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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL

ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Programa Capacitação na Apicultura

Gestão e
Planejamento do Apiário
Módulo VI
“O SENAR-AR/SP está permanentemente
empenhado no aprimoramento profissional e
na promoção social, destacando-se a saúde
do produtor e do trabalhador rural.”
FÁBIO MEIRELLES
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP
FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Gestão 2020-2024

FÁBIO DE SALLES MEIRELLES


Presidente

JOSÉ CANDEO SERGIO ANTONIO EXPRESSÃO


Vice-Presidente Diretor 2º Secretário

EDUARDO LUIZ BICUDO FERRARO MARIA LÚCIA FERREIRA


Vice-Presidente Diretor 3º Secretário

MARCIO ANTONIO VASSOLER LUIZ SUTTI


Vice-Presidente Diretor 1º Tesoureiro

TIRSO DE SALLES MEIRELLES PEDRO LUIZ OLIVIERI LUCCHESI


Vice-Presidente Diretor 2º Tesoureiro

ADRIANA MENEZES DA SILVA WALTER BATISTA SILVA


Diretor 1º Secretário Diretor 3º Tesoureiro

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL


ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
CONSELHO ADMINISTRATIVO

FÁBIO DE SALLES MEIRELLES


Presidente

DANIEL KLÜPPEL CARRARA SUSSUMO HONDO


Representante da Administração Central Representante do Segmento das Classes Produtoras

ISAAC LEITE CYRO FERREIRA PENNA JUNIOR


Presidente da FETAESP Representante do Segmento das Classes Produtoras

MÁRIO ANTONIO DE MORAES BIRAL


Superintendente

SÉRGIO PERRONE RIBEIRO


Coordenador Geral Administrativo e Técnico
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL
ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

CAPACITAÇÃO
NA APICULTURA

Gestão e
Planejamento do Apiário

São Paulo - 2012


IDEALIZAÇÃO
Fábio de Salles Meirelles
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

SUPERVISÃO GERAL DO PROGRAMA


Jair Kaczinski
Chefe da Divisão Técnica do SENAR-AR/SP

RESPONSÁVEL TÉCNICO
Teodoro Miranda Neto
Chefe Adjunto da Divisão Técnica do SENAR-AR/SP

AUTORES
Celso Ribeiro Cavalcante de Souza
Técnico em Agropecuária, Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas, Farmacêutico, Proprietário do
Apiário D’terra e da Estação do Mel - Pindamonhangaba

Luiz Eugênio Veneziani Pasin


Engenheiro Agrônomo, Mestre em Administração Rural, Doutor em Planejamento e Desenvolvimento Rural
Sustentável, Professor no Departamento de Ciências Agrárias da Universidade de Taubaté e Pesquisador
no Centro de Estudos Apícolas da Universidade de Taubaté

REVISÃO GRAMATICAL
André Pomorski Lorente

FUNVIC - Fundação Universitária Vida Cristã

FOTOS
Celso Ribeiro Cavalcante de Souza

Banco de Imagens Senar-ar/sp

DIAGRAMAÇÃO
FUNVIC - Fundação Universitária Vida Cristã

Thais Junqueira Franco - Diagramadora do SENAR-AR/SP

Direitos Autorais: é proibida a reprodução total ou parcial desta cartilha, e por qualquer processo, sem a
expressa e prévia autorização do SENAR-AR/SP.

4 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................9

I. O AMBIENTE QUE ENVOLVE OS NEGÓCIOS DO APIÁRIO............................................ 11

II. GERENCIAMENTO DO APIÁRIO........................................................................................ 13

III. GESTÃO DA PRODUÇÃO NO APIÁRIO............................................................................. 15

IV. GESTÃO FINANCEIRA DO APIÁRIO.................................................................................. 17


1. Planejamento de caixa e orçamento no apiário................................................................ 18
2. Custo de produção no apiário........................................................................................... 20

V. GESTÃO DA MÃO-DE-OBRA NO APIÁRIO....................................................................... 21

VI. GESTÃO MERCADOLÓGICA NO APIÁRIO....................................................................... 22

VII. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NO APIÁRIO............................................................ 23

VIII. CUSTO DE PRODUÇÃO NO APIÁRIO............................................................................... 26


1. Custo operacional efetivo (COE)...................................................................................... 26
2. Custo eperacional total (COT).......................................................................................... 26

IX. RESULTADO FINANCEIRO................................................................................................. 28

X. PONTO DE EQUILÍBRIO..................................................................................................... 29

EXERCÍCIO PRÁTICO...................................................................................................................42

PLANILHAS DE DIAGNÓSTICO DO APIÁRIO............................................................................ 47

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.................................................................................................... 54

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APRESENTAÇÃO

O
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL - SENAR-AR/SP, criado em 23
de dezembro de 1991, pela Lei n° 8.315, e regulamentado em 10 de junho de 1992,
como Entidade de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, teve
a Administração Regional do Estado de São Paulo criada em 21 de maio de 1993.

Instalado no mesmo prédio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São


Paulo - FAESP, Edifício Barão de Itapetininga - Casa do Agricultor Fábio de Salles
Meirelles, o SENAR-AR/SP tem, como objetivo, organizar, administrar e executar, em todo
o Estado de São Paulo, o ensino da Formação Profissional e da Promoção Social Rurais
dos trabalhadores e produtores rurais que atuam na produção primária de origem animal e
vegetal, na agroindústria, no extrativismo, no apoio e na prestação de serviços rurais.

Atendendo a um de seus principais objetivos, que é o de elevar o nível técnico, social e


econômico do Homem do Campo e, consequentemente, a melhoria das suas condições
de vida, o SENAR-AR/SP elaborou esta cartilha com o objetivo de proporcionar, aos
trabalhadores e produtores rurais, um aprendizado simples e objetivo das práticas agro-
silvo-pastoris e do uso correto das tecnologias mais apropriadas para o aumento da sua
produção e produtividade.

Acreditamos que esta cartilha, além de ser um recurso de fundamental importância para os
trabalhadores e produtores, será também, sem sombra de dúvida, um importante instrumento
para o sucesso da aprendizagem a que se propõe esta Instituição.

Fábio de Salles Meirelles


Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

“Plante, Cultive e Colha a Paz”

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INTRODUÇÃO

A produção de mel, própolis, pólen e demais produtos da colmeia são conhecidos


do homem há muito tempo, porém nos dias atuais é preciso que o apicultor se conscientize
que além do manejo racional é necessário que a atividade seja viável economicamente.

Portanto, atualmente para administrar o apiário é fundamental entendê-lo como uma empresa.
A apicultura é uma atividade econômica como outra qualquer e precisa obter resultados
positivos através do planejamento e do gerenciamento dos recursos de produção existentes
no apiário.

Desta forma, é importante que o apicultor conheça profundamente os fatores que estão
envolvidos no agronegócio apícola, e procure obter constantemente as informações
atualizadas para auxiliá-lo em suas decisões nas tarefas do dia-a-dia em seu apiário.

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I. O AMBIENTE QUE ENVOLVE
OS NEGÓCIOS DO APIÁRIO
Toda empresa, situada na área urbana ou rural, está inserida em um contexto denominado
ambiente dos negócios. Neste ambiente estão presentes as empresas, as organizações
sociais, os grupos de pessoas, os bancos e instituições financeiras, as indústrias, o poder
público, os prestadores de serviços e o comércio em geral. Pode-se dizer que uma empresa
isoladamente não é capaz de modificar ou influenciar completamente o ambiente de negócios
da apicultura. Assim, o alcance do sucesso no apiário dependerá principalmente da maneira
como o apicultor se relacionará e atuará nos seguintes ambientes:

• Ambiente Geral: Este ambiente envolve os demais setores produtivos, que vão além da
cadeia produtiva da apicultura. Neste ambiente estão presentes inclusive as questões
relacionadas às decisões políticas, econômicas, sanitárias e legais.

• Ambiente Operacional: Este ambiente é mais específico, sendo neste caso constituído
pelas outras empresas que estão no setor da apicultura, ou seja, são os compradores,
os fornecedores, os grupos organizados com que o apicultor se relaciona diretamente no
mercado.

No ambiente operacional, também conhecido como cadeia produtiva, o apicultor estabelece


o seu domínio determinando quem serão os seus fornecedores, compradores e parceiros.
É a partir deste ambiente que o apicultor desenvolverá toda a sua atividade na apicultura. É
importante lembrar que o sucesso do apiário dependerá principalmente da capacidade de
seu apicultor (gestor) ter um bom domínio neste ambiente.

