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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL

ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Programa Olericultura Orgânica

Tratos Culturais
Módulo V

“O SENAR-AR/SP está permanentemente


empenhado no aprimoramento profissional e
na promoção social, destacando-se a saúde
do produtor e do trabalhador rural.”
Fábio Meirelles
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP
FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Gestão 2012-2016

Fábio de Salles Meirelles


Presidente

JOSÉ CANDÊO ÂNGELO MUNHOZ BENKO


Vice-Presidente Diretor 2º Secretário

EDUARDO LUIZ BICUDO FERRARO MILTON LUIZ SARTO


Vice-Presidente Diretor 3º Secretário

PAULO FERNANDO MERCADANTE TURCI LUIZ SUTTI


Vice-Presidente Diretor 1º Tesoureiro

MARCIO ANTONIO VASSOLER CARLOS EMERENCIANO TIAGO


Vice-Presidente Diretor 2º Tesoureiro

JOSÉ EDUARDO COSCRATO LELIS PEDRO LUIZ OLIVIERI LUCCHESI


Diretor 1º Secretário Diretor 3º Tesoureiro

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL


Administração Regional do Estado de São Paulo
Conselho Administrativo

Fábio de Salles Meirelles


Presidente

Daniel Klüppel Carrara EUNIZIO MALAGUTTI


Representante da Administração Central Representante do Segmento das Classes Produtoras

BRAZ AGOSTINHO ALBERTINI ADRIANA MENEZES DA SILVA


Presidente da FETAESP Representante do Segmento das Classes Produtoras

Mário Antonio de Moraes Biral


Superintendente

Sérgio Perrone Ribeiro


Coordenador Geral Administrativo e Técnico
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL
ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

OLERICULTURA Orgânica

Tratos Culturais

São Paulo - 2012


IDEALIZAÇÃO
Fábio de Salles Meirelles
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

SUPERVISÃO GERAL DO PROGRAMA “OLERICULTURA ORGÂNICA”


Jair Kaczinski
Chefe da Divisão Técnica do SENAR-AR/SP

RESPONSÁVEL TÉCNICO
Marco Antonio de Oliveira
Divisão Técnica do SENAR-AR/SP

AUTORES
André de Moraes Costa - Engenheiro Agrônomo e Doutor em Agonomia
Eduardo Mendoza Rodriguez - Engenheiro Agrônomo e Doutor em Agonomia
Marcelo Fabiano Sambiase - Produtor Rural
Marco Antonio de Oliveira - Biólogo e Especialista em Gestão Ambiental do SENAR-AR/SP

REVISÃO GRAMATICAL
André Pomorski Lorente

REVISÃO TÉCNICA
Sandro Secon - Técnico em Agropecuária
Sônia Masumi Yamamoto - Engenheira Agrônoma

colaboradores
APTA - São Roque
Celso dos Santos
Issão Ishimura
José Rodolfo Lopes de Toledo
Sindicato Rural de Monteiro Lobato
Sindicato Rural de São Bento do Sapucaí

DIAGRAMAÇÃO
Thais Junqueira Franco - Diagramadora do SENAR-AR/SP

Direitos Autorais: é proibida a reprodução total ou


parcial desta cartilha, e por qualquer processo, sem a
expressa e prévia autorização do SENAR-AR/SP.
Material impresso no SENAR-AR/SP

4 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


SUMÁRIO

Introdução............................................................................................................................9

Tratos Culturais................................................................................................................10

I - Irrigar a área................................................................................................................. 11
1. Faça o teste de umidade do solo...........................................................................12

II - Utilizar a cobertura morta no solo............................................................................... 13


1. Conheça os materiais............................................................................................13
2. Coloque a cobertura morta de materiais vegetais no solo....................................13
3. Coloque a cobertura morta de agrofilme no solo...................................................14

III - Nutrir a planta.............................................................................................................15


1. Identifique a necessidade da adubação de cobertura...........................................18
2. Faça a adubação de cobertura..............................................................................20

IV - Manejar as ervas espontâneas..................................................................................... 21


1. Identifique alterações na cultura............................................................................22
2. Faça a roçada........................................................................................................22

V - Escarificar....................................................................................................................23
1. Selecione a ferramenta..........................................................................................23
2. Escarifique o solo..................................................................................................23

