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Instituição Credenciada pelo MEC – Portaria 4.385/05

Unis - MG

Centro Universitário do Sul de Minas

Unidade de Gestão de Pós-graduação – GEPÓS

Av. Cel. José Alves, 256 - Vila Pinto

Varginha - MG - 37010-540

Mantida pela

Fundação de Ensino e Pesquisa do Sul de Minas – FEPESMIG

Varginha/MG

Todos os direitos desta edição reservados ao Unis-MG.

É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou parte do mesmo, sob qualquer


meio, sem autorização expressa do Unis-MG.
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FÉLIX, Nidia Mirian Rocha

Guia de Estudo – Prática de Formação –


Nidia Mirian Rocha Félix. Varginha: GEaD -
UNIS/MG, 2012.
179 p.

Compreensão geral da disciplina de Prática de


Formação Docente. 2. A elaboração do memorial
reflexivo do curso. 3. Metodologias E Técnicas Escolares.
I. Título
4

REITOR

Prof. Ms. Stefano Barra Gazzola

GESTOR

Prof. Ms. Wanderson Gomes de Souza

Supervisora Técnica

Profª. Ms. Simone de Paula Teodoro Moreira

Design Educacional

Prof. Celso Augusto dos Santos Gomes

Victor Venga

Coord. do Núcleo de Comunicação

Renato de Brito

Coord. do Núcleo de Recursos Tecnológicos

Lúcio Henrique de Oliveira

Coordenadora do Núcleo Pedagógico

Terezinha Nunes Gomes Garcia

Equipe de Tecnologia Educacional

Danúbia Pinheiro Teixeira

Maria Carolina Silva Castro Oliveira

Revisão Ortográfica / Gramatical

Gisele Silva Ferreira

Erika de Paula Sousa


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Autora
Nidia Mirian Rocha Félix
Doutoranda (UNIMEP/SP) e Mestre (UNINCOR/MG) em Educação; graduação
em Matemática (UNIS/MG), graduanda em Filosofia (UFLA/MG), especialista
em Matemática, Supervisão Escolar, Docência em EaD, Psicopedagogia e
Gestão Escolar. Professora universitária: Grupo UNIS/MG - cursos de
graduação em EaD nas áreas de Formação de Professores, Gestão escolar,
Metodologia da Matemática, Introdução à Matemática e Estágio nos cursos de:
Matemática, Física, Ciências Biológicas e Letras; Graduação presencial na área
de Gestão Escolar, Introdução à Matemática e Sociologia nos cursos: Educação
Física, Fisioterapia, Assistente Social, Pedagogia, Biomedicina e Publicidade e
Propaganda. Realiza assistência técnica na área pedagógica em unidades de
ensino; ministra cursos presenciais relacionados a metodologias do ensino de
matemática e educação infantil, políticas públicas, avaliação, educação inclusiva
e projetos pedagógicos.
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Sumário

APRESENTAÇÃO........................................................................................................... 8
OBJETIVOS da disciplina.............................................................................................. 10
EMENTA ....................................................................................................................... 10
Parte 1: A RELAÇÃO ENTRE ESTADO, POLÍTICA E EDUCAÇÃO E A
CONDICIONANTES HISTÓRICAS. ........................................................................... 12
Parte 2: Um histórico das políticas educacionais. .......................................................... 35
Parte 3: Histórico das legislações e das relações com as políticas públicas no Brasil. 58
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 66
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APRESENTAÇÃO

Caro(a) aluno(a),

Você está recebendo o guia de estudo da disciplina Gestão Escolar, que será
desenvolvida ao longo do semestre letivo nos cursos de Licenciatura do Centro
Universitário do Sul de Minas – UNIS/MG.

Vamos estabelecer discussões com fundamentação teórica e conceitual sobre os


processos que envolvem as organizações dos ambientes escolares, dando ênfase na
condução política e pedagógica da escola. O que possibilitará analisar as políticas
educacionais em determinados momentos históricos - conhecimento este necessário
para a sua formação na área de Política Educacional.

Para tanto, veremos que a legislação, ao mesmo tempo em que define normas para
a educação nacional, é formulada em função dos projetos que o País tem para esse setor.
A política da gestão educacional brasileira é, portanto, a operacionalização dessa
legislação e, simultaneamente, orienta a formulação das leis educacionais brasileiras.

Neste guia de estudo, você terá oportunidade, também, de refletir sobre a gestão
escolar; saberá como se desenvolve, na prática cotidiana da escola, as ações de um
gestor democrático e conhecerá os processos que integram um PPP (Projeto Político
Pedagógico escolar). Verá também como se organiza os espaços e tempos escolares e
como se estabelece uma escola autônoma.

Enfim, nossa intenção é que você compreenda as várias facetas de um colegiado


escolar, pois ele subdivide-se em Conselho Escolar e de Classe, Associação de Pais e
Mestres e Grêmio Estudantil.

Portanto, saiba que o estudo desta temática é muito importante tanto para o
trabalho desenvolvido pela escola como um todo como para a prática docente que você
realiza ou virá a realizar.

Você observará que, ao longo deste guia de estudo, a palavra “democracia” será
muito utilizada. Este tema tem sido bastante debatido em nosso país, nas últimas
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décadas, nos mais variados espaços da sociedade brasileira e tem sido retomado por
diferentes grupos, instituições sociais e organizações não governamentais, de forma
articulada à questão da cidadania. Esta postura revela a necessidade e a vontade dos
indivíduos em debater e construir uma sociedade e uma escola que promovam práticas
democráticas.

Assim, o que estamos propondo aqui visa ajudá-lo(a) a perceber que a democracia
deve estar presente em todos os espaços da escola, desde sua gestão como instituição
responsável pela sistematização de um saber historicamente acumulado, até a gestão da
sala de aula, quando consideramos o trabalho que o professor ali realiza.

Desejo um bom período e êxito em suas produções e reflexões!

Profª. Nidia Mirian Rocha Félix.


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OBJETIVOS DA DISCIPLINA

 Abordar a gênese histórica de diferentes concepções da relação entre projeto


político-econômico e educação, enfatizando o caráter de direito social desta
última, como referência para a análise do quadro nacional da educação escolar,
da expansão dos diferentes níveis de ensino, das políticas de educação escolar e
das políticas de acesso e permanência na escola.
 Compreender a promoção da ideia de continuidade entre a educação e a vida
pela consideração da escola como campo de exercício e de promoção da
cidadania.
 Saber sobre a importância do trabalho coletivo, a metodologia e a construção de
um PPP escolar.
 Compreender que há uma articulação entre o projeto político pedagógico e a
prática pedagógica desenvolvida nas atividades escolares.
 Conhecer sobre a organização do trabalho escolar verificando a sua linguagem,
tempo, espaço e formas de organização.
 Dimensionar que a promoção da gestão democrática nas escolas públicas está
diretamente ligada aos espaços de participação de pessoas e setores da
comunidade nas escolas, estabelecendo assim, a construção da autonomia
escolar com responsabilidade e visando à promoção da cidadania dos
envolvidos.

EMENTA

Análise de políticas educacionais brasileiras com destaque para a política educacional


no contexto das políticas públicas. Gestão democrática nas escolas públicas e legislação
da Educação Básica. A importância do trabalho coletivo na sua construção do projeto
pedagógico a partir das organizações estruturais e legais da Educação Básica.
Metodologia e articulação na construção do projeto pedagógico.
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A Análise Das Políticas Educacionais


Brasileira: Políticas Públicas

META
É prentensão que você, ao final desta unidade, tenha uma percepção geral dos
processos que envolve a evolução da educação básica dentro dos fundamentos teoricos
numa perspectiva de elo entre Estado, Política e os processos educativos, ou seja, como
se estabelece a politica publica em Educação, de forma a compreender a evolução dos
textos legais relativos a organização nacional. Nesta unidade, pretendemos, também
desenvolver discusssões que englobe as reflexões sobre as influências que a ação do
homem, nos seus espaços de poder, têm trazido para as populações, em particular na
educação, outro aspecto que será abordado refere-se a influências do poder político da
educação, ao longo do tempo, e as abordagens de produção de desigualdades, e por
outro lado será demonstrados histórias de sucessos educacionais, você será
oportunizado a compreender a abrangência do campo de estudo da ciência política.
Você verá historicamente como as ideias políticas dominam e influenciam as decisões
dos governos em todos os campos de conhecimento e as políticas públicas de Educação
no mundo e em nosso país.

OBJETIVOS

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta unidade, você seja capaz de:

 Identificar o processo do desenvolvimento referente a fundamentação


teórica e conceitual sobre as relações entre Estado, Política e Educação
com possibilidades de analise das políticas educacionais em
determinados momentos históricos.
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 Relacionar através de estudo a aplicação e a avaliação dos textos legais


relativos à organização da educação nacional, aprofundando nas relações
estabelecidas para a legislação da educação básica no Brasil e seus
condicionantes específicos.
 Analisar a relação entre a educação e o desenvolvimento social e
econômico, presente em vários momentos da política educacional
brasileira.

PARTE 1: A RELAÇÃO ENTRE ESTADO, POLÍTICA E


EDUCAÇÃO E A CONDICIONANTES HISTÓRICAS.

Antes de iniciarmos nosso estudo sobre a


fundamentação teórica e conceitual das
relações de estado, política e educação, é
importante tomarmos contato com alguns
conceitos recorrentes nos textos legais.

Então, pessoal! Como indicado,


esses conceitos são fundamentais
para o entendimento dos objetivos
educacionais que devemos
perseguir. Veja o esquema abaixo, e
responda às argumentações:
13

Iniciaremos, portanto com duas reflexões:

ESTADO EDUCAÇÃO

POLÍTICA

a. Que relação é estabelecida no elo demonstrado na


figura acima?
b. Para você, política é algo que se desenvolve nos
meios educacionais? Justifique sua resposta.

O papel do estado em relação às conduções educacionais tem


destaque em variados momentos histórico em nosso País. O Estado
sempre esteve presente nas orientações gerais sobre as conduções
educacionais. E, você deve compreender que, quando nos referimos
ao estado, na realidade, estamos comentando sobre poder público em
suas três instâncias: Federal, Estadual e Municipal.

Para uma melhor compreensão sobre a correlação existente entre: Estado +


Política + Educação, considere que desde a promulgação da constituição Federal de
1988, o nosso País está envolto com os aspectos democráticos de forma abrangente e o
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que o poder público constrói em suas ações é o senso democrático, que envolve o
entendimento sobre a relação estabelecida entre os cidadãos e o poder público, portanto,
a correlação entre a tríade acima proposta tem o sentido de desenvolver nos indivíduos
ações que promovam a relação democrática; é esse o ponto fundamental da
correlação entre as três esferas propostas.

Vamos refletir um pouco mais: registre as suas primeiras impressões e/ou


conceitos, partindo das seguintes questões:

Vamos compreender as Caríssimos(as)!!! Mas, antes, apenas a título


definições para Estado e de compreensão geral, em vários textos
Política? acadêmicos, vamos encontrar as expressões
ciência política, teoria política e sociologia
política como sinônimas, gerando algumas
confusões quanto ao objeto de estudo.
Afirma-se, portanto, que "o objeto da ciência
política não apresenta grandes dificuldades:
é a ciência da autoridade dos governantes, do
poder."

Vejamos então alguns conceitos no texto a


seguir...

Leia com atenção e


observe o que os
pensadores e/ou
pesquisadores descrevem
sobre o assunto:

De acordo com Nascimento (§ 2-3):


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O Estado costuma ser definido como a totalidade da autoridade política numa


dada sociedade humana. E vários elementos que considero chaves definem
institucional e funcionalmente a noção de Estado. Primeiramente, o Estado é
um conjunto de instituições ocupadas pelo pessoal próprio do aparelho do
Estado ou a chamada burocracia responsável pela lei e a ordem. O Estado, de
certa forma, monopoliza a criação de regras dentro de seu território. Isto leva à
criação de uma cultura política comum compartilhada por todos os cidadãos.

Já para Zanette (§ 5-6), o conceito de estado é:

O termo “Estado” refere-se àquele setor da sociedade criado por documentos


legais chamados constituições, que é responsável pelo bem comum de todos os
cidadãos que optam por morar e conviver no seu território como membros da
sociedade civil, seja em nível de maior abrangência (âmbito Federal), menor
abrangência (Municipal) ou intermediário (Estadual). Já o termo “Governo”,
refere-se ao grupo ou associação de grupos de indivíduos, organizados em
partidos políticos (alguns alinhados ideologicamente mais com a direita, outros
com a esquerda ou o centro) que, quando eleitos, democraticamente ou não,
assumem os poderes executivo e legislativo durante um período temporário,
fixo e curto, normalmente de quatro anos, podendo ou não ser reconduzido. A
herança portuguesa deixada no Brasil é a de um Estado forte, centralizador e
patriarcal, que acaba sufocando nosso próprio sistema educacional. Desta
forma, concebemos o papel do Estado por meio de uma visão anacrônica igual
aos tempos da Monarquia, onde o controle da nação concentra-se nos
participantes do Governo que entram e saem a cada quatro anos, independente
da variação partidária. Contudo, ocorre que a complexidade da sociedade
contemporânea, com suas necessidades de adaptação rápida a novas
circunstâncias e contingências, elimina qualquer possibilidade de manter um
Estado centralizador, pesado ao se movimentar ou tomar decisões e retrógrado
na sua visão de sociedade.

