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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL

ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

PROGRAMA OLERICULTURA ORGÂNICA

PREPARO DO SOLO
2º EDIÇÃO

“O SENAR-AR/SP está permanentemente


empenhado no aprimoramento profissional e
na promoção social, destacando-se a saúde
do produtor e do trabalhador rural.”
FÁBIO MEIRELLES
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP
FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Gestão 2016-2020

FÁBIO DE SALLES MEIRELLES


Presidente

EDUARDO LUIZ BICUDO FERRARO ADRIANA MENEZES DA SILVA


Vice-Presidente Diretor 2º Secretário

TIRSO DE SALLES MEIRELLES MARIA LÚCIA FERREIRA


Vice-Presidente Diretor 3º Secretário

RAPHAEL MELLILO LUIZ SUTTI


Vice-Presidente Diretor 1º Tesoureiro

MARCIO ANTONIO VASSOLER PEDRO LUIZ OLIVIERI LUCCHESI


Vice-Presidente Diretor 2º Tesoureiro

MARCOS ANTÔNIO MAZETI ÂNGELO MUNHOZ BENKO


Diretor 1º Secretário Diretor 3º Tesoureiro

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL


Administração Regional do Estado de São Paulo
Conselho Administrativo

FÁBIO DE SALLES MEIRELLES


Presidente

DANIEL KLÜPPEL CARRARA SÉRGIO ANTONIO EXPRESSÃO


Representante da Administração Central Representante do Segmento das Classes Produtoras

ISAAC LEITE ADRIANA MENEZES DA SILVA


Presidente da FETAESP Representante do Segmento das Classes Produtoras

MÁRIO ANTONIO DE MORAES BIRAL


Superintendente

SÉRGIO PERRONE RIBEIRO


Coordenador Geral Administrativo e Técnico
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL
ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

PROGRAMA OLERICULTURA
ORGÂNICA

PREPARO DO SOLO

São Paulo - 2016


IDEALIZAÇÃO
Fábio de Salles Meirelles
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

SUPERVISÃO GERAL
Jair Kaczinski
Chefe da Divisão Técnica do SENAR-AR/SP

RESPONSÁVEL TÉCNICO
Marco Antonio de Oliveira
Divisão Técnica do SENAR-AR/SP

AUTORES
Eduardo Mendoza Rodriguez
Marcelo Fabiano Sambiase
Paulo Ricardo Bassul

COLABORADORES
Sindicato Rural de São Roque

REVISÃO GRAMATICAL
André Pomorski Lorente

DIAGRAMAÇÃO
Felipe Prado Bifulco
Diagramador do SENAR-AR/SP

Direitos Autorais: é proibida a reprodução total ou parcial desta cartilha, e por qualquer processo, sem a
expressa e prévia autorização do SENAR-AR/SP.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................9

PREPARO DO SOLO...................................................................................................................................... 10

I - IDENTIFICAR A IMPORTÂNCIA DO SOLO............................................................................................... 12

II – IDENTIFICAR AS CARACTERÍSTICAS DO SOLO.................................................................................. 13


1. CONHEÇA AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO................................................................. 13
2. CONHEÇA AS CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS DO SOLO........................................................ 15
3. CONHEÇA AS CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DO SOLO............................................................. 17

III - ESCOLHER A ÁREA................................................................................................................................. 20

IV - ESCOLHER OS EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS................................................................................. 21

V - IDENTIFICAR AS CONDIÇÕES FÍSICAS E QUÍMICAS DO SOLO......................................................... 22


1. FAÇA A AMOSTRAGEM DE SOLO................................................................................................... 22
2. ANALISE AS CONDIÇÕES FÍSICAS DO SOLO (COMPACTAÇÃO E DESAGREGAÇÃO)............. 25

VI - PLANEJAR A ÁREA................................................................................................................................. 30
1. FAÇA O HISTÓRICO DA ÁREA......................................................................................................... 30
2. FAÇA O PLANO DE MANEJO ORGÂNICO PARA O PREPARO DO SOLO..................................... 30

VII - PREPARAR O SOLO............................................................................................................................... 37


1. FAÇA A SUBSOLAGEM MECÂNICA................................................................................................. 37
2. FERTILIZE O SOLO........................................................................................................................... 37

VIII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................................... 44

ANOTAÇÕES...................................................................................................................................................46

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APRESENTAÇÃO

O
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL - SENAR-AR/SP, criado em 23
de dezembro de 1991, pela Lei n° 8.315, e regulamentado em 10 de junho de 1992,
como Entidade de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, teve
a Administração Regional do Estado de São Paulo criada em 21 de maio de 1993.

Instalado no mesmo prédio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São


Paulo - FAESP, Edifício Barão de Itapetininga - Casa do Agricultor Fábio de Salles
Meirelles, o SENAR-AR/SP tem, como objetivo, organizar, administrar e executar, em todo
o Estado de São Paulo, o ensino da Formação Profissional e da Promoção Social Rurais
dos trabalhadores e produtores rurais que atuam na produção primária de origem animal e
vegetal, na agroindústria, no extrativismo, no apoio e na prestação de serviços rurais.