• Ambiente Interno (apiário): Este ambiente é o próprio apiário e tudo que está “dentro”
dele. Portanto, neste ambiente o apicultor tem o domínio completo sobre as decisões.
Neste caso, o apicultor determinará qual(is) produto(s) irá explorar, qual a quantidade
de funcionários, qual o tipo de mão-de-obra (familiar ou contratada), quais as tarefas a
serem realizadas no apiário, qual o tipo de mercado em que irá comercializar os produtos
da colmeia, enfim todo o sistema operacional e comercial do apiário.

Apiário

Ambiente Operacional

Ambiente Geral

Figura. Representação esquemática do ambiente de negócios da apicultura


(Adaptação KOTLER (1998))

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VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM O APIÁRIO

Os apiários estão inseridos em um ambiente de negócio que é composto por vários fatores
que podem influenciar diretamente a sua atuação e seu desempenho. Tais fatores são
classificados como:

Variáveis Controláveis - são aquelas em que o apicultor exerce influência direta.

 Estrutura da empresa (número de colmeias; quantidade de mão-de-obra, produtos a serem


comercializados, mel, pólen ou própolis).

 Tecnologia utilizada na produção (apicultura migratória; periodicidade da troca de rainha;


utilização de sobreninho).

 Quadro de funcionários (tipo de mão-de-obra: familiar, contratada - efetiva ou


temporária).

 Objetivos empresariais (aumentar a produtividade; aumentar a produção em 10% ao ano;


vender para o mercado varejo, atacado ou internacional).

 As tarefas desenvolvidas no dia-a-dia do apiário.

Variáveis Incontroláveis - são aquelas em que dificilmente o apicultor consegue exercer


influência direta.

Estas variáveis interferem diretamente no desenvolvimento dos negócios, porém o apicultor


não possui domínio sobre elas; por isso, é necessário analisá-las constantemente com o
objetivo de minimizar seus efeitos na empresa e aproveitar as oportunidades oferecidas por
elas. Como principais variáveis incontroláveis tem-se:

 Políticas Econômicas Governamentais (programa de fomento e desenvolvimento no setor


da apicultura e programa de linhas de créditos para o setor).

 Legislação (legislação sanitária, legislação comercial, legislação trabalhista, etc.).

 Condições climáticas (chuva, frio e geada).

 Comportamento do mercado (aumento do consumo no mercado interno, aumento do


consumo no mercado internacional e mudança de hábito do consumidor).

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II. GERENCIAMENTO DO APIÁRIO

O gerenciamento do apiário envolve um conjunto de atividades que têm os seguintes


objetivos:

 Obter os recursos de produção (materiais e financeiros) necessários à operação das


tarefas do dia-a-dia no apiário.

 Manter e desenvolver os recursos de produção existentes e disponíveis no apiário.

 Utilizar racionalmente e distribuir os recursos de produção do apiário de forma adequada


para a obtenção do máximo rendimento das colmeias.

GERENCIAMENTO DO APIÁRIO

Organização do
APIÁRIO sistema de produção e
comercialização

 Obtenção dos recursos produtivos

 Manutenção e desenvolvimento

 Utilização racional e distribuição

MÁXIMO RENDIMENTO DO APIÁRIO,


SUCESSO DO NEGÓCIO!!!!

ALTERNATIVAS DE GERENCIAMENTO NO APIÁRIO

Existem algumas ações de gerenciamento que o apicultor pode exercer em seu apiário.
Estas ações estão divididas em dois grupos: Ação-Individual e Ação-Coletiva.

• Ação-Individual

As ações individuais estão relacionadas à adoção e implantação de técnicas de manejo e


processo de produção no apiário que permitam ao apicultor a capacidade de se obter uma
alta produção com excelente qualidade.

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AÇÕES INDIVIDUAIS
 DECISÕES GERENCIAIS
 MANEJO DO APIÁRIO
 PRÁTICAS DE HIGIENE
Na ação individual o apicultor deve procurar sempre atingir a mais alta produtividade com
qualidade. Lembrando que a adoção de novas tecnologias deve sempre respeitar a realidade
de seu apiário.

Exemplo de algumas ações individuais que possibilitam o alcance de excelente resultado


no apiário:

 Trocar (substituir) regularmente a abelha rainha na colmeia.

 Oferecer suplementação alimentar no período de ausência da florada (entressafra).

 Adotar práticas de higiene e manipulação adequada dos produtos da colmeia.

• Ação-Coletiva

As ações coletivas apresentam características específicas, e o trabalho organizado pelos


grupos de apicultores deve ser considerado como essencial para o sucesso e fortalecimento
da cadeia produtiva.

AÇÕES COLETIVAS
 ASSOCIATIVISMO  COOPERATIVISMO
 MARKETING INTEGRADO  ENTIDADES
 PARCERIAS

Neste caso as ações em conjunto permitem que o apicultor e o próprio setor da apicultura
superem as dificuldades que são comuns na atividade. Entre as principais ações coletivas
tem-se:

 Criação e desenvolvimento do Associativismo/Cooperativismo na região onde o apicultor


possui seu apiário;

 Participação em entidades representativas do setor, como sindicato rural e conselho


municipal de desenvolvimento rural.

 Ações de Marketing Integrado - melhorando as relações entre os elos da cadeia produtiva.


Por exemplo, participação na organização e planejamento de campanhas publicitárias
coletivas, relacionadas ao aumento do consumo e informação sobre os produtos da
colmeia.

 Criação de demandas para o desenvolvimento de pesquisas que atendam as reais


necessidades do setor. Por exemplo, realizar parcerias com as universidades e centro
de pesquisas.

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III. GESTÃO DA PRODUÇÃO NO APIÁRIO

A gestão da produção no apiário é a área que procura utilizar de maneira racional e eficiente
os recursos físicos e materiais existentes na empresa. Estes recursos podem ser divididos
em:

• Recursos de transformação: terra, benfeitorias, máquinas, veículos, equipamentos e


enxame de abelhas.

• Recursos de utilização: insumos, combustíveis, energia e mão-de-obra.

Produtos
Recursos de Recursos de
da
transformação utilização
colmeia

É importante observar que os recursos de transformação, quando associados a uma


tecnologia adequada, transformam os recursos de utilização em produtos finais; por exemplo,
a exploração da colmeia (recurso de transformação) mais a florada (recurso de utilização)
resultarão na produção de mel.

ASPECTOS RELACIONADOS À GESTÃO DA PRODUÇÃO

A gestão da produção está intimamente ligada à transformação de recursos de produção em


produtos finais. À medida que os recursos forem utilizados de maneira racional e aplicados
nas atividades da apicultura, o apicultor alcançará a chamada eficiência do processo
produtivo.

Para obter a eficiência é importante que se faça o controle da produção. Para isto o apicultor
deverá se preocupar sempre com a produção, produtividade, qualidade e custos.

GESTÃO DE PRODUÇÃO DO APIÁRIO

PRODUÇÃO

CUSTO SUCESSO PRODUTIVIDADE

QUALIDADE

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 Produção: refere-se à quantidade física total a ser produzida; por exemplo, a produção
de 1.000 kg de mel no apiário por ano.

 Produtividade: é a quantidade a ser produzida por unidade de área ou por unidade


tomada como referência; por exemplo, a produtividade de mel no apiário é de 30 kg de
mel por colmeia/ano.

 Qualidade: é o padrão físico, químico e sanitário do produto, preconizado pela legislação


e pelo mercado.

 Custos: a manutenção e supervisão dos custos permitem o controle econômico e financeiro


das atividades produtivas, de modo a se obter produtos de alta qualidade e com o menor
custo unitário possível.

ATENÇÃO

Na gestão da produção, o planejamento do sistema de produção é o


ponto decisivo para o sucesso dos negócios no apiário.

Um plano detalhado das tarefas e operações a serem executadas,


especificando quem, quando e como executar, é fundamental para
o uso racional dos recursos de produção existentes na empresa,
pois somente desta forma é que se alcança a máxima eficiência de
produção no apiário.

Uma vez instaladas as colmeias, é necessário que se faça um controle periódico no apiário,
através das práticas de manejo juntamente com a realização das anotações individuais de cada
colmeia em planilhas de controle. A realização deste controle permitirá o acompanhamento e
o desenvolvimento do apiário, detalhando inclusive o desempenho econômico e zootécnico
da colmeia.