VI - Ralear ou desbastar....................................................................................................24
1. Verifique o espaçamento ideal entre plantas.........................................................24
2. Retire as plantas....................................................................................................24

VII - Fazer a amontoa..........................................................................................................25

VIII - Tutorar......................................................................................................................26
1. Tutore em V invertido............................................................................................26
2. Tutore com fios de arame......................................................................................27
3. Tutore com fitilhos.................................................................................................27
4. Tutore em i.............................................................................................................28

IX - Fazer o amarrio. ..........................................................................................................29

X - Fazer a desbrota e a capação........................................................................................ 30

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XI - Desbastar frutos.........................................................................................................31

XII - Fazer o branqueamento...............................................................................................31

XIII - Polinizar....................................................................................................................32
1. Faça a polinização manual....................................................................................32

XIV - Fazer o penteamento (condução das ramas)...............................................................33

Bibliografia........................................................................................................................34

6 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


APRESENTAÇÃO

O
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL - SENAR-AR/SP, criado em 23
de dezembro de 1991, pela Lei n° 8.315, e regulamentado em 10 de junho de 1992,
como Entidade de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, teve
a Administração Regional do Estado de São Paulo criada em 21 de maio de 1993.

Instalado no mesmo prédio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São


Paulo - FAESP, Edifício Barão de Itapetininga - Casa do Agricultor Fábio de Salles
Meirelles, o SENAR-AR/SP tem, como objetivo, organizar, administrar e executar, em todo
o Estado de São Paulo, o ensino da Formação Profissional e da Promoção Social Rurais
dos trabalhadores e produtores rurais que atuam na produção primária de origem animal e
vegetal, na agroindústria, no extrativismo, no apoio e na prestação de serviços rurais.

Atendendo a um de seus principais objetivos, que é o de elevar o nível técnico, social e


econômico do Homem do Campo e, conseqüentemente, a melhoria das suas condições
de vida, o SENAR-AR/SP elaborou esta cartilha com o objetivo de proporcionar, aos
trabalhadores e produtores rurais, um aprendizado simples e objetivo das práticas agro-
silvo-pastoris e do uso correto das tecnologias mais apropriadas para o aumento da sua
produção e produtividade.

Acreditamos que esta cartilha, além de ser um recurso de fundamental importância para os
trabalhadores e produtores, será também, sem sombra de dúvida, um importante instrumento
para o sucesso da aprendizagem a que se propõe esta Instituição.

Fábio de Salles Meirelles


Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

“Plante, Cultive e Colha a Paz”

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INTRODUÇÃO

Após instalada, a cultura necessita de uma série de cuidados para o seu pleno
desenvolvimento.

Esta cartilha procura descrever, de forma simples, as operações necessárias e essenciais


para a capacitação dos trabalhadores rurais a fim de realizar os tratos culturais, tais como:
irrigação, utilização da cobertura morta, nutrição, manejo das ervas espontâneas, etc. Procura,
ainda, fornecer subsídios que auxiliem o trabalhador a desenvolver seu senso crítico e de
observação, preservando a saúde e a segurança, praticando assim uma agricultura menos
agressiva ao meio ambiente e obtendo um produto mais saudável.

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Tratos Culturais

São operações aplicadas durante todo o ciclo da cultura, após sua implantação, tendo como
objetivo minimizar o estresse e oferecer um maior conforto à planta, visando obter produtos
de qualidade e maior produtividade.

10 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


I - irrigar a área

Uma das práticas de manejo mais importantes em olericultura. É o fornecimento de água


ao solo com a finalidade de proporcionar a umidade necessária ao crescimento normal das
culturas, suprindo a falta, insuficiência ou má distribuição das chuvas.

Existem no mercado diferentes sistemas de irrigação, como:

- Aspersão: regador, mangueira, aspersor;

- Gotejamento;

- Infiltração: sulcos, mangueiras; - Microaspersão.

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A escolha do sistema de irrigação dependerá de cada cultura, do tipo de solo, da disponibilidade
de água e custo.

A freqüência de irrigação depende do tipo de solo, clima, cultura, presença ou não de cobertura
morta no solo e quantidade e constância de chuvas. O período mais recomendado para a
irrigação é no início da manhã.

A quantidade e freqüência da irrigação podem ser determinadas mediante visualização das


plantas.

