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SOCIAL
UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Hiandra B. Götzinger Montibeller
Prof.ª Izilene Conceição Amaro Ewald
Prof.ª Jociane Stolf
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
364.15
B1263r Backes, Betina Ines.
Responsabilidade Social /
Betina Ines Backes.
Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Indaial : Grupo UNIASSELVI, 2009. x
93 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7830-216-0
APRESENTAÇÃO.......................................................................7
CAPÍTULO 1
Responsabilidade Social:
Histórico, Evolução E Conceitos ................................................9
CAPÍTULO 2
Temáticas Relacionadas a Responsabilidade Social.....................31
CAPÍTULO 3
Indicadores de Responsabilidade Social......................................51
CAPÍTULO 4
Responsabilidade Social:
Cenário Atual, Desafios e Tendências........................................81
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
Por outro lado, há, também, o indicativo dos resultados econômicos que
as organizações podem obter ao investirem em programas de responsabilidade
social. Uma conduta socialmente responsável pode trazer ganhos de reputação
e imagem, pois ajuda a empresa a reforçar sua ligação com a comunidade local
e com seus colaboradores, ou seja, a responsabilidade social pode aumentar
a competitividade das empresas. Também pode trazer ganhos de capital e
oportunidades de negócio, além de ter um efeito positivo no valor de mercado da
empresa (BACKES, 2008).
Por fim, desejamos a você um ótimo estudo e que, ao finalizar o seu curso
de pós-graduação, consiga aplicar, desenvolver e aprimorar ainda mais os seus
conhecimentos e, principalmente, aplicá-los no seu dia-a-dia e, assim, alcançar
novos objetivos e vencer desafios em sua trajetória profissional.
A autora.
C APÍTULO 1
Responsabilidade Social:
Histórico, Evolução e Conceitos
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Capítulo 1 RESPONSABILIDADE SOCIAL:
HISTÓRICO, EVOLUÇÃO E CONCEITOS
ConTeXTuALiZAção
Responsabilidade social (RS) é um termo que você já deve ter escutado
muitas vezes. Também já deve ter ouvido frases como “Aquela empresa tem
responsabilidade social” ou, ainda, “A empresa X é socialmente responsável”.
No entanto, para poder compreender melhor este contexto, é importante
saber o que é responsabilidade social, do que se trata e como surgiu no meio
empresarial.
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Responsabilidade Social
De acordo com Duarte e Dias (1986), foi nos anos de 1960 que este
tema começou a ganhar espaço nos Estados Unidos. Artigos começaram a
ser publicados em jornais e em revistas especializados. Já nos anos de 1970,
o interesse pela RS continuou, porém com ênfase na ética empresarial e
na qualidade de vida no trabalho, ou seja, as empresas, naquele momento,
começaram a buscar o “aperfeiçoamento e criação de novas técnicas e modelos
de avaliação do desempenho da empresa no campo social”. (DUARTE; DIAS,
1986, p. 44).
Vinda dos Estados Unidos, no final dos anos de 1960, a discussão se ampliou
para a Europa, e, rapidamente, as ideias se propagaram. Foi nos anos de 1970
que surgiram os primeiros estudos e, “no ano fiscal de 1971-72, é feita a primeira
tentativa de elaboração de um Balanço Social, avaliando o desempenho da
Companhia STEAG na área social” (DUARTE; DIAS, 1986, p. 45). Entretanto, foi
na França que, em 1977, após um debate público sobre avaliação do desempenho
das empresas na área social, ocorreu a regulamentação de uma lei obrigando as
empresas com mais de trezentos empregados a fazerem balanços sociais sobre
mão de obra e condições de trabalho. É atribuída bastante importância a esse
fato, pois, nessa ocasião, foi publicado o primeiro Balanço Social.
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Capítulo 1 RESPONSABILIDADE SOCIAL:
HISTÓRICO, EVOLUÇÃO E CONCEITOS
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Responsabilidade Social
Atividade de Estudos:
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Capítulo 1 RESPONSABILIDADE SOCIAL:
HISTÓRICO, EVOLUÇÃO E CONCEITOS
SurGimenTo e evoLução dA
reSPonSAbiLidAde SoCiAL no brASiL
Até aqui, estudamos um pouco sobre como e quando surgiu o movimento da
responsabilidade social no cenário mundial e como se intensificou. E no Brasil?
