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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL

ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Inseminação Artificial
em Bovinos
“O SENAR-AR/SP está permanentemente
empenhado no aprimoramento profissional e
na promoção social, destacando-se a saúde
do produtor e do trabalhador rural.”
FÁBIO MEIRELLES
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP
FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Gestão 2020-2024

FÁBIO DE SALLES MEIRELLES


Presidente

JOSÉ CANDEO SERGIO ANTONIO EXPRESSÃO


Vice-Presidente Diretor 2º Secretário

EDUARDO LUIZ BICUDO FERRARO MARIA LÚCIA FERREIRA


Vice-Presidente Diretor 3º Secretário

MARCIO ANTONIO VASSOLER LUIZ SUTTI


Vice-Presidente Diretor 1º Tesoureiro

TIRSO DE SALLES MEIRELLES PEDRO LUIZ OLIVIERI LUCCHESI


Vice-Presidente Diretor 2º Tesoureiro

ADRIANA MENEZES DA SILVA WALTER BATISTA SILVA


Diretor 1º Secretário Diretor 3º Tesoureiro

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL


ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
CONSELHO ADMINISTRATIVO

FÁBIO DE SALLES MEIRELLES


Presidente

DANIEL KLÜPPEL CARRARA SUSSUMO HONDO


Representante da Administração Central Representante do Segmento das Classes Produtoras

ISAAC LEITE JOSÉ MAURÍCIO DE MELO LIMA VERDE


Presidente da FETAESP GUIMARÃES
Representante do Segmento das Classes Produtoras

MÁRIO ANTONIO DE MORAES BIRAL


Superintendente

JAIR KACZINSKI
Gerente Técnico
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL
ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

INSEMINAÇÃO
ARTIFICIAL
EM BOVINOS

São Paulo - 2012


IDEALIZAÇÃO
Fábio de Salles Meirelles
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

COORDENAÇÃO
Teodoro Miranda Neto
Chefe da Divisão de Formação Profissional Rural do SENAR-AR/SP

EQUIPE TÉCNICA RESPONSÁVEL


Ricardo Reuter Ruas
Auro Levi Andrade
Gustavo Monteiro Chilitti
André Bruzzi Correa
Tais Lemos Crivellenti
Cesar Horbach
Alexandre Nolibos Marchetti
Laudo Natel
Lúcia Helena Rodrigues
Adriano Rúbio Júnior
Reginaldo Santos
Fernando Vilela
Léo Fraga Warszawsky

AUTOR
RUAS, Ricardo Reuter
ANDRADE, Auro Levi
CHILITTI, Gustavo Monteiro
CORREA, André Bruzzi
CRIVELLENTI, Tais Lemos
HORBACH, Alexandre Nolibos
NATEL, Laudo
RODRIGUES, Lúcia Helena
RÚBIO JÚNIOR, Adriano
SANTOS, Reginaldo
VILELA, Fernando
WARSZAWSKY, Léo Fraga

FOTO
Jadir Bison

DIAGRAMAÇÃO
Thais Junqueira Franco
Diagramadora do SENAR-AR/SP

Direitos Autorais: é proibida a reprodução total ou


parcial desta cartilha, e por qualquer processo, sem a
expressa e prévia autorização do SENAR-AR/SP.
Material impresso no SENAR-AR/SP

4 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


SUMÁRIO

Introdução............................................................................................................................ 9

Histórico da inseminação artificial.................................................................................. 11

Definição da inseminação artificial................................................................................. 12

Evolução da inseminação artificial no Brasil................................................................. 13

Vantagens da inseminação artificial ............................................................................... 14

Sucesso na inseminação artificial................................................................................... 17

Perfil do profissional inseminador.................................................................................. 18

Manejo da propriedade e assistência técnica................................................................ 19

Manejo da propriedade..................................................................................................... 20

Instalações para a inseminação artificial........................................................................ 21

Conheça o aparelho reprodutivo..................................................................................... 22

Reconheça o cio................................................................................................................ 24

Horário da inseminação artificial..................................................................................... 25

Conheça os cios que não devem ser aproveitados....................................................... 26

Materiais necessários para a inseminação artificial...................................................... 28

Importância do sêmen na inseminação artificial........................................................... 29

Tipos de embalagens do sêmen...................................................................................... 30

Cuidados no manuseio do botijão................................................................................... 32

Higiene na prática da inseminação artificial................................................................... 34

Seqüência da inseminação artificial................................................................................ 36

Cheque o passo-a-passo da inseminação artificial....................................................... 43

Criador ou administrador................................................................................................. 45

Considerações finais........................................................................................................ 46

Ficha coletiva de controle da inseminação.................................................................... 47

Calendário de gestão da fêmea bovina........................................................................... 48

Bibliografia......................................................................................................................... 49
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APRESENTAÇÃO

O
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL - SENAR-AR/SP, criado em 23
de dezembro de 1991, pela Lei n° 8.315, e regulamentado em 10 de junho de 1992,
como Entidade de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, teve
a Administração Regional do Estado de São Paulo criada em 21 de maio de 1993.

Instalado no mesmo prédio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São


Paulo - FAESP, Edifício Barão de Itapetininga - Casa do Agricultor Fábio de Salles
Meirelles, o SENAR-AR/SP tem, como objetivo, organizar, administrar e executar, em todo
o Estado de São Paulo, o ensino da Formação Profissional e da Promoção Social Rurais
dos trabalhadores e produtores rurais que atuam na produção primária de origem animal e
vegetal, na agroindústria, no extrativismo, no apoio e na prestação de serviços rurais.

Atendendo a um de seus principais objetivos, que é o de elevar o nível técnico, social e


econômico do Homem do Campo e, conseqüentemente, a melhoria das suas condições
de vida, o SENAR-AR/SP elaborou esta cartilha com o objetivo de proporcionar, aos
trabalhadores e produtores rurais, um aprendizado simples e objetivo das práticas agro-
silvo-pastoris e do uso correto das tecnologias mais apropriadas para o aumento da sua
produção e produtividade.

Acreditamos que esta cartilha, além de ser um recurso de fundamental importância para os
trabalhadores e produtores, será também, sem sombra de dúvida, um importante instrumento
para o sucesso da aprendizagem a que se propõe esta Instituição.

Fábio de Salles Meirelles


Presidente do Sistema FAESP - SENAR-AR/SP

“Plante, Cultive e Colha a Paz”

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INTRODUÇÃO

Atendendo a um de seus principais objetivos, que é o de elevar o nível técnico, social e


econômico do Homem do Campo e, conseqüentemente, a melhoria das suas condições
de vida, o SENAR/SP em convênio com a ASBIA elaboram esta cartilha com o objetivo de
proporcionar, aos trabalhadores e pequenos produtores rurais, um aprendizado simples e
objetivo das práticas da Inseminação Artificial em Bovinos de Leite e Corte.

A cartilha de Inseminação Artificial em Bovinos de Leite e Corte abrange o processo


de implementação de programas de melhoramento genético por meio deste importante
método.

O processo de inseminação artificial passa por constante evolução e trás beneficios e


vantagegens economicas para a cadeia produtiva dos bovinos, possuindo ainda hoje grande
potencial para a utilização nos rebanhos.