Os sintomas de uma planta com déficit hídrico variam conforme a cultura, mas em geral o
enrolamento, o murchamento, as mudanças da tonalidade das cores e da textura das folhas
são os sintomas de fácil visualização.

Para verificarmos a umidade do solo, podemos utilizar o tensiômetro, aparelho que mede a
tensão da água no solo, ou fazer um teste bastante simples e prático:

1. faça o teste de umidade do solo

1.1. Pegue uma porção do solo e comprima na palma da mão

1.2. Observe o resultado

Havendo escorrimento de água, a umidade está excessiva.

Havendo a modelagem, sem escorrer água, a umidade está adequada.

Não havendo a modelagem (esboroamento), o solo está com déficit de água.

Atenção!!!

Faça periodicamente a análise da água e somente utilize água de boa


qualidade (livre de agrotóxicos, adubos químicos e agentes patogênicos
causadores de doenças).

Alerta ecológico!!!

O excesso de água é tão prejudicial quanto a sua falta. Mantenha o


sistema de irrigação sem vazamentos indesejáveis, evitando gastos
desnecessários de água.

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II - UTILIZAR A COBERTURA MORTA NO SOLO

Consiste em cobrir o solo com diferentes materiais de origem vegetal ou filmes plásticos,
para protegê-lo do sol forte, das chuvas, para reter a umidade natural, manter a temperatura
mais amena, facilitar a infiltração de água no solo, diminuir a erosão e a perda de nutrientes
e, por meio da decomposição da matéria orgânica, disponibilizar mais nutrientes. Também
contribui para a manutenção da estrutura e atividade biológica do solo, para confundir insetos
e dificultar o desenvolvimento de ervas espontâneas (supressão mecânica).

1. conheça os materiais

Folhas de arvores;

Palhada;

Poda de grama;

Serragem;

Capim picado;

Agrofilme (filme plástico).

2. Coloque a cobertura morta de materiais vegetais no solo

A cobertura poderá ser colocada antes do plantio ou imediatamente após, e a quantidade


varia conforme a cultura e a disponibilidade de materiais na propriedade. O quebra-vento
pode ser manejado para fornecimento de material para a cobertura morta.

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3. Coloque a cobertura morta de agrofilme no solo

Alerta ecológico!!!

Usando a cobertura morta, a quantidade de água utilizada nas irrigações


pode diminuir em até 25% do normal.

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III - nutrir a planta

É o processo que vai desde a absorção à assimilação de nutrientes pelas células


vegetais.

As plantas produzem seus próprios alimentos (são organismos autotróficos), em virtude de


sua habilidade de sintetizar carboidratos usando somente água, dióxido de carbono (CO2)
e energia oriunda do sol (luz).

A água é indispensável para a nutrição vegetal. Para absorver água, a planta necessita da
energia captada do sol e armazenada como açúcar. Porém, a transformação de energia em
açúcar exige oxigênio, que deverá existir em quantidade suficiente no solo. Na insuficiência
deste elemento, a planta libera pouca energia, comprometendo seu metabolismo e diminuindo
a absorção de nutrientes e a transformação desses em substâncias orgânicas.

A fotossíntese é o processo pelo qual essa captação de energia acontece; é, portanto, a


base da nutrição da planta.

Ainda assim, é necessário um conjunto de nutrientes essenciais para formar os carboidratos


complexos, os aminoácidos e as proteínas que constituem o tecido da planta e servem a
funções importantes nos seus processos vitais (Gliessman, 2001).

Se um nutriente essencial não estiver disponível na quantidade adequada, a planta sofre e


não se desenvolve como deveria.

Os nutrientes minerais essenciais são chamados de Macronutrientes, aqueles absorvidos


em grandes quantidades (gramas), e Micronutrientes, aqueles absorvidos em pequenas
quantidades (miligramas), mas tão importantes como os primeiros.

Os Macronutrientes são:

Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S).

Os Micronutrientes são:

Boro (B), Zinco (Zn), Molibdênio (Mo), Cobre (Cu), Manganês (Mn), Ferro (Fe) e Cloro
(Cl).

Atenção!!!

A ausência de qualquer um destes na solução do solo torna-se fator


limitante ao desenvolvimento e à produção da cultura.

Temos ainda os Micronutrientes Benéficos, aqueles não essenciais, mas que quando
absorvidos trazem benefícios à planta.

São eles:

Sódio (Na), Silício (Si) e Cobalto (Co).