De acordo ainda com Nascimento (§ 7-9),

[...]as teorias e pesquisas sobre o Estado mostram que uma análise do sistema
educacional não pode estar separada de algumas análises explícitas ou
implícitas do papel, do propósito e do funcionamento do governo. De fato, a
educação pública não significa apenas uma função do Estado em termos de
ordem legal ou suporte de financiamento público. As exigências específicas
para títulos dos professores, os livros - textos impostos e os cursos requeridos
para o currículo básico - são controlados por exigências do Estado e
designados através de políticas públicas do Estado. De maneira semelhante,
muitos argumentam que o Estado desempenha um papel importante em
relacionar a Educação com a Economia. Apesar das dificuldades em identificar
as exatas contribuições para o crescimento econômico, é evidente que o Estado
por meio da política pública e das despesas públicas contribuiu muito para
facilitar os elos entre o sistema educacional e a economia. Exatamente por isso
as relações entre educação, política e Estado não podem ser discutidas
unicamente a partir da perspectiva da cultura política dominante. Esse caráter
político está relacionado, antes de tudo, com os currículos explícitos e também
com as ligações mais sutis entre a educação e o poder. O conceito de Estado é
diferente dos conceitos de governo, sistema político ou regime político. A
importância do Estado foi eloquentemente apresentada por muitos autores,
entre eles, destaco Atílio Borón. Este conceito de Estado passou a ser, nas
ciências sociais contemporâneas, um dos pouquíssimos conceitos dotados da
capacidade de promover um rico debate teórico e metodológico, para não falar
de sua existência prática.
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Bom, comentamos, logo acima, que a questão da democracia, e da existência


dela no Brasil, é um tema bastante discutido e que foi com a promulgação da
constituição federal de 1988, que em nosso País, a intensa manifestação em prol da
redemocratização foi concretizada. E, compreenda, também que em todos os conceitos
acima trabalhados, tem sido objeto de vários estudos acadêmicos e projetos políticos.

Sendo assim, o fim do Regime Militar e a implantação daquilo que se


chamou de Nova República implicou na criação de um novo tipo de
cidadão brasileiro. Um cidadão participativo, sabedor de seus direitos e
deveres, ciente da importância de suas ações para a construção de uma
nação forte e também um sujeito que saiba conviver com a diversidade.
Na construção desta redemocratização foi reservado um espaço
privilegiado para a escola e a ação pedagógica que ela desenvolve.
(SHIROMA, 2004)

E, é esse o interesse do nosso foco de estudo, compreender como o estado e as


políticas públicas afetam o desenvolvimento geral das conduções educacionais, para que
você, ao atuar dentro das unidades escolares, tenha consciência do seu papel de agente
transformador de realidades. E que possa saber conduzir-se de forma mais coerente e
consciente frente ao sistema de ensino ao qual estiver inserido.

Agora, para sabermos o conceito


de Política, convido-o (a)
compreendê-lo a partir da
etimologia da palavra:
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Podemos começar a refletir sobre o conceito de política


usando a etimologia da palavra: política origina-se no
grego politiké, palavra originada de polis, cujo significado
é “cidade”.

Usando alguns dos conceitos mais perpetuados, temos:

Para Hannah Arendt1 (2001) a política “baseia-se na pluralidade dos homens.” “Política
trata da convivência entre diferentes.” Esta pensadora declara que Política implica coexistência
de diferenças, o que remete a questão da pluralidade de pensamentos, a igualdade a ser
alcançada através do exercício de interesses, quase sempre conflitantes, é a liberdade e não a
justiça, pois é aquela, a liberdade, que distingue “o convívio dos homens na polis de todas as
outras formas de convívio humano que eram bem conhecidas dos gregos.” Portanto, a igualdade
(isonomia) quer dizer, antes de tudo, que todos têm o mesmo direito à atividade política. Ela não
é, nem pode ser garantida por leis, pois estas decorrem de acordos ou imposições que surgem no
curso das relações humanas, ao passo que o ser político, o cidadão, precede essas confabulações
e, nesta condição, promove ou não os acertos que se inscrevem no convívio sempre
contraditório da política enquanto ação ou intervenção no seio da comunidade. Nós estamos
acostumados a entender lei e direito no sentido dos dez mandamentos na condição de
mandamentos e proibições, cujo único sentido consiste em que eles exigem obediência. A lei
ordena e, ao interditar movimentos e ações, cria, antes de mais nada, um espaço no qual ela
vale, e esse espaço é o mundo em que podemos mover-nos em liberdade. Ao sustentar que a
política é algo vital para os indivíduos e para a sociedade, Hannah é atual. O fato de os políticos,
os profissionais, estarem padecendo uma rejeição tão grande por parte do cidadão comum, não
quer dizer que o exercício da política esteja comprometido. Ao contrário, a vocação
“autárquica”, como diz Hannah, ou simplesmente o destino comum da humanidade fortalece a
sua convicção de que o objetivo da política é a garantia da vida no sentido mais amplo. E este
sentido, o da libertação, será tão satisfatório quanto mais o homem puder caminhar em busca de
seus objetivos sem amarras institucionais.

Para Aranha2 (1993:179):

Na conversa diária, usamos a palavra política de diversas formas que não se


referem necessariamente a seu sentido fundamental. Assim, sugerimos a

1
ARENDT, Hannah. Entre o Passado e o Futuro. Trad. Mauro W. Barbosa de Almeida. 5.ed. São Paulo:
Editora Perspectiva, 2001.
2
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à
Filosofia. 2.ed. ver. Atual. São Paulo: Moderna, 1993.
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alguém que seja “mais político” na sua maneira de agir, ou nos referimos à
“política” da empresa, da escola, da Igreja, enquanto formas de exercícios e
disputa do poder interno [...] Há também o sentido pejorativo da política, dado
pelas pessoas desencantadas diante da corrupção e da violência, associando-a à
“politicagem”, falsa política em que predominam os interesses particulares
sobre os coletivos.

No entanto, é preciso delimitar as áreas de discussão e situar as respostas


historicamente, ao se definir o que é política. Pois, são amplos os fatores que envolvem a sua
conceituação, múltiplos são os caminhos, se quisermos estabelecer a relação entre política e
poder; entre poder, força e violência; entre autoridade, coerção e persuasão; entre Estado e
governo e por ai vai... Finalmente, é possível entender política como luta pelo poder que implica
em: conquista, manutenção e expansão do poder.

Por fim, Valle lembra-nos que:

A noção de ciência política não é recente. Está presente desde a Grécia


Antiga, se lembrarmos das ideias e das reflexões de Aristóteles - que nos
legou a primeira grande obra: Política, e de Platão, criador de um sistema
político, em seu livro República, no qual o modelo de sociedade deveria
adotar um sistema de Educação em que todos os cidadãos teriam igualdade
de condições. Séculos separam a Grécia Antiga dos fatos históricos que
culminaram com a Revolução Francesa, com a Revolução Industrial e com as
lutas pela independência dos países da América de colonização europeia.
Neste longo período histórico, a visão política das populações era estática,
baseando-se na ideia medieval de que o governante tem direitos e obrigações
complementares, e sua soberania estava acima dos poderes dos súditos.”
(VALLE, 2009:17)

Portanto, ao se falar em poder, nos deparamos com outros conceitos que


precisamos entender; são eles: origem, natureza e significação do poder. Sendo que
sempre vão surgir indagações como: Qual é o fundamento do poder? Qual é a sua
legitimidade? É necessário que alguns mandem e outros obedeçam? O que torna viável
o poder de um sobre o outro? Qual o critério de autoridade? Bem, vamos construir, em
conjunto, respostas claras para estas questões ao longo do desenvolvimento dessa
disciplina.
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A partir dessas visões sobre o que é


Estado e Política, você já pode
retomar o seu conceito e reformulá-
lo. Volte ao início e veja se precisa
rever o que você pesquisou.

Ah! Aproveitando a
oportunidade, tente responder
as questões propostas acima
relacionadas à questão de
poder!

Enfim, a partir do que já discutimos (e de outras fontes que você pesquisar),


conceitue “política educacional” e dê uma definição para as relações
políticas com educação.

Resposta Comentada: Em sua pesquisa você poderá encontrar as


seguintes indicações: que a política educacional é a área que faz
referência aos processos educativos de forma ampla, pois desde o
momento que concebemos políticas para a formação geral dos
profissionais da educação, estamos planejando a educação; e em se
falar de planejamento - é este o aspecto relevante das políticas
educacionais o fator relevante, ou seja, organização, capacitação das
pessoas, onde essas pessoas irão trabalhar, como elas trabalharão,
como será o processo de relação das mesmas com as comunidades,
pois, ao falarmos de educação, estamos nos referindo a processos
formativos em geral. De forma bem simples, podemos dizer que a
política educacional possui como fator preponderante a organização
de toda estrutura da educação desde o ministério até as salas de aula.
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Alguns pensadores possuem conceitos interessantes sobre os processos que envolvem a


política, veja:

“A política é coisa séria demais para ser deixada com os


políticos.” Charles De Gaulle

“Qual a primeira parte da política? A educação. A segunda?


A educação. E a terceira? A educação.” Jules Michelet

Certo, sabemos que a palavra Política, no senso comum, sempre é motivo para desprezo,
mas saiba que no meio educacional, ou melhor, ao relacionar política e educação, a palavra
política deverá fazer parte do cotidiano de uma unidade escolar, uma vez que, o seu significado
em sentindo amplo, deverá proporcionar considerações que nos remeterá a reflexões que
possibilitem a transformação, seja do meio em que se está inserido, seja em sentido mais amplo,
que é a transformação de mentalidades e das condições de vidas de comunidade, nas quais a
escola está inserida.
Em se falando de educação, até agora não trabalhamos com o conceito puro dessa palavra
não é mesmo?
Falamos sobre o conceito de estado: que de forma bem simples, podemos considerar, a
partir de alguns autores, que ele problematiza as suas ações como sendo o que assegura o regime
que o País possui na condução da nação, no nosso caso, o Estado nas suas dimensões, seja:
Federal, Estadual ou Municipal, tem como propósito fazer valer o que expressa a constituição
federal 1988: ‘manter os processos democráticos’, certo?! Já as questões políticas, são as ações
estabelecidas, o instrumento pelo qual o estado se vale para que os processos democráticos se
firmem nas variadas esferas sociais. Portanto, falta conceituar o que é Educação; vejamos
algumas considerações:

O texto a seguir, é uma referência à carta dos índios enviada ao


Estado Americano como resposta à crença desse povo sobre o
que é educação.
21

O que é educação (Brandão: 1982)3

Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou


na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços
da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender e
ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os
dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias:
educação? Educações. Por isso sempre achamos que temos alguma
coisa a dizer sobre a educação que nos invade a vida, por que não
começar a pensar sobre ela e com o que uns índios uma vez
escreveram?

Há muitos anos nos Estados Unidos, Virgínia e Maryland


(universidades) assinaram um tratado de paz com os índios das Seis
Nações. Ora, como as promessas e os símbolos da educação sempre
foram muito adequados a momentos solenes como aquele, logo
depois os seus governantes mandaram cartas aos índios para que
enviassem alguns dos seus jovens às escolas dos brancos. Os chefes
responderam agradecendo e recusando. A carta acabou conhecida
porque alguns anos mais tarde Benjamin Franklin adotou o costume
de divulgá-la aqui e ali. Eis o trecho que nos interessa:

“... Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam


o bem para nós e agradecemos de todo o coração.

Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações


têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não
ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia de educação não é a
mesma que a nossa.

3
(Brandão, C. R. O que é educação. 51ª ed. São Paulo, Brasiliense. 1982, p.7-9.)
22

Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas


do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltaram
para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e
incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o
veado, matar o inimigo e construir uma cabana e falavam a nossa
língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam
como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.

Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora


não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão, oferecemos aos
nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens,
que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos deles, homens”.

De tudo que se discute hoje sobre a educação, algumas das


questões entre as mais importantes estão escritas nesta carta de índios.
Não há uma forma única nem um único modelo de educação, a escola
não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor, o
ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é
seu único praticante.

Pois bem, vamos retomar a ideia do objetivo da educação e refletir um pouco mais a
esse respeito. Recorremos, para isso, a uma afirmativa de Paulo Freire4. O autor diz:

Enquanto categoria abstrata, instituição em si, portadora de alguma natureza imutável da


qual se diga é boa, é má, a escola não existe. Enquanto aspecto social em que a educação
formal, que não é toda a educação, se dá a escola na verdade não é, a escola está sendo
historicamente. A compreensão do seu estar sendo, porém, não pode ser lograda fora da
compreensão de algo mais abrangente que ela – a sociedade mesma na qual se acha.
(FREIRE, 1980)

4
FREIRE, P. Cuidado Escola! Desigualdades, domesticação e algumas saídas Apresentação. In: IDAC.
Instituto de Ação Cultural. São Paulo: Brasiliense, 1980, p. 7.
23

Entretanto, ao dizer que a escola "não é uma


categoria abstrata", Paulo Freire está
afirmando que a escola, a educação, tem de
ser vista como algo que estabelece uma Caríssimo(a),
relação estreita com a sociedade da qual faz
parte. Paulo Freire tem as suas
considerações, mas vamos ampliar
um pouco mais. Na visão de Saviani,
educação é:

[...] o ato de produzir, direta ou intencionalmente, em cada indivíduo


singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo
conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação diz respeito à
identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos
indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos [...]
(SAVIANE, 1998).

Após as considerações dos autores, compreendemos que a escola será boa, se for capaz
de cumprir os objetivos que essa sociedade espera dela, de realizar as funções que lhe foram
atribuídas por essa sociedade. Será ruim, se não for capaz de cumprir suas funções, se afastando
dos objetivos que lhe foram atribuídos. Nesse sentido, quando afirma que “na verdade a escola
não é, ela está sendo”, o autor quer nos chamar a atenção para o fato de que a escola é uma
construção histórica, isto é, ela está sujeita a mudanças, não está pronta, acabada, mas em
constante processo de construção. É por meio das reformas educacionais – ou seja, das políticas
públicas para a educação - que as mudanças idealizadas são implantadas pelo governo na
organização e no funcionamento dos sistemas de ensino e, particularmente, das escolas, em
resposta às exigência das mudanças efetivadas na sociedade.