Você sabe quando começou a se falar em responsabilidade social? Veremos isto
a partir de agora.
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Responsabilidade Social
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Capítulo 1 RESPONSABILIDADE SOCIAL:
HISTÓRICO, EVOLUÇÃO E CONCEITOS
Fonte: Adaptado de Schommer e Rocha (2007, p. 6-7 apud BACKES, 2008, p. 34).
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Responsabilidade Social
No final dos anos de Até aqui, é possível perceber que, no final dos anos de 1990, o
1990, o movimento da
movimento da responsabilidade social teve forte impulso no Brasil.
responsabilidade social
teve forte impulso no O surgimento de diversas organizações não-governamentais
Brasil. O surgimento de (como as descritas no quadro 1) e o desenvolvimento do Terceiro
diversas organizações Setor intensificaram esse movimento. Para Tenório (2006),
não-governamentais e o como consequência, a partir desse período, surgiram termos e
desenvolvimento do Terceiro expressões, como filantropia, cidadania empresarial, ética nos
Setor intensificaram esse
negócios e responsabilidade social, os quais foram incorporados
movimento.
ao vocabulário das empresas.
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Capítulo 1 RESPONSABILIDADE SOCIAL:
HISTÓRICO, EVOLUÇÃO E CONCEITOS
PERÍODO EVENTOS
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Responsabilidade Social
Atividade de Estudos:
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Capítulo 1 RESPONSABILIDADE SOCIAL:
HISTÓRICO, EVOLUÇÃO E CONCEITOS
Podemos afirmar que ainda não há uma definição exata e totalmente aceita
para responsabilidade social. Para Ashley (2002), o conceito de RS ainda não
está consolidado; está em fase de construção. Para Melo Neto e Brennand
(2004), definir responsabilidade social é uma tarefa difícil. Essa dificuldade se dá,
em parte, pela relação que a RS tem com outras questões importantes, tais como
ética, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, dentre outras. Além
disso, os autores entendem que, para definir RS, primeiramente é necessário
responder a questões como: “[...] Responsabilidade Social para quem? Da
empresa, da comunidade, dos cidadãos, dos clientes, dos parceiros do negócio
ou do governo?” (MELO NETO; BRENNAND, 2004, p. 2).
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Responsabilidade Social
VISÃO ENTENDIMENTO DE R$
Dever e compromisso da empresa em assumir
Atitude e comportamento empresarial uma atitude transparente, responsável e ética
ético e responsável em suas relações com os diversos públicos-
alvo.
Vista como um conjunto de valores, incorpora
não apenas conceitos éticos, mas também
Conjunto de valores
uma série de outros conceitos que lhe dão
sustentabilidade.
Centrada na valorização de seu negócio e vista
Postura estratégica empresarial como ação social estratégica que gera retorno
positivo para os negócios.
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Capítulo 1 RESPONSABILIDADE SOCIAL:
HISTÓRICO, EVOLUÇÃO E CONCEITOS
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Responsabilidade Social
FONTE CONCEITO
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Capítulo 1 RESPONSABILIDADE SOCIAL:
HISTÓRICO, EVOLUÇÃO E CONCEITOS
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Responsabilidade Social
Atividade de Estudos:
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Capítulo 1 RESPONSABILIDADE SOCIAL:
HISTÓRICO, EVOLUÇÃO E CONCEITOS
3) A partir do que você estudou até aqui sobre o que é RS, compare
a prática de algumas empresas que conhece com o conceito de
responsabilidade social.
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ALGumAS ConSiderAçÕeS
Chegamos ao final deste primeiro capítulo. O que apresentamos até aqui
em relação ao surgimento e à evolução da RS nos cenários mundial e brasileiro
foi para poder compreender melhor a abrangência e a importância deste tema
no cenário atual. Ressaltamos fatos e nomes marcantes que contribuíram para o
aprimoramento da visão sobre RS das empresas. Quando focamos o surgimento
da RS no Brasil, percebemos o quanto ela é recente e, ao mesmo tempo, quanta
coisa já foi feita em prol desse movimento.
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Responsabilidade Social
referênCiAS
ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2002.