Atendendo a um de seus principais objetivos, que é o de elevar o nível técnico, social e


econômico do Homem do Campo e, consequentemente, a melhoria das suas condições
de vida, o SENAR-AR/SP elaborou esta cartilha com o objetivo de proporcionar, aos
trabalhadores e produtores rurais, um aprendizado simples e objetivo das práticas agro-
silvo-pastoris e do uso correto das tecnologias mais apropriadas para o aumento da sua
produção e produtividade.

Acreditamos que esta cartilha, além de ser um recurso de fundamental importância para os
trabalhadores e produtores, será também, sem sombra de dúvida, um importante instrumento
para o sucesso da aprendizagem a que se propõe esta Instituição.

Fábio de Salles Meirelles


Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

“Plante, Cultive e Colha a Paz”

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INTRODUÇÃO

Agricultura orgânica é um sistema de produção integrado com a fauna e flora, que utiliza
insumos orgânicos, biológicos, recursos naturais de forma racional e que tem por objetivo
produzir alimentos, preservando o meio ambiente, as atividades biológicas do solo,
biodiversidade, logo promovendo o desenvolvimento econômico e a qualidade de vida das
pessoas.

O solo é a base do cultivo orgânico, pois fornece os nutrientes necessários para o bom
desenvolvimento da planta, não sendo simplesmente um ponto para seu suporte.

Para a implantação da olericultura em sistema orgânico, as tarefas inerentes ao preparo do


solo são fundamentais para o êxito do cultivo nesse sistema.

A presente cartilha não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas descrever de forma
simples as operações necessárias para a capacitação do trabalhador rural, como a
importância do solo, a escolha e o planejamento da área, a retirada de amostra de solo
para análise e finalmente o preparo do solo para o plantio. Ainda, fornecer subsídios que
auxiliem este trabalhador a desenvolver seu senso crítico e de observação, preservando a
saúde e a segurança, praticando, assim, uma agricultura menos agressiva ao meio ambiente
e obtendo um produto saudável.

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PREPARO DO SOLO

No cultivo orgânico o preparo do solo é tarefa fundamental, pois o solo, além de dar
sustentação às raízes, também fornece água, ar e nutrientes indispensáveis para o
desenvolvimento das plantas.

Proporciona, também, condições para que a planta, através de seus esforços e interações
biológicas, consiga disponibilizar e assimilar os nutrientes vitais.

Figura 1: Solo estruturado e solo compactado. Fonte: IFOAM.

Figura 2: Solo compactado e sem vida. Figura 3: Solo estruturado e vivo.

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“Em solo grumoso (figura 1 a esquerda) as raízes desenvolvem-se melhor e a água fica
bem distribuída, conservando a temperatura do solo amena (24ºC) mesmo sob sol forte”.

“Em solo compactado (à dir.) existem menos raízes e a água não se infiltra, deixando a
planta exposta a temperaturas de até 58ºC”.

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I - IDENTIFICAR A IMPORTÂNCIA DO SOLO

O solo, quando bem estruturado fisicamente, oferece condições de desenvolvimento biológico


da macrofauna e da microfauna, proporcionando assim condições para que a planta absorva
os nutrientes necessários para seu crescimento saudável.

Entre as raízes das plantas vasculares e os organismos do solo (algas, fungos, actinomicetos,
bactérias e animais) há uma troca ativa de materiais. Os restos vegetais que chegam ao solo
são decompostos e mineralizados e os produtos gasosos são liberados. Em ecossistemas
intactos os processos de mineralização e decomposição da matéria orgânica estão em total
equilíbrio.
FATORES QUE INFLUENCIAM A FERTILIDADE DO SOLO

Infiltração de água

Teor de matéria
orgânica
Vida ativa do solo
Estrutura
do solo

Profundidade Minerais Acidez (pH)

Capacidade de
retenção de água
Drenagem suficiente
Liberação de
nutrientes

Rocha-mãe Lençol freático

Figura 4: Fertilidade do solo. Fonte: IFOAM.

Figura 5: Solo bem estruturado. Fonte: SENAR-AR/SP Figura 6: Solo bem estruturado. Fonte: SENAR-AR/SP

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II – IDENTIFICAR AS CARACTERÍSTICAS
DO SOLO
O solo se caracteriza sob três aspectos: Físico, Biológico e Químico.

1. CONHEÇA AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SOLO

Diz respeito à textura do solo, que é definida pela distribuição de tamanho de partículas,
à estrutura do solo, que é definida pelo arranjamento das partículas em agregados, e à
porosidade do solo, que por sua vez é responsável por um conjunto de fenômenos e uma
série de mecanismos, tais como retenção e fluxo de ar e água.

Sua constituição em estado natural é de 45% de minerais (areia, silte e argila), 50% de ar
e água e de 2 a 5% de matéria orgânica.

Figura 7: Característica física.

A proporção destes minerais (areia, silte e argila) caracteriza a textura do solo, podendo
esta ser grossa ou arenosa, média ou areno-argilosa, fina ou argilosa.

1.1. Identifique a composição física do solo

A estrutura física do solo irá direcionar o manejo da área. O experimento descrito abaixo
identifica a classe textural do solo. Siga os passos abaixo.

