Você está na página 1de 263

1

2
3

Reitor

Prof. Me. Stefano Barra Gazzola

Gestão da Educação a Distância

Prof. Me. Wanderson Gomes de Souza

Design Instrucional e Diagramação

Amanda Alves Figueiredo

Revisão Ortográfica / Gramatical

Natáscia Destéfani
4

Nidia Mirian Rocha Félix

Doutoranda (UNIMEP/SP) e Mestre (UNINCOR/MG) em Educação;


graduação em Matemática (UNIS/MG), graduanda em Filosofia (UFLA/MG),
especialista em Matemática, Supervisão Escolar, Docência na EaD,
Psicopedagogia e Gestão Escolar. Professora universitária: Grupo
UNIS/MG - cursos de graduação em EaD: nas áreas de Formação de
Professores, Gestão escolar, Metodologia da Matemática, Introdução a
Matemática e Estágio nos cursos de: Matemática, Física, Ciências
Biológicas e Letras; Graduação presencial na área de Gestão Escolar,
Introdução à Matemática e Sociologia nos cursos: Educação Física,
Fisioterapia, Assistente Social, Pedagogia, Biomedicina e Publicidade e
Propaganda. Realiza assistência técnica na área pedagógica em unidades
de ensino, ministra cursos presenciais relacionados à metodologias do
ensino de matemática e educação infantil, políticas públicas, avaliação,
educação inclusiva e projetos pedagógicos.

http://lattes.cnpq.br/1472334750581053
5

FELIX, Nidia Mirian Rocha. Guia de Estudo – Prática de Formação –

Guia Geral. Varginha: GEaD-UNIS/MG, 2015.

263 p.

1. Compreensão Geral da disciplina de Prática de Formação


Docente 2. A Elaboração do Memorial Reflexivo do Curso

3. Metodologias e Técnicas Escolares

I. Prática de Formação – Guia Geral.

.
6

EMENTA DA DISCIPLINA _________________________________________________________ 13


ORIENTAÇÕES GERAIS DA DISCIPLINA ______________________________________________ 15
PALAVRAS-CHAVE ______________________________________________________________ 15
COMPREENSÃO GERAL DA DISCIPLINA DE PRÁTICA DE FORMAÇÃO DOCENTE _____________ 17
OBJETIVOS DESTA UNIDADE ________________________________________________________ 17
INTRODUÇÃO __________________________________________________________________ 17
1. A DISCIPLINA DE PRÁTICA DE FORMAÇÃO _____________________________________________ 18
1.1 O ROTEIRO DE NOSSA VIAGEM DE PRÁTICA DE FORMAÇÃO ________________________________ 25
1.2 OS EIXOS TEMÁTICOS DA PRÁTICA DE FORMAÇÃO ______________________________________ 26
A ELABORAÇÃO DO MEMORIAL REFLEXIVO DO CURSO ________________________________ 37
OBJETIVOS DESTA UNIDADE ________________________________________________________ 37
INTRODUÇÃO __________________________________________________________________ 37
2. CONTEXTUALIZANDO A IMPORTÂNCIA DO MEMORIAL NO CURSO ____________________________ 37
2.3 DESENVOLVENDO O MEMORIAL SUAS TÉCNICAS E ORGANIZAÇÃO ___________________________ 42
2.4 CRITÉRIOS PARA A ELABORAÇÃO DO MEMORIAL _______________________________________ 46
METODOLOGIAS E TÉCNICAS ESCOLARES ___________________________________________ 54
OBJETIVOS DESTA UNIDADE ________________________________________________________ 54
INTRODUÇÃO __________________________________________________________________ 54
3. A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DOCENTE _____________________________________________ 55
3.1 GLOSSÁRIO DE TERMOS EDUCACIONAIS DA ATUALIDADE _________________________________ 70
ORIENTAÇÃO PARA OS EIXOS INTEGRADORES DE FORMAÇÃO _________________________ 143
OBJETIVOS DESTA UNIDADE _______________________________________________________ 143
INTRODUÇÃO _________________________________________________________________ 143
4.1 ROTEIRO PARA 1º PERÍODO – PRÁTICA DE FORMAÇÃO DOCENTE I __________________________ 145
4.2 MATERIAL DE APOIO PARA O DESENVOLVIMENTO DA DISCIPLINA NO EIXO - EDUCAÇÃO E CONSTRUÇÃO SOCIAL
DO INDIVÍDUO ________________________________________________________________ 147
4.3 COMENTÁRIOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO EIXO – EDUCAÇÃO E CONSTRUÇÃO SOCIAL DO INDIVÍDUO
__________________________________________________________________________ 152
4.4 ORIENTAÇÕES PARA A PRODUÇÃO DAS ATIVIDADES E FOMENTO PARA O MEMORIAL GERAL DO EIXO ___ 153
4.5 TEMAS DO GLOSSÁRIO A SEREM EXPLORADOS DO EIXO – EDUCAÇÃO E CONSTRUÇÃO SOCIAL DO INDIVÍDUO
__________________________________________________________________________ 164
4.6 ROTEIRO PARA O EIXO: EDUCAÇÃO E CONSTRUÇÃO SOCIAL DO CIDADÃO ______________________ 165
7

4.7 MATERIAL DE APOIO PARA O DESENVOLVIMENTO DA DISCIPLINA DO EIXO EDUCAÇÃO E CONSTRUÇÃO SOCIAL
DO CIDADÃO _________________________________________________________________ 166
4.8 COMENTÁRIOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO EIXO EDUCAÇÃO E CONSTRUÇÃO SOCIAL DO CIDADÃO _ 171
4.9 TEMAS DO GLOSSÁRIO A SEREM EXPLORADOS DO EIXO EDUCAÇÃO E CONSTRUÇÃO SOCIAL DO CIDADÃO 176
4.10 ROTEIRO PARA O EIXO: EDUCAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL ___________________________ 176
4.11 MATERIAL DE APOIO PARA O DESENVOLVIMENTO DA DISCIPLINA NO EIXO EDUCAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO
SOCIAL _____________________________________________________________________ 178
4.12 COMENTÁRIOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO EIXO EDUCAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL ______ 181
4.13 TEMAS DO GLOSSÁRIO A SEREM EXPLORADOS NO EIXO EDUCAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL _____ 187
4.14 ROTEIRO PARA O EIXO: POLÍTICA E DOCÊNCIA _______________________________________ 188
4.15 MATERIAL DE APOIO PARA O DESENVOLVIMENTO DA DISCIPLINA – POLÍTICA E DOCÊNCIA __________ 189
4.16 COMENTÁRIOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO - POLÍTICA E DOCÊNCIA ________________________ 193
4.17 TEMAS DO GLOSSÁRIO A SEREM EXPLORADOS NO EIXO POLÍTICA E DOCÊNCIA__________________ 209
4.18 ROTEIRO PARA O EIXO SOCIEDADE E DOCÊNCIA ______________________________________ 209
4.19 MATERIAL DE APOIO PARA O DESENVOLVIMENTO DA DISCIPLINA NO EIXO SOCIEDADE E DOCÊNCIA ____ 210
4.20 COMENTÁRIOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO NO EIXO SOCIEDADE E DOCÊNCIA _________________ 214
4.21 TEMAS DO GLOSSÁRIO A SEREM EXPLORADOS NO EIXO SOCIEDADE E DOCÊNCIA ________________ 228
4.22 ROTEIRO PARA O EIXO – CIDADANIA E DOCÊNCIA _____________________________________ 228
4.23 OBJETIVOS DA DISCIPLINA PARA O EIXO CIDADANIA E DOCÊNCIA ___________________________ 229
4.24 MATERIAL DE APOIO PARA O DESENVOLVIMENTO DA DISCIPLINA NO EIXO CIDADANIA E DOCÊNCIA ___ 229
4.25 COMENTÁRIOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO EIXO – CIDADANIA E DOCÊNCIA _______________ 233
4.26 TEMAS DO GLOSSÁRIO A SEREM EXPLORADOS NO 6º PERÍODO ____________________________ 256
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ___________________________________________________ 257
8
9

O estudo da gramática não faz poetas. O estudo da


harmonia não faz compositores. O estudo da psicologia
não faz pessoas equilibradas. O estudo das "ciências da
educação" não faz educadores. Educadores não podem
ser produzidos. Educadores nascem. O que se pode fazer é
ajudá-los a nascer. Para isso eu falo e escrevo: para que
eles tenham coragem de nascer. Quero educar os
educadores. E isso me dá grande prazer porque não existe
coisa mais importante que educar. Pela educação o
indivíduo se torna mais apto para viver: aprende a pensar e
a resolver os problemas práticos da vida. Pela educação
ele se torna mais sensível e mais rico interiormente, o que
faz dele uma pessoa mais bonita, mais feliz e mais capaz
de conviver com os outros. A maioria dos problemas da
sociedade se resolveria se os indivíduos tivessem
aprendido a pensar. Por não saber pensar tomamos as
decisões políticas que não deveríamos tomar. (RUBEM
ALVES)

Caro (a) aluno (a):

Antes de qualquer coisa, gostaríamos de cumprimentá-lo pela vitória,


ou melhor, pelo ingresso nos estudos a nível superior e desejamos que,
com o curso por você escolhido, tenha uma oportunidade concreta de
crescimento e de autorrealização. Esta nova etapa de sua vida certamente
enriquecerá sua formação profissional, com conteúdos e abordagens
atualizados, que o ajudarão a dar um novo significado aos conhecimentos
10

que elaborou ao longo da sua trajetória de formação e processos


estabelecidos como sujeito histórico que se é.

Gostaríamos de convidá-lo a estabelecer interações com os


constantes movimentos de ideias e conhecimentos diversos que chegam
ou passam por nós sem termos o cuidado de refletir sobre sua validade. O
Trâmite natural da vida geralmente reduz nosso tempo de olhar com
acuidade para as nossas dúvidas ou inquietações. Parece ser apropriado
pensar que desejamos conduzir nossos conhecimentos de modo a melhor
nos orientar em nossa existência. Esses argumentos têm a finalidade de
convencê-lo (a) da necessidade de se dar tempo e direito de olhar os
detalhes para compreender as nossas inquietações, dúvidas ou
questionamentos, focando, detalhadamente, os elementos que podem
contribuir para oferecer respostas. Ora, mas como fazer isso? Realmente,
esperamos que esteja interessado em conhecer os caminhos, afinal de
contas, será o tema que iremos tratar durante a formação pedagógica,
desenvolvida ao longo do curso.

Enfim, esse guia de estudo acompanhará você ao longo da sua


formação pedagógica, aqui em nossa companhia. Sugerimos que
interrompa um pouco essa leitura e dê uma folheada nele. Observe que o
guia está dividido em quatro grandes partes:

I. Instruções sobre o desenvolvimento geral da disciplina;

II. Instruções sobre como desenvolver um memorial;

III. Comentários gerais sobre os aspectos de formação educacional


para tempos atuais; e por fim:

IV. Orientações sobre cada uma das fazes da disciplina, ou seja,


conduções gerais sobre cada período de formação em Prática de
Formação.
11

Na parte I, que se refere à unidade 1, você conhecerá, de forma


geral, a estruturação da disciplina, terá oportunidade de adquirir a noção
geral sobre como será desenvolvida a disciplina e sua formatação
estrutural. Convidamos você a uma leitura cuidadosa, observando cada
passo com critério e interpretando os direcionamentos.

Já na parte II, que fala sobre o desenvolvimento do memorial, e


representa a Unidade 2 deste guia, instrumentalizaremos você a
compreender o que é um memorial: como se processa, organiza e,
fundamentalmente, como se elabora o mesmo.

Lá, na parte III, que tem referência com a Unidade 3, você deverá se
deparar com os fundamentos e instrumentos que geram a proposta
educacional para nosso tempo, além de compreender, de forma geral, as
sistematizações (conceitos) atuais sobre os processos educacionais.

Por fim, na parte que IV, nossa Unidade 4, você encontrará uma
formalização e direcionamento das ementas que constituem cada período,
ou se preferir, cada degrau de formalização e reflexão sobre os processos
que envolvem uma formação de professores para a atualidade.

Portanto, fica o convite para adentrar nos processos formativos que


envolverão os seus fazeres docentes, aqui você encontrará sustentação
para a sua prática profissional. É, portanto, nossa intenção que você, ao
estabelecer interatividade com este Guia de Estudo da disciplina de Prática
de Formação Docente, ministrada nos cursos de licenciatura – a distância,
oferecido pelo grupo UNIS/MG, possa compreender os processos que
permeiam a organização educacional, que abstraia metodologias, técnicas
e processos de mediações que apoiaram a sua prática docente e que
servirão de facilitador nos caminhos que percorrerá quando da sua prática
docente.

Você escolheu a educação como sua área de ação profissional.


Essa opção implica uma aprofundada consciência em termos de
12

responsabilidade social como agente histórico de transformação.


Assumindo essa premissa como o nosso ponto de partida, lançamo-nos
como nau deixando o cais rumo à aventura de descobertas que nos
compete cumprir.

Nós, como guias de sua viagem, ao mesmo tempo em que nos


apresentamos, abrimos oficialmente a nossa jornada conjunta, na certeza
de que ela será rica, reveladora, instigante e intrigante. Principalmente
porque você contribuirá com sugestões, questionamentos e produções
pessoais na elaboração vivencial do nosso roteiro, ou seja, nossa interação
será o motor que dará sentido à nossa aventura.

Agora, a sua participação é imprescindível, pois é a partir de suas


ações que você se sentirá parte do processo e realizará com tranquilidade
cada uma das etapas do curso, cujos conhecimentos necessários serão
estabelecidos de forma profícua.

Saiba que estamos com você nesta empreitada fazendo a nossa


parte. Contamos com a sua dedicação e empenho fazendo a sua. Em
educação, mais que em outras áreas, as mudanças só se realizam com
envolvimento e compreensão do todo.

Desejamos a você um bom trabalho, que você tenha êxito em suas


produções e reflexões, que se sinta motivado (a) e entusiasmado (a)
acompanhando-nos nesta aventura.

Desejo-lhes bons estudos!

Cordialmente,

Nidia Mirian Rocha Félix


13

Ementa da disciplina

PRÁTICA DE FORMAÇÃO – EDUCAÇÃO E CONSTRUÇÃO SOCIAL DO


INDIVÍDUO

Ementa:

Educação, visão de mundo e construção do EU. Explicitações de crenças e


valores em relação ao outro. Investigação de questões que envolvem o
processo educativo a partir da consciência e da autoconsciência do
discente. Memorial de formação – Construção de reflexões sobre os
conteúdos vivenciados nessa ementa.

PRÁTICA DE FORMAÇÃO – EDUCAÇÃO E CONSTRUÇÃO SOCIAL DO


CIDADÃO

Ementa:

O “eu” e o “outro”: a ética no processo educativo. Educação transformadora


e construção da Sociedade. Relação opressor versus oprimido.
Investigação de questões que envolvem o processo educativo, analisando-
as sob a ótica da diversidade. Memorial de formação – Construção de
reflexões sobre os conteúdos vivenciados nessa ementa.

PRÁTICA DE FORMAÇÃO – EDUCAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

Ementa:

Educação e construção da Sociedade. Educação na perspectiva dialógico-


problematizadora de Paulo Freire. Saberes necessários à prática
pedagógica. Relação professor – aluno. Investigação de questões da
14

prática pedagógica. Memorial de formação-Construção de reflexões sobre


os conteúdos vivenciados nessa ementa.

PRÁTICA DE FORMAÇÃO – POLÍTICA E DOCÊNCIA

Ementa:

Educação e ação social transformadora e inclusiva. A função e o alcance


social do Projeto Político Pedagógico, partindo da abordagem reflexiva
proposta no Estágio Supervisionado I. Memorial de formação-Construção
de reflexões sobre os conteúdos vivenciados nessa ementa.

PRÁTICA DE FORMAÇÃO – SOCIEDADE E DOCÊNCIA

Ementa:

Reflexão dos paradigmas positivistas e complexos. Interdisciplinaridade na


prática pedagógica. Fundamentos da Pedagogia de Projetos e sua
aplicação na sala de aula. Relação professor / aluno. Memorial de
formação – Construção de reflexões sobre os conteúdos vivenciados nessa
ementa. Relação do conteúdo trabalhado com a prática desenvolvida no
estágio.

PRÁTICA DE FORMAÇÃO – CIDADANIA E DOCÊNCIA

Ementa:

Inovação na sala de aula: uso das novas tecnologias da informação e a


prática inclusiva. Projetos na escola. Memorial de formação – Construção
de reflexões sobre os conteúdos vivenciados nessa ementa. Relação do
conteúdo trabalhado com a prática desenvolvida no estágio.
15

Orientações gerais da disciplina

Ver Plano de Estudos da disciplina, disponível no ambiente virtual.

Palavras-chave

Compreensão geral da disciplina de Prática de Formação Docente. A


elaboração do memorial reflexivo do curso. Metodologias E Técnicas Escolares.
16
17

Compreensão Geral da Disciplina de Prática de


Formação Docente

Objetivos desta unidade

 Reunir informações sobre a condução do processo de


desenvolvimento da disciplina ao longo dos períodos.

Introdução

Nesta primeira unidade conversaremos sobre os aspectos que


envolvem a disciplina de Prática de Formação como um todo. Você deverá
compreender como ela se desenvolverá ao longo do curso, terá noção da
sua proposta como um todo e do fio condutor que guia os períodos, bem
como a sua estruturação. Enfim, terá uma visão geral sobre cada um dos
assuntos que trataremos como processo de formação.
18

1. A disciplina de Prática de Formação

Temos de imediato, um desafio - entender com clareza o que vem a


ser a "Prática de Formação" e em que perspectiva nós a efetivaremos nos
cursos de licenciatura a distância.

Quando falamos em "Prática" pressupomos uma ação, um fazer.


Porém, não é um fazer qualquer, ou melhor, qualquer fazer que configura
uma "prática de formação". O fazer a que visamos se fundamenta e
movimenta segundo bases teóricas sólidas, vivas, dinâmicas, refletidas,
pensadas e abraçadas por identificação como parte de nós mesmos.
Compreenda que uma teoria adotada é fruto de uma escolha, por
considerar que o que ela propõe responde às necessidades, aos anseios,
ao contexto em que nos inserimos e no qual queremos atuar positivamente.

Ora, estamos afirmando


O que queremos
que todo profissional
dizer com a
necessita ter métodos,
expressão “uma
didática, técnicas, ou seja,
teoria adotada”?
conhecer sobre as
diversas teorias
educacionais, para que dê
conta de estabelecer norte
na sua conduta
organizativa da sala de
aula.
19

E é exatamente isso que a disciplina de prática de formação deverá


estabelecer e orientá-lo. Mas antes de iniciarmos as diretivas gerais para a
disciplina, saiba que:
20

É preciso saber, com


sensibilidade e segurança,
Sabe o que irá prepará-lo dialogar com os vários saberes
para a ação docente? para, servindo-se destes,
fazerem instrumentos para
ação-transformação da
realidade. Saiba, afinal, que
ações como essas são de
fundamental importância no
desenvolvimento de
competências de um professor.
E são essas competências que
iremos desenvolver por aqui.

Vamos simplificar? Imagine um especialista em um campo da


ciência; o fato de conhecer profundamente o universo teórico de sua
especialidade não garante que ele venha a ser um bom transmissor,
disseminador ou professor daquilo que tão bem conhece. Mas o problema
não fica aí, mesmo que ele seja um mestre-orientador competente, ainda
permanece uma pergunta: será ele capaz de articular o corpo teórico com
as questões do cotidiano, da vida, que borbulham dentro de nós e à nossa
volta? Ele deve estar “antenado” com as vicissitudes de seu momento
histórico, consciente de seu posicionamento frente a elas e com uma
proposta, um ideal inspirador, guiando sua ação transformadora e
emancipadora de alcance humano-social. Só assim poderá fazer do
conhecimento um efetivo instrumento de construção de um ser humano e,
21

consequentemente, de uma sociedade mais solidária, mais justa e mais


sensível.

Paulo Freire, no livro “Professora sim, tia não, cartas a quem ousa
ensinar” , 1
realiza considerações importantes sobre o ato de ensinar e
declara:

[...] a tarefa do ensinante, que é também aprendiz, sendo


prazerosa é igualmente exigente. Exigente de seriedade, de
preparo científico, de preparo físico, emocional, afetivo. É
uma tarefa que requer de quem com ela se compromete
um gosto especial de querer bem não só aos outros, mas
ao próprio processo que ela implica. É impossível ensinar
sem essa coragem de querer bem, sem a valentia dos que
insistem mil vezes antes de uma desistência. É impossível
ensinar sem a capacidade forjada, inventada, bem cuidada
de amar. (FREIRE, 1997, p. 8)

Você compreende com clareza, que a essência do ensinar, para


Paulo Freire, consiste em um diálogo constante consigo mesmo? E que a
persistência e o querer bem que ele comenta têm relação com as ações
por você estabelecidas quando da sua prática profissional? E, como
aprendizes, que por sinal, é bem afirmado por Freire, você deverá estar
sempre atento às tendências educacionais, não se esquecendo de que não
deverá perder de vista a constância da investigação, do saber sempre
mais, de buscar novas formas para dar conta dos processos metodológicos
e didáticos necessários à condução de uma sala de aula.

FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo:
1

Olho d’água, 1997.


22

Para corroborar com essa ideia, Demo complementa as indicações


2

de Freire, quando afirma que:

Educar pela pesquisa tem como condição essencial


primeira que o profissional da educação seja
pesquisador, ou seja, maneje a pesquisa como
princípios científicos e educativos e a tenha como
atitude cotidiana. Não é o caso fazer dele um
pesquisador “profissional”, sobretudo na educação
básica, já que não a cultiva em si, mas como
instrumento principal do processo educativo. Não se
busca um “profissional da pesquisa”, mas um
profissional da educação pela pesquisa. Decorre,
pois, a necessidade de mudar a definição do
professor como perito em aula, já que a aula que
apenas ensina a copiar é absoluta imperícia.”(DEMO,
2003, p. 2)

O que revela Demo com essa afirmação é que o professor da


atualidade necessita compreender, que em sua ação docente é necessário
promover o processo de pesquisa no aluno, deixando de ser objeto de
ensino, para tornar-se parceiro de trabalho. Tanto Freire como Demo
concordam que o professor profissional, o educador de tempos atuais,
precisa assumir a relação de sujeitos participativos, tomando-se o
questionamento reconstrutivo como desafio comum.

Você, na sua prática docente deverá, portanto, assumir uma postura


de mediador de conhecimentos . Mas é importante compreender que um
3

mediador de processos de conhecimento tem uma prática totalmente

2
DEMO, Pedro, Educar pela pesquisa. 6 ed. Campinas SP: Autores associados, 2003.
3
(para compreender melhor, veja o verbete “Processos de mediação” no
Glossário/capitulo 3)
23

contrária a uma condução de sala de aula que resulta apenas em uma


prática que intencione a distribuição de receitas prontas, mas sim uma
orientação educativa recheada de estratégias que facilitem a capacidade
de educar pela pesquisa.

Agora, para assumir uma postura como essa, é necessário


compreender que devemos revestir-nos de outra consciência que por
muitos anos perdurou e que ainda permanece nos meios educacionais,
onde se acredita que o problema principal da educação gira em torno do
aluno. Esse tipo de crença deve ser repensado, uma vez que o:

“problema principal da educação não está no aluno,


mas na recuperação da competência do professor,
vítima de todas as mazelas do sistema, desde a
precariedade da formação original, a dificuldade de
capacitação permanente adequada, até a
desvalorização profissional extrema, em particular, na
educação básica. Qualquer proposta qualitativa na
escola encontra na qualidade do professor a relação
mais sensível.”(Id, 2003, p. 3)

Agora, com vistas a todas essas reflexões que Freire e Demo nos
permitem, precisamos deixar claro como vamos organizar nossa disciplina
durante o processo de formação do curso. Lembramos que a disciplina de
Prática de Formação permeará todos os períodos, então os seus saberes
docentes serão construídos aos poucos. Saiba que, usamos por aqui, uma
linearidade de graus de conhecimento, ou melhor, de passos que
avançaremos ao longo do curso com o propósito de forma-lo (a) para o
enfrentamento da sala de aula. É nossa intenção que você conheça as
fundamentações básicas dos processos educativos.
24

Bem, pelo mencionado anteriormente, a Prática de Formação é o


espaço em que você colocará todos os saberes assimilados nos demais
componentes curriculares e os tecerá, conjuntamente, dentro das óticas
que este nosso próprio componente vai apresentar, em produções
pessoais escritas de observação, reflexão, análise, crítica e transformação
perante a realidade humano-social-educacional em que historicamente
nos inserimos.

Como isso será


realizado?

Você terá um instrumento específico, exclusivo nosso, que é o


MEMORIAL, se você adiantar as páginas e for até a unidade 2,
compreenderá com mais propriedade a sua sistemática.

Vá lá e volte para

continuar a leitura.

Bom, você deve ter observado nas explicações que elaborar um


memorial é algo que requer dedicação, reflexão, rememoração de ações
vivenciadas, dentre outros aspectos. Saiba que periodicamente você será
chamado a fazer sínteses articuladoras de teoria e prática, de
25

conhecimento e realidade, em vários aspectos e níveis de abordagem.


Tudo que vivenciar durante seu curso a distância encontrará, no Memorial,
o ponto de encontro que dará o sentido histórico formador do profissional
que você crescentemente virá a se fazer. Em cada período, uma vez que a
Prática de Formação o/a acompanhará durante todo o percurso, você terá
momentos para a produção de suas visões reflexivo-articuladoras. Isso
significa que, ao final de cada período, você deverá fazer um fechamento
de suas percepções e avanços reflexivos no Memorial, momento em que
essas reflexões poderão convergir em aprendizado significativo.

Agora, é importante que você saiba que tudo será explicado com
calma a cada novo passo de nosso trajeto, com antecedência, para que
você possa se programar e administrar seu tempo com segurança, pois
este é o principal fator de sucesso em EAD.

Veja a seguir, como é a programação geral da disciplina.

1.1 O Roteiro de Nossa Viagem de Prática de Formação


Uma das agradáveis funções de um guia turístico é apresentar o
todo do percurso, evidenciando sua lógica, seus encantos, seu potencial,
seu alcance, despertando o interesse e a adesão tão necessários na
aventura de um caminhar conjunto. E é o que faremos aqui,
apresentaremos a você o trajeto de nossa viagem, mais especificamente,
da nossa construção de saberes, caminhos que você deverá percorrer com
muito cuidado, atenção, querendo aprender, pois você, como profissional
professor, possui uma missão: formar as novas gerações e para tanto,
deverá ser bem preparado, queremos que você saiba sobre o seu ofício,
sobre a sua trajetória com visualização ampla, topa?

Vamos lá então, a proposta da disciplina de Prática de formação é ser


constituída por um eixo aglutinador, ou seja, um eixo temático para cada
26

período. Esses eixos estão interligados e atendem a uma lógica seguida em


todos os períodos do seu curso de formação, vivenciada no memorial que
servirá de suporte reflexivo para o seu aprendizado. Saiba que dentro dessa
lógica nutrimos um desejo de que sua produção possa ser significativa, que
contemple os processos da interdisciplinaridade, de transdisciplinaridade,
que envolva entrosamento e que o diálogo produtivo de todos os saberes
se efetive, ou seja, dentro da lógica do eixo temático pretendemos que você
possa dar o enfoque primordial a ser adotado, sabendo escolher quando
da sua prática efetiva como profissional professor, constituindo-se na lente
que se escolhe para olhar a realidade, no ponto de vista, no ponto de
observação, de abordagem a ser seguida, como referência durante o
caminho, como a bússola do navegador aventureiro e desbravador em alto
mar.

Nossa viagem já tem seu roteiro, uma visão panorâmica, com partidas
e chegadas previstas, escalas, excursões, expectativas. A ansiedade é
natural, há todo um desconhecido a ser desbravado, mas sem dúvida, nós
temos nossas razões na escolha de nosso itinerário, com objetivos bem
definidos.

1.2 Os Eixos Temáticos Da Prática De Formação

Vamos conhecer os
eixos temáticos?
Afinal, para nós eles
são primordiais...
27

Na fase da Prática de Formação que temos o eixo Educação e


Construção Social do Indivíduo, especificamente objetivaremos:

 Entender "educação" como o processo de construção humano-


social do indivíduo;
 Incorporar o exercício da autocrítica, paralelamente ao da crítica
social, pela compreensão de que a "lógica" da sociedade em que
nos inserimos está internalizada em nossas mentes, reproduzida,
condicionando nossas percepções, nossos julgamentos, nossos
sentimentos, nossas ações, nossas relações;
 Empreender ao resgate do caráter histórico do hoje, para assumi-
lo como possibilidade de emancipação-superação rumo a um
amanhã individual e socialmente mais harmônico, mais sensível,
justo, solidário e feliz.
 Realizar a síntese reflexiva do processo formativo por meio da
produção do memorial.

Na fase da Prática de Formação que temos o eixo Educação e


Construção Social do Cidadão, especificamente objetivaremos:

 Delinear historicamente as movimentações que sustentam as razões


da formação na atualidade, principalmente quanto aos problemas e
crises que afetam o homem contemporâneo, aprofundando assim, o
entendimento sobre a educação enquanto construtora de futuro
humano social, da qualidade das relações humanas que se
estabelecerão no amanhã, desenvolvendo a consciência sócio-
responsável-cidadã.
 Analisar as razões históricas para nosso desencontro atual, nossas
crises numa série de cortes, de separações, de fragmentações, de
enganos de entendimento, de exclusão, de perda de consciência, de
28

perda da autoconsciência e da autonomia, gerando um estado geral


que poderia ser sintetizado no conceito amplo de alienação.
 Reconhecer o “eu” e o “outro”: a ética no processo educativo, uma
proposta de uma educação transformadora que possibilite a
construção de uma sociedade consciente dos processos éticos e
suas implicações na prática docente.
 Compreender como se estabelece a relação de opressor versus
oprimido, utilizando-se de processos de investigação de questões
que envolvem o processo educativo, analisando-as sob a ótica da
diversidade.
 Realizar a síntese reflexiva do processo formativo por meio da
produção do memorial.

Na fase da Prática de Formação que temos o eixo Educação e


Transformação Social, especificamente objetivaremos:

 Sensibilizar-se com a Pedagogia Humanista e transformadora de


Paulo Freire, compreendendo os processos educacionais e sua
correlação na construção da Sociedade.
 Articular os processos que envolvem os saberes necessários à
prática pedagógica no tocante à compreensão geral sobre as
relações entre professor – aluno.
 Promover o redimensionamento do “olhar” sobre a própria prática
docente, para que se possa saber analisar criticamente, mobilizando
assim, a proposição de ações pedagógicas coerentes e eficazes que
possibilitem análises sobre a prática educacional e sua
conectividade sobre os processos que envolvem a teórica/prática.
 Saber articular entre o discurso científico, o discurso de divulgação
científica e o discurso didático.
 Ensaiar um “ideal pedagógico” inspirador, um “sonho”, uma utopia a
ser transposta para sua ação educativa.
29

 Conscientizar-se da função político-transformadora da educação e


do peso histórico de seu papel como educador e desconstrutor da
humanidade futura.
 Entender que as ações estabelecidas historicamente têm correlação
direta com as ações atuais e que tais ações são instrumentos de
superação dos desencontros que negam e impedem o amanhã
ansiado, oportunizando assim, a emancipação da vida humana.
 Alargar os horizontes de formação do educador no sentido de tocar
as sensibilidades de seus alunos para novas óticas, novos valores,
dando alma e função histórica e política ao conhecimento, um
conhecimento para fundar um humano mais sensível, um mundo
melhor.
 Realizar a síntese reflexiva do processo formativo por meio da
produção do memorial.

Na fase da Prática de Formação que temos o eixo Sociedade e


Docência, especificamente objetivaremos:

 Instrumentar para o desenvolvimento da pesquisa-ação como


exercício da responsabilidade social na construção do amanhã
dentro dos aspectos que envolvem uma ação social transformadora
e com envolvimento nas mobilizações dos processos inclusivos.
 Compreender a atuação docente na relação dialética “prática - teoria
-prática recriada” como possibilidade de modificar a realidade,
relacionando a importância de um projeto político pedagógico que
dê conta de estruturar e conduzir uma comunidade escolar com
consciência e comprometimento com os aspectos que envolvem a
comunidade escolar.
 Reconhecer o espaço escolar como campo de lutas, conflitos, trocas
e buscas, sabendo identificar os saberes necessários à prática
educativa.
30

 Observar o contexto escolar e identificar elementos que compõem a


rede de relações que envolvem o ensinar e o aprender.
 Realizar a síntese reflexiva do processo formativo por meio da
produção do memorial.

Na fase da Prática de Formação que temos o eixo Cidadania e


Docência, especificamente objetivaremos:

 Favorecer a construção de uma visão crítico-reflexiva acerca das


inovações necessárias para a sala de aula, sabendo correlacionar as
novas tecnologias da informação e a prática inclusiva.
 Instrumentalizar para a capacidade de análise crítica da realidade
escolar e de intervenção que vise a sua transformação rumo à
construção da cidadania.
 Saber discutir o espaço escolar como possibilitador da formação
para a cidadania, por meio de intervenções e projetos gerais que
envolvem as reais necessidades escolares, tendo em vista as reais
necessidades/dificuldades dos sujeitos envolvidos no processo
educativo.
 Saber identificar as necessidades/dificuldades dos sujeitos
envolvidos no processo educativo, por meio de orientações
relacionadas às novas organizações que deem conta de englobar as
novas tendências necessárias à formação direcionada para as
novas gerações.
 Observar a sala de aula para identificar as
necessidades/dificuldades dos alunos.
 Elaborar proposta de intervenção na aprendizagem, tendo em vista
as reais necessidades/dificuldades dos alunos.
 Realizar a síntese reflexiva do processo formativo por meio da
produção do memorial.
31

Na fase da Prática de Formação que temos o eixo Educação e


Construção Social do Indivíduo, especificamente objetivaremos:

 Favorecer a compreensão da função emancipadora da sala de aula,


considerando o ideal de formação do indivíduo cidadão.
 Promover instrumentos para a intervenção na aprendizagem, tendo
em vista necessidades/dificuldades dos alunos.
 Favorecer a síntese reflexiva de todo o processo formativo
vivenciado no curso, de modo a estabelecer a dialética da teoria
com a prática na formação do educador.
 Discutir o espaço escolar como possibilitador da formação para a
cidadania, reconhecendo a sala de aula como promotora da
emancipação humano-social.
 Discutir a sala de aula e os desafios para a promoção da
aprendizagem.
 Caracterizar o professor como agente crítico-transformador na
gestão da sala de aula, identificadas na entrevista e nas observações
feitas na escola.
 Aplicar a proposta de intervenção planejada no período anterior.
 Realizar a síntese reflexiva do processo formativo por meio da
produção do memorial.

Compreendendo os
eixos e seus
objetivos, você deve
conhecer também a
divisão das práticas
estabelecidas. Veja
a seguir:
32

A disciplina é dividida no decorrer dos períodos em dois tópicos, nos


três primeiros períodos, você estará dentro da ótica receptora, pois
receberá as informações sem o apoio da prática, veja:

Nos três últimos períodos, você já estará no campo de observação e


acompanhando as movimentações da escola, chamamos essa etapa de
promotora, pois você deverá promover o seu aprendizado na prática,
transpor os conceitos, até então absorvidos. Veja como é a divisão dos
últimos 3 períodos de estudo.
33

Na ótica receptora (etapa 01), constatamos e nos posicionamos


frente aos efeitos da educação observáveis em nós e à nossa volta, ao
passo que na ótica promotora (etapa 02), a partir do que já verificamos,
erguemos nossas propostas de ação-atuação pedagógico-educacional
que pretendemos implementar, justificando-as.

Ambas as etapas estão divididas em três enfoques:


34

Você precisa lembrar, no entanto, que essa divisão


em etapas, com enfoques, visa facilitar a nossa
compreensão de cada um dos aspectos
centralizados, uma vez que na realidade vivencial
tudo se dá concomitantemente: somos educados ao
mesmo tempo em que educamos, reproduzindo o
que absorvemos, como indivíduo e cidadão, crítico ou
não, numa teia complexa de vivências e relações que
nos definem em todas essas dimensões contextuais,
históricas.
35

UFA! Quantas orientações a serem dadas? Quantos


esclarecimentos? Bem, esse é o nosso papel como guia, explicando cada
passo do caminho, justificando-o, oferecendo informações que você não
pode sozinho (a) descobrir. Como cada componente curricular dialoga
com as normas gerais do curso, embora já as tenha recebido e, sem
dúvida, lido. Nossa aventura requer de seus participantes uma grande
integração, envolvimento e entusiasmo, o que só é possível com o
conhecimento seguro e o uso correto das instruções de viagem.

A prática de formação dá sentido, direção,


consistência, vida e alma ao conhecimento
pedagógico-educacional.
36
37

A Elaboração do Memorial Reflexivo do Curso

Objetivos desta unidade

 Conhecer a estrutura de um memorial, bem como a organização


geral do mesmo, os aspectos que o compõem e orientam a sua
elaboração.

Introdução

O conhecimento sobre os dados relativos à construção e elaboração


do memorial constitui essa parte do guia. Aqui você conhecerá o processo
geral de elaboração de um memorial, suas nuances e organizações para
cada uma das etapas do seu curso.

2. Contextualizando A Importância Do Memorial No Curso

O memorial, o que é?
38

Para que você compreenda o processo de registro de um memorial,


primeiramente convido-o (a) a compreender o seu significado, a partir das
indicações do dicionário Aurélio encontramos o registro dos verbetes que
4

ajudam a responder essa questão. O significado da palavra memória é ali


registrado como: reminiscência, recordação, lembrança. No computador, a
memória é um dispositivo que pode receber, guardar informações e
fornecê-las de novo, quantas vezes forem solicitadas. E aqui, como
conceituamos memorial? Vejamos:

O Memorial é o resultado de uma narrativa da própria experiência,


ele se concretiza na prática de questionar-nos, ou seja, de rememorar
nossas experiências passadas para fazer aflorar não só recordações/
lembranças, mas também informações que confiram novos sentidos ao
nosso presente. Na realidade, o Memorial é uma retomada a partir dos

4
HOLANDA, A. B. Dicionário Aurélio Escolar da Língua Portuguesa, 1 ed.,: Rio de
Janeiro Editora Nova Fronteira, 2010.
39

fatos significativos que vêm à lembrança. Escrever um Memorial consiste


em um exercício sistemático de escrever a própria história, rever a trajetória
de vida e aprofundar a reflexão sobre ela. Esse é um exercício precioso
para o autoconhecimento.

Dentro da proposta do
curso, o Memorial
privilegia as experiências
vivenciadas ao longo do
seu processo de
formação.

Cada aluno deverá, portanto, rever sua própria trajetória de


formação, com traços de reflexões do presente, realizando assim, análises
à luz dos conhecimentos teóricos focalizados nas diferentes disciplinas
trabalhadas em cada um dos períodos. É claro que os mediadores
(professores) da disciplina de Prática de Formação darão o tom nas
reflexões, mas você deverá ter consciência do seu processo de formação
aliado às expectativas teórico-prática e interdisciplinar.
Saiba, portanto, que o Memorial é um depoimento escrito sobre o
processo vivenciado por você ao longo da sua trajetória de formação,
registros de descobertas, observações, dentre outros aspectos que serão
solicitados pelos mediadores das disciplinas (professores de cada período),
são recheio para a produção do mesmo. Veja:
40

O memorial é...
A ressignificação de sua identidade profissional e incorporação de reflexões sobre a prática
estabelecida nos estudos com uma perspectiva interdisciplinar. É um tipo de depoimento.