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Teoria da trofobiose

Termo grego

Trofo - alimento Biose - existência de vida

A teoria da trofobiose diz que todo ser vivo só sobrevive se houver alimento adequado e
disponível para ele. A planta ou parte dela, só será atacada por insetos, ácaros, nematóides
ou microorganismos (fungos ou bactérias), quando tiver na sua seiva o alimento que eles
precisam, principalmente aminoácidos (Chaboussou, 1987).

O tratamento inadequado de uma planta, especialmente com substâncias de alta solubilidade,


conduz a uma elevação excessiva de aminoácidos livres. Portanto, um vegetal saudável,
equilibrado, dificilmente será atacado por pragas e doenças.

A explicação técnica do processo baseia-se em fatores ligados à síntese de proteínas


(proteossíntese) ou à decomposição das mesmas (proteólise). O metabolismo acelerado
pelos adubos de alta solubilidade ou qualquer outra desordem que interfira nos processos de
proteossíntese ou proteólise, elevarão a quantidade de aminoácidos livres na seiva vegetal,
servindo de alimento para alguns insetos e microorganismos. Os insetos, nematóides, ácaros,
fungos, bactérias e vírus são organismos que possuem uma pequena variedade de enzimas
(responsáveis pela formação e degradação de proteínas), o que reduz sua possibilidade
de digerir moléculas complexas como as proteínas, necessitando ingerir moléculas mais
simples como os aminoácidos.

Desordens no metabolismo vegetal deixam as plantas mais atrativas ao ataque de


insetos e de microorganismos

Uma proteína é composta por uma seqüência de aminoácidos. As plantas que estão em
crescimento juntam aminoácidos para trasnformar em proteínas.

Para que os aminoácidos se juntem e formem proteínas são necessárias as enzimas. As


enzimas precisam de uma nutrição balanceada e completa para atuarem.

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A seiva transporta proteínas e aminoácidos, açúcares e nitratos para os pontos de crescimento
da planta.

Porém, o uso de agrotóxicos, a adubação desequilibrada e a falta de boas condições para


a planta atrapalham este mecanismo.

Quando isto acontece, a seiva fica carregada de aminoácidos livres, açúcares e nitrato. Estes
são os alimentos preferenciais de fungos, bactérias, ácaros, nematóides e insetos.

Fonte: APTA - Souza & Resende, 2003.

Nutrir a planta não é apenas jogar adubo orgânico. Como anteriormente citado, o manejo
visando à nutrição da planta começa com o reconhecimento da área (topografia, disponibilidade
de água, incidência de ventos, insolação), diagnóstico do solo (tipo de solo, compactação,
análise nutricional, vegetação existente na área), preparo do solo (subsolagem, calagem e
incorporação de biomassa, adubação verde) e adição de adubo orgânico no plantio (restos
vegetais, esterco curtido, compostagem).

A adubação de cobertura é a suplementação de nutrientes organo-minerais no decorrer


do desenvolvimento da cultura. Deverá ser realizada após diagnóstico e constatação da
necessidade de suplementação.

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1. Identifique a necessidade da adubação de cobertura

1.1. Faça o diagnóstico visual das desordens nutricionais na cultura

Sintomas Gerais Deficiência do Nutriente

Planta fraca, folhas uniformemente amareladas e as folhas


Nitrogênio
mais velhas murchas

Planta raquítica, maturação tardia dos frutos, grãos


Fósforo
chochos, folhas escuras e às vezes arroxeadas
Manchas brancas, amarelas ou pardas nas folhas
e secamento das margens; caules finos e fracos, Potássio
acamamento das plantas
Folhas e brotos novos deformados, não crescimento
da ponta, manchas amarelas nas margens e entre as Cálcio
nervuras; raízes fracas e rachamento nos frutos
Cor de gema de ovo ou arroxeada entre as nervuras das
Magnésio
folhas velhas, que se curvam e são facilmente arrancadas

