Sasakawa Young Leaders Fellowship Fund (Sylff) em 2019. Foi bolsista de iniciação
científica e de treinamento técnico nível III com apoio da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Pesquisadora voluntária no núcleo de
pesquisa e extensão "O trabalho além do trabalho: dimensões da clandestinidade
jurídico-laboral", desenvolvido na faculdade de direito da Universidade de São Paulo.
Pesquisadora-colaboradora do Núcleo de Direito Global e Desenvolvimento da
Direito-SP (FGV). Associada ao Instituto Rede de Pesquisa Empírica em Direito
(REED). Advogada. Atualmente é professora da graduação e pós-graduação
(Educação a Distância/UNIP interativa) da Universidade Paulista.

Professora-colaboradora/coordenadora
Edna Barberato Genghini, Professora Universitária desde 2002. Atualmente
no exercício da função de Coordenadora para todo o Brasil de três cursos ao nível de
Pós-Graduação Lato Sensu em Psicopedagogia Institucional, Docência para o Ensino
Superior e em Formação em EaD, pela UNIP EaD, onde também atua como
Professora Adjunta, nas modalidades SEI e SEPI. É Diretora e Psicopedagoga da
Mentor Orientação Psicopedagógica desde 1991. Possui graduação em Economia
Doméstica – Faculdades Integradas Teresa D'Ávila de Santo André (1980), em
Pedagogia pela Universidade Guarulhos (1985), Pós-graduação em Psicopedagogia
pela Universidade São Judas (1987), Mestrado em Ciências Humanas pela
Universidade Guarulhos (2002) e pós-graduação Lato Sensu em Formação em
Educação a Distância pela UNIP – Universidade Paulista (2011). É autora e coautora
de livros Textos para os cursos de Pós-Graduação Lato Sensu em Psicopedagogia
Institucional, Docência para o Ensino Superior e Formação em Educação a Distância
da UNIP – EaD. Áreas de Interesse: Neurociências – Educação Inclusiva –
Psicopedagogia Clínica e Institucional – Formação e Gestão em Educação a Distância
– Formação de Docentes para o Ensino Superior.
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ....................................................................................................... 5
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6
UNIDADE I .................................................................................................................. 8
1. ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: ORIGENS E PANORAMA ATUAL............. 8
1.1 Origens históricas do ensino superior no Brasil ................................................ 8
1.2 Dados sobre a expansão do ensino superior no Brasil ................................... 16
1.3 O avanço do ensino a distância (EaD) no Brasil ............................................. 20
2. A ESTRUTURA DO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO ............................... 26
2.1 Organização do ensino superior no Brasil ...................................................... 26
2.2 Modalidades de ensino superior ..................................................................... 35
2.3 Princípios e propostas da educação superior ................................................. 37
3. REGULAMENTAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL ........................ 56
3.1 Noções jurídicas introdutórias ......................................................................... 56
3.2 Legislação do ensino superior no Brasil ......................................................... 59
3.3 Legislação do ensino superior no Brasil aplicada ao EaD .............................. 69
4. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ENSINO SUPERIOR.................................. 76
4.1 Estratégias e projetos para a expansão do ensino superior ........................... 81
4.2 Democratização do acesso ao ensino superior e inclusão social ................... 89
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 93
ANEXO 1 ................................................................................................................... 96
APRESENTAÇÃO

Olá, aluno(a)!
Seja bem-vindo(a)!

Neste livro-texto você encontrará o conteúdo pertinente à disciplina “Políticas


Públicas, Estrutura e Legislação do ensino superior aplicadas ao EaD”, que tem como
objetivo central o estudo dos aspectos jurídicos sobre o ensino superior a distância no
Brasil analisando sua estrutura, a legislação que o regulamenta e as políticas públicas
existentes em relação a esse tema.
Para que o nosso propósito seja atingido com êxito, será necessário
compreendemos as origens históricas, o panorama atual do ensino superior no Brasil,
sua organização e sua regulamentação.
Por fim, examinaremos as políticas públicas existentes para a expansão e
democratização do ensino superior no Brasil.
Ansioso(a) para começarmos?

Então, vamos nessa!


INTRODUÇÃO

O objetivo deste livro-texto do curso de pós-graduação em Formação e Gestão


em Educação a Distância da UNIP EaD é ajudá-lo(a) a compreender os aspectos
jurídicos sobre o ensino superior a distância no Brasil, desde algumas normas mais
gerais sobre o ensino superior até aquelas mais específicas sobre o ensino a
distância.
O material que você tem a sua disposição está sistematizado em quatro
unidades, complementares entre si. Cada uma delas foi pensada e organizada de
modo a examinar as peculiaridades do tema da forma mais didática possível e facilitar
o raciocínio lógico durante o aprofundamento de seus estudos.
Veja como estão organizadas:

Unidade I – Ensino superior no Brasil: origens e panorama atual: Origens


históricas do ensino superior no Brasil; Dados sobre a expansão do ensino superior
no Brasil; O avanço do ensino a distância (EaD) no Brasil.
Unidade II – Estrutura do ensino superior brasileiro: Organização do ensino
superior no Brasil; Modalidades de ensino superior; Princípios e propostas da
educação superior.
Unidade III – Regulamentação do ensino superior no Brasil: Noções jurídicas
introdutórias; Legislação do ensino superior no Brasil; Legislação do ensino superior
no Brasil aplicadas ao EaD.
Unidade IV – Políticas públicas para o ensino superior: Estratégias e projetos para
a expansão do ensino superior; Democratização do acesso ao ensino superior e
inclusão social.

Para estudar todos os pontos acima, os objetivos gerais da disciplina são:

• compreender as origens históricas e a evolução do ensino superior no


Brasil;
• compreender o panorama atual do ensino superior no Brasil;
• reconhecer como o ensino superior no Brasil é organizado;
• identificar as modalidades de ensino superior;
• conhecer a legislação sobre ensino superior no Brasil, inclusive as normas
que regulamentam o ensino superior a distância;
• assimilar quais são as exigências legais que permeiam o ensino superior
no Brasil;
• compreender as políticas públicas existentes para o ensino superior no
Brasil, especialmente o ensino superior a distância;
• analisar o processo de democratização do ensino superior no Brasil,

6
sobretudo a partir do avanço dos cursos de ensino a distância.

Veja, também, quais são os objetivos específicos:

• problematizar as origens do ensino superior no Brasil, considerando a


desigualdade social no país;
• questionar a forma de ingresso no ensino superior;
• analisar a estrutura do ensino superior no Brasil e propor melhorias para
sua organização;
• refletir criticamente sobre a normativa estudada;
• manejar e articular as diversas normas que regulamentam o ensino
superior presencial e aa distância;
• cumprir as exigências legais que permeiam o ensino superior no Brasil;
• identificar pontos falhos nas políticas públicas existentes para o ensino
superior, sobretudo aquelas aplicadas ao EaD;
• identificar e formular projetos de políticas públicas para o setor;
• pensar a democratização do ensino superior no Brasil a partir do EaD,
considerando a qualidade do ensino.

“Devore” seu livro-texto. Ele foi elaborado com carinho e dedicação para seu
aprendizado!

Bom trabalho!

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UNIDADE I

1. ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: ORIGENS E PANORAMA ATUAL

Conteúdos trabalhados na unidade: Ensino superior no Brasil: origens e


panorama atual: Origens históricas do ensino superior no Brasil; Dados sobre a
expansão do ensino superior no Brasil; O avanço do ensino a distância (EaD) no
Brasil.

O objetivo central desta unidade é estudar as origens do ensino superior no


Brasil e analisar o panorama atual, compreendendo seu processo histórico de
evolução até os dias atuais.
Para tanto, vamos iniciar nossa disciplina com a análise das origens do ensino
superior no Brasil e, posteriormente, passaremos para o exame dos dados sobre a
expansão do ensino superior no Brasil, com destaque para o avanço do ensino a
distância.

1.1 Origens históricas do ensino superior no Brasil

Vamos iniciar esta unidade com o estudo de alguns aspectos da cronologia da


educação superior brasileira. Olhar para a história irá nos ajudar a compreender como
se organizou o ensino superior atual. Observe que o nosso objetivo neste item é
abordar certos marcos históricos relevantes para compreender o ensino superior no
Brasil atual. Assim, não pretendemos construir uma linha do tempo que abarque todo
histórico da educação, mas apontar antecedentes importantes da estruturação do
ensino superior no país.
Ao olharmos para a nossa história, é possível afirmar que o ensino
institucionalizado teve início ainda no Brasil-colônia com os jesuítas e a Companhia
de Jesus. Observamos que se tratava de um ensino com forte caráter religioso e não
destinado a todos. Como salienta Ribeiro,

O principal objetivo da Companhia de Jesus era o de recrutar fiéis e


servidores. A catequese assegurou a conversão da população indígena à fé
católica e sua passividade aos senhores brancos. A educação elementar foi
inicialmente formada para os curumins; mais tarde estendeu-se aos filhos
dos colonos. Havia também os núcleos missionários no interior das nações
indígenas. A educação média era totalmente voltada para os homens da
classe dominante, exceto as mulheres e os filhos primogênitos, já que estes
últimos cuidariam dos negócios do pai. A educação superior na colônia era
exclusivamente para os filhos dos aristocratas que quisessem ingressar na
classe sacerdotal; os demais estudariam na Europa, na Universidade de
Coimbra. Estes seriam os futuros letrados, os que voltariam ao Brasil para
administrá-lo. (RIBEIRO, 1993)

8
Assim, a educação não era um direito de todos. Pelo contrário. Havia o ensino
com vistas à catequização religiosa e esse sim era direcionado às camadas pobres,
sobretudo aos indígenas; e havia a educação quase exclusiva dos ricos e que, muitas
vezes, se daria fora do país.

Diferentemente do Brasil-colônia, hoje a educação é um direito de todos.


Atualmente, a educação é considerada um direito humano, previsto na Declaração
Universal dos Direitos Humanos (DUDH) de 1948, e um direito fundamental, previsto na
Constituição Federal de 1988. Assim, pela lei, todos devem ter acesso à educação.

Embora a Companhia de Jesus tenha iniciado seus trabalhos educacionais logo


nos primórdios do Brasil-colônia, a educação superior seria criada oficialmente no
Brasil muitos anos depois. Assim, a história do ensino superior no Brasil é
relativamente recente, já que

o ensino superior brasileiro constituiu um acontecimento tardio quando


comparado com os do contexto europeu e latino-americano. As primeiras
universidades na América Latina foram criadas nos séculos XVI e XVII,
quando já existiam várias universidades na Europa. Ao contrário da
colonização espanhola, na América Latina os portugueses mostravam-se
hostis à criação de escolas superiores e de universidades em sua colônia
brasileira. (NEVES; MARTINS, 2016, p. 96)

Até então, como visto na passagem de Ribeiro, para graduarem-se, os


integrantes da elite colonial portuguesa tinham que se deslocar até a metrópole, ou
seja, tinham que sair do Brasil e ir estudar na Europa, mais especificamente em
Portugal, na Universidade de Coimbra.

Essa universidade, confiada à Ordem Jesuítica no século XVI, tinha, como


uma de suas missões, a unificação cultural do império português. Dentro do
espírito da contrarreforma, ela acolhia os filhos da elite portuguesa que
nasciam nas colônias, visando a desenvolver uma homogeneidade cultural
avessa a questionamentos à fé́ Católica e à superioridade da Metrópole em
relação à Colônia. A Universidade de Coimbra, no dizer de Anísio Teixeira,
foi a “primeira universidade”: nela se graduaram em teologia, direito canônico,
direito civil, medicina e filosofia, durante os primeiros três séculos de nossa
história, mais de 2.500 jovens nascidos no Brasil. (SOARES, 2002, p. 22-23)

Assim, as primeiras pessoas que possuíam o título de graduação no Brasil


frequentaram o ensino superior fora de nosso país, o que só vem a mudar a partir de
1808, com a transferência da corte portuguesa para a colônia.

9
Quando chegou ao Brasil, a família real percebeu que precisaria de
profissionais prontos para atendê-la, e, naquele momento, ir estudar em Lisboa, que
estava tomada por Napoleão, era impossível. Soma-se a essa necessidade a
solicitação de muitos comerciantes para ser criada uma universidade no Brasil, com a
qual dispunham-se a colaborar com um significativo aporte financeiro (Soares, 2002,
p. 25).
Dessa forma, criaram-se alguns cursos e instituições – que ainda não eram
universidades – que atenderiam algumas dessas demandas. Em Salvador, foi criado
o curso de “cirurgia, anatomia e obstetrícia”. Posteriormente,

com a transferência da Corte para o Rio de Janeiro, foram criadas, nessa


cidade, uma Escola de Cirurgia, além de Academias Militares e a Escola de
Belas Artes, bem como o Museu Nacional, a Biblioteca Nacional e o Jardim
Botânico” (SOARES, 2002, p. 25)

Com a proclamação da Independência, em 7 de setembro de 1822, houve


grande agitação política e intensas negociações sobre a formação da nação brasileira.
Dentre os pontos discutidos estava a necessidade de investir na educação de uma
elite intelectual brasileira.

Era preciso investir na formação de uma elite intelectual capaz de gerir a


pátria recém-emancipada, instituindo-lhe uma identidade própria, em
oposição à portuguesa. Mais do que novas leis, o país precisava de uma
consciência jurídica, que deveria emanar de cursos estabelecidos em
território nacional. Foram esses e outros argumentos que deram o tom das
discussões políticas que culminaram na criação das primeiras faculdades de
direito do Brasil, em São Paulo e Recife, em agosto de 1827. As articulações
políticas que contribuíram para a criação dessas instituições tiveram início
durante os debates travados na primeira Assembleia Nacional Constituinte
do Brasil. Convocada em maio de 1823, a Assembleia representou um passo
fundamental no processo de consolidação da independência política e
econômica do país. Cabia aos deputados a tarefa de estruturar as bases
políticas e institucionais do Brasil e, assim, inaugurar juridicamente o regime
constitucional.
A proposta de criação de um curso de direito foi apresentada na sessão de
14 de junho de 1823 pelo advogado José Feliciano Fernandes Pinheiro, o
visconde de São Leopoldo (1774-1847). Tratava-se de um pedido de
brasileiros matriculados na Universidade de Coimbra, em Portugal, onde
estudava a maioria dos que pretendiam seguir nas profissões jurídicas,
inclusive os próprios parlamentares. (ANDRADE, 2017).

A proposta foi discutida, recebeu muitas emendas e, finalmente, em 1827,


decidiu-se pela criação dos cursos de direito em São Paulo e Olinda visando à
integração de diferentes regiões do país. Assim, em 11 de agosto de 1827, a partir de
um decreto imperial, foram oficialmente criados os cursos de ciências jurídicas em
São Paulo, instalados em um convento franciscano no centro da cidade de São Paulo,
na região do Largo São Francisco, e em Olinda, em um salão no mosteiro de São
Bento, posteriormente, transferido para Recife (1854).

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Imagem 1 – Reprodução do decreto imperial de 11 de agosto de 1827, pintado na Sala da
Congregação da faculdade de direito da Universidade de São Paulo, no Largo São Francisco,
que criou os primeiros cursos jurídicos no país

Fonte: Fotografia tirada pela autora.

Para conhecer um pouco mais sobre a história dos cursos jurídicos no país, leia o
artigo abaixo, publicado na Revista FAPESP:
ANDRADE, Rodrigo de Oliveira. Para formar homens de leis. In: Revista FAPESP,
ed. 260, out, 2017, São Paulo. Disponível em:
<http://revistapesquisa.fapesp.br/2017/10/25/para-formar-homens-de-leis/>. Acesso em: 10
fev. 2019.

11
Vale mencionar que as duas faculdades, além de serem os únicos centros de
formação jurídica brasileiros até então, tiveram papel importante na formação
intelectual do país, com influência na política, na literatura, na luta por direitos etc.
“Tratava-se de um sistema voltado para o ensino, que assegurava um diploma
profissional, o qual dava direito a ocupar posições privilegiadas no restrito mercado
de trabalho existente e a assegurar prestígio social” (SAMPAIO, 1991, p. 3).

Com a abolição da escravidão (1888), a queda do Império e a proclamação


da República (1889), o Brasil entra em um período de grandes mudanças
sociais, que a educação acabou por acompanhar. A Constituição da
República descentraliza o ensino superior, que era privativo do poder central,
aos governos estaduais, e permite a criação de instituições privadas, o que
teve como efeito imediato a ampliação e a diversificação do sistema, Entre
1889 e 1918, 56 novas escolas de ensino superior, na sua maioria privadas,
são criadas no país. (SAMPAIO, 1991, p. 7)

Apesar da expansão das escolas superiores, por mais de um século a formação


superior no Brasil se deu nesses moldes, ficando a cargo desses cursos superiores
que formavam profissionais liberais, a exemplo do direito e da medicina.
A formação das universidades propriamente ditas deu-se posteriormente.
Segundo Sampaio, a primeira iniciativa universitária do país ocorreu no Paraná, em
1912, mas não passou de um projeto de reunião das escolas superiores já existentes.
A criação das universidades conforme conhecemos hoje se deu, verdadeiramente, na
década de 30.
Em 1931 foi aprovado o Estatuto das Universidades Brasileiras, em vigor até
1961, segundo o qual a universidade poderia ser pública (federal, estadual ou
municipal) ou particular, devendo possuir pelo menos três dos seguintes cursos:
direito, medicina, engenharia, educação, ciências e letras. Nesta década, foram
gestadas a Universidade de São Paulo, a Universidade do Brasil (no Rio de Janeiro)
e o projeto (frustrado) da Universidade do Distrito Federal (também no Rio de Janeiro).

A história da Universidade do Distrito Federal dramatiza o conflito que houve


nos anos 30 entre os grupos laicos e politicamente liberais, à esquerda do
espectro político, e o conservadorismo católico de direita. Francisco Campos,
que em 1937 redigiria a Constituição autoritária do Estado Novo brasileiro, foi
o artífice da aproximação política entre Getúlio Vargas e a Igreja Católica
através de um pacto que daria à Igreja o controle do sistema educacional, e
ao Estado o apoio da Igreja. A universidade a ser estabelecida pelo governo
central no Rio de Janeiro, a Universidade do Brasil, deveria ser uma
universidade sob controle supervisão estrita da Igreja, enquanto a
Universidade do Distrito Federal, sob a proteção do governo local, pretendia
ser um centro de pensamento libertário e leigo. A ambiguidade que
porventura existisse no governo Vargas entre suas facções à esquerda e à
direita desapareceram em 1935, na repressão a uma insurreição comunista
em alguns quartéis, e pouco depois a Universidade do Distrito Federal foi
fechada.
A Universidade de São Paulo tem uma história diferente, faz parte da
resistência da elite paulista ao governo central no Rio de Janeiro que teve
seu ponto culminante com a Revolução Constitucionalista de 1932. Em 1934
há uma reconciliação entre as elites paulistas e o governo federal, e é neste
ano que a Universidade de São Paulo é criada, dentro das normas gerais da
legislação de Francisco Campos, com uma faculdade de filosofia, ciências e

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letras, mas com uma orientação própria e grande autonomia. A Universidade
do Brasil terminou por não cumprir o destino de universidade clerical ao qual
estava destinada, mas sua faculdade de filosofia jamais chegou a
desenvolver o ambiente de efervescência intelectual e de pesquisa científica
que foram a marca da faculdade paulista. (Sampaio, 1991, p. 10)

Dessa forma, sobretudo por não estar sob o comando do governo federal e pela
sua marcada autonomia, a Universidade de São Paulo, criada em 1934, representou
“um divisor de águas na história do sistema brasileiro de educação superior” (Soares,
2002, p. 30), trazendo, para seu corpo docente, professores pesquisadores
estrangeiros, sobretudo da Europa.
Inicia-se, assim, uma superação do modelo tradicional de ensino superior
existente até então no Brasil, incluindo (para além do ensino) a pesquisa científica
como atividade central nas universidades.

Nos cerca de vinte anos que se seguiram à implantação das primeiras


universidades, o ensino superior não experimenta nenhum crescimento mais
significativo, sobretudo se compararmos o período com o que lhe seguiu.
Tampouco ocorreram reformas de grande magnitude em seu formato, se
pensarmos na instituição da organização universitária da década de 30. Mas
foi justamente nesse período que o sistema ganhou corpo com o
desenvolvimento da rede de universidades federais, com o estabelecimento
da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, a primeira de uma série
de universidades católicas e particulares que viriam se implantar, com um
amplo sistema estadual em São Paulo e com a criação de outras instituições
menores, estaduais e locais, em outras regiões. (SAMPAIO, 1991, p. 13)

No final da década de 1950, iniciou-se um movimento pela reforma


universitária. A crítica ao modelo vigente repousava em quatro pontos principais: o
sistema de cátedra (em que cada área do conhecimento era de responsabilidade de
um professor vitalício, que tinha exclusivo poder de decisão), percebido como
obstáculo para se seguir uma carreira universitária; a compartimentalização do saber
na universidade, que isolava docentes e discentes em seus respectivos cursos; a
escassa produção de pesquisa científica nas universidades; o elitismo que
permanecia nas universidades.
A reforma almejada veio anos depois, em 1968. Conforme salienta Sampaio
(1991, p. 15), as novidades basearam-se nos seguintes pontos: abolição da cátedra e
instituição dos departamentos como unidades mínimas de ensino e pesquisa;
organização do currículo em formação básica e profissionalizante; instituição dos
cursos de pós-graduação; criação de colegiados dos cursos, responsáveis por uma
gestão mais coletiva e democrática.
Esse novo modelo foi implantado a partir de 1969, já sob a égide da ditadura
militar no Brasil, “sob um regime político extremamente autoritário, que mantinha as
universidades sob intensa suspeita e vigilância policial” (SAMPAIO, 1991, p. 16).
Paradoxalmente, enquanto aumentava a repressão político-ideológica no país,
espraiavam também medidas para a democratização interna e a participação de
estudantes e docentes na gestão universitária.

13
Durante os sucessivos governos militares, deu-se início a um projeto
desenvolvimentista autoritário, com um processo amplo de
internacionalização da economia. Apesar da relativa expansão do sistema de
ensino superior público, ele se mostrava incapaz de aumentar suas
matrículas, fenômeno este que mobilizou intensamente as organizações
estudantis, visando à sua ampliação. O aumento da demanda por ensino
superior, neste período, foi provocado pelos setores médios urbanos, que
passaram a disputar a promoção nas burocracias públicas e privadas por
meio do investimento maciço na escolarização e na obtenção de um diploma
de ensino superior (NEVES; MARTINS, 2016, p. 97).