Vale lembrar que a coleta das informações é imprescindível para a gestão da produção,
pois só desta maneira é que se poderá fazer um controle eficaz das tarefas executadas no
apiário.

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IV. GESTÃO FINANCEIRA DO APIÁRIO

A gestão financeira é a área que está envolvida com os recursos financeiros, ou seja,
trabalha com a receita, a despesa, o financiamento, o investimento e o próprio patrimônio
da empresa.

Para o eficiente controle das finanças é necessário que o apicultor possua em seu apiário o
controle e registro dos seguintes itens: Inventário, Demonstração de Resultados, Receitas,
Despesas, Investimentos e Financiamentos.

 Inventário

 Demonstração de Resultados

 Receitas
REGISTROS
 Despesas

 Investimentos

 Financiamentos

Inventário

Levantamento de todos os bens, direitos e obrigações da empresa apícola, realizado


normalmente uma vez por ano. É recomendado que se faça no início do ano agrícola ou no
início da entressafra.

Trata-se de uma medida estática, como se fosse uma fotografia da empresa em determinado
momento. Neste caso o inventário permite a obtenção das informações sobre a atual
situação da empresa apícola. Após o período analisado (normalmente após 1 ano), é feita
nova análise confrontando o inventário do início do período com o inventário do término do
período analisado.

Demonstração de Resultados

É o controle das receitas e despesas ocorridas em cada atividade da empresa apícola,


através das anotações periódicas. Estas anotações devem ser feitas com frequência e são
analisadas entre intervalos de tempo (mensal, bimestral) que permitam a apuração dos
resultados das atividades.

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Receitas

São as entradas de dinheiro na empresa apícola, durante um determinado período, oriundo


da venda dos produtos apícolas (mel, própolis, cera, pólen, etc.), prestações de serviços,
arrendamento das colmeias, etc.

O total de receita apurado pela empresa apícola durante o período estabelecido (e analisado)
pode ser utilizado como um indicador de seu desempenho, quando comparado com outras
empresas semelhantes.

Despesas

São todos os gastos de recursos durante um determinado período de tempo, para aquisição
e obtenção dos fatores de produção e comercialização (insumos, serviços e embalagens).
Neste caso são os chamados gastos ou despesas de produção; por exemplo, os gastos com
mão-de-obra, energia elétrica, combustível, material de limpeza, alimentação suplementar
(açúcar), etc. Por participar nos custos de produção, as despesas devem ser uma constante
preocupação dos apicultores.

Investimentos

São gastos para obtenção de recursos necessários às atividades apícolas cuja utilização
ultrapasse um ciclo produtivo, isto é, os recursos são utilizados por mais de um período
de produção (safra); por exemplo, as instalações, colmeias de produção, máquinas e
equipamentos, ferramentas, macacão, etc.

Financiamentos

São os recursos financeiros provenientes de terceiros, que os apicultores procuram buscar


para atender as necessidades produtivas. Exemplo: Pronaf e FEAP.

PLANEJAMENTO DE CAIXA E ORÇAMENTO NO APIÁRIO

ENTRADA SAÍDAS SALDO

Planejamento de caixa do apiário

Se a receita (entrada de dinheiro no caixa da empresa) fosse sempre igual à despesa, e


estas operações financeiras ocorressem sempre no mesmo momento, não haveria qualquer
razão de se reservar recursos financeiros para o pagamento das operações produtivas.
Como a realidade não é bem assim, é importante que o apicultor tenha sempre em mente a

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necessidade de se fazer uma reserva de dinheiro no caixa de sua empresa, pois só assim
ele poderá gerenciar de maneira adequada o pagamento das despesas relacionadas com
as atividades do apiário.

Portanto é preciso que o apicultor tenha a programação de suas possíveis receitas e as


prováveis datas de suas realizações. Juntamente com estas informações é necessário que
o apicultor possua o devido controle de suas despesas. Neste controle ele anotará quais
serão os valores de suas despesas e principalmente quais serão as datas necessárias para
a realização do pagamento de suas despesas.

Com base nestas informações o apicultor irá elaborar o orçamento de caixa do seu apiário e,
assim, determinará exatamente qual será o capital de giro necessário para o desenvolvimento
de suas atividades.

Orçamento do apiário

O orçamento, na ótica da gestão financeira, é um simples plano financeiro. No caso do apiário,


o orçamento é uma ferramenta gerencial utilizada tanto para o planejamento como para o
controle das receitas e despesas que envolvem as atividades no apiário. Dependendo da
natureza das atividades no apiário apícola, podem ser formulados orçamentos detalhados
para os próximos meses, semestres e anos.

Para se elaborar um orçamento de caixa no apiário é necessário que o apicultor tenha a


previsão das entradas (receitas) e a previsão das saídas (gastos).

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EXEMPLO PRÁTICO DE ORÇAMENTO DE CAIXA DO APIÁRIO

ANO - 2008
ENTRADAS Jan Fev ......... Dez Total
VENDAS A VISTA
- Mel 100,00 450,00 550,00 2.640,00
- Própolis 25,00 45,00 0,00 180,00
- Pólen 0,00 0,00 0,00 0,00
- Cera 0,00 0,00 0,00 0,00
- Outros 0,00 0,00 0,00 0,00
Subtotal 125,00 495,00 550,00 2.820,00
VENDAS A PRAZO
- Mel 50,00 150,00 180,00 720,00
- Própolis 10,00 40,00 0,00 300,00
- Pólen 0,00 0,00 0,00 0,00
- Cera 0,00 0,00 0,00 0,00
- Outros 0,00 0,00 0,00 0,00
Subtotal 60,00 190,00 180,00 1.020,00
1.TOTAL DE ENTRADAS 185,00 685,00 730,00 3.840,00

SAÍDAS Jan Fev ......... Dez Total


- Rainha 0,00 0,00 300,00 300,00
- Alimentação Suplementar 15,00 15,00 0,00 100,00
- Cera Alveolada 24,00 0,00 0,00 180,00
- Medicamentos 10,00 0,00 0,00 10,00
- Material de Limpeza 10,00 0,00 10,00 25,00
- Energia Elétrica 15,00 15,00 10,00 120,00
- Combustível 25,00 25,00 15,00 84,00
- Mão de obra 45,00 45,00 45,00 540,00
- Encargos Sociais 14,85 14,85 14,85 178,20
- CSSR 4,07 15,07 16,06 102,96
- Embalagens 45,00 0,00 0,00 120,00
- Despesas com vendas 9,25 34,25 36,50 192,00
- Outros 0,00 0,00 0,00 0,00
2.TOTAL DE SAÍDAS 217,17 164,17 447,41 1.952,16

3.SALDO DE CAIXA (1-2) (- 32,17) 520,83 282,59 1.887,84

2. CUSTO DE PRODUÇÃO NO APIÁRIO

O custo de produção é a soma dos valores de todos os recursos (insumos e infra-estrutura)


e operações (serviços) utilizadas no processo produtivo no apiário.

Na gestão financeira do apiário o custo de produção é a ferramenta essencial para a tomada


de decisão do apicultor na condução do seu negócio. Em função de sua grande importância,
mais adiante será dedicado um capítulo exclusivo para análise e elaboração do custo de
produção no apiário.

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V. GESTÃO DA MÃO-DE-OBRA NO APIÁRIO

Esta é a área que trata da utilização racional da mão-de-obra no apiário. É interessante


salientar que esta área envolve fatores importantes e necessários para o bom desempenho
das atividades produtivas na empresa, apesar de muitas vezes o apicultor não se preocupar
com a gestão da mão-de-obra em seu apiário.

O alcance dos resultados positivos no apiário dependerá, principalmente, do uso adequado


da mão-de-obra e, para isto, é fundamental que ela seja constantemente treinada e
qualificada.

{
 Tempo de produção
 Sazonalidade
MÃO-DE-OBRA
 Trabalho disperso
 Trabalho ao ar livre

QUALIFICAÇÃO

Outros aspectos importantes que devem ser considerados no gerenciamento da mão-de-


obra no apiário são:

 Tempo de produção no campo é maior do que o tempo de trabalho em muitas atividades


apícolas;

 Produção sazonal, com demanda irregular de mão-de-obra na execução de tarefas;

 O trabalho é disperso, muitas vezes em vários locais distantes um do outro, dificultando


a gerência e supervisão da execução das tarefas;

 Trabalho ao ar livre, ficando sujeito às interferências das variações climáticas, o que


muitas vezes resulta em interrupções na sequência do trabalho, resultando até no
comprometimento da produtividade no apiário.