Como todo processo, não é feito somente de acertos e sucessos; ocorre falhas, paradas,
mudanças de rumo, mas o importante é não interrompê-lo.

É um processo individual de cada aluno(a), voltando-se, portanto, para sua história pessoal e
profissional, suas experiências positivas ou negativas acumuladas ao longo dos anos e dentro
do curso.

É um exercício sistemático de reflexão, a partir das mediações e estímulos dos professores de


cada período, em que registra ideias, dúvidas e achados que se desenvolvem ao longo do
curso.

Agora, como mencionado na Unidade 1, esse processo reflexivo tem


como suporte o Eixo Integrador de cada período, pois os mesmos servirão
de norte para a sua formação reflexiva, sobre o que vem a ser um
profissional da educação (um professor). Como já informado, também os
eixos propõem uma temática de trabalho interdisciplinar. O material
disponibilizado pelos professores e a condução da disciplina, em conjunto
com as demais de cada período, deverão servir de orientações que
ajudarão você a refletir sobre as questões envolvidas nas experiências que
estarão vivendo em cada momento do curso, na escola em que trabalham
(para os que já estão envolvidos no processo profissional) e para aqueles
que estão se preparando para a profissão, bem como na vida pessoal.
O significado de analisar a Prática Pedagógica, em uma perspectiva
41

interdisciplinar, permite que você utilize conceitos, ideias, informações,


referências teóricas dos diversos componentes curriculares do curso,
articulando-os para analisar, interpretar e compreender a sua experiência
pedagógica.
O Memorial começa pela contextualização da sua própria história de
vida. Por exemplo, utilizando, logo de início, a concepção de cultura
apreendida nas disciplinas que utilizam tais conceitos, situando o mundo
cultural em que nasceu o sistema de significados e de costumes
predominantes em sua família e em sua comunidade, os valores, a língua,
os hábitos, as relações familiares, o jeito de viver e se expressar.
Benjamim (1985) considera que: “O narrador conta o que ele extrai
5

da experiência – sua própria ou aquela contada por outros. E, de volta, ele a


torna experiência daqueles que ouvem sua história.” Portanto, à medida
que você avançar no processo da escrita do seu Memorial, você perceberá
que incorporará contribuições diversas do material de apoio a sua
formação e novos horizontes se abrirão; o processo de rememoração
oportuniza um reviver e refletir outros aspectos, problematizar as situações
vivenciadas, oportunizando também uma reformulação das práticas e
acontece uma magia da libertação de processos até então enraizados, ou a
modulação de novas visões e da percepção de novas perspectivas do
modo de vivência. Observará que práticas predominantes em seu grupo
familiar se inserem na esfera das relações entre educação, cultura e
sociedade. E que as disciplinas estudadas envolvem-se em núcleo comum
e despertam em você importantes fatos que serão captados,
implementados e adaptados a novas formas de ver o mundo que o cerca.

5
BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov.
In: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 2ª.
São Paulo: Brasiliense, 1985. P. 197-221.
42

Esse processo é chamado de


TRANSFORMAÇÃO. O que
Paulo Freire em seus
ensinamentos tanto
persiste...

E por falar de Paulo Freire, é bom que você saiba que no processo
de reflexão, você deverá, portanto, incorporar as contribuições dos diversos
conteúdos desenvolvidos nesse curso e Freire hoje é uma referência para
os nossos afazeres docentes. Você encontrará elementos para situar
problemas e contradições em sua própria prática, aprendendo a
ultrapassar o senso comum e a fazer a análise crítica de sua experiência.
Num contínuo processo de ação-reflexão-ação, irá descobrir novos
significados para seu trabalho com a Educação. A cada momento estará
buscando um novo significado para sua atuação profissional, percebendo
que isso trará um sentido novo para a sua prática docente e, certamente,
para a sua vida.

2.3 Desenvolvendo O Memorial Suas Técnicas E Organização

O Memorial deverá ser realizado de forma individual, mesmo que


algumas atividades solicitadas pelos mediadores das disciplinas sejam
planejadas em grupo, a síntese final, de cada período, deverá ser
processada por você individualmente, utilizando-se do roteiro da Parte 3
desta unidade.
Portanto, o documento final do seu memorial é original, uma vez
que você, ao estabelecer seus registros, deverá procurar conhecer a si
mesmo, contextualizar e compreender a sua trajetória dentro do curso e
43

das suas vivências em particular.


O Memorial é composto pelas produções solicitadas pelos
mediadores da disciplina (professores) e a análise vai crescendo em
profundidade à medida que você amplia sua reflexão, incorporando a
contribuição das demais disciplinas que compõem o período em estudo.
Portanto, todas as demais disciplinas curriculares deverão contribuir
com informações importantes a serem captadas. Ao incorporar as
contribuições dos diversos conteúdos desenvolvidos em cada período,
você estará buscando um novo significado para sua atuação profissional,
percebendo que isso trará um sentido novo para a sua prática docente e,
certamente, para a sua vida. Para facilitar esse trabalho, você deverá utilizar
um local de registro no qual irá anotar suas lembranças, vivências e
reflexões, desenvolvidas ao longo do curso. Com o tempo, perceberá que
se trata de um exercício de grande valia para o seu desenvolvimento
intelectual e para o redirecionamento de sua Prática Pedagógica. Por ser
um registro individual, o memorial expressa a sua singularidade, registra
suas experiências pessoais objetivas e subjetivas, positivas ou não,
acumuladas ao longo dos anos. São momentos de sua história, que dão
visibilidade ao seu passado, revelam sua identidade, trazem suas análises e
reflexões. São páginas especiais, em que você se apropria do
conhecimento, utilizando-o para descobrir caminhos e perspectivas para o
futuro. Portanto, trata-se de uma tarefa individual, centrada em sua história
pessoal e profissional a ser desenvolvida ao longo do curso como um
exercício contínuo e gradativo.
Os mediadores da disciplina deverão propor fóruns que terão como
6

centralidade de objetivo a discussão do processo e a troca de informações


que promoverá, por meio de momento coletivo, a troca de experiências que
deverão contribuir para sanar dúvidas, clarear ideias, reunir pontos
importantes para a análise e permitirão reflexões teóricas, que certamente
44

vão sendo aprofundadas com o avanço do curso.


No processo de refletir sobre o dia a dia, você irá identificar
problemas, contradições e caminhos a superar, descobrindo alternativas e
possibilidades a serem desenvolvidas, para a ressignificação de sua Prática
Pedagógica.
Essa análise crítica torna-se cada vez mais consistente, à medida
que vai sendo subsidiada pelas ideias, referências teóricas, conceitos e
contribuições incorporados ao longo do curso, com contribuição das
demais disciplinas que compõem o período em estudo, bem como os
anteriores.

Na segunda fase do curso, ou seja, nos últimos períodos, ao tomar a


prática como objeto de reflexão, você identificará o que é fundamental na
incorporação e transformação de sua atividade docente, de sua relação
com os alunos e com a comunidade em torno da unidade escolar. Nesse
momento, você estará tomando consciência da sua própria metamorfose,
ou melhor, tomando consciência do profissional da educação que pretende
ser, como deverá atuar para transformar vidas, para conduzir o processo
educativo, que é o objetivo principal de sua formação.
Enfim, compreenda que o memorial é uma colcha de retalhos, uma
espécie de união de conceitos, procedimentos e orientações, que servirão
de apoio reflexivo na constituição do profissional que você deverá ser. É
importante compreender que o memorial terá capítulos conclusivos e você,
ao concluir o seu curso, deverá apresentar um relatório geral, reflexivo,
reunindo as suas vivências na disciplina, este relatório deverá ser
organizado ao longo dos períodos e reunido como conclusão no 6º
período. Portanto, em cada período será avaliado o seu crescimento e
desenvolvimento. O roteiro de perguntas constante da ficha de Avaliação
do Memorial (ver parte 3 desta unidade) dá orientação sobre pontos
importantes que devem ser avaliados. Não é nossa intenção prever de
imediato todos os pontos avaliativos, o professor da disciplina de cada
45

período poderá acrescentar outros que lhe parecerem significativos.


Comentários poderão ser realizados para que venham completar e
enriquecer suas observações ao longo do período; é esse o sentido de
formação, o de dar direcionamento e corrigir pontos aparentes com falhas.

Sendo assim, ao fim de cada módulo, você deverá


produzir um texto síntese que fará parte do Memorial
final, essa ação será direcionada pelo mediador de
cada período do curso. O conjunto desses textos
constitui o material-base para a elaboração de um
texto conclusivo no último módulo. Uma sugestão é
que você tenha um caderno ou pasta onde possa
colecionar suas redações, semelhante a um
portfólio. A avaliação do Memorial, ao privilegiar o
processo de sua elaboração, deverá considerar o seu
crescimento gradual em cada período e ao longo do
curso. É importante acompanhar e incentivar esse
desenvolvimento. Mesmo que a primeira redação se
apresente de forma fragmentada e sem um fio
condutor, mesmo que nem todas as questões tenham
sido tratadas satisfatoriamente nos textos iniciais, as
leituras, as discussões em grupo, as avaliações
individuais e coletivas deverão contribuir para as
partes do texto produzidas na etapa final do curso e
os textos deverão ser produzidos tendo como
norteadoreso que está registrado na parte 3, seguinte.
46

2.4 Critérios Para A elaboração Do Memorial

É tarefa do educador dar respostas aos problemas de seu tempo


por meio de sua ação pedagógico-educativa (plantando novos
entendimentos, em seus educandos, que superam as visões antigas que se
forjaram na história e que geraram os desajustes do hoje) é preciso que ele
conheça em profundidade as razões para esses desencontros e equívocos,
buscando estar informado sobre o que já se produziu em termos de
conhecimento sobre o tema, o que se escreveu em livros e artigos
publicados pelos pensadores reconhecidos.

Essa é a sua função cidadã-ético-profissional e, para tanto, a


pesquisa é uma das atividades mais básicas, imprescindíveis e
permanentes do professor-educador.

Paralelamente, compete-lhe, ainda, refletir sobre o que lê e estuda,


gerando sua produção escrita própria, escolhendo os seus caminhos,
embasando teoricamente suas opções de ação, de crença, de ideal, dentro
de sua tarefa de resgate humano social, plantando as sementes de um
futuro mais promissor, mais justo e mais feliz.

Assim, você escreve as sínteses de sua pesquisa, de sua leitura,


leitura essa que parte do seu interesse pelas questões do hoje que pedem
soluções, questões que importam para a educação, questões que atingem
a sociedade, a sua escola, seus alunos e a você mesmo.

Não há como atuar em educação sem produzir sua justificativa de


ação pessoal constantemente, a cada planejamento, a cada projeto, a cada
reflexão que se plasme em sua vida-atuação.

Percebemos, assim, que vamos nos ocupar de temas relacionados à


construção social do cidadão (nosso eixo), ou seja, à educação formadora
do humano em sociedade, promotora da qualidade das relações humanas.
47

Sabemos que as relações estabelecidas pelo homem estão longe de


ser satisfatórias. Isso leva a educação a repensar-se, a repensar as razões
que levaram aos equívocos geradores das crises crescentes que nos
afligem, tentando, a partir dessa reflexão profunda, buscar novas
alternativas superadoras desses impasses. Assim, a formação do educador
requer essa conscientização cuidadosa, e é este trabalho que aqui
tentamos desenvolver.

Portanto, a partir dos temas fundamentais de cada unidade, você


será convidado a realizar pesquisas que comporão as atividades avaliativas
de cada uma das quatro unidades do período. Lembrando que utilizaremos
sempre o(s) texto(s) origem - logo, será nele(s) que encontraremos nosso
foco de análise. Caberá a você, em grupo ou individualmente, conforme as
instruções, buscar o que construirá suas visões fundamentadas sobre as
questões a serem discutidas, valendo-se da internet, dos mecanismos de
busca on-line, de bibliotecas às quais tenham acesso etc.

Apresentamos, em categorias específicas, algumas sugestões de


sites para pesquisa, mas esse universo deve ser expandido por vocês,
atendendo às intenções, às expectativas, aos planos e aos temas que
queiram abordar em suas produções escritas em cada unidade (as
atividades-avaliações programadas).

De modo geral, essas são as recomendações, as orientações, os


procedimentos, os passos, a coreografia que neste segundo período nós
vamos dançar, soltando-nos ao convite da melodia, da emoção, mas
ensaiando e praticando o que melhor reverta em maior crescimento e
aprendizado. Todas as produções acadêmicas, individuais ou em
grupo, conterão obrigatoriamente os seguintes itens de abordagem (o
que não que dizer que você, aluno (a), não possa acrescentar outros, de
acordo com a visão que adotar ou do interesse que tiver):
48

1. TÍTULO DA PRODUÇÃO: à escolha do grupo ou do aluno, desde que


sintetize sua proposta de estudo, pesquisa e reflexão.

2. APRESENTAÇÃO DO TEMA: a problemática escolhida é colocada, em


termos gerais, sem muito aprofundamento, com sua relevância, com
as razões de ter sido privilegiada como foco de análise.

3. OBJETIVOS: o que se pretende com essa produção; o que se espera que


ela acrescente a quem a lê; que repercussão ou alcance se quer que
ela tenha.

4. ABORDAGEM APROFUNDADA DO TEMA: relato minucioso do


pesquisado, do que se levantou em estudo, em coleta de dados, em
observação da realidade, em leituras, entrevistas etc., articulando as
colocações, ligando-as entre si, compondo uma visão unificada do
assunto em questão.

5. ANÁLISE REFLEXIVA: momento em que o grupo ou o indivíduo


estabelece suas colocações próprias, fundamentando-as em leituras
feitas, fazendo citações que validem suas afirmações-reflexões
pessoais, construindo argumentação convincente e original, de
interesse. Possivelmente propondo alternativas de solução, de
enfoque, de aproximação, de entendimento, que considere válidas,
estabelecendo críticas fundamentadas em autores reconhecidos, em
sua pesquisa, em depoimentos, em seus estudos etc.

6. CONCLUSÃO SINTÉTICA FINAL: um fechamento que resume o que se


colheu, o que se espera, o que se recomenda, o que se lamenta frente
a tudo anteriormente exposto no texto.

7. FONTES DE CONSULTA: lista de livros consultados e/ou sites visitados.


As fichas a seguir são um modelo básico que será utilizado nas
correções e mediações das suas produções em cada proposta de
atividade do memorial. O professor da disciplina deverá fazer
49

alterações de acordo com a proposta que será implementada, veja o


modelo geral de avaliação das produções, que serve também de
balizador para as produções textuais:

Modelo 1: Para mediação das produções de Portfólio, memorial parcial.

FICHA DE AVALIAÇÃO PARCIAL DOMEMORIAL

Texto:

Valor da atividade:

Valor
do
Itens para avaliação do texto Sim Parcial Não
item
em %

1. Título: O tema retrata reflexões gerais


relacionadas ao material de apoio indicado para
2%
leitura e direcionamento indicado no objetivo e eixo
da atividade.

2. Introdução do textual 3%

3. Desenvolvimento

3.1 Nível adequado de linguagem, segundo a


norma e o registro devidos: (Vocabulário
5%
rico e estilo fluente, pontuação, ortografia
etc.)

3.2 Ideias apresentadas com clareza, coerência


5%
e boa organização.

3.3 Dados relevantes e pertinentes conforme o


eixo integrador do período – (Para uso do 5%
professor mediador - registrar o eixo)

3.4 Elaboração pessoal de conceitos,


discussões e experiências que foram 10%
identificadas na leitura do material de
50

apoio. (Para uso do professor mediador -


Registrar outros itens que serão avaliados
de forma mais pontual)

3.5 Discute sua expectativa com relação ao


crescimento adquirido no envolvimento
15%
com o material de apoio indicado para
leitura e inspiração de escrita.

3.6 Identifica influência (s) na sua vida pessoal


15%
ou profissional.

3.7 Demonstra modificações na sua visão em


15%
relação aos processos educacionais.

3.8 Reflete sobre as transformações percebidas


em relação à abordagem indicada na 5%
leitura.

3.9 Demonstra compreensão sobre a


15%
importância direcionada nos textos.

4. Conclusão 5%

Sub-total 100%

Total geral

Observações:
51

Modelo 2: Para mediação dos Fóruns

FICHA DE AVALIAÇÃO PARCIAL DE FÓRUM DEBATES SOBRE TEMAS - MEMORIAL

Valor da atividade:

Valor do
Critérios de avaliação do fórum item em Sim Parcial Não
%

1. Os comentários feitos pelo aluno no fórum atentam para as seguintes questões – Total do
item: 33 %

1.1 Contribuiu para o tópico da discussão 10 %

1.2 Apresentou novos questionamentos 3%

1.3 São resultados de leitura das contribuições dos 10%


participantes.
1.4 Se limitam apenas aos questionamentos feitos
pelo professor sem levar em conta as ideias dos 10%
colegas.

2. Ao realizar as atividades no fórum, o aluno – Total do item: 27 %

2.1 Fez uma conexão com uma das discussões 2%


anteriores

2.2 Evocou conceitos do artigo lido. 20 %

2.3 Sintetizou as discussões levantadas. 5%

2.4 Incluiu experiência pessoal descontextualizada. - 20 %

2.5 Cópias sem as devidas citações da fonte - 70 %

3. Ao discordar ou concordar com as ideias de outros participantes, comentou - total do


item: 10 %

3.1 de forma respeitosa e ética, instigando com


delicadeza os participantes a explicitar melhor 10 %
sua argumentação.

3.2 de forma agressiva e descontextualizada ou - 40 %


52

como dono da verdade.

3.3 não concordou ou discordou de nenhuma outra


contribuição dos participantes com comentários - 10%
fundamentados.

4. Em relação à frequência do aluno na discussão proposta – Obs.: a pontuação será


aplicada apenas em um item a seguir - total do item: 30 %

4.1 três ou mais participações durante toda a


30 % ou,
discussão.

4.2 três ou mais participações durante um curto


20 % ou,
período de tempo.

4.3 até duas participações 15 % ou,

4.4 apenas uma participação bem contextualizada


15 % ou,
com as ideias do grupo

4.5 apenas uma participação isolada. 5%

Sub-total 100%

Total geral

Observações:

Ao longo do curso, como já mencionado, você deverá


elaborar reflexões sobre o seu aprendizado, e o
memorial servirá de registro geral da sua evolução na
disciplina, portanto é um momento de criação,
inventividade e apropriação de saberes,
recomendamos que aproveite as mediações que
serão estabelecidas, envolva-se com o processo, faça
as atividades, temos certeza que colaborará de forma
substancial para a sua prática efetiva em sala de aula.
53
54

Metodologias e Técnicas Escolares

Objetivos desta unidade

 Estruturar os conceitos básicos relacionados aos processos


educacionais para tempos atuais.

Introdução

Nesta unidade você terá acesso a um tipo de Glossário que dará


suporte a sua consulta sobre os conceitos gerais sobre os processos
educacionais na atualidade. Como educação é um processo em constante
construção, não é pretensão esgotar e registrar aqui todos os aspectos
gerais que envolvem as conduções docentes, você deverá buscar outras
fontes, outros saberes que complementem os que aqui serão registrados.
55

3. A Importância Da Atuação Docente

Para dar início às nossas discussões aqui, na unidade 3,


gostaríamos de trazer para reflexão a seguinte história de David Mckee :
7

7
DAVID, McKee, Agora não, Bernado. São Paulo:Martins Fontes, 1994
56


57

Bom, essa história nos dá uma liga para as nossas reflexões, ou seja,
dá uma abertura para o tema referente à formação de nossas crianças e
jovens e as relações sociais pelas quais estamos lidando diariamente.
Percebemos que em diversos meios de formação, a atenção à criança e ao
jovem é essencial e a história de Mckee nos dá a dimensão da importância
da atenção necessária que os mediadores formativos, sejam pais ou
educadores, devem ter; uma vez que, essa realidade não se distancia de
muitos lares em nosso país. Diversos são os motivos que corroboram para
que tal situação seja estabelecida e o que pretendemos é discutir o que
gera tais situações? É levantar questões que faça-nos refletir sobre a
sociedade que está estabelecida e quais as formas metodológicas que
devem ser implantadas e implementadas para dar suporte à formação das
novas gerações? Quais encaminhamentos pedagógicos são necessários
como suporte aos projetos que as unidades escolares desenvolvem?
Portanto, para corroborar com os questionamentos anteriores,
vejamos o que Arroyo (2000) pondera ao questionar os profissionais da
educação: “de tantas certezas que nos deram segurança em nosso
caminhar, quantas ficaram?” E completa a sua indagação, justificando
que: “Estamos em um momento de incertezas, em que as certezas que
tínhamos sobre o nosso papel perdem força.” (ARROYO, 2000, p. 181)
Se refletirmos sobre esses aspectos e puxarmos a história de
Bernardo, poderemos perceber que um dos pontos que durante décadas
foi tranquilo, ou seja, que orientava os fazeres docentes era que a escola
tinha como principal função a de capacitar para o emprego. O que
verificamos, em tempos atuais, e torna-se cada vez mais perceptível nas
ações docentes é que a atuação docente tem como fundamentação a de
instrumentalizar, desde a educação infantil, os indivíduos para que possam
“se virar na vida”, na produção, no trabalho, nos concursos, nos ingressos a
formações mais elevadas. Certezas que eram pacíficas, e que para tempos
atuais, tornaram-se complexas, uma vez que, não temos clareza sobre
58

como direcionar um indivíduo futuramente, não temos noções pré-definidas


sobre as suas possíveis ocupações, sobre como será a sua vida futura.
Compreendemos que estamos inseridos em um mundo tão complexo que
as ações formativas são de instrumentalizar ao máximo os indivíduos para
que possam ter suporte necessário e instrumentos adequados para
adequar-se à vida e a sua necessária sobrevivência. Lembrando-se que a
esse conjunto de complexidade devemos acrescentar uma pitada
essencial de formação cidadã do sujeito humano.
Depreendemos que durante muitos anos éramos convencidos de
que a função docente se restringia a formar para o mercado de trabalho, e
o interessante é que essa ação não era incoerente com a legislação
educacional de décadas passadas, se analisarmos a segunda Lei de
Diretrizes e Bases de nosso País, a Lei 5692/71, constataremos no artigo 1º
que a educação tinha finalidades mais centralizadas e focadas para a
formação mercantilista, pois o objetivo era qualificar o sujeito para o
trabalho, vejamos:
Art. 1º O ensino de 1º e 2º graus tem por objetivo geral
proporcionar ao educando a formação necessária ao
desenvolvimento de suas potencialidades como elemento
de autorrealização, qualificação para o trabalho e preparo
para o exercício consciente da cidadania. (BRASIL, 1971)

Em contra partida, a atual legislação educacional (LDB- Lei de


Diretrizes e Bases – 9394/968) nos direciona a formação para o mundo do
trabalho, e esse aspecto tem preceitos distintos, veja os artigos:

8
BRASIL. Lei nº 9.394, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: CFE,20 de

dezembro de 1996.
59

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que


se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana,
no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e
nas manifestações culturais.
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do
trabalho e à prática social.
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada
nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.

Mesmo que nas duas legislações apareça a questão da formação


para a cidadania, na atual legislação esse direcionamento é aliado a um
processo com direcionamento amplo em relação à competência de
formação, ou melhor, na LDB 9394/96 a compreensão sobre o que vem a
ser uma formação tem sentido amplo, traz em seus artigos variados
encaminhamentos para a formação da sociedade atual. Entenda que não
basta qualificar e direcionar os indivíduos de forma determinista, mas
pondera que a formação possui caráter de abrangência, direciona um fazer
educacional que prevê uma formação humanista, complexa, e que possa
atender a própria complexidade da vida atual.
No entanto, é importante que compreendamos que na medida em
que fomos incorporando nas últimas décadas outras tarefas como preparar
para a cidadania, para a participação crítica, e agora para dar conta do
pleno desenvolvimento dos educandos, aquelas certezas que orientaram
nosso papel profissional ficaram confusas. E encontramos profissionais da
educação com esse tipo de discurso:
60

É de suma importância, portanto, que questões como acima


expressas possam aflorar e que possamos compreender que as respostas
às questões como estas, ou melhor, que é na LDB atual que
solucionaremos nossas dúvidas. Na realidade, a Lei de Diretrizes em atual
vigência nos dá o norte de caminhos a serem seguidos nas conduções
corretas dentro dos aspectos educacionais, variados artigos foram
regulamentados e estão de acordo com as práticas estabelecidas em
diversas unidades de ensino.
61

Saiba que: uma legislação deve ser seguida por


todos os envolvidos com a sua normatização, se não
concorda com o que está estabelecido, o ideal é que
se mobilizem os demais interessados, ou seja, com
sua classe e promova debates para alteração, é esse
o aspecto ideal de mudança do que é normatização
por qualquer tipo de legislação.

Compreendeu? Se temos uma norma, uma


legislação que normatiza um determinado
grupo, deve-se conhecer e interpretar em
conjunto com os seus pares suas diretrizes,
caso contrário, você estará com uma
prática subversiva em relação às normas
estabelecidas. Não concordando com o que
está posto, lute e busque em conjunto com
a sua comunidade e interessados meios
para alteração do processo. E lembrem-se
que tal processo é longo e demanda:
estudo, conhecimento, e, principalmente,
justificativa sólida e coerente para
alterações.
62

Mas vamos voltar lá na Legislação educacional atual? Na


LDB 9394/96, nos primeiros artigos, temos claro que a intenção é
o preparo para a vida, concordam?
Percebe-se que alguns educadores ainda reagem de forma
incomoda ao incluir em seus horizontes profissionais a formação plena dos
educandos, com medo de abandonar como faziam “a formação de
conteúdos” e incluir em sua prática o preparo para a vida, pois acreditam
que no desenvolvimento de suas atividades em sala existe espaço para a
formação para o trabalho e que a competição do mercado não abre
espaço para formar outros aspectos. Observamos nas falas de alguns
professores a seguinte preocupação:

"sei que a cultura, a ética, a diversidade, o


lúdico, a autoestima são fundamentais, mas
o mercado vai exigir deles matemática,
gramática, leitura e escrita, os conteúdos
das disciplinas e não cultura. Além do mais,
não dou conta de tudo. Tenho que escolher
o que será mais importante aos meus
alunos para enfrentarem a vida". As políticas
educativas, a mídia e até as famílias e,
sobretudo, o mercado estão aí para lembrar-
nos: "preparem os jovens para as novas
exigências do mercado competitivo, para
empregabilidade" etc. Estamos perdidos
nesse fogo cruzado.
63

Partindo, portanto, de argumentações como estas, chamamos a sua


atenção aos aspectos considerados na legislação educacional vigente, é
expresso que a formação geral é o caminho a ser tomado e que os demais
meios correlacionados, ou seja, a sociedade em geral, foi ao longo da
vigência da atual LDB, se adequando às suas normas, é uma luta
constante, avançamos muito na última década educacional desde 1997,
quando da efetivação da nova norma educacional é que variadas
mudanças foram acontecendo e ainda têm-se muitas outras providências a
serem efetivadas.
No entanto, devemos compreender que a Educação Básica, em
qualquer tempo ou cultura, foi pensada também com intenções de
competências, saberes e habilidades necessárias à vida, ao trabalho e à
produção. Sabemos que os saberes e competências que ensinamos às
crianças ou adolescentes terão consequências na sua vida pessoal, na
sociedade, na economia e na política. Seria ingênuo pensar que formamos
personalidades plenas para se contemplar, ter uma autoimagem positiva,
isolada de sua condição real, de sua inserção histórica, social e política.
Toda educação, de alguma forma, é interessada, não decorativa de
personalidades plenas, cultas e contemplativas, mas com intenções claras
de formação de um amanhã melhor, com pessoas mais conscientes de
suas ações no mundo, com preparo para uma sobrevivência digna e plena
de cidadania, é essa a intenção das legislações educacionais, que são
promulgadas com vista a sociedade existente, ou melhor, em consonância
a prática social vigente.
Você, na sua atuação docente, deverá compreender que é
próprio de nosso ofício transmitir, ensinar e internalizar competências,
favorecer formas de pensar, compreender que somos mediadores de
saberes e que para tanto, devemos saber valorar e dar sentido as
produções dos educandos, tendo como prática a promoção de um sujeito
que seja pleno em desenvolvimento, que possa dar sentido e amplidão na
64

elaboração de suas condutas de sala aula, que sejamos promotores de


ações sociais.

Mas como
cumpriremos essa
função social?

Ilustrando suas mentes,


ensinando conhecimentos
e formas de conhecer.
65

Compreenda que a função de um professor profissional, um


educador por excelência vai além. O educando em nosso convívio vai
aprendendo, sobretudo a usar a mente em situações diversas. O que ficará
de tantos aprendizados serão as ferramentas, os significados acumulados
pela cultura. Ferramentas múltiplas e múltiplos usos da mente e do
raciocínio. Aprenderão as capacidades acumuladas de interpretar o real,
seus significados serão usados em situações diversas, na vida social,
política e produtiva, no convívio, nas relações, nas autoimagens.

Compreenda também que o ofício de educador na Educação


Básica é plural, que devemos ter como objetivo fundamental que os
alunos, como humanos, desenvolvam-se plenamente. Que aprendendo os
conhecimentos e os significados da cultura, tanto uma criança quanto um
adolescente possam aprender e ser capazes de tratar com relações
sociais, com sentimentos, com símbolos, rituais e linguagens, com o
movimento do corpo, com os espaços e os tempos, com os registros da
fala, com os diversos registros, modos de pensar, com formas diversas de
relações interpessoais e sociais, com lógicas, leis, com o permanente e o
diverso. Todas essas dimensões são conteúdos legítimos da Educação
Básica, fazem parte dos conteúdos mediados pelos educadores desse
nível educacional e faz parte da sua formação aqui no curso.

Não defendemos que os


conteúdos sejam
colocados de lado, mas
ampliados.

Saiba que as competências, acima citadas, fazem parte do


66

desenvolvimento humano e todas elas compõem a vida em qualquer


tempo e situação, tanto do trabalho quanto da cidadania, da vida individual
e social. São competências de todo ser humano e nos formam como
humanos. Que sem dúvida serão "trocadas" na vida social por emprego,
por salários, por status social, por distinções. São competências que o
mercado incorporou com tanto peso ou mais do que o domínio da
matemática, da gramática, da biologia ou da física. São competências
imprescindíveis para a compreensão e intervenção das relações sociais.
Para reproduzir sua existência na trama dos interesses políticos e
econômicos, nas condições de classe, gênero e raça em que os
educandos reproduzem sua infância ou juventude e reproduzirão sua vida
adulta. Sua condição de trabalhadores e cidadãos é que faz parte das
indicações do artigo 2º da LDB 9394/96.
Mas voltemos às nossas reflexões sobre a formação geral do docente
e a correlação com as ações em sala de aula, saiba que nas últimas
décadas, avançamos na visão geral do que realmente é a produção e
reprodução da prática do ofício educacional. Entretanto, continuamos
tendo uma visão muito fechada das competências humanas que fazem
parte do jogo complexo de interesses que regula o mercado e a vida
produtiva, ativa e cívica.
Muito se fala que: "saber ler e escrever é a porta para a cidadania".
Reconhece-se que em comentários como esses existe uma visão simplista
e que compreendemos que, para tempos atuais, há uma complexidade
maior em se tratando de formar para a cidadania. Ler e escrever apenas
não basta para que um sujeito possa ter a sua condição digna de
existência e nós, como profissionais da educação, temos que ter claro que
a complexidade é ampla. E que, historicamente, os direitos dos cidadãos
foram se afirmando e que há muitas portas para a cidadania e identifica-se
que algumas são bem mais intransponíveis do que a porta da simples
leitura e escrita!
67

Enfim, uma visão demasiada escolarizada, ou seja, em que o sujeito


apenas terá ascensão na vida por meio dos aspectos escolares, nos
impede de captar a dinâmica da produção-reprodução da vida social,
econômica, política, cultural em que os educandos desenvolvem e
desenvolverão sua existência. É importante que questionemos, ou mesmo,
que possamos refletir: Que competências, valores e significados, que usos
da mente, do sentimento, da memória, da emoção são "básicos" ou fazem
parte da formação básica em cada momento histórico? Esta é a questão
que poderia nortear a procura do sentido de nosso saber-fazer quando o
vinculamos com a preparação para a vida. Se olharmos apenas os
recortes de competências, se olharmos a complexa dinâmica social e
produtiva a partir do quintal de cada área ou disciplina, não
conseguiremos equacionar devidamente a pluralidade de ferramentas
culturais, de saberes e competências humanas que a vida exige e que
colocamos em jogo na pluralidade de relações em que desenvolvemos
nossa condição humana.
No entanto, o que vem a baila são as incertezas que invadem nossas
tranquilas plantações em cada área dos programas curriculares, se
fundamentarmos a formação humana apenas por esse aspecto, teremos
uma visão estreita em confronto com uma visão aberta do que é o
mercado, o trabalho, a cidadania e o preparo para a vida. O que está
deixando-nos confusos é ter de optar entre continuar tranquilos (as) em
nossa monocultura ou abrir-nos a incorporar outras culturas, outros
produtos demandados pela luta pela existência, que é em sentido amplo o
que realmente importa em uma formação. Compreenda que o modelo
gradeado (estruturado por um currículo certeiro e simplista) e disciplinar
tem formado em nós uma visão muito seletiva e reduzida em relação aos
usos das competências a formar, aos usos da mente, das linguagens, dos
raciocínios, dos valores que cultivamos. Ficamos muito presos aos
produtos quantificáveis das provas escolares, dos provões, dos concursos e
68

das estratégias de ingressos a níveis mais elevados de estudo (os próprios


meios de seleção dos cursos superiores). Não captamos em cada
disciplina que somos mais importantes do que o que ensinamos, e isso faz-
nos profissionais da educação com visões simplistas sobre o real meio de
formação, o que é importante para que um sujeito tenha uma vida histórica,
singular, com formação equilibrada, que proporcione meios para saber
escolher com competência e dignidade.
Então, o que realmente deveria ter sentido e que movimentaria os
afazeres diários dos profissionais docentes deveria ser o sentimento de
orgulho em perceber que o que a criança e/ou o adolescente aprendem
em nosso convívio cotidiano é muito mais. Aprendem a usar as operações
mentais, as ferramentas da cultura e seus significados, os sistemas
simbólicos que são mediados por nós, às vezes, sem sabê-lo. Ou seja:

A caixa de ferramenta
cultural

Que apoia na
construção da
realidade social.

E, com essa
construção, possibilita
adaptar-se ao mundo
ou contribuir para
mudá-Io.
69

Depreende-se, portanto, que são esses aprendizados que realmente


terão sucesso e deverão permanente ser estabelecidos no convívio entre
gerações e que possam acontecer na experiência escolar.
E convidamos você a voltar na história do Bernardo, será que depois
dessa discussão estabelecida, teremos espaços para os monstros que
assustam e perseguem nossas crianças e jovens? Bom, o que discutimos
até agora não é nada relacionado ao que devemos ainda estabelecer,
vamos avançar um pouco mais, vamos delinear outros aspectos para as
nossas discussões, vejamos a seguir pontos que, a nosso ver, são
fundamentais como conhecimento para o desenvolvimento de uma prática
consciente e conectada com as tendências educacionais em tempos
atuais. O que você terá a seguir é uma espécie de glossário de temas para
consulta quando da sua prática e apoio no desenvolvimento da disciplina
de prática de formação docente.
70

3.1 Glossário De Termos Educacionais Da Atualidade

1. A problemática relacionada à formação dos professores

Tardif (2010), um pesquisador da área educacional e


problematizador de prática docente, em seu livro “Saberes Docentes e
Formação profissional”, retrata de forma significativa a problemática que
gira em torno do processo de formação profissional do professor
atualmente. Registra que variados aspectos devem ser ponderados e
problematizados nas rodas reflexivas que envolvem a condição do ser
professor e suas pesquisas giram em torno de questões como: “Os
professores sabem decerto alguma coisa, mas o que, exatamente?”
(TARDIF, 2010, p. 32)

Para problematizarmos um pouco mais, vejamos alguns itens que


poderão servir de investigações mediadas pelos professores que deverão
conduzir a disciplina de Prática de Formação Docente.

Que professores estão na ativa? Esses professores


são apenas transmissores de saberes produzidos por
outros grupos? Será que produzem saberes no
âmbito de sua profissão? Qual é o seu papel na
transmissão dos saberes produzidos pelas unidades
de ensino?
71

Bom, essas questões nos remetem a variadas possibilidades de


exame da realidade posta na atualidade sobre os aspectos da formação
dos profissionais professores, e poderíamos utilizar de outras indagações
que leva-nos a refletir sobre o real papel do professor. E por meio de suas
pesquisas, fazer um levantamento na prática que elenca as problemáticas
que envolvem a profissional educacional, mais especificamente, a profissão
docente.

Um primeiro fator, que evidencia a prática docente relacionada às


problemáticas indicadas por Tadif, relaciona-se a um saber experiencial,
um saber ligado às funções dos professores, e é através da realização
dessas funções que ele é mobilizado, modelado, adquirido, tal como
mostram as rotinas, em especial, e a importância que os professores
atribuem à experiência. E a partir desse saber experiencial tece, como
demonstrado no esquema a seguir:
72

Tardif comenta que:


Por causa da própria natureza do trabalho,
especialmente do trabalho na sala de aula com os
alunos, e das características anteriores, o saber
experiencial dos professores é pouco formalizado,
73

inclusive pela consciência discursiva. Ele é muito


mais consciência no trabalho do que consciência
sobre o trabalho. Trata-se daquilo que poderíamos
chamar de "saber experienciado", mas essa
experiência não deve ser confundida com a ideia
de experimentação, considerada numa perspectiva
positivista e cumulativa do conhecimento, nem
com a ideia de experiencial, referente, numa visão
humanista, ao foro interior psicológico e aos
valores pessoais. O saber é experienciado por ser
experimentado no trabalho, ao mesmo tempo em
que modela a identidade daquele que trabalha.
(TARDIF, 2010, P. 111)

O que deve ficar claro para você é que todos esses saberes e
problemáticas acima descritas fazem parte de reflexões que muitos
profissionais que pesquisam a área de formação docente trazem a tona
como discussão temporal, evolutiva e dinâmica que se transformam e se
constroem no âmbito de uma carreira, de uma história de vida
profissional e implicam em uma socialização e uma aprendizagem da
profissão.
Por fim, é um saber social e construído pelo ator em interação com
diversas fontes sociais de conhecimentos, de competências, de saber-
ensinar provenientes da cultura circundante, da organização escolar, dos
atores educativos, das universidades etc. Enquanto saber social, ele leva o
ator a posicionar-se diante dos outros conhecimentos e hierarquizá-los em
função de seu trabalho.
Tais características esboçam uma "epistemologia da prática
docente" que tem pouca coisa a ver com os modelos dominantes do
conhecimento inspirados na técnica, na ciência positiva e nas formas
74

dominantes de trabalho material. Essa epistemologia corresponde, assim


acreditamos, à de um trabalho que tem como objeto o ser humano e cujo
processo de realização é fundamentalmente interativo, chamando assim o
trabalhador a apresentar-se "pessoalmente" com tudo o que ele é, com sua
história e sua personalidade, seus recursos e seus limites.