Acreditamos que esta cartilha, além de ser um recurso de fundamental importância para os
trabalhadores e pequenos produtores, será também, sem sombra de dúvida, um importante
instrumento para o sucesso da aprendizagem.

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HISTÓRICO DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

Segundo a lenda a inseminação artificial (IA) foi utilizada pela primeira vez no ano de 1332,
em eqüinos, pelos árabes. Mas a história registra como marco inicial da inseminação artificial
o ano de 1784, quando o monge italiano de nome Lázaro Spallanzani demonstrou pela
primeira vez ser possível a fecundação de uma fêmea sem o contato com o macho. Para
tanto, ele colheu sêmen de um cachorro através da excitação mecânica e aplicou em uma
cadela no cio, a qual veio a parir três filhotes 62 dias mais tarde. Era o nascimento de uma
técnica que iria revolucionar o campo da reprodução animal.

No ano de 1949, Polge, Smith e Parker, pesquisadores ingleses, demonstraram que o


espermatozóide podia ser

conservado por um longo tempo a baixas temperaturas. Até então o sêmen era conservado
refrigerado à temperatura de 5ºC, possibilitando aos espermatozóides sobrevida de 96
horas. Esta descoberta permitiu a sua conservação indefinidamente, dando maior difusão
à inseminação artificial. Atualmente muitos paises inseminam quase a totalidade de seus
rebanhos bovinos. Calcula-se que mais de 106 milhões de fêmeas sejam anualmente
inseminadas em todo o mundo.

A industria da IA em bovinos no mundo cresceu nos últimos trinta anos para situar-se hoje
em dia em aproximadamente 106 milhões de primeiras inseminações após o parto. Em 1998
foram produzidas mais de 240 milhões de doses de sêmen de bovinos e búfalos, oriundas de
40.000 reprodutores em 600 centros de IA segundo dados de Thibier e Wagner, 2000.

No Brasil, segundo estimativas aproximadas apenas 7% das fêmeas em idade reprodutiva


são inseminadas. A primeira inseminação que se tem notícia no Brasil data-se de 1940, porém
comercialmente a técnica somente alcançou impulso a partir de 1970, quando nasceram as
primeiras empresas especializadas no ramo.

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DEFINIÇÃO DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

Entende-se por inseminação artificial a deposição mecânica do sêmen no aparelho reprodutivo


da fêmea. É preciso que fique claro que o homem apenas deposita o sêmen no aparelho
reprodutivo da fêmea; a fecundação, ou seja, a união do espermatozóide com o óvulo e a
formação de um novo indivíduo ocorrem naturalmente, sem a interferência do homem.

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EVOLUÇÃO DA
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL NO BRASIL

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VANTAGENS DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

MENOR CUSTO POR CONCEPÇÃO EM RELAÇÃO À MONTA NATURAL

A vantagem econômica da Inseminação Artificial pode ser melhor compreendida pelo leitor
acessando o site www.asbia.org.br . Este site contém uma planilha interativa desenvolvida
pela EMBRAPA onde é comparado o resultado econômico da Inseminação Artificial X Monta
Natural, na qual cada proprietário pode lançar os valores existentes em sua propriedade.
A planilha avalia a diferença de resultados econômicos entre os dois processos de
reprodução.

MELHORAMENTO GENÉTICO E PRODUTIVO

Melhoramento do rebanho em menor tempo e a um baixo custo através da utilização de


sêmen de reprodutores comprovadamente superiores, com conseqüente aumento da
produção de leite ou carne.

REDUÇÃO DA DIFICULDADE EM PARTOS

Através da utilização de touros provados para facilidade de parto em novilhas ocorre redução
destes problemas. A facilidade com que os filhos dos reprodutores apresentam ao nascer em
relação à média da raça permite a escolha de touros adequados para que novilhas tenham
menor risco de problemas de parto.

ACASALAMENTO CORRETIVO

Com as informações de tipo obtidas de reprodutores em teste de progênie, é possível fazer


a indicação do cruzamento ideal para cada fêmea do rebanho visando além do aumento de
produção, a correção de características lineares importantes como úbere, aprumos, vigor,
e assim obter filhas sempre melhores que as mães.

CRUZAMENTO ENTRE RAÇAS

A inseminação artificial permite ao criador cruzar suas fêmeas zebuínas com touros taurinos
e vice-versa, o que muitas vezes é dificultado na monta natural pela baixa resistência dos
touros europeus a um ambiente desfavorável. Além disso, quando o rebanho é constituído de
fêmeas com diferentes graus de sangue, torna-se prático e eficaz o acasalamento adequado
a cada uma delas através da escolha de diferentes touros da mesma ou de diferentes raças.
O que é inviável por monta natural é possível pela IA utilizando-se o mesmo botijão para
vários touros e diferentes raças.

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PREVENÇÃO DE ACIDENTES COM AS FÊMEAS

Muitos acidentes podem ocorrer durante a cobertura de uma fêmea e principalmente de


novilhas por um touro muito pesado.

PREVENÇÃO DE ACIDENTES COM O SER HUMANO

A inseminação artificial evita acidentes com o pessoal da propriedade, comum quando


se trabalha com touros de temperamento agressivo, e principalmente com aqueles de
temperamento calmo e que repentinamente sem nenhum aviso avançam sobre a pessoa
mais próxima.

DEMOCRATIZA O MELHORAMENTO GENÉTICO

Possibilita também os pequenos produtores o melhoramento genético de seus rebanhos a


baixo custo, através de Núcleos de Inseminação Comunitária, implantados com um único
botijão que serve diversas pequenas propriedades.

AUMENTO DO NÚMERO DE DESCENDENTES DE UM BOM REPRODUTOR

Sabe-se que um touro cobre anualmente, a campo, cerca de 30 fêmeas. Em regime de


monta controlada pode servir a um máximo de 100 fêmeas, considerando 4 anos de vida
reprodutiva de um touro teremos um total de 120 a 400 por animal durante sua vida útil.
Com a inseminação artificial esse número é extraordinariamente aumentado, podendo um
reprodutor ter mais de 500.000 filhos.

Assim, fica fácil entender como a inseminação favorece o melhoramento do rebanho, pois
esses touros superiores estão sendo usados em vários rebanhos, no país de origem e no
exterior com grande número de filhos nascidos.

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CONTROLE ZOOTÉCNICO DO REBANHO

Através da IA e utilização de fichas de controle é possível o registro de dados precisos sobre


as matrizes, como a previsão do parto e da secagem das fêmeas, facilitando o planejamento
do trabalho, o manejo e a seleção dos melhores animais do rebanho.

PADRONIZAÇÃO DO REBANHO

Com melhoramento nos ganhos de produção de leite, melhoramento das carcaças, aumento
de produção de carne, redução no período necessário para a terminação dos animais,
padronização racial, de pelagens e porte dos animais.

Utilizando-se poucos reprodutores em um grande número de fêmeas obtém-se homogeneidade


dos lotes, que facilita sua comercialização.

USO DE TOUROS APÓS A MORTE

Com a possibilidade de congelmanento e estocagem do sêmen é possível utilizar o sêmen


de reprodutores após a sua morte.