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VI. GESTÃO MERCADOLÓGICA NO APIÁRIO

A gestão mercadológica envolve basicamente todas as ações relacionadas ao mercado. Para


isto é preciso que o apicultor estabeleça um relacionamento eficiente com os compradores,
fornecedores, transportadores, armazenadores, classificadores e vendedores. Além disto,
é importante que o apicultor esteja sempre bem informado sobre os acontecimentos e as
tendências de mercado. Algumas áreas que merecem destaque na gestão mercadológica
são:

Área de suprimento dos recursos de produção necessários no apiário.

 O que comprar?

 Quando e quanto comprar?

 De quem comprar?

Área de comercialização dos produtos do apiário:

 Pesquisa e Análise de Mercado

 Qual o preço de venda?

 Quando vender?

 Quanto e como vender?

 Quais os canais de Comercialização?

ATENÇÃO!!!

A boa comercialização é parte integrante do êxito da empresa.


Entretanto, o apicultor deve dar atenção a todas as áreas de gestão,
pois o alcance do sucesso na apicultura só ocorrerá quando o
gerenciamento do apiário envolver todas as áreas existentes na
empresa.

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VII. O PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO NO APIÁRIO
Geralmente temos vários caminhos para chegar ao mesmo lugar, tudo dependerá da
potencialidade da empresa, da situação do ambiente de negócios e principalmente da
capacidade de gerenciamento do apicultor.

O desenvolvimento e a implantação de uma estratégia eficiente requerem profundos


conhecimentos sobre o apiário e seu ambiente de negócios. Além disto, é necessário que
o apicultor defina exatamente os objetivos para o seu apiário, considerando inclusive os
seguintes aspectos:

 Tamanho e volume dos negócios do apiário.

 Rendimento das atividades no apiário.

 Seleção e combinação das atividades do apiário. Neste caso trata-se da busca de


atividades afins para o melhor aproveitamento dos recursos já existentes na empresa.
O estabelecimento de estratégia no apiário
(Análise do ambiente do apiário)

PONTOS FRACOS
AMBIENTE
INTERNO

PONTOS FORTES

É uma análise minuciosa de tudo que existe no apiário. É preciso observar a capacidade dos
recursos financeiros (dinheiro em caixa), dos recursos físicos e materiais (infra-estrutura e
estado de conservação) e dos recursos humanos e administrativos (quantidade e qualidade
da mão-de-obra disponível).

Somente após esta análise sobre a capacidade e disponibilidade da empresa é que o apicultor
deverá iniciar o estabelecimento de estratégia para seu apiário. Neste momento o apicultor
deve obter as respostas para as seguintes questões:

 Quais os pontos fortes da Empresa? (O que o apiário possui e pode ser considerado como
situação positiva?)

 Quais os pontos fracos da Empresa? (O que o apiário não possui e pode ser considerado
como deficiência?)
Análise do ambiente de negócio da apicultura

AMEAÇAS
AMBIENTE DE
NEGÓCIOS

OPORTUNIDADES

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Na análise do ambiente de negócios, a preocupação do apicultor estará focada na possibilidade
de se identificar as oportunidades e as ameaças que estão presentes, e o que poderá afetar
o desenvolvimento das atividades no seu apiário.

Esta análise é a forma mais correta e racional para complementar o estabelecimento e


desenvolvimento de estratégias para o apiário. Exemplos:

 Oportunidade: Decreto de lei determinando a adoção de mel na merenda escolar.

 Ameaça: Embargo internacional restringindo a compra do mel brasileiro.

A IMPLANTAÇÃO DE ESTRATÉGIAS NO APIÁRIO

Após a definição das estratégias para o apiário, chegou a hora de colocá-las em prática.
A implantação das estratégias selecionadas pelo apicultor, normalmente, ocorre mediante
uma sequência entre planejamento, execução, checagem e ação corretiva. Essa ação
administrativa também é conhecida como P.E.C.A. (Planejamento, Execução, Checagem
e Ação-corretiva).

ROTEIRO DE UM MINI-PLANEJAMENTO

AÇÃO HISTÓRICO

Identificar Qual o negócio (missão) da empresa?

Identificar Qual o mercado? Quem é o cliente?


Quais os pontos fortes do apiário? Quais os pontos fracos do
Identificar
apiário?
Formular Os objetivos a serem atingidos a curto, médio e longo prazos.
Algumas estratégias a serem adotadas para que se possa alcançar
Formular
os objetivos propostos a curto, médio e longo prazo.
Quais os controles que deverão ser adotados para avaliação dos
Formular
resultados?
Quadro. Roteiro de miniplanejamento do apiário (Adaptação de Souza (1988)).

24 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


MINIPLANEJAMENTO
EXEMPLO PRÁTICO - APIÁRIO COM PRODUÇÃO DE MEL

AÇÃO IDENTIFICAÇÃO AÇÃO ESTRATÉGICA

Qual o negócio (missão) da Produção de mel com qualidade e


Identificar
empresa? alta produtividade.

Atacado e varejo de um determinado


Qual o mercado?
município.
Identificar
Quem é o cliente? Entreposto e consumidor final.

Quais os pontos fortes do apiário? Presença de flora abundante.


Identificar
Baixa qualificação da mão-de-obra
Quais os pontos fracos do apiário?
e baixa produtividade.
Qualificar a mão-de-obra existente,
Os objetivos a serem atingidos a
melhorar o manejo e promover a
curto prazo.
troca da rainha anualmente.

Formular Os objetivos a serem atingidos a


Aumentar o número de colmeias.
médio prazo

Os objetivos a serem atingidos a Aumentar o número de


longo prazo funcionários.

Estratégias a serem adotadas para Participar dos cursos do SENAR e


os objetivos a curto prazo. adquirir novas rainhas anualmente.
Adquirir novas caixas através de
Estratégias a serem adotadas para
Formular financiamento e capturar novos
os objetivos a médio prazo.
enxames.
Estratégias a serem adotadas para
Contratar mão-de-obra qualificada.
os objetivos a longo prazo.

Adotar as planilhas de controle.

Quais os controles que deverão


Registrar o início e término das
Formular ser adotados para avaliação dos
floradas.
resultados?
Registrar a quantidade produzida
por colmeia.

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo 25


VIII. CUSTO DE PRODUÇÃO NO APIÁRIO

O custo de produção é importante para a gestão do apiário, pois somente com esta informação
é que o apicultor poderá analisar a viabilidade de seu negócio. Lembrando que através da
interpretação dos dados obtidos nas planilhas de custo de produção, juntamente com o
domínio de outras informações, o apicultor poderá planejar adequadamente sua estratégia
na empresa, estabelecendo assim as ações administrativas que serão aplicadas, no curto,
médio e longo prazos, em suas atividades na apicultura.

Tecnicamente o custo de produção é a soma dos valores que envolvem os recursos (insumos
e infra-estrutura) e as operações (serviços) utilizadas no processo produtivo de uma atividade
no apiário. Para se calcular corretamente os custos de produção de uma atividade, é preciso
que o apicultor conheça os custos operacionais de sua empresa.

1. CUSTO OPERACIONAL EFETIVO (COE)

O custo operacional efetivo também é conhecido como capital de giro, que é a somatória
dos custos dos recursos de produção com duração igual ou menor que o ciclo de produção.
Uma vez utilizados estes recursos, os mesmos não poderão ser reutilizados.

Portanto, estes recursos são incorporados totalmente ao produto final. Por exemplo, o açúcar
utilizado para alimentar as abelhas, uma vez preparado o xarope e consumido pelas abelhas,
não tem como ser reutilizado novamente no período seguinte. Para isto será necessária
a realização de novos gastos que permitam o fornecimento de nova suplementação
alimentar.

2. CUSTO OPERACIONAL TOTAL (COT)

A somatória do custo operacional efetivo com os valores da depreciação das máquinas,


depreciação de equipamentos, encargos sociais diretos, contribuição de seguridade social
rural, encargos financeiros, assistência técnica e remuneração do empresário rural, resultará
no Custo Operacional Total.

2.1. Remuneração do Empresário Rural (RER)

A grande maioria dos apicultores não contabilizam em suas anotações de custo de produção
o seu tempo de trabalho dedicado à atividade.

Portanto é preciso que o apicultor considere o pagamento da sua dedicação à atividade.