1.1.1. pegue uma pazinha de jardim;

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1.1.2. cave um buraco de 15 a 20 cm de profundidade

1.1.3. retire uma pazinha de terra

1.1.4. coloque em um recipiente de vidro liso e transparente

1.1.5. complete o vidro com água

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1.1.6. agite bastante e deixe descansar para a terra assentar

1.1.7. verifique a proporção de areia, argila, silte e matéria orgânica

Após assentada a terra, várias camadas diferentes devem aparecer, ficando embaixo a
areia grossa, areia fina, silte, argilas de partículas finas e em cima uma camada de matéria
orgânica.

Diâmetro das partículas da fração do solo (Argila, Silte e Areia)

Diâmetro de partículas Argila Silte Areia

mm <0,002 0,002 – 0,2 >0,2

Atenção!!!
Se houver menos de 15% de argila o solo será arenoso, com 20 a 40% de argila
será areno-argiloso, e com mais de 40% de argila será argiloso. A matéria orgânica
dificilmente passará de 5%.

2. CONHEÇA AS CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS DO SOLO

O aspecto biológico refere-se às comunidades de organismos micro e macroscópicos que


habitam o solo e realizam atividades imprescindíveis para a manutenção e sobrevivência
das comunidades vegetais e animais.

No solo as principais atividades dos organismos são a decomposição da matéria orgânica,


produção de húmus, ciclagem de nutrientes e energia, fixação de nitrogênio atmosférico,
produção de compostos complexos que promovem agregação do solo e controle biológico
de pragas e doenças, proporcionando assim condições ideais para uma biodiversidade
extremamente elevada.

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2.1. Conheça a comunidade microbiana do solo

Diz respeito a todas as formas de vida que habitam o solo: fungos, bactérias, vírus, vermes,
algas e outros seres, responsáveis pela decomposição da matéria orgânica e estabilidade
da fertilidade do solo.

Bactérias Actinobactérias Actinobactérias

MICROBIOLOGIA DO SOLO

Algas Protozoários Vírus

2.2. Saiba qual a quantidade de microrganismos presentes no solo

População de microrganismos Biomassa de


presentes no solo microrganismos
Em um Em Em
Em uma Em um quilogramas porcentagem
Microrganismos metro
grama de hectare de por hectare de solo
presente quadrado
terra terreno
de terra Kg ha-1 %
Bactérias 10 a 10
6 9
10 a 10
9 14
10 a 10
20 28
100 a 4.000 0,10
Actinobactérias 104 a 108 107 a 109 1015 a 1017 0,2 a 400 0,01
Fungos 103 a 107 105 a 107 1014 a 1016 400 a 5.000 0,10
Algas 102 a 105 104 1014 7 a 500 0,005
Protozoários 103 a 105 107 a 108 1016 15 a 150 0,005
106 a 109 significa uma quantidade entre 10.000.000 a 10.000.000.000 de bactérias em uma grama de terra.

2.3. Saiba qual a quantidade de microrganismo presente no horizonte do solo


Presença de microrganismos (103 por grama de terra)*
UFC - Unidade de Formação de Colônias
Profundidade
Bactérias Bactérias
Perfil do Solo de solo Actinobactérias Fungos Algas
aeróbicas anaeróbicas
amostrada (cm)
Horizonte A1 3a8 7.800 1.950 2.080 119 25
Horizonte A2 20 a 25 1.800 379 245 50 5
Horizonte A2
35 a 40 472 98 49 14 0,5
– B1
Horizonte B1 65 a 75 10 1 5 6 0,1
Horizonte B2 135 a 145 1 0,4 - 3 -
*103 significa uma quantidade de 10.000 bactérias em uma grama de terra.

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3. CONHEÇA AS CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DO SOLO

Dizem respeito aos nutrientes que se encontram na água, na rocha de origem do solo e nas
atividades da macro e da microfauna.

Os nutrientes são exigidos pelas plantas em grandes ou pequenas quantidades, sendo


denominados macronutrientes e micronutrientes, respectivamente. Ambos são de vital
importância para os processos da planta.

Os macronutrientes são: Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio
(Mg) e Enxofre (S).

Os micronutrientes são: Ferro (Fe), Cobre (Cu), Zinco (Zn), Manganês (Mn), Molibdênio
(Mo), Boro (B), Cloro (Cl) e outros.

As raízes são capazes de absorver nutrientes pela interação com o organismo solo.

3.1. Identifique a composição química do solo

Os nutrientes do solo podem ser identificados (sua falta ou excesso) em quantidade e em


qualidade.

Para identificar a quantidade de nutrientes devemos enviar a amostra de solo para análise
em laboratório especializado.

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Guia para Interpretação dos resultados da Análise de Solo, com base nas recomendações
do IAC (Instituto Agronômico de Campinas).

Quanto à qualidade, recorremos às plantas indicadoras, que têm a capacidade de se


desenvolver em solos com a falta ou excesso de determinado elemento, e à observação
dos sintomas de deficiências nutricionais.