2. CONCEITO DE TEORIA E PRÁTICA

Para iniciarmos esse item, veja o texto adaptado


sobre o conceito de teoria (contemplação) e prática
(práxis) de Paulo Freire, texto disponível em
<http://br.monografias.com/trabalhos/paulofreire/paul
ofreire.shtml> acessado em 12.12.2011.
75

No livro Educação como Prática da Liberdade, Freire (1979) se refere à teoria


como um "contemplar", certamente sendo fiel à etimologia da palavra que vem do grego
(φεθράω ), e significa VER. Dar o sentido de teoria como observar, contemplar, ver. De fato,
"contemplar" é uma expressão que, apesar de carregada de conteúdo místico, (embora se
declarasse marxista, Paulo Freire era católico e estava profundamente ligado a entidades
de caráter religioso como o Conselho Mundial das Igrejas – CMI), tem profundo sentido
pedagógico, ao fazer desse contemplar a cultura, o sujeito da educação, o fenômeno
educativo e principalmente o homem e a sociedade, um passo fundamental do que fazer
pedagógico. Isto é, na compreensão de Freire, teoria é um princípio de inserção do homem
na realidade como ser que existe nela, e existindo promove a sua própria concepção da
vida social e política. Para confirmar esta opinião, vale a pena reler o texto: De teoria, na
verdade, precisamos nós. De teoria que implica uma inserção na realidade, num contato
analítico com o existente, para comprová-lo, para vivê-lo e vivê-lo plenamente,
praticamente. Neste sentido é que teorizar é contemplar. Não no sentido distorcido que lhe
damos, de oposição à realidade [...] (Freire, 1979, p.93).
Com efeito, ao enfatizar o caráter contemplativo da teoria, Paulo Freire garante a
inserção do homem na realidade. Ele deixa claro que teoria é sempre a reflexão que se faz
do contexto concreto, isto é, deve-se partir sempre de experiências do homem com a
realidade na qual está inserido, cumprindo também a função de analisar e refletir essa
realidade, no sentido de apropriar-se de um caráter crítico sobre ela. Esse caráter de
transformação tem uma razão de ser, pois provém antes de tudo, da sua vivência pessoal
e íntima numa realidade contrastante e opressora, influenciando fortemente todas as suas
ideias.
Compreende-se então, que teoria para Freire não será identificada se não houver
um caráter transformador, pois só assim estará cumprindo sua função de reflexão sobre a
realidade concreta.
Por outro lado, é também elucidativa a visão que Paulo Freire dá em relação à
prática. A definição de prática em Paulo Freire está baseada inicialmente na dialética
hegeliana da relação entre "consciência servil" e "consciência do senhor", ampliada para a
conceituação de práxis colocada por Marx, referindo-se à relação subjetividade-
objetividade. Para tanto, Freire diz que é necessário não só conhecer o mundo, é preciso
transformá-lo, o que coincide com Marx. Isto é significativo, visto que conhecer em Freire
não é um ato passivo do homem frente ao mundo, é antes de tudo conscientização,
envolve intercomunicação, intersubjetividade, que pressupõe a educação dos homens
entre si mediatizados pelo mundo, tanto da natureza como da cultura. Então, a prática não
pode ater-se à leitura descontextualizada do mundo, ao contrário, vincula o homem nessa
76

busca consciente de ser, estar e agir no mundo num processo que se faz único e
dinâmico, melhor dizendo, é apropriar-se da prática dando sentido à teoria. Sobre essa
conceituação assim se expressa Freire "[...] a práxis, porém, é ação e reflexão dos homens
sobre o mundo para transformá-lo" (1983, p.40). Portanto, a função da prática é a de agir
sobre o mundo para transformá-lo.

A relação entre teoria e prática centra-se na articulação dialética


entre ambas, o que não significa necessariamente uma identidade entre
elas. Significa assim, uma relação que se dá na contradição, ou seja,
expressa um movimento de interdependência em que uma não existe sem
a outra. Assim, cada coisa exige a existência do seu contrário, como
determinação e negação do outro; na superação, onde os contrários em
luta e movimento buscam a superação da contradição, superando-se a si
próprios, isto é, tudo se transforma em nova unidade de nível superior; e na
totalização, em que não se busca apenas uma compreensão
particularizada do real, mas coordena um processo particular com outros
processos, onde tudo se relaciona. Portanto, relação teoria e prática em
Freire, não são apenas palavras, é reflexão teórica, pressuposto e princípio
que busca uma postura, uma atitude do homem face ao homem e do
homem face à realidade. A esse respeito reitera:

E é ainda o jogo dessas relações do homem com o


mundo e do homem com os homens, desafiando e
respondendo ao desafio, alterando, criando, que não
permite a imobilidade, a não ser em termos de
relativa preponderância, nem das sociedades nem
das culturas. E, na medida em que cria, recria e
decide, vão se conformando as épocas históricas. É
também criando e decidindo que o homem deve
participar destas épocas. (FREIRE, 1983).
77

Na afirmação acima está a base para entender teoria e prática na


ação pedagógica, pois a relação teoria e prática se dão primeiro e antes de
tudo na relação homem-mundo. Esta relação busca coerência entre
pensamento e ação - práxis. Do contrário, a ação sem pensamento é
ativismo, e o pensamento sem ação é verbalismo.
Com isso, a ênfase da relação teoria e prática sobrepujam a visão
dicotômica quando admite que:

É preciso que fique claro que, por isto mesmo que


estamos defendendo a práxis, a teoria do fazer, não
estamos propondo nenhuma dicotomia de que
resultasse que este fazer se dividisse em uma etapa
de reflexão e outra, distante, de ação. Ação e reflexão
e ação se dão simultaneamente (FREIRE, 1983, p.149).

Portanto, evidenciamos que a fundamentação, teoria e prática com


perspectivas relacionais de integralidade deve acontecer com vista a uma
relação dialética, pois a tríade: ação-reflexão-ação deve acontecer sempre
nos procedimentos educativos. Saiba que a ação (prática) deve acontecer,
pois assim o educador tem elementos para buscar na reflexão (teoria)
aspectos que possam sustentar uma ação renovada, uma nova ação.

E se estamos comentando nesse item sobre as renovações, ou


melhor, inovações educacionais, é importante que você conheça essa
máxima que Paulo Freire sempre defendeu: que é a ação como prática de
reflexão. Se as reflexões teorias estiverem ausentes perde-se o ápice do
processo de conscientização onde o educador se descobrirá autêntico com
todo o significado profundo que essa descoberta acarreta.
Diante dessas afirmações, é esclarecedor e indispensável para o
educador considerar que nesta perspectiva se conseguirá superar a
78

tendência tão frequente de trabalhar teoria e prática dissociadas entre si.


Para tanto, é necessário que o educador compreenda que teoria e prática
não se separam, ou seja, o vínculo teoria e prática forma um todo onde o
saber tem um caráter libertador.
Para tanto, o pensamento pedagógico de Paulo Freire aponta para a
comunicação, como princípio que transforma o homem em sujeito de sua
própria história, através de uma relação dialética vivida na sua inserção na
natureza e na cultura, diferenciando-o dos outros animais. E as inovações
educacionais devem seguir esses preceitos, uma vez que, todo esse
processo de integração interativa é significativo quando vinculado ao
diálogo que contém no seu cerne ação e reflexão, levando o homem a
novos níveis de consciência e, consequentemente, a novas formas de ação.
A fórmula que contém os elementos constitutivos para a análise do
diálogo, ou melhor, para a prática da sala de aula e atuação como
profissional de educação é esta:

Teoria/Prática; Discurso/Ação; Pensar/Agir;


Pensamento/Ato.
É importante que você identifique nessas relações as
ações necessárias para a sua atuação profissional e
principalmente que saiba considerar na sua prática
de sala de aula a relação existente entre cada uma. É
partindo desta visão que a comunicação e interação
com a sala de aula se concretizará, pois por possuir
um caráter problematizador que gera consciência
crítica e através do diálogo como o dado da
problematização, busca-se o compromisso de
transformação da realidade.
79

Vê-se que Paulo Freire parte sempre da análise do contexto da


educação como um processo de humanização, ou seja, o caráter
problematizador que se dá através do diálogo, tem base existencialista,
visto que o diálogo "se impõe como caminho pelo qual os homens ganham
significação enquanto homens" (Freire, 1983, p.93). Assim sendo, todo ato
pedagógico em Freire é um ato político, assim como, a comunicação é
uma relação social, uma prática social transformadora e eminentemente
política.
Neste sentido, é que através do diálogo a relação educador-
educando deixa de ser uma doação ou imposição, mas uma relação
horizontal, eliminando as fronteiras entre os sujeitos.

3. Educação e diversidade

Iniciaremos esse tópico com uma frase de Paulo Freire e convidamos


9

você a fazer uma análise reflexiva sobre a mesma:

“Para mim, o utópico é o irrealizável; a utopia não é o


idealismo; é a dialetização dos atos de denunciar a
desumanizante e de anunciar a estrutura
humanizante. Por essa razão, a utopia é também, um
compromisso histórico.”

FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e Prática da Libertação: Uma introdução ao


9

pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez e Moraes, 1979.


80

Refletiu sobre a sua essência?

Você percebe que Paulo Freire comenta sobre as possibilidades


sutis de transformações possíveis que não fiquem apenas nas idealizações,
mas que possam ser postas em prática?

Bom, você como um profissional da educação, deverá acreditar nas


mudanças possíveis, e que as mesmas se esbarrem na estrutura
humanizante, nas questões que envolvem uma formação que possa
abranger a formação de todos, ou melhor, que você possa ter consciência
que todo ser humano pode e deve participar dos meios sociais de forma
natural, que as injustiças e exclusões sejam minimizadas e que a
consciência seja despertada.

Evidenciamos que é necessário um despertar para a eficiência do


setor público, que as suas ações sejam essenciais, não apenas para a
promoção do desenvolvimento econômico sustentável, mas também para
a redução da pobreza e das desigualdades socioeconômicas existentes.
Com a democratização da sociedade e o poder aos cidadãos, os governos
têm sido cada vez mais pressionados por diversos setores a aumentar sua
sensibilidade, sua responsabilidade e sua capacidade de atender às
demandas apresentadas.

Para satisfazer às necessidades da população em uma sociedade


democrática, a transparência, a responsabilidade, a governança, o
aumento da eficácia e a produção de resultados tangíveis são fatores
imprescindíveis para que a atuação do setor público esteja à altura dos
desafios do Brasil contemporâneo. São crescentes as demandas
provenientes de diversos setores e da população em geral por resultados
reais, que possam demonstrar com mais evidência as ações e
necessidades de atuação tanto civil como política. Você deverá reconhecer
que os indicadores que monitoram e estabelecem políticas públicas
educacionais baseiam-se nos resultados das políticas, programas e ações
81

que são programadas, estabelecidas e implantadas. Tal sistema seria uma


ferramenta poderosa de administração e gestão pública, não somente para
os formuladores de políticas, mas também para aumentar o controle social
e a transparência das intervenções e das ações do setor público para dar
conta da real demanda da diversidade pela qual enfrentamos como
realidade de nosso país.

É bom que você saiba que nas últimas décadas, em decorrência das
pressões de diferentes setores da sociedade, as políticas educacionais
sofreram consideráveis mudanças, porém na prática diária escolar, tais
mudanças são pequenas. Você será oportunizado a ter contato com vários
documentos oficiais: constituição federal 1988; a LDB 9394/96; as DCNs (D
Curriculares Nacionais para a formação de professores da Educação
Básica e especial; todos estes documentos fazem parte dos processos de
políticas públicas e defendem a diversidade educacional de forma
legítima.). Mas como já indicamos, essa parcela de documentos legais em
conjunto com outros não citados possuem aplicação prática tímida, ou será
que poderíamos dizer que são intimidados? Por que afirmamos isso? Ora, é
observável que mesmo com todas essas diretrizes para a educação dentro
dos aspectos da diversidade, poucas ações concretas são desenvolvidas.

Muitos ainda perguntam-se:

Como se dará, por exemplo, a articulação entre a


Educação Especial e a regular no sentido de promover
a inclusão dos alunos com necessidades educacionais
especiais nos sistemas de ensino?
82

Vejamos, essa questão será uma, entre outras, que deverá fazer
parte das suas investigações e descobertas para compor o seu
conhecimento sobre as questões que envolvem o tema aqui discutido:
EDUCAÇÃO e DIVERSIDADE. E gostaríamos de incrementar a sua
investigação com mais algumas questões:

Procure saber:

 De que maneira estará sendo contemplada, no


projeto pedagógico das escolas, a formação
continuada do (a) professor (a) da Educação Básica
das escolas que possui alunos com necessidades
especiais em sua classe?

 Até que ponto a inclusão se torna uma ameaça


para alguns de nós que ainda temos uma visão
funcionalista do ensino, rejeitando tudo o que pode
abalar os esquemas de trabalho já incorporados na
rotina do dia a dia?
83

Mas, antes de encerrar esse tópico, gostaríamos que você soubesse


que o tema sobre diversidade é amplo, estamos aqui comentado sobre um
dos aspectos, no caso, a inclusão, e que será discutido no item: Educação
e ação transformadora e inclusiva.

Para concluirmos, saiba que: As escolas, em geral, devem


permanentemente instaurar meios que possam reconhecer e responder às
diversas dificuldades de seus alunos, acomodando os diferentes estilos e
ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade para
todos mediante currículos apropriados, modificações organizacionais,
estratégias de ensino, recursos e parcerias com a comunidade. Os
aspectos que envolvem a diversidade, como já mencionada acima são
amplos, e as unidades escolares devem estar atentas às tendências sociais
na perspectiva de um ensino de qualidade para todos. E isso exige da
escola novos posicionamentos que implicam num esforço de atualização e
reestruturação das condições atuais, para que o ensino se modernize e
para que os professores se aperfeiçoem, adequando as ações pedagógicas
à diversidade dos aprendizes.

PINSKY, JAIME.12 Faces do preconceito. São


Paulo: Editora Contexto, 1999.

GARDNER, Howard. A nova ciência da mente. Sp:


Edusp, 1996.

GATTI, Bernardete; BARRETTO, Elba Siqueira de


Sá.Professores no Brasil: impasses e desafios.
Brasília: Unesco, 2009.
84

ALARCÃO, Izabel. Escola Reflexiva e nova


racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001.

MANTOAN, Maria T. Eglér. Inclusão Escolar: O que é?


Por quê? Como fazer? São Paulo: Ed. Moderna, 2003.

GROSSI, Esther Pillar Coord. Vanguardas


pedagógicas: lições de um processo. Rio Grande do
Sul: Edelbr. 2003.

MELLO, Guiomar Namo de. Autonomia da Escola:


possibilidades, limites e condições. In: Qualidade,
Eficiência e Equidade na Educação Básica. Cândido
Alberto Gomes; José Amaral sobrinho (Orgs.) -
Brasília: IPEA, 1992.

4. Educação transformadora e construção da sociedade

Paulo Freire, dentre muitos outros pensadores educacionais, como:


Imbernón; Schön; Kullok;Vasconcelos;Petraglia; Fazenda; Alarcão; Sacristan
que compõem a referência bibliográfica deste guia, comentam sobre a
transformação necessária que a educação proporciona e possuem
discursos afinados, dando diretivas da necessidade de democratizar a
escola. Eis, portanto, uma das propostas mais requisitadas nos debates
educacionais contemporâneos, o que se discute com frequência é o
significado do que é realmente a democratização do ensino, qual a sua
natureza, qual o seu alcance, como as ações que envolvem a
democratização podem contribuir para a transformação educacional e a
construção de uma sociedade mais justa, digna, ou seja, como construir os
caminhos para que a escola possa ser democratizada.
85

Convido-o (a) agora a ler uma sátira com comentários da Profa. Renata
Zanette 10

Existe uma sátira muito antiga que nos fala a respeito de uma tribo pré-
histórica que decidiu introduzir uma educação sistemática para suas crianças,
com um currículo que procurasse atender às suas necessidades de
sobrevivência no ambiente em que vivem. Sua personagem principal, "Novo-
punho-fazedor de martelos", que foi o grande teórico e prático da Educação
naquela tribo.

Novo-punho era um artesão e ganhara nome e prestígio na tribo por ter


produzido um artefato de que sua comunidade necessitava. Mas novo-punho
era, também, um pensador e aquela qualidade de inteligência que o levara à
atividade socialmente aprovada de produzir um artefato superior, levou-o a
envolver-se na prática socialmente desaprovada de "pensar". E, pensando,
Novo-punho começou a vislumbrar maneiras pelas quais a vida, em seu meio,
poderia ser melhor e mais fácil.

Seu conceito de uma educação sistemática formou-se a partir de


observações de seus filhos brincando e de comparações entre a atividade das
crianças e a dos adultos da tribo. Brincando, tinham por objetivo o prazer;
trabalhando, os adultos visavam a sua segurança e o enriquecimento de suas
vidas. Diante disso, Novo-punho pensou: "Se eu pudesse levar estas crianças a
fazer coisas que lhes dariam alimento, abrigo, roupas e segurança em maior
quantidade, eu estaria ajudando esta tribo a viver melhor". Com esse objetivo
em mente, Novo-Punho elaborou um currículo escolar que respondia a três
perguntas básicas: “O que é que a tribo precisa saber para viver bem

10
ZANETTE, Renata. A educação transformadora. - Faculdade Vale do Cricaré- São Mateus-
ES-disponível em
<http://stoa.usp.br/rudisantos/files/339/1744/A+Educa%C3%A7%C3%A3o+Transformadora.htm
> acessado em 04.01.2012.
86

alimentada, com o corpo quente e livre de medo.”

”Alimentação, vestuário e segurança na tribo estavam ligados à pesca, à


caça de cavalos e à proteção contra os tigres dente-de-sabre.” As condições
ambientais da época e os aspectos genéticos da fauna local permitiam que a
pesca fosse feita à mão, que a caça aos cavalos fosse feita com uma clava e
que os tigres fossem afugentados com tochas de fogo. Assim, o currículo foi
constituído por três disciplinas: “Agarrar peixes com as mãos; pegar cavalos com
a clava e espantar tigres dente-de-sabre com fogo".

A nova tendência escolar foi um sucesso e a tribo prosperou. Mas os


tempos passaram e as condições ambientais mudaram. Com a chegada de
uma idade glacial, a água dos lagos tornou-se turva ao mesmo tempo em que
uma mutação genética produzia peixes mais ágeis. Os cavalos partiram em
busca de planícies mais secas, surgindo em seu lugar, antílopes ágeis que não
se deixavam apanhar pela clava. Os tigres dente-de-sabre, devido ao clima frio,
contraíram doenças e a espécie praticamente se extinguiu. Entretanto, o frio
trouxe os ursos polares que não se atemorizavam com o fogo. A tribo ficou
numa situação difícil, sobrevindo à fome, ao frio e a morte nas garras dos ursos.
A escola continuava a ensinar a agarrar com as mãos, em águas turvas, peixes
ágeis; a pegar cavalos que não mais existiam; a espantar tigres extintos.

Todavia, as necessidades de sobrevivência suplantaram a escola. Outros


dos poucos pensadores, ocupando o lugar de Novo-punho haviam inventado
redes para apanhar peixes, armadilhas para caçar antílopes e poços
camuflados para prender e matar ursos. Isso trouxe à tribo fartura e uma nova
segurança. Mas, as autoridades escolares e os professores resistiam a todas as
tentativas de modificar o sistema educacional para que as novas técnicas
fossem aprendidas na escola. Até mesmo a maioria da tribo que as atividades
práticas nada tinham a ver com a aprendizagem escolar; e, ao ouvirem dizer
que as novas técnicas requeriam inteligência e habilidade, coisas que a escola
deveria desenvolver, sorriam indulgentemente respondendo que aquilo não
87

seria "Educação" e sim mero treinamento.

Ante a insistência dos radicais, os velhos sábios da tribo diziam: "não


ensinamos a agarrar peixes para que peixes sejam agarrados, mas ensinamos
isto para desenvolver uma habilidade geral que não seria desenvolvida através
do mero treinamento. Não ensinamos a pegar cavalos para que cavalos sejam
pegos; nós ensinamos isto para desenvolver uma força global no aprendiz que
nunca seria obtida através de atividades tão prosaicas e especializada como
preparar armadilhas para antílopes. Não ensinamos a afugentar tigres para fazer
tigres fugirem; nós ensinamos isto com o fim de gerar uma coragem nobre que
nunca adviria de uma atividade tão básica como caçar ursos". A maioria se
calou. Somente um radical insistiu fazendo um último protesto, dizendo que,
como os tempos haviam mudado, talvez fosse possível tentar atualizar o ensino
de modo que o que as crianças aprendiam pudesse ter algum valor na vida real.
Mas mesmo seus companheiros sentiam que ele havia ido longe demais. Os
sábios se indignaram e responderam severamente: se tivessem alguma
educação, vocês saberiam que a essência da verdadeira educação independe
do tempo. É algo que perdura através de condições que mudam. Assim
acreditavam aqueles sábios, que há algumas verdades eternas, como a forma
de ensino desenvolvida pelo Novo-Punho.

Zanette (2012), após apresentar a história de Novo-Punho, comenta


que:

Diante dessa sátira, percebe-se que as dúvidas que


pairam sobre “o que ensinar” e “a quem ensinar”
cercam a humanidade desde tempos remotos. [...] é
necessários que [...] “o que ensinar” atenda aos
anseios de “a quem ensinar”, num conjunto
sincronizado e eficiente, voltada para a formação de
88

um cidadão crítico e participativo na sociedade, que


seja capaz de entender o mundo que o cerca, para
que, ao invés de simplesmente se acomodar diante
das dificuldades e injustiças, ele tenha condições
psicológicas, cognoscitivas e espiritual de transformar
o que for necessário em nossa sociedade, para uma
evolução autossustentável e verdadeiramente
igualitária.

A proposta de uma formação para a transformação e para a vida


social, como se sabe, é construída ao longo dos tempos, o que mais intriga
os organizadores educacionais e a proposta de polítcas pública-
educacional é a questão da seleção e organização dos conteúdos
escolares.

Saiba que no meio educacional é reconhecido que, ao longo da


história da educação em nosso país, as organizações curriculares foram
tratadas dentro de pontos de vista técnicos; é recente a organização de
sistematizações de coleta de dados para direcionamentos educacionais
dentro de políticas que possam ser públicas para a formação educacional.

Veja o que Zanette (2012) comenta:

À escola atribuía-se a função de transmissão do saber


acumulado historicamente, cientificamente
organizado, considerando aspectos lógicos e
psicológicos, tendo como pressuposto que uma
formação teórica sólida garante uma prática
consequente. A lógica subjacente a essa abordagem
é a de que a teoria é guia da ação, caracterizando-se
a separação entre a teoria e a prática. Fato
característico na pedagogia tradicional, onde o aluno
89

é mero personagem no processo de ensino-


aprendizagem. Nesta tendência vê-se uma falta de
mobilidade do currículo, onde o professor
simplesmente repassa conteúdos previamente
programados e massificados, sem analisar sua
importância e necessidade no contexto social em que
está inserido.

Na Pedagogia Tradicional, a escola é vista como


principal fonte de informação, de transformação
cultural e ideológica das massas, respondendo aos
interesses da burguesia como classe dominante. O
Programa Educacional é extremamente rígido,
contendo uma grande quantidade de informações,
tratadas de forma descontextualizada e desconexa,
visando a memorização e não a aprendizagem em si.

Essa é uma realidade que justifica a nossa afirmativa de um currículo


organizado dentro de preceitos técnicos, o que vivenciamos na atualidade
são discussões que trazem à tona as práticas descritas na citação de
Zanette por educadores progressistas 11
que, sendo que esses são
comprometidos com a clientela que é atendida nas diversas unidades de

11
Educadores progressistas acreditam que o papel da escola é o de levar professores e alunos a
atingir um nível de consciência da realidade em que vivem na busca da transformação social. A
relação do professor e aluno é de igual, horizontalmente com aprendizagem problemática onde
propõe uma educação libertadora, na qual o professor e aluno se educam mediados pelo mundo. A
dialética progressista pedagógica tem sido empregada com êxito em vários setores dos
movimentos sociais (sindicatos, associações de bairro, alfabetização de adultos etc.). O termo
progressista é tomado por empréstimos de George Snyders e apontam processos ou movimentos
voltados a morte de uma velha estrutura e a construção de uma nova. A escola progressista
libertadora faz com que professor e aluno tenham total segurança do seu direito de aprofundar e
aperfeiçoar mais com as tendências pedagógicas dentro da prática escolar dentro das teorias
progressista libertadora.
90

ensino espalhadas pelo território barasileiro. Tais educadores possuem o


objetivo de alterar a lógica de formação prática há anos em nosso país, ou
seja, se orientam e selecionam, de forma organizativa, conteúdos escolares
que atendam a pressupostos de abrangência de formação a todos, uma
vez que, em nosso país, a legislação educacional é clara quanto à
formação geral de “todos”, possuimos como lema: “formação para todos”
com qualidade e dignidade. Educadores da atualidade, orientados pelas
políticas públicas educacionais acreditam que é no “fazer que se gera o
saber”. “Esses educadores progressistas, encontram-se dentro de linhas
pedagógicas que visam a formação de um cidadão crítico, comprometido
com necessidades de transformações sociais que imperam nos nossos
dias.” (ZANETTE, 2012)
Zanette (Ib.) comenta que:

As reformulações dos Programas de Ensino tornam-


se possíveis por meio da descentralização dos
currículos educacionais, proclamado na legislação do
ensino, cabendo ao professor a tarefa de selecionar
conteúdos de ensino adequados às peculiaridades
locais, planos dos estabelecimentos e diferenças
individuais, o que é uma das características mais
marcantes presentes nas tendências pedagógicas
que seguem essa linha, como: Pedagogia Liberal,
Teoria Crítica Social do ensino proposta por Libaneo,
Investigação-Ação e a Teoria Histórico Social de
Vigotsky, onde propõem que as origens da vida
consciente e do pensamento abstrato deveriam ser
procuradas na interação do organismo com as
condições de vida social, e nas formas histórico-
sociais de vida da espécie humana e não, como
muitos acreditavam, no mundo espiritual e sensorial
91

do homem, procurando analisar o reflexo do mundo


exterior no mundo interior dos indivíduos, a partir da
interação destes sujeitos com a realidade, lembrando
que a origem das mudanças que ocorrem no homem,
ao longo do seu desenvolvimento, está, segundo seus
princípios, na sociedade, na cultura e na sua história.

Depreendemos, portanto, que a transformação social resulta de


elaborações adequadas de currículos, de práticas educacionais
orientadas por objetivos que atendam às necessidades da sociedade
existente, e para problematizar o item e gerar meios investigativos,
utilizaremos a afirmação de Vigotsky, a seguir, e convidamos você a
enveredar por pesquisas que complementem as ideias acima
expressas.

"O aprendizado adequadamente organizado resulta


em desenvolvimento mental e põe em movimento
vários processos de desenvolvimento que, de outra
forma, seriam impossíveis de acontecer." (Vigotsky,
1987:101)

Você concorda com essa afirmativa de Vigotsky?


Proporia algum outro item para complementar? Essa
afirmação possui correlação com o item: Educação
transformadora e construção da sociedade, em que
sentido?

Para ampliar seu conhecimento sobre o assunto, indicamos os seguintes


livros:
92

MORIN, E. Os sete saberes necessários à Educação


do Futuro. São Paulo: Cortez Editora: 2000.

PIMENTA, Selma G. (org.). Saberes pedagógicos e


atividade docente. São Paulo.: Cortez. 1999.

SACRISTÁN , J. GIMENO. O Currículo: uma reflexão


sobre a prática. 3ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

5. Educação – visão de mundo

Para conceituar esse tema, vamos usar o pensamento de Paulo


Freire, pois é em sua companhia, a partir do seu olhar, melhor ainda,
analisando os seus registros, que conseguimos compreender um legado
de construção e orientação sobre a prática pedagógica que incide na
busca por uma educação democrática, problematizadora e (libertadora),
valorizando o indivíduo como sujeito histórico possibilitando-o como um
SER livre, autônomo e crítico. Além disso, é através da prática do diálogo
libertador de Freire, que diversos outros pesquisadores em educação dão
ênfase à preocupação em contextualizar concepções, práticas,
mecanismos políticos e econômicos, culturais e educacionais na
perspectiva de uma educação emancipadora do sujeito. Com essa visão,
temos a dimensão que educar um sujeito é fornecer meios para a
sobrevivência digna em seu meio.
Freire, ao tratar dos processos educativos relacionados à formação
para a vida e, como consequência, um ideal para a visão geral mundana,
estabelece quatro práxis(Ver o conceito no verbete sobre CONCEITO DE
TEORIA E PRÁTICA), vejamos:
93

Enfatiza as Defende uma Trabalhar noções de Paulo freire sempre


educação como ato ciências aberta às dizia que a escola
condições dialógico, ao necessidades vai além das quatro
gnosiológicas mesmo tempo é populares, tem como paredes da sala de
da prática rigoroso, base métodos aula, criando o “
educativa, intuitivo,imaginativ explicitados por círculo de
dizendo que: o e afetivo. O ato questionamentos cultura”que não
de conhecer e de populares. Não parte consiste em uma
toda obra de pensar está de categorias noção simplória de
Freire é diretamente abstratas, mas sim do “aula”, pelo
baseada na ligados em relação seu dia a dia ( contrário, há toda
ideia de a conhecer o outro, trabalho, pobreza, uma conectividade
pois o fome, desemprego) entre os agentes do
educar, conhecimento fatores sociais, processo educativo.
conhecer e ler precisa de diálogo e políticos e ecológicos
o mundo para expressão. necessidades
poder fundamentais ligadas
transformá-lo. à condição humana.

A visão de mundo e de formação dos indivíduos para Paulo Freire


deve ir além de uma abordagem pautada em métodos conteudistas, o
conteúdo deve ser de forma significativa (crítica) para o meio cultural do
aluno. Além disso, o pensamento de Freire está fortemente ligado a um
projeto político pedagógico de cunho libertador, nesse sentido, os
conteúdos são explorados de forma espontânea e problematizadora,
formando um ser capaz de pensar globalmente, tendo uma visão do
mundo que o rodeia amplamente. Além disso, Paulo Freire, ao longo de
sua trajetória, desenvolveu o Método de Paulo Freire, no qual se distancia
94

de toda conotação Tecnicista, e que possibilita a formação de uma visão de


mundo com mais significado aos sujeitos envolvidos.
De acordo com Gadotti (2000) 12
há quatro passos do método de
Freire que fazem referência à formação geral dos sujeitos e, por
consequência, a sua formação para a vida, para o mundo:

I. Ler o mundo. Apropriando-se de conhecimentos


através da leitura do mundo, destacando a
curiosidade como precondição do conhecimento.
II. Compartilhar a leitura com o mundo, onde o diálogo
não é apenas uma estratégia pedagógica, é um
critério de verdade onde a veracidade depende do
meu ponto de vista e do olhar do outro.
III. A educação como ato de produção e de reconstrução
do saber. Conhecer não é apenas acumular
conhecimento, informação ou dados, implica
mudanças de atitudes; como saber pensar e não
apenas assimilar conteúdos escolares chamados de
universal. O saber é mudar a formar de criar a forma
de formar-se e educar-se.
IV. A educação como prática de liberdade. É o momento
da problematização da existência pessoal e dá
sociedade futura. Assim, “a educação não é só
ciência, é a arte e práxis, ação e reflexão,
conscientização e projeto”.p.112

GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre:, Ed. Artes


12

Médicas,2000.
95

Finalizando, Gadotti (2000) relata a concepção da prática docente,


dando o exemplo da escola cidadã: “o novo professor é mediador do
conhecimento, sensível e crítico, aprendiz permanente e organizador do
trabalho na escola, um orientador, um cooperador, curioso e, sobretudo, um
construtor de sentido, um criador”.
Segundo Freire, o ser humano é o sujeito do ato educativo, assim não
é possível qualquer ação ou reflexão sobre o processo educativo sem que
parta do próprio sujeito, “os camponeses somente se interessam pela
discussão quando a codificação diz respeito, diretamente, a aspectos
concretos de suas necessidades sentidas.” (FREIRE, 1997).
Enfim, este conceito de educação e visão de mundo também será um
item em construção ao longo do seu curso de formação docente e você,
mediado pelos professores da disciplina, deverá estabelecer outras
descobertas que possam complementar o item, certo?

6. Ética e processo educativo

Para comentar sobre esse tópico usaremos a fala de Rios (2004)


“Qualquer sociedade se organiza com base na produção da vida material
de seus membros e das relações daí decorrentes.”(p. 34) E complementa
que a cultura, enquanto elemento de sustentação da sociedade e
patrimônio dos sujeitos que a constituem, precisa ser preservada e
transmitida exatamente, porque não está incorporada ao patrimônio
natural, é uma substância, por assim dizer, produzida pela humanidade,
nesse sentido, necessita ser construída pelos elementos históricos, que
somos nós, os atores da constituição das facetas e roteirização dos
nuances de cada um dos episódios, que por esse motivo, precisa ser
cuidadosamente elaborado, principalmente quando se fala em educação.
96

Lembremos que em educação os elementos pesquisados são imediatos,


não temos como nos distanciar do objeto de pesquisa e estudá-lo para ser
aplicado de forma científica, estamos na luta diária com tais objetos,
vivenciado e experimentando os processos dentro da realidade. Por isso
que as diversas instituições sociais têm como objetivo primordial a
preservação e a transmissão da cultura. E a escola, como essência, tem
essa função de construir em tempo real as condições relacionais para a
formação de novas sociedades, que possam ser mais justas, mais
sustentadas e com direcionamento ético.

Vejamos o que Savater comenta sobre o conceito de ética em seu


13

Livro “Ética para meu filho”:

A ética é uma das disciplinas filosóficas que investiga


problemas que surgem do fato de vivermos em
sociedade e de as nossas ações terem
consequências sobre as outras pessoas ou sobre
outros seres. Ela debruça-se sobre valores como a
justiça, igualdade, liberdade, patriotismo e alguns
conceitos como o direito e o dever, que podem ter
influência nas nossas ações. Esta disciplina avalia e
pondera o que é uma ação boa ou o que é uma ação
má, que possa pôr em causa os direitos e deveres de
cada um, tendo nós consciência e responsabilidade
pelos nossos atos, reflete sobre a moral humana.
(SAVATER, 2004)

SAVATER, Fernando. Ética para meu filho ed. - São Paulo: Martins Fontes, 2004.
13
97

Pode-se dizer, em sentido amplo, que a educação, definida como


processo de transmissão de cultura, está presente em todas as instituições
Entretanto, em sociedades como a nossa há uma instituição cuja função
específica é a transmissão da cultura - esta instituição é a escola. Ela é o
espaço de transmissão sistemática do saber historicamente acumulado
pela sociedade, com o objetivo de formar os indivíduos, capacitando-os a
participar como agentes na construção dessa sociedade. (RIOS, 2004).

É importante, que você reconheça que aspectos relacionados à vida


prática envolvem-se com os processos produzidos pela escola e que em
cada sociedade, a estrutura da organização social como todo, seja nas
relações entre os indivíduos, seja na relação de sobrevivência,
especificamente nas relações trabalhistas, configura o processo educativo,
e as organizações éticas devem prevalecer, uma vez que, são estruturas
como essas que fazem com que os sujeitos em geral, sejam mediados na
condução das suas práticas.

Reconhecemos que vivemos em uma sociedade capitalista e que


esta se caracteriza por ter sua organização sustentada numa contradição
básica, aquela que se dá entre capital e trabalho, e que provoca a divisão
de seus membros em duas classes antagônicas: a classe burguesa e a
classe trabalhadora. Não queremos explorar aqui as características
daquela contradição e da divisão de classes. Entretanto, não podemos
deixar de apontar seus "efeitos" no campo da prática dos educadores. Na
sociedade capitalista, a escola enquanto instituição tem sido o espaço de
inserção dos sujeitos nos valores e crenças da classe dominante.

A educação se opera, na sua unidade dialética, com a


totalidade, como um processo que conjuga as
aspirações e necessidades do homem no contexto
objetivo de sua situação histórico-social. A educação
é, então, uma atividade humana que participa da
98

totalidade da organização social. Essa relação exige


que se a considere como historicamente determinada
por um modo de produção dominante, em nosso
caso, o capitalismo. E, no modo de produção
capitalista, ela tem uma especificidade que só é
inteligível no contexto das relações sociais resultantes
do conflito de duas classes fundamentais. (Cury, 1985,
p. 13)

Ao nos referirmos sobre os valores e crenças, estamos na realidade,


referindo-nos à ideologia, aproveitemos o espaço para comentar sobre
esse conceito, veja:

Ideologia está presente na sociedade permeando as


relações em todas as instituições, mas que encontra na
escola um campo privilegiado para instalar-se, no bojo do
saber a ser transmitido. A ideologia é o conjunto de ideias
fundamentais que caracteriza o pensamento de uma
pessoa, de uma coletividade ou de uma época.

A ideologia tende a conservar ou a transformar o sistema


social, econômico, político ou cultural existente. Conta com
duas características principais: trata-se de uma
representação da sociedade e apresenta um programa
político. Ou seja, reflete sobre a forma como atua a
sociedade no seu conjunto e, com base nisto, elabora um
plano de ação para se aproximar e ir ao encontro daquilo
que considera como sendo a sociedade ideal.
99

Rodrigues (2000, p. 16-17) conceitua os processos ideológicos como


14

um conjunto de crenças e valores que se tornam princípios de


comportamento social.

Sendo um conjunto de crenças, a ideologia deve ser


incorporada como concepção de vida pelos
indivíduos ou grupos numa sociedade e se constituir
como princípio de ação na sociedade sem ser
midiatizada pela [...] Gramsci coloca a filosofia como
a visão mais ampla de mundo que o homem pode
elaborar, ele coloca a ideologia como a forma
encarnada da filosofia num grupo ou numa classe
social. Isso faz com que a ideologia seja um
instrumento que empurra esse grupo ou classe para
a ação. Aquilo que se pensa, pois, da realidade da
vida, da cultura, da sociedade, da natureza, do bem,
da verdade, tem o poder de ser ideologizado, isto é,
assumido como crença de um determinado grupo ou
classe social, que passa a ver o mundo segundo
princípios encarnados como de interesse deste grupo
ou desta classe social. Toda ideologia é, portanto,
uma verdade parcial, já que é a verdade de um grupo
ou classe. Mas não é assumida como verdade
parcial. Os grupos detentores de uma visão de
mundo querem que ela seja necessidade, isto é, que
seja assumida como necessária, como verdadeira,
como universal por todos os outros grupos ou
classes. Deste modo, aquilo que inicialmente se
constitui como verdade de um grupo tende uma vez

14
RODRIGUES, Neidson. Da mistificação da escola à escola necessária. São Paulo:
Cortez, 2000.
100

tornado ideologia, a se converter em verdade de


todos. No instante em que isso ocorre, e se assim
pudesse ocorrer, haveria a garantia da manutenção
de uma ordem social da forma em que se encontra
estruturada pelo grupo que detém o seu controle.