Ao situarmos a escola brasileira, como recomenda Paulo Freire, constatamos de início que
ela faz parte de uma sociedade capitalista caracterizada pelo conflito entre capital e trabalho, pela
exploração dos trabalhadores por parte dos detentores do capital. Uma sociedade marcada,
principalmente, por profundas desigualdades sociais e econômicas. A escola organiza-se, para
isso, em conformidade com os princípios liberais que sustentam essa sociedade capitalista. A sua
pedagogia é uma pedagogia liberal, fruto de uma doutrina que defende os interesses individuais,
24

a propriedade privada e a posse dos meios de produção.

Segundo essa pedagogia, a função da escola é preparar os indivíduos para os papéis que
devem desempenhar na sociedade, conforme sua aptidão, seu talento e seus próprios interesses,
sem questionar a organização dessa sociedade. E a escola de nossos dias faz isso, já que procura
adaptar os indivíduos às normas e valores vigentes na sociedade capitalista, contribuindo para a
sua reprodução. Os conteúdos ensinados na escola e que devem ser aprendidos pelos alunos,
assim como o tipo de relações que, em geral, a escola estabelece, são os instrumentos por ela
usados para garantir essa adaptação. A escola ergue-se como instituição neutra a serviço da
coletividade, supostamente praticando a justiça social, garantindo igualdade de condições e
atribuindo os êxitos e eventuais fracassos ao mérito de cada um.

Quando o professor julga que a aprendizagem dos seus alunos depende apenas do esforço
e dedicação pessoal de cada um, está procedendo em conformidade com os princípios dessa
pedagogia liberal.

Bom, neste ponto das nossas discussões, podemos agora iniciar um processo de costura dos
conceitos até então estabelecidos por nós. Convido-o(a) a alinhavar as práticas escolares com os
processos praticados pelas políticas que conduzem a educação e que de forma bem simples,
formam a sociedade na qual vivemos e interagimos. E nesse emaranhado social, surge conceitos
que a prática pedagógica utiliza. Um deles é a Pedagogia Liberal:

Para compreendermos com sustentabilidade o que vem a


ser “Pedagogia Liberal”, vamos iniciar fazendo um recorte e
compreendermos o conceito de “Liberal” e “Neoliberal”,
pois, se vivemos em um país que possui uma economia que
dá suporte e é dali que saem os recursos para manter e
desenvolver as políticas públicas, necessitamos
compreender qual é a política econômica de nosso país, ou
melhor, não só de nosso país, mas da maioria dos países
atualmente.
25

Vejamos os conceitos de
liberalismo e neoliberalismo
em relação às políticas
econômicas.

Nos anos 80, o processo de abertura política


(neoliberalismo) possibilitou novas discussões, e a
legislação que nos orienta hoje na educação, a LBD
9394/96, segue este princípio – o Neoliberal.
Bem, você pode estar se perguntando o que tem a
ver política econômica com política educacional. Aí,
informamos a você: tudo, pois é um processo holístico.
Para que possamos desenvolver qualquer uma das
políticas, seja na educação, na saúde, no
desenvolvimento, no trânsito, etc., necessitamos de
recursos. Então, viu como são acopladas as políticas?

A LDB em vigência possui o princípio de liberdade,


porém isso não quer dizer que ele é praticado,
compreende?! O ideário de intenção da LDB
promulgada em 96 é este, porém sabemos que na
prática da grande maioria das unidades escolares,
esse princípio está engatinhando e sendo construído
(ou não)!
26

Agora, é bom acrescentar


que os conceitos a seguir
ajudaram na compreensão
sobre os tópicos
apresentados logo acima.
Vejamos então:

Vamos aprofundar um pouco


mais neste assunto e
compreender os tipos de
Pedagogias que sustentam as
relações pedagógicas em
consonância com as práticas
política, sociais e econômicas.
Usaremos para tanto as
definições de Libâneo (1985):

As tendências Pedagógicas na
prática escolar dividem-se em dois
grandes blocos: Pedagogia Liberal e
Pedagogia Progressista. Vejam os
conceitos de cada uma e seus
desdobramentos...
27

1º - Pedagogia Liberal: Subdivida em Tradicional, Renovadora,


Progressista, Renovada não-diretiva e tecnicista. Veja o conceito de
cada uma:

 Pedagogia Liberal: Esta tendência é uma justificação do sistema


capitalista. Difunde a ideia de igualdades de condições. Os
procedimentos didáticos, as relações professor/aluno não têm
nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito menos com as
realidades sociais.

 Liberal Tradicional: O papel da escola é o preparo e moral para a


sociedade. Os conteúdos de ensinos são os valores, a tradição e a
cultura. A metodologia é a exposição verbal. O relacionamento entre
professor e aluno caracteriza-se na autoridade.

 Liberal Renovada Progressista: O papel da escola é adaptar o aluno


ao meio onde vive; enfatiza-se o aprender a aprender. O método
utilizado é o trabalho em grupo, aprender fazendo. Não há lugar
especial para o professor, ele tenta harmonizar a disposição do aluno.

 Renovada Não-Diretiva: O papel da escola é promover o auto-


desenvolvimento pessoal, os alunos buscam por si mesmos os
conhecimentos. O professor é o próprio método, é facilitador. A
educação é centrada no aluno, o professor é especialista em
relações humanas.
 Tecnicista: O papel da escola é produzir indivíduos competentes
para o mercado de trabalho. Os conteúdos de ensino são, por
princípio, científicos. Os métodos de ensino são procedimentos que
asseguram a transmissão e a recepção de informações. O professor
é o elo de ligação entre a verdade científica e o aluno.

2º Pedagogia Progressista: Subdivida em Libertadora, Libertária e


Crítico-social de conteúdos.
28

 Pedagogia Progressista: Tendência que parte de uma análise crítica


das realidades sociais; sustenta finalidades sócio-políticas de
educação. Não é institucionalizada em sociedades capitalistas, é
apenas instrumento de luta de professores junto com outras
práticas.

 Libertadora: Tem como principal pensador PAULO FREIRE e


caracteriza-se pelo antiautoritarismo e pela valorização das
experiências vividas.

 Libertária: Caracteriza-se pela autogestão pedagógica, pelo


processo de aprendizagem grupal, é uma educação popular, não
formal.

 Crítico-Social dos Conteúdos: Acentua a primazia dos conteúdos


no seu confronto com as realidades sociais. A escola serve como
mediação entre o indivíduo e o social e estimula o saber elaborado.

Por fim, ao estabelecermos a compreensão sobre todos estes conceitos, partiremos


para a discussão prática usando, é claro, os conceitos acima estabelecidos. Compreenderemos,
assim, que a correlação entre as práticas pedagógicas, políticas estabelecidas e a legislação
fundamentam a nossa prática em princípios norteadores para as ações pedagógicas acima
discutidas, pois compreender os preceitos legais, faz-nos mais conscientes de nossas ações
enquanto profissionais da educação. Veja na prática como cada um dos pressupostos
pedagógicos pode influenciar na formação das novas gerações:
29

Característica
Concepções de
Currículo dentro
Objetivos

Sociedade

Professor
das políticas

Escola

Aluno
educacionais

- Habilitar o indivíduo a

Transmissora de cultura
conviver com a tradição
cultural.

Consumidora

Cultura geral

Boa memória

memória
Autoridade

Metódico
Racionalismo

Pacato
Acadêmico - Cultura clássica;

Boa
- Atividade manual;

- Muito conhecimento.

Característica
Concepções de
Currículo dentro
Objetivos
Sociedade

Professor
das políticas
Escola

Aluno
educacionais

- Estimular processos
Orientador de
Provedora de
Desenvolvida

Interessado
experiência

Desenvolvimento Persistente
atividades

intelectuais;
Curioso

de processos
cognitivos - Proporcionar autonomia
intelectual.
tecnologicamente

- Preparar para a sociedade


Facilitadora de

Empreendedor
aprendizagem

Independente

Currículo com a
Desenvolvida

Programado
Organizado

Autônomo

tecnologia, de consumo.
"Sociedade/ - Formar indivíduos
Consumo". adaptados ao Sistema.
30

Ativo na solução dos problemas


Agente de mudança social

do poder
Ideologicamente

Não contestado
Influenciável

Doutrinado
- Equipar o indivíduo para

Adaptável
Reconstrução

sociais
conviver com as mudanças

Instrumento
social
sociais.

Quadro 1: Concepções de Currículo dentro das políticas educacionais.

Bem, as propostas curriculares veiculadas nas escolas, como demonstrado no quadro 1,


trazem como consequência as práticas dos profissionais da educação e o comportamento dos
alunos, originando, assim, a sociedade vigente para cada modo de estruturação curricular.

Queridões, queridonas! Viram como


é complexa a discussão sobre
políticas educacionais? Sabem por
quê?
31

Porque necessitamos situar a compreensão sobre o que é


Educação, saber sobre os processos econômicos e compreender
os currículos estruturados e a sociedade formada por eles.

Porém, é importante que você saiba que todos os conceitos


discutidos até agora servem de embasamento para
aprofundarmos a compreensão das políticas educacionais
brasileiras.

Antes de passarmos à frente,


Mas...
vamos verificar se ficou bem
compreendido o significado da
pedagogia liberal.

Que relação você estabelece entre a pedagogia liberal e a sociedade capitalista em que
vivemos?
32

Agora, vamos retomar a nossa discussão em relação às políticas educacionais brasileiras no contexto das
políticas públicas?

E, conhecendo com mais clareza alguns conceitos básicos, faremos um retrocesso a um passado próximo
e verificaremos um pequeno histórico das políticas educacionais em nosso país. Teixeira5 explica o
seguinte:

No início do século passado, a pedagogia tradicional estava coerente com a sociedade,


quando a frequência à escola era privilégio da elite. Caracterizada por seu ensino
humanístico, universalista, de cultura geral, sem compromisso com a vida cotidiana do
aluno, sua origem social ou o mundo do trabalho, essa pedagogia considera como
finalidade do ensino o desenvolvimento cultural dos indivíduos, sua preparação
intelectual e moral para assumir seu lugar na sociedade. Tendo no professor a figura
central do processo educativo, essa pedagogia atribui a ele a tarefa de realizar a
transmissão dos conhecimentos selecionados, enquanto aos alunos cabe assimilar e
reproduzir os conhecimentos transmitidos (SEE/MG – p. 140).

Essa pedagogia ainda está presente em muitos aspectos na escola atual. Quando o professor, por
exemplo, ministra suas aulas de forma expositiva e espera que seus alunos reproduzam os conhecimentos
transmitidos com fidelidade, está, sem dúvida, valendo-se de uma pedagogia tradicional.

Em nosso país, a pedagogia nova, sustentada pelo ideário da escolanovista, serviu de base às
reformas de ensino realizadas por vários estados no final dos anos 20 e pela União nas décadas de 30, 40
e 60. Essa nova pedagogia respondia às exigências do processo de industrialização do País e às propostas
do nacional desenvolvimentismo dos anos 50. Nasceu da crítica à incapacidade da escola tradicional em
responder às demandas do processo de industrialização da sociedade e do seu crescimento econômico.
Tem como princípio básico a convicção de que a educação é parte da própria experiência humana.
Valoriza a atividade do aluno no processo de sua autoeducação e centra nele a dinâmica escolar, levando
em conta seu desenvolvimento físico e mental, voltado para o seu interesse.

De acordo com ela, a função da escola é cuidar da adaptação do indivíduo ao meio em que vive e
desenvolver as relações interpessoais. Considerando a educação como um processo interno, valoriza as
formas dinâmicas de aprendizagem, o "aprender fazendo", e incentiva o uso do material didático e das
atividades em grupo. Ao professor cabe a tarefa de facilitar a aprendizagem.

Essa pedagogia também está presente em nossas escolas ainda hoje. Quando, por exemplo, o
professor leva os seus alunos a trabalhar em grupo, quando orienta a realização de consulta a diferentes
fontes que tratam de um assunto, levando-os a construírem seus conhecimentos, está procedendo de
33

acordo com os princípios dessa pedagogia.

O tecnicismo foi a forma pela qual a pedagogia liberal procurou responder, na década de 70, às
demandas da sociedade brasileira em crescente processo de industrialização, voltando-se para a
preparação para o trabalho, desconsiderada pelos modelos anteriores. A pedagogia tecnicista encontrou
expressão nos princípios que orientaram a reforma de ensino de 1971. Essa reforma, que expandiu a
escolarização obrigatória e implantou a profissionalização no ensino de 2° grau, perseguiu a
racionalização e a eficiência, procurando atender às exigências do processo de desenvolvimento do País
por meio da internacionalização do capital. A escola atual tem muitas características que respondem aos
princípios dessa pedagogia. Você pode identificar isso no incentivo ao uso intensivo de meios auxiliares
de aprendizagem, na importância atribuída aos planejamentos educacionais, na preocupação com a
organização racional e eficiente da escola.

Como consequência, a educação escolar passou a ser vista como instrumento primordial de
formação do trabalhador, para garantir a produtividade e a qualidade dos produtos.

Em meados dos anos 80 e início de 90, retomamos o ideário de uma escolarização que
volta a se preocupar com a formação humanitária e global.