Folhas novas pálidas, às vezes com manchas secas e


Enxofre
cores arroxeadas
Folhas de pontas deformadas; morte da gema apical da
planta (ponteiro), onde podem aparecer brotos mortos
em leque; escurecimento da cabeça ou no interior das
Boro
hortaliças como couve-flor. Frutíferas desenvolvem a
vassoura de bruxa. No tomateiro, provoca superbrotamento
lateral. Em árvores, provoca caule oco
Folhas da ponta murchas, sem manchas; dificuldade do
Cobre
caule ficar ereto (para cima)
Folhas pequenas, as vezes retorcidas, com manchas
amareladas, encurtamento dos entrenós das plantas; tufos Zinco
de folhas nas pontas dos ramos
Aparece em folhas novas uma rede grossa de nervuras
sobre o fundo amarelado. As folhas têm pequenas Manganês
manchas

Fonte: Guia Rural Horta e Saúde - Editora Abril

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1.2. Faça o diagnóstico das desordens nutricionais, pela identificação das plantas
indicadoras

Plantas Motivo

Desequilíbrio entre Nitrogênio (N) e


Amendoim Bravo ou Leiteira (Euphorbia
micronutrientes, especialmente o Molibdênio
heterophylla)
(Mo) e Cobre (Cu)
Terra argilosa, pH baixo, falta de Cálcio (Ca) e
Azedinha (Oxalis oxyptera)
Molibdênio (Mo)

Uso de fogo, pobreza em Fósforo (P), Cálcio


Barba de bode (Aristida pallens)
(Ca) e Potássio (K), solos com pouca água

Capim-carrapicho ou amoroso (Cenchrus Áreas bem degradadas, compactadas, pobres


echinatus) em Cálcio (Ca) e pastagens pisoteadas

Capim-marmelada ou papuã (Brachiaria Solos degradados, constantemente arados,


plantaginea) gradeados e com deficiência em Zinco (Zn)

Solos pobres em Molibdênio (Mo), com


Carqueja (Baccharis)
compactação e que retêm água da chuva

Carrapicho de Carneiro (Acanthospermum


Solos com deficiência em Cálcio (Ca).
hispidum)

Mamona (Ricinus communis) Terra arejada, deficiente em Potássio (K)

Nabo silvestre (Raphanus raphanistrum) Carência de Boro (B) e Mangânes (Mn)

Solo com muito Nitrogênio (N) e deficiência em


Picão branco (Galinsoga parviflora)
micronutriente, principalmente o cobre (Cu)

Solo de média fertilidade, muito remexido e


Picão preto (Bidens pilosa)
desequilibrado
Solos com altos teores de Alumínio (Al) e
Samambaia (Pteridium aquilinum) também solos submetidos a queimadas que
provocam o aumento de Alumínio
Solo ácido, exposto, adensado, mal arejado
Tiririca (Cyperus rotundus)
(sem ar), com carência de Magnésio (Mg)

Fonte: Adaptado de Burg & Mayer, 2002 (B)

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1.3. Verifique a ocorrência de pragas e doenças

Pragas e doenças Causa

Ferrugem no Trigo Deficiência de BORO e MANGANÊS

Elasmopalpus lignosselus Semente deficiente em ZINCO

Falta de COBRE; controlam-se pela rotação


Lesmas
com gramíneas, especialmente aveia

Lagarto do Cartucho Falta de BORO

Plantas não conseguem formar proteínas. Falta


Formigas cortadeiras (Saúva e quenquém)
de MOLIBDÊNIO ou ENXOFRE

Besouro Serrador (Onicerdes impluviata) Falta de MAGNÉSIO

Brusone no Arroz Falta de COBRE e MANGANÊS

Sarna na Batatinha Falta de BORO

Ferrugem no Café Falta de COBRE

Lagarta Rosada no Algodão Falta de MOLIBDÊNIO e FÓSFORO

Fonte: Burg & Mayer, 2002 (A)

2. Faça a adubação de cobertura

Os adubos utilizados podem ser compostos orgânicos, bokashi, biofertilizantes, torta de


mamona, estercos curtidos e pó de rocha (rochagem). Estes poderão ser aplicados via
solo, sistemas de irrigação e pulverização. O produto a ser utilizado, a quantidade e a via de
aplicação poderão variar conforme o diagnóstico, sendo necessária a avaliação técnica.

Atenção!!!

Todos os produtos utilizados devem ser de origem conhecida e livres


de resíduos contaminantes e/ou poluentes.

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IV - MANEJAR AS ERVAS ESPONTÂNEAS

Ervas espontâneas são aquelas de ocorrência natural, podendo ser nativas ou não. Estas
plantas surgem no terreno pré e pós-plantio. Estas plantas também são indicadoras das
condições do solo (compactação, distribuição dos nutrientes) e contribuem para o controle
biológico.