Este valor pago ao apicultor para gerenciar o seu apiário é denominado Remuneração do
Empresário Rural e é conhecido contabilmente como pró-labore.

26 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


2.2. Depreciação

Com o passar do tempo e devido ao uso constante, as benfeitorias, as máquinas e os


equipamentos sofrem um processo de desgaste físico natural, o que provoca inclusive a sua
desvalorização monetária. Esse processo de desvalorização das benfeitorias; das máquinas
e dos equipamentos é denominado Depreciação.

A depreciação exprime-se numa parcela a ser deduzida periodicamente do valor do Bem


ao longo de sua vida útil.

ATENÇÃO!!!

Uma caixa de abelha sofrerá um desgaste natural de uso. Assim,


admitindo-se que a vida útil da caixa seja de 5 anos, pode-se afirmar
que, ao término de cada ano de trabalho, esta caixa “perde” uma
parcela do seu valor monetário total, em função de sua depreciação
(desgaste).

O mesmo acontece com outros equipamentos e benfeitorias


presentes no apiário, como por exemplo, casa do mel, fumigador,
roupa, formão, centrífuga, coletor de pólen, estufa de secagem do
pólen, vassourinha, etc.

COMO CALCULAR A COTA DE DEPRECIAÇÃO - CDep1

Exemplo prático para uma caixa de abelha


CDep = VB / VU
VB: Valor da caixa = R$ 120,00
VU: Vida útil da caixa = 5 anos
CDep = R$ 120,00 / 5 anos
CDep = R$ 24,00 / ano
O apicultor deverá “descontar” do valor da caixa de abelha o equivalente a
R$ 24,00 por ano.
1
Cota de Depreciação: Para calcular o CDep pode-se utilizar o Método Linear, que é basicamente a divisão do Valor
do Bem pelo seu tempo de vida útil.

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo 27


IX. RESULTADO FINANCEIRO

O Resultado Financeiro é a subtração entre a receita e os custos das atividades no apiário.


Primeiramente o apicultor poderá analisar o resultado da receita menos o custo operacional
efetivo e obter o desempenho de sua empresa em relação ao seu capital de giro.

COMO CALCULAR O RESULTADO FINANCEIRO SOBRE O


CUSTO OPERACIONAL EFETIVO

Resultado Financeiro (RF)


RF = Receita Total – Custo Operacional Efetivo, onde:
Receita Total = R$ 8.265,00
Custo Operacional Efetivo = R$ 2.204,00

RF = 8.265,00 – 2.204,00
RF = R$ 6.061,00 por ano

Posteriormente o apicultor deverá realizar a análise do resultado da receita menos o custo


operacional total para obter as informações do desempenho da sua atividade sobre o
investimento realizado no apiário.

COMO CALCULAR O RESULTADO FINANCEIRO SOBRE O


CUSTO OPERACIONAL TOTAL

Resultado Financeiro (RF)


RF = Receita Total – Custo Operacional Total, onde:
Receita Total = R$ 8.265,00
Custo Operacional Total = R$ 5.259,70

RF = 8.265,00 – 5.259,70
RF = R$ 3.005,30 por ano

28 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


X. PONTO DE EQUILÍBRIO

Para estimar com exatidão qual a produtividade mínima necessária, o apicultor deverá fazer
as contas do ponto de equilíbrio. Este método permite calcular o nível de produção necessário
para uma determinada atividade no apiário.

O ponto de equilíbrio é também de grande utilidade quando o apicultor deseja saber se é


viável ou não a introdução de uma nova atividade apícola em sua empresa, tendo em vista
inclusive a comparação com a capacidade máxima de produção do apiário.

O cálculo do ponto de equilíbrio poderá ser feito para o custo operacional efetivo.

COMO CALCULAR O PONTO DE EQUILÍBRIO PARA


O CUSTO OPERACIONAL EFETIVO - COE

PE = COE / P, onde:
PE: Ponto de equilíbrio, ou seja, a quantidade mínima necessária para produção;
COE: Custo Operacional Efetivo;
P: Preço unitário de venda do produto apícola (preço recebido pelo apicultor).

Exemplo Prático – Apiário com 50 colmeias


COE = R$ 2.204,00 Preço Médio de Venda do Mel = R$ 4,25/Kg

Baseado nas informações acima, o apicultor deverá obter os seguintes níveis de


produção:
Ponto de Equilíbrio do Apiário = 2.204,00 / 4,25 = 518,60 kg de mel.
Considerando que o apiário possui 50 colmeias em produção, cada colmeia deverá
produzir no mínimo:
Ponto de Equilíbrio da colmeia = 518,60 / 50 = 10,40 kg de mel.

É recomendável que se faça também o cálculo do ponto de equilíbrio para o custo operacional
total, assim o apicultor saberá inclusive qual a produtividade mínima necessária para que a
atividade possa cobrir as demais despesas, que estão além do capital de giro e que compõem
o custo de produção do apiário.

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo 29


COMO CALCULAR O PONTO DE EQUILÍBRIO PARA O
CUSTO OPERACIONAL TOTAL - COT

PE = COT / P, onde:
PE: Ponto de equilíbrio, ou seja, a quantidade mínima necessária para produção;
COT: Custo Operacional Total;
P: Preço unitário de venda do produto apícola (preço recebido pelo apicultor).

Exemplo Prático – Apiário com 50 colmeias


COT = R$ 3.025,95 Preço Médio de Venda do Mel = R$ 4,25/Kg
Baseado nas informações acima, o apicultor deverá obter os seguintes níveis de
produção:
Ponto de Equilíbrio do Apiário = 3.025,95 / 4,25 = 711,98 kg de mel.
Considerando que o apiário possui 50 colmeias em produção, cada colmeia deverá
produzir no mínimo:
Ponto de Equilíbrio da colmeia = 711,98 / 50 = 14,23 kg de mel.

APÊNDICE 1

EXEMPLO PRÁTICO - APIÁRIO COM PRODUÇÃO DE MEL E PRÓPOLIS

Informações iniciais:

• 50 colmeias produzindo mel e própolis;

• Produtividade anual da colmeia é igual a 35,0 quilos de mel e 0,4 quilo de própolis.

• A venda da produção do mel ocorre com a distribuição de 100% para o atacado, sendo
parte através da comercialização direta com a CONAB1;

• A venda da produção da própolis ocorre somente no atacado;

• O preço médio de venda do quilo do mel no atacado é igual a R$ 4,252;

• O preço de venda do quilo da própolis no atacado é igual a R$ 60,00.

1
Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB.
2
PV = Preço médio de venda, sendo que o apicultor comercializa parte de sua produção (80%) pelo programa da CONAB de compra
direta do produtor.
PV = (70% Preço Atacado Geral) + (30% Preço do programa da CONAB).
PV = (0,7 X 3,50) + (0,3 X 6,00) = $ 4,25 por quilo de mel.

30 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


A) INVESTIMENTO INICIAL

Especificação Quantidade Valor unitário Valor total

Caixas completas 50 120,00 6.000,00


Alimentador do tipo Bordman 50 4,50 225,00
Redutor de alvado 50 2,00 100,00
Tela excluidora de ninho 50 20,00 1.000,00
Molduras Coletoras 50 30,00 1.500,00
Cavalete de madeira 50 10,00 500,00
Fumigador SC Grande 01 80,00 80,00
Formão 01 8,70 8,70
Aramador de madeira 01 39,00 39,00
Incrustador de cera 01 30,00 30,00
Cera alveolada (kg) 50 30,00 1.500,00
Martelo 01 8,00 8,00
Fio de arame n. 24 ou 26 (kg) 01 18,00 18,00
Prego 6x6 (kg) 01 7,00 7,00
Ilhoses --- --- 60,00
Vassourinha de crina 01 7,50 7,50
Bandeja 01 3,00 3,00
Macacão de nylon completo 02 150,00 300,00
Botas (par) 02 25,00 50,00
Luvas (par) 20 3,00 60,00

TOTAL 11.496,20

B) COTA DE DEPRECIAÇÃO (CDep)

Para facilitar o cálculo da cota de depreciação (CDep) dos equipamentos e dos acessórios,
recomenda-se considerar o valor da cota como sendo o resultado médio de 20,0% ao ano
sobre o total de investimento. Neste caso desconsiderar o valor residual. Portanto a CDep
será igual a:

CDep = 0,20 X 11.496,20

CDep = R$ 2.299,24 a.a.