Para compreender melhor esse item, indicamos que leia o Livro de


Marilena Chaui.

Você poderá acessá-lo


em<http://pt.scribd.com/doc/12876624/Colecao-
Primeiros-Passos-O-Que-e-IdeologiaMarilena-Chaui>
acessado em 23.11.2011.

Nesse sentido, você deverá reconhecer que compreender conceitos


que envolvem os afazeres dentro de aspectos éticos, proporcionará a sua
prática pedagógica condições para atuar dentro de aspectos que envolvem
a igualdade de condições, que proporcionam aos cidadãos "iguais" o
conhecimento dos seus direitos e deveres. É compreender também que
devemos usar o Estado geral, com suas normas e legalidades para
conduzir o processo educativo, pois é o conhecimento "adequado" dos
direitos e deveres de cada um que "educa o consenso", que produz a
"vontade de conformismo", que unifica a crença e a adesão numa ordem
moral que justifica uma ordem política e esconde as diferenças e injustiças
de uma ordem econômica.

É a capacidade de produzir esse consenso em torno de uma ordem


moral, que faz com que o Estado, além de "educador", seja um Estado
"ético", em que todos os profissionais envolvidos com o processo educativo
101

tenham consciência dos afazeres educativos e saibam conduzir-se dentro


de preceitos éticos estabelecidos de forma geral para a sociedade.

Enfim, fala e registra-se de forma considerável sobre a


responsabilidade ética do processo de ensino-aprendizagem, você deve
em sua trajetória escolar ou em relações comuns da vida, ter ouvido que a
escola deve ter por objetivo a construção de cidadãos que possam ser
participativos e conscientes, ou melhor, que forme pessoas que possam ser
responsáveis, solidárias com a comunidade e autônomas intelectualmente.
Ouvimos também, que a escola deve se empenhar no desenvolvimento de
atividades que tratem dos assuntos que envolvem os direitos humanos e o
Estatuto da Criança e do Adolescente, e que a mesma desperte um tema
de suma importância para a sobrevivência humana, que está relacionado
ao respeito pelo meio ambiente (natureza). Bom, será que é possível a
escola dar conta desta carga de ações?
Karl Marx diz que é a sociedade, qualquer que seja sua forma, o
15

produto da ação recíproca dos homens. Os homens que produzem as


relações sociais, no que diz respeito a sua produção material criam
também as ideias, as categorias; isto é, as expressões ideais e abstratas
dessas mesmas relações.
Para responder a questão acima, podemos até estar com uma visão
um pouco pessimista, mas o que se percebe é que os jovens estão saindo
das escolas sem um sentimento de pertencimento mais efetivo com a
comunidade a qual pertencem e com a natureza e também sem possuir
autonomia intelectual para a resolução de problemas cognitivos e práticos,
você concorda com essa visão? E, adiante, podemos afirmar que os
Jovens que estamos formando não possuem autonomia moral para
fundamentar racionalmente sua ação moral, ou melhor, suas ações
deliberativas no mundo. Por que isso ocorre? Bom, é isso que gostaríamos

15
MARX, Karl. O capital. Coleção Os economistas. São Paulo: Nova Cultural, 1988.
102

que você investigasse em conjunto conosco. O conceito ficará ao longo do


curso. Portanto, ressaltamos a proposta e incentivo para acharmos
respostas para essa questão, aqui apenas iniciamos o processo e
apontamos caminhos para a formação dos seus saberes sobre esse
assunto, fica então o convite, uma vez que você, ao lidar com os aspectos
éticos, deverá ter uma concepção educativa que esteja alicerçada a uma
concepção ética de responsabilidade solidária e principalmente social.

Para compreender melhor como é organizado o


processo que envolve a ética e educação, leia o texto:
A EXIGÊNCIA ÉTICA DA EDUCAÇÃO de Denis Coitinho
Silveira, disponível
em<www.ifibe.edu.br/seer/index.php/filosofazer/articl
e/download/.../102> acessado em 20.11.2011.

Outros textos e artigos que fazem parte da bibliografia


serão indicados na realização das atividades que
envolverem o tema.

7. Igualdade de condições educacionais

Nos últimos anos, percebe-se uma considerável sensibilização em


relação aos afazeres pedagógicos e avanços, isso constitui o nosso modo
de compreender as questões que envolvem as diferenciações necessárias
entre os indivíduos, uma delas é a questão da igualdade de conteúdos para
todos.
E o que tem de problemático nesse processo? Bom, o problema
envolve ensinar o mesmo programa para mulheres ou homens, negros ou
brancos, pobres ou ricos, trabalhadores ou burguesia, o programa
educacional definido para um país deve considerar (está registrado na
103

nossa constituição, a carta magna de nosso Brasil):


Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade [...] (CONSTITUIÇÃO
FEDERAL BRASILEIRA, 1988)

Este princípio é de suma importância nos aspectos que envolvem a


formação geral em nosso País: a igualdade, na realidade, é uma conquista
social relativamente recente em relação à organização geral das
conduções sociais no Brasil, uma vez que, aqui no nosso meio social, a
igualdade vem se construindo a passos curtos no seio da sociedade. Vem,
gradativamente, abrindo espaços para que as diferenças possam se
manifestar e que também possam ser respeitadas pela Lei, colocando-os
em igualdade de condições na busca da realização pessoal. O art. 5º da
Constituição Federal proclama que “todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza...”, explicitando, no inciso I, que “homens e
mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição”. Aí se reconhece que todos são iguais perante a lei, sem
qualquer distinção. Porém, apesar do reconhecimento da Lei Fundamental,
faltava ao Código Civil se adequar a esse mandamento político. Com a
entrada em vigor do novo Código Civil (Lei 10.406, de 10 de janeiro de
2.002), vê-se que o legislador procurou corrigir algumas distorções da
legislação anterior. O Código anterior possuía inúmeros preceitos que
subordinava a mulher ao homem e diversas legislações posteriores
tentaram corrigir essa distorção. No concernente à capacidade e
personalidade, o art. 1º do novo Código Civil declara que “toda pessoa é
capaz de direitos e deveres na ordem civil”, sendo seguido pelo art. 2º que
declara que “a personalidade civil da pessoa começa com do nascimento
104

com vida...”. Portanto, quando ouvimos que residimos em um país onde os


processos democráticos regem nossas condutas, estamos posicionando
que todas as pessoas possuem direitos e deveres igualitários, e por falar
sobre esse fato, adentremos no assunto ao qual o nosso interesse é mais
voltado, sobre os aspectos organizativos das unidades de ensino com os
seus respectivos sistemas educacionais. O que queremos dizer com isso?
Na realidade, após a promulgação da última LDB a Lei 9394/96, muitas
alterações nas práticas educacionais foram efetivas, dentre elas a questão
da oferta de educação de qualidade e permanência e acesso a todo
cidadão em fase de formação a nível básico, ou seja, toda criança a partir
dos 4 anos de idade e todo jovem de até 17 anos de idade deve ter acesso
a um ensino, uma formação que lhe dê condições de progredir na vida,
com dignidade e sustentabilidade para atuar na sua subsistência. Bom, isso
é o que prevê a legislação citada. Mas é nítido e observável que as
desigualdades, não só em nosso País, como em outros, é uma constante.
Por um lado, muitos reconhecem que tais práticas e evidências tornam-se
incomodas. Por outro lado, reconhece-se também, que iniciativas de
construção de uma sociedade mais unitária, com tendências à diminuição
das desigualdades são perseguidas, uma das iniciativas educacionais para
esse fato, são os programas de apoio a formação em geral.

8. Inovações na sala de aula

Para comentar sobre os aspectos que envolvem a “inovação na sala


de aula” vamos, inicialmente, analisar as imagens a seguir:
105

Tente responder as seguintes indagações:

Com que tipo de aluno estamos lidando


atualmente?

Quais necessidades formativas devem compor os


currículos na atualidade?

Que competências são ofertadas aos professores


para dar conta de mediar os conhecimentos das
novas gerações?
106

Bom, para apontar algumas diretivas das questões acima


apresentadas, gostaríamos de comentar que:

Inovações podem ser compreendidas como atendimento a uma nova


demanda social de formação; estamos em meio a grandes transformações
sociais e a escola deve acompanhar o ritmo ditado. Compreendemos que
vários segmentos da sociedade foram transformados e o que assusta é que
tais mudanças aconteceram muito rapidamente, e fica a questão: será que
as unidades escolares acompanharam tais transformações?

As questões até então problematizadas servem de reflexão para que


você compreenda e reflita sobre os processos necessários de inovações
para a sala de aula, e em se falando de sala de aula, quando pensamos a
mesma, devemos ter claro que este espaço é:

Um ambiente de
formação, de troca de
experiências, de
aprendizado mútuo e
que, a princípio...

...Não busca a
maximização dos
resultados financeiros,
mas sim o desempenho
maximizado dos
alunos envolvidos.

Então, mais uma questão será problematizada, veja: Na sala de aula,


o responsável pela inovação é o docente ou a instituição de ensino?

Bom, essa questão também provoca-nos reflexões e gostaríamos de


registrar que, ao nosso modo de pensar, entendemos que é a unidade de
107

ensino (em conjunto com a sua comunidade) as instituições formadoras de


profissionais da educação, que possuem possibilidades mais amplas de
desenvolver inovações. É claro que o docente possui a sua parcela de
contribuição, de busca e pesquisa que integre os projetos escolares de
forma que todos os envolvidos possam em conjunto elaborar, ou melhor,
promover mudanças que atendam às necessidades de formação das
novas gerações, concomitante com as demandas sociais.

Para complementar o assunto, veja fragmentos de um texto publicado


na Revista Espaço Acadêmica por Aragão (2006):
16

[...] é a universidade que pode construir sua imagem


de forma inovadora, que pode conduzir pesquisas
sob processos inovadores ou, ainda, que pode
gerenciar seu caixa sob um paradigma inovador. O
âmbito de atuação do docente, nesse contexto, é
muito mais restrito, estando vinculado, mormente, à
inovação de produtos.

Não basta, porém, ser uma pessoa criativa para


inovar na sala de aula. Para que um professor
pratique a inovação no ambiente educacional, é
preciso que haja uma situação que provoque essa
prática. Não se pode desvincular o conceito de
prática da inovação do contexto que a estimula. Se os
resultados são iguais ou superiores àqueles
esperados, não há razão para realizar mudanças nas
estratégias empregadas na sala de aula. Por outro

16
Aragão. Rodrigo Moura Lima de. Aspectos-chave para a inovação na sala de aula.
Revista Espaço Acadêmico, nº 62, Julho/2006.
108

lado, se as respostas aos esforços empreendidos


situam-se aquém de um desempenho satisfatório,
tem-se uma situação-problema cuja solução criativa e
bem-sucedida consiste, afinal, na inovação na sala de
aula.

O docente, entretanto, antes de inovar, deve analisar


alguns aspectos-chave, cuja ponderação é
necessária para uma inovação bem-sucedida. Toda
atividade implica planejamento e execução, e o
professor, na sala de aula, precisa pensar
estrategicamente, deve analisar fatores diversos, a fim
de traçar os melhores trajetos para atingir os objetivos
de aprendizagem propostos. Aspectos que devem ser
considerados pelo docente, a priori, para inovar, são:
necessidades e possibilidades dos alunos; recursos
do professor; infraestrutura da instituição de ensino;
conteúdo a ser desenvolvido; objetivos de
aprendizagem e cultura educacional.

A inovação na sala de aula é, pois, uma resposta


criativa e bem-sucedida a uma situação-problema. O
seu ponto de partida deve ser, portanto, o corpo
discente, suas necessidades e possibilidades. Um
bom começo é perguntar para os alunos qual
atividade profissional exercem, quais são os seus
objetivos de carreira e quais as suas expectativas
com relação ao curso que frequentarão. Eles sabem
todas as respostas? Não, mas é esse o ponto de
partida. O retorno que dão contribui para a
construção de um retrato da turma, com esboços de
suas necessidades e possibilidades. Antes de tentar
109

qualquer coisa diferente na sala de aula, o docente


precisa saber primeiro se essa ação e se seus
possíveis resultados podem, de fato, proporcionar aos
alunos algo que lhes seja útil em seu cotidiano de
trabalho, que satisfaça parte das necessidades que
possuem. [...]

• A adesão a uma nova proposta depende daquilo


que os discentes têm condições de realizar. Caso
Conhecer a
a proposta exija, por exemplo, esforços
possibilidade
adicionais extra-classe, ignorar esse fator pode
do aluno
ter como consequência desempenhos
insatisfatórios dos alunos.

•Destaque para os recursos financeiros, temporais e


materiais. Muitas vezes, é melhor centrar-se em
pequenas inovações factíveis, do que em inovações
maiores que estão além das possibilidades do professor.
Enfim, tudo aquilo que o docente possui para preparar
Os recursos
suas aulas, como os livros que dispõe, computadores,
disponíveis vídeos, DVDs e CDs. Uma aula que tenha como eixo uma
apresentação em Power Point pode ser inovadora, mas
para prepará-la, o professor precisa tanto do hardware,
quanto do software e de o mínimo de conhecimento para
operar ambos. O docente deve conhecer e estudar
também as suas possibilidades para inovar.
110

Aragão comenta que:


A fim de inovar, devem ser ponderados também o
conteúdo a ser desenvolvido e os objetivos de
aprendizagem da disciplina. Objetivos diferentes
exigem estratégias diversas; conteúdos distintos
também. O uso de técnicas de contar histórias pode
ser bastante produtivo e inovador para o
desenvolvimento de disciplinas como História, por
exemplo, no entanto, sua aplicabilidade seria
interessante para Matemática? Provavelmente não. O
professor precisa estar também atento a este ponto
para inovar. Onde os meus alunos devem chegar? O
recurso que estou propondo é adequado aos
objetivos de aprendizagem estabelecidos à matéria
que será trabalhada? Essa análise é fundamental
para a formulação e implementação de respostas não
apenas criativas, mas, sobretudo, bem-sucedidas
para as questões que surgem no cotidiano da sala de
aula.

Portanto, quando se fala de inovações educacionais, variados itens


desse glossário poderiam ser incluídos aqui, veja: Projetos escolares são
inovações quando se implantam atividades que atendam à necessidade
formativa dos discentes na atualidade. Outro item que podemos mencionar
é o Projeto Político Pedagógico. Reconhece-se no meio educacional, que
tais projetos inovam os processos de realização e condução das
organizações de aprendizagem na escola. Enfim, o que queremos
demonstrar a você, como futuro profissional de educação, e ou, já atuante,
é que é fundamental que um profissional professor saiba analisar os
111

aspectos culturais que atendam às necessidades educacionais pré-


existentes.

Saiba que, as teorias da aprendizagem implantadas em nosso país,


ao longo dos anos, foram responsáveis pelas conduções das formações
estabelecidas nas unidades de ensino, tangenciadas pelas normas dos
sistemas escolares, podemos citar a teoria behaviorista, popularizada por
Skinner, que você mesmo poderá conferir, quando da sua intervenção nas
unidades escolares, ou seja, nos momentos em que estiver estagiando.
Terá, portanto, a oportunidade de verificar que esta teoria é utilizada por
muitos profissionais da educação, faz parte dos processos didáticos de
muitos educadores e conduz a maioria das práticas educacionais.

Você terá a oportunidade, ao longo


do seu trajeto de formação, aqui
conosco, dentro das disciplinas
que compõem o currículo de seu
curso, compreender as
diferenciações entre as teorias da
aprendizagem. Ah! Aqui mesmo no
segundo período da disciplina terá
a oportunidade de trabalhar com
material sobre o assunto.

Mas voltemos à discussão sobre as teorias de aprendizagem, uma


vez que tem uma relação profunda com as inovações escolares, pois é
através dos métodos utilizados na condução da sala de aula que
transformamos nossas práticas, não acha? O que se percebe é que
pesquisadores mais focados nas teorias de aprendizagem que envolvem
métodos cognitivistas, tendem a apresentar maneiras de conduzir a
112

aprendizagem de forma que o sujeito que aprende construa o seu próprio


conhecimento com mais eficácia. Desta forma, o que fica evidente é que as
salas de aula construtivistas proporcionam um ambiente onde os
estudantes confrontam-se com problemas cheios de significado porque
estão vinculados ao contexto de sua vida real. Verifica-se, portanto, certo
encorajamento do discente para explorar possibilidades, inventar soluções
alternativas, colaborar com outros discentes ou com os próprios
mediadores do processo de aprendizagem. E tal encorajamento faz com os
alunos testem novas ideias e hipóteses, aprendam a revisar seus
pensamentos e, finalmente, apresentar a melhor solução que eles puderam
encontrar. Esta abordagem contrasta com as salas de aula behavioristas
(tradicionais), onde os estudantes estão passivamente envolvidos em
receber toda a informação necessária a partir do professor e do livro texto.
Ao invés de inventar soluções e construir o conhecimento durante estes
processos, os estudantes são ensinados a procurar a "resposta certa"
segundo o método do professor. Segundo esta ideia, os estudantes não
precisam nem verificar se o método usado na solução dos problemas tem
sentido.
Vejamos, nos esquemas a seguir, o paradoxo existente entre a
filosofia tradicional e a filosofia construtivista:
113

Sala de aula Sala de aula


tradicional construtivista

O currículo é apresentado das partes O currículo é apresentado do todo


para o todo, com ênfase nas para as partes, com ênfase nos
habilidades básicas. conceitos gerais.

O seguimento rigoroso do currículo Busca pelas questões levantadas


pré-estabelecido é altamente pelos alunos é altamente
valorizado. valorizada.

Os professores geralmente comportam-se Os professores geralmente


de uma maneira didaticamente comportam-se de maneira
adequada, disseminando informações interativa, mediante o ambiente
aos estudantes “um sábio sobre o palco” para estudantes “Um guia do lado”.

As atividades curriculares baseiam-se As atividades baseiam-se em


fundamentalmente em livros, textos fontes primárias de dados e
e exercícios. materiais manipuláveis.
114

Sala de aula Sala de aula


tradicional construtivista

O professor busca os pontos de


O professor busca as respostas vista dos estudantes para entender
corretas para validar a seus conceitos presentes para uso
aprendizagem. nas lições subsequentes.

Avaliação da aprendizagem está


Avaliação da aprendizagem é vista
interligada ao ensino e ocorre
separada do ensino e ocorre, quase através da observação do professor
que totalmente, através de testes. sobre o trabalho dos estudantes.

Estudantes trabalham Estudantes trabalham


fundamentalmente sozinhos . fundamentalmente em grupos .

Os estudantes são vistos como Os estudantes são vistos como


"tábulas rasas" sobre as quais a pensadores com teorias
informação é impressa emergentes sobre o mundo

É, portanto, constado nas práticas descritas que a aprendizagem


passiva não constrói conhecimentos, aquele discente que possui
comportamento apático e não proativo, que está sempre à espera do
conteúdo que o docente repassa e que não tem por hábito (compreenda-
se que esta ação é formada, estimulada) não questionar, não criticar,
provavelmente terá uma formação que não atende às necessidades de
formação para tempos atuais. E o pior da implementação de atividades
dentro de planos estratégicos (PPP) em ambientes como esses, com
perspectivas de ensino inovador é a dificuldade, isto se não for impossível.
115

Enfim, você deve compreender que, como já comentado acima, é de


competência das unidades escolares, em conjunto com os seus sistemas
escolares em geral, a implantação de inovações que fomentem uma
formação mais significativa e que atendam às necessidades sociais dentro
da atualidade. Agora, cabe ao professor, mediante os projetos inovadores,
contagiar os alunos com suas ideias, a fim de provocar uma ruptura no
comportamento habitual dos discentes.

E, para encerrar o tópico, gostaríamos de propor algumas questões


para a reflexão e pesquisa, veja:

Quais são os hábitos já


sedimentados dos alunos na sala
de aula e quais mudanças serão
necessárias para que seja bem-
sucedida a inovação proposta?

Que padrões de ensino o país


e as escolas necessitam? E,
quais inovações devem ser
implantadas para atender a
tais necessidades formativas?
116

GROSSI, Esther Pillar Coord. Vanguardas


pedagógicas: lições de um processo. Rio Grande do
Sul: Edelbr. 2003.

HERNÀNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança


na educação: os projetos de trabalho. Fernando
Hernández. Trad. Jussara Haubert Rodrigues. Porto
Alegre: Artmed, 1998.

IMBERNÓN, Francisco. Educação do sec. XXI. 2ª. Ed.


Porto Alegre: Artmed, 2000.

SACRISTAN, J. Gemano; GÓMEZ, A.I. Pérez.


Compreender e transformar o ensino. 4ª. Ed.

9. Integração de saberes: Transdisciplinaridade, Interdisciplinaridade,


Multidisciplinaridade e prática pedagógica

Este item é um dos que consideramos de maior importância, em


relação aos aspectos que envolvem o desenvolvimento de saberes e
conteúdos, que devem ser aprendidos pelo discente. Saiba que no
contexto escolar, na atualidade, variadas preocupações fazem parte da
problemática educacional, e faz parte do conjunto de preocupações, os
seguintes pontos: valorização do tempo/espaço que o professor dispõe
para trabalhar na sala de aula, a relação de mediação entre o educando e
a construção do conhecimento, levando em conta o aproveitamento de
seus alunos e os procedimentos de integração dos saberes, e é
exatamente sobre esse último que vamos discutir nesse item, vejamos:
117

Transformar velhos conceitos em novas


realidades, recriar, renovar. Eis um
grande desafio. E a interdisciplinaridade
traz, em sua ação, a recriação de
procedimentos de formação das novas
gerações.

É pensando na formação de novas gerações que procedimentos de


integração dos saberes, de união e proximidade dos núcleos conceituais
que cada uma das áreas de formação possuem é que fazem com que o
conceito de interdisciplinaridade passe a fazer parte dos procedimentos,
técnicas, ou melhor, metodologias de trabalho docente.

Saiba que temos vários conceitos para a integração das áreas de


saber, cada uma possui, em sua ação, um objetivo. Convido-o (a) conhecer,

Interdisciplinaridade

Transdisciplinaridade Multidisciplinaridade

São formas de
articulação das
diversas
disciplinas
118

de forma geral, os conceitos de cada um dos itens, a seguir:

Convidamos você a conhecer os conceitos que sustentam cada um


dos itens de integração dos saberes escolares, compreenda o que
prevalece em cada um, observe como são as estratégias de aplicação,
para que possa na sua atuação profissional, saber escolher e aplicar em
benefício da sala de aula. Compreenda que as estratégias de integração
disciplinar visam a reunião de possibilidades para a produção de
conhecimento multidisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar, em
oposição ao conhecimento monodisciplinar, veiculado durante anos nos
cenários de formação em nosso país. Vejamos, portanto, as estratégias de
cada um.

Busca a solução
de um problema
imediato, sem
explorar a
articulação.

Envolve mais Não há


de uma Multidisciplinaridad integração dos
disciplina. e resultados
obtidos.

Cada disciplina
envolvida mantém
sua metodologia e
teoria, sem
modificações.
119

Envolve
mais de uma
disciplina.

Adota uma
Os interesses perspectiva teórico-
próprios de cada metodológica
disciplina são comum para as
preservados. disciplinas
envolvidas.

Interdisciplinarieda
de

Busca a solução dos Promove a


problemas através integração dos
da articulação de resultados obtidos.
disciplinas.
120

Etapa
superior de
integração
onde não
Nenhum existe
saber é mais fronteira
importante entre as Um sistema
que outro. disciplinas. de ensino
Todos são inovado.
igualmente
importantes.

Transdisciplinarieda
de
É a busca do
sentido da
vida através Envolve(ciênc
de relações ias exatas,
entre os humanas e
diversos artes) numa
saberes. democracia
Busca cognitiva.
superar o
conceito de
disciplina.

Estas estratégias servem como caminhos a serem trilhados pelos


docentes, integrando as várias disciplinas que compõem o currículo
escolar, demonstrando aos discentes que não existe fronteira entre as
disciplinas, mas que uma perpassa pela outra, complementando-as.
121

Reis (2009) comenta que:


17

A interdisciplinaridade deve ser pensada como entre


ciências, por um lado, considerando o território de
cada uma delas e, ao mesmo tempo, identificando
possíveis áreas que possam se entrecruzar, buscando
as conexões possíveis. E essa busca se realiza por
meio de um processo dialógico que permite novas
interpretações, mudança de visão, avaliação crítica de
pressupostos, um aprender com o outro, uma nova
reorganização do pensar e do fazer.

Esse entendimento leva-nos a refletir sobre o sentido


da escola na sociedade atual, pois da forma como
está, ela não dará conta de sobreviver à disputa com
a dinamicidade dos conhecimentos e aos
questionamentos do século XXI. Qualquer um de nós,
disposto a repensar a escola precisa esvaziar
cabeças cheias e transformá-las em espaços
dinâmicos onde se entrelaçam os infinitos nós que
compõem as redes de conhecimentos.

A interdisciplinaridade é um exercício de recuperação


da ideia de unicidade do conhecimento humano que,
com o avanço da ciência, foi se ramificando e se
especializando de tal forma que as partes parecem
não estar mais ligadas ao todo. Somente os
professores podem ter uma participação

17
REIS, Marlene Barbosa de Freitas. Interdisciplinaridade na prática pedagógica:
um desafio possível. REVELLI Revista de Educação, Linguagem e Literatura da
UEG - Inhumas- v. 1, n. 2, outubro de 2009.
122

extremamente importante no processo de romper


com essa tradição alienante e superar essa
contradição histórica entre o saber e a realidade.

No meio educacional, os processos de integração dos saberes tem


como proposta apoiar os processos de investigação e formação de
saberes. É na realidade uma eliminação de atividades desconexas e sem
sentido para o aluno. O que se recomenda é que os docentes possam
conhecer cada uma das estratégias de integração de saberes, multi, inter
ou transdisciplinares, para que possa aplicá-las de forma a apoiar o
desenvolvimento dos conteúdos trabalhados, com ações dinâmicas e
prazerosas. E que tais ações possam ter traços investigativos, sociais e
interativos com todos os envolvidos na formação das novas gerações, pois
nas atividades que envolvem mais disciplinas, ou mesmo, que não se
percebe o envolvimento claro das disciplinas, que é o caso da
transdisciplinaridade, o conhecimento tende a ser mais significativo e
absorvido, lembremos aqui o que Vigotsky registrou em suas pesquisas
sobre os processos de aprendizagem; ao longo de suas pesquisas, deixou-
nos um extenso registro e contribuiu de forma significativa para que
compreendêssemos o complexo processo sobre o aprendizado humano:

Ao propor os processos interacionistas, baseado em


uma visão de desenvolvimento apoiada na
concepção de um organismo ativo, onde o
pensamento é construído gradativamente em um
ambiente histórico e, em essência, social. Podemos,
portanto, comentar que em atividades que envolvem
o saber produzido na coletividade e com
envolvimento dos núcleos conceituais, tem-se um
123

ambiente propício para o conhecimento com


significado, mediado por intervenções do docente
que possam propiciar investigações e, por
consequência, descobertas e aprendizados com
significado.

Apropriando-se um pouco mais dos conceitos de Vigotsky (1998) 18

sobre a interação social, que é origem e motor da aprendizagem e do


desenvolvimento intelectual, podemos comentar que praticamente todas as
funções no desenvolvimento do ser humano aparecem primeiro no nível
social (interpessoal), depois no nível individual (intrapessoal). Sendo assim,
Vigotsky, em suas pesquisas comenta que a aprendizagem humana,
pressupõe uma natureza social específica e um processo através do qual
as pessoas penetram na vida intelectual daquelas que as cercam.
Iremos aproveitar a oportunidade para comentar os estágios de
desenvolvimento dos indivíduos, pois acreditamos que é oportuno
mencionar os estágios de aprendizagem humana, uma vez que, ao
trabalharmos com os processos de interatividade entre as disciplinas
(integração dos saberes) estamos comentando sobre o mesmo objetivo: a
aprendizagem. E como é sabido por nós, também é o que Vigotsky
dedicou-se a aprofundar em suas pesquisas. Por fim, o que queremos
demonstrar? Ora, estamos afirmando que a integração de saberes
(disciplinas), tem o mesmo propósito de objeto de atuação que Vigotsky, ou
seja, a aprendizagem. Mas, compreenda que, integramos as disciplinas
para desenvolver uma aprendizagem significativa e Vigotsky considera que
a aprendizagem acontece em um ambiente propício, que envolva os
aspectos sociais, via níveis de desenvolvimento.

18
VYGOTSKY, L. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos
superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
124

Veja os conceitos que Vigotsky elaborou sobre os níveis de


desenvolvimento humano:

NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO


REAL - ZONA DE DESENVOLVIMENTO
POTENCIAL - determinado
PROXIMAL- considerada como
determinado pela capacidade através da solução de
um nível intermediário entre o
do indivíduo solucionar atividades realizadas sob a
nível de desenvolvimento real e
independentemente as orientação de uma outra pessoa
o nível de desenvolvimento
atividades que lhe são mais capaz ou cooperação com
potencial.
propostas. colegas mais capazes.

Bom, para compreender melhor, entenda que a zona de


desenvolvimento proximal é potencializada através da interação social, ou
seja, as habilidades podem ser desenvolvidas com a ajuda de um
mediador, neste caso, um adulto com experiência de conduta de saberes
ou por meio da colaboração com os demais pares. Agora, quando Vigotsky
fala do nível de desenvolvimento real, ele considera que neste nível o que é
levado em conta são as funções mentais do indivíduo que já estão
estabelecidas, decorrentes das etapas de desenvolvimento inteiramente
cumpridas pelo sujeito.

E é aqui que entra a questão dos processos de condução dos


saberes, ou seja, a organização das mediações dos saberes, as conduções
125

das disciplinas, seja de forma, multi, inter ou transdisciplinar, pois a


aplicação da abordagem de Vygotsky na prática educacional requer que o
professor reconheça a ideia da "zona de desenvolvimento proximal" e
estimule o trabalho colaborativo, em conjunto com os demais docentes
(disciplinas) de forma a potencializar o desenvolvimento cognitivo dos
alunos.
É, portanto, nos ambientes colaborativos de aprendizagem,
mediados por condutas de saberes integrados e que podem ser apoiados
por recursos diversos dentro das novas tendências tecnológicas,
valorizando assim, esse tipo de abordagem, criando um espaço de trabalho
conjunto.
Sendo assim, o que estamos propondo aqui, é a possibilidade de
eliminação de uma formação imediatista, ou melhor, uma formação apenas
para atender à processos momentâneos e não para formar estudantes, que
quando adultos, sejam capazes de continuar sua educação após sair da
escola, possibilitando assim, um verdadeiro engajamento na vida social e
política do país. E para que isso ocorra faz-se necessário, sobretudo, uma
preparação, um compromisso e vontade do professor, visto que a formação
integralizadora de saberes é uma proposta bastante difícil para qualquer
professor trabalhar, uma vez que, nossa formação se deu e ainda se dá de
maneira compartimentalizada, abstrata e distante da realidade.

 ALARCÃO, Izabel. Escola Reflexiva e nova


racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001.
 BARBOSA, Laura Monte Serrat. Temas Transversais:
como utilizá-los na prática educativa. Curitiva: Ibpex, 2007.
 BUSQUETS, Maria Dolors. Temas transversais em
educação. 6. ed.Sp: Ática, 2001.
 FAZENDA, Ivani Catarina
Arantes. Interdisciplinaridade: História, teoria e pesquisa. 8.
ed. Campinas: Papirus, 2001.
126

 GROSSI, Esther Pillar Coord. Vanguardas


pedagógicas: lições de um processo. Rio Grande do Sul:
Edelbr. 2003.
 HERNÀNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança
na educação: os projetos de trabalho. Fernando
Hernández. Trad. Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre:
Artmed, 1998.
 PETRAGLIA, Izabel Cristina. Edgar Morin: A educação
e a complexidade do ser e do saber. 9ª. ed. Petrópolis:
Vozes, 2005.
 PIMENTA, Selma G. (org.). Saberes pedagógicos e
atividade docente. São Paulo.: Cortez. 1999.
 VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Aula: Gênese,
Dimensões, princípios e práticas. Campinas, SP: Papiros,
2008.

10. Projetos escolares e pedagogia de projetos

Este item tem, em sua essência, algo que variados sistemas de ensino
e unidades escolares, em particular, procuram compreender e aplicar.
Compreenda, inicialmente, que a proposta de trabalho com projetos
escolares, ou seja, com a pedagogia de projetos, é a de viabilizar meios
pedagógicos que favoreçam o processo de ensino/aprendizagem. Por esse
motivo, as propostas de trabalhos gerais, dentro das unidades escolares,
tendem a ser orientadas pela pedagogia de projetos. A compreensão deste
tipo de condução da prática escolar é simples, veja:
127

Inicia-se como ideal, com propostas de temas escolhidos


juntamente com os alunos, para que esses sintam-se valorizados em
suas opiniões e que tenham prazer em estudar e pesquisar aquilo que
“querem” e, principalmente, percebam que a sala de aula não é o
lugar onde deve-se engolir os conteúdos passados pelos professores,
mas um espaço aberto de trocas de conhecimento.

Os temas da atualidade se tornam mais interessantes para o ensino


Básico, como aquecimento global, poluição, preservação do meio
ambiente, bicombustível, dentre vários outros. Já os conteúdos
antigos, como os de história, podem ser resgatados e comparados ao
mundo moderno, envolvendo-se na escolha dos temas as disciplinas
que darão sustentação para a empreitada de investigação, bem como
para a compreensão geral dos resultados.

É importante que o professor promova espaços para pesquisas,


discussões em grupo, montagem de painéis referente aos temas,
maquetes, enfim, tudo aquilo que se tornar centro de interesse dos
alunos, podendo aprofundar o estudo e o conhecimento a cada dia. E
que esses materiais sejam acumulados podendo tornar-se ponto de
culminância do estudo, em uma feira ou mostra científico-cultural, em
artigos ou exposição pública de resultados por meio de painéis ou
seminários.

Compreenda que uma investigação mais aprofundada sobre como se


implanta a pedagogia de projetos ir a loco, em unidades de ensino que
realizam tais atividades, para que adquira experiência, portanto, esse é o
convite, ao longo das atividades de estágio, você será instigado a buscar
informações que complementem e sustentem os seus conhecimentos
sobre o assunto, topa? Os conceitos gerais sobre a pedagogia de projetos
serão trabalhados na 2ª etapa da disciplina que se refere à promotora dos
saberes, e o professor mediador do período irá instigar em você meios de
aprendizado que possam sustentar a sua prática, de modo que terá
oportunidade de compreender, saber utilizar e aplicar os processos que
envolvem a pedagogia de projetos, uma dica é interagir com os livros:
128

BARBOSA, LauraMonte Serrat. Temas Transversais:


como utilizá-los na prática educativa. Curitiva: Ibpex,
2007.

HERNÁNDEZ, Fernando. Repensar a função da


escola a partir dos projetos de trabalho. In: Revista
Pátio. Ano 2, n.6, p.27-31, ago/ out 1998.

SCHÖN, D.A. Educando o Profissional Reflexivo: um


novo design para o ensino e a aprendizagem.
Trad.RobertoCataldo Costa. Porto Alegre: Artmed,
2000.

VEIGA, Ilma PassosAlencastro. Aula: Gênese,


Dimensões, princípios e práticas. Campinas, SP:
Papiros, 2008.

11. Projeto político pedagógico

Este tema será amplamente discutido na disciplina de Gestão Escolar,


por esse motivo, esse item será apresentado com foco nas ações que
envolvem o docente e sua interatividade com o mesmo.

Você deverá compreender que o (Projeto Político


Pedagógico escolar) – o famoso PPP - envolve toda a
escola, e o mesmo tem objetivos que a escola deseja
alcançar, metas a serem cumpridas e sonhos a serem
realizados. Compreenda, portanto, que ele é um
projeto escolar e que, na realidade, o PPP é um
conjunto de aspirações, que agrupadas e delineadas,
dão o tom, o norte e os meios para concretizá-las, é o
129

que dá forma e vida ao chamado PPP. Então,


caríssimos (as) docentes (futuros e atuantes) você faz
parte desse universo, não poderá ficar alheio as suas
propostas e planejamento, lembre-se que você, ao
atuar na educação, tem como propósito seguir a
legislação educacional vigente, ou seja, a LDB
9394/96 e essa legislação em variados artigos que a
compõem ordena que toda escola deve ter uma
proposta de trabalho definida em comunidade, e
você, profissional professor, é peça chave para a
elaboração e execução de tais propostas. Então,
envolva-se com o PPP de sua unidade escolar,
colabore com o planejamento, implementação e
implantação do mesmo.

Ah! Seria bom que você compreendesse o significado das palavras


que compõem o PPP, pois o significado de cada uma das palavras dizem
muito sobre ele:
130

É projeto porque reúne propostas de ação concreta a executar durante


determinado período de tempo.

É político por considerar a escola como um espaço de formação de


cidadãos conscientes, responsáveis e críticos, que atuarão individual e
coletivamente na sociedade, modificando os rumos que ela vai seguir.

É pedagógico porque define e organiza as atividades e os projetos


educativos necessários ao processo de ensino e aprendizagem

O PPP define a identidade da escola e indica caminhos para ensinar


com qualidade.

Então, ao agrupar as três dimensões que indicam o significado do


PPP, você poderá perceber que ele ganha a força de um guia, de um norte
que sustenta todos os afazeres dentro das unidades escolares.
131

Precisa ser completo


o suficiente para não
Configura-se numa deixar dúvidas sobre
ferramenta de essa rota e flexível o
planejamento e avaliação bastante para se
que você e todos os adaptar às
membros das equipes necessidades de
gestora e pedagógica aprendizagem dos
devem consultar a cada alunos.
tomada de decisão.

indica a direção a
seguir, não apenas
para gestores e
professores, mas
também
funcionários, alunos
e famílias

PPP

Enfim, por tudo isso, os especialistas que lidam com a


teorização do PPP comentam que, na sua elaboração,
é essencial que elementos como os descritos na
imagem a seguir são imprescindíveis para que a
prática do PPP seja eficiente, observe cada um dos
elementos e busque de forma investigativa os
conceitos e a forma como cada um desses elementos
poderá contribuir para que o PPP, realmente seja
132

implantado e que tenha sucesso na sua principal


missão, que é a de formar as novas gerações, e que
essas tenham aprendizagem que atenda a sua real
necessidade em comunidade e para a vida futura.