MELHOR CONTROLE SANITÁRIO DA REPRODUÇÃO

Pela monta natural, o touro pode transmitir às fêmeas algumas doenças e vice-versa, o
que pelo processo da inseminação artificial não ocorre, pois depois de cada inseminação a
bainha descartável é jogada fora.

As empresas associadas à ASBIA mantêm rigorosa vigilância sanitária em seus touros além
dos exames básicos exigidos pelo MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil).

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SUCESSO NA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

Esta equação resume em linhas gerais os


fatores que influenciam os resultados em
um programa de inseminação artificial.
Significa dizer que os resultados da
inseminação dependem basicamente do
manejo adotado na fazenda, da qualidade
do sêmen utilizado e da eficiência do
inseminador.

Se todos esses fatores estiverem bem


controlados, é absolutamente certo que
o trabalho com a inseminação artificial
será um sucesso. Devido à importância
desses fatores nos resultados, eles são
resumidamente descritos a seguir:

MANEJO é um termo amplo e diz respeito


às condições sanitárias, de ambiente,
nutrição e reprodução às quais o rebanho
é submetido. Um bom manejo exige a
necessidade de uma boa ASSISTÊNCIA
TÉCNICA.

Muitas fazendas já tiveram maus


resultados nos trabalhos de inseminação
artificial, devido ao não cumprimento
dessa exigência. Além do planejamento do
trabalho, possíveis falhas que por ventura
possam vir a ocorrer devem ser reveladas
pelo técnico e corrigidas a tempo, a fim
de se evitar prejuízo. É importante que
as fêmeas aptas à reprodução sejam
previamente avaliadas quanto à condição
reprodutiva, e quando inseminadas
sejam examinadas em tempo hábil para
o diagnóstico de prenhez, permitindo
desta forma uma avaliação imediata da
eficiência do serviço e favorecendo a tomada de decisões para aplicação de ações corretivas,
quando pertinente.

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PERFIL DO PROFISSIONAL INSEMINADOR

CONDUTA PROFISSIONAL ADEQUADA

Esta é uma característica comum aos bons profissionais. As tarefas de observação de cios,
horário da inseminação, cuidados no momento de manuseio, descongelamento e aplicação
do sêmen, devem ser realizadas com rigor e dedicação. Dentro do programa de inseminação,
o inseminador constitui-se em pessoa fundamental. Os resultados do trabalho dependem
em grande parte de sua habilidade e de sua responsabilidade profissional. Somente com
responsabilidade, eficiência e interesse o inseminador desempenha corretamente esta
função.

INTERESSE

Esta é em qualquer profissão a característica mais importante. Gostar do que faz, querer
fazer e fazer sempre o melhor que pode. De um modo geral, o bom profissional, que gosta
do trabalho com os animais, calmo, educado, trabalhador e honesto desenvolverá com êxito
a Inseminação Artificial.

EFICIÊNCIA

É básico e fundamental que o inseminador esteja bem preparado para este trabalho. Este
é o objetivo do curso de inseminadores. Espera-se que todos ao final do curso tenham
aprendido corretamente a técnica da Inseminação Artificial, sua importância no mercado
de trabalho e na sociedade, e que ao longo do tempo continuem a aplicar corretamente os
conhecimentos adquiridos. O êxito nos trabalhos dependerá principalmente do esforço e da
dedicação de cada um.

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MANEJO DA PROPRIEDADE
E ASSISTÊNCIA TÉCNICA
Para a obtenção de menor intervalo de partos é importante estar atento ao primeiro cio
pós-parto, que pode ocorrer a partir de 20 dias do parto em fêmeas que pariram em boa
condição corporal. Assim, fêmeas paridas a mais de 45 dias já podem ser inseminadas e
caso não manifestem cio até os 60 dias o fato deve ser comunicado ao técnico responsável
par que sejam tomas as providências cabíveis, assim como os casos de fêmeas com cios
irregulares, fêmeas com infecção uterina, fêmeas repetidoras do cio, dentre outras alterações.
INSEMINADOR e TÉCNICO devem procurar alcançar
os objetivos planejados. É preciso, pois, que haja entre
eles perfeita harmonia e entrosamento para o sucesso do
programa.

Cabe ao técnico, em conjunto com o proprietário,


administrador, inseminador e funcionários da fazenda
envolvidos na atividade, definir normas de manejo do
rebanho. Boas pastagens, sombreadas e de dimensões
adequadas, suplementação mineral adequada durante
todo o ano em cochos cobertos, aguadas de boa qualidade,
suplementação na seca (feno, silagem, cana com uréia,
sal-mineral proteinado etc), asseguram ao rebanho bons
níveis de produção de leite, ganho de peso e fertilidade.

Outro ponto extremamente importante diz respeito ao


manejo sanitário da propriedade. A vacinação evita o
aparecimento de diversas doenças, os exames identificam
os animais suspeitos e doentes, orientando o tratamento ou
descarte. O combate a parasitas internos e externos deve
ser cuidadosamente feito conforme a determinação do técnico responsável.

Para um bom manejo do rebanho é importante que os animais estejam separados em


lotes de acordo com sua categoria, por exemplo, lotes de: machos desmamados, fêmeas
desmamadas, novilhas, garrotes, bois, vacas de primeira cria, vacas multíparas paridas,
vacas solteiras, vacas amojadas e rufiões.

Todas as fêmeas devem estar bem identificadas através de número a ferro quente ou brinco.
A tatuagem pode ser útil para os recém-nascidos. Cada animal deve ter uma ficha individual
onde são anotadas todas as ocorrências. Estas anotações constituem excelente instrumento
para a seleção do rebanho, pois através delas serão facilmente identificados os animais mais
produtivos e os animais problema. Os programas de computador para gestão da pecuária
facilitam enormemente este controle.

Cabe ao inseminador manter estas fichas atualizadas. Neste manual você encontra modelos
de fichas que poderão ser adotadas em sua fazenda.

É de extrema importância que seja feito anualmente pelo veterinário o exame ginecológico
de todas as fêmeas em idade de reprodução, permitindo assim a seleção das fêmeas aptas
à inseminação e favorecendo o descarte ou tratamento das demais.

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MANEJO DA PROPRIEDADE

Outros aspectos de grande importância com respeito ao manejo são:

• FÊMEAS AMOJADAS

30 dias antes da data prevista para o parto as fêmeas amojadas devem ser conduzidas para
piquetes-maternidade onde permanecem até alguns dias depois do parto.

• BEZERROS RECÉM-NASCIDOS

devem ter o umbigo curado e mamar o colostro nas primeiras horas após o nascimento.

• SECAGEM DAS VACAS

As vacas devem interromper a lactação 60 dias antes da data prevista para o parto, o que
favorece ao nascimento de crias mais fortes, ganho de peso da vaca para a adequada
condição corporal ao parto, produção de colostro de alta qualidade e e recuperação do
tecido mamário.

• NOVILHAS

Devem estar separadas em lotes homogêneos e são consideradas aptas à reprodução após
atingirem o peso mínimo que varia conforme a raça ou cruzamento.

• DESCANSO PÓS-PARTO

A primeira inseminação só deve ser realizada 45 dias após o parto, pois antes deste período
a vaca está em processo de involução uterina (regressão do útero ao tamanho normal) e
limpeza das paredes internas através dos corrimentos uterinos.