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Plantas indicadoras das condições dos solos
PLANTAS INDICAM E APARECEM
Desequilíbrio entre Nitrogênio (N) e micronutrientes, especialmente o Molibdênio (Mo) e Cobre
Amendoim bravo ou Leiteira
(Cu).
Azedinha Terra argilosa, pH baixo, falta de Cálcio (Ca) e Molibdênio (Mo).
Barba de bode Uso de fogo, pobreza em Fósforo (P), Cálcio (Ca), Potássio (K), solos com pouca água.
Beldroega Solo fértil.
Cabelo-de-porco Compactação e pouco Cálcio (Ca); no geral, terra exausta.
Capim-amargoso Solos de baixa fertilidade, ocorrendo também em lavouras abandonadas e pastagens úmidas.
Capim-caninha ou colorado Solos temporariamente encharcados, periodicamente queimados e com deficiência de Fósforo (P).
Capim-arroz Solos com elementos tóxicos, como o alumínio, principalmente onde há umidade.
Capim-carrapicho ou
Áreas bem degradadas, compactadas, pobres em Cálcio (Ca) e pastagens pisoteadas.
amoroso
Capim-marmelada ou papuã Solos degradados, constantemente arados e gradeados, com deficiência de Zinco (Zn).
Capim-rabo-de-burro Terras abandonadas e desgastadas, com baixo teor de Cálcio (Ca).
Capim-amoroso ou
Solos degradados e duros, pobres em Cálcio (Ca).
carrapicho
Caraguatá Terras ácidas e com húmus, comum em terras onde se praticam queimadas e há pastagens.
Carqueja Solos pobres em Molibdênio (Mo), compactados e que retêm a água de chuvas.
Carrapicho-de-carneiro Solos com deficiência em Cálcio (Ca).
Cavalinha Solos com acidez de teor médio a elevado.
Chirca Pastagens mal manejadas e solos ricos em Molibdênio (Mo).
Solos anaeróbicos (sem ar) e periodicamente encharcados. Quando aparece junto com guanxuma
Erva-de-bicho
e caruru, é porque há compactação na parte de baixo e Nitrogênio (N) por cima.
Dente-de-leão Presença de Boro (B), terra boa.
Grama forquilha Solos de potreiro desgastados, cansados.
Grama seda Solo muito compactado e pisoteado.
Subsolo adensado e solo superficial lavado. Em solo que sofreu erosão e está compactado,
Guanxuma
aparece mas praticamente não cresce, em solo fértil fica viçosa.
Solo compactado e muito úmido. Ocorre freqüentemente em áreas de lavoura mecanizada ou
Língua-de-vaca pisoteadas por pastejo. Pode aparecer em solos férteis, mas que estejam desestruturados e com
excesso de Nitrogênio (N); nesse caso aparece junto com o trevo.
Mamona Terra arejada, deficiente em Potássio (K).
Maria-mole Solo adensado com carência em Potássio (K).
Pode aparecer junto com o caruru em solos férteis que estejam expostos ou descobertos, onde há
Milhã
perdas de nitratos.
Mio-mio Pastagens de solos rasos, firmes e deficiência de Molibdênio (Mo).
Nabo silvestre Carência de Boro (B) e Manganês (Mn).
Picão branco Solos com muito Nitrogênio (N) e deficiência em micronutrientes, principalmente o Cobre (Cu).
Picão preto Solos de média fertilidade, muito remexidos e desequilibrados.
Solos com altos teores de Alumínio (Al)e, também, solos submetidos a queimadas, que
Samambaia
proporcionam o aumento do Alumínio (Al).
Tansagem Solos adensados ou compactados, freqüentemente úmidos.
Tiririca Solo ácido, exposto adensado, mal arejado (sem ar), com carência de Magnésio (Mg).
Urtiga Solos com excesso de Nitrogênio (N) (matéria orgânica) e carência em Cobre (Cu).
Presença de Fósforo (P). Quando falta potássio, enfraquecem. Faltando Cálcio (Ca), são atacadas
Leguminosas em geral
por cochonilhas e as sementes por brocas. Indicam solo bom.

Fonte: BURG, Ines C.& Mayer, Paulo H. Alternativas ecológicas para prevenção e controle de pragas e doenças. Francisco Beltrão, PR (2002).

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III - ESCOLHER A ÁREA

Na instalação da cultura, a escolha do local é quase sempre limitada em função da


disponibilidade de área. Alguns pré-requisitos são fundamentais:

Localização - proximidade do mercado consumidor, para evitar que o transporte dos produtos
onere os custos.

Acesso fácil - boas estradas para escoamento dos produtos.

Topografia - preferencialmente plana ou levemente inclinada.

Face do terreno - a face noroeste voltada para o sol da manhã é a ideal, pois as hortaliças
são plantas de crescimento rápido e necessitam de 8 a 10 horas diárias de luz.

Disponibilidade de água - a água de boa qualidade e em abundância é fundamental para


o bom desenvolvimento das hortaliças.

Histórico da área - é importante para saber se é viável o cultivo. Quais foram as culturas
anteriores, produtividade obtida, fertilizantes e produtos agrotóxicos já utilizados em período,
se já houve algum problema de doenças ou pragas na área, etc.

Necessidade de área de isolamento - além dos quebra-ventos, é necessária certa distância


dos cultivos convencionais, que pode variar conforme a exigência da certificadora.

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IV - ESCOLHER OS EQUIPAMENTOS E
UTENSÍLIOS
A escolha e a utilização dos equipamentos e utensílios estão diretamente ligadas ao tamanho
da área, à topografia e ao nível tecnológico a ser adotado. A seguir algumas ferramentas.