No pré-plantio estas plantas são aproveitadas, tem uma função de adubação verde, produção
de biomassa e proteção da superfície do solo, assim como da vida do solo. A natureza tem
seus processos regenerativos e de manutenção dos seus diferentes ecossistemas (sucessão
vegetal).

Exemplos de plantas espontâneas: diferentes capins, caruru, beldroega, picão branco, picão
preto, tiririca, etc.

Plantas indicadoras de condições físicas


Queimadas freqüentes e solo duro e adensado
1. Assa peixe (Vernonia spp)
a partir de 3 a 4 cm de profundidade

2. Babaçu (Orbignia Mart) Indicador da formação progressiva de cerrado

3. Barba de bode (Aristida pallens) Queimadas freqüentes, P, K.

4. Cabelo de porco (Carex spp) Solo muito queimado, solo ácido

5. Capim amargoso (Digitaria insularis) Erosão subterrânea

6. Capim arroz (Echinochloa crusgalli) Existe uma camada “reduzida” no solo

7. Capim carrapicho, capim amoroso ou olho-


Solo muito compactado, extremamente duro
de-diabo (Cenchrus echinatus)
8. Capim natal, capim favorito ou capim
Solo muito seco, pobre
gafanhoto (Rhynchelytrum rose)

9. Capim pé de galinha (Eleusina indica) Solo fértil, mas muito compactado

10. Grama seda ou grama paulista (Cynodon


Solo muito pisoteado
dactylon)
Indica uma laje muito dura em pouca
11. Guanxuma (Sida rhombitolia)
profundidade

12. Kikuio (Pennisetum clandestinum) Solo fresco e fértil

13. Maria mole ou berneira (Senecio


Solo fresco a úmido na primavera
brasiliensis)
14. Rabo de burro ou cola-de-zorro Camada impermeável em 80 a 100 cm de
(Andropogon spp) profundidade

15. Rabo de coelho (Cymbopogon spp) Indica um terreno úmido na superfície

Fonte: : Manual de Agricultura Orgânica, 1992

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1. Identifique alterações na cultura

Concorrência por luz da erva espontânea com a cultura causa alterações como o estiolamento
(mudanças na textura e cor). (VI 1 foto)

2. Faça a roçada

Corte as ervas espontâneas rente ao solo, deixando-as no local. Esta palhada servirá de
cobertura morta. Repita esta operação conforme necessário. (VI 2 foto)

Atenção!!!

Após a colheita da cultura, deixe as ervas espontâneas permanecerem


no canteiro (pousio), formando biomassa para posterior adubação verde
e cobertura do canteiro.

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V - ESCARIFICAR

É o afofamento do solo, rompendo-se a crosta superficial que tende a se formar principalmente


nas superfícies dos solos mais argilosos, visando a um melhor arejamento e à infiltração
de água.

A escarificação pode ser feita com ancinho, sacho, rastelo, enxada e implemento de tração
animal, de preferência com o solo um pouco úmido. As hortaliças de raízes, bulbos e
tubérculos precisam de escarificação com maior freqüência do que as folhosas.

A necessidade desta prática é reduzida ou eliminada com o manejo da cobertura morta do


solo e das ervas espontâneas.

1. Selecione a ferramenta

2. Escarifique o solo

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VI - RALEAR OU DESBASTAR

Nos canteiros, covas e sulcos de semeadura direta, assim com nas sementeiras, deve ser feita
a raleação ou desbaste, isto é, a eliminação do excesso de plantas para evitar a competição
por nutrientes. Assim, deixa-se um espaçamento adequado entre as plantas restantes,
permitindo que estas cresçam bem. Em geral, a raleação é feita quando as plantas têm pelo
menos 5 cm de altura. O espaçamento entre plantas pode variar de cultura para cultura.

1. Verifique o espaçamento ideal entre plantas

2. Retire as plantas

As plantas a serem eliminadas devem ser, primeiramente, as menos desenvolvidas ou com


algum tipo de defeito.

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VII - FAZER A AMONTOA

Constitui-se do chegamento de terra nas linhas de plantio, deslocando-se a terra da entrelinha


para próximo às plantas. Tem como objetivo promover melhor enraizamento e proteger a
parte subterrânea da planta dos raios solares. É uma operação importante para algumas
culturas, como a batata, o tomate, o gengibre, o aspargo, etc. A amontoa pode ser feita após
a adubação de cobertura.