• DESMAME

em gado de corte, tradicionalmente recomenda-se que seja feito entre 7-8 meses de idade,
quando machos e fêmeas deverão ser separados.

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INSTALAÇÕES PARA
A INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
Para o bom desempenho dos trabalhos de inseminação, as instalações recomendadas
são:

• Tronco ou brete de contenção cobertos

• Cômodo para os materiais de inseminação bem próximo ao brete.

• Pia com água corrente

Todo o material da inseminação deve ser manuseado na sombra.

O tronco deve ser coberto para evitar raios solares e águas de chuva, extremamente
prejudiciais aos espermatozóides. Na maioria das fazendas uma simples adaptação nas
instalações já existentes é suficiente para torná-las adequadas. Veja as figuras abaixo:

O botijão deve ficar em local seco e na sombra, em cima


de um estrado ou dentro de uma caixa rígida onde esteja
protegido de pancadas e acidentes com animais.

O cômodo destinado a guardar os materiais de inseminação


pode ser um armário de construção simples e econômica
(figura ao lado), com pia. É importante que este armário
seja construído próximo ao tronco de contenção,
permitindo ao inseminador o controle visual de todo o
campo de trabalho e um rápido transporte do aplicador
montado até a fêmea a ser inseminada. As vacas leiteiras podem ser facilmente inseminadas
dentro do próprio estábulo, desde que o animal fique bem contido durante a inseminação.

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CONHEÇA O APARELHO REPRODUTIVO

FEMININO

A figura ilustra o aparelho reprodutivo da fêmea


bovina. É importante tecer alguns comentários a
respeito da cérvix ou colo uterino. Esta estrutura
é a base para todos os trabalhos de inseminação
artificial, e por isso o inseminador deve conhecê-
la muito bem. Nos treinamentos práticos em
peças anatômicas adquiridas em matadouro e,
posteriormente nas fêmeas, é de fundamental
importância o reconhecimento e localização da
cérvix pelo inseminador. Ela é formada por anéis
cartilaginosos variando de três a cinco anéis de
acordo com a idade produtiva da fêmea tendo
por isso uma consistência dura, diferente dos
tecidos em volta. Seu tamanho, espessura e
forma diferem de animal para animal. Existem
raças em que a cérvix é menor e em outras é
maior. Nas novilhas ela é sempre menor e mais
fina, aumentando de tamanho em conseqüência
dos partos. As fêmeas zebuínas geralmente
apresentam uma cérvix mais curta e alta do que
as fêmeas taurinas.

A correta introdução do aplicador será ensinada


durante os treinamentos práticos.

Vale a pena lembrar que, ao segurar a


cérvix com a mão esquerda através do reto,
o inseminador deve empurra-lo para adiante,
pois assim procedendo as paredes da vagina
se esticam facilitando o trânsito do aplicador
através da mesma até o fundo de saco. Daí em
diante, o inseminador não pode mais empurrar o aplicador, mas fazer movimentos suaves
com a mão esquerda, trazendo a cérvix ao encontro do aplicador, ultrapassando cada um
dos anéis até atingir o alvo, que fica um centímetro a frente do último anel, no corpo do útero,
local exato onde o sêmen deve ser lentamente depositado, ou seja, logo após o término do
último anel. É importante ressaltar que o inseminador deve ter certeza de ter ultrapassado
o último anel antes de aplicar o sêmen.

Se o inseminador aplicar o sêmen além desse ponto, incorre em dois erros:

Primeiro: pode machucar a parede interna do útero impedindo a fixação do embrião;

Segundo: pode acontecer que o sêmen seja todo colocado em um dos cornos uterinos,
diminuindo as chances de concepção, pois a ovulação poderá ter ocorrido no ovário oposto.

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Quando o sêmen é depositado no corpo
do útero haverá sempre espermatozóides
em ambas as trompas para a fertilização
do óvulo.

Um ponto que merece ser lembrado refere-


se à passagem do aplicador que se torna
muito facilitada por ocasião do cio, pois
o colo, além de aberto, está lubrificado
pelo muco, o que contribui para melhor
deslizamento do aplicador. Vacas de colo
sinuoso com impossibilidade de passagem
do aplicador devem ser eliminadas do
programa de inseminação, pois o sêmen, sendo depositado no interior do colo uterino, reduz
as possibilidades de ocorrer a fecundação.

HEMORRAGIA DE METAESTRO

Outro ponto importante a ser observado é com relação ao sangramento que ocorre
normalmente em todas as fêmeas 3 a 4 dias após o cio, independentemente de realizada
ou não a inseminação. Geralmente as fêmeas de raças européias apresentam maior volume
de sangue. No gado leiteiro, pela proximidade diária com o pessoal de trabalho, é mais
facilmente observado, mas ocorre normalmente em todas as fêmeas bovinas.

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RECONHEÇA O CIO

O cio é o período em que a fêmea aceita a monta, ou seja, se deixa montar, na maioria
delas dura de 10 a 18 horas.

O intervalo médio de repetição de cio na vaca é de 21 dias podendo variar de 17 a 24 dias.


Alterações físicas e de comportamento da fêmea começam ser notadas no momento pré-cio,
acompanham o cio e vão desaparecendo no momento pós-cio, variam de intensidade de uma
para outra, e na mesma fêmea na medida em que ela passa do pré-cio ao pós-cio. Estas
alterações servem como sinal de cio, no entanto é necessário reconhecer o momento do cio
(quando ela aceita ser montada) para que seja marcada a hora de realizar a inseminação
artificial.

A partir de determinado momento a fêmea passa a aceitar a monta, tendo desta forma
iniciado o cio. Observe que no cio o animal apresenta os mesmos sinais do pré-cio, com a
diferença de que no cio a fêmea além de montar também aceita ser montada.
ALTERAÇÕES OBSERVADAS NO PRÉ-CIO:

- Vulva inchada e brilhante


- Corrimento vaginal cristalino, transparente e semelhante à clara de ovo
- Inquietação, nervosismo
- Cauda erguida
- Urina e muge constantemente
- Monta em outras fêmeas mas não se deixa montar
- Perda de apetite e diminuição da produção de leite
Basicamente com um bom manejo e boa alimentação fornecemos ao animal as condições
para a manifestação do cio. Cabe ao inseminador a importante tarefa de observação do
cio.

Muitos dos insucessos em programas de inseminação estão relacionados com falhas e


desleixos na observação do cio. Uma vez que a maioria das fêmeas manifesta o cio com
maior freqüência nas horas mais frescas do dia, recomendam-se duas observações diárias
de cio, uma no início da manhã e outra no final da tarde, devendo-se dispensar pelo menos
uma hora a cada observação, durante os quais o inseminador deverá estar atento ao
comportamento do rebanho.

A utilização de rufiões (machos submetidos à


cirurgia ou fêmeas androgenizadas), de preferência
com buçal marcador auxilia a detecção de cios.
Eles devem ser incorporados aos lotes de fêmeas
um mês antes de se iniciar a estação de monta.