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V - IDENTIFICAR AS CONDIÇÕES FÍSICAS E
QUÍMICAS DO SOLO
1. FAÇA A AMOSTRAGEM DE SOLO

As amostras devem ser coletadas em pontos escolhidos ao acaso, em uma área homogênea.

A análise visa determinar o índice de acidez (pH) e a fertilidade do solo para as devidas
correções e fertilizações futuras.

As amostras podem ser coletadas utilizando-se enxada, pá reta, trado, enxadão ou cavadeira
de boca.

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Atenção!!!
As amostras devem ser retiradas longe de cupins, trilhas de animais, formigueiros,
buracos de tatu ou debaixo de árvores.

1.1. Limpe o ponto de amostragem com enxada;

1.2. Abra uma cova com enxadão, a uma profundidade de 20 centímetros;

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1.3. Retire toda a terra da cova;

1.4. Retire uma fatia de solo de 3 centímetros, em uma das laterais da cova, com uso
de pá reta ou enxadão;

1.5. Coloque a fatia de solo em um balde de plástico limpo (uma amostra simples);

Atenção!!!
O número de amostras simples deve ser proporcional ao tamanho da área, sendo
recomendadas de 15 a 20 amostras simples por hectare.

1.6. Escolha outros pontos de amostragem;

A escolha é feita caminhando-se em zigue-zague, percorrendo toda a área. A operação de


coleta deve ser repetida em todos os pontos de amostragem escolhidos.

A amostragem de cada área é formada com terra retirada de vários pontos, bem misturada,
para que seja representativa do trecho do terreno que se quer examinar.

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1.7. Misture as amostras simples coletadas, desfazendo os torrões;

1.8. Retire aproximadamente 200 gramas da mistura e coloque em saco plástico limpo;

1.9. Identifique a amostra;

1.10. Envie a amostra para o laboratório.

Atenção!!!
As amostras são identificadas com o nome da propriedade, endereço completo,
cobertura vegetal existente, cultura a ser plantada e localização geográfica.

2. ANALISE AS CONDIÇÕES FÍSICAS DO SOLO (COMPACTAÇÃO E DESAGREGAÇÃO)

É o diagnóstico do estado de porosidade do solo, o nível de agregação das partículas do


solo e a existência da compactação profunda (pé de grade).

Os métodos práticos são: teste de desagregação do torrão, teste de compactação com


penetrômetro e observação do desenvolvimento radicular.

O uso excessivo de arado, grade e enxada rotativa tende a provocar a desagregação e a


compactação do solo.

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2.1. Verifique a desagregação do solo;

A desagregação do solo é a perda da aderência das partículas de areia, argila, silte e matéria
orgânica e da atividade microbiana.

2.1.1. Pegue um enxadão;

2.1.2. Cave um buraco de 20 x 20 x 20 centímetros;

2.1.3. Retire um torrão de solo;

2.1.4. Coloque o torrão em um balde com água, de forma a ficar totalmente imerso;

2.1.5. Observe o que acontece.

Atenção!!!
Se o torrão se dissolver rapidamente, o solo estará desagregado.
Se o torrão se dissolver lentamente, soltando bolhas de ar, o solo estará agregado.

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2.2. Verifique a compactação do solo

A compactação é a redução da porosidade, que se reflete no aumento da densidade global


de uma camada de solo.

O solo compactado tem certa resistência à penetração. Para medir essa resistência,
utilizamos um aparelho chamado penetrômetro, que pode ser de impacto ou estático.

O aparelho é feito em aço inoxidável e compõe-se de uma haste com 9,5 milímetros
de diâmetro, graduada numa extensão de 45 centímetros; acima, a haste continua sem
graduação.

Em substituição ao penetrômetro, utilizaremos um pedaço de ferro de 5/16 polegadas (de


construção), de aproximadamente 70 centímetros.

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2.2.1. Introduza o pedaço de ferro no solo, na posição vertical e aplicando sempre a mesma
força;

2.2.2. Observe a alteração na resistência do solo à penetração;

2.2.3. Retire o pedaço de ferro;

2.2.4. Meça quanto este penetrou no solo até a resistência.

Nessa profundidade existirá uma camada compactada.

Atenção!!!
A umidade do solo nos locais testados deve ser a mesma.
Caso não haja resistência a até 40 centímetros de profundidade, o solo não
apresenta o pé de grade.

Outra forma de se verificar a existência de compactação do solo é observando o sistema


radicular de uma planta com raiz pivotante. Se o resultado for o que se segue, o solo estará
compactado:

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De 0 - 2 centímetros, sem radículas, e de 2 - 4 centímetros, com poucas radículas, essa
camada está sendo aquecida mais do que o tolerável pela raiz.

De 4 - 8 centímetros, raiz bem desenvolvida com abundante cabeleira, e de 8 - 16


centímetros, raiz fina retorcida e com poucas radículas. A partir de 16 centímetros, crescendo
paralelamente à superfície e não penetrando mais.

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VI - PLANEJAR A ÁREA

Após interpretada a análise química do solo, avaliada a fertilidade do solo através das
plantas indicadoras que se apresentam no terreno, e verificado o grau de compactação do
solo, poderá ser levantado o histórico da área e elaborado o plano de manejo.

1. FAÇA O HISTÓRICO DA ÁREA

Descrição das atividades agrícolas ocorridas nos últimos três anos.