A demanda pelo ensino superior foi atendida não apenas pelas instituições
públicas, mas também por instituições privadas, que ganhavam força e começavam a
se multiplicar pelo país.
Dessa forma, conforme salientam Neves e Martins (2016, p. 99), o Brasil
solidificou seu sistema de ensino superior contando com dois segmentos: um público
e um privado, abarcando atualmente um complexo sistema de instituições de ensino
superior (IES) públicas (instituições federais, estaduais e municipais) e privadas
(instituições confessionais, particulares, comunitárias e filantrópicas).
A estrutura do ensino superior foi institucionalizada na Constituição Federal de
1988, com destaque para a garantia constitucional do direito à educação. Ao longo
das discussões na Assembleia Nacional Constituinte, a garantia do direito à educação
foi muito festejada.

14
Imagem 2 – Capa do Jornal da Constituinte,
n.º 48, de 23 a 29 de maio de 1988, em que o direito à educação vira manchete

Fonte: Câmara, sd1.

Posteriormente, houve a regulamentação da educação por meio da Lei


Nacional de Diretrizes e Bases de 1996 (LDB). Ressalta-se que essas duas
normativas da educação brasileira, fundamentais para a compreensão da nossa

1
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/atividade-
legislativa/legislacao/Constituicoes_Brasileiras/constituicao-
cidada/publicacoes/Jornal%20da%20Constituinte/n-%2048%20-
%2023%20a%2029%20maio%201988.pdf. Acesso em: 11 fev. 2019.

15
estrutura de ensino superior, serão analisadas com mais atenção nas unidades
seguintes.
Neste período, próximo à entrada em vigor da Constituição Federal de 1988,
não podemos deixar de citar a criação da Universidade Paulista (UNIP), reconhecida
pela Portaria n.º 550/88, cujas atividades tiveram início em 9 de novembro de 1988.
Desde então, a UNIP tem expandido sua atuação no ensino superior, inclusive com a
oferta de cursos de graduação e pós-graduação na modalidade de ensino a distância.

1.2 Dados sobre a expansão do ensino superior no Brasil

Após termos conhecido um pouco da história da educação superior no Brasil,


passaremos a examinar dados sobre o ensino superior no Brasil e sua expansão.
Assim, este item apresentará o panorama da educação superior no Brasil.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP), é possível perceber o rápido crescimento do
ensino superior no Brasil, especialmente a partir do aumento do número de
instituições de ensino superior.

Os dados do INEP sobre as IES são disponibilizados desde o ano de 1996, ano de
entrada em vigor da LDB e que será o ponto de partida para a nossa análise (já que não há
dados anteriores).

De acordo com o INEP, havia, no Brasil, em 1996, um total de 922 instituições


de ensino superior distribuídas por tipo de instituição e localização geográfica,
conforme a tabela reproduzida no anexo 1.
ç
Atualmente, de acordo com o INEP em seu censo do ensino superior mais
recente (ano de 2017), há, no Brasil, 2.448 instituições de ensino superior distribuídas
por tipo de instituição e localização geográfica, conforme a tabela reproduzida no
anexo 2.
Assim, em cerca de 20 anos, o número de instituições de ensino superior no
país mais que dobrou (quase triplicou).
No gráfico a seguir, elaborado a partir dos dados extraídos do censo do ensino
superior feito pelo INEP, podemos visualizar essa expansão ao longo dos anos, isto
é, observamos o aumento do número de IES entre os anos de 1996 e 2017.

16
Gráfico 1 – Dados extraídos das sinopses estatísticas da educação superior produzidas pelo INEP

IES
3000

2500

2000

1500

1000

500

Inep, 2018.

De acordo com os dados mais recentes analisados, referentes ao ano de 2017,


podemos dizer que estamos em um momento em que o Brasil possui o maior número
de instituições de ensino superior da sua história, distribuídas da seguinte maneira
(INEP, 2018):

• 296 IES públicas e 2.152 IES privadas;


• Cerca de 88% das instituições de educação superior são privadas, o que fica
visualmente evidente no gráfico abaixo:

Gráfico 2 – Dados extraídos das sinopses estatísticas da educação superior produzidas pelo
Inep

IES
Públicas Privadas

12%

88%

Fonte: Inep, 2018.

17
Ainda de acordo com o INEP (2018):

• Em relação às IES públicas: 41,9% estaduais (124 IES); 36,8% federais


(109); e 21,3% municipais (63).
• A maioria das universidades é pública (53,3%).
• Entre as IES privadas, predominam as faculdades (87,3%).

Você sabia que universidade, centro universitário e faculdade não são sinônimos?
Embora no dia a dia, muitas vezes, utilizemos tais expressões como sinônimos, elas não são
iguais. Veremos a diferença entre cada uma delas com maior atenção na próxima unidade,
mas, desde já, pense a respeito a partir do seguinte esclarecimento retirado da página
eletrônica do Ministério da Educação (MEC):
De acordo com o Decreto n.º 5.773/06, as instituições de educação superior, de acordo com
sua organização e respectivas prerrogativas acadêmicas, são credenciadas como:
I - faculdades;
II - centros universitários; e
III - universidades

18
As instituições são credenciadas originalmente como faculdades. O credenciamento
como universidade ou centro universitário, com as consequentes prerrogativas de
autonomia, depende do credenciamento específico de instituição já credenciada, em
funcionamento regular e com padrão satisfatório de qualidade.

As universidades se caracterizam pela indissociabilidade das atividades de ensino,


pesquisa e extensão. São instituições pluridisciplinares de formação dos quadros
profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber
humano, que se caracterizam por:

I - produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático dos temas e


problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural quanto regional e
nacional;

II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou


doutorado; e

III - um terço do corpo docente em regime de tempo integral.

§ 1º A criação de universidades federais se dará por iniciativa do Poder Executivo,


mediante projeto de lei encaminhado ao Congresso Nacional.

§ 2º A criação de universidades privadas se dará por transformação de instituições de


ensino superior já existentes e que atendam ao disposto na legislação pertinente.

São centros universitários as instituições de ensino superior pluricurriculares, abrangendo


uma ou mais áreas do conhecimento, que se caracterizam pela excelência do ensino
oferecido, comprovada pela qualificação do seu corpo docente e pelas condições de
trabalho acadêmico oferecidas à comunidade escolar. Os centros universitários
credenciados têm autonomia para criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e
programas de educação superior.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Qual é a diferença entre faculdades, centros


universitários e universidades? Disponível em: http://portal.mec.gov.br/escola-de-
gestores-da-educacao-basica/127-perguntas-frequentes-911936531/educacao-superior-
399764090/116-qual-e-a-diferenca-entre-faculdades-centros-universitarios-e-
universidades. Acesso em: 11 fev. 2019.

Quanto ao número de alunos, também impressionam. De acordo com o censo


da educação superior de 2017 (INEP, 2018), somente na graduação há 8.286.663
estudantes matriculados. Segundo dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes), o Brasil tem 122.295 estudantes de pós-
graduação, dos quais 76.323 são de mestrado acadêmico, 4.008 de mestrado
profissional e 41.964 de doutorado. Comparativamente com o ano de 1996, a pós-
graduação stricto sensu cresceu no Brasil. Em 1996, havia 67.820 alunos de pós-
graduação no país, sendo 45.622 de mestrado e 22.198 de doutorado (MEC). Ainda
merecem ser citados os dados referentes à pós-graduação lato sensu: somente em
2017, cerca de 182.130 pessoas estavam matriculadas em cursos de especialização

19
lato sensu, conforme dados da Associação Brasileira de Educação a Distância
(ABED).
Em outras palavras, temos um grande contingente de estudantes no ensino
superior brasileiro. Até aqui pudemos observar um panorama acerca do ensino
superior no Brasil. Espero que tenha sido possível perceber que estamos estudando
um nível de ensino que abarca uma grande quantidade de instituições e de alunos.
De forma proposital, ainda não abordamos especificamente o ensino superior
a distância. Isto será feito no item seguinte, no qual estudaremos o avanço do EaD e
seu crescente papel no desenvolvimento do ensino superior brasileiro.

1.3 O avanço do ensino a distância (EaD) no Brasil

Como vimos, o ensino superior no Brasil cresceu muito nas últimas duas
décadas. Em parte, esse avanço se deve também ao aumento da oferta de cursos na
modalidade a distância. De acordo com o artigo 1.º do Decreto 5.622/2005, que
regulamenta tal modalidade de ensino, a educação a distância é a

[…] modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos


processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.
(BRASIL, 2005)

A prática do ensino a distância no Brasil não tem um marco histórico definido.


Há diferentes versões sobre o início dessa modalidade de ensino no país, sobretudo
em razão das diferentes fases pelas quais o EaD vivenciou, passando pela “fase da
correspondência, do rádio, da televisão, até chegar à atuação conjugada de vários
meios de comunicação, entre eles os favorecidos pelo uso da internet” (Faria;
Salvadori, 2010, p. 19).
Embora seja difícil traçar uma história completa e linear sobre o EaD no Brasil,
Jorge Fernando Hermida e Cláudia Ramos de Souza Bonfim (2006) apresentam uma
interessante retomada histórica sobre tema que vale a pena ser lida. Acompanhe tal
perspectiva histórica na transcrição abaixo:

No Brasil, o EAD surge em 1904, quando as escolas internacionais


(representação de uma organização norte-americana) lançaram alguns
cursos por correspondência, mas a partir dos anos 1930 é que se deu com
mais ênfase, com enfoque no ensino profissionalizante, funcionando como
alternativa especialmente na educação não formal. Passou então a ser
utilizada para tornar o conhecimento acessível às pessoas que residiam em
áreas isoladas ou não tinham condições de cursar o ensino regular no período
normal.
O EAD passou a ser conhecido no Brasil a partir de projetos de ensino
supletivo via televisão e fascículos. Porém, adquiriu popularmente o
significado de “educação pela televisão”, tal como, para a maioria das
pessoas, os telecursos eram (e são ainda): “cursos pela televisão”.
[...] no Brasil o EAD teve início com a implantação do Instituto Rádio Monitor,
em 1929, e com o Instituto Universal Brasileiro, em 1941. As experiências

20
brasileiras, governamentais ou não, têm sido caracterizadas pela
descontinuidade dos projetos e por certo receio em se adotar procedimentos
rigorosos e científicos de avaliação.
Nas últimas décadas, o EAD tomou um novo impulso com o uso das
tecnologias tradicionais de comunicação, como o rádio e a televisão,
associadas aos materiais impressos enviados pelo correio, o que favoreceu
a disseminação e a democratização do acesso à educação em diferentes
níveis, permitindo atender à grande massa de alunos.
Alguns programas de EAD marcaram sua história. Dentre estes pode-se
destacar, na década de 30 a 40: a fundação da Rádio Sociedade do Rio de
Janeiro Roquete-Pinto (1930); a Rádio-Escola Municipal Rio de Janeiro
(1934); o Instituto Rádio Técnico Monitor, em São Paulo, instituição privada
que oferecia cursos profissionalizantes (1939); a Universidade do Ar, da
Rádio Nacional voltada para o professor leigo / Instituto Universal Brasileiro
(1941).
Na década de 50 destacaram-se: em 1954, a Universidade do Ar, criada para
treinar comerciantes e empregados em técnicas comerciais no Serviço Social
do Comércio (SESC) e no serviço Nacional de Aprendizagem (SENAC); o
Sistema Rádio Educativo Nacional (SIRENA) passa a produzir programas
transmitidos por diversas emissoras (1957); a Arquidiocese de Natal no Rio
grande do Norte lançou um sistema de radiodifusão, cujo sucesso inspirou a
criação do Movimento Nacional de Educação Básica (MEB), em 1958.
Nos anos 60 foram destaque: o Movimento Nacional de Educação de Base,
concebido pela Igreja e patrocinado pelo Governo Federal (1961); a
solicitação do Ministério da Educação de reserva de canais VHF e UHF para
a TV Educativa; a criação da Fundação Centro Brasileiro de Televisão
Educativa na UFRJ/ Fundação Padre Landell de Moura – FEPLAM – RGS/
TV Universitária de Recife – Pernambuco (1967); a Fundação Maranhense
de Televisão Educativa (1969) e o Decreto n.º 65.239, de 1969, que criou o
Sistema Avançado de Tecnologias Educacionais – SATE, em âmbito federal.
Na década de 70, destacam-se: a Associação Brasileira de Teleducação
(ABT) ou Tecnologia Educacional/Projeto Minerva, em Cadeia Nacional; a
fundação Roberto Marinho inicia a educação supletiva à distância para
primeiro e segundo graus; o Programa Nacional de Teleducação (PRONTEL);
o Projeto Sistema avançado de Comunicações Interdisciplinares (SACI); a
Emissora de Televisão Educativa (TVE) do Ceará; o Projeto de Piloto de
Teledidática da TVE; Projeto Logos – MEC; Telecurso do 2.º grau; Fundação
Centro Brasileiro de Televisão Educativa/ MEC; Projeto Conquista;
Programas de alfabetização – (Movimento Brasileiro de Alfabetização,
MOBRAL).
Nos anos 80: a Universidade de Brasília cria os primeiros cursos de extensão
à distância; curso de pós-graduação tutorial à distância; TV Educativa do
Mato Grosso do Sul; Projeto Ipê; TV Cultura de São Paulo; Fundação
Nacional para Educação de Jovens e Adultos.
Na década de 90: Telecurso 2000 e Telecurso Profissionalizante – Fundação
Roberto Marinho e SENAI; TV Escola – Um Salto para o Futuro; Programa
Nacional de Informática na Educação (PROINFO); Canal Futura – canal do
conhecimento; Criação do Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa –
SINRED; Sistema Nacional de Educação à Distância SINEAD;
PROFORMAÇÃO – Programa de Formação de Professores em Exercício.
(HERMIDA; BONFIM, 2006, p. 173-174).

Ao trecho acima, merecem ser acrescidos alguns outros marcos importantes


sobre a história do EaD no Brasil. São eles: a criação, em 1996, da Secretaria de
Educação a Distância (SEED) pelo Ministério da Educação; a entrada em vigor da Lei

21
n.° 9.394 de 20 de dezembro de 1996, conhecida como de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional; a formação, em 2000, da Rede de Educação Superior a Distância
(UniRede), consórcio que reúne instituições públicas do Brasil comprometidas na
democratização do acesso à educação de qualidade por meio da educação a
distância; a criação da Universidade Aberta do Brasil em 2005.
A partir do trecho transcrito acima e dos marcos apresentados no parágrafo
anterior, podemos concluir que o ensino a distância no país tem uma história
relativamente recente se compararmos aos primórdios da educação presencial. Além
disso, embora tenha havido uma série de iniciativas promotoras do ensino a distância
ao longo do último século, a modalidade EaD não recebia o devido respaldo legal e
era vista com preconceito por muitos, que a enxergavam como uma modalidade de
ensino inferior.
Essa visão deturpada do EaD tem mudado com o avanço das novas
tecnologias da informação e comunicação (NTICs), sobretudo após a entrada em vigor
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e do Decreto n.º 5.622 de
19 de dezembro de 2005 (os quais serão objeto de nosso estudo nas unidades
seguintes).
O crescimento da educação a distância é realidade no Brasil (e no mundo). De
acordo com o censo da educação superior de 2017, feito pelo INEP (2018),

• Enquanto o ensino presencial teve queda nas matrículas, a educação a


distância apresentou o maior número de matriculados: as matrículas em EaD
cresceram 17,6% de 2016 para 2017.

• Os estudantes de educação a distância totalizaram 1,8 milhão em 2017


(mais de 20% do total de alunos em todo o ensino superior).

• O ensino superior tem cerca de 8,3 milhões de alunos em cursos de


graduação, sendo 6,5 milhões frequentadores de cursos presenciais e 1,8
milhões de alunos matriculados na modalidade de EaD.

Viu só? A educação a distância está em pleno movimento e expansão no Brasil.


Essa modalidade de ensino só tem a crescer e, certamente, será o futuro (ou boa
parte dele) da educação. Se você chegou até aqui, saiba que já está fazendo parte
dessa história!
Agora, convido-o(a) a realizar uma atividade sobre as temáticas que discutimos
nesta unidade.

22
Considerando os nossos estudos ao longo desta unidade, vimos que a
educação a distância tem avançado rapidamente no Brasil, sobretudo na última
década.
Você já pensou quais as razões para esse crescimento? A quais fatores você
atribuiria esse crescente sucesso da EaD?
Reflita sobre esses possíveis motivos e elabore um pequeno texto com suas
conclusões, relacionando-as com a charge abaixo:

Disponível em: http://www.ifpb.edu.br/ead/assuntos/charges. Acesso em: 11 fev. 2019.

Bom trabalho!

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Nesta unidade, estudamos os aspectos históricos da educação superior no
Brasil, analisando suas origens e seu processo de evolução ao longo dos anos.
Ficou claro, ao olhar para a história, que o início da educação superior brasileira
foi marcado pela presença quase exclusiva das elites nas IES. Com o tempo, o ensino
superior foi se abrindo (embora saibamos que, até os dias de hoje, nem todos
conseguem ter acesso à educação, especialmente a educação superior no nosso
país).
Além dos aspectos históricos, analisamos também o panorama da educação
superior no Brasil, examinando a seu rápido crescimento nas últimas décadas.
Por fim, passamos para a análise do avanço do EaD no Brasil, sendo esta a
modalidade de ensino que mais cresce no país.
Espero que você tenha aprendido bastante e esteja motivado(a) a ir adiante.

25
UNIDADE II

2. A ESTRUTURA DO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO

Conteúdos trabalhados na unidade: A estrutura do ensino superior


brasileiro: organização do ensino superior no Brasil; Modalidades de ensino
superior; Princípios e propostas da educação superior.

O objetivo central desta unidade é estudar a estrutura do ensino superior no


Brasil. Para tanto, nos apoiaremos na legislação que regulamenta esse nível de
ensino, com destaque para a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, mais
conhecida como LDB. Como veremos adiante, a LDB dispõe sobre as diretrizes que
orientam a educação brasileira e traça a organização do ensino superior no nosso
país.
Nesta unidade, analisaremos como é organizada a educação superior no Brasil,
suas modalidades de ensino superior, princípios e propostas.
Dessa forma, poderemos compreender a organização do sistema educacional
superior no Brasil, etapa essencial para nos aprofundarmos, nas próximas unidades,
no ensino superior a distância, sua regulamentação e fomento.

2.1 Organização do ensino superior no Brasil

A educação é um direito assegurado em diversos tratados internacionais e na


Constituição da República Federativa do Brasil (CF) de 1988, sendo considerada um
direito humano e fundamental.
O direito à educação está inicialmente previsto no artigo 6.º da Constituição
Federal de 1988, que dispõe:

São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a


moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção
à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição (grifo nosso).

Além de explicitar que a educação é um direito (artigo 6.º, CF), a partir do seu
artigo 205, a Constituição Federal especifica como tal direito será garantido, indicando
primeiramente que a educação é um direito de todos, dever do Estado e da família e
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (artigo 205, CF). Ressalta-se, portanto, que a educação
é um direito de todos e é de responsabilidade não só do Estado, mas da família
também, devendo ser incentivada por toda a sociedade.

26
A educação, no âmbito no ensino, seguirá os seguintes princípios,
estabelecidos no artigo 206 da CF:

O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;


II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte
e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e coexistência de
instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma
da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público
de provas e títulos, aos das redes públicas;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade;
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação
escolar pública, nos termos de lei federal.

O ensino, portanto, deve ser permeado pela não discriminação, princípio e


direito que será aprofundado no item seguinte; pela liberdade de aprender, ensinar
(chamada também de liberdade de cátedra), pesquisar e veicular as ideias; pelo
pluralismo de ideias e percepções, oferecendo ao aluno diferentes perspectivas sobre
aquilo que se ensina; pela gratuidade do ensino público; valorização dos profissionais
da educação; gestão democrática do ensino; pela busca frequente de um padrão de
qualidade; e por um piso salarial profissional, ou seja, um valor mínimo a ser pago
pelos profissionais da educação escolar pública.
Observe que esses princípios estão articulados entre si. Assim, não é possível
haver liberdade de ensinar e pesquisar se não houver respeito ao pluralismo de ideias.
Não há como valorizar o profissional da educação se não for garantido a ele um salário
minimamente suficiente para arcar com seu custo de vida.
A garantia constitucional de tal direito é acompanhada, no âmbito
infraconstitucional, por diversas leis, sendo a mais relevante delas a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDB).
A LDB é a lei mais importante do sistema educacional do nosso país,
apresentando as diretrizes gerais da educação brasileira, seja ela pública ou privada,
nos seus mais diversos níveis. Por isso, conhecer a LDB é um passo fundamental
para quem quer trabalhar com educação, inclusive educação superior a distância.
Vamos a ela?
A Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro 1996, conhecida Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDB) possui 92 artigos, organizados em 9 grandes seções
chamadas de títulos. Cada título aborda um tema específico, conforme sistematizado
abaixo:

• Título I: Da educação
• Título II: Dos princípios e fins da educação nacional
• Título III: Do direito à educação e do dever de educar
• Título IV: Da organização da educação nacional
• Título V: Dos níveis e das modalidades de educação e ensino

27
• Título VI: Dos profissionais da educação
• Título VII: Dos recursos financeiros
• Título VIII: Das disposições gerais
• Título IX: Das disposições transitórias

Para compreendermos toda a extensão da LDB e conseguirmos acompanhar esta


unidade da forma mais proveitosa possível, é imprescindível a leitura atenda de seu texto. Não
precisamos decorar todo o texto da lei, fique tranquilo(a). Mas, precisamos conhecer seus
princípios e disposições mais relevantes.

BRASIL. Lei n.º 9.394 sobre as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 18 fev. 2019.

Iniciaremos pela análise da LDB a partir de um olhar macroscópico,


identificando os principais pontos disciplinados pela lei. Ou seja, nosso objetivo neste
momento é compreender, em linhas gerais, o que diz a LDB e em qual parte da lei
podemos encontrar cada tema. Posteriormente, estudaremos a fundo pontos
específicos relacionados ao ensino superior (inclusive, na modalidade a distância).
Começaremos pelo “Título I”.
A LDB, logo em seu artigo 1.º, apresenta o conceito de educação, segundo o
qual

a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida


familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais (Brasil, 1996).