No entanto, é sempre bom lembrar que a mais


eficiente observação de cios é aquela feita
pelo inseminador competente, responsável e
interessado pelos resultados do trabalho.

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HORÁRIO DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

Recomenda-se um esquema prático proposto por Trimberger e que há muito vem sendo
utilizado com bons resultados:

Assim, apenas a fêmea que amanhece aceitando a monta pode ser inseminada na tarde do
mesmo dia, aquela que aceita a monta durante a observação feita a tarde será inseminada
na manhã do dia seguinte, podendo ser estabelecido que a inseminação é o primeiro e o
último serviço a ser feito no dia.

- Fêmeas observadas em cio pela manhã devem ser inseminadas à


tarde do mesmo dia.
- Fêmeas observadas em cio à tarde devem ser inseminadas na manhã
do dia seguinte, bem cedinho.

Obs: Cio é apenas o período em que a fêmea aceita ser montada.

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CONHEÇA OS CIOS QUE NÃO
DEVEM SER APROVEITADOS
1 - CIO DO ENCABELAMENTO

É um cio falso, que pode ocasionalmente ocorrer numa pequena porcentagem de fêmeas,
provavelmente por um distúrbio hormonal ainda
não bem esclarecido. Ocorre entre o quarto e
quinto mês de gestação em vacas e entre o
terceiro e o quinto mês em novilhas, sendo que
em novilhas é mais comum sua repetição.

Deve-se lembrar que a fêmea prenhe nesta


época apresenta visíveis sinais de prenhez.
Além disto, o inseminador sempre deve observar
atentamente as anotações contidas na ficha da
fêmea antes de inseminá-la.

2 - CIO COM INFECÇÃO UTERINA

Ocorre com a presença normal dos sinais de cio, no entanto o corrimento observado na vulva
apresenta-se misturado com pus ou sangue o que faz com que o muco ao invés de cristalino
se torne turvo ou sujo. Neste caso existe uma infecção uterina que impede a permanência
da prenhez, devendo ser anotado em ficha própria e comunicado ao técnico responsável.

3 - CIO OCORRIDO ANTES DE 45 DIAS DA DATA DO PARTO

Ocorre também com a presença normal dos sinais de cio, no entanto o útero ainda não está
preparado para uma nova gestação pois se encontra em processo de involução (retorno ao
tamanho normal) e limpeza das paredes internas, mostrando um corrimento sujo ao invés
de cristalino.

4 - CIO DE NOVILHA COM BAIXO PESO CORPORAL

As novilhas ao chegarem à puberdade apresentam normalmente o cio. No entanto deve-se


respeitar o peso mínimo adequado a cada raça ou cruzamento para que a gestação não
prejudique o crescimento da novilha. Os primeiros cios da novilha são geralmente pouco
férteis sendo, no entanto importantes para um melhor desenvolvimento dos sistemas genital
e mamário.

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5 - CIO EM VACAS COM COLO SINUOSO

Em conseqüência de problemas de parto pode ocorrer que a cérvix fique torta o que muitas
vezes impede a passagem do aplicador. Se houver suspeita de tortuosidade, antes de
descongelar o sêmen, deve-se verificar a possibilidade de passagem do aplicador montado
sem o sêmen. Vacas com impedimento da passagem do aplicador até o corpo do útero
devem ser descartadas do programa de Inseminação Artificial, podendo ser normalmente
cobertas por touros.

Cio de difícil aproveitamento

Cio silencioso

É um outro tipo de cio que ocorre também em uma pequena percentagem do rebanho. É
chamado “cio silencioso” pois, embora ocorra a ovulação, o animal não apresenta nenhum
sinal externo de cio, passando por isso despercebido pelo inseminador. Às vezes ocorre que
a fêmea tenha uma fraca manifestação dos sinais de cio criando dúvidas no inseminador. Se
o cio for percebido como um cio de discreta manifestação, a fêmea deve ser inseminada.

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MATERIAIS NECESSÁRIOS
PARA A INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
Para a implantação da inseminação artificial são necessários os seguintes materiais:

01 - Botijão com nitrogênio líquido

02 - Régua específica para medição do nível de nitrogênio

03 - Sêmen

04 - Luvas descartáveis

05 - Bainhas descartáveis

06 - Aplicador

07 - Termômetro

08 - Cortador de palhetas

09 - Pinça

10 - Papel toalha ou higiênico

11 - Camisa sanitária

12 - Recipiente isotérmico para descongelamento de sêmen

13 - Descongelador eletrônico de sêmen

28 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


IMPORTÂNCIA DO SÊMEN NA
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
O sêmen constitui um item importantíssimo no sucesso da Inseminação Artificial.

É fácil compreender que nada vale um bom manejo e um inseminador competente se o


sêmen aplicado não for de boa qualidade fecundante e sanitária. É muito importante que o
inseminador, proprietário e técnico responsável conheçam bem a Empresa onde adquirem o
sêmen. Devem adquirir o sêmen apenas de empresas filiadas à ASBIA, pois essas empresas
são registradas e fiscalizadas pelo Ministério da Agricultura, que qualifica e assegura os
padrões de qualidade do sêmen a ser comercializado. Consulte o Manual de qualidade do
Sêmen no site da ASBIA (www.asbia.org.br).

Para que o sêmen mantenha a mesma qualidade proveniente das empresas fornecedoras,
a sua transferência de um botijão para outro seja na entrega do sêmen adquirido ou no
almoxarifado da propriedade, deve ser feita com o mínimo de exposição do sêmen à
temperatura ambiente.

É bom lembrar que próximo à boca do botijão o sêmen se expõe a temperaturas que
causam danos irreversíveis aos espermatozóides. Por esta razão é extremamente impor-
tante que o sêmen seja retirado o mais profundamente possível do botijão. Para tanto é
necessária a utilização de uma pinça apropriada.

O caneco que contém o sêmen deve ser levado no máximo até 7 cm abaixo da boca
do botijão e para a retirada do sêmen não se deve gastar mais que 5 segundos com o
caneco suspenso.

Portanto, é importantíssimo que o inseminador esteja preparado para realizar o trabalho


de forma rápida e segura.

DESCONGELAMENTO DO SÊMEN

Muitos estudos comprovam que nenhum outro método se mostra tão eficiente para o trabalho
de campo quanto o descongelamento feito em água à temperatura entre 35 e 37 °C por 30
segundos. Quando o sêmen é descongelado em temperaturas inferiores a esta (no bolso, na
mão, água a temperatura ambiente, direto na vaca, etc.) o tempo de descongelamento é maior
permitindo nova organização de cristais de gelo, o que provoca danos em várias partes dos
espermatozóides. Na temperatura
entre 35 e 37°C por 30 segundos
a velocidade de descongelamento
é rápida o bastante para evitar a
reorganização destes cristais, o que
promove a sobrevivência de um maior
número de espermatozóides viáveis,
proporcionando assim maior poder
fecundante da dose descongelada
conforme mostra o gráfico ao lado.

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TIPOS DE EMBALAGENS DE SÊMEN

PALHETAS

Embalagem plástica, cuja idéia original surgiu na


Dinamarca, foi desenvolvida comercialmente na França.
Na atualidade existem vários fabricantes deste tipo
de embalagem. São as embalagens mais utilizadas,
mundialmente.