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VIII - TUTORAR

Consiste em colocar um suporte ao lado da planta de forma a mantê-la ereta e conduzi-la


durante seu desenvolvimento e produção. Evita o contato dos frutos com a terra, aumenta a
ventilação e, conseqüentemente, melhora a qualidade e a produção das culturas. Diferentes
materiais podem ser utilizados no feitio da espaldeira (ou espaldadeira). Os mais utilizados
são o bambu, o arame, o fitilho, etc. Existem vários tipos de tutoramento, que podem variar
de acordo com a cultura ou o custo na região.

As culturas que necessitam de tutoramento são o tomate, o pepino, o pimentão, a vagem,


etc.

1. Tutore em V invertido

Os materiais necessários são mourões (ou bambus de 15 centímetros de diâmetro) de 2,5


metros de comprimento, escoras, arame nº 18 e bambu (de até 8 centímetros de diâmetro)
de 2,2 metros de comprimento.

1.1. Finque os mourões

Deverão ser fincados a 10 metros um do outro, entre duas linhas da cultura.

1.2. Coloque as escoras entre os mourões

1.3. Estique dois fios de arame e amarre de um esteio a outro, a uma altura aproximada
de 1,8 metros

1.4. Insira a ponta do bambu entre os arames e o pé do bambu rente a planta

1.5. Insira a ponta do bambu entre os arames e o pé do bambu rente a planta da outra
linha
Atenção!!!

Ao inserir o bambu no arame, certifique-se de que este esteja


cruzado.

1.6. Repita a operação quantas vezes for necessária

26 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


2. Tutore com fios de arame

Os materiais necessários são mourões (ou bambus de 15 centímetros de diâmetro) de 2,5


metros de comprimento, escoras e arame nº 18.

2.1. Finque os mourões

Deverão ser fincados a 10 metros um do outro, na mesma linha da cultura.

2.2. Coloque as escoras nas extremidades

2.3. Estique os fios de arames e amarre de um esteio a outro

Os fios de arame deverão ser amarrados com espaçamento de 20 a 30 centímetros um do


outro.

2.4. Coloque um esteio de bambu a cada 5 metros e amarre os fios de arame

2.5. Conduza a planta ao arame, amarrando-a com fibra vegetal ou fitilho

3. Tutore com fitilhos

Fitilhos são fitas plásticas que substituem plenamente as fibras vegetais tipo “embira”.

Os materiais necessários são mourões (ou bambus de 15 centímetros de diâmetro) de 2,5


metros de comprimento, escoras, arame nº 18 e fitilhos.

3.1. Finque os mourões

Deverão ser fincados a 10 metros um do outro, na mesma linha da cultura.

3.2. Coloque as escoras nas extremidades

3.3. Estique o fio de arame e amarre-o de um esteio a outro, a uma altura aproximada
de 1,8 metros

3.4. Estique o fio de arame e amarre-o de um esteio a outro, a uma altura aproximada
de 30 centímetros

3.5. Coloque um esteio de bambu a cada 5 metros e amarre o fio de arame

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3.6. Amarre os fitilhos nos arames, conforme o espaçamento adotado para a cultura

3.7. Conduza a planta enrolando-a no fitilho

4. Tutore em i

Os materiais necessários são mourões (ou bambus de 15 centímetros de diâmetro) de 2,5


metros de comprimento, escoras, arame nº 14 e bambu (de até 8 centímetros de diâmetro)
de 2,2 metros de comprimento.

4.1. Finque os mourões

Deverão ser fincados a 10 metros um do outro, na mesma linha da cultura.

4.2. Coloque as escoras entre os mourões

4.3. Estique um fio de arame e amarre de um esteio a outro, a uma altura aproximada
de 1,8 metros

4.4. Coloque o pé do bambu rente a planta

4.5. Prenda o bambu ao fio de arame

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IX - FAZER O AMARRIO

Esta operação tem por objetivo fixar as hastes das plantas nos tutores, conduzindo-as no
seu desenvolvimento. O amarrio pode ser feito de forma manual ou com uma máquina
específica para esta operação, chamada “alceador”. Quando de forma manual, deve ser
feito “oito” para não estrangular o caule. Os materiais mais utilizados são embiras, sisal e
fitas de polietileno.