Missão

Recursos financeiro e
humano

Diretrizes pedagógicas

Relação com as
famílias

Dados sobre a
aprendizagem

Clientela
PPP
escolar

Ampliando os seus conhecimentos sobre o assunto, indicamos a leitura


dos seguintes livros:
133

 DALMAS, Ângelo. Planejamento participativo na


escola. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1994.
 GANDIN, Danilo. Planejamento como prática
educativa. 7.ed. São Paulo: Loyola,1994.
 GROSSI, Esther Pillar Coord. Vanguardas
pedagógicas: lições de um processo. Rio Grande do
Sul: Edelbr. 2003.
 LANKSHEAR, Colin; Knobel, Michele. Pesquisa
pedagógica: do projeto a implantação. Porto Alegre:
Artmed, 2008.
 MELLO, Guiomar Namo de. Autonomia da Escola:
possibilidades, limites e condições. In: Qualidade,
Eficiência e Equidade na Educação Básica. Cândido
Alberto Gomes; José Amaral sobrinho (Orgs.) -
Brasília: IPEA, 1992.
 SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. São Paulo:
Cortez,1984.
 VASCONCELOS, Celso dos
Santos. Planejamento: Projeto de ensino-
aprendizagem e projeto político-pedagógico. 21. ed.
São Paulo: Libertad, 2010.
 VEIGA, I. P. A. Projeto político-pedagógico da escola:
uma construção possível. 15.ed. Campinas: Papirus
Editora, 2002.
134

12. Relação Professor e aluno

Aqui, é importante destacar que a organização docente deve ser


concebida como algo que vai além, pois é importante acreditar que:

Reconheça, portanto, que o que sustenta a relação professor/aluno


são os processos culturais dentro de um contexto histórico e cada
momento da história de formação humana possui um direcionamento
específico, que envolve o que se vivencia dentro da formação social. O
momento atual solicita ao profissional de educação um desenvolvimento
de competências que possam ser expressas em habilidades para a sala de
aula. Habilidades estas que possibilitem ao docente uma adaptação às
novas culturas, ou seja, a uma sociedade complexa, que demanda novos
135

saberes, se lembra da história de novo-punho? Então, condutas como as


descritas na referida história é que devem fazer parte das nossas reflexões,
até mesmo como experiência para rever os novos padrões de conduta
social solicitados para tempos atuais. Corroborando com esse processo de
novos padrões sociais, temos outro fator que deve ser mencionado: o
acelerado processo de globalização, que tem afetado de forma mundial as
transformações de vivências sociais, e não difere em nosso país. Estamos
de forma globalizante inseridos em um ambiente de alta competitividade e
seletividade.

E você pode estar aí se questionando, o


que a globalização tem a ver com o
processo de relação professor/aluno?

E afirmamos: tudo! Compreenda que no contexto atual, estamos


envolto em uma sociedade complexa e esta complexidade demanda uma
formação mais abrangente ao profissional da educação, uma formação
que dê conta de atender a outras necessidades que até então, não eram
tão enfatizadas dentro dos sistemas de ensino. Hoje, a relação
professor/aluno representa um esforço a mais na busca da praticidade,
afetividade e eficiência no preparo do educando para a vida, numa
redefinição do processo ensino/aprendizagem. Veja o esquema:
136

A interação, ultrapassando os
limites profissionais e
escolares do ano letivo.
Uma relação que deixa
marcas, e
que deve sempre buscar a
afetividade e o diálogo como A intenção é de
Clareza do papel
forma de construção do identificar os fatores que
docente, o foco deve
espaço escolar dificultam o
estar: nas pesquisas, na
relacionamento entre
busca do diálogo, no livre
docentes e discentes.
debate de idéias, na
Compreender como uma
interação social e na
boa relação entre estes
diminuição da
atores contribui para o
importância do trabalho
processo de ensino-
individualizado.
aprendizagem.
Relação
Docente/Discente
deve ser
estabelecida
com...

Comentamos alguns aspectos sobre esse tema e gostaríamos de


deixar algumas questões que possam propiciar modos investigativos e
despertar a curiosidade para a busca de conhecimento, veja:

 De que maneira a relação professor-aluno interfere no


processo ensino/aprendizagem?
 Como fazer com que a relação professor-aluno torne-
se um alicerce para a construção do conhecimento?
137

 Como trabalhar a relação professor-aluno imbuída de


afetividade e diálogo para a formação de um cidadão
mais crítico, consciente e participativo?
Essas questões serão mediadas pelos professores da disciplina de prática
de formação docente, e deverá guiar a busca por informações que
complementarão os seus saberes sobre o assunto. Mas para encerrar o
tópico, gostaríamos de comentar que:

É importante que você compreenda que os discentes


dos diversos níveis escolares aprendem na vivência
do cotidiano escolar. E são essas vivências que fazem
parte do conjunto das grandes lições com que
enfrentarão o mercado, o poder, a sobrevivência, a
participação ou exclusão. Com essas ferramentas,
mas não apenas com elas, enfrentarão a diversidade
de sua condição de gênero, raça e classe.
Observamos que é a oferta dessas ferramentas que
gera insegurança em muitos professores (as). É a
realidade e o novo que deixam muitos profissionais
de educação sem um norte seguro para caminhar.
Na verdade, descemos ao subsolo educativo, as
práticas rotineiras não planejadas, diluídas no
ambiente escolar. Percebemos a importância
educativa das relações sociais, da interação, dos
rituais e dos gestos. Falta-nos assumir essas funções
de subsolo "quase educativas" como realmente
educativas, formadoras ou deformadoras. Traduzi-las
em planejamentos, escolhas e em componentes de
nossa docência. Assumir que somos muito mais do
que refletem as imagens reduzidas que projetam
sobre nós e sobre a escola. Não ter medo de assumir
138

a função social e cultural que exercemos. Nossa


docência se vincula sim com a vida dos educandos,
com sua realidade de trabalhadores, de cidadãos,
com seu preparo para a vida ativa, produtiva e cívica,
mas por onde passam esses vínculos nem sempre
está claro. Passam pelo domínio de competências e
ferramentas amplas, nem sempre as que caem nas
provas de concursos (que, aliás, são elaboradas por
ocultos professores e pedagogos com uma visão
demasiado estreita e instrumental). Não esquecer que
os alunos entrarão no mundo do trabalho e da
participação política com a totalidade de ferramentas
e significados da cultura aprendidos em sua trajetória
de vida, inclusive escolar. O mercado sabe que
incorpora trabalho humano na totalidade de sua
condição humana. O mercado é competitivo sim, e a
competição é pra valer. Tudo está em jogo: valores,
saberes, sentimentos, autoestimas, diversidade de
raças, gêneros, classes etc., dimensões tão humanas
como percepção, cor da pele, sensibilidade, memória,
raciocínio, aparência, traquejo. Ainda que algumas
dimensões sejam mais valorizadas do que outras,
nossa ética profissional nos obriga um dever ser de
ofício, a dar conta do pleno desenvolvimento dos
educandos como um direito independente do
mercado e de seus critérios seletivos, de sua lógica
mercantil. Não somos empregados de mercadores de
mão de obra para guiar nossa prática profissional por
seus critérios. Somos profissionais de direitos. Que, se
garantidos desde a infância, terão o melhor preparo
139

para a vida cívica e produtiva. Entretanto, é bem


provável que tudo isso não nos traga a tranquilidade
de volta. A preocupação com preparar para a vida e
para se virar no mercado competitivo continuará
como um pesadelo a perturbar nossos sonhos
pedagógicos. Nos debates com professores sempre
vai e volta esse pesadelo. E como nos perturba?

Para encerrar esse item, que particularmente, é um dos fundamentais


do processo educativo, gostaríamos que visualizasse a seguinte imagem e
estabelecesse uma análise reflexiva:

Para apoiar a sua reflexão, gostaríamos de comentar que a


imagem acima pode remeter-nos a bem mais do que domínio de lições,
que você aprenderá não só aqui conosco, mas em diversos meios que
permitirão a você, sustentar os seus fazeres educacionais. Provavelmente,
você necessitará dos saberes para participar de: concursos, outros cursos
140

de aprimoramento, para equacionar problemas, na compreensão da


natureza ou da sociedade. O que estamos querendo comentar é que
estaremos ofertando a você as ferramentas, instrumentos e recursos para
intervir, para ampliar a capacidade do pensamento e do corpo. Aumentar
nossas potencialidades de intervir, agir, produzir.
Veja que a caixa de ferramentas nos lembra de artefatos mais do
que ideias, capacidades materializadas em objetos, hábitos traduzidos em
recursos.
A imagem da caixa de ferramentas sugere tantos mestres,
trabalhadores de ofícios que carregavam saberes, artes de fazer, de
inventar, de transformar a madeira, o ferro, o barro, a pedra em obras de
arte. Lembra-nos artífices, com suas ideias e saberes, mas sempre
acompanhados, instrumentalizados e seguros com sua caixa de
ferramentas.
Agora, é essencial que você saiba manipulá-la. Em cada caso, cada
situação rotineira, nova ou inesperada, saiba escolher a ferramenta mais
apropriada. Ferramentas para muitos usos, para as múltiplas escolhas e
surpresas, que em seu ofício possa surgir, a caixa também serve para se
transportar, encher, equipar, de forma a atender às necessidades de cada
educando que encontrarmos em nosso ofício. O que supõe que a nossa
esteja bem equipada. Que dominemos as múltiplas habilidades de usar as
múltiplas ferramentas que a cultura tem desenvolvido para capacitarmos
como espécie humana. Dominemos mais do que os conteúdos de nossa
matéria.
Compreendamos, por fim, que essa caixa de ferramentas, significa
não apenas o conhecimento, mas a cultura que construiremos em conjunto
com nossos alunos. Indicamos a seguir alguns livros que servirão de apoio
e aprimoramento dos seus saberes sobre este item:

KULLOK, Maisa Gomes Brandão. Formação de professores para o


próximo milênio: novo lócus?. São Paulo: Annablume, 2000.
141

PASSOS. Ilma A; AMARAL, Veiga/Ana Lucia.


Formação de professores: políticas e debates.
Campinas: Papirus Editora, 2002.

SCHÖN, D.A. Educando o Profissional Reflexivo: um


novo design para o ensino e a aprendizagem.
Trad.Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed,
2000.

PETRAGLIA, Izabel Cristina. Edgar Morin: A educação


e a complexidade do ser e do saber. 9ª. ed.
Petrópolis: Vozes, 2005.

GATTI, Bernardete; BARRETTO, Elba Siqueira de Sá.


Professores no Brasil: impasses e desafios. Brasília:
Unesco, 2009.

VASCONCELOS, Celso dos Santos. Construção do


conhecimento em sala de aula. 18. ed. São Paulo:
Libertad, 2009.
142
143

Orientação para os Eixos Integradores de


Formação

Objetivos desta unidade

 Organizar cada período de estudo da disciplina com diretivas para


cada fase com roteirização de ações.
 Nesta unidade, você terá as informações roteirizadas de cada um
dos períodos que deverá interagir, utilizaremos as informações das
unidades 1, 2 e 3 deste guia como suporte para as ações
direcionadas nesta unidade. E é importante que você saiba que
iremos trabalhar diretamente com os livros indicados na referência
básica, e os da complementar serão utilizados como apoio,
mediante a indicação do professor mediador de cada período.
Segue os roteiros e comentários para cada período estudado,
aguarde as indicações do professor para a interatividade, certo?

Introdução

A meta desta unidade se expressa nas palavras de Freire,

É impossível ensinar sem essa coragem de querer


bem, sem a valentia dos que insistem mil vezes antes
de uma desistência. É impossível ensinar sem a
capacidade forjada, inventada, bem cuidada de amar.
[...] É preciso ousar, no sentido pleno desta palavra,
144

para falar em amor sem temer ser chamado de


piegas, de meloso, de a-científico, senão de
anticientífico. É preciso ousar para dizer,
cientificamente e não bla-bla-blantemente, que
estudamos, aprendemos, ensinamos, conhecemos
com o nosso corpo inteiro. Com os sentimentos, com
as emoções, com os desejos, com os medos, com as
dúvidas, com a paixão e também com a razão crítica.
Jamais com esta apenas. É preciso ousar para jamais
dicotomizar o cognitivo do emocional. É preciso ousar
para ficar ou permanecer ensinando por longo tempo
nas condições que conhecemos mal pagos,
desrespeitados e resistindo ao risco de cair vencidos
pelo cinismo. É preciso ousar, aprender a ousar, para
dizer não à burocratização da mente a que nos
expomos diariamente. É preciso ousar para continuar
quando às vezes se pode deixar de fazê-la, com
vantagens materiais. (FREIRE, 1997, p.8) 19

É nossa intenção que você compreenda que no roteiro, para cada


período, o que iremos mediar são ações desenvolvidas por você, com
mediação dos professores de cada período. E é por meio das ações que
levam a um saber, que possa ser transposto, em saber fazer para a prática
docente, uma prática que requer, como bem aponta Freire: ousadia. E para
tanto, é preciso sabe ousar, ir além do já estabelecido, é saber “ser”, para
que sendo, se possa estabelecer o real sentido da palavra EDUCAR, que é
formar para transformar, para possibilitar ver outras possibilidades é

19
FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho
d’água, 1997.
145

instrumentalizar, oferecer ferramental, para que na prática estabelecida,


possa se conduzir com sabedoria os percalços diários, aos quais um
profissional da educação necessita. Nesse sentido, a meta da unidade é
oportunizar na vivência do curso ofertar um ferramental que possibilite ao
professor na prática docente, condutas e diretivas certeiras de uma ação
para transformação.

Ensinar é profissão que envolve certa tarefa, certa


militância, certa especificidade no seu cumprimento
enquanto ser tia é viver uma relação de parentesco.
Ser professora implica assumir uma profissão
enquanto não se é tia por profissão. Se pode ser tio
ou tia geograficamente ou afetivamente distante dos
sobrinhos, mas não se pode ser autenticamente
professora, mesmo num trabalho a longa distância,
“longe” dos alunos(FREIRE, 1997, p. 23).

4.1 Roteiro para 1º Período – Prática de Formação Docente I

[...] as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo


social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando
o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado. A assim
chamada “crise de identidade” é vista como parte de um processo mais
amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e processos
centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de referência
146

que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social. (Hall,
2001, p.7) 20

Ementa

Educação, visão de mundo e construção do EU. Explicitações de crenças e


valores em relação ao outro. Investigação de questões que envolvem o
processo educativo a partir da consciência e da autoconsciência do
discente. Memorial de formação – Parte I: Construção de reflexões sobre os
conteúdos vivenciados nessa ementa.

Objetivos da disciplina para Prática de Formação do eixo - Educação e


Construção Social do Indivíduo:

 Entender "educação" como o processo de construção humano-


social do indivíduo;
 Incorporar o exercício da autocrítica paralelamente ao da crítica
social, pela compreensão de que a "lógica" da sociedade em que
nos inserimos está em nossas mentes internalizada, reproduzida,
condicionando nossas percepções, nossos julgamentos, nossos
sentimentos, nossas ações, nossas relações;
 Empreender ao resgate do caráter histórico do hoje para assumi-lo
como possibilidade de emancipação-superação rumo a um amanhã
individual e socialmente mais harmônico, mais sensível, justo,
solidário e feliz.
 Realizar a síntese reflexiva do processo formativo por meio da
produção do memorial.

20
23HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A,
2006.
147

4.2 Material de apoio para o desenvolvimento da disciplina no eixo


- Educação e Construção Social do Indivíduo

Bibliografia Básica

Cada um dos livros listados abaixo faz parte das leituras básicas
solicitadas para o desenvolvimento da primeira parte da disciplina, que se
refere ao 1º período do curso. Aqui você encontrará um breve comentário
sobre os livros da bibliográfica básica, cada um deverá servir de
embasamento para o registro do memorial do período, que como já
descrito em outros tópicos das unidades anteriores, será direcionado pelo
professor mediador do período, vejamos:

Livro 1: BETTO, Frei. Alfabeto: autobiografia escolar. 1a ed. São Paulo:


Ática, 2002.

Breve comentário: Frei Betto compartilha com o leitor


as lembranças de seu tempo de estudante nessa
autobiografia escolar. Em uma viagem ao tempo, o
autor parte de suas descobertas no jardim da
infância, passando pela inquietante adolescência até
chegar aos conturbados anos como universitário e à
reveladora incursão na vida religiosa. A obra dará a
você uma dimensão sobre os aspectos reflexivos
sobre a formação do autor.
148

Livro 2: PERRENOUD, P. A prática reflexiva no ofício de professor:


profissionalização e razão pedagógica. Porto Alegre: Artes Médicas.
2002.

Breve comentário: Neste livro, o foco central da


discussão gira em torno da questão referente à
formação docente. Utilizaremos esse livro logo de
início, para que você possa ter uma sustentabilidade
sobre os aspectos da problemática da formação do
EU profissional. Perrenoud parte em seus registros de
um olhar retrospectivo sobre o "ser professor",
entregando ao leitor categorias de análise que podem
ajudar docentes e coordenadores pedagógicos a
entender melhor os desafios da profissionalização de
um ofício considerado durante tanto tempo como um
"sacerdócio".

Livro 3: SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O pequeno príncipe. 48. ed. Rio de


Janeiro: Agir, 2000.

Breve comentário : O livro de Saint-Exupéry é uma


121

fábula sobre amizade, solidariedade e desapego.


Exupéry nos oferece uma história de paz, escrita em
tempos de guerra. Seu principezinho surgiu como
esperança de um mundo pacificado, de respeito às
diferenças. A obra de Exupéry é rica em simbolismos
e dentre tantos, temos seus personagens, os quais

21
(Texto adaptado de Resenha de ''O pequeno príncipe'' disponível em acessado em 21.12.2011.)
149

nos levam a grandes reflexões: o rei; o contador; o


geógrafo; o bêbedo; a raposa - esta talvez seja a
personagem mais conhecida - a rosa, entre outros.
Escrito e ilustrado por Saint-Exupéry, que como
percebemos, se fez narrador, o pequeno príncipe
começa com uma pane de um pequeno avião, que
deixa o piloto preso no meio do deserto do Saara.
Após a primeira noite, adormeceu nas areias do
deserto, e foi acordado por uma criança que lhe pede
"desenha-me um carneiro" (Exupéry, 2006, p. 01). É ai
que começa o relato das fantasias e sonhos de uma
criança, como tantas outras, que questionam com
pureza e ingenuidade as coisas mais simples da vida.
A obra de Antoine é algo com que o leitor pode se
deliciar, não é como varias obras, uma obra
monótona. Afinal, o príncipe percorreu muitos
planetas, sete, com a Terra, conheceu criaturas
estranhas, algumas tremendamente egoístas, outras
terrivelmente solitárias. A viagem do principezinho
começou quando ele se desiludiu com sua flor, e
considerou que ela era boba e exigente, ou seja,
egoísta e voluntariosa, tirando a tranquilidade de seu
pequeno mundo. Mas na jornada que o levou ao
planeta Terra, ele também adquiriu experiência. Mais
do que isso, entendeu, com o coração, que sua flor
era única no mundo, apesar dele ter descoberto que
existem outras de sua espécie, por isso, cabia a ele
proteger e cuidar dela. Mesmo que fosse um
pouquinho vaidosa, ou egoísta, e que fingisse não
amá-lo. Nas palavras do próprio principezinho
150

comprovamos este fato: "Eu me julgava rico por ter


uma flor única, e possuo apenas uma rosa comum"
(Ibid. p.66 ). Outro ponto interessante na obra é que o
garoto de cabelos dourados e a raposa tinham razão:
"somos responsáveis por aquilo que cativamos" (Ibid.
p.74). E quer saber: se as pessoas grandes lessem
muitas e muitas vezes o livro, se guardassem pelo
menos um pedacinho das muitas histórias que ele
conta, e refletissem sobre elas, talvez se tornassem
pessoas melhores. É a raposa quem revela um
segredo ao príncipe, que costuma ser esquecido
pelos adultos: "Só se vê bem com o coração. O
essencial é invisível aos olhos" (Ibid. p.72). Ao deixar a
Terra, o príncipe ofereceu de presente ao seu amigo
aviador as estrelas; pois ele estaria em cada uma
delas. E nos ofereceu uma lição difícil, a de que o
amor verdadeiro dispensa reconhecimento e
declarações. "Se alguém ama uma flor da qual só
existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas,
isso basta para fazê-lo feliz quando a contempla".
Deste modo, percebemos que o livro "O pequeno
príncipe", é uma obra que nos mostra uma profunda
mudança de valores; que nos ensina como nos
equivocamos na avaliação das coisas e pessoas que
nos rodeiam e como esses julgamentos nos levam à
solidão.

(Texto adaptado de Resenha de ''O pequeno príncipe''


disponível em acessado em 21.12.2011.)
151

Bibliografia Complementar
152

4.3 Comentários sobre o Desenvolvimento do Eixo – Educação e


Construção Social do Indivíduo

Na primeira etapa de desenvolvimento da disciplina


de Prática de Formação, que é referente ao 1º
Período, você deverá compreender que em cada
momento histórico, a educação é entendida de uma
forma específica que traduz os anseios e os valores
da sociedade de então. Mas nós precisamos de um
ponto de partida, e, para tal, iniciaremos nossas
leituras com os livros base indicados para este
período de estudo, pois pretendemos partir do eixo
que nos guiará neste período: EDUCAÇÃO COMO
CONSTRUÇÃO SOCIAL DO INDIVÍDUO para que você
possa compreender que a educação é tecida em
suas várias dimensões e implicações, mostrando que
a vida em sociedade é todo um aprendizado
constante de modos de ser, pensar, agir e sentir, que
dinâmica e historicamente se estabelecem.

Sua formação como educador requer uma base sólida quanto aos
autores mais significativos que constroem sua visão de mundo, os quais
serão referência constante em suas fundamentações. Por esse motivo,
enfatizamos a necessidade de você pesquisar (a Internet é uma boa
alternativa para este fim, se usada com critério) sobre os escritores e
pensadores por nós citados. Suas avaliações se enriquecerão muito se
você as alimentar com essas informações colhidas como inspiração e guia.
Hoje, o professor vem a se constituir num pesquisador e produtor de
conhecimento em sua prática pedagógica consciente.
153

4.4 Orientações para a Produção das Atividades e Fomento para o


Memorial geral do eixo

Nossa intenção, nestas primeiras leituras, não é que conceitos


específicos sejam internalizados, mas, principalmente, que através do que
os autores colocam você, como nosso parceiro de aventura, se perceba
como quem passou e passa por esse processo social educacional descrito,
em várias instâncias, primeiramente na família e, posteriormente, na
comunidade, na escola, na igreja, assim como no que assimila dos meios
de comunicação (jornal, televisão, rádio, internet etc.). Importa rever-se
criança, revisitar sua formação, o que mais o marcou, sua relação com seus
pais, irmãos, parentes, vizinhos. Quais visões de mundo foram, então,
internalizadas. Depois a escola, os vários anos de estudo, os colegas, os
jogos, brincadeiras, os brinquedos, os professores e sua influência, o
confronto com os valores paternos, os conflitos, a adolescência, o
amadurecimento, as relações sociais, o mundo na TV, os filmes e as
novelas, os exemplos, a iniciação afetivo-sexual, as perspectivas futuras, o
fazer-se adulto, a condição econômica, a competição por um espaço
profissional, os preconceitos e os sonhos de consumo e de afeto, os
complexos e as dores, as aceitações e as incompreensões. Tudo o que nos
fez no ser que hoje somos está palpitando permanências e mudanças,
certezas e incertezas, consciências e inconsciências.
154

Concomitantemente, propomos também o sair de si próprio e buscar


ver o mesmo processo nos demais, nos mais próximos, nos pais, no que
estes trouxeram de uma educação vivencial do passado, o que eles
legaram a seus irmãos, como estes reagiram, como se configuraram, os
colegas, os amigos, os que vieram depois, o que mudou e o que não, no
mundo, nas famílias, na escola, nas relações, nos sonhos, nos desejos, nas
tristezas, no humano. Questões como:
155

Fazem parte da estruturação de questionamentos que os


formadores constantemente se colocam, e outras como: Há o que
internalizamos, quando pequenos, como verdade inquestionável, mas que
hoje, mais amadurecidos e esclarecidos, podemos modificar, reavaliar,
rejeitar? Até que ponto conseguimos devolver a nossos pais seus modelos
do passado, o que é deles, mas não mais necessariamente nosso?
Portanto, a viagem do autoconhecimento pela compreensão das injunções
inerentes a todo processo educacional de formação do EU implica rupturas,
despedidas, novas visões, mutações, e esse caminho não é fácil, entretanto,
imprescindível para aquele que escolhe ser educador, profissional
construtor de sociedade, de amanhãs, com opções conscientes que
influenciarão escolhas de outros, de vidas, de relações.

Gosto de ser homem, de ser gente, porque sei que


minha passagem pelo mundo não é predeterminada,
preestabelecida. Que o meu “destino” não é um dado,
mas algo que precisa ser feito e de cuja
responsabilidade não posso me eximir. Gosto de ser
gente porque a História em que me faço com os
outros e de cuja feitura toma parte é um tempo de
possibilidades e não de determinismo. Daí que insista
tanto na problematização do futuro e recuse sua
inexorabilidade. Gosto de ser gente porque,
inacabado, sei que sou um ser condicionado, mas
consciente do inacabamento, sei que posso ir mais
além dele. Esta é a diferença profunda entre o ser
condicionado e o determinado. (FREIRE, 1997)

Paulo Freire esclarece, portanto, que somos historicamente


condicionados, mas não determinados, o que quer dizer que, ainda que
156

com resistências, podemos nos fazer em um novo ser, em novas relações


humanas, em uma toda nova sociedade. E essa crença tem uma dimensão
política profunda, uma vez que é em nós mesmos que o novo mundo
começa: mudar a si mesmo é mudar o mundo.

Ah! Neste ponto gostaríamos de comentar que você


deverá iniciar a sua autoria, pois ela tem um sabor
diferente, como um jeito de ser em se expressar para
os outros. Bem, ao dizermos que você deverá
produzir, ou melhor, refletir com ação por meio do
MEMORIAL, é bom saber que, para esta primeira
produção, você será convidado a repensar sobre:
quem é você hoje?

E para isso, é importante relembrarmos que nossos antepassados


estão vivos em nós, embora fadados a nosso julgamento no que
escolhemos parcial ou totalmente assumir, reproduzir, no que negamos,
rejeitamos, no que arrancamos de nós, no que não podemos negar ou
arrancar, no que é herança vital a nos constituir. Correto, aguarde
instruções no ambiente virtual de aprendizagem para a realização desta
atividade.

E lembre-se também que Nosso legado, nossa


origem é nossa marca existencial – é nosso ponto de
partida em nossa construção-ação-relação perante o
mundo; negando-a ou afirmando-a, é sempre dessa
raiz que nos lançamos à vida.
157

A você será ofertado diversos materiais que apoiarão a sua escrita,


como: poesias, letras de músicas, artigos, crônicas que enfocam a relação
com a família, os livros base que servirão de apoio. Deguste ativamente,
com identificação, dialogando com o texto, revendo a si mesmo no que
eles relatam, refazendo sua história, tomando consciência de você no hoje,
em visões de mundo, em valores e crenças, em características, naquilo que
ergueu sua personalidade, ardendo no prazer e, ao mesmo tempo, na
necessária dor do conhecimento de si próprio.

E já deixamos porto e história para trás, partindo para outro pedaço


de caminhar em conjunto – agora saímos de casa, abrimos os olhos para o
mundo, com tantos outros seres, famílias, lares, a comunidade à nossa
volta, nosso bairro, os vizinhos, a igreja talvez, mas sem dúvida, a escola,
um momento especial de nossa formação. E a vivência escolar se
confunde com vida por tão internalizada, tão essencialmente marcada, na
nossa abertura à sociedade, às relações sociais, às convenções, às normas,
aos deveres e obrigações, às responsabilidades, à necessidade de
aceitação, à competição por um lugar ou uma voz, às belezas e decepções
do mundo que se revela em sua verdade e, na maioria das vezes, não tão
feliz e nem justo. Mas a magia, o encantamento e também o
descontentamento, a frustração da escola estão exatamente no que ela
promove e descortina enquanto processo de conhecimento, internalização,
aprendizado, assimilação da sociedade. A experiência escolar, no seu
início, expande a dimensão familiar, sem obscurecê-la, mesclando
imagens, sentimentos, com projeções, choques, transferências, influências,
que nos dividem ou somam, tornando o todo complexo, e assim,
enriquecendo a difícil tarefa de formação de nossa personalidade, de nosso
eu, de nós como indivíduos. E é neste ponto especial de nossa aventura
que você começa a perceber que ao escolher ser educador trouxe para si
mesmo a tarefa maior de influenciar a formação de personalidades, com
sua forma de ver a vida, seus valores, seu jeito de ser e se relacionar, que
158

estão impregnados de suas vivências passadas, de suas escolhas, de seus


preconceitos, de suas grandezas e de suas pequenezas, porque somos
seres históricos e, como professores, não podemos nos iludir que nos
compete apenas ensinar conteúdos, saberes de caráter científico – mesmo
não intencionalmente, informalmente, passamos e afirmamos em nossos
alunos nossos encontros, desencontros, concepções, escolhas, paixões,
idiossincrasias, paixões, raivas, que permeiam nosso suposto discurso
neutro em sala de aula, neutralidade que não existe nunca. Quanto mais a
evitamos, mais a reforçamos no seu sentido mais perverso, que é a
irresponsabilidade, a inconsciência. Desta forma é preciso mais que nunca,
como educadores-professores, empreendermos à difícil tarefa do
autoconhecimento, constantemente nos buscando, analisando, para
podermos ser, com convicção, o que somos, assumindo-nos perante
nossos alunos, sabendo que o que somos os influenciará de alguma forma,
e isso não é algo para se negligenciar.

Por isso, em nossa Prática de Formação, começamos com este


resgate de nós mesmos, para nos entendermos, para nos conhecermos,
para nos fazermos conscientes de nós e, portanto, daquilo que estamos
legando a nossos alunos , ávidos por caminhos, por sugestões, por
exemplos, por estímulos, por estradas já trilhadas que os guiem nas que
eles começam a desbravar.

Como indicação para uma segunda reflexão para o memorial, desta


vez você comporá uma retrospectiva sobre seus primeiros professores, os
mais significativos, os que mais o influenciaram, dizendo o porquê - e
como, crescentemente, as imagens deles se fundiram ou se chocaram com
as de seus pais ou as de outros familiares. Como está hoje essa influência,
com que clareza você a percebe, ela mudou?

Bem, até este ponto de nossa caminhada acreditamos que nosso


primeiro objetivo tenha sido atingido – afinal, viajamos ao passado de nós
159

mesmos e que ainda hoje está presente no que nos legou. A educação,
formal e informal exerce seu papel de nos constituir em cidadãos de uma
determinada sociedade num determinado momento histórico, com seus
valores, normas, ideais, expectativas, condicionamentos e paradigmas
vigentes. Muito nos é passado na escola, onde nossos primeiros
fundamentos de ser social se expandem e se concretizam, fazendo-nos
herdeiros dessa herança. Herança, porém, a ser revisitada, conscientizada,
para que possíveis reajustes e justiças se proclamem e se promovam no
adulto, refazendo a criança no que ela assimilou sem criticidade, sem poder
escolher, por não saber de todas as injunções, implicações, alternativas. Ser
condicionado e não determinado nos permite, ainda que com dificuldade,
transformação, mudança e superação em momento de maior lucidez e
maturidade, quando desvelamos para nós, os elos escondidos e perdidos
em nós próprios.

Estamos então, prontos para um avanço qualitativo em nosso


roteiro – nau firme cruzando mares, que nosso próximo porto-objetivo se
anuncia em chegada.

E nossa viagem adentra mares mais densos, de maior


complexidade, que vão requerer, de nossa parte, maior habilidade no
exercício de reflexão para atravessarmos esta etapa com sucesso.

Você já reparou como nós somos “fantásticos críticos” de tudo à


nossa volta? A sociedade vai mal, “as pessoas” são irresponsáveis,
superficiais, preguiçosas, competitivas, materialistas, consumistas,
preconceituosas, autoritárias, agressivas etc.

Entretanto, quem são exatamente essas pessoas? O que define a tal


“sociedade”? E eu, como fico nisso tudo? Afinal, sou fruto e parte do mesmo
grupo social, de um sistema capitalista, que me moldou em valores,
desejos, sentimentos e lógica, desde que nasci. O que garante que sou
diferente, que estou imune? Será que estou sabendo olhar para mim
160

mesmo com coragem e honestidade, percebendo em mim, acima de tudo,


as características que tanto aprendi a condenar externamente, como fala
vazia que nada acresce porque não me questiona e nem faz de mim um
ser humano que busca se reescrever a partir de novos parâmetros, de um
novo paradigma, de uma nova visão que se tente aprofundar, conhecer,
esclarecer, sentindo que tenho um compromisso primeiro, histórico,
cidadão, e a partir de mim, estabelecer melhores e mais dignas relações
humanas?

Acredito que a descoberta de nós mesmos seja um choque, uma


surpresa, uma tarefa árdua a que poucos homens se aventuram. No
entanto, como ser educador na inconsciência de si próprio? Como ajudar a
construir um amanhã melhor junto a seus alunos, futuros cidadãos, sem ser
consistente com seus ideais, sem ser um exemplo mais coerente, ao
menos mais consciente de suas visões e opções internas, aquelas que se
formaram no tempo, condicionadas por toda vivência desde a infância,
com os meios de comunicação nos reforçando vontades, julgamentos,
vaidades e desejos? Como afirmar nos jovens resistências a esses apelos,
como abrir-lhes os olhos, desvelando a sutil ardilosa publicidade que nos
faz reprodutores-consumidores do que nos apequena e domestica? Como
enfrentar os possíveis complexos de inferioridade, o sentimento de não
pertença, de rejeição dos que ainda em tenra idade sofrem por não
corresponderem aos ideais estéticos ou aos padrões econômicos
privilegiados em nosso momento histórico, ideais esses que nascem dos
mecanismos de uma sociedade desigual, injusta, que se vale desses vieses
ideológicos, falsos, mas que assimilamos como verdades, e que nos
diminuem e nos fazem ser oprimidos dentro de nós mesmos? Nós,
inconscientes opressores e oprimidos, nos valores que defendemos sem
questionamento, desejando reproduzir a relação que nos doeu, querendo
ter “poder, riqueza, status, privilégios e domínio” sobre outros ou, não sendo
isso possível, aceitando nossa condição “inferior”, por acreditarmos nessa
161

lógica perversa que divide os seres e os coloca em confronto de luta por


vantagens, num mundo sem solidariedade, sem irmanação, sem paz, sem
cooperação.

Uma coisa é certa – uma educação realmente preocupada com a


emancipação social não pode se furtar ao confronto com os fundamentos,
as premissas, as bases, as crenças do paradigma que sustentam o sistema
capitalista. E esse não é um exercício teórico–intelectual exterior, mas sim
um trabalho interno de autoquestionamento, de autocrítica, uma vez que a
sociedade está toda em nós internalizada, em nossas estruturas mentais, e
o pior é que isso nos fica inconsciente, quase sempre, a ponto de sermos,
sem o saber, o que mais condenamos fora de nosso ser.

O trabalho de autoconscientização precisa, inapelavelmente,


acompanhar a análise crítica que fazemos do nosso espaço humano social
no que ele mais tem de negativo, mas que também nos atinge, naquilo que
temos que lutar para erradicar de nós, em libertação, ao mesmo tempo em
que vamos abrindo caminhos de nova liberdade aos que nos seguem e
conosco se identificam.

E como você se fez no tempo? Já vimos o quanto a família, os


parentes, as figuras influentes da infância nos passaram suas visões de
mundo – portanto, no exercício de nossa autocrítica escolhemos ou não
perpetuar as confusões, os condicionamentos, os equívocos de visão
herdados e que não pudemos perceber, avaliar, impedir, por tão pequenos,
por não termos como reagir ou escolher. De certa forma, o que nos
compete fazer é romper com o que do passado legado em nós vivo, não
mais queremos perpetuar, assim nos dando um novo parto, por nossas
mãos, opção e consciência. Como disse Hermann Hesse25 (2008) em uma
de suas obras, “a ave para nascer tem que romper a casca do ovo, e o
homem para nascer precisa destruir um mundo dentro de si, nascendo
162

duas vezes, na segunda sendo o próprio parteiro do novo rebento em que


escolhe se fazer.”

As dimensões da pessoa humana, do indivíduo em que me faço e o


educador que em mim aos poucos se ergue como agentes de
transformação social se mesclam numa única, sem haver separação e
contradição entre o profissional e o cidadão comum que sou, entre o
compromisso profissional e a vida privada, pessoal. Minhas emoções e
paixões, pensamentos, minhas visões e valores me fazem ser o que sou e
como sou em qualquer das instâncias. Minha consciência profissional me
obriga a um autoexame crítico, profundo e a uma disposição sincera de
mudança, de superação.

Um exemplo rico e original da síntese da pessoa e do profissional


em uma composição autocrítica e historicamente marcada de
questionamentos e reposicionamentos está no livro de Frei Beto, indicado
como leitura básica. Nesta obra você terá a dimensão do que é uma
reflexão sobre as passagens de uma vida, sobre como foi a sua formação e
como interagia com o mundo externo a seu ser. O que Frei Beto faz é uma
espécie de lançamento na ação social profissional adulta em relação ao
mundo, atingindo outros seres e os sensibilizando, despertando, tocando,
influenciando, ao mesmo tempo em que faz e refaz a si mesmo.

Dizem que o mais difícil na relação do criador com a sua criação é


declará-la terminada, com vida própria, cujo destino não mais nos pertence.

Cumpre-nos, como fechamento, completar a obra com esmero,


dando-lhe as dimensões finais que realmente selam o quadro, explicitando
a sua mensagem que, então clara, salta à nossa percepção, internalizada
numa mais ampla e profunda compreensão de nós, do outro, da sociedade,
da vida.

Partimos de nossas primeiras vivências desde a infância e nos


revimos em nosso processo de construção de nossa personalidade, de
163

nossa estrutura mental, de nós enquanto indivíduos. Cabe-nos agora,


estabelecer o vínculo explicativo entre a história e o que somos hoje. É
muito difícil percebermos como a dinâmica histórica de nosso tempo nos
invade ao escrever nos escrevendo. No mais das vezes, somos alienados
desse processo em nós e assistimos aos fatos históricos que se
desenrolam como a um programa de televisão, alheios a nós, indiferentes a
nós. Mas não à história que fora, vemos é a mesma que dentro não
alcançamos, no desconhecimento de nós.

Por isso, conhecer a história do homem, das sociedades, dos


espaços de tempo que envolveram nossos antepassados (bisavós, avós,
pais, professores etc.), todos que nos influenciaram, é entendê-los
entendendo a nós próprios no que deles herdamos em formação. Os fatos
se interligam numa dinâmica e lógica que nos atingem, se fazendo na
nossa dinâmica e na nossa lógica. Posso dizer que a história da sociedade
é também a história dos condicionamentos que me constituem, ou seja, é a
história de mim, anterior a mim, que eu perpetuo e que a mim explica.

Preciso saber da dimensão histórica, de como a sociedade


capitalista se fez e quais são os seus fundamentos e como eles marcam o
mundo e os homens, marcando a mim. No ideal crítico-transformador, na
busca de um humano mais belo, mais justo, mais digno, é imprescindível
ter consciência das razões dentro e fora de mim, que são as mesmas. Por
conseguinte, mudar a mim e à sociedade é a mesma e única proposição;
intervir na realidade é sempre refazer a mim mesmo como fruto dessa
realidade, seu representante.

Os dois textos que você lerá a seguir descortinam, criticamente, os


aspectos históricos que desvelam nossos impasses humano-sociais, ao
mesmo tempo em que descortinam nossos "engasgos", equívocos,
tropeços humano-pessoal-individuais. É este o motivo de ser a educação a
via de superação pessoal, porque é na compreensão que ela nos
164

proporciona que repousa a semente possível da grande transformação


rumo à felicidade humana que tanto almejamos.