•Palheta média

A palheta média é um tubo plástico com 133 mm de


comprimento e 2,8 mm de diâmetro e capacidade total
de 0,55 ml ( 0,5 ml de sêmen), apresentada em cores
variadas.

As palhetas possuem um sistema de fechamento distinto,


numa das extremidades existe uma porção de álcool
polivinílico contido entre duas buchas de algodão ou
similar o qual gelatiniza ao entrar em contato com o
sêmen. A outra extremidade pode ser fechada de várias
maneiras, tais como, álcool polivinílico, esferas, solda a
quente ou a mais utilizada na atualidade, soldagem por
ondas de ultra-som.

•Palheta fina

A palheta fina é um tubo plástico com 133 mm de


comprimento e 1,9 mm de diâmetro com capacidade total de 0,28 ml ( 0,25 ml de sêmen),
também apresentada em cores variadas. Foi desenvolvida na França.

O sistema de fechamento é idêntico ao das palhetas médias. Devido ao seu tamanho


reduzido os custos de armazenagem são menores em relação às palhetas médias, pois a
capacidade de armazenamento dos botijões é duplicada. Ela contém a mesma quantidade
de espermatozóides que a palheta média em menor volume da parte líquida do sêmen. Outra
vantagem no uso das palhetas finas diz respeito ao descongelamento, a temperatura da água
de descongelamento (de 35 a 37 °C) atinge mais rapidamente o interior da dose de sêmen
por ter um menor diâmetro em relação à palheta média, tornando mais rápido e uniforme o
retorno dos espermatozóides à temperatura ideal o que favorece a sobrevivência de maior
número de espermatozóides viáveis. Tanto as palhetas médias como as finas devem ser
descongeladas em água à temperatura de 35 a 37 °C por 30 segundos. A desvantagem da
palheta fina sobre a média é quanto a resistência ao manuseio, por ter menor diâmetro é mais
sensível à exposição em temperatura ambiente, no entanto, se seguidas as recomendações
aqui descritas espera-se o mesmo resultado com ambas as palhetas.

Esta embalagem é hoje mundialmente utilizada. Para usá-la devemos montar o aplicador na
extremidade própria, pois o mesmo tem uma extremidade adequada à palheta média (maior
diâmetro interno) e a outra adequada à palheta fina (menor diâmetro interno).

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PELLETS

São pastilhas do tamanho de um grão de ervilha, com 0,1 ml de sêmen que precisam ser
descongeladas em meio especial no momento da inseminação.

Apesar de ser um método muito simples de congelamento, apresentam muitas desvantagens,


tais como a dificuldade de uma identificação segura e a possibilidade de migração de
partículas de um pellet para o outro.

Por estes motivos sua comercialização é proibida pelas normas brasileiras.

AMPOLA

São embalagens de vidro com volume de sêmen entre 0,5 e 1,2ml. Foram produzidas até
os anos 80, ainda hoje se encontram saldos de estoque, em utilização.

MINITUBO

Desenvolvido na Alemanha, na década de 70, é um tubo plástico com 65 mm de comprimento


e 3 mm de diâmetro disponível em várias cores, fechado nas extremidades por esferas
de metal, vidro ou plástico em cores variadas, com capacidade total de 0,3 ml (0,25 ml de
sêmen).

Foi muito utilizado devido ao baixo custo de produção e armazenagem, até o surgimento da
palheta fina, ainda hoje é utilizado na inseminação artificial

Pela sua pequena dimensão, apresenta baixo custo de armazenagem, pois dobra a
capacidade de armazenagem do botijão em relação às palhetas médias.

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CUIDADOS NO MANUSEIO DO BOTIJÃO

O botijão é um recipiente isotérmico, com super isolamento a


vácuo, utilizado para a conservação e transporte do sêmen.
Para tanto deve receber o Nitrogênio em estado líquido, que
conserva as doses de sêmen congeladas a -196°C, por tempo
indeterminado.

O botijão deve ser considerado frágil e manipulado com o máximo


cuidado, para evitar danos que possam resultar em prejuízos.

É conveniente a utilização de uma caixa rígida, porém com


entrada de ar (pode ser de madeira) que proporcione maior
proteção contra choques além de evitar que ele tombe e
o nitrogênio seja derramado. O nitrogênio líquido evapora
constantemente mesmo quando o botijão está devidamente
tampado, devendo o inseminador estar atento para evitar a perda
do sêmen. Para tanto, o inseminador deve sempre medir o nível
do nitrogênio antes de realizar a primeira inseminação do dia, e regularmente uma vez por
semana, quando o botijão não estiver sendo usado diariamente. O nível do nitrogênio deve
sempre estar acima de 15 cm para se trabalhar com segurança e deve ser medido com
régua apropriada distribuída pelas empresas associadas à ASBIA, mantendo assim a boa
qualidade do sêmen adquirido.

Para se tomar esta medida basta introduzir lentamente a régua no centro do botijão até
que ela encoste-se no fundo, aguardar alguns segundos, retirar, balançar suavemente e
observar uma faixa branca que se forma pela condensação do ar e que corresponde ao
nível de nitrogênio dentro do botijão.

Outro ponto importante nos cuidados com o botijão diz respeito à válvula de vácuo, cuja
tampa externa de borracha está situada próximo à alça. Ela tem extrema importância no
poder de conservação do frio e não deve ser tocada pelo usuário.

O abastecimento do nitrogênio deve ser feito sem que haja transbordamento do líquido para
fora do botijão, evitando assim o ressecamento da tampa da câmara de vácuo por contato
com o mesmo.

Para evitar danos ao sêmen, são extremamente importantes os seguintes cuidados no


manejo do botijão:

- Manter o botijão em ambiente ventilado, seco, sem raios solares diretos, sobre estrado ou
dentro de uma caixa rígida (pode ser de madeira);

- Sempre tampar adequadamente o botijão após o uso. Utilize sempre a tampa original, ela
tem aberturas ideais para evitar o aumento de pressão no interior do botijão, imprescindível
à conservação adequada do mesmo e do sêmen.

- Mantenha sempre os canecos vazios dentro do botijão, assim permanecem bem conservados
e ajudam a diminuir a evaporação do nitrogênio.

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- Sempre medir o nível do nitrogênio antes de realizar a primeira inseminação do dia, e
regularmente uma vez por semana, quando o botijão não estiver sendo usado diariamente.
O nível do nitrogênio deve estar sempre acima de 15 cm.

- Nunca dar batidas ou pancadas no botijão, considere-o frágil;

- Para transportar o botijão em carrocerias, mantenha-o sempre em pé, bem amarrado, de


preferência dentro de uma caixa rígida apropriada.

- Ao transportar o botijão em veículos, mantenha sempre pelo menos um vidro aberto


permitindo boa aeração local, pois o nitrogênio evaporado consome oxigênio tornando o
ar mais rarefeito, o que pode provocar sonolência no motorista.

- Ao mudar de lugar o botijão, nunca o arraste. Solicite ajuda e retire-o completamente do


chão.