Assim, indica que educação possui um significado mais amplo, que vai além da
frequência às instituições de ensino, abrangendo os processos formativos que
ocorrem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de
ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil, nas
manifestações culturais.
Ainda, neste primeiro artigo, a LDB frisa que irá disciplinar tão somente a
educação escolar, “que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em
instituições próprias” e que deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
Em seu “Título II”, a LDB, em seu artigo 2.º, retoma o conteúdo do artigo 205
da Constituição Federal, dispondo que a educação é dever da família e do Estado,
devendo inspirar-se pelos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana e ter por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

28
Em seguida, a LDB apresenta os princípios norteadores da educação nacional
em seu artigo 3.º, transcrito a seguir:

O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:


I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber;
III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V – coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII – valorização do profissional da educação escolar;
VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da
legislação dos sistemas de ensino;
IX – garantia de padrão de qualidade;
X – valorização da experiência extraescolar;
XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas
sociais;
XII – consideração com a diversidade étnico-racial;
XIII – garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida.
(Brasil, 1996) (grifo nosso)

Dessa forma, a LDB está em plena harmonia com os princípios norteadores da


educação estabelecidos na Constituição Federal (artigo 206, CF/88).
Em seu “Título III”, a LDB trata do direito de todos à educação (artigo 5, LDB),
bem como do dever de educar, sendo esse dever do Estado e da família.
Inicialmente, no artigo 4.º, a LDB dispõe sobre o dever do Estado com
educação escolar pública, frisando que tal dever será efetivado mediante a garantia
de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete)


anos de idade, organizada da seguinte forma:
a) pré-escola;
b) ensino fundamental;
c) ensino médio;
II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade;
III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades,
preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os
que não os concluíram na idade própria;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação
artística, segundo a capacidade de cada um;

29
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com
características e modalidades adequadas às suas necessidades e
disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de
acesso e permanência na escola;
VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por
meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde;
IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e
quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.
X – vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino fundamental
mais próxima de sua residência a toda criança a partir do dia em que
completar 4 (quatro) anos de idade. (Brasil, 1996)

Ainda em relação a este título que estamos analisando, vale mencionar que,
em que pese seja dever do Estado garantir o direito à educação, (i) também é dever
dos pais ou responsáveis “efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir
dos 4 (quatro) anos de idade” (artigo 6.º, LDB) e (ii) o ensino é livre à iniciativa privada,
desde que atendidas as condições especificadas no artigo 7.º da LDB.
O “Título IV” disciplina a organização da educação nacional, estabelecendo que
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem organizar, em regime
de colaboração, os respectivos sistemas de ensino (artigo 8.º e seguintes, LDB),
atribuindo responsabilidades a cada um dos entes federativos (União, Estados,
Distrito Federal e Municípios).
Além desses, também possuem suas responsabilidades especificadas na LDB:
os estabelecimentos de ensino (artigo 12) e os docentes (artigo 13).
O “Título V” trata dos níveis e das modalidades de educação e ensino (artigo
21, LDB), abordando a educação básica (artigos 22 a 38 da LDB), a educação
profissional (artigos 39 a 42 da LDB), a educação superior (artigos 43 a 57 da LDB) e
a educação especial (artigos 58 a 60 da LDB).
O “Título VI” se refere aos profissionais da educação, apontando requisitos para
ingresso na carreira, regras para a formação de professores e estratégias para a
valorização dos docentes (artigos 61 a 67 da LDB).
O “Título VII” disciplina a alocação de recursos públicos destinados à educação,
dispondo sobre a fonte, repasse e aplicação de tais recursos, conforme artigos 68 a
77 da LDB.
O “Título VIII”, em seus artigos 78 a 86 da LDB, traz algumas disposições gerais
sobre a educação no Brasil, com destaque para o fomento à educação intercultural
dos povos indígenas (artigos 78 e 79, LDB), a inclusão do “Dia da Consciência Negra”
no calendário escolar (artigo 79-B, LDB), o fomento do ensino a distância (artigo 80,
LDB), a organização de cursos ou instituições de ensino experimentais (artigo 81,
LDB), a realização de estágios (artigo 82, LDB), o ensino militar (artigo 83, LDB), o
aproveitamento discente em tarefas de ensino e pesquisa na educação superior
(artigo 84, LDB), a obrigatoriedade do concurso público para docentes de instituições
públicas (artigo 85, LDB) e a integração das universidades no Sistema Nacional de
Ciência e Tecnologia (artigo 86, LDB).

30
Por fim, o “Título IX” estabelece algumas disposições transitórias para serem
efetivadas a partir da publicação da LDB, conforme disposto nos artigos 87 a 92 de tal
lei.
Chegamos ao fim desta análise mais estrutural da LDB. Espero que tenha
conseguido compreender quais são os principais pontos tratados por essa lei, tão
importante para o sistema educacional brasileiro.
A partir de agora, iremos analisar com mais atenção os artigos 43 a 57,
pertencentes ao Título V da LDB sobre o ensino superior.
Conforme artigo 21 da LDB, a educação escolar é composta dos seguintes
níveis: educação básica (formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino
médio) e educação superior.
O esquema abaixo nos ilustra essa composição da educação escolar:

EDUCAÇÃO
ESCOLAR

EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO
BÁSICA SUPERIOR

EDUCAÇÃO
INFANTIL

ENSINO
FUNDAMENTAL

ENSINO MÉDIO

Para nós, interessa compreender quais as diretrizes da LDB para a organização


do ensino superior.
No Brasil, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a
educação superior abrange:

31
a) cursos sequenciais por campo do saber – e não uma área de conhecimento
e suas habilitações – de diferentes níveis de abrangência, abertos a candidatos que
tenham concluído o ensino médio ou equivalente e atendam às exigências da
instituição de ensino;
b) cursos de graduação, que envolvem a área de conhecimento e suas
habilitações, são destinados a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou
equivalente e tenham sido aprovados em processo seletivo;
c) cursos e programas de pós-graduação compreendendo programas de
mestrado e doutorado, cursos de especialização e aperfeiçoamento, ofertados a
candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das
instituições de ensino;
d) cursos de extensão abertos a candidatos que atendam aos requisitos
estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino.

Os cursos e programas de pós-graduação são divididos nas seguintes modalidades: lato sensu (com
duração mínima de 360 horas, compreende programas de especialização e inclui os cursos
designados como Master Business Administration (MBA) e stricto sensu (compreende programas de
mestrado e doutorado abertos a candidatos).

Tais cursos e programas que compõem a educação superior, conforme dispõe o


artigo 43 da LDB, têm como finalidade:

I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do


pensamento reflexivo;
II – formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a
inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento
da sociedade brasileira e a colaborar na sua formação contínua;
III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica visando o
desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura,
e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que
vive;
IV – promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do
ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;
V – suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional
e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos
que vão sendo adquiridos em uma estrutura intelectual sistematizadora do
conhecimento de cada geração;
VI – estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em
particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à
comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;

32
VII – promover a extensão aberta à participação da população visando à
difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da
pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição.
VIII – atuar em favor da universalização e do aprimoramento da educação
básica, mediante a formação e a capacitação de profissionais, a realização
de pesquisas pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão
que aproximem os dois níveis escolares (Brasil, 1996).

As instituições de ensino superior, públicas ou privadas, podem ser


credenciadas como faculdades, centros universitários ou universidades. Inicialmente,
as instituições são credenciadas pelo Ministério da Educação (MEC) como
faculdades, podendo posteriormente solicitar o credenciamento como centro
universitário ou universidade caso sejam preenchidos determinados requisitos legais,
tais como padrão de qualidade, qualificação do quadro profissional etc.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), o termo faculdade possui duas
conotações: a primeiras refere-se a uma instituição de ensino superior que oferta
cursos em número pequeno de áreas do conhecimento, cuja abertura deve ser
autorizada pelo MEC e cujo corpo docente deve possuir pós-graduação lato sensu; a
segunda corresponde às unidades de uma universidade, como por exemplo a
faculdade de direito da Universidade de São Paulo.
Já os centros universitários e as universidades possuem um espectro mais
amplo de áreas do conhecimento e critérios mais exigentes para o seu funcionamento.
De acordo com o artigo 16 do Decreto n.º 9.235/2017, as instituições de ensino
superior poderão solicitar serem credenciadas como centro universitário desde que
atendam aos seguintes requisitos:

I – um quinto do corpo docente estar contratado em regime de tempo integral;


II – um terço do corpo docente possuir titulação acadêmica de mestrado ou
doutorado;
III – no mínimo oito cursos de graduação terem sido reconhecidos e terem
obtido conceito satisfatório na avaliação externa in loco realizada pelo Inep;
IV – possuírem programa de extensão institucionalizado nas áreas do
conhecimento abrangidas por seus cursos de graduação;
V – possuírem programa de iniciação científica com projeto orientado por
docentes doutores ou mestres, que pode incluir programas de iniciação
profissional ou tecnológica e de iniciação à docência;
VI – terem obtido Conceito Institucional (CI) maior ou igual a quatro na
avaliação externa in loco realizada pelo Inep, prevista no § 2º do art. 3º da Lei
n.º 10.861 de 14 de abril de 2004; e
VII – não terem sido penalizadas em decorrência de processo administrativo
de supervisão nos últimos dois anos, contado da data de publicação do ato
que penalizou a IES (Brasil, 2017).

As universidades, por sua vez, são as instituições pluridisciplinares, que se


sustentam no tripé “ensino, pesquisa e extensão”.

33
Para compreender melhor esse tripé que corresponde aos pilares da universidade, sugiro a
leitura do artigo indicado abaixo, intitulado “Refletindo sobre os três pilares de sustentação das
universidades: ensino-pesquisa-extensão”, de autoria de Maria Helena Silva Costa Sieutjes.
SIEUTJES, Maria Helena Silva Costa. Refletindo sobre os Três Pilares de Sustentação
das Universidades: ensino-pesquisa-extensão. In: Revista de Administração Pública, v. 33, n. 3,
1999. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/7639/6177. Acesso
em: 22 fev. 2018.

Trata-se a universidade de instituição de ensino superior com maior autonomia


(conforme disciplinam os artigos 52, 53, 54 e 55 da LDB) e que deve cumprir o maior
número de requisitos. São eles, de acordo com o artigo 17 do Decreto n.º 9.235/2017:

I – um terço do corpo docente estar contratado em regime de tempo integral;


II – um terço do corpo docente possuir titulação acadêmica de mestrado ou
doutorado;
III – no mínimo sessenta por cento dos cursos de graduação terem sido
reconhecidos e terem conceito satisfatório obtido na avaliação externa in
loco realizada pelo Inep ou em processo de reconhecimento devidamente
protocolado no prazo regular;
IV – possuírem programa de extensão institucionalizado nas áreas do
conhecimento abrangidas por seus cursos de graduação;
V – possuírem programa de iniciação científica com projeto orientado por
docentes doutores ou mestres, o que pode incluir programas de iniciação
profissional ou tecnológica e de iniciação à docência;
VI – terem obtido CI maior ou igual a quatro na avaliação externa in
loco realizada pelo Inep, prevista no §2º do artigo 3º da Lei n.º 10.861, de
2004;
VII – oferecerem regularmente quatro cursos de mestrado e dois cursos de
doutorado reconhecidos pelo Ministério da Educação; e
VIII – não terem sido penalizadas em decorrência de processo administrativo
de supervisão nos últimos dois anos, contados da data de publicação do ato
que penalizou a IES (Brasil, 2017).

Independentemente do tipo de instituição – faculdade, centro universitário ou


universidade –, o ano escolar na educação superior tem, no mínimo, duzentos dias de
trabalho acadêmico efetivo (excluído o tempo reservado aos exames finais, quando
houver) e os cursos ofertados, independentemente do período de sua realização
(diurno, noturno, vespertino), deverão seguir os mesmos padrões de qualidade.

34
2.2 Modalidades de ensino superior

Quando pensamos em modalidades do ensino superior, estamos fazendo


referência à maneira como esse nível da educação é desenvolvido. De acordo com o
Ministério da Educação, são modalidades de ensino superior: (a) presencial, (b) a
distância e (c) semipresencial ou híbrido.

 (a) A modalidade presencial é a mais tradicional e comum no nosso


país. Trata-se de modalidade de ensino em que os alunos e professores se encontram
fisicamente em locais e horários determinados a fim de desenvolverem o processo de
ensino-aprendizagem. As atividades realizadas nessa modalidade são denominadas
de atividades síncronas, indicando que discentes e docentes desenvolvem suas
tarefas simultaneamente.

Imagem 1 – Modalidade de ensino presencial

Fonte: Brasil, 20182.

 (b) A modalidade a distância, conhecida como educação a distância (EaD),


é aquela em que os alunos e professores estão fisicamente em locais
distintos, não havendo a necessidade de se comunicarem
simultaneamente. Daí tais atividades serem denominadas de atividades
assíncronas. Na EaD, a interação entre os alunos e o professor – ou entre
os próprios alunos – pode se dar por meio de tecnologias da informação e
comunicação (TICs) em ambientes virtuais, materiais impressos, sonoros,
audiovisuais, teleconferências, listas de discussão etc. De acordo com o

2Disponível em: http://www.brasil.gov.br/noticias/educacao-e-ciencia/2018/09/saiba-se-sua-instituicao-


de-ensino-superior-e-credenciada-pelo-
mec?TSPD_101_R0=0e07c6c06681497452a0a71ff411bb36kyf00000000000000003ea551c9ffff00000
000000000000000000000005c7949f20043f9dc3c08282a9212ab2000961c80294c4ee30f260ed6473e
86787d52a94f90813c38ddf00493498345666608e075d02e0a2800c5767327865182bce4491d64c530
2d8ed39df5046f128137317c87102ff9457dcf4ee688b95cfa91. Acesso em: 1 mar. 2019.

35
Decreto 9.057/2017, que regulamenta itens da LDB, a educação a distância
éa

modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos


processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com
políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre
outros, e desenvolve atividades educativas por estudantes e profissionais da
educação que estejam em lugares e tempos diversos (BRASIL, 2017).

Na EaD, as atividades acontecem predominantemente a distância, sem o


encontro físico do professor com o aluno. Assim, o discente realiza as atividades de
onde quiser e no momento que quiser, sem a necessidade de deslocamento para a
instituição de ensino.

Imagem 2 – Modalidade de ensino a distância

Fonte: Prefeitura de Jundiaí, 20163.

 (c) Há, ainda, uma alternativa que mescla as duas modalidades acima.
Trata-se da modalidade semipresencial ou híbrida, isto é, com partes do curso
ministradas presencialmente e partes a distância.

Na modalidade presencial, existe a possibilidade de serem ofertados também


cursos em que a maior parte das atividades ocorre de forma presencial com encontros
na instituição de ensino. Mas alguns conteúdos podem ser desenvolvidos a distância.
Como veremos com mais detalhes adiante, a legislação (Portaria n.º 1.428/2018 do

3
Disponível em: https://jundiai.sp.gov.br/noticias/2016/07/22/jundiai-tem-mais-de-25-mil-vagas-para-
diversos-cursos-a-distancia/. Acesso em: 1 mar. 2019.

36
MEC) permite que até 40% da carga horária seja ofertada a distância, desde que
observados alguns requisitos legais.
Na modalidade a distância, também existe a possibilidade do ensino híbrido: as
atividades são desenvolvidas predominantemente a distância, mas há alguns
encontros presencias na instituição de ensino ou em seus polos de apoio, onde os
alunos podem ter algum contato com o docente e seus colegas.
Independentemente da modalidade, seja presencial, seja a distância, deve-se
zelar pela qualidade no ensino; buscar a igualdade de condições para o acesso à
educação; permitir a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber; respeitar a liberdade; valorizar o profissional da
educação, vincular educação, trabalho e prática sociais; considerar a diversidade; e
criar instrumentos para a efetivação do direito à educação.

2.3 Princípios e propostas da educação superior

Como vimos, a educação superior no Brasil tem como base normativa central
a LDB e uma série de outras normas – nacionais e internacionais – que oferecem
alicerce jurídico ao ensino superior.
Neste momento, abordaremos uma das normas internacionais que
influenciaram o pensar do ensino superior. Trata-se da “Declaração Mundial sobre a
Educação Superior para o século XXI: visão e ação”, elaborada pela UNESCO em
1998.
De acordo com tal Declaração,

A educação superior tem dado ampla prova de sua viabilidade no decorrer


dos séculos e de sua habilidade para se transformar e induzir mudanças e
progressos na sociedade. Devido ao escopo e ritmo destas transformações,
a sociedade tende paulatinamente a transformar-se em uma sociedade do
conhecimento, de modo que a educação superior e a pesquisa atuam agora
como componentes essenciais do desenvolvimento cultural e
socioeconômico de indivíduos, comunidades e nações. A própria educação
superior é confrontada, portanto, com desafios consideráveis, e tem de
proceder à mais radical mudança e renovação que porventura lhe tenha sido
exigido empreender para que nossa sociedade, atualmente vivendo uma
profunda crise de valores, possa transcender as meras considerações
econômicas e incorporar as dimensões fundamentais da moralidade e da
espiritualidade. (UNESCO, 1998)

Assim, o documento buscou pensar e repensar o ensino superior considerando


os desafios dos novos tempos.
A Declaração inicia, em seu artigo 1º, apresentando as missões do ensino
superior: educar, formar e realizar pesquisas. Entende-se por “educar” tanto a
capacitação profissional como a de preparação para a cidadania, envolvendo
conhecimentos teóricos e práticos. Por “formar”, entende o abrir-se para a participação
ativa na sociedade e no mundo. E “pesquisar” corresponde à promoção, geração e
difusão do conhecimento.

37
Trata-se de uma tríade que resume as missões do ensino superior, ilustrada na
figura a seguir.

Figura 1 – Tríade das missões do ensino superior

EDUCAR

FORMAR PESQUISAR

Fonte: Elaborada pela autora.

Conforme a Declaração (UNESCO, 1998), as missões e valores fundamentais


da educação superior, em particular a missão de contribuir para o desenvolvimento
sustentável e o melhoramento da sociedade, devem ser preservados, reforçados e
expandidos com a finalidade de:

a) educar e formar pessoas altamente qualificadas, cidadãs e cidadãos


responsáveis, capazes de atender às necessidades de todos os
aspectos da atividade humana oferecendo-lhes qualificações relevantes,
incluindo capacitações profissionais nas quais sejam combinados
conhecimentos teóricos e práticos de alto nível mediante cursos e programas
que se adaptem constantemente às necessidades presentes e futuras da
sociedade;
b) prover um espaço aberto de oportunidades para o ensino superior e para
a aprendizagem permanente, oferecendo uma ampla gama de opções e a
possibilidade de alguns pontos flexíveis de ingresso e conclusão dentro do
sistema, assim como oportunidades de realização individual e mobilidade
social de modo a educar para a cidadania e a participação plena na sociedade
com abertura para o mundo, visando construir capacidades endógenas e
consolidar os direitos humanos, o desenvolvimento sustentável, a
democracia e a paz em um contexto de justiça;
c) promover, gerar e difundir conhecimentos por meio da pesquisa e,
como parte de sua atividade de extensão à comunidade, oferecer assessorias
relevantes para ajudar as sociedades em seu desenvolvimento cultural, social
e econômico, promovendo e desenvolvendo a pesquisa científica e

38
tecnológica, assim como os estudos acadêmicos nas ciências sociais e
humanas, e a atividade criativa nas artes;
d) contribuir para a compreensão, interpretação, preservação, reforço,
fomento e difusão das culturas nacionais e regionais, internacionais e
históricas em um contexto de pluralismo e diversidade cultural;
e) contribuir na proteção e consolidação dos valores da sociedade,
formando a juventude de acordo com os valores nos quais se baseia a
cidadania democrática e proporcionando perspectivas críticas e
independentes a fim de colaborar no debate sobre as opções estratégicas e
no fortalecimento de perspectivas humanistas;
f) contribuir para o desenvolvimento e melhoria da educação em todos os
níveis, em particular por meio da capacitação de pessoal docente.
(UNESCO, 1998) (grifos nossos)

Podemos observar que a missão do ensino superior vai além da pura


capacitação e qualificação profissional, havendo grande preocupação com as
contribuições que tal nível de educação pode oferecer para a sociedade. Assim, como
podemos inferir da leitura do trecho anterior, a educação superior deve – além da
capacitação profissional – formar cidadãos preocupados com as necessidades
humanas; promover um espaço aberto de oportunidades; consolidar os direitos
humanos, o desenvolvimento sustentável, a democracia e a paz em um contexto de
justiça; promover, gerar e difundir conhecimentos com vistas a ajudar as sociedades
em seu desenvolvimento; contribuir para a difusão do pluralismo e diversidade
cultural; fortalecer os valores da cidadania democrática; contribuir para o
desenvolvimento e melhoria da educação em todos os níveis.
Posteriormente, em seu artigo 2º, a Declaração aborda as funções da educação
superior, dispondo que as instituições, seu pessoal e estudantes universitários
devem:

a) preservar e desenvolver suas funções fundamentais, submetendo todas as


suas atividades às exigências da ética e do rigor científico e intelectual;
b) poder opinar em problemas éticos, culturais e sociais de forma
completamente independente e com consciência plena de suas
responsabilidades, por exercerem um tipo de autoridade intelectual que a
sociedade necessita, para assim ajudá-la a refletir, compreender e agir;
c) ampliar suas funções críticas e prospectivas mediante uma análise
permanente das novas tendências sociais, econômicas, culturais e políticas,
atuando assim como uma referência para a previsão, alerta e prevenção;
d) utilizar sua capacidade intelectual e prestígio moral para defender e
difundir ativamente os valores aceitos universalmente, particularmente
a paz, a justiça, a liberdade, a igualdade e a solidariedade, tal como
consagrados na constituição da UNESCO;
e) desfrutar de liberdade acadêmica e autonomia plenas, vistas como um
conjunto de direitos e obrigações, sendo simultaneamente responsáveis com
a sociedade e prestando contas à mesma;
f) desempenhar seu papel na identificação e tratamento dos problemas
que afetam o bem-estar das comunidades, nações e da sociedade
global. (UNESCO, 1998) (grifos nossos)

39
Neste particular, vale notar que a Declaração atribui um importante papel à
educação superior, conferindo o poder de opinar sobre problemas éticos, culturais e
sociais de forma independente e identificar e tratar problemas que afetam o bem-estar
das sociedades. Isso é possível dado o seu dever de ética e rigor científico e
intelectual.
A partir de seu artigo 3º, a Declaração apresenta eixos necessários de serem
observados para possibilitar uma nova visão da educação superior. Esses eixos
temáticos foram sistematizados na tabela abaixo:

