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VIOLA CAIPIRA -
NOÇÕES BÁSICAS
“O SENAR-AR/SP está permanentemente
empenhado no aprimoramento profissional e
na promoção social, destacando-se a saúde
do produtor e do trabalhador rural.”
FÁBIO MEIRELLES
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP
FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Gestão 2020-2024
VIOLA CAIPIRA -
NOÇÕES BÁSICAS
SENAR-AR/SP
São Paulo - 2017
IDEALIZAÇÃO
Fábio de Salles Meirelles
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP
SUPERVISÃO GERAL
Claudete Morandi Romano
Chefe da Divisão de Saúde, Promoção Social, Esporte e Lazer do SENAR-AR/SP
RESPONSÁVEL TÉCNICO
Celeide Scalhante Martim
Divisão de Saúde, Promoção Social, Esporte e Lazer do SENAR-AR/SP
AUTORES
Marcelo Stefani Neto
Bacharel em Administração de Empresas e Licenciatura em Música
FOTOS DIAGRAMAÇÃO
José Vicente Vieira - Foto Capa Thais Junqueira Franco
Paulo Sérgio da Silva Diagramadora do SENAR-AR/SP
Bibliografia
ISBN 978-85-99965-88-7
CDD 787.3
Direitos Autorais: é proibida a reprodução total ou parcial desta cartilha, e por qualquer processo, sem a
expressa e prévia autorização do SENAR-AR/SP.
Material impresso no SENAR-AR/SP
APRESENTAÇÃO..............................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................9
I. REUNIR MATERIAL..................................................................................................................................... 10
X. CONHECER A TABLATURA....................................................................................................................... 26
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................................42
O
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL – SENAR, criado em 23 de
dezembro de 1991, pela Lei n.º 8.315 e regulamentado em 10 de junho de 1992
como Entidade de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos,
teve a Administração Regional do Estado de São Paulo criada em 21 de maio de 1993.
VIOLA CAIPIRA
Com o passar dos anos o instrumento fez parte dos encontros sociais familiares urbanos.
Seu repertório era composto de modinhas, lundus (ritmo afro-brasileiro) e outros ritmos,
propagando-se naturalmente a sua utilização; entrando em contato com outras culturas,
principalmente a indígena e a africana, adquirindo características próprias, condizentes
com cada região e com o grau de intensidade das miscigenações.
Desde a época do ícone Cornélio Pires até Zé Mulato e Cassiano, entre outros, a viola
caipira desenvolveu sua linguagem, ocupando espaço na história da música brasileira,
favorecendo um dos maiores gêneros musicais presentes em nosso país, a música caipira.
As manifestações populares, muitas vezes religiosas, como a Catira, Folia de Reis, Festa
de São Gonçalo, Congadas e o próprio cotidiano rural, compõem um emaranhado chamado
“cultura caipira”, intimamente ligados ao instrumento viola caipira.
O resultado musical obtido por meio da viola caipira e da cultura caipira oferece um riquíssimo
arsenal rítmico e narrativo, incrivelmente detalhado, de um povo e sua cultura. Causos e
outras descrições do cotidiano rural formam a temática do repertório musical caipira. Sua
identidade é claramente percebida ao propor para o ouvinte uma característica simples, a
exposição de valores morais do caipira.
Além das habilidades técnicas e específicas apresentadas na Cartilha, existem outras fontes
de estudos para se atingir os resultados desejados, basta aprofundar-se nas literaturas.
A prática da viola caipira requer determinação e disciplina diária para se alcançar uma
sonoridade clara e precisa, proporcionando satisfação pessoal e superação de obstáculos
do aprendizado.
I. REUNIR MATERIAL
• Afinador
• Alça
• Apoio para pé
• Borracha
• Caderno de anotações
• Caneta
• Cordas extras
• Dedeira
• Lápis
• Pasta catálogo
• Viola caipira
O local deve ser coberto, fechado, arejado, com iluminação adequada, limpo, silencioso,
organizado e protegido de intempéries.
A viola caipira é um instrumento de dez (10) cordas divididas em cinco (5) pares, numerados
do par mais agudo ao mais grave, em linguagem popular, da mais fina para a mais grossa.