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Capítulo 1 RESPONSABILIDADE SOCIAL:
HISTÓRICO, EVOLUÇÃO E CONCEITOS
RODRIGUES, Maria Cecília Prates. Ação social das empresas privadas: uma
metodologia para avaliação de resultados. 2004. 267 f. Tese (Doutorado em
Administração) - Fundação Getúlio Vargas / EBAPE, São Paulo, 2004.
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TENÓRIO, Fernando Guilherme (Org.). Responsabilidade social empresarial:
teoria e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.
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Capítulo 2 TEMÁTICAS RELACIONADAS A RESPONSABILIDADE SOCIAL
ConTeXTuALiZAção
A partir do que foi abordado no capítulo anterior – o surgimento da
responsabilidade social e os fatores que influenciaram sua expansão até os dias
de hoje –, como você avalia o seu conhecimento sobre RS? Havia clareza do que
realmente é responsabilidade social? Esperamos que você tenha ampliado o seu
conhecimento sobre este tema tão difundido nos dias de hoje.
Para você, há relação entre ética e RS? Este é o primeiro tema a ser
mencionado, e seu foco está nos comportamentos e ações empresariais, em seus
valores e princípios. A RS suscita comportamentos éticos das empresas, embora
nem sempre uma empresa socialmente responsável seja ética.
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Responsabilidade Social
ÉTiCA
O termo ética possui várias definições. Para Daft (1999, p. 83), a “ética é o
código de princípios e valores morais que governam o comportamento de uma
pessoa ou grupo quanto ao que é certo ou errado.” Porém, o autor ressalta que
esse termo, no contexto das empresas, diz respeito aos valores internos nela
existentes e que influenciam suas decisões.
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Capítulo 2 TEMÁTICAS RELACIONADAS A RESPONSABILIDADE SOCIAL
MARKETING SoCiAL
Responsabilidade social e marketing social muitas vezes são confundidos, o
que exige que os diferenciemos.
Orientação
de Marketing
societal
Consumidores Empresa
(satisfação dos desejos) (lucros)
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Capítulo 2 TEMÁTICAS RELACIONADAS A RESPONSABILIDADE SOCIAL
TIPO DESCRIÇÃO
Marketing social
Apoia campanhas de mudança de comportamento.
corporativo
Promove questões sociais por meio de esforços, como patrocí-
Marketing de causas
nios, acordos de licenciamento e propaganda.
TIPOS DE
MARKETING CARACTERÍSTICAS
SOCIAL
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Responsabilidade Social
Fonte: Adaptado de Melo Neto e Froes (1999, p. 156-163 apud BACKES, 2008, p. 67).
“O verdadeiro marketing
social atua fundamentalmente Portanto, de acordo com os autores, há o marketing
na comunicação com os social (ético, firme e responsável) e o marketing de causa
funcionários e seus familiares, (deformador, oportunista, de curta visão). “O verdadeiro
com ações que visam a marketing social atua fundamentalmente na comunicação
aumentar comprovadamente com os funcionários e seus familiares, com ações que visam
o seu bem-estar social e o da
a aumentar comprovadamente o seu bem-estar social e o da
comunidade.” (MELO NETO;
FROES, 1999, p. 74). comunidade.” (MELO NETO; FROES, 1999, p. 74). Essas
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Capítulo 2 TEMÁTICAS RELACIONADAS A RESPONSABILIDADE SOCIAL
Porter e Kramer (2005) alertam que o marketing social está mais voltado para
a publicidade do que para o impacto social. O seu objetivo é passar uma imagem
mais simpática da empresa, ao invés de melhorar a sua capacidade competitiva.
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Responsabilidade Social
Atividade de Estudos:
40
Capítulo 2 TEMÁTICAS RELACIONADAS A RESPONSABILIDADE SOCIAL
STAKEHOLDERS
O termo stakeholder se popularizou com a “Teoria dos Stakeholders”,
proposta por Edward Freeman (1984). Para o autor, da mesma forma que as
empresas são influenciadas pelas pessoas ou grupos de pessoas, impactam
diretamente na vida delas.
Para Duarte e Dias (1986), além dos acionistas, vários outros atores compõem
a realidade da empresa e mantêm com ela alguma forma de intercâmbio. São
chamados de parceiros das empresas (acionistas, empregados, fornecedores,
clientes, concorrentes, governo, grupos e movimentos e comunidade), pois não
só demandam das empresas, mas também contribuem com ela.