Você, que foi nosso (a) companheiro (a) de viagem, que se alegrou e
se entristeceu com nossas descobertas, que se aventurou especialmente
no encontro de si próprio, agora escreverá um relato intenso e vivo de tudo
que este caminho revelou, o que dele absorveu, como e o que ele lhe
acresceu e/ou modificou, unindo a História à sua história pessoal em
perspectiva futura.

Esperamos que você possa ter compreendido o nosso objetivo para


a sua formação. Ou seja, o resgate do ser que é você.

4.5 Temas do Glossário a Serem Explorados do Eixo – Educação e


Construção Social do Indivíduo

1. A problemática relacionada a formação dos professores

2. Educação e diversidade

3. Educação transformadora e construção da sociedade

4. Educação – visão de mundo


165

4.6 Roteiro para o eixo: Educação e Construção Social do Cidadão

Ementa

O “eu” e o “outro”: a ética no processo educativo. Educação


transformadora e construção da Sociedade. Relação opressor versus
oprimido. Investigação de questões que envolvem o processo educativo
analisando-as sob a ótica da diversidade. Memorial de formação – Parte II:
Construção de reflexões sobre os conteúdos vivenciados nessa ementa.

Objetivos da disciplina de Prática de Formação do eixo Educação e


construção social do cidadão Partindo do eixo, os objetivos são:

 Delinear historicamente as movimentações que sustentam as razões


da formação na atualidade, principalmente quanto aos problemas e
crises que afetam o homem contemporâneo, aprofundando assim, o
entendimento sobre a educação enquanto construtora de futuro
humano social, da qualidade das relações humanas que se
estabelecerão no amanhã, desenvolvendo a consciência sócio-
responsável-cidadã.
 Analisar as razões históricas para nosso desencontro atual, nossas
crises numa série de cortes, de separações, de fragmentações, de
enganos de entendimento, de exclusão, de perda de consciência, de
perda da autoconsciência e da autonomia, gerando um estado geral
que poderia ser sintetizado no conceito amplo de alienação.
 Reconhecer o “eu” e o “outro”: a ética no processo educativo, uma
proposta de uma educação transformadora que possibilite a
construção de uma sociedade consciente dos processos éticos e
suas implicações na prática docente.
166

 Compreender como se estabelece a relação opressor versus


oprimido, utilizando para tanto, de processos de investigação de
questões que envolvem o processo educativo, analisando-as sob a
ótica da diversidade. Realizar a síntese reflexiva do processo
formativo por meio da produção do memorial.

4.7 Material de apoio para o desenvolvimento da Disciplina do


Eixo Educação e Construção Social do Cidadão

Bibliografia Básica

Livro 1: FREIRE, Paulo Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Editora


Paz e Terra, 1970.

Breve comentário: Paulo Freire em Pedagogia do


Oprimido nos relata sua experiência em cinco anos
de exílio, mostrando o papel da conscientização,
numa educação realmente libertadora, o "medo da
liberdade". A luta pelo direito do ser humano, pelo
trabalho livre, pela afirmação dos homens como
pessoas, só é possível porque a desumanização não
é um destino dado, mas resultado de uma "ordem"
injusta que gera a violência dos opressores. Podem-
se ver algumas contradições em relação aos
oprimidos e opressores, onde a violência dos
opressores torna-os desumanizados, levando os
167

oprimidos, a qualquer momento, lutar contra quem os


fez menos. Esta luta só tem sentido quando o ser
menos, ao buscar sua humanidade, não se sinta
também um opressor, mas sim um reconquistador da
humanidade em ambos (ser mais e ser menos);
sendo aqui, a grande tarefa humanista e histórica dos
oprimidos, se libertarem a si e aos opressores. A
Pedagogia do Oprimido é uma pedagogia
problematizadora, que se apresenta como pedagogia
do homem; onde só ela que se pode fazer de
generosidade verdadeira, humanista e não
"humanitarista" que pode alcançar este objetivo. Ao
contrário à Pedagogia que parte dos interesses
individuais, egoístas dos opressores camuflados na
falsa generosidade, que constrói a desumanização, a
Pedagogia libertária. Esta pedagogia humanizadora
só é possível através da união entre teoria e prática,
onde a liderança revolucionária ao invés de sobrepor
aos oprimidos e continuar mantendo-os como quase
"coisas", com eles estabelece uma relação dialógica.
Ao alcançarem, na práxis, este saber da realidade, se
descobrem como seus refazedores permanentes.
Portanto, a presença dos oprimidos na busca de sua
libertação, mais que pseudo participação, é o que
dever ser: engajamento. A educação bancária pode
ser vista como uma educação em que o educador é o
dono do saber, enquanto o educando é um mero
ouvinte, que nada sabe. Enquanto numa educação
libertadora ocorre o contrário, onde há interação entre
ambos, onde educador e educando acaba
168

aprendendo e ensinando simultaneamente. Em uma


educação problematizadora em que não se transfere,
mas sim se compartilha experiências, constrói seres
críticos conseguidos através do diálogo com o
educador, crítico também. O mundo agora é visto
com uma nova margem, já não é algo que se fala
com falsas palavras, mas o mediador dos sujeitos da
educação, de que resulte a sua humanização. A teoria
antidialógica é característica das elites dominadoras.
Já a teoria da ação dialógica, ‘diálogo’, faz parte da
classe revolucionário-libertadora, onde os sujeitos se
encontram para a transformação do mundo.

Livro 2: RAMOS, Roberto Carlos. Arte de construir cidadãos, A: as 15 lições


da pedagogia do amor. São Paulo: Celebris, [S.d]

Breve comentário: Neste livro, o autor relaciona


quinze elementos utilizados no processo de sua
formação. Para algumas pessoas, nada mais são do
que noções básicas. Para outras, dicas fantásticas
que, ao serem utilizadas, transformam os seres
humanos. Ao mesmo tempo em que conta sua
história, tenta mostrar como essas noções foram
fundamentais para ele. Assim, o livro está dividido
nestas partes: Noção de Tempo e espaço; Noção de
autoestima; Noção de Relacionamento; Noção de
Reciprocidade; Noção de Espiritualidade; Noção de
Solidariedade; Noção de Humildade; Noção de
Felicidade; Noção de Convivência; Noção de
169

Tolerância; Noção de Sensibilidade; Noção de


Família; Noção de Continuidade; Noção de
"Extraordionariedade"; Noção de Magnanimidade.

Livro 3: SAVATER, Fernando. Ética para meu filho ed. - São Paulo -
Martins Fontes – 2004.

Breve comentário: o que realmente queremos, o que


nos deixa feliz é o que “Ética para meu Filho”, de
Fernando Savater, pretende discutir - ética com os
jovens. O autor parece dialogar com seu filho
adolescente ao longo do texto, evitando ao máximo o
tom didático escolar. Ele próprio afirma que sua obra
não é um manual de ética para alunos do ensino
médio, mas um livro provocador de reflexões muito
adequado a esses alunos. Fernando Savater discute o
que é ética e a relatividade daquilo que consideramos
“bom” ou “mau”. Ele mostra como ordens, costumes e
caprichos nos tiram a liberdade e como devemos nos
esforçar para descobrir a nos fazermos humanos, no
sentido mais ético do termo. Para enriquecer ainda
mais essa obra, há no final de cada capítulo citações
de filósofos famosos relacionadas aos temas
discutidos.
170

Bibliografia Complementar
171

4.8 Comentários sobre o Desenvolvimento do Eixo Educação e


Construção Social do Cidadão
Há um ideal norteador que nos move: fundar novas bases de
entendimento da vida, do humano, das relações humanas, do diálogo com
a natureza, natureza que somos, que carregamos em nós e que nos
envolve.

Ao abraçarmos o fazer educativo como nosso fazer primordial, nossa


escolha profissional, nossa ação responsável para o exercício de nossa
cidadania ativa, crítica e transformadora-emancipadora, ao assumirmos
nossa responsabilidade social, nosso papel de ser histórico que se plasma
em sociedade, precisamos ter, em nossa formação, a prática desses
atributos essenciais, ou seja, a prática da reflexão do hoje, de nós no hoje,
do ontem que ergueu o hoje e do que já desponta em termos de
construção do amanhã. Construção essa que nos compete, que também é
nossa tarefa, aliás, a principal.

Construir futuro, na formação de nossos educandos, na atuação que


em sociedade e na vida nos define e erguem novas relações, novas
propostas, novos entendimentos. Requer conhecimento e
autoconhecimento em diálogo permanente, pois a vida nos marca e nós a
ela, vida que é um saber, um conhecer, uma forma de se perpetuar o
processo dinâmico que é seu ser, ser social, um sistema de vidas que se
relacionam e que interdependem. Esta foi a ênfase de nosso primeiro
período, cujo eixo integrador foi A CONSTRUÇÃO SOCIAL DO INDIVÍDUO.

Agora, nesta segunda etapa, o que pretendemos é


dar um passo adiante - aprofundando consciências e
responsabilidades, abrindo a visão de mundo, saindo
da família e da sala de aula e olhando para o todo
social, para o mundo globalizado, identificando-o em
172

nosso espaço-entorno comunitário, no meio em que


atuamos social e profissionalmente, em nossa
sociedade. Essa é a nossa CIDADANIA EM AÇÃO, EM
EXERCÍCIO, fruto da consciência e do desejo do
indivíduo de fazer-se pela sua atuação crítico-
solidário-emancipadora, em CIDADÃO PLENO,
participativo, consciente, integrado. Este é o eixo
integrador do segundo período, A CONSTRUÇÃO
SOCIAL DO CIDADÃO.

Enfim, daremos continuidade ao processo de reconstrução do “EU”,


porém, agora vamos ampliar um pouco mais o nosso universo de
percepção, que incluirá nas reflexões o “outro” como forma de sustentáculo
de aperfeiçoamento do ser. Na realidade, intencionamos abrir o leque
reflexivo em relação a sua formação geral e aplicação na prática, a visão de
mundo aqui é essencial, pois é essa que conduz nossas percepções em
relação à formação geral para a atuação em processos educativos, somos
o que percebemos e aplicamos, nossa prática está vinculada às nossas
crenças e valores.

Portanto, nosso caminhar tenderá para as temáticas da escola, suas


relações com a sociedade e com a construção da cidadania. Vamos,
portanto, estudar questões mais amplas, que extrapolam o campo da
nossa vivência pessoal, e convidá-lo (a) a se ver, como referido acima, a
sentir e a perceber o seu entorno, ou seja, colocar-se perante a existência
em relação à sociedade e aos aspectos de sua formação.

No roteiro orientador do 1º período analisamos textos variados que


possibilitarão a observação do campo da educação e do ambiente escolar,
de maneira que essas análises possam contribuir para que você
173

compreenda o papel da sociedade e da educação na construção da


cidadania democrática.

Portanto, o que queremos é dizer que a prática que nos compete se


enraíza em terreno trabalhado, com responsabilidade e profundidade, com
capacidade de compreensão histórica, com raízes robustas, seguras, que
fundamentam e sustentam a planta-árvore-fruto que dela brota, espalhando
sementes verdadeiramente disseminadoras de um novo mundo, mais justo,
mais sensível, mais harmônico, mais feliz, uma felicidade para todos, para
toda a vida natureza irmanada que somos.

Aqui neste roteiro, o que vamos trabalhar está associado à


compreensão e entendimento da educação como uma ação crítica e
autocrítica, transformadora e autotransformadora ao mesmo tempo.

Porque as crises sociais são as crises educacionais. Sociedade e


educação se correspondem, interdependem, sendo uma mesma e única
relação-expressão.

A educação, em seu sentido mais amplo e básico, é a própria


sociedade se apresentando e se introjetando-introduzindo-incorporando
nos seus novos membros que vão nascendo, surgindo, que vão se
constituindo. A sociedade é um organismo vivo, dinâmico, histórico, que
pela educação, como seu processo vital de sobrevivência grupal, se
garante em continuidade, permanência, possibilidade, mudança,
transformação, superação. Entender as crises sociais é perceber os
equívocos educacionais que lhe correspondem.
174

Você, futuro profissional da educação, ou seja, professor que virá a


ser ou já o é, já tem uma boa noção do que é Prática de formação docente,
afinal, você vem refletindo sobre ela ao longo destes primeiros períodos
com o propósito de tornar-se mais crítico, mais consciente, mais eficiente
quando da sua prática pedagógica.

Entretanto, quando se fala em prática pedagógica, fica-nos a


impressão de um trabalho docente desenvolvido intramuros escolar, não é
mesmo? Queremos retomar aqui algumas ideias importantes já discutidas
por nós, e que nos lembram o alcance da prática pedagógica, dado que ela
é também uma prática social, vejamos:

No espaço da escola há sempre o desafio da prática


da liberdade, pois somos o que pensamos e vivemos,
já refletimos sobre esse aspecto em estudos
anteriores. Se as instituições de formação (família,
religião, escola, dentre outras), ao se organizarem,
agirem apenas como portadoras de normas que
estabeleçam limites, sem diálogos e
reconhecimentos das diferenças, a violência se
objetiva.

É nesta direção, que a palavra violência é compreendida, a violência


da luta pela vida no campo biológico exige que o ser humano seja educado
socialmente. No entanto, ele continua passível de transgredir o que
internalizou como convenção, ou seja, é objetivo claro das unidades
escolares trabalharem os conceitos, conhecimentos, saberes acumulados
pela humanidade, de forma a transmiti-los às novas gerações, preparar os
175

sujeitos para a vida com ferramentas que deem suporte para a construção
individual de suas histórias. Já a família, cabe a responsabilidade de formar
um cidadão pleno, com valores, crenças e condutas de vida dentro de
aspectos que envolvem a formação do caráter. Se essas duas instituições,
como bem é mencionado na LDB – Lei de Diretrizes e Bases Educacionais
– 9394/96, não se unirem nessa empreitada, os quadros que são
registrados de desajustes comportamentais terão continuidade e a
violência (no seu amplo sentido) perdurará nos meios sociais.

Assim, é nossa intenção, aqui nesse roteiro, verificar que as


instituições de formação, seja ela, família, escola ou meios sociais diversos,
possam estabelecer um sentido de orientação aos seres que vivem no
mundo para o exercício da liberdade. Para isso, é necessário o exercício da
reflexão, que tem sua morada no próprio ser, uma vez que o saber exige
experiência.

Entretanto, considerando o que foi discutido, podemos concluir que


há uma necessidade intrínseca de educar para a vida, sem fugir do conflito,
mas transformando-o em elemento positivo. A convivência com o outro
implica reciprocidade, de modo que o conflito está subjacente ao processo
de ensino e aprendizagem.

Se for considerado como desordem, o conflito pode levar à


instauração de uma ordem imposta, que poderá não estar centrada em
nenhuma das partes. Ele não se resolve pelo estabelecimento de um ponto
comum que satisfaça provisória e parcialmente às partes envolvidas, mas
por meio de uma construção que permite a efetivação de uma lei comum.

O educando, ao interiorizar as normas morais, decide sobre sua


aceitação ou recusa, instaurando dentro de si, um processo de avaliar a
decisão a ser tomada. Nesse processo, a recusa da norma instituída pode
criar situações de conflito.
176

Enfim, o ato de educar para a vida é um processo e


exige sabedoria. Para que esse processo ocorra, é
necessário compreender a Educação também como
arte, como preconizou Kant, no século XVIII, quando
afirmava que: “a Educação é uma arte, cuja prática
deve ser aperfeiçoada por varias gerações”. (KANT28,
1996, p.19)

4.9 Temas do Glossário a serem explorados do Eixo Educação e


Construção Social do Cidadão

1. Ética e processo educativo

2. Igualdade de condições educacionais

3. Relação professor e aluno

4.10 Roteiro para o Eixo: Educação e Transformação Social

Ementa

Educação e construção da Sociedade. Educação na perspectiva


dialógico-problematizadora de Paulo Freire. Saberes necessários à prática
pedagógica. Relação professor – aluno. Investigação de questões da
prática pedagógica. Memorial de formação – Parte III: Construção de
reflexões sobre os conteúdos vivenciados nessa ementa.
177

Objetivos da disciplina para o eixo Educação e transformação social

A “EDUCAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL” objetiva:

 Sensibilizar-se com a Pedagogia Humanista e transformadora de


Paulo Freire, compreendendo os processos educacionais e sua
correlação na construção da Sociedade.
 Articular os processos que envolvem os saberes necessários à
prática pedagógica no tocante a compreensão geral sobre as
relações entre professor – aluno.
 Promover o redimensionamento do “olhar” sobre a própria prática
docente, para que se possa saber analisar criticamente, mobilizando
assim, a proposição de ações pedagógicas coerentes e eficazes que
possibilitem análises sobre a prática educacional e sua
conectividade sobre os processos que envolvem a teoria/prática.
 Saber articular entre o discurso científico o discurso de divulgação
científica e o discurso didático.
 Ensaiar um “ideal pedagógico” inspirador, um “sonho”, uma utopia a
ser transposta para sua ação educativa.
 Conscientizar da função política-transformadora da educação e do
peso histórico de seu papel como educador, de construtor da
humanidade futura.
 Entender que as ações estabelecidas historicamente têm correlação
direta com as ações atuais e que tais ações são instrumentos de
superação dos desencontros que negam e impedem o amanhã
ansiado, oportunizando assim, a emancipação da vida humana.
 Alargar os horizontes de formação do educador, no sentido de tocar
as sensibilidades de seus alunos para novas óticas, novos valores,
dando alma e função histórica e política ao conhecimento, um
conhecimento para fundar um humano mais sensível, um mundo
melhor.
178

 Realizar a síntese reflexiva do processo formativo por meio da


produção do memorial.

4.11 Material de apoio para o desenvolvimento da Disciplina no


eixo Educação e Transformação Social

Bibliografia Básica

Livro 1: FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia - Saberes necessários à


prática educativa. São Paulo, Brasil: Paz e Terra (Coleção Leitura), 1997.

Breve comentário: Pavan faz um comentário geral


sobre o último livro de Paulo Freire em vida e afirma
que a obra é um convite apaixonado e intenso a todo
profissional que aspira ser um educador crítico e
autor do seu processo de formação. Ele deixa claro
que os saberes necessários à prática docente,
problematizados ao longo do livro, estão todos
ancorados na sua forte convicção de que a Educação
é um processo humanizante, político, ético, estético,
histórico, social e cultural. Por outro lado, esses
saberes denunciam a necessidade de o professor
assumir-se um ser pensante; curioso (que duvida e
faz da sua fala um aprendizado de escuta); humilde
(que embora se reconheça condicionado por
circunstâncias sociais, econômicas e culturais, não é
um ser incapaz de gestar transformações);
competente (que estuda, se prepara e tem o domínio
179

do conteúdo que ensina); generoso (consigo próprio,


para que o possa ser com o aluno).

Livro 2: PETRAGLIA, Izabel Cristina. Edgar Morin: A educação e a


complexidade do ser e do saber. 9ª. ed. Petrópolis: Vozes, 2005.

Breve comentário: Este livro traz comentários


essenciais sobre os modos de ver o ensino na
atualidade, Petraglia comenta que nós devemos
pensar o ensino a partir da consideração dos efeitos,
cada vez mais graves da hiperespecialização dos
saberes e da incapacidade para articulá-los uns com
os outros. A hiperespecialização impede que se veja
os objetos de estudos de forma global (na realidade,
ela fragmenta em parcelas), assim como o essencial
(que ela dissolve). Nesta obra, podemos identificar
que os problemas globais são cada vez mais
emergentes, e que o envolvimento do discente se faz
necessário, até mesmo para prepará-lo para as
realizações futuras, ou seja, os aspectos e fenômenos
globais são tópicos de discussões para a formação
das novas gerações.

Livro 3: SACRISTAN, J. Gimeno. Compreender e transformar o ensino. 4. ed.


Porto Alegre: Artmed, 2000.
180

Breve comentário: Sacristan nesta obra apoia a nossa


reflexão, no sentido de dar-nos elementos para que
possamos compreender que o docente necessita ter
uma visão ampla sobre o que faz: a prática
pedagógica. E direciona os olhares para uma prática
que é reprodutora de hábitos e pressupostos dados,
ou respostas que os professores dão às demandas ou
ordens externas. Conhecer a realidade herdada,
discutir os pressupostos de qualquer proposta e suas
possíveis consequências é uma condição da prática
docente ética e profissionalmente responsável.

Bibliografia Complementar
181

4.12 Comentários sobre o Desenvolvimento do eixo Educação e


Transformação Social

Aqui, no terceiro período do curso, temos como propósito ampliar as


nossas discussões sobre os aspectos que envolvem a Educação Crítica e
Transformadora aliada com as questões sociais, assumindo um papel
consciente, histórico, de emancipação, de superação, de renovação da
sociedade humana, tornando-a mais justa, mais igualitária, mais irmanada,
182

mais integrada e sensível à sua ligação e responsabilidade dentro do


espaço mais amplo em que se insere: a natureza, a Terra, o universo.

Partindo da leitura dos livros básicos, objetivaremos discussões que


possam ampliar a sua compreensão sobre a EDUCAÇÃO E
TRANSFORMAÇÃO SOCIAL. Pretendemos que você obtenha um
entendimento não só pensado logicamente, racionalmente, mas também
percebido e apreendido pela mente sensível, pela lógica da sensibilidade,
que se liga aos sentimentos e emoções mais profundas, que pode dar força
de luta, fé e paixão, os elementos vitais para uma verdadeira educação. Por
este motivo, escolhemos Paulo Freire, porque ele tem, em si, em sua
proposta humanizadora, os caminhos que conduzem a todas as novas
tendências pedagógicas, sem dúvida com sua mensagem que se adiantou
ao futuro, o que faz desse grande educador, uma voz necessária e
extremamente pertinente nos dias de hoje.

Ao chegarmos ao terceiro período de nossa viagem, de seu curso


superior como profissional de educação, este fato se reveste de significativa
relevância, uma vez que, como veremos, estamos completando a primeira
fase, a primeira etapa de sua formação, que como já indicado lá na
unidade 1, seria uma fase receptora: lembra-se que comentamos que até o
terceiro período do curso você estaria recebendo informações sobre os
aspectos educacionais utilizados nas práticas de sala de aula? Então, tais
informações servirão para que você tenha sustentabilidade reflexiva para
processá-las como suporte na 2ª fase, ou seja, você até então, estava
envolvido (a) em um processo de recepção de informações sobre os
aspectos que envolvem a formação de um profissional de educação, está,
portanto, na fase receptora.

Veja que a disciplina de Prática de Formação deve


possibilitar aos alunos, por nos formados, transporem
183

o conhecimento sobre ensino e aprendizagem para o


conhecimento na situação de ensino e aprendizagem.

A vivência, ao longo do curso, se faz através de flexíveis atividades,


constituídas como agentes articuladores de toda formação docente. Assim,
a Prática de Formação no tocante à articulação teoria e prática é
compreendida como um movimento contínuo entre o saber e o fazer na
construção de significados no processo educacional, considerando as
situações da complexidade relacional e integradora.

Na medida em que o aluno fundamenta a sua práxis pedagógica,


transforma a si próprio e a partir de si, concomitantemente, o que redunda
num processo dialógico-crítico-vivencial horizontal com a realidade em que
se insere e atua. Assim, aprender, compreender e analisar se entrelaçam
em eixos integradores, numa dança que permeia toda a disciplina de
Prática de Formação docente.

Um ponto importante que sustentará a sua trajetória de estudo aqui


conosco está vinculada ao despertar de uma sensibilidade com os
encaminhamentos da pedagogia Humanista e transformadora de Paulo
Freire. Vamos, na realidade, despertar em você uma compreensão sobre os
processos educacionais e sua correlação na construção da Sociedade, de
forma articulada com os saberes necessários à prática pedagógica no
tocante à compreensão geral sobre as relações entre professor – aluno,
promovendo assim, um redimensionamento do seu “olhar” sobre a própria
prática docente, para que se possa saber analisar criticamente,
mobilizando-se rumo à proposição de ações pedagógicas coerentes e
eficazes que possibilitem análises sobre a prática educacional e sua
conectividade sobre os processos que envolvem a teoria/prática.
184

O que pretendemos, em suma, é que você saiba


articular o discurso de divulgação científica e o
discurso didático, para que o “ideal pedagógico”
possa ocorrer, despertando em você ações
inspiradoras, “sonhos”, gerando, de certa forma,
utopias a serem transpostas para a sua ação
educativa. Para tanto, você necessita ser
conscientizado da sua função política-transformadora
da educação e do peso histórico de seu papel como
educador, de construtor da humanidade futura,
entendendo que as ações estabelecidas
historicamente têm correlação direta com as ações
atuais e que tais ações são instrumentos de
superação dos desencontros que negam e impedem
o amanhã ansiado, oportunizando assim, a
emancipação da vida humana. Alargando assim, os
horizontes de sua formação de educador, com
formação sensível, para que possa despertar em seus
alunos novas óticas, novos valores, dando alma,
função histórica e política ao conhecimento, um
conhecimento para fundar um humano mais sensível,
um mundo melhor.

Enfim, neste período, o nosso foco de discussão gira em torno da


Educação como proposta de transformação social, e nesse sentido, ao
envolvermo-nos com o material de apoio reflexivo, ou seja, a referência
básica indicada para as reflexões deste eixo estaremos, na realidade,
vivenciando, de forma reflexiva, a obsessiva fixação do discurso educativo
da atualidade sobre as mudanças necessárias. Bom, mas observe, por um
lado, que temos como apoio os discursos para as mudanças necessárias
185

nos modos de conduzir os processos educativos, por outro, o discurso do


senso comum (dos envolvidos com os processos educacionais, mais
especificamente) os professores que exorcizam os conceitos que envolvem
a temática “mudança educacional”. Gera-se, de certa forma, uma variedade
de angústia no meio profissional dos educadores, os aspectos que
envolvem as mudanças necessárias para atender às demandas atuais da
educação, incertezas e perplexidades são geradas em um cotidiano
profissional, que se percebe em mudanças.

Alarcão (2001, p.119) sobre os processos que envolvem a mudança,


comenta que:

Em torno dessa palavra quase mágica, definem-se,


por sua vez, de forma simplista e um tanto ingênua,
os conflitos organizacionais, sociais e profissionais
inerentes à complexidade do processo educativo e
curricular vivido nas escolas. Tal complexidade
aparece redutoramente concebida em termos de
"adesão à mudança" e "resistência à mudança",
modo maniqueísta de simplificar o que se não
entende e/ou se receia, bem como de idealizar o que
se deseja ou se elege como meta inatingível. Uma
variante conceitual da mudança surge associada ao
conceito de inovação, este carregado de uma
ideologização mais acentuada, na medida em que se
pressupõe, ao nível do senso comum, que a mudança
para algo que se configure como novo, apropriação
simplificadora de inovação, é inevitavelmente
sinônimo de mudança para melhor. Por outro lado,
algumas linhas do discurso sobre a mudança
assumem uma forte orientação de previsão de certo
padrão de futuro, informada, sobretudo, pela
186

antecipação da sociedade tecnológica cuja


rapidíssima aproximação transforma alguns discursos
sobre a mudança em uma quase fuga para o futuro,
em busca de uma adequação sempre impossível de
antecipar.

No entanto, intencionamos nas mediações aqui, neste ponto do


estudo da disciplina, discutir os aspectos que giram em torno dos
processos que envolvem as transformações necessárias para o
atendimento à demanda de formação social para a atualidade.
Reconhecemos que diversos pontos interferem nas alterações
educacionais necessárias para que efetivemos uma educação de
qualidade e com sentido de formação amplo, que dê conta de sustentar
uma formação de profissionais de educação mais voltados às
necessidades sociais que emergem de uma sociedade complexa. Sendo
assim, ao trabalharmos com os textos do livro: Edgar Morin: A educação e a
complexidade do ser e do saber, você notará que considerações mais
abrangentes se fazem necessárias. Petraglia (2005) comentará em variados
pontos de sua obra o que acabamos de expor como norte para esse
período, pois ao elaborar considerações sobre as reflexões de Morin, a
autora apresenta problemáticas que você, na sua atuação diária em sala de
aula, deverá considerar. Edgar Morin (2000) comenta que os saberes
tradicionais foram submetidos a um processo reducionista que acarretou
na perda das noções de multiplicidade e diversidade. A simplificação, de
acordo com Morin, está a serviço de uma falsa racionalidade, que passa
por cima da desordem e das contradições existentes em todos os
fenômenos e nas relações entre eles. Estamos, na realidade, em meio a
uma complexidade social, que acarreta consequências diversificadas para
as atuações docentes e são exatamente aspectos como esses que serão
tratados nesta fase de estudo. Petraglia comenta, em diversos pontos da
187

sua obra, que durante toda a vida, Morin foi animado e inspirado pela
necessidade de romper com a ideia de um saber parcelado, acreditando
na incompletude de todo e qualquer conhecimento. Por isso, fala da
incerteza da ciência e da importância em distinguirmos os diferentes
aspectos do nosso pensamento, mas jamais isolando-os, separando-os
entre si. E este é o cerne do pensamento complexo: distinguir, mas não
separar.

Por isso, temas variados que envolvem os processos


transformadores da educação serão aqui tratados,
com o intuito de ampliar as informações, oferta de
competências que serão, na sua atuação como
profissional de educação, transformadas em
habilidades para lidar com as tendências de
formação das gerações que estarão sob a sua
responsabilidade.

4.13 Temas do Glossário a serem Explorados no Eixo Educação e


Transformação Social

1. A problemática relacionada a formação dos professores

2. Conceito de Teoria e Prática

3. Educação transformadora e construção da sociedade

4. Relação professor e aluno


188

4.14 Roteiro para o eixo: Política e Docência


Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no País a máquina que
prepara para a democracia. E esta maquina é a escola pública

(Anísio Teixeira)

Ementa

Educação e ação social transformadora e inclusiva. A função e o


alcance social do Projeto Político Pedagógico, partindo da abordagem
reflexiva proposta no Estágio Supervisionado I. Memorial de formação –
Parte IV: Construção de reflexões sobre os conteúdos vivenciados nessa
ementa.

Objetivos da disciplina para o eixo - Política e docência

Política e docência os objetivos são:

 Instrumentar para o desenvolvimento da pesquisa-ação como


exercício da responsabilidade social na construção do amanhã,
dentro dos aspectos que envolvem uma ação social transformadora
e com envolvimento nas mobilizações dos processos inclusivos.
 Compreender a atuação docente na relação dialética “prática - teoria
- prática recriada” como possibilidade de modificar a realidade,
relacionando a importância de um projeto político pedagógico que
dê conta de estruturar e conduzir uma comunidade escolar com
consciência e comprometimento com os aspectos que envolvem a
comunidade escolar.
 Reconhecer o espaço escolar como campo de lutas, conflitos, trocas
e buscas, sabendo identificar os saberes necessários à prática
educativa.
189

 Observar o contexto escolar e identificar elementos que compõem a


rede de relações que envolvem o ensinar e o aprender.
 Realizar a síntese reflexiva do processo formativo por meio da
produção do memorial.

4.15 Material de apoio para o desenvolvimento da disciplina –


Política e Docência

Livro 1: DALMAS, Ângelo. Planejamento participativo na escola. 4. ed.


Petrópolis: Vozes, 1994.

Breve comentário: o planejamento participativo


compreendido como processo de ação participativa
grupal, com pessoas interagindo em função de
necessidades, interesses e objetivos comuns é, no
momento, a metodologia mais eficaz no que tange ao
envolvimento e engajamento das pessoas de uma
comunidade escolar. O autor, consciente da
importância desse método, inicia com uma reflexão
sobre participação e uma proposta de planejamento
participativo, nos remete aos processos de
elaboração e vivência do mesmo, faz as devidas
avaliações e apresenta exemplos, contribuindo assim,
para o enriquecimento, aprofundamento e vivência do
planejamento participativo na educação formal.
190

Livro 2: VASCONCELOS, Celso dos Santos. Construção do conhecimento


em sala de aula. 18. ed. São Paulo: Libertad, 2009.

Breve comentário: Vasconcelos neste livro aborda de


forma geral os processos, que na atualidade, são
emergentes nas rodas de discussões sobre os
aspectos educacionais, ele assume o desafio de se
problematizar a prática educacional e adotando uma
linguagem acessível, tendo em vista a construção de
uma efetiva práxis pedagógica, dá indicativos para a
superação da hermética reflexão acadêmica - que
acaba não tendo repercussão no cotidiano do
educador - bem como o praticismo que atinge tantas
escolas. Utiliza uma metodologia dialética de
abordagem da realidade, fazendo a análise crítica do
problema, projetando novas perspectivas e,
principalmente, buscando alternativas de práticas
concretas e transformadoras.
191

Livro 3: VASCONCELOS, Celso dos Santos. Planejamento: Projeto de


ensino aprendizagem e projeto político-pedagógico. 21. ed. São Paulo:
Libertad, 2010.

Breve comentário: Vasconcelos neste livro apresenta


indicativos essenciais para apoio à compreensão
geral de um Projeto Politico Pedagógico (PPP), pois
apresenta concepções e metodologias de elaboração
de um PPP. Aborda, portanto, temas como: A
problemática atual do Planejamento na Educação;
Ressignificação da Prática do Planejamento;
Fundamentos Histórico-Antropológicos do
Planejamento; Processo de Planejamento; Tipos e
níveis de planejamento; Estrutura e Elaboração do
Projeto de Ensino-Aprendizagem; Estrutura e
Elaboração do Projeto Político-Pedagógico.
Ofertando, portanto, ao leitor uma visão geral sobre os
processos e procedimentos para a elaboração de um
PPP escolar, instrumentalizando assim, o profissional
professor para que possa compreender a importância
do seu envolvimento com os planejamentos
escolares.
192

Bibliografia Complementar
193

4.16 Comentários sobre o desenvolvimento - Política e docência

Paulo Freire (1979) compreende o homem como um


ser relacional. Um ser de raízes espaços-temporais,
que vive num lugar exato, num dado momento, num
contexto social e cultural preciso, que não só está na
realidade, mas também está com ela, com a qual se
relaciona, guardando em si conotações de
pluralidade, está nas relações do homem ou da
mulher com o mundo, à medida que o ser humano
responde aos desafios desse mesmo mundo, afronta
e desafia seu mundo, respondendo de maneira
original. É no jogo constante de respostas que reflete
e muda seu modo de responder. Organizar-se e
escolhe a melhor resposta. A criticidade está na
captação que o faz discernir, transcender, distinguir o
“ser” do “não ser”. Na capacidade de discernir está a
consciência de sua temporalidade, que alcança o
ontem, reconhece o hoje e descobre o amanhã.
(MORAES30, 1997, p.94)

Aqui, neste ponto do seu estudo, como comentado lá na unidade 1,


estamos adentrando na fase 2 da disciplina de Prática de Formação
Docente, agora você será convidado a interagir com os aspectos de uma
formação “promotora”.

O que queremos dizer com isso?

Que você deverá aliar os estudos aqui realizados no quarto período,


com as atividades de estágio.
194

Perceba que, nos três primeiros períodos, refletimos através dos


eixos temáticos “Educação e Construção social do indivíduo e cidadão e a
Educação como transformação social” sobre a ótica receptora, onde
demos ênfase aos efeitos, aos resultados, às consequências históricas
observáveis do processo de educação. Nesta ótica, constatamos e nos
posicionamos frente aos efeitos da educação observáveis em nós e a
nossa volta.

A partir do 4º período, iremos trabalhar sobre a ÓTICA PROMOTORA,


que são os eixos que nortearão o contato com a prática pedagógica “in
loco”. Veja que é nossa intenção trabalhar a partir do que se pode verificar,
erguendo nossas propostas de ação - atuação pedagógico-educacional
que pretendemos implementar, justificando-as.

Portanto, neste momento, a disciplina de Prática de Formação se


funde com a disciplina de Estágio Supervisionado Curricular. Na verdade,
se torna um componente teórico-prático, isto é, possui uma dimensão ideal,
teórica, subjetiva, articulada com diferentes posturas educacionais, e uma
dimensão real, material, social e prática, própria do contexto da escola
brasileira.

Como já refletimos nos três primeiros períodos, quando falamos em


“Prática”, pressupomos uma ação, um fazer. Porém, não é um fazer
qualquer, ou melhor, qualquer fazer que configura uma “prática de
formação”. O fazer a que visamos se fundamenta e movimenta segundo
bases teóricas sólidas, vivas, dinâmicas, refletidas, pensadas, abraçadas
por identificação como parte de nós mesmos.

Neste período iremos conhecer a importância da instituição


educacional ter e vivenciar um projeto político pedagógico.
195

Neste período iremos conhecer a importância da


instituição educacional, convidamos você a vivenciar
as ações da escola como um todo, topa?

A observação das práticas realizadas pelos docentes e pelos


serviços educacionais (direção, coordenação, secretária, administrativo)
será um grande momento de aprendizado na nossa formação como
futuros profissionais da área. Veremos que apesar da lei garantir a
participação da comunidade escolar e local nas decisões e implementação
de ações na escola, ela por si só não basta. É preciso destacar o papel
significativo do diretor da escola, como um líder cooperativo, como alguém
que consegue aglutinar as aspirações, os desejos, as expectativas da
comunidade escolar e articular a adesão e a participação de todos os
segmentos da escola na gestão de um projeto comum.

A prática da observação tem contribuído para o esclarecimento e o


aprofundamento da relação dialética prática – teoria. Sendo assim, a
prática recriada tem implicado um movimento, uma evolução, que revela
as influências teóricas sobre a prática do professor e as possibilidades e/
ou opções de modificação da realidade, em que a prática fornece
elementos para teorizações, que podem acabar transformando aquela
prática primeira.

Daí, a razão de ser um movimento na direção da


prática -teoria -prática recriado.

Agora, uma coisa é certa, preste atenção na correlação:


196

É nessa dinâmica que encontramos uma solução para a defasagem


existente entre conhecimentos teóricos e atividade prática, e gostaríamos
que você soubesse que essa correlação será o ponto forte da nossa
construção da disciplina de prática de formação docente. As atividades
então serão interligadas com as atividades do ‘Estágio Supervisionado’, ou
seja, você agora deverá colocar em prática os seus conhecimentos,
observando e realizando inferências reflexivas que lhe deem
sustentabilidade para o profissional de educação que pretende ser.

Neste período, o eixo temático a ser trabalhado é a


Política e docência. Sabemos que esta construção
acontece em um local específico: a escola. Através do
estágio curricular, teremos como foco, conhecer
melhor este espaço constituído por saberes, culturas
e ideologias.
197

Para que a nossa formação tenha um embasamento teórico, iremos


trabalhar durante todo o quarto período com livros que darão
sustentabilidade a nossas observações da prática escolar. Lembrando que
os outros livros já trabalhados e estudados, principalmente os livros do
Paulo Freire, serão agora testados nos processos de observação, você
deverá ter sempre em mente que tudo que aprendeu e conhece deverá
acompanhar você nos processos de observação, realizando-se assim, um
tipo de teste de confirmação da teoria na prática.

Portanto, você deverá reconhecer que é na escola que acontece a


prática educativa – ou seja, educação - que é um fenômeno social e
universal, sendo uma atividade humana necessária à existência e
funcionamento de todas as atividades. Não há sociedade sem prática
educativa e nem prática educativa sem sociedade. A prática educativa,
além de ser uma exigência da vida em sociedade também promove o
indivíduo a conhecimentos e experiências culturais, tornando-os aptos a
atuar no meio social.

É neste espaço político que a construção de saberes toma forma.