Sobre isso, Teixeira diz:

Referindo-se ao processo de globalização, o respeitado sociólogo brasileiro Otávio


Lanni (1996, p. 13) diz que "trata-se de uma ruptura drástica de ser, sentir, agir, pensar
e fabular". Um evento de amplas proporções que vem abalando não só as convicções,
mas a própria visão que as pessoas têm do mundo. Nessa direção, o autor mostra que a
Terra mundializou-se e adquiriu plenamente sua significação histórica. Registra-se a
emergência de uma nova ordem mundial e o aparecimento de uma nova política
internacional. Todavia, tudo isso não põe em xeque o sistema capitalista como se
poderia pensar, ao contrário, promove o rearranjo estrutural desse sistema e garante a
sua reprodução. (SSE/MG: 2002)

Por outro lado, observa-se uma ênfase da sociedade civil na luta pela cidadania, pela participação,
pela criação e difusão de novos valores ligados à pluralidade cultural, à aceitação das diferenças entre os
povos e os indivíduos, à qualidade de vida das populações e à preservação do meio ambiente. São
requeridas intensas mudanças na organização dos sistemas educativos, de modo geral, e nos processos de
ensino, em particular, para assegurar que a escola exerça sua função de formação dos indivíduos na
sociedade contemporânea. As reformas educacionais em curso, ou seja, as políticas públicas para a
educação visam a responder a essas novas exigências. Uma nova pedagogia, ainda não nomeada, está em
construção, denominamo-la de construtivismo, em outros momentos, usamos a denominação de
34

sociointeracionismo. Porém, como todo processo demanda tempo para ser avaliado, ainda não temos
claro como denominaremos o tempo atual, que, com certeza, é de transição e de quebra de paradigmas.

Entretanto, aqui no Brasil, as transformações decorrentes do processo de globalização, aliadas ao


avanço gradativo e contínuo da sociedade ocorrido nas últimas décadas, chamam a atenção para a
necessidade de garantir a todos os brasileiros pelo menos um nível mínimo de escolarização.

Reflita!

De que forma isso tem chegado até a escola? A concretização


dessas reformas você percebe, por exemplo, ao examinar os
Parâmetros Curriculares Nacionais? Neles, há a preocupação com a
formação das competências básicas dos alunos, de modo a favorecer a
preparação dos indivíduos para o enfrentamento das mudanças
correntes no mundo da produção, preparando-os para estar
"acostumados" com as formas contemporâneas de inovações tecno-
organizacionais?

Assim como o processo de globalização atinge a maioria das nações, as reformas educacionais em
desenvolvimento também vêm sendo realizadas em muitos países. Ao lado de medidas específicas que
contemplam características próprias de cada povo, essas reformas apresentam aspectos comuns,
principalmente aos países subdesenvolvidos que, como o Brasil, têm estado sujeitos às orientações e ao
apoio financeiro de organismos internacionais, como o Banco Mundial. O que caracteriza as reformas
educacionais em implantação é que elas têm como base os seguintes princípios:

 o da focalização, pelo qual a prioridade é atribuída à educação básica e, mais particularmente, à


primeira etapa desse nível de ensino;

 o da flexibilização dos processos, que busca conferir à unidade escolar autonomia para a
organização do seu próprio plano pedagógico, assegurando a adequação à sua realidade;
35

 o da desregulamentação, que, levando ao extremo a flexibilidade, extingue normas e regras,


ampliando o espaço de autonomia da unidade escolar;

 o da descentralização administrativa dos sistemas de ensino e da municipalização, pelo qual o


Estado transfere para os poderes locais e para a comunidade competências em matéria de ensino.
Caríssimo(a) aluno(a), até agora discutimos sobre os conceitos que envolvem a triade Educação,
Política e Estado(organização politica da sociedade), mas seria bom se fizessemos um retrocesso e
discutissemos um pouco sobre o histórico de formação do estado como o concebemos hoje, e das
relações politicas e educacionais, o que acha? Bom, na parte dois dessa unidade faremos um passeio
histórico, topa? Vamos lá então.

PARTE 2: UM HISTÓRICO DAS POLÍTICAS


EDUCACIONAIS.

Hum!!! Que bom retomamos a história,


pois assim, somos oportunizados a
compreender o início dos processos.
Vejamos o que texto traz como
referência ao histórico das políticas, já
sabem sobre os conceitos gerais que
envolvem os processos de estado,
política, educação, dentre outros, mas
preciso reconhecer que fatores
implicaram nas relações sociais e
educacionais para tempos atuais.

Ao fazer um recorte na história e pontuar um marco


histórico que dá fundamentação aos processos de “liberdade e
solidariedade” para tempos atuais, estamos nos referindo a Revolução Francesa, pois
36

foi neste período histórico que a burguesia foi levada ao poder e provocou mudanças
ideológicas no povo. De acordo com Valle:

[...] somente a partir do século XIX é que diferentes tendências políticas se


formaram, em oposição aos efeitos da Revolução Francesa, ao liberalismo, à
grande indústria e mesmo ao capitalismo. Passa-se a admitir que a
sociedade pode ser mudada. No século XIX, Marx e Engels criam um
modelo próprio de explicação científica para as lutas políticas do
proletariado, por meio da análise dialética da perspectiva social da classe
dos trabalhadores. Participaram ativamente das lutas políticas e a partir da
crítica à economia da época e ao socialismo utópico, elaboram uma teoria
de formação, desenvolvimento e dissolução da sociedade capitalista,
criando o materialismo histórico e tornando-se os principais representantes
do comunismo no pensamento moderno. (VALLE,1994)

No início do século XX, Gramsci alertava que a educação como parte do Estado
tornou-se um processo de formação destinado ao conformismo social. Em sua análise,
as escolas e as igrejas são vistas como as maiores organizações culturais de cada país,
produtoras de hegemonia como processo no qual as classes dominantes exercem a
governabilidade ao estabelecer o controle sobre as classes dominadas que estão a elas
ligadas por meio da liderança moral e intelectual.

Ah! Então, Gramsci, Podemos realizar uma


compreendia que a Educação atividade de aprofundamento.
ligada à condução do Estado, Para tanto, vamos pesquisar
pode se transformar em um no AVA, como atividade
conformismo social. Bom, complementar?
sugiro que pesquisemos isto!
Você tem alguma ideia?
37

Vamos aprofundar um pouco mais sobre a questão discutida acima? Para


tanto, convido-os a lerem o artigo no link:
http://www.estudosdotrabalho.org/anais6seminariodotrabalho/cezarluizde
mari.pdf

Enfim, em vários momentos da história, a relação entre educação como um


direito público e o desenvolvimento social e econômico brasileiro permeou a discussão
do papel que a educação desempenha para a construção do país que se deseja ter. E, se
destacarmos que os avanços apresentados na Constituição Federal de 1988 - que
apresenta uma concepção ampla de educação, que a entende como formação do cidadão
ativo, apto a participar da sociedade de seu tempo - observaremos que avançamos muito
em relação à compreensão de que todos os brasileiros devem ter acesso à educação. Por
isso ela é gratuita e obrigatória, para que todos tenham a oportunidade de se formar
como cidadãos.

Portanto, quando verificamos que a nossa Constituição de 1988 apresenta esses


dispositivos, é como se estivesse fixando a meta de construir uma sociedade
democrática, pois, ao longo da história das constituições, só esta comporta e, ao mesmo
tempo, exige cidadãos ativos.

O que se percebe também é que a Constituição Federal de 1988 é a expressão


dos debates ocorridos, depois de anos de ditadura militar, em relação aos cidadãos que
queremos para o Brasil e como se desenvolve nesse sentido. Um projeto de sociedade
que seja democrática não apenas nas suas relações políticas, mas também nas suas
relações sociais e econômicas é desejo de muitos e está presente na nossa Constituição.
38

Compreensão histórica da ciência política

Logo no início do século XX, com fortes influências do pensamento marxista


que foram difundidos em anos anteriores, o cenário mundial apresentava agitado, com
a dominação do ideário comunista em várias regiões da Europa, irrompendo assim,
com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), liderada pela Alemanha. O que se via
nesta época era um crescimento do comunismo e a criação da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS), tendo Moscou, capital da Rússia, como o grande centro
do poder dos comunistas, contribuiu para a divisão do mundo em socialismo e
capitalismo.

Temos, portanto um momento histórico importantíssimo para as


novas gerações e a de um lado o poder econômico, que não deixa de
ser político por ser um poder e conduzir vidas, e de outro lado as
ideologias da época, o capitalismo inicia o seu processo de
fortalecimento e conquista de adeptos a este modo econômico e
político.

Puxa! Que interessante! Então, foi Sim! E, indico a leitura a seguir para
a partir da segunda guerra mundial maiores esclarecimentos. São
que os processos capitalistas citações do texto do artigo de
tomaram forma? Bertha Borja R. do Valle.
39

O fim da Primeira Guerra não trouxe a paz. Anos depois, a Alemanha, domi-
nada pelo pensamento antijudaico sob a liderança de Hitler e seus aliados,
levariam o mundo à Segunda Guerra Mundial, que foi o fato histórico-
político mais importante do século XX. A ciência política trabalha com os
cenários atuais, com vistas a uma prospectiva. Nos diferentes momentos
históricos ela se incumbe da crítica aos fatos histórico-sociais, analisando os
que acenam para o futuro e poderão contribuir para o delineamento de
projetos e de ações governamentais e sociais que conduzam ao bem-estar
social. O final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), assim como a da
Primeira, não trouxe a paz ao mundo. A ebulição de ideias políticas que se
sucede e as transformações sociais e tecnológicas que marcaram a segunda
metade do século XX foram acompanhadas de grandes transformações
políticas, resultantes da divisão dos países em dois grandes blocos -
comunistas e capitalistas tendo a Alemanha no centro, dividida pelo muro de
Berlim, construído para impedir a circulação das pessoas de um mundo para
o outro. O cenário dos anos 1980 continuou marcado por uma polarização
político-filosófica entre as correntes socialistas - de origem marxista – e, no
campo específico da Educação, altamente influenciadas pelo pensamento de
Gramsci e Althusser e as correntes liberais, por vezes, de forte cunho
conservador, outras, utilizando discursos progressistas de liberdade e
igualdade. No final dessa década, fatos políticos de repercussão mundial
abalaram a divisão dos países em dois grandes blocos: os seguidores do
ideário capitalista americano e os adeptos do pensamento comunista
soviético. O fim da Guerra Fria (1945-1989) entre os dois grandes líderes
político-econômicos - União Soviética e Estados Unidos - veio contribuir
para acelerar um processo de transformação no equilíbrio de forças que se
mantinha desde o fim da Segunda Guerra Mundial. (VALLE, 2009).

Fomos oportunizados a acompanhar Mikhail Gorbachev, na URSS ente 1984/85 com o


advento da liderança entre as nações o que deu início a perestroika, com reflexos políticos não
só para seu próprio país, mas também para o mundo. Setenta anos após a implantação do
comunismo, este líder soviético passou a pregar uma nova revolução, que geraria profundas
mudanças em todos os campos no final do século XX. Em seu país, liderou a transição soviética
da economia planificada para a economia de mercado.

De acordo, ainda, com Valle (2009):

Paralelamente, foi tomando forma nos países europeus a necessidade de ex-


tinção das barreiras políticas e econômicas que os separavam, ampliando o
processo iniciado em 1987, com o Tratado de Roma, que criou a Comunidade
Econômica Europeia, com objetivos econômicos para contrabalançar com o
peso comercial dos Estados Unidos. O ano de 1993 foi determinado, pelo
Tratado de Maastricht, para ser o início da União Europeia com as fronteiras
abertas para os cidadãos de todos os países-membros, tendo a economia com
caráter integrador e as discussões políticas voltadas para a melhoria da
qualidade de vida e do bem-estar social dos europeus, conduzindo a lutas
40

comuns pela preservação do meio ambiente, pela defesa dos direitos


humanos: saúde, habitação, segurança, transporte e Educação. Em 1989, com
a queda do muro de Berlim, principal símbolo da Guerra Fria, que separava a
Alemanha em duas nações, e a unificação germânica em 1990, as discussões
sobre a União Europeia foram retardadas. Nesse mesmo ano, fez-se a
unificação política alemã, passando Berlim, em 1991, a ser a capital do país.
Outros fatos políticos viriam a abalar as relações mundiais no final da década
de 1980 e início dos anos 1990, entre eles a guerra contra o Iraque, originada
pela invasão do Kwait, que foi liderada pelo presidente Saddam Hussein e
deflagrada, a partir do que fora considerado pela Organização das Nações
Unidas (ONU), uma agressão à soberania de um país-membro da ONU e um
acinte à democracia mundial. Meses antes, a ONU determinara o bloqueio
econômico do Iraque, como forma de pressioná-I o a desocupar o país
vizinho. Como tal medida não surtiu o efeito desejado, em 27 de janeiro de
1991 iniciou-se a Guerra do Golfo Pérsico, sob a liderança dos Estados
Unidos, que duraria cerca de 40 dias, terminando com a vitória dos países
aliados. (VALLE, 2009).

Com fundamentação nestes aspectos históricos mundiais, iniciaremos


uma discussão das nossas raízes históricas, você acompanhará, portanto,
uma evolução histórica das relações políticas e econômicas, que ocorreram
aqui no Brasil, permeada pelos fatos históricos que de certa forma
inspiraram as mudanças ocorridas em nosso país.

Observem como a história se faz


presente e como necessitamos
compreender suas tramas para que
entendamos as relações presentes. E,
aqui queremos discutir os processos
importantes em relação à Política
educacional e suas consonantes.
Vejamos então!

Muitos historiadores consideram que a História da Educação Brasileira não é


uma História difícil de ser estudada e compreendida. O que temos são evoluções
ocorridas e rupturas de processos que marcam de forma significativa a nossa condução
política, vejamos alguns fatos históricos e a correlação mundial com os mesmos.
41

Para iniciarmos, vamos apontar que a primeira grande ruptura ocorrida em nosso
país travou-se com a chegada mesmo dos portugueses ao território do Novo Mundo.
Não podemos deixar de reconhecer que os portugueses trouxeram um padrão de
educação próprio da Europa, o que não quer dizer que as populações que por aqui
viviam já não possuíam características próprias de se fazer educação. E convém
ressaltar que a educação que se praticava entre as populações indígenas não tinha as
marcas repressivas do modelo educacional europeu.