Tabela 1 – Formando uma nova visão da educação superior

a) De acordo com o artigo 26, §1: da


Declaração Universal de Direitos Humanos, a
admissão à educação superior deve ser
baseada no mérito, capacidade, esforços,
perseverança e determinação mostradas por
aqueles que buscam o acesso à educação, e
pode ser desenvolvida na perspectiva de uma
educação continuada no decorrer da vida, em
qualquer idade, considerando devidamente
as competências adquiridas anteriormente.
Como consequência, para o acesso à
educação superior, não será possível admitir
qualquer discriminação com base em raça,
sexo, idioma, religião ou em considerações
econômicas, culturais e sociais, e tampouco
em incapacidades físicas.
b) A igualdade no acesso à educação superior
deve começar pelo fortalecimento e, se
necessário, por uma reorientação do seu
vínculo com os demais níveis de educação,
particularmente com a educação secundária.
Igualdade de acesso As instituições de educação superior devem
(artigo 3º) ser consideradas e vistas por si mesmas
como componentes de um sistema contínuo,
o qual elas devem fomentar e para o qual
devem também contribuir, começando tal
sistema com a educação infantil e primária e
tendo continuidade no decorrer da vida. As
instituições de educação superior devem
atuar em parceria ativa com pais e mães,
escolas, estudantes, grupos
socioeconômicos e entidades comunitárias. A
educação secundária não deve se limitar a
preparar candidatos qualificados para o
acesso à educação superior e o
desenvolvimento da capacidade de
aprendizagem em geral, mas também a
preparar o caminho para a vida ativa,
oferecendo a formação para uma ampla gama
de profissões. Não obstante, o acesso à
educação superior deve permanecer aberto a
qualquer pessoa que tenha completado
satisfatoriamente a escola secundária ou seu
equivalente ou que reúna as condições
necessárias para a admissão, na medida do

40
possível, sem distinção de idade e sem
qualquer discriminação.
c) Como consequência, o rápido e amplo
aumento da demanda pela educação superior
exige, quando procedente, que em todas as
políticas futuras referentes ao acesso à
educação superior dê-se preferência a uma
aproximação baseada no mérito individual, tal
como definida no artigo 3, item “a” supra.
d) Deve-se facilitar ativamente o acesso à
educação superior dos membros de alguns
grupos específicos, como os povos
indígenas, os membros de minorias culturais
e linguísticas, de grupos menos favorecidos,
de povos que vivem em situação de
dominação estrangeira e pessoas portadoras
de deficiências, pois estes grupos podem
possuir experiências e talentos, tanto
individualmente como coletivamente, que são
de grande valor para o desenvolvimento das
sociedades e nações. Uma assistência
material especial e soluções educacionais
podem contribuir para superar os obstáculos
com os quais estes grupos se defrontam,
tanto para o acesso como para a continuidade
dos estudos na educação superior.

a) Embora progressos significativos tenham


sido alcançados para ampliar o acesso das
mulheres à educação superior, vários
obstáculos socioeconômicos, culturais e
políticos persistem em muitos lugares do
mundo, impedindo o acesso pleno e a
integração efetiva das mulheres. Superá-los
permanece uma prioridade urgente no
processo de renovação com o fim de
assegurar um sistema equitativo e não
discriminatório de educação superior
baseado no princípio de mérito.
b) São necessários mais esforços para
eliminar da educação superior todos os
Fortalecimento da participação e estereótipos com base no gênero para tratar
promoção do acesso das mulheres a questão do gênero nas distintas disciplinas,
para consolidar a participação de mulheres
(artigo 4º) em todas as disciplinas nas quais elas são
sub-representadas e, particularmente, para
implementar o envolvimento ativo delas no
processo decisório.
c) Devem ser fomentados os estudos de
gênero (ou estudos sobre a mulher) como
campo específico de conhecimento que tem
um papel estratégico na transformação da
educação superior e da sociedade.
d) Deve haver um esforço para eliminar os
obstáculos políticos e sociais que fazem com
que as mulheres sejam insuficientemente
representadas e favorecer, em particular, a
participação ativa das mulheres nos níveis de

41
elaboração de políticas e adoção de decisões,
tanto na educação superior como na
sociedade.

a) O avanço do conhecimento por meio da


pesquisa é uma função essencial de todos os
sistemas de educação superior que têm o
dever de promover os estudos de pós-
graduação. A inovação, a
interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade
devem ser fomentadas e reforçadas nestes
programas, baseando as orientações de
longo prazo em objetivos e necessidades
sociais e culturais. Deve ser estabelecido um
equilíbrio apropriado entre a pesquisa básica
e a pesquisa aplicada a objetivos específicos.
b) As instituições devem certificar-se de que
todos os membros da comunidade acadêmica
que realizem pesquisa recebam formação,
apoio e recursos suficientes. Os direitos
intelectuais e culturais derivados das
Promoção do saber mediante a conclusões da pesquisa devem ser utilizados
pesquisa na ciência, na arte e nas para proveito da humanidade e protegidos de
ciências humanas e a divulgação modo a se evitar seu uso indevido.
de seus resultados c) Deve ser implementada a pesquisa em
todas as disciplinas, inclusive nas ciências
(artigo 5º) sociais e humanas, nas ciências da educação
(incluindo a educação superior), na
engenharia, nas ciências naturais, nas
matemáticas, na informática e nas artes,
dentro do marco de políticas nacionais,
regionais e internacionais de pesquisa e
desenvolvimento. É de especial importância o
fomento das capacidades de pesquisa em
instituições de educação superior e de
pesquisa, pois quando a educação superior e
a pesquisa são levadas a cabo em um alto
nível dentro da mesma instituição, obtém-se
uma potencialização mútua de qualidade.
Estas instituições devem obter o apoio
material e financeiro necessário de fontes
públicas e privadas.

a) A relevância da educação superior deve


ser avaliada em termos do ajuste entre o que
a sociedade espera das instituições e o que
estas realizam. Isto requer padrões éticos,
imparcialidade política, capacidade crítica e,
ao mesmo tempo, uma articulação melhor
com os problemas da sociedade e do mundo
Orientação de longo prazo do trabalho, baseando orientações de longo
baseada na relevância da prazo em objetivos e necessidades sociais,
educação superior incluindo o respeito às culturas e a proteção
do meio ambiente. A preocupação deve ser a
(artigo 6º) de facilitar o acesso a uma educação geral
ampla, especializada e frequentemente
interdisciplinar para determinadas áreas,
focalizando-se as habilidades e aptidões que
preparem os indivíduos tanto para viver em

42
uma diversidade de situações como para
poder reorientar suas atividades.
b) A educação superior deve reforçar o seu
papel de serviço extensivo à sociedade,
especialmente as atividades voltadas para a
eliminação da pobreza, intolerância,
violência, analfabetismo, fome, deterioração
do meio ambiente e enfermidades,
principalmente por meio de uma perspectiva
interdisciplinar e transdisciplinar para a
análise dos problemas e questões
levantadas.
c) A educação superior deve ampliar sua
contribuição para o desenvolvimento do
sistema educacional, especialmente por meio
do melhoramento da formação do pessoal
docente, da elaboração de planos
curriculares e da pesquisa sobre a educação.
d) Finalmente, a educação superior deve
almejar a criação de uma nova sociedade –
não violenta e não opressiva – constituindo-
se de indivíduos altamente motivados e
íntegros, inspirados pelo amor à humanidade
e guiados pela sabedoria e o bom senso.

a) Em economias caracterizadas por


mudanças e pelo aparecimento de novos
paradigmas de produção baseados no
conhecimento e sua aplicação, assim como
na manipulação de informação, devem ser
reforçados e renovados os vínculos entre a
educação superior, o mundo do trabalho e os
outros setores da sociedade.
b) Podem ser fortalecidos vínculos com o
mundo do trabalho por meio da participação
de seus representantes nos órgãos que
dirigem as instituições, do aproveitamento
mais intensificado de oportunidades de
Reforçar a cooperação com o aprendizagem e estágios envolvendo
mundo do trabalho, analisar e trabalho e estudo para estudantes e
professores, do intercâmbio de pessoal entre
prevenir as necessidades da o mundo do trabalho e as instituições de
sociedade educação superior, e da revisão curricular
visando uma aproximação maior com as
(artigo 7º)
práticas de trabalho.
c) Como uma fonte contínua de treinamento,
atualização e reciclagem profissional, as
instituições de educação superior devem
levar em conta, de modo sistemático, as
tendências no mundo do trabalho e nos
setores científico, tecnológico e econômico.
Para responder às exigências colocadas no
âmbito do trabalho, os sistemas de educação
superior e o mundo do trabalho devem
desenvolver e avaliar conjuntamente os
processos de aprendizagem, programas de
transição, avaliação e validação de
conhecimentos prévios que integrem a teoria

43
e a formação no próprio trabalho. Dentro do
marco de sua função de previsão, as
instituições de educação superior podem
contribuir para a criação de novos trabalhos,
embora esta não seja a sua única função.
d) Desenvolver habilidades empresariais e o
senso de iniciativa deve tornar-se a
preocupação principal da educação superior,
a fim de facilitar a empregabilidade de
formandos e egressos que crescentemente
serão chamados para deixar a situação de
buscar trabalho para assumirem, acima de
tudo, a função de criar trabalho. As
instituições de educação superior devem
assegurar a oportunidade para que
estudantes desenvolvam suas próprias
habilidades plenamente com um sentido de
responsabilidade social, educando-os para
tornarem-se participantes plenos na
sociedade democrática e agentes de
mudanças que implementarão a igualdade e
a justiça.

a) A diversificação de modelos de educação


superior e dos métodos e critérios de
recrutamento é essencial tanto para
responder à tendência internacional de
massificação da demanda como para dar
acesso a distintos modos de ensino e ampliar
este acesso a grupos cada vez mais
diversificados, com vistas a uma educação
continuada, baseada na possibilidade de se
Diversificação como forma de ingressar e sair facilmente dos sistemas de
ampliar a igualdade de educação.
oportunidades b) Sistemas mais diversificados de educação
(artigo 8º) superior são caracterizados por novos tipos
de instituições de ensino terciário: públicas,
privadas e instituições sem fins lucrativos,
entre outras. Estas instituições devem ter a
possibilidade de oferecer uma ampla
variedade nas oportunidades de educação e
formação: habilitações tradicionais, cursos
breves, estudo de meio período, horários
flexíveis, cursos em módulos, ensino a
distância com apoio etc.

a) Em um mundo em rápida mutação,


percebe-se a necessidade de uma nova visão
e um novo paradigma de educação superior
que tenha seu interesse centrado no
Aproximações educacionais estudante, o que requer, na maior parte dos
inovadoras: pensamento crítico e países, uma reforma profunda e mudança de
criatividade suas políticas de acesso de modo a incluir
categorias cada vez mais diversificadas de
(artigo 9º) pessoas e de novos conteúdos, métodos,
práticas e meios de difusão do conhecimento,
baseados, por sua vez, em novos tipos de
vínculos e parcerias com a comunidade e com
os mais amplos setores da sociedade.

44
b) As instituições de educação superior têm
que educar estudantes para que sejam
cidadãs e cidadãos bem informados e
profundamente motivados, capazes de
pensar criticamente e de analisar os
problemas da sociedade, de procurar
soluções aos problemas da sociedade e de
aceitar responsabilidades sociais.
c) Para alcançar estas metas, pode ser
necessária a reforma de currículos, com a
utilização de novos e apropriados métodos
que permitam ir além do domínio cognitivo
das disciplinas. Novas aproximações
didáticas e pedagógicas devem ser
acessíveis e promovidas a fim de facilitar a
aquisição de conhecimentos práticos,
competências e habilidades para a
comunicação, a análise criativa e crítica, a
reflexão independente e o trabalho em equipe
em contextos multiculturais, em que a
criatividade também envolva a combinação
entre o saber tradicional ou local e o
conhecimento aplicado da ciência avançada e
da tecnologia. Estes currículos reformados
devem levar em conta a questão do gênero e
o contexto cultural, histórico e econômico
específico de cada país. O ensino das normas
referentes aos direitos humanos e educação
sobre as necessidades das comunidades em
todas as partes do mundo devem ser
incorporados nos currículos de todas as
disciplinas, particularmente das que
preparam para atividades empresariais. O
pessoal acadêmico deve desempenhar uma
função decisiva na definição dos planos
curriculares.
d) Novos métodos pedagógicos também
devem pressupor novos métodos didáticos,
que precisam estar associados a novos
métodos de exame que coloquem à prova não
somente a memória, mas também as
faculdades de compreensão, a habilidade
para o trabalho prático e a criatividade.

a) Uma política vigorosa de desenvolvimento


de pessoal é elemento essencial para
instituições de educação superior. Devem ser
estabelecidas políticas claras relativas a
docentes de educação superior, que
Pessoal de educação superior e atualmente devem estar ocupados,
estudantes como agentes sobretudo, em ensinar seus estudantes a
principais aprender e a tomar iniciativas ao invés de
serem unicamente fontes de conhecimento.
(artigo 10º) Devem ser tomadas providências adequadas
para pesquisar, atualizar e melhorar as
habilidades pedagógicas por meio de
programas apropriados de desenvolvimento
de pessoal, estimulando a inovação
constante dos currículos e dos métodos de

45
ensino e aprendizagem que assegurem as
condições profissionais e financeiras
apropriadas ao profissional, garantindo assim
a excelência em pesquisa e ensino, de acordo
com as provisões da recomendação referente
ao Estado do Pessoal Docente da Educação
Superior aprovado pela Conferência Geral da
UNESCO em novembro de 1997. Para este
fim, deve ser dada mais importância à
experiência internacional. Ademais, devido à
função que a educação superior desempenha
na educação continuada, deve considerar-se
que a experiência adquirida fora das
instituições constitui uma qualificação
relevante para o pessoal relacionado à
educação superior.
b) Todos os estabelecimentos de educação
superior devem estabelecer diretrizes claras,
preparando professores nos níveis pré-
escolar, primário e secundário, incentivando a
inovação constante nos planos curriculares,
as práticas mais adequadas nos métodos
pedagógicos e a familiaridade com os
diversos estilos de aprendizagem. É
indispensável contar com pessoal
administrativo e técnico preparado de
maneira adequada.
c) Os responsáveis pelas decisões nos
âmbitos nacional e institucional devem
colocar os estudantes e suas necessidades
no centro das preocupações, devendo
considerá-los como os parceiros e
protagonistas essenciais responsáveis pela
renovação da educação superior. Isto deve
incluir o envolvimento de estudantes em
questões que afetem o nível do ensino, o
processo de avaliação, a renovação de
métodos pedagógicos e programas
curriculares no marco institucional vigente, a
elaboração de políticas e a gestão
institucional. Na medida em que os
estudantes tenham direito a organizar-se e a
ter representantes, deve ser garantida a sua
participação nestas questões.
d) Devem ser desenvolvidos a orientação e os
serviços de aconselhamento em cooperação
com organizações estudantis para ajudar os
estudantes na transição para a educação
superior em qualquer idade, levando em
conta as necessidades de categorias cada
vez mais diversificadas de educandos. Além
daqueles que ingressam na educação
superior procedentes de escolas ou
estabelecimentos de ensino, deve-se ter em
conta as necessidades dos que abandonam a
educação ou retornam a ela em um processo
de educação continuada. Este apoio é
importante para assegurar uma boa
adaptação de estudantes aos cursos,

46
reduzindo assim a evasão escolar.
Estudantes que abandonam seus estudos
devem ter oportunidades adequadas de
reingressar na educação superior no
momento que lhes pareça conveniente e
oportuno.

Fonte: elaborada pela autora.

Por fim, após abordar temas que devem ser priorizados na promoção da
educação superior, em seus artigos finais, a Declaração apresenta a seção nomeada
de “da visão à ação”, definindo algumas estratégias necessárias de serem
implementadas. São elas:

Tabela 2 – Da visão à ação

a) A qualidade em educação superior é um


conceito multidimensional que deve envolver
todas as suas funções e atividades: ensino e
programas acadêmicos, pesquisa e fomento
da ciência, provisão de pessoal, estudantes,
edifícios, instalações, equipamentos, serviços
de extensão à comunidade e ambiente
acadêmico em geral. Uma autoavaliação
interna transparente e uma revisão externa
com especialistas independentes, se possível
com reconhecimento internacional, são vitais
para assegurar a qualidade. Devem ser
criadas instâncias nacionais independentes e
definidas normas comparativas de qualidade,
reconhecidas no plano internacional. Visando
levar em conta a diversidade e evitar a
uniformidade, deve-se dar a devida atenção
aos contextos institucionais, nacionais e
regionais específicos. Os protagonistas
Avaliação da qualidade devem ser parte integrante do processo de
avaliação institucional.
(artigo 11)
b) A qualidade requer também que a
educação superior seja caracterizada por sua
dimensão internacional: intercâmbio de
conhecimentos, criação de redes interativas,
mobilidade de professores e estudantes e
projetos de pesquisa internacionais, levando-
se sempre em conta os valores culturais e as
situações nacionais.
c) Para atingir e manter a qualidade nacional,
regional ou internacional, certos
componentes são particularmente relevantes,
principalmente a seleção cuidadosa e o
treinamento contínuo de pessoal,
particularmente a promoção de programas
apropriados para o aperfeiçoamento do
pessoal acadêmico, incluindo a metodologia
do processo de ensino e aprendizagem, e
mediante a mobilidade entre países,
instituições de educação superior,

47
estabelecimentos de educação superior e o
mundo do trabalho, assim como entre
estudantes de cada país e de distintos países.
As novas tecnologias de informação são um
importante instrumento neste processo
devido ao seu impacto na aquisição de
conhecimentos teóricos e práticos.

As rápidas inovações por meio das


tecnologias de informação e comunicação
mudarão ainda mais o modo como o
conhecimento é desenvolvido, adquirido e
transmitido. Também é importante assinalar
que as novas tecnologias oferecem
oportunidades de renovar o conteúdo dos
cursos e dos métodos de ensino e de ampliar
o acesso à educação superior. Não se pode
esquecer, porém, que novas tecnologias e
informações não tornam os docentes
dispensáveis, mas modificam o papel destes
em relação ao processo de aprendizagem, e
que o diálogo permanente que transforma a
informação em conhecimento e compreensão
passa a ser fundamental. As instituições de
educação superior devem ter a liderança no
aproveitamento das vantagens e do potencial
das novas tecnologias de informação e
comunicação (TIC), cuidando da qualidade e
mantendo níveis elevados nas práticas e
resultados da educação, com um espírito de
abertura, igualdade e cooperação
internacional, pelos seguintes meios:
O potencial e o desafio da a) participar na constituição de redes,
tecnologia transferência de tecnologia, ampliação de
capacidade, desenvolvimento de materiais
(artigo 12) pedagógicos e intercâmbio de experiências
de sua aplicação ao ensino, à formação e à
pesquisa, tornando o conhecimento acessível
a todos;
b) criar novos ambientes de aprendizagem,
que vão desde os serviços de educação a
distância até as instituições e sistemas de
educação superior totalmente virtuais,
capazes de reduzir distâncias e de
desenvolver sistemas de maior qualidade em
educação, contribuindo, assim, tanto para o
progresso social, econômico e a
democratização como para outras prioridades
relevantes para a sociedade; assegurando,
contudo, que o funcionamento destes
complexos educativos virtuais, criados a partir
de redes regionais, continentais ou globais
ocorra em um contexto de respeito às
identidades culturais e sociais;
c) considerar que, no uso pleno das novas
tecnologias de informação e comunicação
para propósitos educacionais, atenção deve
ser dada à necessidade de se corrigir as
graves desigualdades existentes entre os

48
países, assim como no interior destes no que
diz respeito ao acesso a novas tecnologias de
informação e de comunicação e à produção
dos correspondentes recursos;
d) adaptar estas novas tecnologias às
necessidades nacionais, regionais e locais
para que os sistemas técnicos, educacionais,
administrativos e institucionais possam
sustentá-los;
e) facilitar, por meio da cooperação
internacional, a identificação dos objetivos e
interesses de todos os países,
particularmente os países em
desenvolvimento, o acesso equitativo e o
fortalecimento de infraestruturas neste campo
e a difusão destas tecnologias por toda a
sociedade;
f) seguir de perto a evolução da sociedade do
conhecimento, garantindo, assim, a
manutenção de um alto nível de qualidade e
de regras que regulamentam o acesso
equitativo a esta sociedade;
g) considerar as novas possibilidades abertas
pelo uso das tecnologias de informação e
comunicação e perceber que são, sobretudo,
as instituições de educação superior as que
utilizam essas tecnologias para modernizar
seu trabalho, e não as novas tecnologias que
se utilizam de instituições educacionais reais
para transformá-las em entidades virtuais.

a) A gestão e o financiamento da educação


superior requerem o desenvolvimento de
capacidades e estratégias apropriadas de
planejamento e análise de políticas, com base
em parcerias estabelecidas entre instituições
de educação superior e organismos nacionais
e governamentais de planejamento e
coordenação a fim de garantir uma gestão
devidamente racionalizada e o uso efetivo e
financeiramente responsável de recursos. As
Reforçar a gestão e o instituições de educação superior devem
financiamento da educação adotar práticas de gestão com uma
superior perspectiva de futuro que responda às
necessidades dos seus contextos. Os
(artigo 13) administradores da educação superior devem
ser receptivos, competentes e capazes de
avaliar permanentemente, por meio de
mecanismos internos e externos, a eficiência
dos procedimentos e regulamentos
administrativos.
b) Deve haver autonomia para que as
instituições de educação superior
administrem suas questões internas, mas a
esta autonomia deve corresponder também a
responsabilidade clara e transparente perante

49
o governo, os parlamentos, os estudantes e a
sociedade em geral.
c) A meta suprema da gestão deve ser
implementar a missão institucional por meio
da garantia de uma ótima qualidade na
educação, formação, pesquisa e prestação
de serviços de extensão à comunidade. Este
objetivo requer uma administração que
demonstre visão social, incluindo a
compreensão de questões globais e
habilidades gerenciais eficientes. A liderança
em educação superior é, portanto, uma
responsabilidade social de primeira ordem e
pode ser fortalecida significativamente por
meio do diálogo com todos os envolvidos na
educação superior, especialmente
professores e estudantes. A participação
docente nos órgãos diretivos das instituições
de educação superior deve ser levada em
conta no marco institucional e estrutural
vigente, sempre considerando a necessidade
de se manter as dimensões de ditos órgãos
em níveis razoáveis.
d) É indispensável fomentar a cooperação
norte-sul com vistas a se obter o
financiamento necessário para fortalecer a
educação superior nos países em
desenvolvimento.

a) O financiamento da educação superior


requer recursos públicos e privados. O Estado
mantém papel essencial neste financiamento.
O financiamento público da educação
superior reflete o apoio que a sociedade
presta a esta educação e deve, portanto,
continuar sendo reforçado a fim de garantir o
desenvolvimento da educação superior, de
aumentar sua eficácia e de manter sua
qualidade e relevância. Não obstante, o apoio
público à educação superior e à pesquisa
permanece essencial, sobretudo como forma
O financiamento da educação de assegurar um equilíbrio na realização de
missões educativas e sociais.
superior como serviço público
b) A sociedade, em seu conjunto, deve apoiar
(artigo 14) a educação em todos os níveis, inclusive a
educação superior, dado o seu papel na
promoção do desenvolvimento econômico,
social e cultural sustentável. A mobilização
para este propósito depende da
conscientização da e participação do público
em geral e dos setores públicos e privados da
economia, dos parlamentos, dos meios de
comunicação, das organizações
governamentais e não governamentais, de
estudantes e instituições, das famílias, enfim,
de todos os agentes sociais que se envolvem
com a educação superior.