Cordas
Cravelhas ou Cavalete
Tarrachas Boca
Casa Trasto
Corpo
Pestana Braço
Rastilho
1. CONHEÇA AS CORDAS
Afinação é a maneira como cada corda da viola é “esticada”. A mudança das notas depende
da tensão exercida nas cordas.
Existem muitos tipos de afinações utilizadas na viola caipira, tais como: rio abaixo, boiadeira,
natural, entre outras.
A afinação adotada neste trabalho é a cebolão em mi "E", uma das mais utilizadas na música
caipira.
A viola caipira, como outros instrumentos musicais, podem ser afinados utilizando um afinador
eletrônico cromático ou um aplicativo baixado pelo celular.
Precaução: Deve-se ter uma postura adequada para prevenir lesões ao instrumentista e
riscos de acidentes.
1 2 m i
3 a
p - polegar
4
i - indicador
p
m - médio
a - anular
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11) (12)
Utilize no polegar direito a dedeira ou a própria unha, a qual deve estar comprida.
1.4. Retorne lentamente à posição normal 1.5. Repita o exercício do lado oposto
4.1. Junte a palma das mãos na altura 4.2. Incline as mãos para o lado direito
do tórax
4.3. Permaneça 10 segundos nesta
posição
4.4. Repita o exercício do lado oposto 4.5. Levante o braço esquerdo na altura
do tórax
4.6. Pressione a mão esquerda no 4.7. Repita o exercício com a mão direita
sentido do tórax
5.1. Levante o braço esquerdo na altura 5.2. Posicione a mão esquerda com os
do tórax dedos para cima
5.3. Pressione os dedos da mão esquerda 5.5. Repita o exercício com os dedos da
em direção ao tórax mão direita
5.6. Levante o braço esquerdo na altura 5.7. Entrelace os dedos da mão direita
do tórax com os da mão esquerda
6.1. Levante o braço esquerdo na altura 6.2. Posicione a mão esquerda com o
do tórax polegar para cima
1.1. Toque com o polegar p na corda 1.2. Posicione o dedo 1 na casa (1) na
sem pressionar nenhuma casa mesma corda
1.3. Pressione o dedo 2 na casa (2) na 1.4. Posicione com o dedo 3 na casa (3)
mesma corda na mesma corda
Este sistema de escrita em relação à partitura possui muitas diferenças pelo fato de não
possuir todas as informações necessárias para decodificação da música, necessitando de
um pré-conhecimento da música para sua execução.
Nesta cartilha é utilizada a Tablatura por ser um sistema mais rápido e acessível ao público
em geral. Havendo interesse em se aprofundar no assunto, recomenda-se pesquisar outras
literaturas correspondentes à teoria musical e noções de partitura.
2. EXERCITE A TABLATURA
A escala duetada é uma das principais maneiras de se tocar música caipira, tanto na
introdução de músicas como nas melodias que são cantadas.
Quando colocados os números das casas, um em cima do outro, indica-se que as duas
cordas devem ser tocadas ao mesmo tempo, criando as escalas duetadas.
3(2) 3(4) 3(5) 3(7) 3(9) 3(10) 3(12)
1(1) 1(3) 2(5) 2(7) 1(8) 2(10) 2(12)
(0) 1(2) 2(4) 1(5) 1(7) 2(9) 2(11)
3(2) 3(4) 3(5) 3(7) 3(9) 3(10) 3(12)
Intervalo: É a execução de duas notas. Os intervalos podem ser tocados um de cada vez,
denominado “intervalo melódico”, ou dois de uma só vez, chamado de “intervalo harmônico”.
Acorde: É a emissão de três ou mais notas de uma só vez, podendo ser chamados de
tríades, tétrades ou, em termos mais populares, “harmonia”, “cifras” ou “posições”.
Ritmo: É o movimento alternado de sons, regulado pela sua maior ou menor duração. As
batidas da viola caipira também são chamadas de ritmos.
A divisão dessas porções é feita por traços verticais, chamados “Barras de compasso”.