Bello (2005), conta-nos que:

num programa de entrevista na televisão, o indigenista Orlando Villas Boas


contou um fato observado por ele numa aldeia Xavante que retrata bem a
característica educacional entre os índios: Orlando observava uma mulher
que fazia alguns potes de barro. Assim que a mulher terminava um pote, seu
filho, que estava ao lado dela, pegava o pote pronto e o jogava ao chão
quebrando. Imediatamente ela iniciava outro e, novamente, assim que estava
pronto, seu filho repetia o mesmo ato e o jogava no chão. Esta cena se repetiu
por sete potes até que Orlando não se conteve e se aproximou da mulher
Xavante e perguntou por que ela deixava o menino quebrar o trabalho que ela
havia acabado de terminar. No que a mulher índia respondeu: "Porque ele
quer." Podemos também obter algumas noções de como era feita a educação
entre os índios na série Xingu, produzida pela extinta Rede Manchete de
Televisão. Neste seriado, podemos ver crianças indígenas subindo nas
estruturas de madeira das construções das ocas, numa altura
inconcebivelmente alta. Quando os jesuítas chegaram por aqui, eles não
trouxeram somente a moral, os costumes e a religiosidade europeia;
trouxeram também os métodos pedagógicos. Este método funcionou absoluto
durante 210 anos, de 1549 a 1759, quando uma nova ruptura marca a História
da Educação no Brasil: a expulsão dos jesuítas por Marquês de Pombal. Se
existia alguma coisa muito bem estruturada em termos de educação, o que se
viu a seguir foi o mais absoluto caos. Tentaram-se as aulas régias, o subsídio
literário, mas o caos continuou até que a Família Real, fugindo de Napoleão
na Europa, resolve transferir o Reino para o Novo Mundo. (BELLO, 2005).

De acordo com Bello, não se conseguiu implantar um sistema educacional nas


terras brasileiras, mas a vinda da Família Real permitiu uma nova ruptura com a
situação anterior. Para preparar terreno para sua estadia no Brasil, D. João VI abriu
Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca Real, o Jardim
Botânico e, sua iniciativa mais marcante em termos de mudança, a Imprensa Régia.
Segundo alguns autores, o Brasil foi finalmente "descoberto" e a nossa História passou a
ter uma complexidade maior.
42

A educação, no entanto, continuou a ter uma importância secundária. Basta ver


que, enquanto nas colônias espanholas já existiam muitas universidades, sendo que em
1538 já existia a Universidade de São Domingos e em 1551 a do México e a de Lima;
nossa primeira Universidade só surgiu em 1934, em São Paulo.

Por todo o Império, incluindo D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II, pouco se fez
pela educação brasileira e muitos reclamavam de sua qualidade ruim. Com a
Proclamação da República, tentaram-se várias reformas que pudessem dar uma nova
guinada, mas, se observarmos bem, a educação brasileira não sofreu um processo de
evolução que pudesse ser considerado marcante ou significativo em termos de modelo.

É bom saber que até os dias de


hoje, muito se tem mexido no
planejamento educacional, mas a educação
continua a ter as mesmas características
impostas em todos os países do mundo,
que é a de manter o "status quo" para
aqueles que frequentam os bancos
escolares.

Reflita! Observe que podemos dizer que a Educação Brasileira tem um


princípio, meio e fim bem demarcado e facilmente observável a seguir.
Você verá que os tempos históricos são bem demarcados em nosso
país. Se considerarmos a História como um processo em eterna
evolução, sabemos que novas rupturas acontecerão e outros contextos
delimitarão os fatos históricos. Portanto, reflita que novas rupturas
estão acontecendo no exato momento em que esse texto está sendo lido.
A educação brasileira evolui em saltos desordenados, em diversas
direções.
43

A seguir, você conhecerá os momentos históricos


marcantes em relação aos processos políticos,
econômicos e educacionais. Uma dica: ao ler cada
um dos momentos históricos, tente estabelecer
uma relação de paralelo com as práticas atuais.
Será que temos traços destes momentos
históricos e as relações educacionais hoje
possuem influência dos mesmos?

De acordo com Valle, no Brasil, engessado por séculos de um período colonial,


no qual nossas riquezas eram levadas para a Europa e a escravidão era o grande
comércio, as diferentes tentativas de revolução foram abafadas pelo colonizador
português. Mesmo após a independência do Brasil, durante todo o Império, as
ideologias políticas que estavam em discussão em diferentes países pouco afetavam a
realidade social e educacional brasileira.

Citando um exemplo, você perceberá que as políticas educacionais do


Brasil sempre se mostraram inconsistentes. Na verdade, a história da
Educação brasileira não registra, ao longo do período colonial, nem do
Império, preocupação com políticas públicas de Educação.
44

Vamos iniciar comentando sobre


o Período Jesuítico que
compreendeu os anos 1549 a
1759.

Puxa, foram mais de dois séculos, para


engatarmos processos sociais em nosso
país!

Neste período, a educação indígena foi interrompida com a chegada dos jesuítas.
Veja os relatos de Bello:

Os primeiros chegaram ao território brasileiro em março de 1549.


Comandados pelo Padre Manoel de Nóbrega, quinze dias após a chegada,
edificaram a primeira escola elementar brasileira, em Salvador, tendo como
mestre o Irmão Vicente Rodrigues, contando apenas 21 anos. Irmão Vicente
tornou-se o primeiro professor nos moldes europeus em terras brasileiras, e
durante mais de 50 anos dedicou-se ao ensino e a propagação da fé religiosa.
No Brasil, os jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica e ao trabalho
educativo. Perceberam que não seria possível converter os índios à fé católica
sem que soubessem ler e escrever. De Salvador a obra jesuítica estendeu-se
para o sul e, em 1570, vinte e um anos após a chegada, já era composta por
cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente,
Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro,
Pernambuco e Bahia). Quando os jesuítas chegaram por aqui, eles não
trouxeram somente a moral, os costumes e a religiosidade europeia;
trouxeram também os métodos pedagógicos. Todas as escolas jesuítas eram
regulamentadas por um documento escrito por Inácio de Loiola, o Ratio
Studiorum. Eles não se limitaram ao ensino das primeiras letras; além do
curso elementar, mantinham cursos de Letras e de Filosofia, considerados
secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior,
para formação de sacerdotes. No curso de Letras estudava-se Gramática
Latina, Humanidades e Retórica; e no curso de Filosofia estudava-se Lógica,
Metafísica, Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Este modelo
funcionou absoluto durante 210 anos, de 1549 a 1759, quando uma nova
ruptura marca a História da Educação no Brasil: a expulsão dos jesuítas por
Marquês de Pombal. Se existia algo muito bem estruturado, em termos de
educação, o que se viu a seguir foi o mais absoluto caos. No momento da
expulsão os jesuítas tinham 25 residências, 36 missões e 17 colégios e
seminários, além de seminários menores e escolas de primeiras letras
instaladas em todas as cidades onde havia casas da Companhia de Jesus. A
educação brasileira, com isso, vivenciou uma grande ruptura histórica num
processo já implantado e consolidado como modelo educacional. (BELLO,
2005).

Logo em seguida, iniciamos outro processo no Brasil e com a expulsão dos Jesuítas, que
levaram com eles, também a organização monolítica baseada no Ratio Studiorum.
45

Aqui você será convidado a realizar uma pesquisa sobre o significado


de Ratio Studiorum, que importância teve este documento para o
País, em principal para a educação, e efeitos que apresenta para os
tempos atuais.

Vamos então conhecer um


pouco desta época, Período
Pombalino, que compreende
os anos de 1760 a 1808.

Os jesuítas foram expulsos das colônias em função de radicais diferenças de seus


objetivos com os dos interesses da Corte. Enquanto os jesuítas preocupavam-se com o
proselitismo e o noviciado, Pombal pensava em reerguer Portugal da decadência que se
encontrava diante de outras potências europeias da época. Além disso, de acordo com
Bello:

Lisboa passou por um terremoto que destruiu parte significativa da cidade e


precisava ser reerguida. A educação jesuítica não convinha aos interesses
comerciais emanados por Pombal. Ou seja, se as escolas da Companhia de
Jesus tinham por objetivo servir aos interesses da fé, Pombal pensou em
organizar a escola para servir aos interesses do Estado. Desta ruptura, pouca
coisa restou de prática educativa no Brasil. Continuaram a funcionar o
Seminário Episcopal, no Pará, e os Seminários de São José e São Pedro, que
não se encontravam sob a jurisdição jesuítica; a Escola de Artes e Edificações
Militares, na Bahia, e a Escola de Artilharia, no Rio de Janeiro.Através do
alvará de 28 de junho de 1759, ao mesmo tempo em que suprimia as escolas
jesuíticas de Portugal e de todas as colônias, Pombal criava as aulas régias de
Latim, Grego e Retórica. Criou também a Diretoria de Estudos que só passou a
funcionar após o afastamento de Pombal. Cada aula régia era autônoma e
isolada, com professor único e uma não se articulava com as outras. Portugal
logo percebeu que a educação no Brasil estava estagnada e era preciso oferecer
uma solução. Para isso, instituiu o "subsídio literário" para manutenção dos
ensinos primário e médio. Criado em 1772, o “subsídio” era uma taxação, ou
um imposto, que incidia sobre a carne verde, o vinho, o vinagre e a aguardente.
Além de exíguo, nunca foi cobrado com regularidade e os professores ficavam
longos períodos sem receber vencimentos à espera de uma solução vinda de
46

Portugal. Os professores geralmente não tinham preparação para a função, já


que eram improvisados e mal pagos. Eram nomeados por indicação ou sob
concordância de bispos e se tornavam "proprietários" vitalícios de suas aulas
régias. O resultado da decisão de Pombal foi que, no princípio do século XIX, a
educação brasileira estava reduzida a praticamente nada. O sistema jesuítico
foi desmantelado e nada que pudesse chegar próximo deles foi organizado
para dar continuidade a um trabalho de educação. (BELLO, 2005).

Continuando na nossa trajetória de estudo sobre o passado das relações


educacionais no Brasil, chegamos ao período Joanino, compreendido de 1808 a 1821,
um período curto. Veja a citação de Bello:

A vinda da Família Real, em 1808, permitiu uma nova ruptura com a situação
anterior. Para atender às necessidades de sua estadia no Brasil, D. João VI
abriu Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca Real, o
Jardim Botânico e, sua iniciativa mais marcante em termos de mudança, a
Imprensa Régia. Segundo alguns autores, o Brasil foi finalmente "descoberto"
e a nossa História passou a ter uma complexidade maior. O surgimento da
imprensa permitiu que os fatos e as ideias fossem divulgados e discutidos no
meio da população letrada, preparando terreno propício para as questões
políticas que permearam o período seguinte da História do Brasil.
A educação, no entanto, continuou a ter uma importância secundária. Para o
professor Lauro de Oliveira Lima (1921- ) "a 'abertura dos portos', além do
significado comercial da expressão, significou a permissão dada aos
'brasileiros' (madeireiros de pau-brasil) de tomar conhecimento de que existia,
no mundo, um fenômeno chamado civilização e cultura". (BELLO, 2005).

O próximo período foi


muito importante para a
nossa história. De
acordo com Bello:

D. João VI volta à Portugal em 1821. Em 1822, seu filho D. Pedro I proclama


a Independência do Brasil e, em 1824, outorga a primeira Constituição
brasileira. O Art. 179 desta Lei Magna dizia que a "instrução primária é
gratuita para todos os cidadãos". Em 1823, na tentativa de se suprir a falta
47

de professores institui-se o Método Lancaster, ou do "ensino mútuo", onde


um aluno treinado (decurião) ensinava um grupo de dez alunos (decúria) sob
a rígida vigilância de um inspetor.
Em 1826, um Decreto institui quatro graus de instrução: Pedagogias (escolas
primárias), Liceus, Ginásios e Academias. Em 1827 um projeto de lei propõe
a criação de pedagogias em todas as cidades e vilas, além de prever o exame
na seleção de professores, para nomeação. Propunha ainda a abertura de
escolas para meninas. Em 1834, o Ato Adicional à Constituição dispõe que as
províncias passariam a ser responsáveis pela administração do ensino
primário e secundário. Graças a isso, em 1835, surge a primeira Escola
Normal do país, em Niterói. Se houve intenção de bons resultados não foi o
que aconteceu, já que, pelas dimensões do país, a educação brasileira perdeu-
se mais uma vez, obtendo resultados pífios.
Em 1837, onde funcionava o Seminário de São Joaquim, na cidade do Rio de
Janeiro, é criado o Colégio Pedro II com o objetivo de se tornar um modelo
pedagógico para o curso secundário. Efetivamente, o Colégio Pedro II não
conseguiu se organizar até o fim do Império para atingir tal objetivo. Até a
Proclamação da República, em 1889 praticamente nada se fez de concreto
pela educação brasileira. O Imperador D. Pedro II, quando perguntado que
profissão escolheria não fosse Imperador, afirmou que gostaria de ser
"mestre-escola". Apesar de sua afeição pessoal pela tarefa educativa, pouco
foi feito, em sua gestão, para que se criasse, no Brasil, um sistema
educacional. (BELLO, 2005)

Outro período de grandes realizações e


marcante para o Brasil foi este próximo, o
Período da Primeira República – 1889 a
1929.