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo 31


C) RECEITA FINANCEIRA DO APIÁRIO

RECEITA SOMENTE COM A VENDA DO MEL

Valor Valor
Especificação Un Qtd
unitário total
a) Venda do mel – Programa da
Kg 550,0 6,00 3.300,00
CONAB
b) Venda do mel – Atacado Geral Kg 1.200,0 3,50 4.200,00
c) Custo de Comercialização (5% do
--- --- --- - 375,00
valor da venda)
Receita do Mel [(a+b)- c] 7.125,00

RECEITA SOMENTE COM A VENDA DA PRÓPOLIS

Valor Valor
Especificação Un Qtd
unitário total
a) Venda da própolis Kg 20,0 60,00 1.200,00
b) Custo de Comercialização (5% do
--- --- --- - 60,00
valor da venda)
Receita da Própolis (a-b) 1.140,00

RECEITA TOTAL

Especificação Valor Total

a) Receita do Mel 7.125,00

b) Receita da Própolis 1.140,00

Receita Total (a+b) 8.265,00

32 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


D) CUSTO OPERACIONAL EFETIVO - COE

Valor Valor
Especificação Un Qtd
unitário total
Mão-de-obra (Apicultor) ½ HD1 24 12,50 300,00

Mão-de-obra (Ajudante) ½ HD 24 10,00 240,00

Açúcar cristal Kg2 250 1,00 250,00

Transporte Km3 240 0,35 84,00

Troca de rainha Unitário 50 15,00 750,00

Cera alveolada Kg 15 30,00 450,00

Diversos4 Mensal 12 15,00 180,00

Custo Operacional Efetivo - COE 2.254,00

1
- HD – Homem-dia: refere-se ao valor pago pelo dia de trabalho, lembrando que o trabalho para vinte colmeias demanda
somente ½ período (neste caso pode ser a mão-de-obra familiar, porém deverá ser considerada na elaboração dos
custos).
2
- Kg – Quilograma.
3
- Km – Quilômetro.
4
- Refere-se às despesas com material de limpeza, etc.

Observações:

a) Mão-de-obra = 2 trabalhadores em 2 vezes por mês no apiário, considerando ½ período


de trabalho cada vez.

Mão-de-obra = (02 * 2 * 12) / 2 = 24 dias de trabalho (HD) no ano.

b) Açúcar cristal para alimentação suplementar na entressafra.

c) Cera alveolada - Considerar 30% de reposição a partir do 2º ano.

50 Kg de cera x 0,3 (30%) = 15,0 kg de cera alveolada por ano.

d) Diversos = Material de limpeza, etc.

d.1) Ponto de Equilíbrio para o Custo Operacional Efetivo

Neste exemplo prático o apiário produz mel e própolis, sendo que o mel será considerado
como produto principal da colmeia para efeito do cálculo da produtividade mínima por
colmeia.

PE (Ponto de Equilíbrio) = COE / PV, onde:

COE = Custo Operacional Efetivo = R$ 2.254,00

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo 33


PV = Preço de venda = R$ 4,25 por Kg do mel

PE = 2.254,00 / 4,25

PE = 530,35 quilos de mel por ano

PE (por colmeia/ano) = 518,6 / 50 = 10,60

PE (por colmeia/ano) = 10,60 quilos de mel por colmeia-ano

E) CUSTO OPERACIONAL TOTAL - COT

Especificação Valor Total

Custo Operacional Efetivo - COE 2.254,00

Depreciações Máq. e Equip. (∑ CDep) 2.299,24

Encargos Sociais1 178,20

CSSR2 181,83

Remuneração do Empresário Rural – RER3 300,00

Custos Financeiros4 96,43

Custo Operacional Total - COT 5.309,70

1
- Refere-se aos encargos sobre a mão-de-obra (33,0%)
Valor da Mão-de-obra X 33% = 540,00 X 0,33 = R$ 178,20
2
- Refere-se à Contribuição da Seguridade Social Rural de 2,2% sobre a receita bruta.
Receita Bruta = (Receita do Mel) + (Receita da própolis)
Valor da Receita Bruta X 2,2% = 8.265,00 X 0,022 = R$ 181,83
3
- A remuneração do empresário rural é o equivalente a uma diária de trabalho por mês, neste caso R$ 25,00/mensal
RER = 25,00 X 12 (meses) = R$ 300,00.
4
- Refere-se à taxa de juros de 8,75% a.a. sobre 50% do COE.
Custos Financeiros = 0,0875 (8,75%) X 50% (COE) = 0,0875 X 1.102,00 = R$ 96,43

e.1) Ponto de Equilíbrio para o Custo Operacional Total

Neste exemplo prático o apiário produz mel e própolis, sendo que o mel será considerado
como produto principal da colmeia para efeito do cálculo da produtividade mínima por
colmeia.

34 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


PE (Ponto de Equilíbrio) = COT / PV, onde:

COT = Custo Operacional Total = R$ 5.309,70

PV = Preço médio de venda = R$ 4,25 / Kg do mel

Produção mínima anual de mel necessária no apiário

PE = 5.309,70 / 4,25

PE = 1.249,35 quilos de mel por ano

Produção mínima anual de mel necessária por colmeia

PE = 1.249,35 / 50

PE = 24,98, ou seja, 25 quilos de mel por colmeia-ano

F) RESULTADO FINANCEIRO

SOBRE O CUSTO OPERACIONAL EFETIVO (CAPITAL DE GIRO)

Especificação Valor Total

a) Receita Total 8.265,00

b) Custo Operacional Efetivo 2.254,00

Resultado Financeiro (a-b) 6.011,00

SOBRE O CUSTO OPERACIONAL TOTAL

Especificação Valor Total

a) Receita Total 8.265,00

b) Custo Operacional Total 5.309,70

Resultado Financeiro (a-b) 2.955,30

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo 35


G) ÍNDICE DE LUCRATIVIDADE (IL)

IL = Resultado Financeiro / Investimento Total

Resultado Financeiro = R$ 2.955,30

Investimento Total = R$ 11.496,20

IL = 2955,30 / 11.496,20

IL = 0,257 ► IL = 0,257 x 100%

IL = 25,7% a.a.

H) QUADRO ANALÍTICO DOS RESULTADOS ANUAIS DO APIÁRIO

Especificação Ano 200___

Investimento Total 11.496,20

Custo Operacional Efetivo - COE 2.254,00

Custo Operacional Total - COT 5.309,70

Receita Total - RT 8.265,00

Resultado Financeiro - RF 2.955,30

Índice de Lucratividade (%) 25,7

Ponto de Equilíbrio (Kg de Mel/Colméia/ano) 25,00

APÊNDICE 2

EXEMPLO PRÁTICO - APIÁRIO COM PRODUÇÃO DE PÓLEN

Informações iniciais:

• 50 colmeias produzindo pólen;

• Produtividade diária da colmeia é igual a 60,0 gramas de pólen;

• O período de produção é de aproximadamente 9 meses, sendo o equivalente a 270


dias de coleta;

• A venda da produção do pólen ocorre somente no atacado;

• O preço de venda do quilo do pólen no atacado é igual a R$ 30,00.

36 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


A) INVESTIMENTO INICIAL

Especificação Quantidade Valor unitário Valor total

Caixas completas 50 120,00 6.000,00


Alimentador do tipo Bordman 50 4,50 225,00
Redutor de alvado 50 2,00 100,00
Tela excluidora de ninho 50 20,00 1.000,00
Coletores de pólen 50 70,00 3.500,00
Cavalete de madeira 50 10,00 500,00
Fumigador SC Grande 01 80,00 80,00
Formão 01 8,70 8,70
Aramador de madeira 01 39,00 39,00
Incrustador de cera 01 30,00 30,00
Cera alveolada (kg) 50 30,00 1.500,00
Martelo 01 8,00 8,00
Fio de arame n. 24 ou 26 (kg) 01 18,00 18,00
Prego 6x6 (kg) 01 7,00 7,00
Ilhoses --- --- 60,00
Vassourinha de crina 01 7,50 7,50
Bandeja 01 3,00 3,00
Macacão de nylon completo 02 150,00 300,00
Botas (par) 02 25,00 50,00
Luvas (par) 20 3,00 60,00
Freezer horizontal 01 1.069,99 1.069,99

TOTAL 14.566,19

B) COTA DE DEPRECIAÇÃO (CDep)