Alicerçados pela cultura trazida pelo sujeito e partilhada com os membros
da comunidade educativa.

Veja que a escola é um espaço de trocas, de vida, de emoções, de


socialização, de vivências e experiências éticas e estéticas, e que deixa
marcas profundas na vida das pessoas, não apenas por meio dos
conteúdos que são ensinados, mas principalmente pelos rituais, pelas
práticas, pelos símbolos, pelos códigos que estão presentes no seu
cotidiano.

Neste momento de Prática, vamos refletir mais sobre a


“intencionalidade” da escola. Interessa-nos vivenciar através do estágio
como acontecem os discursos, princípios, práticas, valores, intenções que
permeiam o cotidiano de uma instituição escolar.
198

Vamos trazer para discussão:

Como as coisas realmente funcionam no dia a dia na


sala de aula, nos corredores, no pátio, na secretaria,
enfim em todo espaço escolar. Estas são as ações
que você deverá fazer no seu espaço vivencial nas
escolas estagiadas.

Depreendemos, como experiências já vivenciadas, que o ato de


ensinar está envolvido por uma rede complexa de relações como: as
exigências burocráticas da comunidade educativa, as vontades e desejos
dos alunos, as expectativas dos pais, as cobranças da coordenação e
direção, as imposições das políticas públicas, as prescrições das teorias
pedagógicas e os diferentes discursos sobre Educação. Entendemos que
quanto mais fortalecidos forem os vínculos da instituição escolar com a
comunidade, mais facilmente os objetivos da escola serão alcançados,
haverá maiores possibilidades de resolver os problemas existentes e mais
próximos estaremos da construção de relações democráticas e da
formalização da gestão escolar baseada em princípios democráticos.
Conhecemos várias situações de escolas onde, por exemplo, a violência e
o vandalismo eram correntes. Uma das formas de resolução deste sério
problema foi o estabelecimento de uma relação e um vínculo mais estreito
com a comunidade local, responsabilizando e comprometendo todos com
o trabalho escolar (maior participação dos pais nas atividades cotidianas
da escola, definição conjunta dos objetivos e ações escolares, abertura da
escola - inclusive nos finais de semana - para projetos culturais, ocupação
dos espaços da escola para trabalhos comunitários, serviços, esportes,
formas colegiadas de gestão escolar etc.).
199

Cabe ao profissional professor que atua ou atuará na educação


básica, no segmento do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, ter um
conhecimento maior sobre essa rede complexa de relações que afeta o ato
de ensinar. Para começarmos a observar este espaço precisamos
conhecer como funciona a parte burocrática de uma escola.

Neste momento, vamos conhecer a escola sob o foco


de um dos seus agentes fundamentais: o Projeto
Político Pedagógico (PPP), ou seja, o processo que
norteia os saberes e as aprendizagens construídas
neste espaço.

Nos últimos anos muita coisa tem mudado no contexto escolar, há


um esforço de construção de uma cultura de participação e de ação
coletiva na escola, mesmo sabendo que isto não é fácil. No Brasil, temos
uma história de centralização do poder, hierarquização e mando em todas
as instâncias sociais. Na escola não é diferente, porque até pouco tempo a
figura centralizadora do diretor é que tomava as decisões e somente
comunicava aos seus subalternos (professores, funcionários, pais e alunos).
Hoje existem algumas estratégias para estabelecer relações mais
democráticas na escola, como a eleição do diretor e a relação estreita entre
comunidade e escola através do Colegiado, Associação de Pais e Mestres.

Sabemos também que o trabalho na escola não é fácil. Há muitos


conflitos, divergências, dificuldades, oposição de ideias, situações que
muitas vezes não alcançam seus objetivos, mas este é o movimento da
educação necessário para se tornar um espaço de construção de sujeitos
autônomos e críticos e que sabem interferir na sua vida como sujeito
político e social, capaz de transformar seu espaço de convivência.
200

Então, como visto nos parágrafos acima, a escola é um todo


complexo, que se bem gerenciada, com indicativos claros dentro de
planejamentos, tende a direcionar os indivíduos que integram a sua
complexidade de forma mais justa e com uma formação mais aplicativa
para a vida. Sendo assim, é importante que no seu estagio, você além de
realizar o estágio de observação na secretaria da escola e nas demais
dependências , realize também, nesta fase I, o estágio-docente, portanto
deverá estar dentro da sala de aula observando a prática pedagógica do
professor. O que irá acontecer é que: muitos questionamentos deverão
nortear sua cabeça ao entrar em uma sala de aula para estagiar, ou se está
nesta profissão, muitos questionamentos também permeiam seus
pensamentos. Vejamos alguns:

Afinal, o que uma pessoa precisa saber e que


habilidades precisa desenvolver para ser professor,
para ensinar? Como aprendemos a nos portar diante
de uma turma de alunos? Como aprendemos a
resolver impasses e situações difíceis?

Tudo aquilo que se considera necessário para uma pessoa saber e


as habilidades que precisa adquirir para ser professor constituem os
chamados saberes docentes. Muitos professores-pesquisadores veem
tratando dessa questão, e a questão que mais aparece é: Como se forma
os saberes docentes? Bom, o que tem em comum nas pesquisas é que
esses saberes se formam na identidade estudantil que esses profissionais
passaram e passam durante sua vida escolar, no processo de ensino junto
com o aluno e comunidade em que está inserido, nas trocas de
experiências entre os próprios docentes da área e na formação continuada.
E essas ações vivenciadas proporcionam experiências significativas à
201

prática. Temos, no entanto, noções sobre o que é uma escola, como é a


sua dinâmica, dentre outros aspectos.

Agora, é importante que você reconheça que estando no campo


observacional, ou melhor, lá nas unidades escolares escolhidas por você
para realizar o estágio, que dentro destas unidades escolares, cada uma
possui um perfil que se forma ao longo do tempo, possuem, portanto, uma
história que é própria e que a influência da comunidade é levada em conta,
por esse motivo, ao observar como acontece o processo ensino-
aprendizagem, precisamos ficar cientes que este processo se dá a partir do
modo como os professores realizam seu trabalho, selecionam o seu
trabalho, selecionam os conteúdos das disciplinas, organizam os tempos e
espaços escolares, orientam as atividades dos alunos e definem
instrumentos de avaliação, todas essas atitudes nos indicam as intenções
educativas e as concepções de aprendizagem que os orientam.

Dourado (2001), estudioso dos processos que envolvem o trabalho


em conjunto, a união de ações para que o aprendizado seja significativo,
explicita que: a garantia de recursos e a organização dos diversos
segmentos da escola são fundamentais para que a escola consolide sua
autonomia e seu projeto pedagógico que tenha como princípio a formação
para a cidadania. Veja as práticas que, segundo Dourado, são necessárias:

 Compartilhar o poder decisório com o órgão de


deliberação colegiada da escola.
 Assegurar a participação dos pais e/ou alunos,
membros da comunidade, professores e
funcionários nas decisões colegiadas.
 Definir com clareza as competências dos
membros da equipe de gestão e demais órgãos
ou pessoas de apoio técnico.
202

 Desenvolver ações em equipe.


 Garantir disponibilidade de tempo para reuniões e
aperfeiçoamento do corpo docente (incluída na
jornada regular de atividades) e técnico
administrativo da escola.
 Cuidar para que as comunicações sejam claras e
transparentes e cheguem a todos.
 Reconhecer publicamente o valor e a colaboração
dos companheiros de trabalho.
 Valorizar os ganhos e aceitar os erros como parte
do processo de vivência democrática.
 Definir coletivamente uma agenda de trabalho e
torná-la disponível a todos os que participam de
sua elaboração.

Todas as questões devem ser observadas por você no seu campo


de atuação no estágio. E questões como as descritas a seguir devem fazer
parte do seu processo reflexivo, veja:

Como é a participação dos pais e da comunidade


local na escola? Como eles participam? A
participação dos pais tem influenciado na
democratização da gestão da escola? Se positivo, em
que aspectos?

Além das práticas necessárias a uma gestão democrática que tenha


como princípio a formação para cidadania, são variadas as formas ou os
mecanismos de participação da comunidade no cotidiano escolar. Entre
elas:
203

 Processo de escolha do diretor, que pode ser por


eleição, antecipada ou não por um concurso
público;
 Reuniões que envolvem pequenos grupos e
segmentos e que discutem problemas específicos,
que possibilitem articular, socializar informações,
discutir e tomar decisões.
 Assembleias escolares que envolvem toda a
comunidade escolar e local, discutindo e
decidindo problemas que envolvem a escola
como um todo, sendo um importante espaço de
formação de um sentimento coletivo quando o
tema é de interesse geral.
 O colegiado que tem força deliberativa e
consultiva e que reúne a representatividade de
todos os segmentos para desenvolver ações
compartilhadas.
 O grêmio estudantil que delega para um grupo de
representação de alunos, a responsabilidade da
programação de eventos e atividades culturais da
escola e se constitui em importante espaço de
encaminhamento de reivindicações dos alunos.

Existem outras possibilidades, tais como a associação de pais e


mestres, clube de mães, entre outras, sendo estas as que mais acontecem
nas escolas.

Mobilizar e envolver a comunidade na vida cotidiana da escola não é


uma tarefa fácil. Dependerá do tipo de gestor que está à frente da
coordenação das atividades do interior da escola. Um gestor eficaz é
204

aquele que consegue exercer sua liderança sem abrir mão de sua
autoridade e responsabilidade, que compartilha os processos, delega
funções e articula a implementação das ações definidas em conjunto,
sempre tendo como meta a consolidação da cultura escolar, na qual a
melhoria da qualidade e o sucesso escolar dos alunos sejam metas
prioritárias.

Esses processos ajudam na formação de cidadãos e na promoção


de uma educação de qualidade para todos.

Como havíamos falado antes, nenhum desses assuntos era novo.


Pretendíamos que você analisasse, mais uma vez, na perspectiva proposta
pela temática, a escola que estagiou, o trabalho que é desenvolvido
cotidianamente no seu interior, os seus problemas e dificuldades, as formas
de vencê-los, e os resultados positivos de trabalhos bem-sucedidos que
são realizados pelos professores.

Você deve ter constatado que apesar da lei garantir a participação


da comunidade escolar e local nas decisões e implementação de ações na
escola, ela por si só não basta. Deve ter observado a atuação do diretor
como um líder cooperativo. Como alguém que consegue aglutinar as
aspirações, os desejos, as expectativas da comunidade escolar e articular a
adesão e a participação de todos os segmentos da escola na gestão de um
projeto comum. Ou um diretor que administra de forma vertical,
preocupado apenas com as burocracias de sua função.

Seja como for, o melhor meio de promover a gestão participativa é


instaurar a prática de participação em um clima de confiança, de
transparência e de respeito às pessoas. Independentemente da
importância de os membros da equipe tomarem consciência da
necessidade da participação, é a prática que possibilita o alargamento
dessa consciência e o sentido de participação na construção de uma nova
cultura organizacional.
205

É possível que, após discutir os equívocos que podem associar-se à


discussão do processo de gestão democrática, você esteja se perguntando
sobre os princípios que orientam a construção de uma escola democrática.
Vamos discutir um pouco esses princípios?

Veja que de acordo com Sacristán (1998), estudioso deste tema:


Democracia e Educação são dois caminhos que se entrelaçam visando à
construção do progresso social e humano. Segundo este autor, para ser
construída, a escola democrática pressupõe cinco princípios básicos:
206

Observe o que caracteriza cada um desses princípios:


207

Além disto, vive-se um momento de profundas transformações da


sociedade como um todo. O professor, neste contexto, precisa rever a sua
concepção de mundo, de escola, de homem, de criança, de sociedade, de
conhecimento e de aprendizagem. Da invenção da escrita aos dias de hoje,
podemos observar as mudanças mais notáveis na educação, desde a
divulgação do conhecimento tanto como o acesso quanto a sua
208

conservação. Vivemos uma sociedade da aprendizagem continuada, da


explosão informativa e do conhecimento relativo.

O professor atual não é mais um informador. (A


informação vem através do rádio, da televisão,
cinema e revistas, pelos meios de comunicação,
mídias em geral). A palavra do professor e o livro
didático já não têm tanto valor diante da explosão de
informações através dos meios de comunicação.

É preciso, por fim, lembrar que em uma sociedade de


classes, o conhecimento, ao longo da história, tem
sido transmitido só para aqueles que pertencem ao
grupo dominante, mas não é pelo fato desta
instituição estar há anos com este grupo que deixa de
ser um benefício a ser estendido a todos. Esses
conhecimentos foram produzidos dentro da
sociedade, entendida aqui como o conjunto de
pessoas que nela convivem, e, por isso, a ela
pertencem. O professor precisa atender a todos como
um grupo e a cada um na sua individualidade.

Refletindo, o profissional da educação descobrirá que tem um papel


eminentemente político a desempenhar, educando para a
transformação da sociedade atual, tendo em vista uma educação
igualitária e com qualidade para todos.
209

4.17 Temas do Glossário a serem Explorados no eixo Política e


Docência

1. Educação e diversidade

2.Educação transformadora e construção da sociedade

3. Educação – visão de mundo

4. Igualdade de condições educacionais

5. Projeto político pedagógico

4.18 Roteiro para o eixo Sociedade e Docência

Ementa

Reflexão dos paradigmas positivistas e complexos. Interdisciplinaridade na


prática pedagógica. Fundamentos da Pedagogia de Projetos e sua
aplicação na sala de aula. Relação professor / aluno. Memorial de
formação – Parte V: Construção de reflexões sobre os conteúdos
vivenciados nessa ementa. Relação do conteúdo trabalhado com a prática
desenvolvida no estágio.

Objetivos da disciplina para Sociedade e docência

 Favorecer a construção de uma visão crítico-reflexiva acerca das


inovações necessárias para a sala de aula, sabendo correlacionar as
novas tecnologias da informação e a prática inclusiva.
210

 Instrumentalizar para a capacidade de análise crítica da realidade


escolar e de intervenção e que vise a sua transformação rumo à
construção da cidadania.
 Saber discutir o espaço escolar como possibilitador da formação
para a cidadania por meio de intervenções e projetos gerais que
envolvem as reais necessidades escolares, tendo em vista as reais
necessidades/dificuldades dos sujeitos envolvidos no processo
educativo. Saber identificar as necessidades/dificuldades dos
sujeitos envolvidos no processo educativo, por meio de orientações
relacionadas às novas organizações que deem conta de englobar as
novas tendências necessárias a formação direcionada para as
novas gerações.
 Observar a sala de aula para identificar as
necessidades/dificuldades dos alunos.
 Elaborar propostas de intervenção na aprendizagem, tendo em vista
as reais necessidades/dificuldades dos alunos.
 Realizar a síntese reflexiva do processo formativo por meio da
produção do memorial

4.19 Material de apoio para o desenvolvimento da disciplina no


eixo Sociedade e Docência

Livro 1: BUSQUETS, Maria Dolors. Temas transversais em educação. 6.


ed.Sp: Ática, 2001.

Breve comentário: Este livro trabalha com uma


proposta de ensino que direciona as atividades
escolares no sentido de atendimento da realidade
211

atual, ou seja, uma formação complexa. Dando,


assim, uma importância em lidar com temas mais
voltados às necessidades da complexa sociedade em
que vivemos. Além de uma matriz curricular
composta pelas disciplinas tradicionais, esta obra
propõe a inserção no currículo escolar de temas que
busquem também preparar o aluno para a sua
realidade cotidiana como a ética, o papel enquanto
consumidor, a questão da violência etc. Mostra ainda
como trabalhar concretamente em sala de aula esses
temas, sem deixar de lado as disciplinas de
conteúdos específicos.

Livro 2: FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade: História,


teoria e pesquisa. 8. ed. Campinas: Papirus, 2001.

Breve comentário: Neste livro, Ivani Fazenda


apresenta os aspectos que envolvem as questões
interdisciplinares, demonstrando que atividades com
tendências a integração de saberes podem levar a
uma metamorfose, transformando realidades até
então praticadas, alterando assim completamente o
curso dos fatos em Educação. Transformando,
portanto, o sombrio em algo brilhante e alegre, o
tímido em audaz e arrogante e a esperança em
possibilidade.
212

Livro 3: HERNÀNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação:


os projetos de trabalho. Fernando Hernández. Trad. Jussara Haubert
Rodrigues. Porto Alegre: Artmed, 1998.

Breve comentário: Neste livro, Hernàndez comenta


sobre os aspectos que envolvem a transgressão das
barreiras que impedem o indivíduo de pensar por si
mesmo, com uma formação que propicie a
construção de uma nova relação educativa baseada
na colaboração em sala de aula, na escola e com a
comunidade. É, na realidade, uma oportunidade para
soltar a imaginação, a paixão e o risco para explorar
novos caminhos que permitam que as escolas
deixem de ser formadas por compartimentos
fechados, horários fragmentados, arquipélagos de
docentes e passem a converter-se uma comunidade
de aprendizagem, onde a paixão pelo conhecimento
seja o objetivo e a educação voltada para a
cidadania, o horizonte ao qual se dirigir. O livro parte
do fato de ser o professor um agente de mudança,
olhando sempre para o futuro, no afã de educar
alunos (e não para o passado) e dessa maneira,
transgredindo, muitas vezes, regras e normas
estabelecidas. O educador é, portanto, um
transgressor do que existe, pronto, acabado,
constituído e passado. Por acompanhar a dinâmica
da sociedade, inova em termos de atitudes e
comportamentos, tendendo à mudança de
mentalidades, a par do questionamento sempre
213

presente e base, assim como a atividade de pesquisa


para a construção do conhecimento.

Bibliografia Complementar
214

4.20 Comentários sobre o desenvolvimento no eixo Sociedade e


Docência

Então, chegamos ao quinto período da disciplina de Prática de


Formação docente. Nesta fase, as discussões por aqui serão conduzidas
por reflexões que deverão ser colocadas em prática no espaço educativo.
Continuando a trabalhar com a formação de professores comprometidos e
com a construção de uma escola cidadã, as disciplinas de Prática de
Formação e Estágio Curricular II, como o ocorrido no 4º período, terão seus
conteúdos entrelaçados na busca desse sujeito que se intitula como agente
crítico-transformador e agora, a nossa proposta é que você possa ser um
agente que tenha condições de propor ações práticas para o apoio à(s)
escola(s) que você está inserido como estagiário.

Como diz Gadotti (2000), “Educar é fazer ato de sujeito, é


problematizar o mundo em que vivemos para superar suas contradições,
comprometer-se com este mundo, para recriá-lo constantemente.”

Por isso, convido você a embarcar conosco nesta aventura do


conhecimento e se comprometer com uma formação crítica e
humanizadora, que lhe possibilite atuar de forma competente, seja nos
espaços educativos escolares ou não escolares. Onde quer que você seja
chamado (a) a fazer a educação, que seja realmente um educador, um
educador na amplitude de seu compromisso ético.

Nesta etapa do seu estudo, ou seja, na caminha reflexiva e formativa


que propomos em um conjunto, estaremos seguindo o caminho orientado
pelo eixo: “Sociedade e docência”.
215

Bom, trabalhar a prática pedagógica como construtora de uma


formação social é o mesmo que trabalhar o sujeito, a sua consciência para
que se torne um crítico da realidade em que atua, dando-lhe subsídio para
decifrar a realidade além das suas aparências, das suas máscaras e das
suas ilusões. É este o papel da conscientização de que nos fala Paulo
Freire.

Aqui, pretendemos que você analise, mais uma vez, na perspectiva


proposta pela temática, a escola onde está estagiando, o trabalho que é
desenvolvido cotidianamente no seu interior, os seus problemas e
dificuldades, as formas de vencê-los, e os resultados positivos de
trabalhos bem-sucedidos que são realizados pelos professores, e a sua
missão será a de observar o cotidiano escolar, durante o tempo do seu
estágio, para que nos dias finais, possa propor um projeto de
intervenção para ser aplicado no 6º período.

Como foi comentado no período anterior, os projetos escolares (PPP


escolares) são administrados por várias mãos, e a equipe administrativa e
pedagógica tem como função primordial, a orientação geral dentro dos
aspectos de implantação, com prática que proporcionem a fomentação de
ações. Por esse motivo, nos últimos dias do seu estágio na(s) escola(s)
você deverá elaborar um projeto que sirva de apoio ao que a escola tem
como direcionamento educativo, que será aplicado no momento que você
voltar a estagiar no 6º período.
216

Este projeto pode ser aplicado dentro da sala de aula


ou em outra dependência da escola, vai depender da
estrutura e objetivos que você o estruturar.

Bom, o projeto deverá partir das suas observações nos momentos


de estágio, mas lembre-se que ele deverá ser aplicado no próximo período,
portanto, a direção da escola, o seu orientador de estágio deve conhecê-lo
e, principalmente, aprová-lo.

Então, nesta etapa da sua formação, aliando com os procedimentos


orientados pelo estágio, você deverá fazer a proposta de um projeto que
servirá de apoio a sua formação, com objetivo de colaboração com as
conduções da(s) escola(s) que você está estagiando. As orientações gerais
serão formalizadas pelos mediadores das disciplinas de Prática de
Formação e Estágio curricular II.

Mas as informações acima são de cunho organizacional e


informativo, na realidade, o que nos interessa mesmo é discutir, aqui neste
roteiro de estudo, as questões que envolvem a relação da prática
pedagógica e as conduções que propiciem uma formação significativa
com sustentabilidade para ações no mundo, tendo você como agente de
sua formação, que possa promover coletas importantes sobre os saberes
necessários a sua formação. Bom, para discutir com você as propostas que
darão embasamento teórico a sua investigação para propostas de ações,
será necessário compreender um pouco da nossa história e entender as
bases do nosso sistema escolar, que tem seus pressupostos em diversos
meios sociais, e é bom lembrar que dentre esses pressupostos elencamos
os processos pedagógicos e epistemológicos dos saberes que são e foram
trabalhados nas conduções pedagógicas até então estabelecidas.
217

O que queremos que você compreenda e o que é preciso entender é


que todos somos produtos de nossa época e assim agimos de forma que a
recriem. É difícil, para nós em uma sociedade “avançada”, imaginar o
quanto as formas de conduzir os processos pedagógicos afetaram nossa
forma de ver o mundo.

Veja que interessante essa afirmação:

A estrutura organizacional e administrativa da escola que temos hoje


tem origem no modelo dos construtores de fábricas.

O resultado é um sistema escolar da era industrial, feito a imagem


da linha de montagem. Como qualquer linha de montagem, o sistema foi
organizado em estágios chamados de séries, em que segregaram as
crianças por idades. Nas séries, cada um deveria subir para outro estágio
juntos. Cada estágio deveria ter um supervisor, com classes de 20 a 40
alunos e com dias específicos para fazer testes. O supervisor tinha um
esquema rígido (currículos padronizados) que deveria seguir a risca, para
manter a linha andando.

Na unidade anterior, vimos que nossa legislação educacional, a


principal: LDB 9394/96, na medida em que legitima os espaços de
participação e decisão coletiva, em muito avançou em relação a este
modelo de fábrica. Governar de forma autoritária, pelo menos na lei não é
incentivado. A ideia é a construção de ações com base na participação de
seus atores. Construir ações coletivas na escola depende,
fundamentalmente, da capacidade de todos em compartilhar, discutir,
ouvir, socializar, colaborar, opinar, reagir, mudar.
218

Apesar de uma legislação que favorece um modelo educacional


democrático e participativo, muitos autores educacionais apontam que o
nosso sistema de ensino é “aprisionado“, pois não é fácil conseguirmos nos
libertar deste modelo, afinal todos fomos à escola juntos! Somos assim,
produtos da escola da idade industrial. Para todos nós, foi a primeira e a
mais informativa introdução ao mundo mecânico dos professores no
controle e estudantes dependentes da aprovação dos professores. E
algumas questões são postas para reflexão, sugerimos que volte lá para o
seu campo de estágio para responder as questões a seguir, e tente
também se lembrar da(s) escola(s) pela(s) qual(is) foi formado(a):

E você, o que pensa disso? Quais suas experiências


profissionais? Em que tipo de escolas você já
trabalhou ou estudou? Que aspectos da organização
escolar considera que facilitam ou dificultam o
trabalho do professor? Como é a gestão
administrativa e pedagógica da escola? Quais
serviços existem e como funcionam (direção,
secretária, apoio pedagógico, pessoal, setores,
órgãos, conselhos, colegiados etc.)? Que espaços de
participação a escola tem?

Veja a situação:

Aprendemos como evitar respostas erradas e levantar a mão quando


soubéssemos a resposta certa, hábitos que, mais adiante moldariam a
dança organizacional contínua de evitar a culpa e buscar crédito por
sucessos. Aprendemos como ficar quietos quando nos sentíssemos
perdidos, razão pela qual ninguém questiona o chefe na reunião oficial,
mesmo quando diz coisas que não fazem sentido.
219

Como você pode observar, a escola tem um importante papel no


processo de construção da cidadania. Entretanto, é preciso não perder de
vista que, ao fazer isso, a instituição escolar não pode democratizar-se
independentemente de outras instâncias da sociedade. Vimos que os
reflexos da gestão democrática devem fazer-se presentes tanto na escola,
considerada mais amplamente, quanto nas práticas desenvolvidas pelos
professores em sala de aula. Mas como isso se manifesta?
Enfim, reconhecemos que a escola, atualmente, enfrenta e lida diariamente
com questões delicadas, que exigem bom senso e diálogo em seu
encaminhamento. Os conflitos existem e sempre existiram, mas em uma
gestão autoritária, não aparecem tão claramente quanto em uma gestão
democrática. Os conflitos são comuns na interação dos grupos, devendo
ser encaminhados com bom senso e diálogo. E é isto que pode levar a
escola a um trabalho de equipe, na medida em que as pessoas entendem
que não precisam pensar igual, mas devem aprender que podem ser
eficazes em conjunto. Ao construir uma visão compartilhada, o grupo
constrói um sentido de compromisso conjunto.

Diante dos vários conflitos que se instalam no cotidiano da escola,


uma gestão democrática deve buscar superá-los, visando ao bem coletivo,
renunciando a consensos que apenas camuflam a realidade da escola.
Esta postura evita que a escola procure um consenso que, no fundo,
representa risco à possibilidade de verdadeiramente construir o diálogo e
negociar as concepções dos diversos grupos da escola. E que ações em
conjunto podem propiciar as inovações para a sala de aula,
implementando-se assim, ações que envolvam as novas tecnologias,
dando espaço para o processo de inclusão escolar.

Para entendermos melhor como os professores realizam seu


trabalho, vamos nos situar em como acontece o movimento da
220

aprendizagem no espaço da sala de aula sob a influência das tendências


pedagógicas. Sabemos que esta influência, nem sempre inseridas de forma
coerente e intencional, acontece no dia a dia da sala de aula.
Identificar as ideologias subjacentes às próprias práticas,
posicionando-se coletivamente sobre elas, é um passo importante no
processo de autoconhecimento das escolas que desejam construir seu
PPP.

A aprendizagem talvez tenha sido sempre uma tarefa difícil, mas hoje
temos uma maior consciência dos fracassos e da necessidade de superá-
los. Temos a consciência de que muitos processos de instrução e
formação, nos quais se investe muito tempo, dinheiro e esforço, mal
alcançam seus objetivos. Muitos alunos são reprovados e um número
maior ainda “passa” sem aprender. O professor não sabe o que fazer neste
cenário. Ele também, na maioria das vezes, é resultado deste processo. E
questões como as que se seguem devem permear as suas observações,
veja:

Os professores que você está observando costumam


realizar, em sua sala de aula, atividades com a
participação de pessoas convidadas da comunidade,
como, por exemplo, pais de alunos? Por que isso
ocorre?

Realizando esta reflexão, você deve ter percebido como a gestão


democrática da escola tem de ser praticada também em sala de aula,
inclusive no que se refere à abordagem dos conteúdos desenvolvidos com
os alunos.
221

Veja que, nesse princípio, está presente também a forma de viabilizar


esta participação: interação comunicativa, a busca de consenso em pautas
básicas, o diálogo intersubjetivo. Por outro lado, a participação implica os
processos de gestão, os modos de fazer, a coordenação e a cobrança de
trabalhos e o cumprimento de responsabilidades compartilhadas, conforme
uma divisão de tarefas e um alto grau de profissionalismo de todos. Nas
palavras de Libâneo (2000) “portanto, a organização escolar democrática
implica não só a participação na gestão, mas a gestão da participação.”

A escola, no entanto, deve estar atenta à instrumentalização dos


indivíduos para atuar em uma sociedade que seja mais justa e igualitária,
precisa conhecer e compreender a realidade da comunidade que atende.
Isto não quer dizer que ficará restrita a esta realidade, mas este
conhecimento deve ser ponto de partida para ampliar os horizontes e
capacitar indivíduos capazes de intervir positivamente nela.

Portanto, a atuação do professor em uma escola cidadã, deve seguir


os aspectos do planejamento e da avaliação, já estudados na disciplina de
Didática. Aqui analisaremos estes aspectos inseridos no contexto de um
projeto coletivo.

Muitos ainda concebem o planejamento como algo que ocorre no


início do ano, previamente organizado, faltando apenas que o professor o
distribua pelas etapas. E a avaliação como um momento que acontece
após a “memorização” dos conteúdos lançados, com suas notas somadas
para definir quem vai ser reprovado ou não no final do ano. Deve-se,
portanto, ampliar a ideia de avaliação e planejamento, situando o contexto
da escola como um todo. Uma avaliação criteriosa da realidade da escola e
um planejamento direcionado para explorar suas possibilidades e
limitações podem garantir não só o acesso à escola, mas a permanência
com qualidade. O professor que conhece a realidade de seus alunos e
222

definiu com seus colegas algumas metas comuns poderá elaborar o


planejamento pedagógico específico de sua disciplina no contexto do
planejamento coletivo da escola.
Ter um ponto de partida torna o processo mais efetivo e eficiente,
dando uma direção consciente e planejada ao processo educacional.
A tomada de consciência da importância da participação já é um
ganho. Como então passar para a prática? Planejando, como já
começamos a refletir! Nenhuma pessoa de bom senso envolve-se numa
atividade sem previamente avaliar sua viabilidade. E neste caso, planejar
coletivamente não é uma tarefa simples, porque envolve muitas pessoas
com visões e realidades diversas.

Mas vale citar Morin (2004, p.152), quando afirma que:

É preciso saber começar, e o começo só pode ser de


maneira periférica e marginal. Como sempre, a
iniciativa só pode partir de uma minoria, a princípio
incompreendida, até perseguida. Depois a ideia é
disseminada e, quando se difunde, torna-se uma
força atuante.

Não dá para esperar “alguém de cima“ começar. Se você acredita,


junte outros colegas e comecem as mudanças.

No seu estágio, você deve estar se deparando,


infelizmente, com muitos professores que trabalham
“independentes”, totalmente alheios ao conjunto da
escola. Chegam com o seu conteúdo distribuído, sem
se preocupar em conhecer os alunos e com o que
pensam seus colegas. Participam das reuniões
223

porque “serão descontados por falta” se não


comparecem, mas permanecem alheios,
emburrados, e reclamam de tudo que lá ocorre. Na
maior parte das vezes, a realidade das escolas ainda
é de isolamento do professor. Sua responsabilidade
começa e termina na sala de aula.

Este comportamento decorre de uma cultura individualista, de um


contexto autoritário e ditatorial ao longo de nossa história política no país,
em que “qualquer aglomeração” poderia ser entendida como uma rebelião
ou coisa parecida e geralmente era punida. Além disto, segundo
Vasconcelos (2009, p.67):

O professor, antes de tudo, como cidadão, está


inserido num contexto mais amplo da sociedade,
sendo, portanto, atingido pela alienação geral,
imposta, devida a toda forma de organização social
em que a raiz está na organização do trabalho no
modo de produção capitalista, ou seja, na exploração
da força de trabalho do homem por outrem, baseada
na divisão do trabalho e na propriedade privada dos
meios de produção.

O professor não tem compreensão do seu trabalho na complexidade


que ele implica. Comparado com um operário em uma fábrica, que não
domina o seu fazer, encontra-se o professor em relação a sua atividade
pedagógica. Se o trabalho do professor está marcado pela alienação, é
claro que não verá sentido no planejamento, e muito menos coletivamente.
E questões surgem para que possamos refletir sobre as ações, vejamos:
224

Qual é o sentido de planejar? Por que alguém vai


querer se envolver neste tipo de atividade? Como é
possível planejar coletivamente sem se reunir? Os
horários são organizados de modo que o professor dê
suas aulas seguidas e pare apenas na hora do
recreio. Como discutir /refletir sobre a escola nestes
momentos? Além de nem todos estarem presentes e
ser um momento de descanso do professor, não dá
para fazer reflexões e decidir coisas em 15 minutos.

E sem o professor, não é possível pensar em um planejamento que


realmente oriente o processo de ensino e aprendizagem na sala de aula. O
planejamento, como vimos no módulo Didática: currículo, planejamento e
ação, não pode se configurar como um momento estático, anterior à ação.
Pensar o planejamento participativo em ação é considerar o papel
fundamental dos professores no processo. Aliás, o planejamento de modo
geral é fundamental e de responsabilidade do professor.
Durante muito tempo, estivemos inseridos em um modelo de
organização escolar onde a ação de planejar não fazia parte das tarefas
dos docentes. Planejar era tarefa de supervisores, orientadores,
coordenadores pedagógicos. Cabia ao professor apenas a função de
executar o planejamento, cumprindo, passo a passo, o que estava ali
delimitado. Neste modelo, independentemente de quem era - o professor e
os alunos já estavam definidos, a priori, como a escola deveria caminhar.
Aliás, muitos gestores e professores têm pautado sua atuação mais pela
intuição do que por um planejamento com metas claras a serem atingidas.
Já ouviu aquele professor que diz que tudo que vai dar “está na cabeça”?
225

Sabemos hoje, que esse modelo de gestão tanto da escola como da


sala de aula tem se mostrado completamente inadequado, já que não dá
pra chegar a lugar algum sem ter metas objetivas e excluindo a
participação dos sujeitos do processo, pois, sem eles, não há formação,
não há ensino, não há aprendizagem. Ou seja, a escola não conseguirá
cumprir seu papel.
Se esse modelo já não responde à nossa realidade atual, cada vez
mais dinâmica e diversa, surge então, a necessidade de repensá-lo,
buscando articular as ações, planejar, executar e inseri-las na prática
docente, sem separação ou dicotomia.
É preciso discutir o papel dos professores na tarefa de planejar a escola
como um todo, sem separá-lo da ação docente. Duplo desafio, pois, além
de enfrentar uma temática tão complexa, teremos que fazer uma discussão
geral sobre algo que é bastante específico, já que, como dissemos antes,
não há como discutir o planejamento sem considerar os sujeitos em seus
contextos concretos, que, por sua vez, são bastante diversos.
São reflexões que devem ser consideradas por todos nós,
professores e professoras, quando estamos envolvidos no planejamento
participativo da escola em que atuamos. Questões que, se enfrentadas e
solucionadas de forma adequada irão nos ajudar a organizar melhor o
trabalho, dando direção e coerência a nossa intervenção.

Claro que nossa escola não é um comércio, apesar de ainda muitos


lidarem com o desempenho do aluno desta forma, por meio das notas.
Fizemos esta analogia apenas para que se compreenda que avaliar e
planejar fazem parte do nosso dia adia a todo o momento e com registros,
auxiliando a nossa memória. Afinal, não dá para guardar tudo “na cabeça”.
Mas, o que vem a ser planejamento?
O planejamento, segundo Libâneo (2000), consiste “em ações e
procedimentos para tomada de decisões a respeito de objetivos e de
atividades a ser realizadas em razão destes objetivos”.
226

Outro aspecto importante que deve ser levado em conta refere-se


aos conceitos de avaliação, você aprendeu lá na disciplina de Didática, que
este não é apenas um momento que finaliza um processo, como a grande
maioria dos professores concebe, mas é também um direcionador para
uma nova etapa e/ou um regulador do processo. Segundo Libâneo (2000,
p. 79):

O sistema de organização e gestão supõe


acompanhamento e controle das ações decididas
coletivamente, sendo este último a observação e a
comprovação dos objetivos e das tarefas, a fim de
verificar o estado real do trabalho desenvolvido. A
avaliação permite por em vidência as dificuldades
surgidas na prática diária, mediante a confrontação
entre o planejamento e o funcionamento real do
trabalho. Visa ao melhoramento do trabalho escolar,
pois conhecendo a tempo as dificuldades podem-se
analisar suas causas e encontrar meios de sua
superação.

Deste modo, avaliar e planejar estão presentes em tudo e a todo o


momento, mesmo sem percebermos. Na escola é a direção, é o rumo que
implica intencionalidade, tomada de posição diante aos objetivos escolares,
sociais e políticos, em uma sociedade concreta. Você tem clareza desta
responsabilidade? A escola, ao cumprir sua função, influi de forma
significante na formação da personalidade humana. Você já parou para
pensar nisto? Por esta razão, são imprescindíveis os objetivos políticos e
pedagógicos.
227

Você já concluiu que não dá para entrar em uma sala de aula e


trabalhar isoladamente, não é? Viu também que não dá para trabalhar sem
planejamento. Mas Vasconcelos (2009, p. 129) nos alerta:

Que é preciso superar a adesão deslumbrada, que


considera o planejamento uma espécie de panaceia
ou a pura e simples rejeição, que considera o
planejamento uma empulhação. Devemos assumir a
postura na direção da compreensão do planejamento
como uma prática humana contraditória tendo
lucidez de seus limites (constrangimentos naturais,
sociais ou inconscientes, concepções equivocadas
etc.) e também de suas possibilidades (tomadas de
consciência, elemento articulador etc.)

Vasconcelos (2002) chama-nos, ainda, a atenção para o fato de que


o planejamento é apenas um instrumento teórico-metodológico poderoso.
Mas instrumento! Depende que os sujeitos o assumam, tanto na
elaboração quanto na execução.

Participar de um planejamento da escola é um


elemento estratégico, como forma de diminuir, pela
negociação, pela busca do consenso ou de
hegemonia, as resistências dos próprios agentes
internos à instituição. Desta forma, o professor que
reflete é também o que decide e o que se utiliza da
decisão. Há motivação, pois o que se decidiu atende
às necessidades de quem está participando. Além
disto, a chance do que foi decidido ser colocado em
228

prática é muito maior, porque quem se envolveu na


construção está mais predisposto a realizar. Além de
possibilitar o crescimento dialético, a autonomia e a
solidariedade entre as pessoas envolvidas.
Conhecendo suas possibilidades e suas limitações,
uma gestão pode muita coisa se quiser realmente
construir uma escola que promova a formação
cultural e científica de seus alunos e ainda desenvolva
neles potencialidades cognitivas e operativas.