Barras de compasso
Acidentes: São símbolos que, quando colocados ao lado de notas musicais, representam
uma alteração de meio tom acima ou abaixo sobre a nota, conforme abaixo descrito:
A viola caipira afinada em “cebolão em mi”, como o próprio nome diz, utiliza a escala de mi
maior, que em sua distribuição apresenta as notas:
Ostinato É um conjunto de notas musicais ou células rítmicas que são repetidas inúmeras
vezes. Em muitos casos é um símbolo utilizado para a repetição de acordes.
O sistema tonal mais utilizado em todo mundo, trabalha com doze sons, sendo eles: DO,
DO#, RE, RE#, MI, FA, FA#, SOL, SOL#, LA, LA#, SI, DO. Estas notas em diferentes
combinações formam todo o sistema musical conhecido por nós ocidentais.
dó ré mi fá sol lá si dó
DO DO# RE MI FA FA#
Tom Tom
mi
si fa sol la si do re mi
sol#
mi
si
Ao se ouvir uma música muitas pessoas possuem o hábito de cantar ou bater os pés, este
movimento é realizado de acordo com o ritmo distribuído em cada compasso. Há uma
maneira mais simples e consciente de praticá-lo, como o exemplo abaixo:
1.2. Conte primeiramente o número, em seguida fale a letra “e”: 1 “e”, 2 “e”, 3 “e”, 4“e”
1.3. Repita o exercício, batendo palmas ao falar os números, em seguida fale a letra
“e”: 1“e”, 2 “e”, 3 “e”, 4 “e”
Ao bater palmas com os números, acentua-se o tempo, quando a palma for batida junto
com a letra "e", acentua-se o contratempo.
• seta para cima indica a direção de movimento do toque nas cordas da viola;
• seta para baixo indica a direção de movimento do toque nas cordas da viola;
• "p": indica toque com polegar e outros dedos quando não houver indicação;
• traço "—" indica abafado ou pausa ao silenciar o som da viola, com a mão fechada sobre
as cordas.
A toada apresentada está escrita em compasso binário, ou seja, dois tempos por compasso,
mas é possível executá-la em compasso quaternário, realizando duas batidas seguidas por
compasso, contando para cada compasso quatro tempos.
2
4
1 e 2 e
p p
3
4
1 e 2 e 3 e
p p p
O cururu está escrito em compasso binário, ou seja, dois tempos por compasso.
2
4
1 2
p p
A B C D E F G
la si do re mi fa sol
Cifras são símbolos de codificação dos acordes, representados pelas letras acima.
Ao ler alguma destas letras, o violeiro monta o respectivo acorde, a regra dos acidentes,
Bemol e Sustenido, explicada anteriormente, aplicando-se da mesma maneira.
• Apenas a letra: acorde maior, “C”, dó maior, “G#”, sol sustenido maior;
• A letra, mais o número 7: acorde maior com sétima, “E7”, mi com sétima, “B7”, si com
sétima;
• A letra mais um “m” minúsculo: acorde menor, “Bm” si menor, “F#m” fá sustenido menor.
1 1
2 3 2 3
Para executar os ritmos das músicas, utiliza-se as batidas dos ritmos caipiras associados
à troca de acordes, respeitando a contagem de compassos.
E B7 E B7
E A E A
B7 % A %
E A B7 E :|
• Cuitelinho (Folclore, recolhido por Paulo Vanzolini) - Intérpretes, Pena Branca e Xavantinho.
• Rio de lágrimas (Lorival dos Santos, Tião Carreiro e Piraci) - Intérpretes, Tião Carreiro
e Pardinho.
• A vaca já foi pro Brejo (Lourival dos Santos e Tião Carreiro) - Intérpretes, Tião Carreiro
e Pardinho.
Algumas das músicas do repertório sugerido não contêm a viola caipira como instrumento
principal, mas fazem parte do repertório essencial da música caipira.
Um mesmo acorde tem a possibilidade de ser montado em outro local no braço da viola.
A escolha das diferentes posições é feita pela proximidade de todos os acordes de uma
determinada música, tornando sua execução mais prática.
RAMIRES, Marisa. Exercícios de teoria musical - uma abordagem prática. São Paulo:
Embraform, 2004.
RIBEIRO, José H. Música Caipira: as 270 maiores modas de todos os tempos. São Paulo:
Globo, 2006.
VILELA, Ivan. Cantando a Própria História, Música Caipira e Enraizamento. São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo, 2013.