Para facilitar o cálculo da cota de depreciação (CDep) dos equipamentos e dos acessórios,
recomenda-se considerar o valor da cota como sendo o resultado de 20,0% ao ano sobre
o total de investimento. Neste caso desconsiderar o valor residual. Portanto a CDep será
igual a:

CDep = 0,20 X 14.566,19

CDep = R$ 2.913,24

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo 37


C) RECEITA FINANCEIRA DO APIÁRIO

RECEITA TOTAL

Valor Valor
Especificação Un Qtd
unitário total
a) Venda do pólen Kg 810,0 30,00 24.300,00
b) Custo de Comercialização (5% do
--- --- --- -1.215,00
valor da venda)
Receita do Pólen (a-b) 23.085,00

D) CUSTO OPERACIONAL EFETIVO - COE

Valor Valor
Especificação Un Qtd
unitário total
Mão-de-obra (Apicultor) ½ HD1 270 12,50 3.375,00

Mão-de-obra (Ajudante) ½ HD 270 10,00 2.700,00

Açúcar cristal Kg2 250 1,00 250,00

Transporte Km3 1.080 0,35 378,00

Troca de rainha Unitário 20 15,00 300,00

Cera alveolada Kg 15 30,00 450,00

Diversos4 Mensal 12 100,00 1.200,00

Custo Operacional Efetivo - COE 8.653,00

1
- HD – Homem-dia: refere-se ao valor pago pelo dia de trabalho, lembrando que o trabalho para vinte colmeias deman-
da somente ½ período (neste caso pode ser a mão-de-obra familiar, porém deverá ser considerada na elaboração dos
custos).
2
- Kg – Quilograma.
3
- Km – Quilômetro.
4
- Refere-se às despesas com material de limpeza, etc.

Observações:

a) Mão-de-Obra = 2 trabalhadores diariamente em ½ período no apiário durante 270 dias


de trabalho.

b) Açúcar cristal para alimentação suplementar na entressafra.

c) Cera alveolada - Considerar 30% de reposição a partir do 20 ano. 50 Kg de cera X 0,3


(30%) = 15,0 kg de cera alveolada por ano.

38 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


d) Diversos = Material de limpeza, energia, etc.

d.1) Ponto de Equilíbrio para o Custo Operacional Efetivo

PE (Ponto de Equilíbrio) = COE / PV, onde:

COE = Custo Operacional Efetivo = R$ 8.653,00

PV = Preço de venda = R$ 30,00 por quilo do pólen

PE = 8.653,00 / 30 = 288,4 quilos de pólen por ano

PE (por colmeia/ano) = 288,4 / 50 = 5,8 quilos de pólen por colmeia-ano

E) CUSTO OPERACIONAL TOTAL - COT

Especificação Valor Total

Custo Operacional Efetivo - COE 8.653,00

Depreciações Máq. e Equip. (∑ CDep) 2.913,24

Encargos Sociais1 1.674,75

CSSR2 507,87

Remuneração do Empresário Rural – RER3 300,00

Custos Financeiros4 378,60

Custo Operacional Total - COT 14.427,46

1
- Refere-se aos encargos sobre a mão-de-obra (33,0%)
Valor da Mão-de-obra X 33% = 5.075,00 X 0,33 = R$ 1.674,75
2
- Refere-se à Contribuição da Seguridade Social Rural de 2,2% sobre a receita bruta.
Receita Bruta = Receita do Pólen
Valor da Receita Bruta X 2,2% = 23.085,00 X 0,022(2,2%) = R$ 507,87
3
- A remuneração do empresário rural é o equivalente a uma diária de trabalho por mês, neste caso R$ 25,00/mensal
RER = 25,00 X 12 (meses) = R$ 300,00.
4
- Refere-se à taxa de juros de 8,75% a.a. sobre 50% do COE.
Custos Financeiros = 0,0875 (8,75%) X 50% (COE) = 0,0875 X 4.326,50 = R$ 378,60

e.1) Ponto de Equilíbrio para o Custo Operacional Total

PE (Ponto de Equilíbrio) = COT / PV, onde:

COT = Custo Operacional Total = R$ 14.427,46

PV = Preço médio de venda = R$ 30,00/kg do pólen

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo 39


PE = 14.427,46 / 30,00 = 480,9 quilos de pólen por ano

PE (por colmeia/ano) = 480,9 / 50 = 9,6 quilos de pólen por colmeia-ano

F) RESULTADO FINANCEIRO

SOBRE O CUSTO OPERACIONAL EFETIVO (CAPITAL DE GIRO)

Especificação Valor Total

a) Receita Total 23.085,00

b) Custo Operacional Efetivo 8.653,00

Resultado Financeiro (a-b) 14.432,00

SOBRE O CUSTO OPERACIONAL TOTAL

Especificação Valor Total

a) Receita Total 23.085,00

b) Custo Operacional Total 14.427,46

Resultado Financeiro (a-b) 8.657,54

G) ÍNDICE DE LUCRATIVIDADE (IL)

IL = Resultado Financeiro / Investimento Total

Resultado Financeiro = R$ 8.657,54

Investimento Total = R$ 14.566,19

IL = 8.657,54 / 14.566,19

IL = 0,594 ► IL = 0,594 x 100%

IL = 59,4% a.a.

40 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


H) QUADRO ANALÍTICO DOS RESULTADOS ANUAIS DO APIÁRIO

Especificação Ano 200___

Investimento Total 14.566,19

Custo Operacional Efetivo - COE 8.653,00

Custo Operacional Total - COT 14.427,46

Receita Total - RT 23.085,00

Resultado Financeiro - RF 8.657,54

Índice de Lucratividade (%) 59,4

Ponto de Equilíbrio (Kg de Pólen/Colmeia/ano) 9,6

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EXERCÍCIO PRÁTICO

Preencha os espaços, colocando as informações de um apiário, e desenvolva o exercício:

APIÁRIO COM PRODUÇÃO DE:____________

Informações iniciais:

Nº de____________ colmeias produzindo o produto____________

Produtividade anual da colmeia é igual a____________ quilos

A venda da produção é ____________% no varejo e ____________% no atacado

O preço de venda do quilo no atacado é igual a –R$____________.

O preço de venda do quilo no varejo é igual a –R$____________

O preço médio de comercialização do produto é –R$____________

Para se obter o valor médio do produto, multiplique o valor de venda no atacado pela
porcentagem comercializada e também o valor de venda no varejo pela porcentagem desta
venda.

A somatória dos dois resultados, dividido por dois, gera o resultado final.

Ex:

30% no varejo a R$10,00 e

70% no atacado a R$ 5,00

=10,00 x 30% = 3,00 e

5,00 x 70% = 3,5 onde

3,00 + 3,5 = 6,5/2 = 3,25

Onde 3,25 é o valor médio para comercialização.

42 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


a) INVESTIMENTO INICIAL

Especificação Qtde Valor unitário Valor total

Caixas completas
Alimentador do tipo
Bordman
Redutor de alvado
Tela excluidora de ninho
Coletor de pólen
Molduras Coletoras
Cavalete de madeira com
protetor formiga
Fumegador SC Grande
Formão
Aramador de madeira
Incrustador de cera
Cera alveolada (kg)
Martelo
Fio de arame n. 24 ou 26
(kg)
Prego 6x6 (kg)
Ilhoses
Vassourinha de crina
Bandeja
Macacão de nylon
completo
Botas (par)
Luvas (par)
Cobertura
Freezer
Balde para
acondicionamento
Equipamento p/ extração
Balança
Vidro do alimento
Tinta para a caixa
Carrinho de mão
TOTAL

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b) COTA DE DEPRECIAÇÃO (CDep)

CDep = Investimento de------------ X 0,20 = R$ ----------------ao ano.

c) CUSTO OPERACIONAL EFETIVO - COE

Valor Valor
Especificação Unidade Qtd
unitário total
Mão-de-obra de inspeção
Mão-de-obra de alimentação
Açúcar cristal
Transporte
Troca de rainha
Cera alveolada
Arrendamento
Diversos

Custo Operacional Efetivo - COE

c.1) Ponto de Equilíbrio para o Custo Operacional Efetivo

PE (Ponto de Equilíbrio) = COE / PV

PE=-------------/ R$--------------

PE=-------------- kg

PE =------/Nº de------- colmeias=.......kg / colmeia / ano

44 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


d) CUSTO OPERACIONAL TOTAL - COT
Valor Valor
Especificação Unidade Qtd
unitário total
Custo Operacional Efetivo - COE
Depreciações Máq. e Equip. (∑ CDep)
Encargos Sociais
CSSR
Assistência Técnica
Remuneração do Empresário Rural - RER
Custos Financeiros
Diversos