50
a) O princípio de solidariedade e de uma
autêntica parceria entre instituições de
educação superior em todo o mundo é crucial
para que a educação e a formação em todos
os âmbitos motivem uma compreensão
melhor de questões globais e do papel de
uma direção democrática e de recursos
humanos qualificados para a solução de tais
questões, além da necessidade de se
conviver com culturas e valores diferentes. O
domínio de múltiplos idiomas, os programas
de intercâmbio de docentes e estudantes e o
estabelecimento de vínculos institucionais
para promover a cooperação intelectual e
científica devem ser parte integrante de todos
os sistemas de educação superior.
b) Os princípios de cooperação internacional
com base na solidariedade, no
reconhecimento e apoio mútuo, na autêntica
parceria que resulte, de modo equitativo, em
Compartilhar conhecimentos benefício mútuo, e a importância de
teóricos e práticos entre países e compartilhar conhecimentos teóricos e
continentes práticos em nível internacional devem guiar
as relações entre instituições de educação
(artigo 15) superior em países desenvolvidos, em países
em desenvolvimento, e devem beneficiar
particularmente os países menos
desenvolvidos. Deve-se ter em conta a
necessidade de salvaguardar as capacidades
institucionais em matéria de educação
superior nas regiões em situações de conflito
ou submetidas a desastres naturais. Por
conseguinte, a dimensão internacional deve
estar presente nos planos curriculares e nos
processos de ensino e aprendizagem.
c) Deve-se ratificar e implementar os
instrumentos normativos regionais e
internacionais relativos ao reconhecimento de
estudos, incluindo os que se referem à
homologação de conhecimentos,
competências e aptidões dos formandos,
permitindo que estudantes mudem de curso
com maior facilidade e tenham mais
mobilidade dentro dos sistemas nacionais e
na sua movimentação entre eles.

É preciso por fim à “perda” de talentos


científicos, já que ela vem privando os países
em desenvolvimento e os países em transição
de profissionais de alto nível, necessários
Da “perda de quadros” ao “ganho para acelerar seu progresso socioeconômico.
Os esquemas de cooperação internacional
de talentos” científicos devem basear-se em relações de
(artigo 16) colaboração de longo prazo entre
estabelecimentos do sul e do norte, além de
promover a cooperação sul-sul. Deve ser
dada prioridade a programas de formação nos
países em desenvolvimento, em centros de
excelência organizados em redes regionais e

51
internacionais, acompanhados de cursos de
curto prazo no exterior, especializados e
intensivos. Deve-se considerar a necessidade
de criar um ambiente que atraia e mantenha
o capital humano qualificado por meio de
políticas nacionais ou acordos internacionais
que facilitem o retorno, permanente ou
temporário, de especialistas altamente
treinados e de investigadores muito
competentes aos seus países de origem. Ao
mesmo tempo, devem ser dirigidos esforços
para que se implemente um processo de
“ganho” de talentos por programas de
colaboração que favoreçam, em virtude de
sua dimensão internacional, a criação e o
fortalecimento de instituições que facilitem a
utilização plena das capacidades endógenas.
A experiência acumulada através do
Programa UNITWIN, das Cátedras UNESCO
e dos princípios que figuram nos convênios
regionais sobre o reconhecimento de títulos e
diplomas de educação superior têm, quanto a
isto, especial importância.

Parcerias e alianças entre as partes


envolvidas – pessoas que definem políticas
nacionais e institucionais, pessoal
pedagógico em geral, pesquisadores e
estudantes, pessoal administrativo e técnico
em instituições de educação superior, o
Parcerias e alianças mundo do trabalho, e grupos da comunidade
– constituem um fator poderoso para
(artigo 17) administrar transformações. As organizações
não governamentais também são agentes
fundamentais neste processo. Doravante, a
parceria com base em interesses comuns,
respeito mútuo e credibilidade deve ser a
matriz principal para a renovação no âmbito
da educação superior.

Fonte: elaborada pela autora.

Dessa forma, a Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI


apresenta os objetivos que devem ser perquiridos na educação superior.
Convido-o(a) a realizar uma atividade sobre as temáticas que discutimos até
aqui.

52
Depois de compreender o conteúdo da Declaração Mundial sobre Educação
Superior no Século XXI, sistematizado ao longo do item 2.3, reflita:
(i) na sua experiência – como discente e como docente –, você já observou
ou buscou a concretização dos objetivos traçados para o século XXI?
(ii) na sua percepção, estamos próximos de efetivar as diretrizes da
Declaração? O que nos falta?
Reflita sobre as questões propostas e elabore um pequeno texto para
sistematizar suas considerações.

Bom trabalho!

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Nesta unidade, estudamos a estrutura do ensino superior no Brasil.
Iniciamos com uma análise macroscópica da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB), que dispõe sobre as diretrizes que orientam a educação
brasileira e traça a organização do ensino superior no nosso país.
Depois de compreendida a normativa trazida pela LDB, com destaque para os
artigos que tratam da educação superior, analisamos as modalidades de oferta do
ensino superior:
• presencial: discente e docente encontram-se fisicamente na instituição de
ensino, realizando atividades síncronas;
• a distância: discente e docente desenvolvem suas atividades em tempos e
espaços distintos, sem necessidade de estarem presentes fisicamente na instituição
de ensino; realizam atividades assíncronas;
• semipresencial (ou híbrido): trata-se de modalidade que mescla as duas
anteriores, oferecendo parte das atividades de forma presencial e parte a distância.

Por fim, estudamos os princípios e propostas que pautam o ensino superior a


partir da Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI: Visão e Ação,
elaborada pela UNESCO em 1998, que fica como sugestão de leitura para revisar
esta unidade e aprofundar seu conhecimento.
Preparado(a) para avançar nos estudos?
Então vamos para a unidade 3.
Até breve!

55
UNIDADE III

3. REGULAMENTAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL

Conteúdos trabalhados na unidade: regulamentação do ensino superior no


Brasil: noções jurídicas introdutórias; Legislação do ensino superior no
Brasil; Legislação do ensino superior no Brasil aplicada à EaD.

O objetivo central desta unidade é estudar a legislação que regulamenta o


ensino superior no Brasil, com maior atenção para aquelas normas aplicáveis ao EaD
e que apontam peculiaridades dessa modalidade de ensino.
Para tanto, iniciaremos esta unidade compreendendo algumas noções jurídicas
introdutórias – o que é lei, hierarquia normativa etc. – e, posteriormente, passaremos
a analisar a legislação do ensino superior no Brasil e a legislação do ensino superior
aplicada ao EaD.
Dessa forma, poderemos compreender qual é a base normativa que pauta a
educação superior no Brasil, com destaque para a legislação aplicada à educação a
distância.
Vamos lá?

3.1 Noções jurídicas introdutórias

Antes de iniciar o estudo da legislação que regulamenta a educação superior


no Brasil, é importante esclarecer alguns pontos e conhecer alguns conceitos jurídicos
básicos para facilitar seu estudo e viabilizar a correta compreensão sobre esta
unidade.
Primeiro, é necessário esclarecer que o direito não se baseia apenas em leis.
Embora as leis, em sentido amplo e genérico, sejam a (ou uma das) fonte 4 jurídica
mais conhecida e tradicional, ela não é única.
Há outros instrumentos que também merecem atenção e que pautam
determinados temas. Para além das leis (em sentido amplo, considerando as normas
nacionais e internacionais), também são fontes do direito:

• princípios: valores que direcionam a criação das normas,


orientam sua interpretação e iluminam todo o ordenamento

4 A expressão “fontes do direito”, nesse contexto, está sendo utilizada para designar a origem do direito,
isto é, onde ele nasce e pode ser consultado. Podemos entender “fontes” como os instrumentos a partir
dos quais o direito se manifesta, emana.

56
jurídico. Como uma bússola, norteiam o direito. Podem ou não estar
previstos em lei;

• costumes: práticas reiteradas, aceitas pacificamente pela


sociedade e seguidas por todos;

• jurisprudência: tendência interpretativa dos tribunais que, ao


julgarem casos semelhantes da mesma forma, acabam por
criar uma presunção segundo a qual casos parecidos serão
julgados de acordo com esse entendimento consolidado pelo
Poder Judiciário. Via de regra, se manifesta quando a lei não
foi capaz de antever determinados assuntos, quando a
legislação não foi clara;

• doutrina: estudos e opiniões proferidas por estudiosos do


direito que podem servir de inspiração para resolver problemas
não previstos em lei, criar normas etc. Não se trata de fonte
vinculante, apenas consultiva;

• recomendações: não são leis propriamente ditas já que não são


obrigatórias, mas são orientações a respeito de determinados
temas específicos;

• normas elaboradas pelos próprios sujeitos presentes em


determinada relação e que se sujeitarão a essas normas, tais
como os contratos. Essas são as chamadas fontes autônomas.

Assim, como podemos observar, há um extenso arcabouço de fontes do direito


– que não se resumem apenas às leis – em relação às quais devemos estar atentos,
já que muitos temas acabam sendo pautados por outras fontes que não a lei.
Segundo, é importante esclarecer que a expressão “lei” é utilizada,
popularmente, para fazer referência a qualquer norma. No entanto, no sentido estrito
do termo, no direito, a lei diz respeito àquelas normas elaboradas pelo Poder
Legislativo que, no âmbito da União, é representado pelo Congresso Nacional
(formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal). Assim, para o Direito,
a lei, em sentido estrito, é aquela que derivou de um processo legislativo.
Contudo, além das leis em sentido estrito, há outras normas – que também
devem ser observadas – que emanaram de outros atores, como é o caso das portarias
do Ministério da Educação (MEC), por exemplo. Tais portarias foram elaboradas pelo
MEC, que está no âmbito do Poder Executivo.
Daí a diferença terminológica e a hierarquia que tais fontes ocupam em nosso
ordenamento jurídico.
Terceiro, vale mencionar que essas diversas fontes do direito estão
organizadas de forma hierárquica. Como regra geral, representamos a hierarquia das
fontes do direito a partir de uma pirâmide, cujo topo é ocupado pela Constituição
Federal. A ilustração abaixo evidencia essa ideia:

57
Constituição Federal

Leis

Atos do Poder Executivo

Fontes autônomas

Costumes

Essa é a regra geral da hierarquia das fontes do direito. De acordo com essa
regra geral, a Constituição Federal encontra-se no topo do nosso ordenamento
jurídico e, por isso, é chamada de “lei maior”. Assim, todas as demais fontes –
infraconstitucionais – devem estar de acordo com a Constituição Federal, sob pena
de serem consideradas infraconstitucionais.
Em relação a essa hierarquia, importante observar que nem todos os ramos ou
subáreas do direito a consideram de forma rígida. No direito do trabalho, a regra é a
hierarquia dinâmica das fontes, já que prevalece aquela que for mais favorável ao
trabalhador (salvo exceções previstas em lei, observados os limites constitucionais).
Quarto (e último apontamento a ser feito): é necessário fazer o seguinte alerta:
todas essas fontes do direito não estão perfeitamente sistematizadas e alocadas em
um único código ou portal do governo. Pelo contrário, elas se encontram espraiadas
pelo ordenamento jurídico.
Assim, quando se quer consultar determinada lei, deve-se recorrer ao Diário
Oficial (ou às páginas eletrônicas do Congresso Nacional ou Palácio do Planalto);
quando se quer entender o que a jurisprudência entende sobre determinado tema, é
necessário consultar a base jurisprudencial na página eletrônica dos tribunais (a
exemplo do Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunal Superior
do Trabalho etc.); quando se pretende conhecer as Portarias do Ministério da
Educação, é necessário buscar tal informação em sua página eletrônica.
Considerando tal multiplicidade de fontes e locais de consulta, buscaremos,
nesta unidade, centralizar as informações sobre regulamentação do ensino superior
(aplicada ao EaD) a fim de sistematizar a base normativa sobre o tema.

58
Para que seja possível compreender mais a fundo o conceito de fontes do direito,
sugerimos a leitura do texto abaixo sobre as “fontes do direito”.

DINIZ, Maria Helena. Fontes do Direito. In: Enciclopédia Jurídica da PUCSP, Tomo
Teoria Geral e Filosofia do Direito, Ed. 1, jun. 2017. 1996. Disponível em:
<https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/157/edicao-1/fontes-do-direito>. Acesso
em: 15 mar. 2019.

3.2 Legislação do ensino superior no Brasil

Como vimos na unidade anterior, a educação é um direito fundamental


assegurado pela Constituição Federal de 1988. Trata-se de um direito social (artigo
6º, CF):

[…] de todos, de um dever do Estado e da família e será promovida e


incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (artigo 205, CF).

Vale lembrar que tal direito social (em qualquer nível – inclusive na educação
superior), de acordo com o texto constitucional, deve ser pautado pelos seguintes
princípios constitucionais (artigo 206, CF):

igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; liberdade


de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de
instituições públicas e privadas de ensino; gratuidade do ensino público em
estabelecimentos oficiais; valorização dos profissionais da educação escolar
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente
por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; gestão
democrática do ensino público; garantia de padrão de qualidade; piso salarial
profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública.

Esses comandos gerais a respeito do direito à educação são acompanhados


por normas infraconstitucionais que detalham a regulamentação da educação superior
no Brasil. A principal delas é a Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro 1996, mais conhecida
como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que apresenta diretrizes
e princípios a respeito da educação no Brasil, como visto na unidade 2.

59
A LDB trata da educação superior, mais especificamente, em seu Título V, nos
artigos 43 a 57, como indicado na unidade anterior. Vamos, neste momento, analisar
cada um desses artigos, retomar aspectos já abordados anteriormente e aprofundar
alguns pontos.
De acordo com a LDB, em seu artigo 43, a educação superior tem por
finalidade:

I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do


pensamento reflexivo;
II – formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a
inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento
da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;
III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica visando o
desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura,
e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que
vive;
IV – promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do
ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;
V – suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional
e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos
que vão sendo adquiridos em uma estrutura intelectual sistematizadora do
conhecimento de cada geração;
VI – estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em
particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à
comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;
VII – promover a extensão aberta à participação da população, visando à
difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da
pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição.
VIII – atuar em favor da universalização e do aprimoramento da educação
básica mediante a formação e a capacitação de profissionais, a realização de
pesquisas pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão que
aproximem os dois níveis escolares (Brasil, 1996).

Observa-se que os objetivos da educação superior estão intimamente


entrelaçados com o avanço científico, tecnológico e cultural que possa impactar
positivamente a sociedade. Ou seja, de acordo com a LDB, a educação superior se
preocupa (ou deve se preocupar) com a produção e difusão de conhecimentos que
contribuam não apenas para o desenvolvimento pessoal dos educandos, mas com o
desenvolvimento da sociedade. Daí, importância das atividades de extensão (inciso
VII), por exemplo.
Para cumprir essas finalidades, a educação superior, de acordo com o artigo
44 da LDB, está estruturada em diferentes níveis de cursos e programas, abrangendo:

a) cursos sequenciais: por campo do saber – e não uma área de


conhecimento e suas habilitações – de diferentes níveis de abrangência, abertos a
candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e atendam às
exigências da instituição de ensino. Os cursos sequenciais podem ser (i) de formação

60
específica, em que o aluno recebe um diploma ao final do curso ou de (ii) de
complementação de estudos, em que os alunos apenas fazem determinadas matérias
e não expedem diplomas, e sim certificado;
b) cursos de graduação: envolvem área de conhecimento e suas habilitações;
são destinados a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e
tenham sido aprovados em processo seletivo. Conforme o MEC, os cursos
considerados de graduação são: os bacharelados, as licenciaturas e os tecnólogos.
Os bacharelados proporcionam a formação exigida para que se possam exercer as
profissões regulamentadas por lei ou não. A licenciatura habilita para o exercício da
docência em educação básica (da educação infantil ao ensino médio). Os tecnólogos
são de graduação com características especiais, e obedecerão às diretrizes contidas
no Parecer CNE/CES nº 436/2001, bem como conduzirão à obtenção de diploma de
tecnólogo;

c) cursos e programas de pós-graduação: compreendem programas de


mestrado e doutorado, cursos de especialização e aperfeiçoamento ofertados a
candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das
instituições de ensino;

d) cursos de extensão: abertos a candidatos que atendam aos requisitos


estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino.

O organograma abaixo ilustra os cursos e os níveis em que se encontram,


organizados em certa hierarquia, que tem como nível máximo o doutorado5.

5 Para aqueles que concluíram o doutorado, há ainda a possibilidade de realizar um pós-doutorado. O


pós-doutorado consiste em uma atividade especializada ou estágio de pesquisa em universidade para
aprimoramento do pesquisador. No entanto, o pós-doutorado não confere ao pesquisador um título. O
título acadêmico máximo é o doutorado.

61
PÓS DOUTORADO
P

STRICTO SENSU
Ó
S
-
G DOUTORADO
R
A
D
EDUCAÇÃO U MESTRADO
A MESTRADO
SUPERIOR PROFISSIONAL
Ç
Ã
SENSU
LATU

O
CURSOS DE
ESPECIALIZAÇÃO

CURSOS DE
GRADUAÇÃO
CURSOS SEQUENCIAIS CURSOS DE EXTENSÃO

ENSINO MÉDIO

ENSINO
EDUCAÇÃO BÁSICA
FUNDAMENTAL

EDUCAÇÃO INFANTIL

Tais cursos enumerados acima poderão ser oferecidos em instituições de


ensino superior, públicas ou privadas, com variados graus de abrangência ou
especialização (artigo 45, LDB). Devem, no entanto, ter autorização do Ministério da
Educação (MEC) para iniciarem suas atividades, conforme o artigo 46 da LDB,
transcrito abaixo:

Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, bem como o


credenciamento de instituições de educação superior, terão prazos limitados,
sendo renovados, periodicamente, após processo regular de avaliação.
§ 1º Após um prazo para saneamento de deficiências eventualmente
identificadas pela avaliação a que se refere este artigo, haverá reavaliação,
que poderá resultar, conforme o caso, em desativação de cursos e
habilitações, em intervenção na instituição, em suspensão temporária de
prerrogativas da autonomia, ou em descredenciamento.
§ 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo responsável por sua
manutenção acompanhará o processo de saneamento e fornecerá recursos
adicionais, se necessários, para a superação das deficiências.
§ 3º No caso de instituição privada, além das sanções previstas no § 1 deste
artigo, o processo de reavaliação poderá resultar em redução de vagas
autorizadas e em suspensão temporária de novos ingressos e de oferta de
cursos.

62
§ 4º É facultado ao Ministério da Educação, mediante procedimento
específico e com aquiescência da instituição de ensino, com vistas a
resguardar os interesses dos estudantes, comutar as penalidades previstas
nos §§ 1 e 3 deste artigo por outras medidas, desde que adequadas para
superação das deficiências e irregularidades constatadas.
§ 5º Para fins de regulação, os Estados e o Distrito Federal deverão adotar
os critérios definidos pela União para autorização de funcionamento de curso
de graduação em Medicina.

Os cursos da educação superior adequar-se-ão ao ano letivo regular, que


independe do ano civil e tem, no mínimo, duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo,
excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver (artigo 47, LDB). O
artigo 47 da LDB, em seus parágrafos, estabelece algumas condições a serem
observadas pelas instituições de ensino. São elas:

§ 1º As instituições informarão aos interessados, antes de cada período letivo,


os programas dos cursos e demais componentes curriculares, sua duração,
requisitos, qualificação dos professores, recursos disponíveis e critérios de
avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condições, e a publicação
deve ser feita, sendo as 3 (três) primeiras formas concomitantemente:
I – em página específica na internet, no sítio eletrônico oficial da instituição
de ensino superior, obedecido o seguinte:
a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter como título “Grade e
Corpo Docente”;
b) a página principal da instituição de ensino superior, bem como a página da
oferta de seus cursos aos ingressantes sob a forma de vestibulares, processo
seletivo e outras com a mesma finalidade, deve conter a ligação desta com a
página específica prevista neste inciso;
c) caso a instituição de ensino superior não possua sítio eletrônico, deve criar
página específica para divulgação das informações de que trata esta Lei;
d) a página específica deve conter a data completa de sua última atualização;
II – em toda propaganda eletrônica da instituição de ensino superior, por meio
de ligação para a página referida no inciso I;
III – em local visível da instituição de ensino superior e de fácil acesso ao
público;
IV – deve ser atualizada semestralmente ou anualmente, de acordo com a
duração das disciplinas de cada curso oferecido, observando o seguinte:
a) caso o curso mantenha disciplinas com duração diferenciada, a publicação
deve ser semestral;
b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes do início das aulas;
c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo docente até o início das
aulas, os alunos devem ser comunicados sobre as alterações;
V – deve conter as seguintes informações:
a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição de ensino superior;
b) a lista das disciplinas que compõem a grade curricular de cada curso e as
respectivas cargas horárias;
c) a identificação dos docentes que ministrarão as aulas em cada curso, as
disciplinas que efetivamente ministrará naquele curso ou cursos, sua

63
titulação, abrangendo a qualificação profissional do docente e o tempo de
casa do docente, de forma total, contínua ou intermitente.
§ 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos estudos,
demonstrado por meio de provas e outros instrumentos de avaliação
específicos, aplicados por banca examinadora especial, poderão ter
abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com as normas dos
sistemas de ensino.
§ 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores, salvo nos programas
de educação a distância.
§ 4º As instituições de educação superior oferecerão, no período noturno,
cursos de graduação nos mesmos padrões de qualidade mantidos no período
diurno, sendo obrigatória a oferta noturna nas instituições públicas, garantida
a necessária previsão orçamentária.