2. FAÇA O PLANO DE MANEJO ORGÂNICO PARA O PREPARO DO SOLO

É o registro das atividades que devemos tomar quando queremos produzir de forma
orgânica. O plano também é uma ferramenta que ajuda o produtor na gestão das atividades
relacionadas ao uso do solo.

2.1. Planeje a correção do solo

2.1.1. Planeje a calagem

É a aplicação de calcário para elevar os teores de cálcio e magnésio, neutralizar o alumínio


e corrigir o pH do solo, podendo ser aplicado de forma manual ou mecânica conforme a
recomendação técnica.

2.1.2. Planeje a gessagem

É a aplicação de gesso agrícola (sulfato de cálcio), para elevar os teores de cálcio e enxofre
em subsuperfície, mantendo o pH do solo e favorecendo o enraizamento das culturas nas
camadas mais profundas, podendo ser aplicado de forma manual ou mecânica conforme
a recomendação técnica.

2.1.3. Planeje a fosfatagem

É a aplicação de fosfato em solos nos quais a fixação do nutriente fósforo é baixa, visando
estimular a atividade biológica do solo e desenvolvimento radicular, podendo ser aplicado
de forma manual ou mecânica conforme a recomendação técnica.

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2.1.4. Planeje a rochagem

É a prática de recuperar a fertilidade dos solos pela utilização de misturas de rochas


moídas (pó de rocha), podendo ser aplicado de forma manual ou mecânica conforme a
recomendação técnica.

2.2. Planeje o cultivo da adubação verde

Consiste em cultivar plantas com o objetivo de serem incorporadas ao solo ou utilizadas


como cobertura morta, na sua máxima produção de biomassa (época do florescimento) e teor
de nutrientes, como fonte de material orgânico, rico em nutrientes que ficarão à disposição
do próximo cultivo.

O plantio pode ser aplicado de forma manual ou mecânica conforme a recomendação técnica.

Estimativa de Fixação simbiótica (N2) por diferentes leguminosas

Nome científico Nome comum Nitrogênio (N2) fixado

Mucuna aterrima Mucuna-preta 157 kg/ha


Mucuna deeringiana Mucuna-anã 76 – 282 kg/ha
Crotalaria juncea Crotalária juncea 150 – 165 kg/ha
Crotalaria sp Crotalária 154 kg/ha
Cajanus cajan Guandú 41 – 280 kg/ha
Canavalia ensiformis Feijão-de-porco 49 – 190 kg/ha
Vigna unguiculata Caupi 50 – 340 kg/ha
Vigna radiata Mungo 63 – 342 kg/ha
Calopogonium mucunoides Calopogonio 64 – 450 kg/ha
Pueraria phaseoloides Kudzu tropical 30 – 100 kg/ha
Macroptilium
Siratro 76 – 140 kg/ha
athopurpureum
Centrosema pubescens Centrosema 112 – 398 kg/ha
Neonotania Wightii Soja perene 40 – 450 kg/ha
Leucaena leucocephala Leucena 400 – 600 kg/ha

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2.3. Planeje a rotação de cultura

É a substituição de uma cultura por outra ou por produção de biomassa, a cada safra. Esse
manejo é realizado para dar descanso ao solo e dificultar a proliferação de pragas e doenças
comuns a uma cultura, mas não a outra. Para maior eficiência, as rotações devem ser feitas
com plantas de famílias diferentes e que sejam boas sucessoras, como as gramíneas e as
leguminosas. No caso da rotação com biomassa, devemos deixar que se manifestem as
ervas espontâneas.

Esquema para rotação de culturas e pousio


Subdivisão
Primeira Segunda Terceira Quarta Quinta
da tabela
1 Folhas Frutos Raizes Legumes Pousio
2 Frutos Folhas Legumes Raizes Pousio
3 Raizes Legumes Folhas Frutos Pousio
4 Legumes Raizes Frutos Folhas Pousio
5 Pousio Pousio Pousio Pousio Pousio

2.4. Planeje o pousio

É a interrupção do cultivo da terra por um tempo indeterminado, para que as ervas


espontâneas se manifestem, visando à recuperação da fertilidade do solo. Para acelerar o
processo de recuperação do solo, podemos introduzir outras espécies vegetais no sistema.

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2.5. Planeje o quebra vento

O vento é um dos agentes de erosão do solo. Para minimizar sua ação utilizam-se quebra-
ventos, sem no entanto interromper a ventilação, podendo fornecer proteção (zona de
calmaria) à cultura, a uma distância proporcional de 10 a 20 vezes a sua altura.

Os quebra-ventos são constituídos por fileiras de árvores e arbustos que podem ter largura
e espaçamentos variáveis e multiestratificados, ou seja, com três fileiras de árvores de
diferentes alturas. A primeira fileira é constituída por um arbusto, que pode ser de espécies
leguminosas. A segunda fileira pode ser formada por árvores frutíferas de porte baixo. A
terceira fileira pode ter árvores maiores, nativas ou exóticas.

As árvores exóticas oferecem a possibilidade de, se manejadas racionalmente, serem


aproveitadas para a produção de madeira de usos diversos.

Os quebra-ventos também podem ser feitos com uma única fileira de árvores ou arbustos.