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Responsabilidade Social
Numa visão mais atual de um stakeholder, este pode ser traduzido como
detentor de interesse ou parte interessada. Isso inclui os stakeholders internos
(empregados), da cadeia de valor (fornecedores e clientes) e externos
(comunidade, investidores, organizações não-governamentais, órgãos públicos,
reguladores, imprensa e, até, futuras gerações).
Vale ressaltar que o engajamento dos stakeholders na empresa pode ser uma
ferramenta valiosa. Trata-se de um processo de envolver ativamente os diversos
grupos sociais nas atividades da empresa, no sentido de obter mais compreensão
e interação, isto é, não basta informar o público sobre as atividades e operações
da empresa. É necessário que a empresa “envolva ativamente seus stakeholders
por meio do diálogo e de outros mecanismos de informação e consulta”.
(ALMEIDA, 2007, p. 158). Portanto, o engajamento com os stakeholders, a partir
de um estreito relacionamento e diálogo constante, é uma questão estratégica de
negócio para as organizações.
deSenvoLvimenTo SuSTenTáveL
Para entender melhor os termos desenvolvimento sustentável e
sustentabilidade, é preciso resgatar alguns acontecimentos importantes que
deram origem, primeiramente, ao desenvolvimento sustentável e, num sentido
mais amplo e atual, ao termo sustentabilidade.
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Responsabilidade Social
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Capítulo 2 TEMÁTICAS RELACIONADAS A RESPONSABILIDADE SOCIAL
SuSTenTAbiLidAde
Agora que já estudamos o que é desenvolvimento sustentável e como surgiu
este termo, falaremos sobre sustentabilidade. Conforme já foi comentado, sua
origem está no próprio desenvolvimento sustentável.
http://www.sustentabilidade.org.br
45
Responsabilidade Social
Mas, como entender e fazer isso na prática? Talvez, em seu meio, a prática
mais visível de RS sejam os projetos sociais desenvolvidos pelas empresas. E então
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Capítulo 2 TEMÁTICAS RELACIONADAS A RESPONSABILIDADE SOCIAL
Atividade de Estudos:
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Responsabilidade Social
ALGumAS ConSiderAçÕeS
Neste capítulo, entendemos que a gestão da responsabilidade social
abrange outros temas, bastante difundidos entre as empresas. Portanto,
entendê-los é de suma importância para avaliar algumas questões e equívocos
sobre a RS.
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Capítulo 2 TEMÁTICAS RELACIONADAS A RESPONSABILIDADE SOCIAL
referênCiAS
ALMEIDA, Fernando. Os desafios da sustentabilidade: uma ruptura urgente.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
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sustentabilidade no âmbito da gestão social: reflexões a partir de duas
práticas sociais. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – ENANPAD, 29.,
17/21 set. 2005, Rio de Janeiro.
RODRIGUES, Maria Cecília Prates. Ação social das empresas privadas: uma
metodologia para avaliação de resultados. 2004. 267 f. Tese (Doutorado em
Administração) - Fundação Getúlio Vargas/EBAPE, São Paulo, mar. 2004.
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Capítulo 3 INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
ConTeXTuALiZAção
Até aqui, acreditamos que pudemos contribuir para ampliar sua visão
sobre a RS e o que ela abrange. Embora, num primeiro momento, pareça
simples, investir em RS é complexo e requer das empresas clareza de
objetivos e formas de monitorar e avaliar resultados. Isto significa que, assim
como uma empresa tem objetivos e metas definidos para o seu negócio e
desenvolve mecanismos para fazer esse acompanhamento, precisa tê-los e
desenvolvê-los para alcançar os resultados desejados com os investimentos e
práticas de RS.
No seu dia a dia ou, talvez, na empresa em que você trabalha, há algum
indicador de RS que você tenha conhecimento? Estudaremos isto neste capítulo,
ou seja, estudaremos os meios que as empresas utilizam para monitorar e avaliar
sua gestão social, o que requer indicadores adequados.
Além desses indicadores, existem algumas diretrizes globais com foco nas
problemáticas sociais. Como muitas empresas têm incluído essas questões em
suas práticas sociais, é relevante conhecê-las também. Portanto, finalizaremos o
capítulo abordando a Carta da Terra, as Metas do Milênio e o Pacto Global.