Aspectos importantes a considerar:

- Intervalo de abastecimento em trabalho;

- Capacidade de armazenamento da quantidade de doses compatível com o rebanho;

- Condições da garantia oferecida pelo fabricante;

- Fabricante e distribuidor

A - Tampa Proterora
B - Apoio da Tampa
C - Estrutura de Alumínio
D - Pescoço em Isolante
E - Trava da Tampa
F - Canecas Identificadas
G - Sistema Químico para Retenção do Vácuo
H - Apoio das Canecas
J - Super Isolamento à Vácuo

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HIGIENE NA PRÁTICA DA
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
A higiene é um fator de extrema importância e muitas vezes responsável por insucessos ou
sucessos nos resultados da inseminação artificial.

É necessário que o inseminador observe no curso, pela projeção do vídeo da ASBIA os


cuidados de higiene durante todas as fases do trabalho envolvendo principalmente a coleta,
envasamento e aplicação do sêmen. Para que seja explicado de forma mais fácil, dividimos
a higiene em cinco etapas, a saber:

HIGIENE PESSOAL DO INSEMINADOR

Os cuidados básicos envolvem manter as mãos


limpas e enxutas, unhas bem aparadas e avental
próprio durante o trabalho. A higiene pessoal
é importante para a saúde do inseminador e
também do animal, além de ser determinante
na conquista dos melhores resultados.

HIGIENE COM O ANIMAL

Esses cuidados se resumem em uma boa


limpeza do reto e vulva. Lavar a vulva da fêmea
com água limpa evitando a entrada de água
na vagina e enxugar bem com papel toalha
ou higiênico, pois a água é prejudicial aos
espermatozóides. Em locais com restrição de
água pode-se preferir fazer apenas a limpeza
com papel toalha ou higiênico e usar a camisa
sanitária vestindo o aplicador.

Descuidos com a higiene prejudicam os


resultados da I.A.

HIGIENE COM O MATERIAL UTILIZADO

Todo o material deve ser utilizado com muito cuidado para evitar contaminação durante a
inseminação.

A bainha é uma embalagem esterilizada e deve-se abrir o pacote apenas o suficiente para a
retirada de uma por vez, mesmo assim é recomendado que guarde todo o pacote juntamente
com o aplicador em tubo fechado para evitar a contaminação das mesmas com a poeira do
ambiente.

34 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


É importante perceber que a bainha não deve levar nenhuma contaminação junto com o
sêmen, para se evitar infecções uterinas com conseqüente perda do embrião recém formado.
Para isso ela tem que sair limpa do pacote e entrar limpa no útero da fêmea, sem esbarrar
em nenhum obstáculo.

Sempre que necessário o aplicador deve ser limpo com água ou álcool antes de ser
guardado.

HIGIENE DAS INSTALAÇÕES

O local da inseminação e a área em volta devem ser mantidos sempre limpos para evitar
o levantamento de sujeira durante a inseminação, o que pode contaminar o aplicador já
montado. Também limpos e asseados devem estar o cômodo e equipamentos utilizados
na inseminação.

HIGIENE DO AMBIENTE

Todo o material descartável como luvas, bainhas, pipetas, papel, etc. deve ser jogado em
lixeira próximo ao local da inseminação e posteriormente queimados ou jogados em fossa
seca.

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SEQÜÊNCIA DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

1) Verifique na ficha da fêmea se ela pode 2) Meça o nível de nitrogênio antes de iniciar
ser inseminada. os outros procedimentos.

3) Coloque todo o material a ser utilizado 4) Contenha adequadamente a fêmea no


sobre uma mesa ou balcão limpos. tronco.

36 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


5) Esvazie o reto da fêmea, reconheça e 6) Lave a vulva da fêmea com água
massageie a cérvix. Examine o muco e limpa.
certifique-se de que ele esteja límpido e
translúcido como clara de ovo.

7) Enxugue bem ou apenas limpe com papel 8) Exteriorize a ponta de uma bainha de
toalha ou higiênico e vista o aplicador com cada vez. Só retire a bainha no momento
camisa sanitária. de inseminação.

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9) Prepare água limpa na temperatura entre 10) Identifique na ficha da fêmea o nome
35 e 37°C em recipiente isotérmico. Pode-se do touro a ser utilizado, abra a tampa do
também utilizar um Descongelador Eletrônico botijão e observe se a palheta é média
de Sêmen conforme as recomendações do ou fina.
fabricante ou Centrais Fornecedoras.

11) Escolha o lado certo do aplicador 12) Levante o caneco contendo sêmen
conforme seja a palheta média ou fina. Para escolhido até o máximo de 7cm abaixo da
palheta média, use a extremidade mais boca do botijão e retire a dose de sêmen
larga para frente. Para palheta fina, use a com o auxílio de uma pinça apropriada
extremidade mais fina para frente. em até 5 segundos. Se houver qualquer
demora neste procedimento, abaixo o
caneco até o fundo do botijão por alguns
segundos e tente novamente.

38 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


13) Mergulhe a palheta com a parte da 14) Quando retirar a palheta da água seja
bucha voltada para baixo no recipiente rápido, monte o aplicador e o introduza na
isotérmico com água à temperatura entre vulva da fêmea o mais rápido possível.
35 e 37°C por 30 segundos. Se optar pelo 15) Retire a palheta e enxugue suavemente
Descongelador Eletrônico siga a orientação com o papel toalha ou higiênico. Corte a
do fabricante. palheta em cima da bolha de ar que se
desloca para a extremidade contrária à
bucha de algodão. O corte deve ser reto
para evitar refluxo de sêmen ao interior da
bainha.

16) Use o cortador de palhetas tanto para 17) Pressione levemente o encaixe da
as médias como para as finas. O corte deve bainha e fixe nela a extremidade cortada
ser reto em ambas as palhetas para evitar da palheta. Ela proporciona encaixe perfeito
o refluxo do sêmen. evitando o refluxo de sêmen tanto para as
palhetas médias quanto para as finas.

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo 39


18) Introduza completamente a cânula do 19) Introduza vagarosamente o êmbolo na
aplicador na bainha já composta com a cânula do aplicador até onde está situada
palheta e trave a bainha no aplicador com a bucha da palheta.
o anel.

20) Calce a luva. 23) Em seguida, coloque-o na posição


21) Retire o aplicador já montado do pacote horizontal e prossiga.
de bainhas e dirija-se à fêmea sem encostá-
lo em nenhum lugar.
22) Abra a vulva da fêmea e introduza de
baixo para cima o aplicador evitando o
meato urinário.

40 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


24) Introduza inicialmente apenas os 25) Introduza delicadamente a mão enluvada
dedos, massageando o ânus da fêmea. e lubrificada no reto da fêmea até um pouco
depois do punho. Localize e fixe a cérvix.

26) Para desprender o aplicador das pregas


da vagina empurre a cérvix para frente.
28) Faça movimentos com a mão enluvada
27) Enquanto segura a cérvix, ponha a
e com a outra apenas segure o aplicador,
ponta do aplicador na palma da mão, de
até ultrapassar todos os anéis.
frente para a abertura do primeiro anel.
O dedo mínimo pode ajudar a mantê-lo
na posição desejada. Uma sensação de
ranhura demonstra que o aplicador está em
contato com a cérvix.

29) Localize o alvo e empurre lentamente o êmbolo do aplicador depositando o sêmen.