Capim Napier ou plantas utilizadas para a adubação verde, como guandú, crotalária, tefrósia,
entre outras, também podem ser utilizadas como quebra-ventos, devendo estar de acordo
com cada cultura.

Os quebra-ventos devem ter uma permeabilidade de 40% a 50%, ou seja, que 40% a 50%
do vento passem através da barreira de árvores e o restante passe por cima da copa das
árvores, devendo estar a uma distância suficiente para evitar o sombreamento excessivo
das culturas.

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2.6. Planeje a consorciação de plantas

Prática de se plantar na mesma área culturas diversas, para aumentar o rendimento,

enriquecer a vida biológica do solo e protegê-lo contra a erosão.

Na utilização da consorciação de plantas, devemos considerar alguns pontos:

• Definir as culturas mais importantes;

• Utilizar plantas que exijam mais ou menos luminosidade;

• Utilizar plantas com raízes que atinjam diferentes profundidades;

• Utilizar plantas com diferentes ciclos de vida;

• Utilizar plantas com crescimento diferenciado;

• Considerar o sinergismo entre as plantas (plantas amigas e plantas inimigas).

Melhor aproveitamento do espaço radicular em consorciação de culturas

vista superior vista laterial

Consorciação de culturas

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Plantas possíveis de consorciação

CULTURA PLANTAS AMIGAS PLANTAS INIMIGAS

Abóbora Milho, vagem, acelga, chicória, amendoim, cenoura. Batatinhas.

Acelga Salsa, nabo, couve-flor, feijão, rabanete, cenoura.


Cenoura, rabanete, alho-poró, beterraba, rúcula, acelga, feijão, milho,
Alface Pepino, salsa, morango.
alho, hortelã, chicória, ervilha, cebola, couve-flor, tomate.
Ervilha, feijão, couve-flor,
Alho Alface, beterraba, cenoura, camomila, morango, rosa, tomate, salsa.
aspargo.
Alho-poró Cenoura, cravo-de-defunto, tomate, salsa.
Aspargo Tomate, salsa, manjericão, mal-me-quer, cravo de defunto, rabanete. Cebola, alho.
Bardana Cenoura, funcho.
Feijão, milho, repolho, alho, favas, urtiga, cravo-de-defunto, ervilha, Aipo, beterraba, couve-
Batata
salsa, alho, cebola, espinafre. flor, tomate.
Beterraba Alface, alho, nabo, vagem, salsa, cebola, pepino. Mostarda, milho, batata.
Berinjela Feijão, vagem.
Beterraba, morango, cenoura, camomila, tomate, couve-flor, sálvia, Ervilha, feijão, couve-flor,
Cebola
alface, rosa, alecrim, macela, salsa, pepino, abóbora. aspargo.
Ervilha, alface, manjerona, feijão, rabanete, tomate, cravo-de-
Cenoura defunto, sálvia, cebola, cebolinha, bardana, salsa, hortelã, chicória, Endro, funcho.
abóbora, alho.
Cebolinha Cenoura, mostarda, espinafre, tomate, rosa, repolho, couve-flor. Ervilha, feijão.
Chicória Alface, tomate, cenoura.
Feijão, ervilha, camomila, hortelã, endro, sálvia, alecrim, tomilho, Beterraba, alho, cebola,
Couve
losna, aipo, salsa, acelga, espinafre, alface, pepino, rabanete. batata, tomate.
Cenoura, nabo, rabanete, pepino, milho, couve, abóbora, batata, Alho, cebola, cebolinha,
Ervilha
salsa, couve-flor, alface. tomate.
Morango, feijão, beterraba, couve-flor, cebolinha, salsa, nabo, batata,
Espinafre
rabanete, tomate.
Milho, girassol, berinjela, alface, batata, cenoura, pepino, couves,
Mandioca, alho, ervilha,
Feijão repolho, petúnia, alecrim, nabo, aipo, salsa, beterraba, rabanete,
cebola.
tomate.
Girassol Pepino, Feijão, milho. Batatinhas
Macela Cebola.
Batatas, ervilha, feijão, pepino, abóbora, melão, melancia, trigo,
rúcula, nabo, rabanete, quiabo, mostarda, serralha, moranga,
Milho Funcho, alho, beterraba.
girassol, endro, beldroega, caruru, mucuna, berinjela, amendoim,
salsa, tomate, alface
Morango Feijões, espinafre, tomate. Repolho, alface.
Nabo Ervilha, milho, alecrim, hortelã, acelga, espinafre, alface, tomate.
Pepino Girassol, feijão, milho, ervilha, aipo, salsa, beterraba, cebola. Rabanete, tomate, alface.
Aspargo, tomate, ervilha, agrião, cenoura, espinafre, vagem, chicória,
Rabanete Pepino.
milho, salsa, couve, alface, batata, feijão.
Batata, beterraba, alface, aspargo, cebola, cebolinha, tomate, endro,
Repolho Morango.
alecrim.
Rúcula Chicória, vagem, milho.
Salsa Tomate, aspargo, pimenta. Alface.
Salsão Alho-porró, batata, cravo-de-defunto, ervilha, tomate, repolho, feijão.
Serralha Tomate, cebola, milho.
Aspargo, alecrim, alho, cebola, cebolinha, hortelã, salsa, cenoura,
Pimenta, soja, batatinha,
Tomate calêndula, serralha, salsão, sálvia, tomilho, mal-me-quer, urtiga, aipo,
ervilha, pepino, batata.
nabo, chicória, espinafre, alface, milho, feijão, rabanete.
Vagem Milho, abóbora, rúcula, chicória, acelga, rabanete.