Observa-se, assim, uma preocupação da legislação em dar maior publicidade


às condições em que o curso se desenvolve, aos docentes participantes, às
disciplinas etc. Ademais, frisa-se a necessidade de presença nos cursos (salvo
aqueles ministrados na modalidade a distância) e manutenção (e aumento) dos
padrões de qualidade nas diferentes versões do curso.
A comprovação da realização dos cursos será feita por diplomas (documento
formal, de validade nacional, emitido por instituições de ensino, relativo a cursos
reconhecidos pelo MEC e validados por esse mesmo órgão, que habilita o seu titular
ao exercício de determinada profissão e/ou a ingressar em níveis superiores da
educação) ou certificados (documento emitido por uma instituição que atesta que a
participação de seu titular em algo).
De acordo com o artigo 48, os diplomas de cursos superiores reconhecidos,
quando registrados, terão validade nacional como prova da formação recebida por
seu titular e deverão observar as seguintes regras:

§ 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por elas próprias


registrados, e aqueles conferidos por instituições não universitárias serão
registrados em universidades indicadas pelo Conselho Nacional de
Educação.
§ 2º Os diplomas de graduação expedidos por universidades estrangeiras
serão revalidados por universidades públicas que tenham curso do mesmo
nível e área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais de
reciprocidade ou equiparação.
§ 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos por universidades
estrangeiras só poderão ser reconhecidos por universidades que possuam
cursos de pós-graduação reconhecidos e avaliados, na mesma área de
conhecimento e em nível equivalente ou superior.

Na sequência, em seu artigo 49, a LDB dispõe que as instituições de educação


superior aceitarão a transferência de alunos regulares, para cursos afins, na hipótese
de existência de vagas, e mediante processo seletivo.
Em seu artigo 50, a LDB determina que as instituições de educação superior,
quando da ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas de seus cursos a
alunos não regulares que demonstrarem capacidade de cursá-las com proveito,
mediante processo seletivo prévio.

64
Ainda, quanto ao ingresso na educação superior, o artigo 51 da LDB determina
que as instituições de educação superior credenciadas como universidades, ao
deliberar sobre critérios e normas de seleção e admissão de estudantes, levarão em
conta os efeitos desses critérios sobre a orientação do ensino médio, articulando-se
com os órgãos normativos dos sistemas de ensino.
Neste particular, importante salientar que atualmente as instituições de ensino
têm utilizado o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e, consequentemente o
desempenho do educando em tal exame como critério de seleção para ingresso na
educação superior.
Em seu artigo 52, a LDB trata das universidades como instituições
pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de
pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano, que se caracterizam
por:

I – produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático dos


temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e
cultural quanto regional e nacional;
II – um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de
mestrado ou doutorado;
III – um terço do corpo docente em regime de tempo integral.
Parágrafo único. É facultada a criação de universidades especializadas por
campo do saber.

No exercício de sua autonomia, assegurada no artigo 207 da Constituição


Federal, são asseguradas às universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes
atribuições:

I – criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação


superior previstos nesta Lei, obedecendo às normas gerais da União e,
quando for o caso, do respectivo sistema de ensino;
II – fixar os currículos dos seus cursos e programas, observadas as diretrizes
gerais pertinentes;
III – estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa científica,
produção artística e atividades de extensão;
IV – fixar o número de vagas de acordo com a capacidade institucional e as
exigências do seu meio;
V – elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em consonância com
as normas gerais atinentes;
VI – conferir graus, diplomas e outros títulos;
VII – firmar contratos, acordos e convênios;
VIII – aprovar e executar planos, programas e projetos de investimentos
referentes a obras, serviços e aquisições em geral, bem como administrar
rendimentos conforme dispositivos institucionais;
IX – administrar os rendimentos e deles dispor na forma prevista no ato de
constituição, nas leis e nos respectivos estatutos;
X – receber subvenções, doações, heranças, legados e cooperação
financeira resultante de convênios com entidades públicas e privadas.

65
§ 1º Para garantir a autonomia didático-científica das universidades, caberá
aos seus colegiados de ensino e pesquisa decidir, dentro dos recursos
orçamentários disponíveis, sobre:
I – criação, expansão, modificação e extinção de cursos;
II – ampliação e diminuição de vagas;
III – elaboração da programação dos cursos;
IV – programação das pesquisas e das atividades de extensão;
V – contratação e dispensa de professores;
VI – planos de carreira docente.
§ 2º As doações, inclusive monetárias, podem ser dirigidas a setores ou
projetos específicos, conforme acordo entre doadores e universidades.
§ 3º No caso das universidades públicas, os recursos das doações devem
ser dirigidos ao caixa único da instituição, com destinação garantida às
unidades a serem beneficiadas.

Em relação às universidades, fundadas no tripé “ensino, pesquisa e extensão”,


vale complementar com a disposição do artigo 17 do Decreto nº 9.235/2017, segundo
o qual as universidades devem observar as seguintes condições:

I – um terço do corpo docente estar contratado em regime de tempo integral;


II – um terço do corpo docente possuir titulação acadêmica de mestrado ou
doutorado;
III – no mínimo, sessenta por cento dos cursos de graduação terem sido
reconhecidos e terem conceito satisfatório obtido na avaliação externa in
loco realizada pelo Inep ou em processo de reconhecimento devidamente
protocolado no prazo regular;
IV – possuírem programa de extensão institucionalizado nas áreas do
conhecimento abrangidas por seus cursos de graduação;
V – possuírem programa de iniciação científica com projeto orientado por
docentes doutores ou mestres, que pode incluir programas de iniciação
profissional ou tecnológica e de iniciação à docência;
VI – terem obtido CI maior ou igual a quatro na avaliação externa in
loco realizada pelo Inep, prevista no § 2º do artigo 3º da Lei n.º 10.861, de
2004;
VII – oferecerem regularmente quatro cursos de mestrado e dois cursos de
doutorado reconhecidos pelo Ministério da Educação; e
VIII – não terem sido penalizadas em decorrência de processo administrativo
de supervisão nos últimos dois anos, contado da data de publicação do ato
que penalizou a IES (BRASIL, 2017).

Quanto às universidades públicas, elas terão estatuto jurídico especial para


atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e financiamento pelo Poder
Público, assim como dos seus planos de carreira e do regime jurídico do seu pessoal,
conforme artigo 54 da LDB. Este artigo, em seus parágrafos, dispõe:

§ 1º No exercício da sua autonomia, além das atribuições asseguradas pelo


artigo anterior, as universidades públicas poderão:

66
I – propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e administrativo, assim
como um plano de cargos e salários, atendidas às normas gerais pertinentes
e os recursos disponíveis;
II – elaborar o regulamento de seu pessoal em conformidade com as normas
gerais concernentes;
III – aprovar e executar planos, programas e projetos de investimentos
referentes a obras, serviços e aquisições em geral, de acordo com os
recursos alocados pelo respectivo poder mantenedor;
IV – elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais;
V – adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas peculiaridades de
organização e funcionamento;
VI – realizar operações de crédito ou de financiamento, com aprovação do
poder competente, para aquisição de bens imóveis, instalações e
equipamentos;
VII – efetuar transferências, quitações e tomar outras providências de ordem
orçamentária, financeira e patrimonial necessárias ao seu bom desempenho.
§ 2º Atribuições de autonomia universitária poderão ser estendidas a
instituições que comprovem alta qualificação para o ensino ou para a
pesquisa, com base em avaliação realizada pelo Poder Público.

Neste particular, vale salientar que, além das universidades, as instituições de


ensino superior também poderão ser configuradas como faculdades ou centros
universitários.
Inicialmente, as instituições são credenciadas pelo Ministério da Educação
(MEC) como faculdades, podendo posteriormente solicitar o credenciamento como
centro universitário ou universidade caso sejam preenchidos determinados requisitos
legais, tais como, padrão de qualidade, qualificação do quadro profissional etc.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), o termo faculdade possui duas
conotações: a primeira refere-se a uma instituição de ensino superior que oferta
cursos em número pequeno de áreas do conhecimento, cuja abertura deve ser
autorizada pelo MEC e cujo corpo docente deve possuir pós-graduação lato sensu; a
segunda corresponde às unidades de uma universidade, como, por exemplo, a
faculdade de odontologia da Universidade de São Paulo.
Já os centros universitários e as universidades possuem um espectro mais
amplo de áreas do conhecimento e critérios mais exigentes para o seu funcionamento.
De acordo com o artigo 16 do Decreto n.º 9.235/2017, as instituições de ensino
superior poderão solicitar ser credenciadas como centro universitário, desde que
atendam aos seguintes requisitos:

I – um quinto do corpo docente estar contratado em regime de tempo integral;


II – um terço do corpo docente possuir titulação acadêmica de mestrado ou
doutorado;
III – no mínimo, oito cursos de graduação terem sido reconhecidos e terem
obtido conceito satisfatório na avaliação externa in loco realizada pelo Inep;
IV – possuírem programa de extensão institucionalizado nas áreas do
conhecimento abrangidas por seus cursos de graduação;

67
V – possuírem programa de iniciação científica com projeto orientado por
docentes doutores ou mestres, que pode incluir programas de iniciação
profissional ou tecnológica e de iniciação à docência;
VI – terem obtido Conceito Institucional – CI maior ou igual a quatro na
avaliação externa in loco realizada pelo Inep, prevista no § 2º do art. 3º da Lei
n.º 10.861, de 14 de abril de 2004; e
VII – não terem sido penalizadas em decorrência de processo administrativo
de supervisão nos últimos dois anos, contado da data de publicação do ato
que penalizou a IES (Brasil, 2017).

Feita esta observação, voltemos à análise da LDB com o artigo 55 da referida


lei.
Quanto aos recursos destinados às instituições mantidas pelo poder público,
sobre as instituições mantidas pela União, caberá a tal ente federativo assegurar,
anualmente, em seu orçamento geral, recursos suficientes para manutenção e
desenvolvimento das instituições de educação superior por ela mantidas (artigo 55,
LDB). As instituições mantidas pelos Estados, Distrito Federal e Municípios serão
regidas pelas peculiaridades da legislação local (estadual ou municipal).
Na sequência, em seu artigo 56, a LDB dispõe que as instituições públicas de
educação superior obedecerão ao princípio da gestão democrática, assegurada a
existência de órgãos colegiados deliberativos, de que participarão os segmentos da
comunidade institucional, local e regional. Conforme o parágrafo único de tal
dispositivo, em qualquer caso, os docentes ocuparão setenta por cento dos assentos
em cada órgão colegiado e comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração e
modificações estatutárias e regimentais, bem como da escolha de dirigentes.
Por fim, a LDB estabelece, em seu artigo 57, que, nas instituições públicas de
educação superior, o professor ficará obrigado ao mínimo de oito horas semanais de
aulas.
Além da LDB, como já salientado, merecem destaque como normas de
organização geral do ensino superior brasileiro:

• Lei n.º 9.131/1995, que trata do Conselho Nacional de Educação;


• Lei n.º 10/861/20014, que institui o Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Superior – SINAES e dá outras providências;
• Decreto n.º 9.057/2017, que regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20
de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional;
• Decreto n.º 9.235/2017, que dispõe sobre o exercício das funções de
regulação, supervisão e avaliação das instituições de educação superior e
dos cursos superiores de graduação e de pós-graduação no sistema
federal de ensino.

Para além das normas gerais citadas acima, há inúmeras outras normas e
orientações – dentre leis, decretos, portarias etc. – que balizam as atividades no
ensino superior, a exemplo daqueles que autorizam o funcionamento de instituições
de ensino, determinam disciplinas obrigatórias em determinados cursos, limitam o
número de orientandos por orientador nos cursos de pós-graduação lato sensu etc.

68
No entanto, para nós, interessa conhecer tais diretrizes gerais, pois são a base
normativa para todos os níveis e cursos de ensino superior (as demais normas, que
podem ser consultadas na página eletrônica do MEC, são voltadas para questões
muito específicas, a exemplo da norma que regulamenta os cursos de enfermagem,
por exemplo, e serão de interesse daqueles que lidam com tais especificidades).

3.3 Legislação do ensino superior no Brasil aplicada ao EaD

A educação a distância no Brasil tem como base normativa central o Decreto


nº 9.057, de maio de 2017, além de ser pautada pelas disposições das normas mais
gerais sobre educação no ensino superior (LDB, Decreto nº 9.235/2017, etc.).
O Decreto nº 9.057/2017 regulamenta o artigo 80 da LDB, que trata da oferta
de cursos na modalidade a distância no Brasil. De acordo com o artigo 80 da LDB,

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de


programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de
ensino, e de educação continuada.
§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais,
será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União.
§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e
registro de diploma relativos a cursos de educação a distância.
§ 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de
educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos
respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração
entre os diferentes sistemas.
§ 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá:
I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão
sonora e de sons e imagens e em outros meios de comunicação que sejam
explorados mediante autorização, concessão ou permissão do poder público;
II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos
concessionários de canais comerciais (BRASIL, 2017).

Este dispositivo é regulamentado pelo Decreto nº 9.057/2017, que inicia


apresentando regras gerais sobre educação a distância para todos os níveis de ensino
e definindo o que se entende por educação a distância. Conforme seu artigo 1º,
educação a distância é a:

[…] modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos


processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com
políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre
outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da
educação que estejam em lugares e tempos diversos.

69
O decreto permite que a educação básica e a educação superior sejam
ofertadas na modalidade a distância, desde que observadas as condições de
acessibilidade que devem ser asseguradas nos espaços e meios utilizados (artigo 2º,
Decreto nº 9.057/2017) e as leis e instruções expedidas pelo MEC (artigo 3º, Decreto
n.º 9.057/2017).
As atividades presenciais (a exemplo de avaliações, estágios, tutorias, práticas
de laboratório, defesa de trabalhos) serão realizadas na sede da instituição de ensino,
nos polos de educação a distância (unidade descentralizada da instituição de
educação superior, no País ou no exterior, para o desenvolvimento de atividades
presenciais relativas aos cursos ofertados na modalidade a distância, conforme artigo
5º do Decreto n.º 9.057/2017.
Tais polos terão infraestrutura física, tecnológica e de pessoal adequada aos projetos
pedagógicos dos cursos ou de desenvolvimento da instituição de ensino, sendo
vedadas a oferta de cursos superiores presenciais em instalações de polo de
educação a distância e a oferta de cursos de educação a distância em locais que não
estejam previstos na legislação) ou em ambiente profissional (artigo 4º, Decreto nº
9.057/2017).

Imagem 1 – Polo de educação a distância da Universidade Paulista (UNIP)

Fonte: Unip, sd6.

Em seu artigo 6º e 7º, o Decreto nº 9.057/2017 trata do credenciamento,


recredenciamento, autorização, reconhecimento de instituições de ensino para ofertas
de curso na modalidade EaD e indica a necessidade de dar publicidade a esses
processos.

6 Disponível em: https://www.unip.br/Ead/Polos/Polo/250 . Acesso em 17 mar. 2019.

70
Posteriormente, nos artigos 8º a 10, o Decreto nº 9.057/2017 dispõe sobre a
oferta de cursos na modalidade a distância na educação básica.
A partir de seu artigo 11, o Decreto em análise dispõe sobre a oferta de cursos
na modalidade a distância na educação superior, objeto central desta unidade e um
dos pontos altos de toda a disciplina.
O artigo 11 do Decreto nº 9.057/2017, dispõe que as instituições de ensino
superior privadas deverão solicitar credenciamento para a oferta de cursos superiores
na modalidade a distância ao Ministério da Educação, de acordo com as seguintes
orientações

§ 1º O credenciamento de que trata o caput considerará, para fins de


avaliação, de regulação e de supervisão de que trata a Lei nº 10.861, de 14
de abril de 2004, a sede da instituição de ensino acrescida dos endereços
dos polos de educação a distância, quando previstos no Plano de
Desenvolvimento Institucional e no Projeto Pedagógico de Curso.
§ 2º É permitido o credenciamento de instituição de ensino superior
exclusivamente para oferta de cursos de graduação e de pós-graduação
lato sensu na modalidade a distância.
§ 3º A oferta de curso de graduação é condição indispensável para a
manutenção das prerrogativas do credenciamento de que trata o § 2º.
§ 4º As escolas de governo do sistema federal credenciadas pelo Ministério
da Educação para oferta de cursos de pós-graduação lato sensu poderão
ofertar seus cursos nas modalidades presencial e a distância.
§ 5º As escolas de governo dos sistemas estaduais e distrital deverão solicitar
credenciamento ao Ministério da Educação para oferta de cursos de pós-
graduação lato sensu na modalidade a distância (BRASIL, 2017) (grifo
nosso).

Assim, de acordo com os parágrafos do artigo 11, é necessário o


preenchimento de algumas condições para que as instituições de ensino privadas
possam ofertar cursos na modalidade a distância.
Quanto às instituições de ensino superior públicas (sistema federal, estadual e
distrital) ainda não credenciadas para a oferta de cursos superiores na modalidade a
distância, haverá credenciamento automático, pelo prazo de cinco anos, contado do
início da oferta do primeiro curso de graduação nesta modalidade, condicionado à
previsão no Plano de Desenvolvimento Institucional (artigo 12).
Os processos de credenciamento e recredenciamento institucional, de
autorização, de reconhecimento e de renovação de reconhecimento de cursos
superiores na modalidade a distância serão submetidos à avaliação7 no local da sede
da instituição de ensino, com o objetivo de verificar a existência e a adequação de
metodologia, de infraestrutura física, tecnológica e de pessoal que possibilitem a
realização das atividades previstas no Plano de Desenvolvimento Institucional e no
Projeto Pedagógico de Curso, conforme dispõe o artigo 13 do Decreto nº 9.057/2017.

7Observa-se que os processos previstos no caput observarão, no que couber, a disciplina processual
aplicável aos processos regulatórios da educação superior em geral, nos termos da legislação
específica e das normas expedidas pelo Ministério da Educação.

71
Quanto às instituições de ensino credenciadas para a oferta de educação
superior na modalidade a distância que detenham a prerrogativa de autonomia dos
sistemas de ensino federal, estaduais e distrital, não haverá necessidade de
autorização para funcionamento de curso superior na modalidade a distância.
Deverão, no entanto, informar o Ministério da Educação quando da oferta de curso
superior na modalidade a distância, no prazo de sessenta dias, contado da data de
criação do curso, para fins de supervisão, de avaliação e de posterior reconhecimento
(artigo 14, Decreto nº 9.057/2017)8.
Observa-se que, quanto aos cursos de pós-graduação lato sensu na
modalidade a distância, haverá a possibilidade de realização das atividades
presenciais realizadas em locais distintos da sede ou dos polos de educação a
distância (artigo 15, Decreto nº 9.057/2017).
Quanto à criação de polos de educação a distância, o artigo 16 dispõe que:

A criação de polo de educação a distância, de competência da instituição de


ensino credenciada para a oferta nesta modalidade, fica condicionada ao
cumprimento dos parâmetros definidos pelo Ministério da Educação, de
acordo com os resultados de avaliação institucional.
§ 1º As instituições de ensino deverão informar a criação de polos de
educação a distância e as alterações de seus endereços ao Ministério da
Educação, nos termos a serem estabelecidos em regulamento.
§ 2º A extinção de polo de educação a distância deverá ser informada ao
Ministério da Educação após o encerramento de todas as atividades
educacionais, assegurados os direitos dos estudantes matriculados e da
comunidade acadêmica.

Assim, a criação, manutenção e extinção de polos de educação a distância


devem sempre ser informadas ao MEC, bem como seguir suas diretrizes para
instalação do polo, condições de infraestruturas, etc.
Quanto à oferta a oferta de programas de pós-graduação stricto sensu na
modalidade a distância, tal oferta ficará condicionada à recomendação da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes, observadas
as diretrizes e os pareceres do Conselho Nacional de Educação, de acordo com o
artigo 18 do Decreto nº 9.057/2017.
Por fim, ainda em relação à educação superior, o artigo 19 do Decreto nº
9.057/2017 dispõe que

a oferta de cursos superiores na modalidade a distância admitirá regime de


parceria entre a instituição de ensino credenciada para educação a distância
e outras pessoas jurídicas, preferencialmente em instalações da instituição

8 De acordo com o artigo 17 do Decreto ora analisado, “observado o disposto no art. 14, os pedidos de
autorização, de reconhecimento e de renovação de reconhecimento de cursos superiores na
modalidade a distância, ofertados nos limites dos Estados e do Distrito Federal nos quais estejam
sediadas as instituições de ensino dos sistemas estaduais e distrital, deverão tramitar nos órgãos
competentes de âmbito estadual ou distrital, conforme o caso, aos quais caberá a supervisão das
instituições de ensino. Parágrafo único. Os cursos das instituições de ensino de que trata o caput cujas
atividades presenciais forem realizadas fora do Estado da sede da instituição de ensino, estarão
sujeitos à regulamentação do Ministério da Educação”.

72
de ensino, exclusivamente para fins de funcionamento de polo de educação
a distância, na forma a ser estabelecida em regulamento e respeitado o limite
da capacidade de atendimento de estudantes.
§ 1º A parceria de que trata o caput deverá ser formalizada em documento
próprio, o qual conterá as obrigações das entidades parceiras e estabelecerá
a responsabilidade exclusiva da instituição de ensino credenciada para
educação a distância ofertante do curso quanto a:
I - prática de atos acadêmicos referentes ao objeto da parceria;
II - corpo docente;
III - tutores;
IV - material didático; e
V - expedição das titulações conferidas.
§ 2º O documento de formalização da parceria de que trata o § 1º, ao qual
deverá ser dada ampla divulgação, deverá ser elaborado em consonância
com o Plano de Desenvolvimento Institucional de cada instituição de ensino
credenciada para educação a distância.
§ 3º A instituição de ensino credenciada para educação a distância deverá
manter atualizadas junto ao Ministério da Educação as informações sobre os
polos, a celebração e o encerramento de parcerias, na forma a ser
estabelecida em regulamento, a fim de garantir o atendimento aos critérios
de qualidade e assegurar os direitos dos estudantes matriculados.

Para além dessas normas específicas a respeito da oferta de cursos superiores


na modalidade a distância, em suas disposições gerais, o Decreto nº 9.057/2017
dispõe, ainda, que os órgãos competentes poderão, motivadamente, realizar ações
de monitoramento, de avaliação e de supervisão de cursos, polos ou instituições de
ensino (artigo 20) e trata de peculiaridades a respeito de processos de
credenciamento e recredenciamento de cursos em tramitação quando da entrada em
vigor de tal decreto (artigos 21 a 24).
Preenchidos esses requisitos legais, a oferta de cursos na modalidade a
distância pode ser concretizada nas mais diversas localidades.
Por fim, em conclusão, podemos dizer que a educação superior na modalidade
a distância obedece à legislação geral sobre educação superior e também as normas
específicas sobre educação a distância. Dessa forma, é possível que as diferentes
modalidades de ensino – presencial, híbrida e a distância – mantenham o mesmo
padrão de qualidade, sejam pautadas pelos mesmos princípios e atinjam as mesmas
finalidades.