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Responsabilidade Social
indiCAdoreS
Também chamados de medidas de desempenho, indicadores
Também chamados de
medidas de desempenho, são dados e informações que permitem definir, por meio de
indicadores são dados análises, os cenários para determinadas situações. “Um indicador
e informações que é o estabelecimento de uma medida de desempenho, através de
permitem definir, por meio métricas mensuráveis.” (ZARPELON, 2006, p. 22).
de análises, os cenários
para determinadas
Moreira (2002, p. 15) destaca a diferença entre indicador e
situações.
medida. A medida é um tributo, qualitativo ou quantitativo, e é usada
para “verificar ou avaliar algum produto por meio de comparação
com um padrão (grandeza de referência)”. Já o indicador é o resultado de uma
medida ou de mais medidas que “tornam possível a compreensão da evolução do
que se pretende avaliar a partir dos limites (referências ou metas) estabelecidos”.
(MOREIRA, 2002, p. 15).
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Capítulo 3 INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
Melo Neto e Froes (2001) apontam três dimensões que devem ser
consideradas na avaliação da responsabilidade social corporativa, que são:
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Responsabilidade Social
Para Melo Neto e Froes (2001), quanto maior a participação da empresa nas
três dimensões, maior e melhor será a sua gestão da responsabilidade social.
Porém, para monitorar e avaliar a gestão da responsabilidade social, é
necessário definir e utilizar indicadores. Portanto, cabe a cada organização
verificar quais são adequados à sua realidade, com a possibilidade de optar
por indicadores próprios ou por algum indicador padrão de mercado.
Atividade de Estudos:
1) Com base no que leu até aqui, responda: para você, o que é um
indicador?
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Capítulo 3 INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
Apenas para exemplificar esta questão, uma empresa pode utilizar o “número
de reclamações recebidas” como um indicador para avaliar seu produto ou
serviço. Pode utilizar, também, o “número de contratações e/ou demissões”
para avaliar questões relacionadas aos funcionários. Outro exemplo seria utilizar
a “quantidade de produtos com defeitos” para avaliar a otimização do seu
processo produtivo e, ainda, o “número de crianças atendidas com determinado
projeto”, quando o objetivo é avaliar algum projeto social. Enfim, uma empresa
pode desenvolver critérios próprios para avaliar seu desempenho; o que
não pode é deixar de monitorar constantemente sua gestão.
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Responsabilidade Social
Iniciativa
Setorial
Internacional – • Princípios do Equador
Setor
Financeiro
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Capítulo 3 INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
bALAnço SoCiAL
No Brasil, a ideia de elaborar um Balanço Social surgiu na década de 1980,
tendo o sociólogo Herbert de Souza (Betinho) como grande defensor, por meio
do IBASE, entidade que presidia na época. Como resultado do seu esforço, nos
anos de 1990, ocorreram os primeiros investimentos sociais e, a partir de 1995, as
primeiras iniciativas voltadas ao balanço social. (ZARPELON, 2006; MELO NETO;
FROES, 1999).
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Responsabilidade Social
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Capítulo 3 INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
Vale lembrar que, no Brasil, não há uma lei específica exigindo que as empresas
elaborem um relatório social. Porém, de acordo com Oliveira (2002, p. 7), uma das
formas de a empresa demonstrar a sua atuação social é a “publicação do balanço
social, na mesma época da publicação do balanço financeiro”.
indiCAdoreS eTHoS
Os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial, desenvolvidos
pelo Instituto Ethos, são uma ferramenta de aprendizado e avaliação da gestão no
que se refere à incorporação de práticas de responsabilidade social empresarial,
ao planejamento estratégico e ao monitoramento e desempenho geral da
empresa.
TEMA ENTENDIMENTO
Valores e princípios éticos formam a base da cultura de uma empresa,
orientando sua conduta e fundamentando sua missão social. A noção de
responsabilidade social empresarial decorre da compreensão de que a
ação das empresas deve, necessariamente, buscar trazer benefícios para
Valores
a sociedade, propiciar a realização profissional dos empregados, promover
e
benefícios para os parceiros e para o meio ambiente e trazer retorno para
Transparência
os investidores. A adoção de uma postura clara e transparente, no que diz
respeito aos objetivos e compromissos éticos da empresa, fortalece a legiti-
midade social de suas atividades, refletindo-se positivamente no conjunto de
suas relações.