As primeiras décadas do século XX marcaram a política educacional


brasileira pela criação da Universidade do Rio de Janeiro, em 7 de
setembro de 1920 (depois Universidade do Brasil e hoje
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ). O movimento da
Escola Nova, liderado pelos reformadores da época, leva à criação
da Associação Brasileira de Educação (ABE), em 1924, pelos inte-
lectuais da Educação com o objetivo de influir na implantação de
novas políticas de Educação.
48

A República proclamada adotou o modelo político americano baseado no


sistema presidencialista. Na organização escolar, percebe-se influência da filosofia
positivista. A Reforma de Benjamin Constant tinha como princípios orientadores a
liberdade e a laicidade do ensino, como também a gratuidade da escola primária. Estes
princípios seguiam a orientação do que estava estipulado na Constituição brasileira.
Uma das intenções desta reforma era transformar o ensino em formador de
alunos para os cursos superiores e não apenas preparador. Outra intenção era substituir a
predominância literária pela científica.
Esta reforma foi bastante criticada: pelos positivistas, já que não respeitava os
princípios pedagógicos de Comte; pelos que defendiam a predominância literária, já que
o que ocorreu foi o acréscimo de matérias científicas às tradicionais, tornando o ensino
enciclopédico.
O Código Epitácio Pessoa, de 1901, inclui a lógica entre as matérias e retira a
Biologia, a Sociologia e a Moral, acentuando, assim, a parte literária em detrimento da
científica.
A Reforma Rivadávia Correa, de 1911, pretendeu que o curso secundário se
tornasse formador do cidadão e não como simples promotor a um nível seguinte.
Retomando a orientação positivista, prega a liberdade de ensino, entendendo-se como a
possibilidade de oferta de ensino que não seja por escolas oficiais, e de frequência.
Além disso, prega ainda a abolição do diploma em troca de um certificado de
assistência e aproveitamento e transfere os exames de admissão ao ensino superior para
as faculdades. Os resultados desta Reforma foram desastrosos para a educação
brasileira.

Pesquise sobre a reforma Rivadávia Correa e veja os seus


fundamentos e benefícios para a população. Estabeleça uma
reflexão sobre a continuidade da mesma em tempos atuais. Será
que dá para fazer um paralelo?
49

Num período complexo da História do Brasil, surge a Reforma João Luiz Alves
que introduz a cadeira de Moral e Cívica com a intenção de tentar combater os protestos
estudantis contra o governo do presidente Arthur Bernardes.
A década de vinte foi marcada por diversos fatos relevantes no processo de
mudança das características políticas brasileiras. Foi nesta década que ocorreu o
Movimento dos 18 do Forte (1922), a Semana de Arte Moderna (1922), a fundação do
Partido Comunista (1922), a Revolta Tenentista (1924) e a Coluna Prestes (1924 a
1927).
Além disso, no que se refere à educação, foram realizadas diversas reformas de
abrangência estadual, como as de Lourenço Filho, no Ceará, em 1923, a de Anísio
Teixeira, na Bahia, em 1925, a de Francisco Campos e Mário Casassanta, em Minas, em
1927, a de Fernando de Azevedo, no Distrito Federal (atual Rio de Janeiro), em 1928 e
a de Carneiro Leão, em Pernambuco, em 1928.

No Manifesto dos Pioneiros, em 1932, e no Manifesto dos Educadores,


em 1959, houve toda uma história de lutas por uma escola melhor. Nos
anos seguintes, as reformas educacionais previstas nas Leis 4.024 (de
1961, que estabelecia as diretrizes e bases da Educação Nacional), a
5.540 (de 1968, que fixava as normas do Ensino Superior) e a 5.692 (de
1971, que implantou o ensino de 1.° e 2.° graus) sofreram, e ainda
sofrem, críticas severas de todos os setores.

A segunda república – 1930 a


1936 - um período curtíssimo,
que marcou de forma
significativa a entrada do
Brasil nos modos capitalistas
de produção... Vejam a
Citação de Bello:
50

A Revolução de 30 foi o marco referencial para a entrada do Brasil no mundo


capitalista de produção. A acumulação de capital do período anterior permitiu
que o Brasil pudesse investir no mercado interno e na produção industrial. A
nova realidade brasileira passou a exigir uma mão-de-obra especializada e
para tal era preciso investir na educação. Sendo assim, em 1930, foi criado o
Ministério da Educação e Saúde Pública e, em 1931, o governo provisório
sanciona decretos organizando o ensino secundário e as universidades
brasileiras ainda inexistentes. Estes Decretos ficaram conhecidos como
"Reforma Francisco Campos".
Em 1932, um grupo de educadores lança à nação o Manifesto dos Pioneiros
da Educação Nova, redigido por Fernando de Azevedo e assinado por outros
conceituados educadores da época. Em 1934, a nova Constituição (a segunda
da República) dispõe, pela primeira vez, que a educação é direito de todos,
devendo ser ministrada pela família e pelos Poderes Públicos. Ainda em
1934, por iniciativa do governador Armando Salles Oliveira, foi criada a
Universidade de São Paulo. A primeira a ser criada e organizada segundo as
normas do Estatuto das Universidades Brasileiras de 1931. Em 1935, o
Secretário de Educação do Distrito Federal, Anísio Teixeira, cria a
Universidade do Distrito Federal, no atual município do Rio de Janeiro, com
uma Faculdade de Educação na qual se situava o Instituto de Educação.
(BELLO, 2005).

Em 14 de novembro, logo no início da Era Vargas, foi criado o Ministério da


Educação e Saúde. Entretanto, os intelectuais renovadores da Educação, entre
eles Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Fernando de Azevedo e outros, não
tiveram suas propostas políticas de transformação da Educação brasileira
apoiadas pelo movimento de 1930, que iria culminar com o período de ditadura
de Getúlio Vargas e o autoritarismo do Estado Novo (1937-1945).

Período de significativas transformações


no rol das políticas brasileiras. Vejam
que o capitalismo toma força e a mão de
obra para atendimento do mercado se
faz necessária. Este período é
denominado de Estado Novo e
compreende o período de 1937 a 1945.

Refletindo tendências fascistas, é outorgada uma nova Constituição em 1937. A


orientação político-educacional para o mundo capitalista fica bem explícita em seu texto
51

sugerindo a preparação de um maior contingente de mão-de-obra para as novas


atividades abertas pelo mercado. Neste sentido, a nova Constituição enfatiza o ensino
pré-vocacional e profissional.
Por outro lado, propõe que a Arte, a Ciência e o ensino sejam livres à iniciativa
individual e à associação ou pessoas coletivas públicas e particulares, tirando do Estado
o dever da educação. Mantém ainda a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino
primário. Também dispõe como obrigatório o ensino de trabalhos manuais em todas as
escolas normais, primárias e secundárias.
No contexto político, o estabelecimento do Estado Novo, segundo a historiadora
Otaíza Romanelli, faz com que as discussões sobre as questões da educação,
profundamente ricas no período anterior, entrem "numa espécie de hibernação". As
conquistas do movimento renovador, influenciando a Constituição de 1934, foram
enfraquecidas nessa nova Constituição de 1937. Marca uma distinção entre o trabalho
intelectual, para as classes mais favorecidas, e o trabalho manual, enfatizando o ensino
profissional para as classes mais desfavorecidas.
Em 1942, por iniciativa do Ministro Gustavo Capanema, são reformados alguns
ramos do ensino. Estas Reformas receberam o nome de Leis Orgânicas do Ensino e são
compostas por Decretos-lei que criam o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(SENAI) e valoriza o ensino profissionalizante.
O ensino ficou composto, neste período, por cinco anos de curso primário,
quatro de curso ginasial e três de colegial, podendo ser na modalidade clássico ou
científico. O ensino colegial perdeu o seu caráter propedêutico, de preparatório para o
ensino superior, e passou a se preocupar mais com a formação geral. Apesar dessa
divisão do ensino secundário, entre clássico e científico, a predominância recaiu sobre o
científico, reunindo cerca de 90% dos alunos do colegial.

Convém lembrar que, nos anos 1960, acreditávamos ingenuamente que a


Educação era a alavanca do desenvolvimento e não enxergávamos os limites da
prática pedagógica. Nos anos 1970, as ideias da teoria da reprodução abrandaram
o entusiasmo com que muitos educadores haviam abraçado o binômio Educação e
Desenvolvimento. Lembrar dos anos 1960 e 1970 é rememorar um período
marcado por movimentos estudantis - reflexo das dificuldades por que passavam
os educadores, inseridos na massa brasileira, oprimida pelo movimento de 1964.
52

E o ano de 1968 será sempre um marco na história política do Brasil, pelo


endurecimento das ações da ditadura. No campo social foi um período marcado
pela influência velada e oprimida por força da repressão da ditadura, das ideias de
Karl Marx, de Marcuse e pelas leituras do pensamento de Althusser e Gramsci.

Período da Nova República – 1946 a 1963. Neste


período, temos o primeiro momento de ênfase na
educação de nosso país e iniciamos o processo de
compreender que “educação é direito de todos”,
vejam na citação de Bello:

O fim do Estado Novo consubstanciou-se na adoção de uma nova Constituição


de cunho liberal e democrático. Esta nova Constituição, na área da Educação,
determina a obrigatoriedade de se cumprir o ensino primário e dá competência
à União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional. Além disso,
a nova Constituição fez voltar o preceito de que a educação é direito de todos,
inspirada nos princípios proclamados pelos Pioneiros, no Manifesto dos
Pioneiros da Educação Nova, nos primeiros anos da década de 30. Ainda em
1946, o então Ministro Raul Leitão da Cunha regulamenta o Ensino Primário e
o Ensino Normal, além de criar o Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial - SENAC, atendendo às mudanças exigidas pela sociedade após a
Revolução de 1930. Baseado nas doutrinas emanadas pela Carta Magna de
1946, o Ministro Clemente Mariani, cria uma comissão com o objetivo de
elaborar um anteprojeto de reforma geral da educação nacional. Esta comissão,
presidida pelo educador Lourenço Filho, era organizada em três subcomissões:
uma para o Ensino Primário, uma para o Ensino Médio e outra para o Ensino
Superior. Em novembro de 1948, este anteprojeto foi encaminhado à Câmara
Federal, dando início a uma luta ideológica em torno das propostas
apresentadas. Num primeiro momento, as discussões estavam voltadas às
interpretações contraditórias das propostas constitucionais. Num momento
posterior, após a apresentação de um substitutivo do Deputado Carlos Lacerda,
as discussões mais marcantes relacionaram-se à questão da responsabilidade do
Estado quanto à educação, inspirados nos educadores da velha geração de 1930
e à participação das instituições privadas de ensino. Depois de 13 anos de
acirradas discussões, foi promulgada a Lei 4.024, em 20 de dezembro de 1961,
sem a pujança do anteprojeto original, prevalecendo as reivindicações da Igreja
Católica e dos donos de estabelecimentos particulares de ensino no confronto
com os que defendiam o monopólio estatal para a oferta da educação aos
brasileiros.Se as discussões sobre a Lei de Diretrizes e Bases para a Educação
Nacional foi o fato marcante, por outro lado muitas iniciativas marcaram este
período como, talvez, o mais fértil da História da Educação no Brasil: em 1950,
53

em Salvador, no Estado da Bahia, Anísio Teixeira inaugura o Centro Popular


de Educação (Centro Educacional Carneiro Ribeiro), dando início a sua ideia
de escola-classe e escola-parque; em 1952, em Fortaleza, Estado do Ceará, o
educador Lauro de Oliveira Lima inicia uma didática baseada nas teorias
científicas de Jean Piaget: o Método Psicogenético; em 1953 a educação passa
a ser administrada por um Ministério próprio: o Ministério da Educação e
Cultura; em 1961, tem início uma campanha de alfabetização, cuja didática,
criada pelo pernambucano Paulo Freire, propunha alfabetizar em 40 horas
adultos analfabetos; em 1962 é criado o Conselho Federal de Educação, que
substitui o Conselho Nacional de Educação e os Conselhos Estaduais de
Educação e, ainda em 1962, é criado o Plano Nacional de Educação e o
Programa Nacional de Alfabetização, pelo Ministério da Educação e Cultura,
inspirado no Método Paulo Freire. (BELLO, 2005).

Com a chegada dos anos 1980, inicia-se uma revisão do exagero das
teorias reprodutivistas, uma postura menos ingênua e mais realista em
relação ao papel social da Educação. Percebe-se com clareza que há
limites econômicos, ideológicos, culturais e de classe, que fazem com que
a Educação não possa fazer tudo o que pensávamos. Há uma distância
entre a adesão intelectual às ideias progressistas e a inserção na prática
progressista. A mudança só se sela quando a prática político-pedagógica
ultrapassa a reflexão e passa à ação. Assim, o início da década de 1980 é
marcado por movimentos sociais, pela organização de diferentes
categorias em associações, pela mobilização dos professores por melhores
salários, melhores condições de trabalho, melhor formação profissional,
melhores escolas. Surgem, em todo o Brasil, entidades nacionais
representativas dos educadores, sem contar com inúmeros sindicatos e
outras associações estaduais, e até municipais, que passaram a congregar
grupos de professores por especificidade de atuação pedagógica. As
Conferências Brasileiras de Educação (CBE) foram, nos anos 1980 e no
início da década de 1990, fóruns de debates das questões educacionais, nos
quais as políticas educacionais foram temas de simpósios e painéis . A
"década perdida" - como os economistas chamaram os anos 1980 foi,
politicamente falando, para os brasileiros, a década da busca da cidadania.
Iniciou-se com grande movimentação da sociedade civil, organizando-se
em sindicatos - que passaram a liderar as greves e as lutas por melhores
salários e condições de vida. As eleições diretas para governador, após
vários anos e eleições indiretas, fizeram os brasileiros vibrar por seus
candidatos. Fato marcante na primeira metade desta década foi o
54

movimento popular pelas eleições diretas para presidente. A campanha das


"Diretas Já" mobilizou milhões de brasileiros em todo país. Inutilmente,
porém. O máximo que o povo organizado conseguiu foi a retirada de
candidaturas de diferentes partidos de oposição ao governo e a aglutinação
de forças em torno do nome do governador de Minas Gerais, Tancredo
Neves. A sua vitória no Congresso foi tranquila, mas ele faleceu, não
chegando a tomar posse, deixando para o vice-presidente, José Sarney, a
tarefa de levar adiante o plano da Nova República que, entre outras coisas,
sugeria: constituinte para 1986, congelamento de preços da cesta básica de
alimentos, negociação da dívida externa e escola universal e gratuita em
todos os níveis.