Convido-o(a) a realizar uma atividade sobre as temáticas que discutimos até


aqui.

73
Depois de analisar as principais bases normativas da educação superior,
inclusive, aquelas aplicadas à EaD, reflita:
(iii) as finalidades da educação superior, estabelecidas na LDB, podem ser
atingidas por cursos ofertados na modalidade a distância?
(iv) a educação a distância pode ser mais eficaz para a concretização de
alguma(s) dessas finalidades? Justifique sua resposta.
Reflita sobre as questões propostas e elabore um pequeno texto para
sistematizar suas considerações.

Bom trabalho!
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Nesta unidade, estudamos a legislação que regulamenta o ensino superior no
Brasil, inclusive as diretrizes sobre a educação a distância.
Iniciamos com algumas observações sobre os mecanismos e instrumentos
jurídicos que temos à nossa disposição, com destaque para as fontes do direito e a
hierarquia existente entre elas. Ressaltamos que a Constituição Federal está situada
no topo do ordenamento jurídico e ilumina a criação e interpretação de todas as
demais normas.
Depois de compreendidas essas notas jurídicas introdutórias, passamos ao
estudo mais aprofundado da LDB, com destaque para os artigos 43 a 57 que tratam
da educação superior e o Decreto nº 9.235/2017.
Por fim, estudamos a principal norma que regulamenta a educação a distância
no país, qual seja, o Decreto nº 9.057/2017, que trata das condições que devem ser
observadas para a oferta de cursos de nível superior na modalidade a distância.
Até breve!

75
UNIDADE IV

4. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ENSINO SUPERIOR

Conteúdos trabalhados na unidade: Políticas públicas para o ensino


superior: estratégias e projetos para a expansão do ensino superior;
Democratização do acesso ao ensino superior e inclusão social.

O objetivo central desta unidade é conhecer e estudar as políticas públicas


existentes no Brasil para o ensino superior, analisando a expansão do ensino superior
no país e a democratização de tal nível de ensino.
Para tanto, iniciaremos esta unidade compreendendo algumas noções
introdutórias sobre políticas públicas e, posteriormente, passaremos a analisar os
projetos efetivamente formulados para aumentar as possibilidades de acesso ao
ensino superior.
Dessa forma, poderemos compreender o que se faz em nosso país para
permitir que mais pessoas tenham condições de avançar nos caminhos da educação.
Antes de iniciarmos o estudo das estratégias utilizadas para a expansão do
ensino superior brasileiro, é importante esclarecer o que se entende por política
pública, já que muitas dessas estratégias e projetos foram criados a partir da
implementação de políticas públicas.

Você já pensou sobre isso?


Você saberia explicar o que é
uma política pública?
Consegue pensar em
exemplos de políticas públicas
existentes no Brasil e que sejam
voltadas à educação?

Se você conseguiu responder corretamente a alguma das perguntas acima,


você muito provavelmente já conseguiu compreender o conceito de política pública.
Se você ficou em dúvida sobre as questões lançadas, fique tranquilo(a), vamos
respondê-las juntos nesse momento.

76
Política pública é uma estratégia pensada para solucionar um problema de
interesse público. Essa estratégia é elaborada, geralmente, pelo poder público (via
Poder Executivo ou Poder Legislativo) – algumas vezes auxiliado pela sociedade civil
– e é dividida em uma série de etapas e organizada por inúmeras regras.
Trata-se de um conjunto de programas, ações e planos que visam concretizar
determinado direito para a sociedade.

Imagem 1 – Campanha da fraternidade 2019 “Fraternidade e políticas públicas”

Portal Kairos, sd9.

As políticas públicas podem ser direcionadas a diversas áreas, como:

 saúde, com políticas públicas destinadas a facilitar o acesso a


medicamentos, tal como o programa “Farmácia popular”;

9 Disponível em: https://portalkairos.org/o-que-sao-politicas-publicas-tema-da-campanha-da-


fraternidade-2019/. Acesso em: 30 mar. 2019.

77
Imagem 2 – Farmácia popular

Blog da Saúde – Ministério da Saúde, 201910.

 transporte, com programas como o programa “Bilhete único” de São


Paulo, que proporciona a integração entre diferentes meios de transporte
público e, no caso de idosos, permite que utilizem o serviço de forma
gratuita;

Imagem 3 – Bilhete único

SPTrans, sd11.

 moradia, com programas de habitação social, como o “Minha casa,


minha vida”;

10Disponível em: http://www.blog.saude.gov.br/index.php/servicos/53754-programa-farmacia-popular-


nova-versao-do-webservice-esta-disponivel. Acesso em: 30 mar. 2019.
11 Disponível em: http://bilheteunico.sptrans.com.br/comoObterIdoso.aspx>. Acesso em: 30 mar. 2019.

78
Imagem 4 – Minha casa, minha vida

Governo de Inhumas, sd12.

 trabalho, com programas de apoio ao trabalhador que está procurando


emprego, a exemplo do Centro de Apoio ao Trabalho (CAT);

Imagem 5 – Centro de Apoio ao Trabalho

Prefeitura de São Paulo, sd13.

12Disponível em: http://inhumas.go.gov.br/administracao/minha-casa-minha-vida/. Acesso em: 30 mar.


2019.
13Disponível em: https://www.saopaulo-sp.org/enderecos/cat-centro-de-apoio-ao-trabalhador-de-sao-
paulo-enderecos-e-como-enviar-curriculo/. Acesso em: 30 mar. 2019.

79
 educação, com programas de apoio à permanência estudantil,
democratização do acesso ao ensino, dentre outras estratégias para auxiliar na
concretização do direito à educação, a exemplo do “Programa Universidade para
Todos”, mais conhecido como ProUni;

Imagem 6 – ProUni

Prouni2018, 201914

Agora que compreendemos o que são políticas públicas, estudaremos mais a


fundo, nesta unidade, as políticas públicas voltadas à educação superior e veremos
que o ensino na modalidade a distância está no centro de várias dessas estratégias,
já que pode contribuir muito para a democratização do acesso ao ensino superior e
para a inclusão social.

Para reforçar o entendimento de políticas públicas, recomendamos a leitura do texto


abaixo:
TODOS PELA EDUCAÇÃO. O que é uma política pública e como ela afeta a sua
vida? Disponível em: <https://www.todospelaeducacao.org.br/conteudo/o-que-e-uma-politica-
publica-e-como-ela-afeta-sua-vida>. Acesso em: 30 mar. 2019.

14
Disponível em: https://prouni2018.inf.br/site-prouni-2019/. Acesso em: 30 mar. 2019.

80
4.1 Estratégias e projetos para a expansão do ensino superior

Há, no Brasil, diferentes políticas públicas, ações e programas voltados à


educação, com destaque para os projetos que contribuíram significativamente para a
ampliação do número de vagas e ao mesmo tempo viabilizaram o acesso dos jovens
ao ensino superior.

Imagem 7 – Políticas públicas para educação

P4 Notícias, 201715.

Nessa unidade, estudaremos cada um deles: (A) sistema de cotas, (B)


Programa Universidade para todos (ProUni); (C) Fundo de Financiamento Estudantil
(FIES); (D) Programa de Bolsa Permanência (PBP); (E) Reestruturação e Expansão
das Universidades Federais (REUNI); (F) Universidade Aberta do Brasil (UAB).
Vamos lá?

A. Sistema de cotas

O atual sistema de cotas na educação foi instituído no Brasil pela Lei n.º
12.711/2012, com a finalidade de garantir o acesso de grupos historicamente
excluídos a universidades federais e a instituições federais de ensino técnico de nível
médio. Esta lei estabelece que determinada porcentagem de vagas existentes nessas
instituições de ensino deverá ser direcionada a certos grupos.
Conforme o artigo 1º da Lei n.º 12.711/2012,

As instituições federais de educação superior vinculadas ao Ministério da


Educação reservarão, em cada concurso seletivo para ingresso nos cursos
de graduação, por curso e turno, no mínimo 50% (cinquenta por cento) de
suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino
médio em escolas públicas (Brasil, 2012).

15Disponível em: http://p4blognews.blogspot.com/2017/05/politicas-publicas-para-educacao_47.html.


Acesso em: 31 mar. 2019.

81
A lei observa que, no preenchimento das vagas descritas acima, 50% deverão
ser reservados aos estudantes oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5
salário mínimo per capita.
Observa, ainda, a lei, em seu artigo 3º, que

Em cada instituição federal de ensino superior, as vagas de que trata o art. 1


desta lei serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos,
pardos e indígenas e por pessoas com deficiência, nos termos da legislação,
em proporção ao total de vagas no mínimo igual à proporção respectiva de
pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência na população da
unidade da Federação onde está instalada a instituição, segundo o último
censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
Parágrafo único. No caso de não preenchimento das vagas segundo os
critérios estabelecidos no caput deste artigo, aquelas remanescentes
deverão ser completadas por estudantes que tenham cursado integralmente
o ensino médio em escolas públicas. (Brasil, 2012).

Quanto às instituições federais de ensino técnico de nível médio, em cada concurso


seletivo para ingresso em cada curso, por turno, elas devem reservar no mínimo 50% suas
vagas para estudantes que cursaram integralmente o ensino fundamental em escolas
públicas. No preenchimento de tais vagas, 50% deverão ser reservados aos estudantes
oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário mínimo per capita (artigo 4º, Lei
n.º 12.711/2012). Trata-se das chamadas “cotas sociais”.
Tais vagas, previstas no artigo 4º, serão preenchidas por autodeclarados pretos,
pardos e indígenas e por pessoas com deficiência, nos termos da legislação, em proporção
ao total de vagas no mínimo igual à proporção respectiva de pretos, pardos, indígenas e
pessoas com deficiência na população da unidade da Federação onde está instalada a
instituição, segundo o último censo do IBGE. No caso de não preenchimento das vagas
segundo os critérios estabelecidos no caput deste artigo, aquelas remanescentes deverão ser
preenchidas por estudantes que tenham cursado integralmente o ensino fundamental em
escola pública (artigo 5º, Lei n.º 12.711/2012).
Assim, em suma, a Lei 12.711/2012 estabelece que uma porcentagem das vagas em
instituições de ensino federais será destinada a estudantes de escola pública, a estudantes
oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário mínimo, a pretos, a pardos, a
indígenas e a pessoas com deficiência.
Trata-se de uma política pública que buscou equilibrar uma situação de desequilíbrio,
isto é, ao se constatar que a maioria dos ocupantes de vagas de instituições públicas –
sobretudo no nível superior – eram discentes de famílias mais abastadas, brancos e sem
deficiência, o poder público buscou incentivar o acesso de grupos excluídos à educação
pública de qualidade.
Esse incentivo legal – conhecido como “ação afirmativa” – será temporário, conforme
dispõe o artigo 7º da Lei n.º 12.711/2012:

No prazo de dez anos a contar da data de publicação desta Lei, será


promovida a revisão do programa especial para o acesso às instituições de
educação superior de estudantes pretos, pardos e indígenas e de pessoas
com deficiência, bem como daqueles que tenham cursado integralmente o
ensino médio em escolas públicas. (Brasil, 2012).

82
Assim, a lei prevê a sua própria revisão a fim de (re)adequar tal ação afirmativa de
acordo com as necessidades futuras.
Desde a sua edição até os dias atuais, a Lei n.º 12.711/2012, conhecida como lei de
cotas, divide opiniões: (i) de um lado, há aqueles favoráveis à criação de cotas, pois entendem
que é uma forma de permitir o acesso de grupos historicamente discriminados à educação;
(ii) de outro, há quem entenda que as cotas são uma forma de discriminação de grupos não
previstos na lei e que fazem com que o preconceito em face dos grupos previstos na lei
permaneça.

Imagem 8 – Cotas

Jornal da USP, 201716.

E você, o que pensa sobre isso?

B. Programa Universidade para todos (ProUni)

O Programa Universidade para todos, popularmente conhecido como ProUni,


foi instituído pela Lei n.º 11.096, de 13 de janeiro de 2005.
Trata-se de programa destinado à concessão de bolsas de estudo integrais e
bolsas de estudo parciais de 50% ou de 25% para estudantes de cursos de graduação
e sequenciais de formação específica em instituições privadas de ensino superior,
com ou sem fins lucrativos (artigo 1º, Lei n.º 11.096/2005). As bolsas serão concedidas
de acordo com as seguintes condições estabelecidas nos parágrafos do artigo 1º da
referida lei, transcritos abaixo:

16 Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/radio-usp-reune-especialistas-para-debate-sobre-


cotas/. Acesso em: 31 mar. 2019.

83
§ 1º A bolsa de estudo integral será concedida a brasileiros não portadores
de diploma de curso superior, cuja renda familiar mensal per capita não
exceda o valor de até 1 (um) salário mínimo e 1/2 (meio).
§ 2º As bolsas de estudo parciais de 50% (cinquenta por cento) ou de 25%
(vinte e cinco por cento), cujos critérios de distribuição serão definidos em
regulamento pelo Ministério da Educação, serão concedidas a brasileiros não
portadores de diploma de curso superior, cuja renda familiar mensal per
capita não exceda o valor de até 3 (três) salários mínimos, mediante critérios
definidos pelo Ministério da Educação.
§ 3º Para os efeitos desta Lei, bolsa de estudo refere-se às semestralidades
ou anuidades escolares fixadas com base na Lei n.º 9.870, de 23 de
novembro de 1999.
§ 4º Para os efeitos desta Lei, as bolsas de estudo parciais de 50% (cinquenta
por cento) ou de 25% (vinte e cinco por cento) deverão ser concedidas,
considerando-se todos os descontos regulares e de caráter coletivo
oferecidos pela instituição, inclusive aqueles dados em virtude do pagamento
pontual das mensalidades. (Brasil, 2015)

Imagem 9 – ProUni

Brasil, sd17.

Conforme o artigo 2º da referida lei, as bolsas serão destinadas a:

(I) a estudantes que tenham cursado o ensino médio completo em escola da


rede pública ou em instituições privadas na condição de bolsistas integrais;
(II) a estudantes com deficiência;

17 Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/noticias/educacao-e-ciencia/2013/01/inscricoes-para-


prouni-comecam-dia-
17?TSPD_101_R0=df245a2b36dfad78633bfc41feb79beak3s00000000000000003ea551c9ffff000000
00000000000000000000005ca0d49b0041cb16f008282a9212ab2000377709b16b966a3ad5a3a813ab
2cea887230bb5df30c119236bd2ad283fd2b4b08e06cf8ff0a2800c53b089c795d2a197b389edf5416cc4
9fe229b0905d2945605316607141d29ebb9496cc8cefdf6ff>. Acesso em: 31 mar. 2019.

84
(III) a professores da rede pública de ensino, para os cursos de licenciatura,
normal superior e pedagogia, destinados à formação do magistério da educação
básica, independentemente da renda a que se referem os §§ 1º e 2º do art. 1º desta
Lei.

O estudante beneficiado pelo Prouni será pré-selecionado pelos resultados e


pelo perfil socioeconômico do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) ou outros
critérios a serem definidos pelo Ministério da Educação, e, na etapa final, selecionado
pela instituição de ensino superior, segundo seus próprios critérios (artigo 4º, Lei n.º
11.096/2005).
A manutenção da bolsa pelo beneficiário dependerá do cumprimento de
requisitos de desempenho acadêmico estabelecidos pelo Ministério da Educação
(artigo 5º, Lei n.º 11.096/2005).

C. Fundo de Financiamento Estudantil (FIES)

O Fundo de Financiamento Estudantil, mais conhecido por sua sigla FIES, é


um programa do Ministério da Educação,

instituído pela Lei n.º 10.260, de 12 de julho de 2001, que tem como objetivo
conceder financiamento a estudantes em cursos superiores não gratuitos,
com avaliação positiva nos processos conduzidos pelo MEC e ofertados por
instituições de educação superior não gratuitas aderentes ao programa.
(MEC)

Imagem 10 – FIES

FIES, sd18.

O FIES, embora tenha passado por uma série de mudanças recentemente, não
pode ser utilizado para cursos na modalidade a distância.

D. Programa de Bolsa Permanência (PBP)

18 Disponível em: http://fies.mec.gov.br. Acesso em: 31 mar. 2019.

85
O Programa de Bolsa Permanência (PBP), criado em 2013 (Portaria n.º
189/2013 do Ministério da Educação), é uma política pública voltada a concessão de
auxílio financeiro aos estudantes, sobretudo, aos estudantes quilombolas, indígenas
e em situação de vulnerabilidade socioeconômica matriculados em instituições
federais de ensino superior e assim contribuir para a permanência e a diplomação dos
beneficiados (MEC).

Imagem 11 – PBP

Unilab, sd19.

De acordo com o MEC, o PBP tem como objetivos:

i. viabilizar a permanência de estudantes em situação de vulnerabilidade


socioeconômica, em especial os indígenas e quilombolas;
ii. reduzir custos de manutenção de vagas ociosas em decorrência de evasão
estudantil;
iii. promover a democratização do acesso ao ensino superior, por meio da
adoção de ações complementares de promoção do desempenho acadêmico.

Poderá ser beneficiário do auxílio o estudante que cumprir, cumulativamente,


as seguintes condições20:

I. possuir renda familiar per capita não superior a um 1,5 salário mínimo;
II. estar matriculado em cursos de graduação com carga horária média superior
ou igual a 5 (cinco) horas diárias;

19
Disponível em: http://www.unilab.edu.br/noticias/2017/07/25/programa-de-bolsa-permanencia-abre-
inscricoes-para-estudantes-indigenas-e-quilombolas-a-partir-de-1o-de-agosto/. Acesso em: 31 mar.
2019.
20
O disposto nos incisos I e II não se aplica aos estudantes indígenas ou quilombolas.

86
III. não ultrapassar dois semestres do tempo regulamentar do curso de
graduação em que estiver matriculado para se diplomar;
IV. ter assinado Termo de Compromisso;
V. ter seu cadastro devidamente aprovado e mensalmente homologado pela
instituição federal de ensino superior no âmbito do sistema de informação do
programa.

Assim, o PBP tem por finalidade diminuir as desigualdades sociais, étnico-


raciais e contribuir para permanência e diplomação dos estudantes de graduação em
situação de vulnerabilidade socioeconômica das instituições federais de ensino
superior.

E. Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni)

O Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, mais


conhecido como REUNI, tem como objetivo apoiar as universidades federais para
ampliar o acesso e a permanência de alunos na educação superior, no nível de
graduação, para o aumento da qualidade dos cursos e pelo melhor aproveitamento
da estrutura física e de recursos humanos existentes nas universidades federais,
respeitadas as características particulares de cada instituição e estimulada a
diversidade do sistema de ensino superior (MEC, 2007, p. 9).

Imagem 12 – Reuni

MEC, sd21.

De acordo com as diretrizes gerais do Reuni, o programa foi estruturado em


seis dimensões fundamentais a fim de atingir seus objetivos. São elas: (1) ampliação
da oferta de educação superior pública, (2) reestruturação acadêmico-curricular, (3)
renovação pedagógica da educação superior, (4) mobilidade intra e interinstitucional,
(5) compromisso social da instituição e (6) suporte da pós-graduação ao
desenvolvimento e aperfeiçoamento qualitativo dos cursos de graduação.

21Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/diretrizesreuni.pdf>. Acesso em: 31 mar.


2019.

87
Dessa forma, busca-se ampliar o acesso à educação de nível superior pública,
preocupando-se com a qualidade do ensino ofertado e com a democratização desse
acesso.

F. Universidade Aberta do Brasil (UAB)

O Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) foi instituído pelo Decreto


5.800, de 8 de junho de 2006, com vistas ao “desenvolvimento da modalidade de
educação a distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e
programas de educação superior no país”.

Imagem 13 – UAB

Super Vestibular, sd22.

Trata-se de iniciativa que

fomenta a modalidade de educação a distância nas instituições públicas de


ensino superior, bem como apoia pesquisas em metodologias inovadoras de
ensino superior respaldadas em tecnologias de informação e comunicação.
Além disso, incentiva a colaboração entre a União e os entes federativos e
estimula a criação de centros de formação permanentes por meio dos polos
de educação a distância em localidades estratégicas (CAPES, 2016).

Assim, a UAB propicia a parceria entre as diferentes esferas governamentais –


federal, estadual e municipal – para efetivar o acesso à educação superior.
De acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes),

22
Disponível em: https://vestibular.mundoeducacao.bol.uol.com.br/ensino-distancia-ead/universidade-
aberta-brasil-uab.htm. Acesso em: 31 mar. 2019.

88
Ao plantar a semente da universidade pública de qualidade em locais
distantes e isolados, incentiva o desenvolvimento de municípios com baixo
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (IDEB). Desse modo, funciona como um eficaz instrumento
para a universalização do acesso ao ensino superior, minimizando a
concentração de oferta de cursos de graduação nos grandes centros urbanos
e evitando o fluxo migratório para as grandes cidades.

As oportunidades oferecidas pelo programa são amplas, mas é dada prioridade


à formação inicial e continuada para os professores que atuam na educação básica.
Por fim, vale salientar que, para além desses programas estudados nessa
unidade, que são programas federais, existem outros próprios em cada estado ou até
mesmo município brasileiro, a exemplo do sistema de cotas adotados em
universidades estaduais.