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X - FAZER A DESBROTA E A CAPAÇÃO

Em culturas como tomate, abobrinha, berinjela, melão e melancia, é bom eliminar o excesso
de brotos e galhos, pois os brotos laterais diminuem o vigor vegetativo da planta e consomem
nutrientes que poderiam ser conduzidos para a formação dos frutos.

Depois de realizada a desbrota, areja-se a planta: a luz pode penetrar com mais facilidade
e há um melhor desenvolvimento da planta.

A desbrota é feita quando os brotos ainda estão pequenos, manualmente ou com ferramenta
apropriada e desinfetada.

A capação consiste na poda da haste principal após a emissão de um certo número de


cachos. Esta prática limita o número de frutos que se quer colher e diminui o ciclo da planta.
Assim, a quantidade de frutos produzidos é menor, mas eles serão maiores e de melhor
qualidade. Recomenda-se proceder à capação da haste principal após a emissão do 3º ao
6º cacho, dependendo da cultura, de seu vigor e de seu estado fitossanitário.

Desbrota

Capação

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XI - DESBASTAR FRUTOS

É a retirada de frutos em uma penca ou planta, quando esses estão com defeitos ou em
quantidades elevadas, comprometendo o crescimento e a uniformidade.

Deve-se identificar os frutos defeituosos e em excesso, para serem eliminados. Esta


eliminação pode ser feita com as mãos ou com a ferramenta apropriada.

XII - FAZER O BRANQUEAMENTO

Consiste na amarração não muito apertada das folhas superiores das plantas, formando um
feixe para proteger a flor ou o broto.

Com esta prática, obtém-se um produto de coloração branco-creme, melhorando seu aspecto
e sabor. A época e a forma de executar esta prática varia de cultura para cultura.

As culturas em que se faz o branqueamento são a couve-flor e o aspargo.

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XIII - POLINIZAR

A polinização se dá quando o pólen das flores masculinas é, de alguma forma, depositado


nos estigmas das flores femininas.

Esta prática é recomendada para aumentar a porcentagem de vingamento dos frutos, quando
a população de agentes polinizadores (insetos) é baixa ou quando as condições climáticas
são adversas.

1. Faça a polinização manual

1.1. Identifique as flores masculinas e as femininas.

1.2. Retire o pólen das anteras das flores masculinas

A retirada pode ser tocando-as com as pontas dos dedos, com cotonetes ou com um chumaço
de algodão.

1.3. Deposite o pólen nos estigmas das flores femininas

Encoste levemente os dedos ou o objeto com o pólen, nos estigmas das flores femininas.

O pólen de uma flor masculina pode polinizar até 8 flores femininas, usando-se o dedo.

Atenção!!!

O toque deve ser feito de leve, de forma a não danificar os orgãos


reprodutivos da flor (antera e estigma), que são muito sensíveis.

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XIV - FAZER O PENTEAMENTO
(CONDUÇÃO DAS RAMAS)

Esta prática visa promover a distribuição correta das ramas de plantas rasteiras, facilitando
as demais operações, além de evitar a podridão das ramas e dos frutos que se alojam nos
sulcos.

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Bibliografia

1. CHABOUSSOU, f. Plantas doentes pelo uso de agrotóxicos, a teoria da trofobiose.


L P&M. Porto Alegre, 1987. 256p.

2. BURGLIESSMAN, S. R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentá-


vel. 2ª edição, Porto Alegre, Universidade Federal de Rio Grande do Sul, 2001. 653p.

3. BURBURG, I. C.; MAYER, P. H. Alternativas Ecológicas para a prevenção e controle


de pragas e doenças. Grafit Gráfica e Editora Ltda., Francisco Beltrão, PR, 2002 (B)
17a edição. 153p.

4. BURBURG, I. C.; MAYER, P. H. Alternativas Ecológicas para a prevenção e controle


de pragas e doenças. ASSESSOAR, Francisco Beltrão, PR, 2002 (A) 16a edição.

5. BURManual de Agricultura Orgânica. Editora Abril, 1992. 233p.

6. BURSOUZA. J. L. de; RESENDE, P. Manual de Horticultura Orgânica. Editora Aprenda


Fácil, Viçosa, MG, 2003. 560p.

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