O período a seguir compreende os anos de 1964 a


1985 – Período do Regime Militar, um marco
severo da história do Brasil. Variadas lutas de
interesses e poderes estavam em jogo. Vejam o
que diz Bello:

Em 1964, um golpe militar aborta todas as iniciativas de se revolucionar a


educação brasileira, sob o pretexto de que as propostas eram "comunizantes e
subversivas".
O Regime Militar espelhou na educação o caráter anti-democrático de sua
proposta ideológica de governo: professores foram presos e demitidos;
universidades foram invadidas; estudantes foram presos e feridos nos
confrontos com a polícia, e alguns foram mortos; os estudantes foram calados
e a União Nacional dos Estudantes proibida de funcionar; o Decreto-Lei 477
calou a boca de alunos e professores.
Neste período, deu-se a grande expansão das universidades no Brasil. Para
acabar com os "excedentes" (aqueles que tiravam notas suficientes para
serem aprovados, mas não conseguiam vaga para estudar), foi criado o
vestibular classificatório.
Para erradicar o analfabetismo foi criado o Movimento Brasileiro de
Alfabetização – MOBRAL, aproveitando-se, em sua didática, o expurgado
Método Paulo Freire. O MOBRAL propunha erradicar o analfabetismo no
Brasil... Não conseguiu. E, entre denúncias de corrupção, acabou por ser
extinto e, no seu lugar, criou-se a Fundação Educar. É no período mais cruel
da ditadura militar, quando qualquer expressão popular contrária aos
interesses do governo era abafada, muitas vezes pela violência física, que é
instituída a Lei 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em
55

1971. A característica mais marcante desta Lei era tentar dar a formação
educacional um cunho profissionalizante. (BELLO, 2005).

A segunda metade da década correspondeu ao governo de José Sarney e foi


marcada economicamente por uma inflação nunca experimentada pelo Brasil.
Nessa mesma época, a Assembleia Constituinte foi instaurada para elaborar a
Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada pelo Congresso
Nacional e sancionada pelo Presidente em 88 denominada "Constitui - Cidadã"
por Ulisses Guimarães, presidente da Assembleia Nacional. A Constituição
apresentou, pela primeira vez na história das constituições brasileiras, um
capítulo inteiro dedicado à Educação pública. Em 1989, como determinava a
"Constituição Cidadã”; realizou-se, finalmente, a eleição, pelo voto direto e
secreto, para presidente e vice-presidente da República, após decorridos quase
30 anos das últimas eleições presidenciais. Em outubro de 1990, o presidente
anunciou à nação o Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC),
cuja versão preliminar foi divulgar às universidades e redes de 1.° e 2.° graus
pelo Ministério da Educação, no qual Fernando Collor reafirma suas
preocupações com a valorização profissional do professor e com o combate ao
analfabetismo. O programa previa estrita colaboração inter e intragovernamental
e a conjugação de esforços da sociedade civil, dos sindicatos e dos empresários
para atingir a meta de, até março de 1995, alfabetizar 70% dos analfabetos do
país. O PAC, porém, não chegou a apresentar resultados, nem priorizou o ensino
público. A distribuição de verbas beneficiou mais as entidades não-educacionais
que ao ensino regular. Apesar de o PNAC apresentar em sua concepção aspectos
altamente positivos, sua implementação atropelava a proposta: as verbas de
1990, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) - órgão do
Ministério da Educação que coordenava o programa juntamente com a Secretaria
Nacional de Educação Básica (Seneb) - foram repassadas com meses de atraso,
gerando grande confusão e descontentamento, principalmente porque os critérios
de repasse não foram claros, nem explicados. Como podemos perceber, as
considerações que formulamos apresentam um cenário político-educacional
bastante complexo para a época, no qual diferentes temas e diferentes tendências
político-ideológicas se alternaram, ora em primeiro plano, ora como fundo de
cena. Nos anos 1980 e 1990, podemos desenhar as cenas do campo educacional
em duas versões principais: uma, declaradamente socialista, que defendia a uni-
versalização em todos os graus de ensino da escola pública e gratuita e outra, de
56

caráter liberal, que propunha liberdade para o ensino e que discutia amplamente
as concepções de ensino público e de verbas públicas. Os anos 1990, embora
com menos ênfase, mantiveram essas tendências.

E, por fim, mas com abertura de


outras perspectivas, apresento-lhes o
último período analisado por Bello:
O período de Abertura Política –
1986 a 2003.

Como já mencionado, anteriormente a transição do comunismo para capitalismo,


no cenário mundial, provocou e ainda provoca conflitos, lá no ano de 1991 com
a transição do comunismo para o livre mercado, que teve como consequências a
independência da Geórgia, Letônia, Estônia e Lituânia e a criação da
Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que reuniu a Rússia e as demais
repúblicas soviéticas numa tentativa de criar um mercado comum, que apesar da
moeda comum (rublo) continua difícil até hoje. A queda do império soviético,
porém, tem trazido problemas nacionais, étnicos, políticos e econômicos,
recrudescendo os nacionalismos e os ódios religiosos. Depois de um longo
período de crescimento, o mundo socialista mergulhou numa crise que vem
provocando mudanças ideológicas e geopolíticas em todo o mundo. Aqui no
Brasil, no fim do Regime Militar, as discussões sobre as questões educacionais já
haviam perdido o seu sentido pedagógico e assumido um caráter político. Para
isso, contribuiu a participação mais ativa de pensadores de outras áreas do
conhecimento que passaram a falar de educação num sentido mais amplo do que
as questões pertinentes à escola, à sala de aula, à didática, à relação direta entre
professor e estudante e à dinâmica escolar em si mesma. Impedidos de atuarem
em suas funções, por questões políticas durante o Regime Militar, profissionais
de outras áreas, distantes do conhecimento pedagógico, passaram a assumir
postos na área da educação e a concretizar discursos em nome do saber
pedagógico. No bojo da nova Constituição, um Projeto de Lei para uma nova
LDB foi encaminhado à Câmara Federal pelo Deputado Octávio Elísio em 1988.
No ano seguinte, o Deputado Jorge Hage enviou à Câmara um substitutivo ao
Projeto e, em 1992, o Senador Darcy Ribeiro apresenta um novo Projeto que
acabou por ser aprovado em dezembro de 1996, oito anos após o
encaminhamento do Deputado Octávio Elísio. Neste período, do fim do Regime
Militar aos dias de hoje, a fase politicamente marcante na educação foi o
trabalho do economista e Ministro da Educação Paulo Renato de Souza. Logo no
início de sua gestão, por meio de uma Medida Provisória, extinguiu o Conselho
Federal de Educação e criou o Conselho Nacional de Educação, vinculado ao
Ministério da Educação e Cultura. Esta mudança tornou o Conselho menos
burocrático e mais político. Mesmo que possamos não concordar com a forma
como foram executados alguns programas, temos que reconhecer que, em toda a
História da Educação no Brasil, contada a partir do descobrimento, jamais houve
execução de tantos projetos na área da educação numa só administração. O mais
contestado deles foi o Exame Nacional de Cursos e o seu "Provão", no qual os
57

alunos das universidades têm que realizar uma prova ao fim do curso para
receber seus diplomas. Esta prova, em que os alunos podem simplesmente
assinar a ata de presença e se retirar sem responder nenhuma questão, é levada
em consideração como avaliação das instituições. Além do mais, entre outras
questões, o exame não diferencia as regiões do país. Até os dias de hoje, muito
tem se mexido no planejamento educacional, mas a educação continua a ter as
mesmas características impostas em todos os países do mundo, que é mais o de
manter o "status quo", para aqueles que frequentam os bancos escolares, e menos
de oferecer conhecimentos básicos, para serem aproveitados pelos estudantes em
suas vidas práticas. (BELLO, 2005)

Concluindo, podemos dizer que a História da Educação Brasileira tem um


princípio, um meio e um fim bem demarcados e facilmente observáveis. Ela é feita em
rupturas marcantes, em que cada período determinado teve características próprias.
A bem da verdade, apesar de toda essa evolução e rupturas inseridas no
processo, a educação brasileira não evoluiu muito no que se refere à questão da
qualidade. As avaliações, de todos os níveis, estão priorizadas na aprendizagem dos
estudantes, embora existam outros critérios. O que podemos notar, por dados oferecidos
pelo próprio Ministério da Educação, é que os estudantes não aprendem o que as escolas
se propõem a ensinar. Somente uma avaliação realizada em 2002 mostrou que 59% dos
estudantes que concluíam a 4ª série do Ensino Fundamental não sabiam ler e escrever.
Embora os Parâmetros Curriculares Nacionais estejam sendo usados como
norma de ação, nossa educação só teve caráter nacional no período da Educação
jesuítica. Após isso, presenciou-se o caos e muitas propostas desencontradas que pouco
contribuíram para o desenvolvimento da qualidade da educação oferecida.
É provável que estejamos próximos de uma nova ruptura. E esperamos que ela
venha com propostas desvinculadas do modelo europeu de educação, criando soluções
novas em respeito às características brasileiras. Como fizeram os países do bloco
conhecido como Tigres Asiáticos, que buscaram soluções para seu desenvolvimento
econômico investindo em educação. Ou como fez Cuba que, por decisão política de
governo, erradicou o analfabetismo em apenas um ano e trouxe para a sala de aula todos
os cidadãos cubanos.
Na evolução da História da Educação brasileira, a próxima ruptura precisa
implantar um modelo único, que atenda às necessidades de nossa população e que seja
eficaz.
58

PARTE 3: HISTÓRICO DAS LEGISLAÇÕES E DAS RELAÇÕES


COM AS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL.

Para iniciarmos este tópico, vamos fazer um exercício de pesquisa?

Se você topou o desafio, resolva-o seguindo as orientações do quadro abaixo:

Qual foi a primeira constituição Federal do Brasil que vinculou recursos


orçamentários para a educação e qual é a relação disso com a
gratuidade e obrigatoriedade da educação?

Para você conhecer as constituições, você deverá ler mais...

Acesse os links:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_Brasileira#1824;

http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_brasileira_de_1824

http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_brasileira_de_1891

http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_brasileira_de_1934

http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_brasileira_de_1937

http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_brasileira_de_1946

http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_brasileira_de_1967

http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_brasileira_de_1988
59

O texto a seguir faz uma abordagem dos tempos históricos vividos em nosso país e
complementa o que foi apresentado como rupturas da educação devido às movimentações
políticas do nosso passado, acarretando a constituição do que somos hoje.

O que vamos discutir é uma adaptação do texto de Teixeira 6.

Para iniciarmos a complementação do que estamos discutindo sobre o histórico das


Gestões das Políticas Públicas, temos que responder à questão acima proposta. Em 1934, foi
promulgada a Constituição na qual foi incluído o primeiro vínculo com recursos orçamentários
para a educação, e que, de acordo com Teixeira (idem, 2002:148),

Até essa época, não havia um esforço da União em escolarizar o conjunto da


população. Desde o ato adicional de 1834, que alterou a Constituição
outorgada de 1824 no período do Império, a então instrução primária era de
responsabilidade das províncias (os estados de hoje). Cada província
organizaria a educação em seu território, da forma que achasse mais
conveniente. Caberia ao poder central a formação das elites pelo ensino
superior e a garantia de um ensino secundário que assegurasse o caminho
dos jovens das classes dirigentes para as escolas superiores. (VEREDAS,
2002).

No entanto, até a Constituição de 1934, a educação primária (referente às quatro


primeiras séries de escolarização), ou seja, a educação para o ensino fundamental que
conhecemos hoje, não era de responsabilidade da União. A partir dessa Constituição,
passou-se a legislar no sentido de regular o que acontecia em termos educacionais no
Brasil, e os estados e municípios continuaram com a responsabilidade de atuar
diretamente na organização deste nível de ensino.
Veja o que relata Teixeira, ainda, sobre esta época:

6
(VEREDAS, Formação superior de professores: módulo 2 – volume 1\SEE- MG; organizadoras Maria
Umbelina Caiafa Salgado, Glaura Vasques de Miranda – Belo Horizonte: SEE-MG, 2002.
60

A década de 1930 já era tempo de um Brasil diferente. Os processos de


industrialização e urbanização iniciados nas primeiras décadas do século XX
mudavam a fisionomia do País. De uma economia principalmente agro-
exportadora, em que o latifúndio era o território das relações sociais e de
poder, o Brasil começa a experimentar a atividade industrial, a vida urbana e o
surgimento de novas classes sociais que reclamavam direitos e participações
políticas. Havia diante disso, uma ideia de que, para que, o Brasil se tornasse
moderno, precisaria romper com seu passado colonial; constituir-se como uma
Nação; construir uma unidade entre todo o seu povo e as várias regiões que
compõem o território brasileiro, escolarizar a população de forma adequada à
sua participação no trabalho industrial e na vida política. A União deveria
tomar para si a tarefa coordenadora da Federação e centralizar a elaboração de
políticas públicas, com vistas à orientação do Brasil nesse caminho desejado.
O novo papel exigido do Estado deveria manifestar-se, também, em relação à
Educação. (VEREDAS, 2002).