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Responsabilidade Social
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Capítulo 3 INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
nbr 16001
A NBR 16001 é uma norma brasileira para a gestão da responsabilidade
social. Foi elaborada pelo Grupo Tarefa Responsabilidade Social, composto
por representantes de diversos setores da sociedade, sob a coordenação da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Foi lançado em novembro de
2004 e passou a vigorar a partir de 2005.
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Responsabilidade Social
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Capítulo 3 INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
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Responsabilidade Social
Cabe ressaltar que a NBR 16001 é uma adaptação da norma SA 8000 para o
Brasil. Por isso, de acordo com Zarpelon (2006, p. 71), existem algumas restrições.
Para o autor, diferente da NBR 16001, a SA 8000 foca a gestão interna relacionada
aos colaboradores; após, expande-se externamente “através da observância dos
fatores sociais internamente nas organizações, a sociedade externamente também
será beneficiada”. Além disso, há problemas em relação a definições importantes, tais
como mão de obra escrava e infantil, dentre outras, que não são abordadas, e, além
disso, em alguns requisitos normativos.
SA 8000
A norma SA 8000 foi criada em 1997 pelo Council of Economic Priorities
Accreditation Agency (CEPAA), considerada a primeira norma de responsabilidade
social. No entanto, seu foco é o ambiente interno da empresa em relação às
condições de trabalho.
66
Capítulo 3 INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
INDICADOR FOCO
Proíbe o trabalho infantil dos 15 anos na maior parte dos casos. As em-
Trabalho
presas certificadas devem assegurar a educação das crianças que podem
Infantil
perder seus empregos como consequência da norma.
Proíbe o trabalho forçado. Não se pode pedir aos trabalhadores para entre-
Trabalho
gar seus documentos de identidade ou pagar “depósitos” como condição
Forçado
para se empregarem.
As empresas devem se adequar a padrões básicos para a obtenção de um
Saúde e ambiente de trabalho seguro e saudável, incluindo-se água potável para
Segurança beber, sanitários limpos, equipamento de segurança adequado e treinamen-
to necessário.
Bane a discriminação com base na raça, classe social, origem étnica, reli-
Discriminação
gião, deficiência, sexo, orientação sexual, filiação sindical ou política.
Práticas Proíbe as penalidades corporais, coerção mental ou física, bem como abuso
Disciplinares verbal contra os trabalhadores.
Prevê uma jornada máxima semanal de 48 horas com, pelo menos, um dia
Jornada de
de repouso semanal e prestação de horas extras perfazendo um total máxi-
Trabalho
mo de 12 horas por semana, remuneradas em seu percentual máximo.
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Responsabilidade Social
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Capítulo 3 INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
Atividade de Estudos:
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Responsabilidade Social
CArTA dA TerrA
A Carta da Terra é um código de normas éticas e morais,
A Carta da Terra é com orientações e metas práticas para que a humanidade avance
um código de normas no processo de criar um mundo baseado no desenvolvimento
éticas e morais, com sustentável.
orientações e metas
práticas para que a
humanidade avance A ideia surgiu no âmbito da Comissão Mundial sobre Meio
no processo de criar Ambiente e Desenvolvimento, em 1997. Posteriormente, foi
um mundo baseado discutida durante a Conferência Rio-92. A partir de 2000, passou a
no desenvolvimento ser divulgada pela Iniciativa Internacional da Carta da Terra, visando
sustentável. a sua transformação em um código ético universal. A aprovação
pelas Nações Unidas ocorreu em 2002.
70
Capítulo 3 INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
71
Responsabilidade Social
meTAS do miLênio
Talvez você já tenha algum conhecimento sobre as Metas do Milênio,
bastante difundidas pelos meios de comunicação. Porém, será que você saberia
apontar quais são essas metas?
72
Capítulo 3 INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
73
Responsabilidade Social
OBJETIVOS METAS
1. Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da
1. Erradicar a extrema população com renda inferior a um dólar PPC por dia.
pobreza e a fome 2. Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da
população que sofre de fome.