4.2 Democratização do acesso ao ensino superior e inclusão social

Como podemos observar a partir das políticas públicas analisadas acima, os


diversos programas criados têm a finalidade de possibilitar que um maior número de
pessoas consigam ter acesso à educação superior (em instituições de ensino superior
públicas e/ou privadas), sobretudo aquelas que enfrentam mais e maiores barreiras
para tanto, sejam econômicas, culturais ou até mesmo físicas.
Sem dúvidas, os programas analisados acima contribuíram em alguma medida
para a ampliação e democratização do acesso ao ensino superior, promovendo
inclusão social. Se antes as famílias de baixa renda não conseguiam chegar às
universidades (públicas ou privadas), hoje há mais instrumentos que favoreçam tal
acesso.
Ademais, podemos dizer que há, no nosso país, uma série de programas e
ações articuladas para favorecer o acesso e a permanência dos estudantes no ensino
superior. Trata-se de políticas públicas inter-relacionadas que pretendem, ao final,
oferecer um ensino superior de qualidade.
Tais políticas são importantes e louváveis, no entanto, ainda assim, há muito o
que avançar, tanto na quantidade de vagas existentes no ensino superior (sobretudo
em instituições públicas), quanto na qualidade do ensino.
Diante desse desafio, a utilização do EaD como forma de democratizar (ou não)
o ensino superior no Brasil tem sido cada vez mais discutido por pesquisadores e
profissionais da educação.
De um lado, alguns autores defendem que a educação a distância pode ser
uma modalidade de ensino capaz de ampliar o número e as possibilidades de acesso
ao ensino superior a parcelas cada vez maiores da população, já que oferece uma
forma de estudo flexível e moldável às diversas realidades do país, suprindo
dificuldades de locomoção, adequação do tempo de estudo etc.
De outro lado, estão aqueles que enxergam a EaD como uma forma de esvaziar
conteúdos, reduzir a qualidade de ensino e de formação crítica. Segundo esse ponto

89
de vista, a educação na modalidade a distância corresponderia a uma
“mercantilização”.
E você, já pensou sobre isso? O que pensa sobre a educação a distância no
ensino superior? Acha que tal modalidade pode ser uma alternativa viável para a
ampliação do acesso ao ensino superior e inclusão social?
Para que você possa ter mais argumentos e consiga fundamentar sua opinião,
recomendamos a leitura a seguir:

BORGES, Felipe Augusto Fernandes. A EaD no Brasil e o Processo de Democratização do


Acesso ao Ensino Superior: diálogos possíveis. In: EAD em Foco, v. 5, n. 3, 2015. Disponível
em: <http://eademfoco.cecierj.edu.br/index.php/Revista/article/view/283>. Acesso em: 31
mar. 2019.

Convido-o(a) a realizar uma atividade sobre as temáticas que discutimos até


aqui.

Depois de analisar os exemplos de políticas públicas citados nesta unidade,


reflita:

(v) você já foi beneficiário de alguma dessas ou de alguma outra política


pública?
(vi) você conhece alguma outra política pública destinada à educação que
não citamos aqui?

Reflita sobre as questões propostas e elabore um pequeno texto para


sistematizar suas considerações.

Bom trabalho!

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91
Nesta unidade, nos dedicamos ao estudo das políticas públicas existentes no
Brasil que buscam democratizar o acesso ao ensino superior e promover a inclusão
social.
Iniciamos esclarecendo o que se entende por políticas públicas e dando alguns
exemplos sobre políticas públicas voltadas a diversas áreas, tais como saúde,
transporte, moradia, trabalho e educação.
Posteriormente, passamos ao estudo pormenorizado de programas existentes
no Brasil que buscam efetivar o direito à educação no ensino superior, com destaque
para:
(A) sistema de cotas;
(B) Programa Universidade para todos (ProUni);
(C) Fundo de Financiamento Estudantil (FIES);
(D) Programa de Bolsa Permanência (PBP);
(E) Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI);
(F) Universidade Aberta do Brasil (UAB).

Por fim, concluímos nossa unidade e nossa disciplina com uma reflexão sobre
a democratização do acesso ao ensino superior e a inclusão social.

Espero que nossos estudos tenham sido proveitosos e possam ter estimulado
sua reflexão crítica acerca da educação superior no Brasil, inclusive na modalidade a
distância.

92
REFERÊNCIAS

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2017, São Paulo. Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2017/10/25/para-
formar-homens-de-leis/. Acesso em: 10 fev. 2019.

ABED. Censo EAD.BR 2017. 2018. Disponível em:


http://abed.org.br/arquivos/CENSO_EAD_BR_2018_digital_completo.pdf. Acesso
em: 11 fev. 2018.

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso
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______. Decreto n.º 5.622, de 19 de dezembro de 2005. 2005. Disponível em:


http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2005/decreto-5622-19-dezembro-2005-
539654-publicacaooriginal-39018-pe.html. Acesso em: 6 fev. 2019.

______. Lei n.º 9.394 sobre as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 18
fev. 2019.

______. Decreto n.º 9.235. 2017. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2017/Decreto/D9235.htm#art107. Acesso em: 16 mar. 2019.

______. Decreto n.º 9.057. 2017. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9057.htm.
Acesso em: 16 mar. 2019.

______. Lei n.º 12.711, de 29 de agosto de 2012. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm. Acesso em:
30 mar. 2019.

______. Lei n.º 11.096, de 13 de janeiro de 2005. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11096.htm. Acesso
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CAPES. O que é o Sistema UAB? 2016. Disponível em:


http://www.capes.gov.br/uab/o-que-e-uab. Acesso em: 30 mar. 2019.

DINIZ, M. H. Fontes do Direito. In: Enciclopédia Jurídica da PUCSP, Tomo Teoria


Geral e Filosofia do Direito, Edição 1, jun. 2017. 1996. Disponível em:
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FARIA, A. A.; SALVADORI, A. A Educação a Distância e seu Movimento Histórico


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93
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95
ANEXO 123

Unidade Instituições

da Total Universidades Federações de Escolas e Faculdades Integradas Estabelecimentos Isolados

Federação Geral Total Federal Estadual Municipal Particular Total Federal Estadual Municipal Particular Total Federal Estadual Municipal Particular

Brasil 922 136 39 27 6 64 143 0 4 7 132 643 18 43 67 515

Norte 34 9 6 2 0 1 4 0 0 0 4 21 2 1 1 17

Rondônia 8 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 7 0 0 0 7

Acre 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Amazonas 11 1 1 0 0 0 3 0 0 0 3 7 1 1 0 5

Roraima 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Pará 8 3 1 1 0 1 1 0 0 0 1 4 1 0 0 3

Amapá 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1

Tocantins 3 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 1 1

Nordeste 97 26 10 12 0 4 10 0 3 0 7 61 3 1 11 46

Maranhão 4 2 1 1 0 0 1 0 0 0 1 1 1 0 0 0

Piauí 6 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 4

Ceará 8 5 1 3 0 1 1 0 0 0 1 2 0 0 0 2

R. G. do Norte 5 2 1 1 0 0 2 0 0 0 2 1 1 0 0 0

23
Fonte: INEP. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-superior. Acesso em: 11 fev. 2018.

96
Paraíba 8 2 1 1 0 0 1 0 0 0 1 5 0 0 0 5

Pernambuco 33 4 2 1 0 1 0 0 0 0 0 29 0 0 11 18

Alagoas 8 1 1 0 0 0 4 0 3 0 1 3 0 1 0 2

Sergipe 3 2 1 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1

Bahia 22 6 1 4 0 1 1 0 0 0 1 15 1 0 0 14

Sudeste 575 62 13 6 1 42 103 0 1 1 101 410 10 15 40 345

Minas Gerais 136 12 6 2 0 4 37 0 0 1 36 87 6 6 5 70

Espírito Santo 25 1 1 0 0 0 3 0 1 0 2 21 0 1 3 17

Rio de Janeiro 95 15 4 1 0 10 21 0 0 0 21 59 3 0 1 55

São Paulo 319 34 2 3 1 28 42 0 0 0 42 243 1 8 31 203

Sul 122 29 6 5 5 13 10 0 0 2 8 83 3 14 6 60

Paraná 58 7 1 4 0 2 2 0 0 0 2 49 1 14 5 29

Santa Catarina 21 7 1 1 5 0 2 0 0 2 0 12 0 0 1 11

R. G. do Sul 43 15 4 0 0 11 6 0 0 0 6 22 2 0 0 20

Centro-Oeste 94 10 4 2 0 4 16 0 0 4 12 68 0 12 9 47

M.G. do Sul 22 2 1 0 0 1 4 0 0 0 4 16 0 0 0 16

Mato Grosso 23 3 1 1 0 1 4 0 0 0 4 16 0 0 1 15

Goiás 36 3 1 1 0 1 6 0 0 4 2 27 0 12 8 7

Distrito Federal 13 2 1 0 0 1 2 0 0 0 2 9 0 0 0 9

97
Anexo 2 – Sinopse estatística da educação superior – 2017

Censo da Educação Superior 2017

1.1 Número de instituições de educação superior, por organização acadêmica e localização (capital e interior),
segundo a unidade da federação e a categoria administrativa das IES - 2017

Unidade da Instituições
Federação /
Categoria Total Geral Universidades Centros Universitários Faculdades IF e CEFET
Administrativ
a Total Capital Interior Total Capital Interior Total Capital Interior Total Capital Interior Total Capital Interior

Brasil 2.448 874 1.574 199 86 113 189 79 110 2.020 679 1.341 40 30 10

Pública 296 98 198 106 49 57 8 1 7 142 18 124 40 30 10

Fede
ral 109 65 44 63 31 32 - - - 6 4 2 40 30 10

Esta
dual 124 33 91 39 18 21 1 1 - 84 14 70 - - -

Muni
cipal 63 - 63 4 - 4 7 - 7 52 - 52 - - -

Privada 2.152 776 1.376 93 37 56 181 78 103 1.878 661 1.217 - - -

Norte 165 98 67 17 15 2 11 7 4 130 69 61 7 7 -

98
Pública 24 20 4 15 13 2 1 - 1 1 - 1 7 7 -

Fede
ral 17 15 2 10 8 2 - - - - - - 7 7 -

Esta
dual 5 5 - 5 5 - - - - - - - - - -

Muni
cipal 2 - 2 - - - 1 - 1 1 - 1 - - -

Privada 141 78 63 2 2 - 10 7 3 129 69 60 - - -

Rondônia 34 14 20 1 1 - 2 1 1 30 11 19 1 1 -

Pública 2 2 - 1 1 - - - - - - - 1 1 -

Fede
ral 2 2 - 1 1 - - - - - - - 1 1 -

Esta
dual - - - - - - - - - - - - - - -

Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 32 12 20 - - - 2 1 1 30 11 19 - - -

Acre 11 10 1 1 1 - - - - 9 8 1 1 1 -

Pública 2 2 - 1 1 - - - - - - - 1 1 -

99
Fede
ral 2 2 - 1 1 - - - - - - - 1 1 -

Esta
dual - - - - - - - - - - - - - - -

Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 9 8 1 - - - - - - 9 8 1 - - -

Amazonas 20 20 - 3 3 - 3 3 - 13 13 - 1 1 -

Pública 3 3 - 2 2 - - - - - - - 1 1 -

Fede
ral 2 2 - 1 1 - - - - - - - 1 1 -

Esta
dual 1 1 - 1 1 - - - - - - - - - -

Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 17 17 - 1 1 - 3 3 - 13 13 - - - -

Roraima 7 7 - 2 2 - 1 1 - 3 3 - 1 1 -

Pública 3 3 - 2 2 - - - - - - - 1 1 -

Fede
ral 2 2 - 1 1 - - - - - - - 1 1 -

100
Esta
dual 1 1 - 1 1 - - - - - - - - - -

Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 4 4 - - - - 1 1 - 3 3 - - - -

Pará 54 22 32 6 4 2 2 1 1 45 16 29 1 1 -

Pública 6 4 2 5 3 2 - - - - - - 1 1 -

Fede
ral 5 3 2 4 2 2 - - - - - - 1 1 -

Esta
dual 1 1 - 1 1 - - - - - - - - - -

Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 48 18 30 1 1 - 2 1 1 45 16 29 - - -

Amapá 15 14 1 2 2 - - - - 12 11 1 1 1 -

Pública 3 3 - 2 2 - - - - - - - 1 1 -

Fede
ral 2 2 - 1 1 - - - - - - - 1 1 -

Esta
dual 1 1 - 1 1 - - - - - - - - - -

101
Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 12 11 1 - - - - - - 12 11 1 - - -

Tocantins 24 11 13 2 2 - 3 1 2 18 7 11 1 1 -

Pública 5 3 2 2 2 - 1 - 1 1 - 1 1 1 -

Fede
ral 2 2 - 1 1 - - - - - - - 1 1 -

Esta
dual 1 1 - 1 1 - - - - - - - - - -

Muni
cipal 2 - 2 - - - 1 - 1 1 - 1 - - -

Privada 19 8 11 - - - 2 1 1 17 7 10 - - -

Nordeste 517 242 275 39 22 17 27 19 8 440 191 249 11 10 1

Pública 66 26 40 32 15 17 - - - 23 1 22 11 10 1

Fede
ral 29 19 10 18 9 9 - - - - - - 11 10 1

Esta
dual 15 7 8 14 6 8 - - - 1 1 - - - -

Muni
cipal 22 - 22 - - - - - - 22 - 22 - - -

102
Privada 451 216 235 7 7 - 27 19 8 417 190 227 - - -

Maranhão 45 24 21 3 3 - - - - 41 20 21 1 1 -

Pública 3 3 - 2 2 - - - - - - - 1 1 -

Fede
ral 2 2 - 1 1 - - - - - - - 1 1 -

Esta
dual 1 1 - 1 1 - - - - - - - - - -

Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 42 21 21 1 1 - - - - 41 20 21 - - -

Piauí 44 29 15 2 2 - 1 1 - 40 25 15 1 1 -

Pública 3 3 - 2 2 - - - - - - - 1 1 -

Fede
ral 2 2 - 1 1 - - - - - - - 1 1 -

Esta
dual 1 1 - 1 1 - - - - - - - - - -

Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 41 26 15 - - - 1 1 - 40 25 15 - - -

103
Ceará 72 37 35 7 3 4 7 4 3 57 29 28 1 1 -

Pública 7 3 4 6 2 4 - - - - - - 1 1 -

Fede
ral 4 2 2 3 1 2 - - - - - - 1 1 -

Esta
dual 3 1 2 3 1 2 - - - - - - - - -

Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 65 34 31 1 1 - 7 4 3 57 29 28 - - -

Rio Grande
do Norte 28 16 12 4 2 2 2 2 - 21 11 10 1 1 -

Pública 5 3 2 3 1 2 - - - 1 1 - 1 1 -

Fede
ral 3 2 1 2 1 1 - - - - - - 1 1 -

Esta
dual 2 1 1 1 - 1 - - - 1 1 - - - -

Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 23 13 10 1 1 - 2 2 - 20 10 10 - - -

Paraíba 42 25 17 3 1 2 2 1 1 36 22 14 1 1 -

104
Pública 4 2 2 3 1 2 - - - - - - 1 1 -

Fede
ral 3 2 1 2 1 1 - - - - - - 1 1 -

Esta
dual 1 - 1 1 - 1 - - - - - - - - -

Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 38 23 15 - - - 2 1 1 36 22 14 - - -

Pernambuco 106 35 71 5 4 1 7 4 3 92 26 66 2 1 1

Pública 28 4 24 4 3 1 - - - 22 - 22 2 1 1

Fede
ral 5 3 2 3 2 1 - - - - - - 2 1 1

Esta
dual 1 1 - 1 1 - - - - - - - - - -

Muni
cipal 22 - 22 - - - - - - 22 - 22 - - -

Privada 78 31 47 1 1 - 7 4 3 70 26 44 - - -

Alagoas 29 20 9 3 2 1 3 3 - 22 14 8 1 1 -

Pública 4 3 1 3 2 1 - - - - - - 1 1 -

105
Fede
ral 2 2 - 1 1 - - - - - - - 1 1 -

Esta
dual 2 1 1 2 1 1 - - - - - - - - -

Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 25 17 8 - - - 3 3 - 22 14 8 - - -

Sergipe 18 13 5 2 1 1 - - - 15 11 4 1 1 -

Pública 2 1 1 1 - 1 - - - - - - 1 1 -

Fede
ral 2 1 1 1 - 1 - - - - - - 1 1 -

Esta
dual - - - - - - - - - - - - - - -

Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 16 12 4 1 1 - - - - 15 11 4 - - -

Bahia 133 43 90 10 4 6 5 4 1 116 33 83 2 2 -

Pública 10 4 6 8 2 6 - - - - - - 2 2 -

Fede
ral 6 3 3 4 1 3 - - - - - - 2 2 -

106
Esta
dual 4 1 3 4 1 3 - - - - - - - - -

Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 123 39 84 2 2 - 5 4 1 116 33 83 - - -

Sudeste 1.121 301 820 80 29 51 101 31 70 929 235 694 11 6 5

Pública 156 32 124 29 10 19 4 1 3 112 15 97 11 6 5

Fede
ral 36 15 21 19 5 14 - - - 6 4 2 11 6 5

Esta
dual 90 17 73 8 5 3 1 1 - 81 11 70 - - -

Muni
cipal 30 - 30 2 - 2 3 - 3 25 - 25 - - -

Privada 965 269 696 51 19 32 97 30 67 817 220 597 - - -

Minas Gerais 296 49 247 22 3 19 22 6 16 246 38 208 6 2 4

Pública 23 5 18 13 2 11 - - - 4 1 3 6 2 4

Fede
ral 17 3 14 11 1 10 - - - - - - 6 2 4

Esta
dual 3 2 1 2 1 1 - - - 1 1 - - - -

107
Muni
cipal 3 - 3 - - - - - - 3 - 3 - - -

Privada 273 44 229 9 1 8 22 6 16 242 37 205 - - -

Espírito
Santo 78 23 55 2 1 1 4 2 2 71 19 52 1 1 -

Pública 5 3 2 1 1 - - - - 3 1 2 1 1 -

Fede
ral 2 2 - 1 1 - - - - - - - 1 1 -

Esta
dual 1 1 - - - - - - - 1 1 - - - -

Muni
cipal 2 - 2 - - - - - - 2 - 2 - - -

Privada 73 20 53 1 - 1 4 2 2 68 18 50 - - -

Rio de
Janeiro 136 71 65 17 9 8 18 8 10 98 52 46 3 2 1

Pública 27 12 15 6 3 3 1 1 - 17 6 11 3 2 1

Fede
ral 12 8 4 4 2 2 - - - 5 4 1 3 2 1

Esta
dual 13 4 9 2 1 1 1 1 - 10 2 8 - - -

Muni
cipal 2 - 2 - - - - - - 2 - 2 - - -

108
Privada 109 59 50 11 6 5 17 7 10 81 46 35 - - -

São Paulo 611 158 453 39 16 23 57 15 42 514 126 388 1 1 -

Pública 101 12 89 9 4 5 3 - 3 88 7 81 1 1 -

Fede
ral 5 2 3 3 1 2 - - - 1 - 1 1 1 -

Esta
dual 73 10 63 4 3 1 - - - 69 7 62 - - -

Muni
cipal 23 - 23 2 - 2 3 - 3 18 - 18 - - -

Privada 510 146 364 30 12 18 54 15 39 426 119 307 - - -

Sul 405 111 294 49 11 38 34 11 23 316 87 229 6 2 4

Pública 31 9 22 21 7 14 2 - 2 2 - 2 6 2 4

Fede
ral 17 7 10 11 5 6 - - - - - - 6 2 4

Esta
dual 9 2 7 9 2 7 - - - - - - - - -

Muni
cipal 5 - 5 1 - 1 2 - 2 2 - 2 - - -

Privada 374 102 272 28 4 24 32 11 21 314 87 227 - - -

109
Paraná 189 59 130 15 5 10 16 8 8 157 45 112 1 1 -

Pública 13 3 10 10 2 8 1 - 1 1 - 1 1 1 -

Fede
ral 4 3 1 3 2 1 - - - - - - 1 1 -

Esta
dual 7 - 7 7 - 7 - - - - - - - - -

Muni
cipal 2 - 2 - - - 1 - 1 1 - 1 - - -

Privada 176 56 120 5 3 2 15 8 7 156 45 111 - - -

Santa
Catarina 93 14 79 13 2 11 11 - 11 67 11 56 2 1 1

Pública 8 3 5 4 2 2 1 - 1 1 - 1 2 1 1

Fede
ral 4 2 2 2 1 1 - - - - - - 2 1 1

Esta
dual 1 1 - 1 1 - - - - - - - - - -

Muni
cipal 3 - 3 1 - 1 1 - 1 1 - 1 - - -

Privada 85 11 74 9 - 9 10 - 10 66 11 55 - - -

Rio Grande
do Sul 123 38 85 21 4 17 7 3 4 92 31 61 3 - 3

110
Pública 10 3 7 7 3 4 - - - - - - 3 - 3

Fede
ral 9 2 7 6 2 4 - - - - - - 3 - 3

Esta
dual 1 1 - 1 1 - - - - - - - - - -

Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 113 35 78 14 1 13 7 3 4 92 31 61 - - -

Centro-Oeste 240 122 118 14 9 5 16 11 5 205 97 108 5 5 -

Pública 19 11 8 9 4 5 1 - 1 4 2 2 5 5 -

Fede
ral 10 9 1 5 4 1 - - - - - - 5 5 -

Esta
dual 5 2 3 3 - 3 - - - 2 2 - - - -

Muni
cipal 4 - 4 1 - 1 1 - 1 2 - 2 - - -

Privada 221 111 110 5 5 - 15 11 4 201 95 106 - - -

Mato Grosso
do Sul 28 11 17 5 3 2 2 1 1 20 6 14 1 1 -

Pública 4 2 2 3 1 2 - - - - - - 1 1 -

111
Fede
ral 3 2 1 2 1 1 - - - - - - 1 1 -

Esta
dual 1 - 1 1 - 1 - - - - - - - - -

Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 24 9 15 2 2 - 2 1 1 20 6 14 - - -

Mato Grosso 59 19 40 3 2 1 2 1 1 53 15 38 1 1 -

Pública 3 2 1 2 1 1 - - - - - - 1 1 -

Fede
ral 2 2 - 1 1 - - - - - - - 1 1 -

Esta
dual 1 - 1 1 - 1 - - - - - - - - -

Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 56 17 39 1 1 - 2 1 1 53 15 38 - - -

Goiás 89 28 61 4 2 2 5 2 3 78 22 56 2 2 -

Pública 8 3 5 3 1 2 1 - 1 2 - 2 2 2 -

Fede
ral 3 3 - 1 1 - - - - - - - 2 2 -

112
Esta
dual 1 - 1 1 - 1 - - - - - - - - -

Muni
cipal 4 - 4 1 - 1 1 - 1 2 - 2 - - -

Privada 81 25 56 1 1 - 4 2 2 76 22 54 - - -

Distrito
Federal 64 64 - 2 2 - 7 7 - 54 54 - 1 1 -

Pública 4 4 - 1 1 - - - - 2 2 - 1 1 -

Fede
ral 2 2 - 1 1 - - - - - - - 1 1 -

Esta
dual 2 2 - - - - - - - 2 2 - - - -

Muni
cipal - - - - - - - - - - - - - - -

Privada 60 60 - 1 1 - 7 7 - 52 52 - - - -

Fonte: INEP. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-superior. Acesso em: 11 fev. 2018.

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