Em suma, a constituição de 1934, foi um marco, em relação ao avanço de políticas


públicas para o país, pois a educação primária, considerada nesta como o nível
fundamental para este período histórico, influenciou os dispositivos legais da
Constituição de 1937, período identificado como “Estado Novo”, estudado por você,
acima, já que, nesta fase da história das políticas públicas, o Brasil, passava por grandes
transformações políticas e econômicas, a saber:

A expectativa da modernização das relações econômicas e sociais conviveu


com a manutenção no poder de setores tradicionais da sociedade, ainda ligados
ao latifúndio e aos senhores de terra. O Estado foi o grande agente promotor de
desenvolvimento, entendido principalmente como de industrialização,
acompanhado de um intenso processo de urbanização. E a educação brasileira,
ao mesmo tempo em que apresentava um aumento significativo no número de
matrículas, preservava sua característica de estar organizada em dois tipos de
escola. Havia uma escola pública, que atendia às crescentes demandas de
escolarização, vindas especialmente dos trabalhadores, oferecendo o ensino
julgado suficiente para uma melhor qualificação da mão-de-obra necessária à
indústria que se implantava no País. E como os direitos sociais eram
reconhecidos para quem estivesse inserido no mercado de trabalho, a educação
deveria preparar os indivíduos para o trabalho, o que os tornaria cidadãos (para
os padrões do momento). Por outro lado, permanecia existindo a escola
particular dedicada à formação dos filhos da elite brasileira. (VEREDAS,
2002).

Bem, podemos fazer uma observação do que é retratado por Teixeira, quando cita
Romanelli (1986, 64) e demonstra que, nesse período, houve um aumento significativo do
número de matrículas no ensino primário. De acordo com a estatística da época, estima-se que,
em 1920, havia 1.033.421 matrículas no ensino primário. Já em 1940, esse número era de
3.068.269 alunos. Por aí, podemos ter noção das melhorias educacionais de acesso e
oportunidades, mas lembrem-se dos fatos históricos já estudados e faça a sua reflexão sobre os
avanços e os propósitos políticos. Correto?
61

Então, refletindo sobre os propósitos da gestão política, por outro lado, a propaganda de
uma escola única, dirigida igualmente a todos os brasileiros como meio para realizar a educação
como direito público, quando assumida pelo Estado Novo, estava carregada da intenção de
formar, entre nós, um pensamento também único sobre o papel do Estado e como a sociedade
deveria organizar-se. Essa era uma manifestação do autoritarismo da época. Todos deveriam
aceitar e concordar com as diretrizes do Estado para a sociedade, de acordo com quem estava no
poder na época. Findo o Estado Novo, a educação havia se estabelecido como assunto de
política pública setorial. Ou seja, todo um aparato dedicado especificamente a essa área da
atuação estatal foi criado a partir de 1931, quando se fundou o Ministério da Educação e Saúde,
com o Departamento Nacional da Educação. Esse departamento era subdividido por áreas
educacionais a ele subordinadas e secretarias técnicas, como a Secretaria de Estudos
Estatísticos. Mais tarde, em 1938, criou-se o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP),
que até hoje realiza importantes estudos junto ao MEC e organiza o SAEB, que estamos
chamando hoje de “Prova Brasil”. O SAEB fazia avaliações por amostragens, e o Prova Brasil
faz avaliações individuais nas escolas de todo o país.

Agora, o que vimos é que o papel do Estado como promotor de desenvolvimento é uma
característica também do segundo período histórico por nós selecionado.

Mais especificamente, a partir de 1946 e durante toda a década de 1950 até 1964, a
necessidade de superar nossa condição de subdesenvolvimento exigia medidas efetivas por parte
do Estado. Se não havia, na sociedade, quem pudesse investir recursos próprios na
industrialização, o poder público deveria fazê-lo. Além disso, deveria oferecer todas as outras
condições necessárias ao crescimento industrial, como infra-estrutura (meios de circulação de
mercadorias, rodovias, ferrovias, instalações hidráulicas, rede de fornecimento de energia, por
exemplo) e mão-de-obra qualificada para a produção.

De acordo com Teixeira, a Constituição de 1946 marca o início de um período de


normalidade democrática, em que são retomados alguns dispositivos presentes na Constituição
de 1934 em relação à educação, e se reacende o debate sobre a necessidade de uma Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que vai de 1948 até a aprovação da Lei n° 4.024, de
1961. Uma diferença desse período em relação ao Estado Novo é que os setores da população
interessados em ampliar suas oportunidades educacionais puderam mobilizar-se para isso.
Talvez possamos reunir os dois períodos aqui mencionados (1930- 1945 e 1946-1964) sob a
designação de uma época histórica em que se consolidou o Estado nacional-desenvolvimentista.
Desenvolvimento significava vencer o subdesenvolvimento: o que exigiria a associação de
desenvolvimento econômico e social. Ou seja, além de melhorar os indicadores econômicos, o
que basicamente exigiria um esforço de industrialização do País com esforços próprios
62

(nacionais), também deveria ser dada atenção à melhoria das condições de vida da população. A
educação, ainda que não fosse o meio de solucionar esses problemas, era considerada um
requisito importante para esse processo de modernização, principalmente no que diz respeito à
sua capacidade de preparar para o trabalho. Uma população mais escolarizada e qualificada para
o trabalho, ao mesmo tempo em que atenderia às necessidades de mão-de-obra da produção
industrial, poderia ascender socialmente, consumir mais - o que aqueceria o mercado interno - e
melhorar suas condições de vida. Se na década de 1930, a maior atenção foi dada à expansão do
ensino primário, a partir de meados da década de 1940, os esforços se voltam para o ensino
secundário (compreendendo o ginasial e o colegial) e técnico, que atenderia à formação de
trabalhadores para a moderna indústria pesada que se instalava no País, e, depois, a indústria
automobilística.

Vamos recordar o que discutimos


até agora? Responda às questões a
seguir:

A) Qual é a função do Estado em relação ao desenvolvimento do País nos dois


períodos por nós mencionados?
B) Qual foi o papel atribuído à educação nesses dois períodos?
C) O que diferencia a vida política brasileira desses dois períodos e a
possibilidade de a população exercer demandas por educação?

D) Você talvez se lembre ou já tenha lido a respeito do período da História do


Brasil iniciado em 1964. Descreva o que caracterizou aquele período, do
ponto de vista das relações políticas, da garantia de liberdades.

Obs.: Esta atividade será avaliativa no Ambiente AVA, pois irá envolver
discussões gerais em relação aos processos.

Já que você respondeu à questão sobre os processos ocorridos em 1964, então vamos
fazer uma análise sobre o período iniciado nesta data, pois ele apresenta algumas novidades em
relação ao anterior. O País vivia uma grave crise econômica quando houve o golpe militar. Os
63

militares investiram na tarefa de recuperar a nação economicamente e politicamente. De acordo


com Teixeira, o que ocorreu é que, numa primeira fase desse período,

houve uma significativa expansão do ensino, que, no entanto, ficou aquém do


que a população desejava. Quem progredia em sua escolarização concluía até o
ensino secundário, não conseguia ingressar num curso universitário. A partir
de 1968, o Estado tenta resolver essa situação, contando, inclusive, com
recursos financeiros de outros países para isso. Foi quando passou a receber
financiamento, mais especificamente dos Estados Unidos, para os projetos de
expansão do ensino no País. O Estado continuou sendo um importante agente
de desenvolvimento econômico, que recorria cada vez mais aos recursos
financeiros emprestados por outros países. O Brasil tornou-se, com isso, cada
vez mais dependente dos países desenvolvidos do mundo. A industrialização,
que integrava os planos de desenvolvimento do nosso país, requeria, sempre
mais, uma população escolarizada e qualificada para ocupar postos de trabalho
num parque industrial que se modernizava. Um conjunto de reformas no 1º e
2º graus, níveis de ensino que seriam correspondentes aos nossos ensinos
fundamental e médio, inicia-se com a Lei de Diretrizes e Bases do Ensino de
1º e 2º graus, Lei n° 5.692, de 11 de agosto de 1971. (VEREDAS, 2002).

Vamos verificar o que estamos estudando? Consulte uma publicação da Lei n°


5.692/1971 e descreva, nas linhas a seguir, quais os níveis de ensino que
comporiam a educação escolar anterior ao ensino superior, a partir da publicação
desta lei.

Obs.: a Lei 5692, será disponibilizada na MIDIATECA, consulte lá.

Passados os vinte e um anos de Regime Militar, o Brasil ingressou num período de


transição democrática de que é resultado a Constituição Federal de 1988. Entretanto, o fim da
década de 1980 e os primeiros anos da década de 1990 já exigem do Brasil uma redefinição de
seu papel dentro da economia mundial. Veja o que Teixeira relata sobre este fato:

As mudanças havidas no processo produtivo colocam novas tarefas para a


educação nacional como um dos aspectos que devem ser considerados num
projeto de desenvolvimento brasileiro. O trabalhador agora deve ter um
conjunto de habilidades e competências que o tornem apto a aprender sempre
em seu posto de trabalho. A posse dessas habilidades é tida como condição não
apenas para a atividade profissional, mas para sua inserção na vida social e
política. Mesmo porque, numa sociedade que se pretenda democrática,
cidadãos ativos precisam ser capazes de informar e saber dialogar no espaço
64

público para participar da vida social. É preciso que todos tenham acesso à
educação básica para que se tornem cidadãos e trabalhadores nesse sentido.
(VEREDAS, 2002).

Num mundo cada vez mais integrado, em que a comunicação entre os países é
mais intensa, em que os fatos políticos e econômicos têm consequências para
todos nós, é preciso que tenhamos uma visão sempre mais ampla da realidade.
Como aquela frase que ficou bastante conhecida de uns anos para cá: "agir
localmente, pensar globalmente". O esforço brasileiro tem-se dado nesse
sentido ultimamente. Isso acontece acompanhado de uma propalada escassez
de recursos públicos; de um Estado que se diz incapaz de atender a todas as
demandas sociais e busca compartilhar com a sociedade a satisfação das
necessidades da população, concentrando sua atenção naquele nível de ensino
considerado o minimamente necessário: a educação básica, com ênfase no
ensino fundamental. Esta é a etapa de ensino a que, pelo menos, todos os
brasileiros devem ter acesso. Progressivamente, ascenderão às outras etapas de
escolaridade. O desenvolvimento do Brasil requer, hoje, pelos planos estatais,
que essa orientação para as políticas educacionais se concretize. Esse rápido
olhar político sobre o final do século XX e o início do século XXI nos chama
a refletir sobre as discussões contemporâneas da ciência política e, por
conseguinte, a urgência de um novo enfoque das ciências sociais, com óbvias
consequências sobre as políticas educacionais. Evidentemente, estamos
demandando novos conceitos de Estado, Nação, Democracia, Cidadania, Edu-
cação e um repensar sobre a formação político-pedagógico do professor desta
nova era. E, aqui no Brasil, convém lembrar que, nos anos 1960,
acreditávamos ingenuamente que a Educação era a alavanca do
desenvolvimento e não enxergávamos os limites da prática pedagógica. Nos
anos 1970, as ideias da teoria da reprodução abrandaram o entusiasmo com
que muitos educadores haviam abraçado o binômio Educação e
desenvolvimento. Lembrar dos anos 1960 e 1970 é rememorar um período
marcado por movimentos estudantis - reflexo das dificuldades por que
passavam os educadores, inseridos na massa brasileira, oprimida pelo
movimento de 1964. E o ano de 1968 será sempre um marco na história
política do Brasil, pelo endurecimento das ações da ditadura. No campo social
foi um período marcado pela influência velada e oprimida por força da
65

repressão da ditadura, das ideias de Karl Marx, de Marcuse e pelas leituras do


pensamento de Althusser e Gramsci.

Por fim, consideramos que a onda neoliberal, que grassou no mundo a partir
da década de 1980, revalorizou os princípios teóricos do capitalismo. Os
ideais de sociedade na política neoliberal colocam o desenvolvimento
espontâneo da economia de mercado como a meta de perfeição para a
sociedade humana. O homem deve deixar que opere o mercado livre,
organizando a economia em função do ideal humano, nesta perspectiva, a
educação está sempre permeando as ações econômicas em todos os tempos e
evolução do mesmo. Neste sentido, devemos conhecer para saber opinar e
transformar o meio no qual interagimos, fazer educação deve, e é ir além
dessas organizações, como o observado em cada época histórica os sujeitos
estão à mercê das organizações sociais econômicas, e para cada época temos
um referencial de pauta que induz a formação da sociedade. Agora, não
queremos aqui afirmar que a sociedade deve lutar contra as organizações
econômicas/sociais, não é esta a intenção, mas devemos sim compreender que
formar sujeitos, cidadãos é mais do que isto, é ser capaz de dar condições de
acesso, reflexão e o fundamental, instrumentalizar o povo para a condição do
saber buscar conhecimento e saber optar e opinar.

Portanto, as transições e rupturas nas gestões políticas de nosso país. Na


próxima unidade, vamos discutir as gestões políticas atuais, as relações de
liberdade e o seguimento paralelo aos propósitos econômicos mundiais.
Vamos ver as relações entre os níveis escolares e as organizações dos
documentos legais que regulamentam nossa educação na próxima UNIDADE.
66

No livro “Os Intelectuais da Educação”, de Helena Bomeny, você ficará


sabendo mais sobre como os intelectuais da educação, já nas primeiras
décadas do século XX, se mobilizaram na missão de modernizar o país através
da Educação. Eles tinham um projeto de nação para o Brasil, e o Manifesto
dos Pioneiros, por eles redigido e assinado, refletia todos os seus ideais.
Personalidades como Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Darcy Ribeiro e Paulo
Freire são falados no livro e suas ideias ainda desafiam nossa luta como
cidadãos brasileiros pela construção de um sistema educacional democrático.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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<http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_educa%C3%A7%C3%A3o_no_Brasil>
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Ática, 1996.

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SCHNECKENBERG, Marisa Em Aberto, Brasília, v. 17, n. 72, p. 113-124, fev./jun. 2000.

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67

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Cortez, 1998.

VALLE, Bertha de Borja Reis do. Ciências Politicas e políticas públicas de Educação: aspectos
históricos.

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