74
Capítulo 3 INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
75
Responsabilidade Social
PACTo GLobAL
O Pacto Global foi constituído em 1999, pela ONU, por
O Pacto Global busca
promover a incorporação meio de uma parceria com o setor empresarial, sociedade civil e
dos princípios de organizações do setor público. Busca promover a incorporação dos
sustentabilidade e princípios de sustentabilidade e responsabilidade social empresarial
responsabilidade social à estratégia e gestão das empresas, contribuindo para atingir as
empresarial à estratégia Metas do Milênio (INSTITUTO ETHOS DE RESPONSABILIDADE
e gestão das empresas,
SOCIAL, 2006).
contribuindo para atingir
as Metas do Milênio .
É resultado de um convite efetuado ao setor privado pelo
Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, para que
juntamente com algumas agências das Nações Unidas
e atores sociais, contribuísse para avançar a prática da
responsabilidade social corporativa, na busca de uma
economia global mais sustentável e inclusiva. (PROGRAMA
DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO,
2007).
TEMAS PRINCÍPIOS
Princípios de 1. Respeitar e proteger os direitos humanos.
Direitos Humanos 2. Impedir violações de direitos humanos.
Atividade de Estudos:
77
Responsabilidade Social
ALGumAS ConSiderAçÕeS
Neste capítulo, estudamos os indicadores de desempenho na gestão da
responsabilidade social. Primeiramente, você pôde entender melhor o que são
indicadores, sua importância e como eles podem ser utilizados.
78
Capítulo 3 INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
referênCiAS
ALMEIDA, Fernando. Os desafios da sustentabilidade: uma ruptura urgente.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
FONSECA, Augusto V. M.; MIYAKE, Dario Ikuo. Uma análise sobre o ciclo PDCA
como um método para solução de problemas da qualidade. In: ENCONTRO
NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO – ENEGEP, 26., 9 /11 out. 2006,
Fortaleza.
79
MCINTOSH, Malcolm et al. Cidadania corporativa: estratégias bem-sucedidas
para empresas responsáveis. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.
MELO NETO, Francisco Paulo de; FROES, César. Gestão da responsabilidade social
corporativa: o caso brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.
82
Capítulo 4 RESPONSABILIDADE SOCIAL:
CENÁRIO ATUAL, DESAFIOS E TENDÊNCIAS
ConTeXTuALiZAção
Chegamos ao último capítulo deste estudo. Primeiramente, nós estudamos
o que é RS, como ela surgiu e discutimos seu conceito (capítulo 1). A seguir,
você pôde conhecer, também, um pouco sobre assuntos que estão diretamente
relacionados à RS, como ética e sustentabilidade.
Cenário ATuAL
Atualmente, percebemos uma evolução da sociedade, nas esferas
institucional, formal e informal. Vejamos os apontamentos de Machado Filho
(2002). Para o autor, as organizações se deparam com a necessidade de manter
bom relacionamento com os diferentes stakeholders. Os consumidores estão
mais informados e querem transparência e responsabilidade da empresa na oferta
de produtos e de serviços. Os colaboradores negociam participação na riqueza
83
Responsabilidade Social
Para Mcintosh et al. (2001), à medida que o papel dos negócios na sociedade
aumenta, cresce o interesse da mesma pela responsabilidade social. Corrupção,
fraudes, degradação ambiental, abusos de direitos humanos, comércio justo
(consumidores estão mais conscientes das injustiças dos atuais padrões do
comércio global), empowerment dos interessados (acionistas demandam mais
informações e controle e clientes questionam se as informações das empresas
são honestas e precisas) e segurança e rotulagem dos produtos são alguns dos
assuntos que impulsionaram esta consciência pública.
84
Capítulo 4 RESPONSABILIDADE SOCIAL:
CENÁRIO ATUAL, DESAFIOS E TENDÊNCIAS
deSAfioS
A gestão social traz à tona questionamentos e dificuldades que se apresentam
como desafios para os gestores. Talvez isto ocorra porque uma empresa está
pautada em valores e em sua própria cultura organizacional. Ao migrar para uma
gestão socialmente responsável, esse processo é peculiar a cada organização,
ou seja, é diferente para cada empresa, embora tenha semelhanças significativas.