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo 41


31) Anote os dados da palheta na ficha de
30) Retire o aplicador e o braço e faça
inseminação: nome ou número do touro e
massagem no clitóris da fêmea com a mão
partida do sêmen. Anote também o número
enluvada.
da fêmea, o dia e a hora que foi observado
o cio, dia e hora da inseminação e o nome
do inseminador.

32) Desmonte o aplicador e envolva a 34) Desamarre o rabo da fêmea antes de


bainha na luva. soltá-la.
33) Descarte o material usado na 35) Periodicamente limpe adequadamente
lixeira. os equipamentos de inseminação:
aplicador, cortador de palhetas e recipiente
Descongelador de Sêmen.

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CHEQUE O PASSO A PASSO
DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
- Seja igualmente dedicado, responsável e interessado em cada inseminação;
- Seja rigoroso no horário das observações do cio e das inseminações;
- Anote sempre todas as ocorrências e dúvidas verificadas em seu trabalho e procure
esclarecê-las com o veterinário por ocasião de sua visita à fazenda;
- Ao observar o cio (fêmea aceitando a monta) verifique na ficha da fêmea se ela pode ser
inseminada. Utilize rufião com buçal marcador para auxiliar a detecção de cios.
- Contenha adequadamente a fêmea;
- Esvazie o reto da fêmea, reconheça e massageie a cérvix, examine o muco.
- Lave a vulva da fêmea com água limpa evitando entrada da mesma na vagina e enxugue
bem, ou apenas limpe com papel toalha ou higiênico e vista o aplicador com camisa
sanitária.
- Exteriorize a ponta de uma bainha de cada vez. Só retire a bainha no momento da
inseminação.
- Prepare água limpa na temperatura entre 35 e 37°C em recipiente isotérmico, ou use um
descongelador eletrônico de sêmen;
- Identifique na ficha da fêmea o nome do touro a ser utilizado, abra a tampa do botijão e
observe se a palheta é média ou fina.
- Escolha o lado certo do aplicador conforme seja a palheta média ou fina.
- Levante o caneco contendo o sêmen escolhido até o máximo de 7 cm abaixo da boca
do botijão e retire a dose de sêmen com o auxilio de uma pinça apropriada em até 5
segundos.
- Mergulhe a palheta com a parte da bucha voltada para baixo no recipiente isotérmico com
água à temperatura entre 35 e 37°C por 30 segundos.
- Quando retirar a palheta da água seja rápido, sem perda de tempo na montagem do
aplicador, até introduzi-lo na vulva da fêmea.
- Retire a palheta e enxugue suavemente com papel toalha ou higiênico. Corte a palheta em
cima da bolha de ar que se desloca para a extremidade contrária à bucha de algodão.
- Use o cortador de palhetas tanto para as médias como para as finas.
- Pressione levemente o encaixe da bainha e fixe nela a extremidade cortada da palheta.
- Introduza completamente a cânula do aplicador na bainha já composta com a palheta e
trave a bainha no aplicador com o anel.
- Introduza vagarosamente o êmbolo na cânula do aplicador até onde está situada a bucha
da palheta.
- Calce a luva.

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- Retire o aplicador já montado do pacote de bainhas e dirija-se à fêmea sem esbarrá-lo em
nada.
- Abra a vulva da fêmea e introduza de baixo para cima o aplicador evitando o meato urinário,
em seguida coloque-o na posição horizontal e prossiga.
- Introduza delicadamente a mão enluvada e lubrificada no reto da fêmea até um pouco
depois do punho, localize e fixe a cérvix.
- Para desprender o aplicador das pregas da vagina empurre a cérvix para frente.
- Enquanto segura a cérvix ponha a ponta do aplicador dentro da mão de frente para a
abertura do primeiro anel,
- Faça movimentos com a mão enluvada e com a outra apenas segure o aplicador, até
ultrapassar todos os anéis
- Localize o alvo e empurre lentamente o êmbolo do aplicador depositando o sêmen.
- Retire o aplicador e o braço e faça massagem no clitóris da fêmea.
- Anote na ficha de inseminação: nome ou número do touro e partida do sêmen, número
da fêmea, o dia e hora que foi observado o cio, dia e hora da inseminação e o nome do
inseminador.
- Desmonte o aplicador e envolva a bainha na luva.
- Descarte o material usado na lixeira.

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CRIADOR OU ADMINISTRADOR

- Saiba também realizar uma inseminação: fica mais fácil gerenciar os resultados;
- Acompanhe de perto os trabalhos do inseminador e do técnico;
- Verifique sistematicamente se as anotações e os resultados da inseminação estão de
acordo com o esperado. Isso garantirá elevada eficiência de serviço;
- Estabelecer prêmio pela eficiência do inseminador estimula e desperta nele maior interesse
pelos resultados dos trabalhos;
- Tenha mais de um inseminador na fazenda;
- Procure conhecer as empresas que fornecem o sêmen;
- Os resultados do programa estão na dependência direta de como os trabalhos estão sendo
conduzidos. Falhas devem ser corrigidas tão logo sejam observadas;
- Utilize acasalamento adequado para cada fêmea;
- Adquira sêmen apenas das empresas associadas à ASBIA.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

É oportuno lembrar que os tópicos de manejo aqui destacados são igualmente importantes
para uma elevada eficiência reprodutiva, seja por monta ou por inseminação.

Somente um rebanho bem nutrido, bem manejado, livre de doenças, irá responder de forma
eficiente, seja por inseminação artificial, seja em regime de monta natural.

Consideramos de extrema importância que o criador antes de optar pela inseminação artificial,
conheça bem todas as condições que devem ser atendidas. Esta deve ser uma decisão
consciente, para que se possa criar as condições favoráveis a um bom desempenho dos
trabalhos.

Os insucessos às vezes observados na inseminação são sempre decorrentes do não


cumprimento desses cuidados básicos aqui descritos.

O método é eficiente e de valor extraordinário para o melhoramento do rebanho, mas é


preciso que seja bem aplicado. As condições para o bom funcionamento aí estão, cada um
colhe os resultados de acordo com as condições que dispensa ao programa. Cabe ao criador
gerenciar o planejamento, a execução, a eficiência e o controle do trabalho, comparando
sempre os resultados esperados com os obtidos, buscando na orientação técnica o apoio
indispensável para o acompanhamento e devidas adequações quando necessárias.

O que esperamos e desejamos é que o programa de inseminação artificial seja bem


implantado e conduzido, para que se possa conseguir o máximo de sucesso na produtividade
e lucratividade do sistema, além de contribuir para maior difusão do método no Brasil.

Vale lembrar que métodos adequados de coleta, manejo e processamento do sêmen,


serão inúteis se as últimas etapas do processo não forem devidamente seguidas pelo
inseminador.

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FICHA COLETIVA DE CONTROLE
DA INSEMINAÇÃO

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CALENDÁRIO DE GESTÃO DA FÊMEA BOVINA
(Ajustado para 285 dias)

48 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


BIBLIOGRAFIA

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ASBIA
Associação Brasileira de Inseminação Artificial
Av. Leopoldino de Oliveira, 4464 - sala 502
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SENAR-AR/SP
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