Custo Operacional Total - COT

d.1) Ponto de Equilíbrio para o Custo Operacional Total

PE (Ponto de Equilíbrio) = COT / PV;

PE=-------------/ R$--------------

PE=-------------- kg

PE =------/Nº de------- colmeias=.......kg /colmeia / ano

e) RECEITA DO APIÁRIO

Receita somente com a venda do mel


Valor Valor
Especificação Unidade Qtd
unitário total
a) Venda do mel
b) Custo de Comercialização (-5% do
valor da venda)
Receita do Mel (a-b)

Receita somente com a venda da própolis


Valor Valor
Especificação Unidade Qtd
unitário total
a) Venda da própolis
b) Custo de Comercialização (-5% do
valor da venda)
Receita da Própolis (a-b)

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RECEITA TOTAL
Especificação Valor Total
a) Receita do Mel
b) Receita da Própolis
Receita Total (a+b)

f) RESULTADO FINANCEIRO
Sobre o Custo Operacional Efetivo (Capital de Giro)

Especificação Valor Total


a) Receita Total
b) Custo Operacional Efetivo
Resultado Financeiro (a-b)

ÍNDICE DE LUCRATIVIDADE (IL)

IL = Resultado Financeiro / Investimento Total

IL=-------------/---------------- = ------------- %

Sobre o Custo Operacional Total

Especificação Valor Total


a) Receita Total
b) Custo Operacional Total
Resultado Financeiro (a-b)

g) ÍNDICE DE LUCRATIVIDADE (IL)

IL = Resultado Financeiro / Investimento Total

IL=------------/----------- = --------------- %

h) QUADRO ANALÍTICO DOS RESULTADOS ANUAIS DO APIÁRIO

Especificação Ano 200___


Investimento Total
Custo Operacional Efetivo - COE
Custo Operacional Total - COT
Receita Total - RT
Resultado Financeiro - RF
Índice de Lucratividade (%)
Ponto de Equilíbrio (Kg de Mel/Colmeia/ano)

46 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


PLANILHAS DE DIAGNÓSTICO DO APIÁRIO

1. IDENTIFICAÇÃO DO APICULTOR

Nome: Tel.:

Endereço: N.º : Compl.:

Município: Estado:

2. IDENTIFICAÇÃO DO APIÁRIO

Nome da Propriedade (Apiário): Tel.:

Endereço: Bairro:

Município: Estado:

3. DESCRIÇÃO DO APIÁRIO

Distribuição Área (ha) Observações

Matas Nativas

Matas Reflorestadas

Pastagens em geral

Áreas cultivadas

Outras

TOTAL

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4. DESCRIÇÃO DAS BENFEITORIAS
Estado de
Especificações Área (m2) Observação
Conservação

48 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


5. DESCRIÇÃO DE MÁQUINAS / EQUIPAMENTOS E VEÍCULOS EXISTENTES
Estado de
Descrição Marca Discriminação
Conservação

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6. DESCRIÇÃO DAS COLMÉIAS EXISTENTES
Número de Estado de
Especificações Raça Observações
colmeias Conservação

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PLANILHA DE INVESTIMENTO

Especificações Quantidade Valor unitário (R$) Valor total (R$)


Caixas completas (c/ enxame)
Alimentador de topo
Alimentador do tipo Bordman
Pote de vidro c/ tampa 600ml
Redutor de alvado
Tela excluidora de ninho
Cavalete
Molduras Coletoras (Própolis)
Coletor de Pólen
Fumigador SC Grande
Formão
Aramador de madeira
Incrustador de cera
Cera alveolada (kg)
Turquesa
Martelo
Fio de arame n. 24 ou 26 (kg)
Ilhoses (unidade)
Prego 6x6 (kg)
Vassourinha de crina
Bandeja
Macacão de nylon completo
Botas (par)
Luvas (par)
Freezer

TOTAL

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PLANILHA DE CONTROLE DAS DESPESAS MENSAIS

MESES
Especificação ∑
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Mão-de-obra no apiário

Energia elétrica

Água

Açúcar cristal

Material de Limpeza

Material de escritório

Telefone

Combustível

RER

Diversos

TOTAL

PLANILHA DE CONTROLE DAS RECEITAS

RECEITAS DO APIÁRIO – Ano 200____

Produto Unidade Quantidade Preço/Unitário Valor R$

Mel

Própolis

Cera

Pólen

Outros

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PLANILHA DE CONTROLE DO CUSTO OPERACIONAL EFETIVO - COE

Especificação Unidade Qde Valor Unitário Valor Total

Mão-de-obra HD1

Açúcar cristal Kg2

Transporte Km3

Troca de rainha Unitário

Cera alveolada Kg

Diversos4 Mensal

Custo Operacional Efetivo

1- HD - Homem-dia: refere-se ao valor pago pelo dia de trabalho (neste caso pode ser a mão-de-obra familiar, porém
deverá ser considerada na elaboração dos custos).
2- Kg - Quilograma.
3- Km - Quilômetro.
4- Refere-se às despesas com material de limpeza, etc.
Observações:
a) Mão-de-Obra = deverá considerar o número de dias de trabalho no apiário
b) Açúcar cristal para alimentação suplementar na entressafra
c) Cera alveolada - Considerar 30% de reposição a partir do 2º ano
d) Diversos = Material de limpeza, energia, etc.

PLANILHA DE CONTROLE DO CUSTO OPERACIONAL TOTAL - COT

Especificação Valor Total

Custo Operacional Efetivo - COE

Depreciações Máq. e Equip. (∑ CDep)

Encargos Sociais1

CSSR2

Assistência Técnica

Remuneração do Empresário Rural – RER3

Custos Financeiros4

Custo Operacional Total - COT

1- Refere-se aos encargos sobre a mão-de-obra (33,0%).


2- Refere-se à Contribuição da Seguridade Social Rural de 2,2% sobre a receita bruta.
3- A remuneração do empresário rural é o equivalente a uma diária de trabalho por mês, neste caso R$ 25,00/mensal.
4- Refere-se à taxa de juros de 8,75% a.a. sobre 50% do COE.

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo 53


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

 ANTONIALLI, L.M. Planejamento e controle financeiro da agroindústria. Lavras: UFLA/FAEPE, 2001.

 ANTUNES, L.M. e ENGEL, A. Manual de Administração Rural: Custos de Produção. 2º Ed. Guaíba. Editora
Agropecuária, 1996.

 ANTUNES, L.M. e RIES, L.R. Gerência Agropecuária. 1º Ed. Guaíba. Editora Agropecuária, 1998.

 BUARQUE, C. Avaliação Econômica de Projetos. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1988.

 CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1977.

______. Administração de Empresas: Uma abordagem contigencial. São Paulo: McGraw- Hill do Brasil,
1982.

 CREPALDI, S.A. Contabilidade Rural: Uma Abordagem decisorial. São Paulo: Atlas, 1993.

 HOFFMANN, R. et al. Administração da Empresa Agrícola. São Paulo: Pioneira, 1981.

 KOTLER, P. Administração de Marketing. São Paulo: Editora Atlas, 1998

 MARION, J.C. Contabilidade Empresarial. São Paulo: Atlas, 1989.

______. Contabilidade Rural. São Paulo: Atlas, 1985.

 MATSUNAGA, M. et. al. Metodologia de custo de produção utilizada pelo Instituto de Economia Agrícola.
Agricultura em São Paulo, São Paulo, v.23, n.1, p.123-139, 1976.

 NEPOMUCENO, F. Custos e Contabilidade na Atividade Agropastoril. São Paulo: IOB, 1986.

 OLIVEIRA, et al. Produção de mel na Região do Nordeste do Estado de São Paulo: um estudo de caso de
produtor familiar. Informações Econômicas, SP, v.34, n2, Fev. 2004.

 OLIVEIRA, N. B. Cooperativismo - Guia Prático. Porto Alegre: Ocergs, 1993.

 PINHO, D. B. O cooperativismo no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2004.

 SILVA, W. P. da. Manual de comercialização apícola. Maceió: SEBRAE, 2000.

 SOUZA, et al. Administração da Fazenda. Rio de Janeiro: Globo. 1985.

 WIESE, H. O novo manual de apicultura. Guaíba: Editora Agropecuária, 1995.

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