4.21 Temas do Glossário a serem explorados no eixo Sociedade e


Docência

1. Educação e Diversidade

2. Igualdade de condições educacionais

3. Inovações na sala de aula

4. Projetos escolares e pedagogia de projetos

4.22 Roteiro para o eixo – Cidadania e Docência

Inovação na sala de aula: uso das novas tecnologias da informação


e a prática inclusiva. Projetos na escola. Memorial de formação – Parte VI:
Construção de reflexões sobre os conteúdos vivenciados nessa ementa.
Relação do conteúdo trabalhado com a prática desenvolvida no estágio.
229

4.23 Objetivos da disciplina para o eixo Cidadania e docência

 Favorecer a compreensão da função emancipadora da sala de aula,


considerando o ideal de formação do indivíduo cidadão.
 Promover instrumentos para a intervenção na aprendizagem, tendo
em vista necessidades/dificuldades dos alunos.
 Favorecer a síntese reflexiva de todo o processo formativo
vivenciado no curso, de modo a estabelecer a dialética da teoria
com a prática na formação do educador.
 Discutir o espaço escolar como possibilitador da formação para a
cidadania, reconhecendo a sala de aula como promotora da
emancipação humana social.
 Discutir a sala de aula e os desafios para a promoção da
aprendizagem.
 Caracterizar o professor como agente crítico-transformador na
gestão da sala de aula, identificadas na entrevista e nas observações
feitas na escola.
 Aplicar a proposta de intervenção planejada no período anterior.
 Realizar a síntese reflexiva do processo formativo por meio da
produção do memorial.

4.24 Material de apoio para o Desenvolvimento da Disciplina no


eixo Cidadania e Docência
Bibliografia Básica

Livro 1: GARDNER, Howard. A nova ciência da mente. Sp: Edusp, 1996.

Breve comentário: Este livro apresenta os novos


discursos em torno da educação, uma área ainda não
explorada passa a ter atenção, o tema: os
230

aspectos formativos das mentes humanas compõem


o contexto do livro, ou seja, a história dos passos da
ciência cognitiva desde seu aparecimento em
meados da década de 50 até os tempos atuais. O
nome designa um conjunto de disciplinas
interessadas na investigação da mente humana e em
seu funcionamento. Para o autor, os questionamentos
levantados no diálogo Menon de Platão sobre a
natureza do conhecimento e as modernas conquistas
na área da inteligência de computadores são
extremidades de um mesmo processo histórico em
que o homem procura desvendar sua própria mente.
É, na realidade, um relato da sua investigação sobre o
campo das ciências cognitivas, na qual ele traça um
panorama que inclui suas bases filosóficas, a história
de cada um dos respectivos campos, o trabalho atual
que parece mais central e suas próprias
considerações críticas sobre o objeto pesquisado.

Livro 2: GROSSI, Esther Pillar Coord. Vanguardas pedagógicas: lições de


um processo. Rio Grande do Sul: Edelbr, 2003.

Breve comentário: Este livro é um convite à


reinvenção da escola, um livro que aponta caminhos
para as exigências que a formação social solicita.
Grossi comenta que conseguiu ensinar com êxito
para todos aquilo que só à escola compete - em
particular os alunos das classes populares, é um
fecho de esperança semeando democracia.
231

Concretizar em sala de aula as riquezas das


descobertas do construtivismo pós-piagetiano é o
que se pode encontrar neste livro. As discussões
giram em torno de uma abordagem extremamente
útil e prática para cada professor, uma vez que eles
foram elaborados no coração das vivências de muitas
salas de aula, enriquecidas pelo conforto com teorias
sólidas. A proposta do livro, em suma, é proporcionar
reflexões para que os professores possam empenhar
no seu ofício de modo: responsável e prazeroso,
colocando dessa forma sua pá de argamassa no
edifício de uma sociedade menos injusta e menos
violenta.

Livro 3: KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e ensino presencial e a


distancia. 2. ed. Campinas: Papirus, 2003.

Breve comentário: Este livro apresenta reflexões e


pesquisas desenvolvidas pela autora. Em seus
estudos, ela demonstra a forma como as ‘novas’
tecnologias impactam sobre a educação. Na
realidade, o livro trata-se de um tema que vem
ganhando uma atenção cada vez maior na medida
em que as tecnologias se aprimoram (especialmente
aquelas relacionadas às comunicações e ao
processamento de informações), e vão aos poucos
reconfigurando todas as atividades educacionais, e
232

não apenas servindo de apoio nas ações e


estratégias didáticas de sala de aula. O principal
direcionamento dado pela evolução tecnológica, de
velocidade sem precedentes, foi na reconfiguração
da educação a distância, antes entendida com certa
desconfiança e inferioridade, dada a sua (evidente)
desvantagem se comparada à modalidade de
educação presencial. É justamente por este o
caminho que segue a autora, razão que justifica o
título da obra. A temática ainda pode ser reconhecida
como nova, apesar de já vir sendo objeto de reflexões,
e recebendo contribuições desde o início dos anos de
1990. A proposta de utilização de novas alternativas
tecnológicas como forma de remodelar o processo
de formação não deixou de ser ainda um dos grandes
desafios dos educadores, que, em sua maioria,
parecem ainda não ter assimilado o real significado
da mudança que a educação teve ou tem que se
submeter. (Texto adaptado: COSTA31)

Bibliografia Complementar
233

4.25 Comentários sobre o Desenvolvimento do eixo – Cidadania e


Docência

Estamos no processo de encerramento das nossas discussões


sobre a formação necessária de um profissional professor, um educador,
capaz de conduzir uma sala de aula, com instrumentos que o apoiarão no
trabalho diário com os diversos grupos de alunos. Estamos, portanto,
iniciando o último período da sua formação. Quanto aprendizado
234

aconteceu nesses cinco períodos? Vivenciamos desde o quarto período,


através do estágio, a realidade da educação brasileira e assim começamos
a pensar e repensar a profissão que escolhemos e que tipo de docente
queremos ser.

Esta etapa de Formação vem fechar este primeiro


momento da sua formação como profissionais na
área educacional. Porque falamos que é o primeiro?
Bom, reconhecemos que todo profissional está em
constante aperfeiçoamento, e você deverá
compreender que um profissional de educação
precisa estar em constante formação.

Bom, saiba que o objetivo central do roteiro do 6º período é levá-los


a refletir sobre a importância do profissional da educação conhecer e
assumir uma postura diferenciada em sala de aula através da proposta de
projetos e avaliação no contexto educacional. Por isso, agora você deverá
aplicar o seu projeto de intervenção. No 5º período, você após vivenciar e
observar a(s) sala(s) de aula realizou com apoio do pessoal que o
acompanha na(s) escola(s) que está estagiando um projeto para ser
aplicado, agora no 6º período é o momento de desenvolvimento, durante o
período você aprenderá sobre os aspectos de aplicação de um projeto, a
sua dinâmica e didática, será um momento de aprendizado significativo,
pois terá a oportunidade de vivenciar na prática uma proposta para o
desenvolvimento dos alunos e da aprendizagem com significado e
direcionamento.
Agora, sabemos que profissionais na área da educação, para
atuarem nas escolas do século XXI, precisam ter abertura para a conquista
de novos conhecimentos, sabendo que terão que assumir postura de
mudança na comunidade educacional em que atuam. Esta é a proposta da
235

disciplina de Prática de Formação e Estágio Curricular III para este período.


E, como nos outros roteiros, teremos como norte o seguinte eixo integrador:
Cidadania e docência. Para tanto, este roteiro de estudo dará centralidade
no espaço da sala de aula, vamos rever as ideias de alguns pensadores
que ajudam a compreender o processo de ensino-aprendizagem.
Retomar estas ideias será importante para entendermos a
Pedagogia de Projetos ou Projetos de Trabalho, que abordaremos na
sequência.
Na verdade, as ideias destes pensadores “iluminaram“ nossas ideias
sobre aprendizagem que bem entendidas e bem utilizadas ajudam você,
discente/professor, a melhorar sua prática em sala de aula.
Você vai observar que muitas atitudes que parecem apenas bom
senso foram, ao longo dos anos, objeto de estudos de gente como Emília
Ferreira, Celéstin Freinet, Paulo Freire, Howard Gardner, Jean Piaget e Lev
Vygostsky.

Por exemplo, quando você observar seus alunos e


avaliar quanto cada um já sabe, antes de introduzir
um novo conceito em sala de aula, está colocando
em prática, mesmo sem se dar conta, as ideias de
vários pesquisadores. Apesar de seus trabalhos não
coincidirem em muitos aspectos, em outros tantos,
eles se complementam. Todos partem do mesmo
princípio, de que é preciso compreender a ação do
sujeito no processo de aquisição do conhecimento.

Já se foi o tempo em que uma corrente de pensamento era eleita a


preferida (tal qual moda), enquanto as demais eram simplesmente
esquecidas. Ninguém pode se valer de apenas um teórico. Conhecer a
236

contribuição dos estudiosos da educação sempre ajuda a refletir sobre a


prática e ainda compreender as políticas públicas. Vejamos os conceitos de
alguns autores que sustentam o que estamos comentando

PENSADORES QUEM É O QUE FICOU ALERTA

Nascido em 1896  Ninguém avança Levar a turma a


em Gars, um sozinho em sua aulas-passeio e
vilarejo ao sul da aprendizagem. A organizar a sala em
França, o professor cooperação é cantinhos não faz do
primário não fundamental. professor um
chegou a concluir praticante da
seus estudos na pedagogia de Freinet.
Escola Normal de  O educador É preciso considerar
Nice. Com o início compreendia que a a realidade em que
da 1ª Guerra, aprendizagem se dá os alunos estão
CELESTIN
alistou-se e pelo tateio inseridos, aspectos
FREINET
participou dos experimental sociais e políticos ao
combates. Em redor da escola.
1920, iniciou a
carreira docente,  A interação entre o

construindo os mestre e o estudante

princípios de sua também é essencial

prática. A para a aprendizagem.

educação, a seu O professor consegue

ver, deveria essa sintonia levando

proporcionar ao em consideração o

aluno a realização conhecimento das

de um trabalho crianças, fruto de seu

real. Faleceu em meio.

1966.
237

Nascido na Suíça,  É na relação com o  O professor deve


em 1896, numa meio que a criança se respeitar o nível
família rica e culta, desenvolve, de
aos 7 anos já se construindo e desenvolvimento
interessava por reconstruindo suas das crianças.
estudos científicos. hipóteses sobre o Não se pode ir
Biólogo de mundo que a cerca. além de suas
formação estudou
capacidades,
Filosofia e  A forma de raciocinar nem deixá-las
doutorou-se em e de aprender da agir sozinhas.
Ciências Naturais criança passa por
aos 22 anos. Em estágios: sensório-  A teoria do
1923, lançou "A motor (2 anos),
JEAN PIAGET conhecimento,
linguagem e o estágio operacional- construída por
Pensamento na concreto (7anos) e Jean Piaget, não
Criança", o operacional-formal. tem intenção
primeiro de seus (12 anos) pedagógica.
mais de sessenta
Porém, ofereceu
livros. Faleceu em  O que permite a aos educadores
1980, na Suíça. construção da importantes
autonomia moral é o princípios para
estabelecimento da orientar sua
cooperação em vez prática.
da coação, e do
respeito mútuo no
lugar do respeito
unilateral.
238

PENSADORES QUEM É O QUE FICOU ALERTA

 Apesar de a
Psicolingüista  As crianças chegam à
criança
argentina, escola sabendo várias
construir seu
doutorou-se pela coisas sobre a língua.
próprio
Universidade de É preciso avaliá-las
conhecimento,
Genebra, orientada para determinar
no que se
por Jean Piaget. estratégias para sua
refere à
Inovou ao utilizar a alfabetização.
alfabetização,
teoria do mestre
cabe a você,
para investigar um  De acordo com a
professor,
EMÍLIA campo que não teoria, toda criança
organizar
tinha sido objeto de passa por quatro fases
FERREIRO atividades que
estudo piagetiano. até que esteja
favoreçam a
Aos 62 anos, é alfabetizada: pré-
reflexão sobre
pesquisadora do silábico, silábico,
a escrita.
Instituto Politécnico
Nacional, no
 O trabalho da
México.
pesquisadora
argentina não
dá indicações
de como
produzir
ensino. Não
existe o
"método Emília
Ferreiro", com
passos
predeterminad
os.
239

O psicólogo  A escola deve valorizar Para que as


americano de 56 as diferentes diversas
anos é professor de habilidades dos alunos inteligências sejam
Cognição e e não apenas a lógico- desenvolvidas, a
Educação e matemática e a criança tem de ser
integrante do linguística, como é mais que uma
Projeto Zero, um mais comum. mera executora de
grupo de pesquisa tarefas. É preciso
em cognição que ela seja levada
 De acordo com
humana mantido a resolver
Gardner, estas seriam
pela Universidade problemas.
nossas sete
HOWARD de Harvard.
inteligências: Lógico-
GARDNER Também leciona
matemática,
neurologia na Gardner não
Linguística, Espacial,
Escola de Medicina aprofundou seus
Físico-cinestésica,
da Universidade de estudos. Apesar
Interpessoal,
Boston. Escreveu disso, a discussão
Intrapessoal, Musical.
dezoito livros. em torno da teoria
Atualmente, Gardner
nos mostrou que a
admite a existência de
escola deve
uma oitava
considerar as
inteligência, a
pessoas inteiras e
naturalista, que seria a
valorizar outras
capacidade de
formas de
reconhecer objetos na
demonstração de
natureza, e discute
competências .
outras, a existencial ou
espiritual e até mesmo
uma moral - sem, no
entanto, adicioná-las
às sete originais.
240

PENSADORES QUEM É O QUE FICOU ALERTA

Nascido em  É preciso pôr fim à A técnica de


1921, no Recife, educação bancária, em que silabação
formou-se o professor deposita em utilizada por ele
advogado em seus alunos os em seu método
1959, mas conhecimentos que possui. de alfabetização
nunca exerceu a de adultos está
 A formação docente era
profissão. O ultrapassada,
uma preocupação constante
ensino era sua ainda que a
do pesquisador
paixão. Exilado ideia de
pernambucano.
PAULO após o golpe trabalhar com
militar de 1964,  Para ele, não havia palavras
FREIRE foi para o Chile, educação neutra. Uma geradoras
onde escreveu pedagogia que libertasse as permaneça
"Pedagogia do pessoas oprimidas deveria bastante atual.
Oprimido" passar por um intenso
(1968), livro que diálogo entre professores e
o tornou alunos.
conhecido  O importante é ler o mundo.
mundialmente.
Morreu em 1997,
em São Paulo,
cidade da qual
foi Secretário de
Educação de
1989 a 1991.
241

Apesar da vida  O indivíduo não nasce A ideia de que


curta - morreu pronto nem é cópia do quanto maior for
de tuberculose ambiente externo. Em sua o aprendizado
em 1934, aos 37 evolução intelectual há uma maior será o
anos - o interação constante e desenvolvimento
pensador bielo- ininterrupta entre processos não justifica o
russo teve uma internos e influências do ensino
produção mundo social. enciclopédico. A
intelectual  O aprendizado é essencial pessoa só
intensa. para o desenvolvimento do aprende quando
Formado em ser humano e se dá, as informações
Direito, também sobretudo pela interação fazem sentido
fez cursos de social. para ela.
Medicina,  Para serem assimiladas, as
LEV História e informações têm de fazer
Filosofia. Por sentido. Isso se dá quando Ensinar o que a
VYGOTSKY
motivos elas incidem no que o criança já sabe é
políticos, suas psicólogo chamou de zona pouco
obras foram de desenvolvimento desafiador e ir
censuradas e proximal, a distância entre além do que ela
chegaram ao aquilo que a criança sabe pode aprender é
Ocidente fazer sozinha (o ineficaz. O ideal
apenas nos desenvolvimento real) e o é partir do que
anos 60 - no que é capaz de realizar com ela domina para
Brasil, só no ajuda de alguém mais ampliar seu
início da década experiente (o conhecimento.
de 80. desenvolvimento potencial).
Dessa forma, o que é zona
de desenvolvimento
proximal hoje vira nível de
desenvolvimento real
amanhã. O bom ensino,
portanto, é o que incide na
zona proximal.
242

Para que você possa compreender melhor, vamos apresentar as


ideias destes pensadores na fundamentação da proposta de atividades
com projetos. Confirmará a importância de conhecermos bem as teorias e
seus estudiosos. Verá que o conhecimento nos permite fazer melhores
escolhas, aliás, nos permite fazer escolhas. Não ter conhecimento acaba
nos direcionando pelo caminho de sempre, na maioria das vezes, induzido
por alguém, que com certeza sabe mais do que nós. Lembre-se sempre
de Paulo Freire, de que o conhecimento nos liberta, nos deixa livres para
optar.

Aproveitamos para reforçar este aspecto da sua formação de


professor, que ao terminar este curso não deixe de lado. Entender que
estudar, ler, pesquisar não se encerra no final deste curso. Pois citando
novamente Paulo Freire (1997) “faz parte da natureza da prática docente a
indagação, a busca, a pesquisa. E que em sua formação permanente, o
professor se perceba e se assuma, porque professor, como pesquisador.”

Se o nosso objeto de estudo é a aplicação da pedagogia de projetos,


vamos então conhecer alguns dos seus conceitos. O material de apoio, ou
seja, os livros que embasam esta fase de estudo trazem outras diretivas que
serão consultadas por você, com mediações do professor da disciplina
nesta fase de estudo. Certo?
243

Pedagogia de Projetos

O que é

É abertura para o novo. É aceitar o


desafio e sair da “zona de conforto”.

Na realidade, a pedagogia de projetos é uma opção político-


pedagógica e como parte de uma crítica às formas tradicionais de se lidar
com o processo ensino/aprendizagem, essa opção implica em rever,
repensar e redimensionar toda a nossa prática de educadores, tendo como
referência as nossas concepções de homem, de sociedade, de escola, de
educação, de sujeito, de aluno, de criança, de professor, de cultura, de
conhecimento etc. Implica também em rever, repensar e redimensionar
todos os esteios da nossa ação pedagógica. Temos que rever todas estas
ações:
244

Planejamentos

Recursos Conteúdos

Objetivos Habilidades

Formas De
Procedimentos
Avaliação

Implica ainda em rever, repensar e redimensionar tempos, espaços,


fontes de conhecimento e, sobretudo, relações, posturas e valores que são
veiculados na escola. Diríamos que, na realidade, trabalhar com a
“pedagogia de projetos” é colocar “de pernas para o ar” as formas
tradicionais da escola se relacionar com o aluno e com o conhecimento.
245

E isso dá medo, não dá?


O medo está relacionado
ao desconhecido.

É um sentimento comum nas pessoas. É sair da “zona de conforto”,


como colocamos no início. O que já conhecemos e já sabemos é uma
situação confortável, é tranquila, mas o que não conhecemos nos deixa
desconfortáveis, ansiosos. E questões diversas surgem, vejamos:

MEDO TEMPO DIFICULDADE


246

Estes sentimentos se misturam a questão curricular, pois a aplicação


dessa proposta de trabalho é atravancada, porque necessitamos dar conta
do conteúdo, do material exigido em diversos outros seguimentos fora dos
espaços escolares. Devemos rever nossas posturas dentro das unidades
escolares e refletir o porquê de se desenvolver projetos.

Bom, na realidade, a ideia é que possamos resolver os impasses


quanto ao modo como a escola vem fazendo, trabalhando as disciplinas
isoladas. Este procedimento faz com que o aprendiz tenha uma visão dos
fenômenos dissociados de si próprio. Os conteúdos são divorciados da
realidade do aluno, o que acaba produzindo um conhecimento
desvinculado da vida humana e da sociedade.

O projeto é uma possibilidade de concretização numa situação real,


de todas as nossas crenças e concepções de que na ação pedagógica,
professor e aluno assumem seus papéis de forma natural e com sentido e
significado para ambos. Trabalhar com projetos, como diz Hernandez
(1998), é ensinar para a compreensão. É propiciar ao aprendiz uma visão
do todo, das interações entre as disciplinas, os saberes e os conhecimentos
na realidade e sobre a realidade.

Sônia Kramer (1993) na sua definição de proposta pedagógica afirma


que uma “proposta pedagógica é um caminho, não é um lugar”.
Acreditamos que, da mesma forma, um projeto de trabalho não é um lugar,
é um caminho. Quando dizemos isso, não queremos dizer que é uma
metodologia, com passos previamente definidos. É muito mais uma rota a
ser construída por professor e aluno, através de uma negociação continua
durante a qual ambos opinam, propõem, discutem e argumentam.

Os conteúdos, em uma proposta por projetos, passam a ser


instrumentos culturais valiosos para a compreensão e intervenção da
realidade, pois são trabalhados de forma contextualizada, com sentido e
significado na aprendizagem dos alunos. Têm sua função social e
247

importância melhor percebidas pelos alunos. São determinados pela


necessidade e não por critérios artificiais. Alguns são trabalhados de forma
sistemática e aprofundada. Outros são trabalhados no nível de um contato
mais superficial. Nem “acabam” nem se desvalorizam nos projetos.
Adquirem sim, um novo significado.

Desta forma, ao desenvolver projetos há uma


redefinição de papéis. O papel do aluno deixa de ser
o de consumidor de conhecimentos escolares que
lhe são fornecidos “em conta gotas” e passa a ser o
de selecionador de conhecimentos, instrumentos e
fontes necessários à produção de um conhecimento
novo que possa humanizá-lo, oferecendo-lhe
elementos para seu autoconhecimento e
transformação do mundo próximo, que cada vez mais
vai se ampliando.

Ao aplicarmos a pedagogia de projetos na sala de aula se


transformam os agentes diretos: os aluno e professores não são os
mesmos, veja as alterações que ocorrem nos alunos e nos professores:
248

ALUNOS:

• Colocam suas experiências pessoais, sua bagagem


cultural a serviço do projeto;
• Dão sua opinião, lidam com vários pontos de vista;
• Dialogam com os colegas, com professores, com
seus familiares;
• Argumentam e fazem pesquisa;
• Aprendem a buscar informações em diferentes fontes;
• Entrevistam especialistas no assunto;
• Propõem encaminhamentos;
• Aprendem não só a lidar com a informação, mas
aprendem a conviver em grupo;
• Participam do processo de tomada de decisões;
• Registram seu trabalho;
• Avaliam seu processo;
• Tornam-se mais autônomos e responsáveis pelo seu
próprio processo de construção de conhecimento.

PROFESSORES:

 Coordena o processo, sem impor uma única lógica: a


sua;
 Deixa de planejar a partir de tempos recortados,
organizando seu tempo de forma global;
 Cria um espaço coletivo de investigação, de estudo,
de convivência (formula perguntas para os alunos
questionarem suas próprias hipóteses, traz
informações).
249

Mas o papel do professor também muda. Deixa de ser o de


transmissor, o daquele que passa informações, para ser o daquele que
ajuda o aluno a se inserir na cultura e produzir conhecimentos, que
monitora o processo, que coordena e faz a mediação entre a cultura, as
fontes de conhecimento e o aluno, ajudando-o a refletir sobre o seu próprio
processo e o mundo que o cerca. Para tanto, é necessário abandonar as
formas de trabalho adulto-centradas, criando um coletivo de trabalho em
que o diálogo pedagógico seja o instrumento mais valioso.

Portanto, ter um papel redefinido na sua atuação como professor


implica em compreender mais e melhor tudo aquilo que retomamos no
início sobre processos de aprendizagem, sobre as teorias que explicam
como ocorre a construção do conhecimento. Tudo implica também em
novas propostas metodológicas, novas abordagens com seus alunos.

Algumas responsabilidades devem ser definidas ao propor a


pedagogia de projetos, sendo assim, o professor fica responsável pelo
tema, pois é o seu olhar, é o seu ouvido atento às manifestações de seus
alunos, são as suas estratégias para instigá-los que evidenciarão os
assuntos a serem pesquisados. Outro ponto importante a ser tratado sobre
os processos que envolvem a pedagogia de projetos são os equívocos que
ocorrem com frequência. Segue alguns desses equívocos para que você
não corra o risco de comprar “gato por lebre”:
250

 A coordenação “estabelece” um tema para se


trabalhar um projeto.
 No projeto “estabelecido”, o professor não
enxerga uma relação entre seus conteúdos atuais e o
tema do projeto.
 Quando existe uma relação entre o conteúdo e o
tema do projeto, essa é tratada de forma dissociada
da realidade do aluno.
 O aluno não é convidado para fazer as relações
entre as disciplinas e com sua realidade.
 Todas as disciplinas precisam trabalhar.
 Na realização do trabalho, os professores não se
reuniram, não interagiram e não definiram onde e
quando serão demonstradas aos alunos as relações
interdisciplinares.
 Não foi estabelecido um objetivo geral (comum)
para que funcionasse como um elo entre as
disciplinas.
 Não se desenvolveu uma atitude interdisciplinar
entre os envolvidos.
251

Entendemos que um projeto de trabalho inicia-se quando temos


questões específicas para serem investigadas ou algo novo a ser feito. É
necessário que sempre se tenha uma ou mais questões que nos desafiem
a pensar e buscar um conhecimento novo que nos transforma,
transformando também, o nosso entorno.

Nesse sentido, há dois tipos de projetos: projetos de investigação e de


empreendimento.

1. PROJETOS DE INVESTIGAÇÃO
São projetos que nascem de uma curiosidade intelectual dos alunos,
de um desejo de compreender o mundo e de compreender-se neste
mundo. As temáticas destes projetos surgem da cultura e das vivências
culturais a que os alunos estão expostos, quando o professor é também um
investigador da realidade e o tempo todo os desafia a pensar sobre o
mundo e a compreendê-lo para transformá-lo. Estes projetos surgem
quando o professor, vendo-se como sujeito sociocultural, também
consegue ver o aluno desta maneira. Professores que não se perguntam,
não são capazes de despertar a curiosidade de seus alunos. Professores
que não têm suas próprias indagações são incapazes de ter sensibilidade
para as perguntas dos seus alunos.

Os projetos de investigação não surgem do nada. Só conseguimos


fazer perguntas se a realidade que nos circunda for constituída de
elementos observáveis da natureza e da cultura que nos provocam, que
aguçam a nossa sensibilidade. Conteúdos escolares, da forma como na
maioria das vezes são apresentados, não conseguem instigar o aluno por
serem muito simples e não exigirem nenhum esforço para sua
compreensão, a não ser a sua capacidade de memória e de reprodução.
Os projetos são atividades complexas e, como tal, devem ser trabalhados
porque a realidade é complexa e nós somos seres complexos. É muito
252

importante que o aluno assim se perceba e, desde cedo, perceba a


realidade onde se encontra inserido.

Os projetos de investigação têm o objetivo de investigar um fato ou


realidade. Ex.: Flores servem para comer? Este bichinho é caracol ou
caramujo? O que podemos fazer para evitar a gravidez precoce nas garotas
do bairro? Como podemos ganhar dinheiro usando os recursos que o
bairro oferece? O que pode ser feito para melhorar as condições do
mangue próximo à escola?

2. PROJETOS DE EMPREENDIMENTO

São projetos que surgem da necessidade de produzir algo, de um


sonho que precisa ser realizado. Como diz Dolabela (2003) ”nascemos
empreendedores, alguns mais outros menos, mas a maneira que a escola
desenvolve seu trabalho inibe esta característica.”

Empreender significa criar novas propostas, inventar novos produtos


ou processos, produzir novas teorias, engendrar melhores concepções de
representação da realidade ou tecnologias sociais, enfim, modificar a
realidade para dela obter a autorrealização e oferecer valores positivos para
a coletividade.

Isto quer dizer que em um estudo sobre dengue, por exemplo, alguns
alunos percebam a necessidade de manter um jornal mural na escola que
leve informações constantes sobre a prevenção. E que este mural passe a
ser um espaço, não só para a dengue, mas para outros temas que atendam
a realidade no qual estão inseridos.

Podemos também ter um grupo que está estudando sobre as


doenças sexualmente transmissíveis e descubra no teatro a forma de
alertar os demais colegas adolescentes para os benefícios do sexo seguro.
253

E que depois, percebam o teatro como forma lúdica para qualquer assunto
que queiram alertar ou fortalecer.

Os projetos de empreendimento têm assim, o objetivo de realizar de


uma determinada tarefa. Ex.: teatro, livro, maquete, campeonato, jornal etc.

Já está entendendo
melhor? Então continue sua
leitura, pois agora vamos
oferecer a você uma forma de
registrar o passo a passo do
acontecimento de um projeto.

Para organizar um projeto devemos, em primeiro momento, nos reunir


com os alunos e definir o que será investigado, em seguida, diagnosticar
os conhecimentos que os alunos envolvidos na pesquisa sabem acerca
do objeto de estudo.

Sugerimos um quadro a ser preenchido com os alunos, nesta fase

inicial.
254

O QUE SABEMOS O QUE QUEREMOS COMO SABER

SABER

A seguir, uma proposta de Nogueira (2001):

PROPOSTA DE ESTRUTURAÇÃO DO PROJETO

• Proposta ou apresentação:
– Antecipa o conteúdo do projeto e explicita o produto a
ser desenvolvido
• Justificativa
– Explicita:
 A escolha do tema
 De que forma o projeto contempla aprendizagens
significativas
 De que forma se relaciona ao momento de
aprendizagem dos alunos
 Os objetivos da série ou ciclo que estarão em jogo na
execução do projeto
 O que vão aprender
– Definir os objetivos e conteúdos do projeto
255

– Definir os objetivos didáticos (conceituais,


procedimentais e atitudinais) relacionados às
disciplinas envolvidas.
– Definir o produto
 Como vai se desenvolver o projeto
– Atividades mencionando os objetivos a serem
atingidos
– Organizar sequências de atividades ideais para
aprendizagens em questão
– Orientações didáticas
 Avaliação do aluno e do professor
– Indicadores relacionados aos objetivos e conteúdos
do projeto.
256

4.26 Temas do Glossário a serem explorados no 6º período

1. Educação e Diversidade

2. Inovações na sala de aula

3. Integração de saberes: Transdisciplinaridade, Interdisciplinaridade e


Multidisciplinaridade e prática pedagógica.

4. Projetos escolares e pedagogia de projetos

5. Relação professor e aluno


257

Referências Bibliográficas

Bibliografia Básica

BETTO, Frei. Alfabeto: autobiografia escolar. 1a ed. 1a impr. São Paulo: Ática,
2002.

BUSQUETS, Maria Dolors. Temas transversais em educação. 6. ed. Sp:


Ática, 2001.

DALMAS, Ângelo. Planejamento participativo na escola. 4. ed. Petrópolis:


Vozes, 1994.

FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade: História, teoria e


pesquisa. 8. ed. Campinas: Papirus, 2001.

FREIRE, Paulo Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra,


1970.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia - Saberes necessários à prática


educativa. São Paulo, Brasil: Paz e Terra (Coleção Leitura), 1997.

GARDNER, Howard. A nova ciência da mente. Sp: Edusp, 1996.

GROSSI, Esther Pillar Coord. Vanguardas pedagógicas: lições de um


processo. Rio Grande do Sul: Edelbr, 2003.

HERNÀNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os


projetos de trabalho. Fernando Hernández. Trad. Jussara Haubert
Rodrigues. Porto Alegre: Artmed, 1998.
258

KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e ensino presencial e a distancia. 2.


ed. Campinas: Papirus, 2003.

LIBÂNEO, José Carlos. Educação escolar: políticas, estrutura e organização.


São Paulo: Cortez, 2007.

PERRENOUD, P. A prática reflexiva no ofício de professor:


profissionalização e razão pedagógica. Porto Alegre: Artes Médicas. 2002.

PETRAGLIA, Izabel Cristina. Edgar Morin: A educação e a complexidade


do ser e do saber. 9ª. ed. Petrópolis: Vozes, 2005.

RAMOS, Roberto Carlos. Arte de construir cidadãos, A: as 15 lições da


pedagogia do amor. São Paulo: Celebris, [S.d].

SACRISTAN, J. Gimeno. Compreender e transformar o ensino. 4. ed. Porto


Alegre: Artmed, 2000.

SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O pequeno príncipe. 48. ed. Rio de Janeiro:


Agir, 2000.

SAVATER, Fernando. Ética para meu filho ed. - São Paulo: Martins Fontes,
2004.

VASCONCELOS, Celso dos Santos. Construção do conhecimento em sala


de aula. 18. ed. São Paulo: Libertad, 2009.

VASCONCELOS, Celso dos Santos. Planejamento: Projeto de ensino-


aprendizagem e projeto político-pedagógico. 21. ed. São Paulo: Libertad,
2010.
259

Bibliografia Complementar

ALARCÃO, Izabel. Escola Reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre:


Artmed, 2001.

Alves, Rubem . A Escola Com Que Sempre Sonhei Sem Imaginar Que
Pudesse Existir. Campinas, Sp: Papirus, 2001.

ALVES, Rubem. A casa de Rubem Alves. Disponível em<


http://www.rubemalves.com.br/conversacomeducadores.htm> acessado
23.04.2011.

ARAGÃO. Rodrigo Moura Lima de. ASPECTOS-CHAVE PARA A INOVAÇÃO


NA SALA DE AULA. REVISTA ESPAÇO ACADÊMICO, Nº 62, JULHO/2006.

AZENHA, Maria das Graças. Construtivismo: de Piaget a Emília Ferreiro. 8ª.


Ed. São Paulo: Ática, 2006.

BARBOSA, Laura Monte Serrat. Temas Transversais: como utilizá-los na


prática educativa. Curitiva: Ibpex, 2007.

BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai


Leskov. In: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história
da cultura. 2ª. São Paulo: Brasiliense, 1985.

BOFF, Leonardo. A águia e a Galinha - Uma metáfora da condição humana.


Vozes. 40ª ed. Petrópolis, 2003.

BRASIL. Lei 5.692/71, Lei de Diretrizes e Bases Da Educação Nacional.


Brasília: CFE, 11 de Agosto de 1971.

BRASIL. Lei nº 9.394, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.


Brasília: CFE, 20 de dezembro de 1996.

CUNHA, L.A. Desenvolvimento desigual e combinado no ensino superior:


Estado e mercado. Campinas: Educação & Sociedade , v. 25, n. 882004.
260

CURY, C. R, J. Educação e contradição. São Paulo, Cortez/Autores


Associados, 1985.

DOURADO, L. F; DUARTE, M. R. T. PROGESTÃO: como promover, articular e


envolver a ação das pessoas no processo de gestão escolar? 1 ed. Volume
1. Brasília: CONSED, 2001.

FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. A pesquisa em Educação e as


transformações do conhecimento. Campinas, SP: Papirus, 1995.

FIDALGO, Fernando; OLIVEIRA, Maria Auxiliadora M. ; FIDALGO, Nara


Luciene Rocha. A intensificação do trabalho docente: Tecnologias e
produtividades. Campinas, SP: Papirus, 2009.

FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São
Paulo: Olho d’água, 1997.

GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre, Ed. Artes


Médicas, 2000.

GANDIN, Danilo. Planejamento como prática educativa. 7.ed. São Paulo:


Loyola,1994.

GATTI, Bernardete; BARRETTO, Elba Siqueira de Sá. Professores no Brasil:


impasses e desafios. Brasília: Unesco, 2009.

GIROUX, HENRY A. Os professores como intelectuais, Porto Alegre : Artes


Medicas, 1997.

GROSSI, Esther Pillar Coord. Vanguardas pedagógicas: lições de um


processo. Rio Grande do Sul: Edelbr. 2003.

HERNÁNDEZ, Fernando. Repensar a função da escola a partir dos projetos


de trabalho. In: Revista Pátio. Ano 2, n.6, p.27-31, ago/ out 1998.

HESSE, Hermann. Quem pode amar é feliz. São Paul: Record, 2008.
261

IMBERNÓN, Francisco. Educação do sec. XXI. 2ª. Ed. Porto Alegre: Artmed,
2000.

JARDIM, João; TAMBELLINI, Flávio R. Pro dia nascer feliz. [Filme-vídeo].


Produção de Flávio R. Tambellini, direção de João Jardim. Copacabana
Filmes, 2007. DVD, 88 min. Documentário.

JUNIOR, Francisco Ramalho; FRAGA, Denise; VILLAÇA, Luiz. O Contador de


histórias. [Filme-vídeo]. Produção de Francisco Ramalho Jr., Denise Fraga,
direção de Luiz Villaça. Warner Bros, 2009. DVD, 100 min. Drama.

KENSKI, Vani Moreira. Educação e Tecnologias: O novo ritmo da


informação. Campinas, SP: Papirus, 2007.

KRAMER, Sonia. Por entre as pedras: arma e sonho na escola, São Paulo,
Ática, 1993.

KULLOK, Maisa Gomes Brandão. Formação de professores para o


próximo milênio: novo lócus?. São Paulo: Annablume, 2000.

LANKSHEAR, Colin; Knobel, Michele. Pesquisa pedagógica: do projeto a


implantação. Porto Alegre: Artmed, 2008.

LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora?: novas


exigências educacionais e profissão docente. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2000.

MANTOAN, Maria T. Eglér. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como


fazer? São Paulo: Ed. Moderna, 2003.

MELLO, Guiomar Namo de. Autonomia da Escola: possibilidades, limites e


condições. In: Qualidade, Eficiência e Equidade na Educação Básica.
Cândido Alberto Gomes; José Amaral sobrinho (Orgs.) - Brasília: IPEA, 1992.

MENESES, Gilda. Como usar as outras linguagens na sala de aula. São


Paulo: Contexto, 2010.

MORAES, Maria Cândida. O Paradigma Educacional Emergente. Campinas:


Papirus, 1997.
262

MORIN, E. Os sete saberes necessários à Educação do Futuro. São Paulo:


Cortez Editora: 2000.

MORIN, Edgar. A cabeça bem feita. Tradução: Eloá Jacobina. Rio de


Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia de projetos. São Paulo: Àtica, 2001.

PARRAT-DAYAN, Silvia. Como enfrentar a indisciplina na escola. São Paulo:


contexto, 2008.

PASSOS. Ilma A; AMARAL, Veiga/Ana Lucia. Formação de


professores: políticas e debates. Campinas: Papirus Editora, 2002.

PIMENTA, Selma G. (org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. São


Paulo: Cortez. 1999.

PINSKY, JAIME. 12 FACES DO PRECONCEITO. São Paulo: Editora


Contexto, 1999.

REIS, Marlene Barbosa de Freitas. Interdisciplinaridade na prática


pedagógica: um desafio possível. REVELLI Revista de Educação,
Linguagem e Literatura da UEG - Inhumas- v. 1, n. 2, outubro de 2009.

RIOS, Terezinha Azevêdo. Ética e competência, 14 ª Ed. São Paulo: Cortez,


2004.

SACRISTAN, J. Gemano; GÓMEZ, A.I. Pérez. Compreender e transformar o


ensino. 4ª. Ed. Artmed, 1998.

SACRISTÁN , J. GIMENO. O Currículo: uma reflexão sobre a prática. 3ed.


Porto Alegre: Artmed, 2000.

SANCHO, Joana Maria. Tecnologias para transformar a educação. Porto


Alegre: Artmed, 2006.

SANCHO, Joana Maria. Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre:


ArtMed, 1998.
263

SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. São Paulo: Cortez,1984.

SCHÖN, D.A. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para o


ensino e a aprendizagem. Trad.Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed,
2000.

VEIGA, I. P. A. Projeto político-pedagógico da escola: uma construção


possível. 15.ed. Campinas: Papirus Editora, 2002.

VEIGA, I. P. A. Aula: Gênese, Dimensões, princípios e práticas. Campinas, SP:


Papiros, 2008.

ZANETTE, Renata. A educação transformadora. - Faculdade Vale do


Cricaré- São Mateus- ES- disponível em

<http://stoa.usp.br/rudisantos/files/339/1744/A+Educa%C3%A7%C3%A3o+T
ransformadora.htm> acessado em 04.01.2012.

Você também pode gostar