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Responsabilidade Social
TendênCiAS
Ao analisar a evolução e atual momento do movimento da responsabilidade
social, Porter e Kramer (2006) salientam a necessidade de uma nova abordagem
que integre questões sociais no centro das operações e da estratégia de uma
empresa. Há uma fragmentação das iniciativas e ações, sem vínculo entre si.
Assim, para que a RS avance, é preciso um amplo entendimento
da inter-relação da empresa com a sociedade e, ao mesmo tempo, Para que a RS
avance, é preciso um
ancorá-la nas estratégias e atividades de empresas específicas.
amplo entendimento
da inter-relação
Quando encarada de modo estratégico, a
responsabilidade social empresarial pode ser fonte da empresa com
de tremendo progresso social – com a empresa a sociedade
aplicando seus recursos, sua tarimba e seus e, ao mesmo
insights, todos consideráveis, a atividades que tempo, ancorá-la
beneficiem a sociedade. (PORTER; KRAMER,
nas estratégias
2006, p. 54).
e atividades
de empresas
No capítulo 2, estudamos os stakeholders e sua importância na específicas.
gestão da RS. Aqui, alertamos para uma tendência muito importante
na RS que é o destaque e a importância crescentes dos stakeholders. Para
Savitz (2007, p. 83), os stakeholders chegaram para ficar e, a cada dia,
aumenta o seu poder. Este é um dos elementos mais importantes da chamada
“era da responsabilidade”: é perceptível um conjunto cada vez maior de
indivíduos, de grupos de interesse e de outras entidades que se consideram
stakeholders das empresas. São detentores de “interesses legítimos em suas
operações e investidos do direito de influenciar as decisões dos gestores”.
(SAVITZ, 2007, p. 83).
Por fim, o autor alerta dizendo que “o fato é que os stakeholders realmente
fazem diferença na liberdade de operação das empresas. Portanto, reconhecer
o poder dos stakeholders e gerenciar levando em conta essa capacidade de
influência é, obviamente, uma atitude inteligente”. (SAVITZ, 2007, p. 84-85).
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Responsabilidade Social
E o que esperar para os próximos anos em relação à RS? Ela será como hoje
ou tomará outros caminhos? Passador, Canopf e Passador (2005) afirmam que há
várias vertentes para a responsabilidade social. Ela até pode se configurar como um
modismo e, em pouco tempo, deixar de estar em pauta. Porém, faz-se cada vez mais
necessária, uma vez que está sendo exigida pela sociedade.
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Capítulo 4 RESPONSABILIDADE SOCIAL:
CENÁRIO ATUAL, DESAFIOS E TENDÊNCIAS
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Responsabilidade Social
Atividade de Estudos:
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Capítulo 4 RESPONSABILIDADE SOCIAL:
CENÁRIO ATUAL, DESAFIOS E TENDÊNCIAS
ALGumAS ConSiderAçÕeS
O que vimos nesta disciplina nos permite afirmar que, embora recente, a
responsabilidade social veio para ficar e que deve ser compreendida de acordo
com a realidade de cada empresa. Por isso, não é imposto um conceito único e
pronto; devemos buscar aquele mais apropriado à realidade de cada organização.
E como será daqui para a frente? Estas dúvidas são comuns assim como
os desafios que a RS traz para os gestores. No entanto, podemos afirmar que
as empresas já têm percebido as inúmeras vantagens do investimento na gestão
social. Talvez o que caiba, nesta hora, seja uma reflexão sobre os objetivos que a
empresa busca com a RS e como fazer para atingi-los. A partir dessa avaliação,
a empresa terá um norteador para as suas ações e decidirá que abrangência
quer para a sua atuação social. Porém, não há outro caminho senão aquele que
atenda às demandas dos diversos públicos (stakeholders) que se relacionam com
a empresa e que esperam atitudes e comportamentos adequados.
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Responsabilidade Social
Esperamos que esta disciplina ajude você no seu trabalho, na sua empresa e
também na sua atuação como indivíduo e cidadão(ã). A RS geralmente surge pela
crença individual de que é possível construir um mundo melhor a partir da ação de
todo, em conjunto, a partir da iniciativa de cada indivíduo. Lembre-se disso!
referênCiAS
ASHLEY, Patrícia Almeida (Coord.). Ética e responsabilidade social nos
negócios. São Paulo: Atlas, 2002.
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CENÁRIO ATUAL, DESAFIOS E TENDÊNCIAS
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