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2.7. Planeje a cobertura morta

Consiste em cobrir o solo com diferentes materiais, para protegê-lo do sol forte, das chuvas,
para reter a umidade natural, manter a temperatura mais amena, facilitar a infiltração de água
no solo, diminuir a erosão e a perda de nutrientes e, por meio da decomposição da matéria
orgânica, disponibilizar mais nutrientes. Ainda, contribui para a manutenção da estrutura e
atividade biológica do solo.

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VII - PREPARAR O SOLO

São as ações de manejo que antecedem o plantio e têm por finalidade deixar o solo em
condições favoráveis para o plantio, a germinação e o desenvolvimento da planta.

1. FAÇA A SUBSOLAGEM MECÂNICA

A subsolagem é uma prática agrícola cujo único objetivo é soltar as camadas compactadas
do solo, abaixo daquela considerada arável (20 a 25 centímetros), alcançando a profundidade
de trabalho de pelo menos 30 a 35 centímetros. Os implementos especiais empregados
são os subsoladores.

Atenção!
Esta prática deve ser utilizada somente quando o solo apresentar pé de grade.

Esta operação deve ser feita em solos secos, para conseguir o rompimento lateral do solo.

2. FERTILIZE O SOLO

É a implementação de uma série de práticas com o objetivo de manter e aumentar a


fertilidade do solo.

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2.1. Faça a correção do solo

Prática de aplicação de material corretivo com objetivo de neutralizar a acidez excessiva,


fornecer cálcio e magnésio e precipitar o alumínio. Esta prática deverá ser feita seguindo
recomendação de um técnico, mediante resultados de análise de solo, podendo ser manual
ou mecanizada.

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2.1.1. Faça a correção manual;

2.1.2. Faça a correção utilizando implemento mecânico;

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2.1.3. Incorpore o corretivo manualmente;

2.1.4. Incorpore o corretivo utilizando o implemento;

2.2. Faça a aração biológica utilizando a adubação verde de coquetel

A adubação verde recupera solos degradados por meio de uma grande produção de raízes,
protege os solos das chuvas intensas, minimiza a erosão, aumenta a capacidade de retenção
de água e de fixação de determinados nutrientes no solo, conforme tabelas abaixo.

O coquetel consiste em misturar espécies de plantas de várias famílias, para obter a maior
diversidade possível, o que, pela ação de suas raízes, recupera nutrientes das camadas
profundas do solo, vivifica, agrega e descompacta o solo.

40 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


N NITROGÊNIO FÓSFORO POTÁSSIO CÁLCIO MAGNÉSIO ENXOFRE
MASSA (N) (P) (K) (Ca) (Mg) (S)
NOME NOME FIXADO
SECA
COMUM CIENTÍFICO POR ANO
T/ha g Kg de MS
Kg/ha
Aveia
Avena sativa 2,5-7 --- 8,1 0,6 24,0 2,4 1,7 1,5 – 4,0
branca
Aveia
Avenastrigosa 2,5-11 --- 7,0 – 16,8 1,0 – 4,2 10,8 – 30,8 2,5 – 3,6 1,7 – 2,0 ---
preta
Lollium
Azevém 2-6 --- 11,6 – 13,4 0,7 – 1,0 21,2 – 26,0 4,1 – 4,4 2,2 ---
multiflorum
Secale
Centeio 2-8 --- 5,8 – 12,2 0,8 – 2,9 7,5 – 14,5 1,8 1,4 1,5 – 5,0
cereale

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural


Lathyus
Chícharo 2-6 80 22,0 – 32,5 1,0 -2,6 29,0 – 30,0 3,9 -7,9 1,9 – 4,3 ---
sativus
Pisum sativus
Ervilha
subesp 2,5-7 60 a 90 20,9 – 28,9 1,2 – 2,0 15,0 – 21,7 7,0 -8,5 2,0 – 3,2 ---
forrageiro
arvense
Ervilhaca Vicia sativa 2-10 90 a 180 2,0 – 46 1,3 – 3,8 21,0 – 25,6 8,6 – 10,5 2,7 ---
Raphanus
Nabo
sativus var 2-9 --- 9,2 – 29,6 1,8 – 3,3 20,2 – 49,0 10,0 -21,5 2,3 – 9,5 4,5 – 5,2
forrageiro
oleiferus
Tremoço 128 a
Lupinus albus 2-5 12,2 – 19,7 0,9 – 2,9 10,0 – 26,6 4,6 – 5,9 3,9 ---
branco 268
Triticum
Trigo 5-12 --- 20 – 34 2,1 – 3,3 15,0 – 30,0 2,5 – 10,0 1,5 – 4,0 1,5 – 3,0
aestivum
X

Administração Regional do Estado de São Paulo


Triticale Triticosecale 2-8 --- 13,7 1,1 25,0 3,8 2,7 ---
Wittmack
Tabela de adubação verde: Semeadura preferencial no outono-inverno de abril a agosto

41
42
MASSA N FIXADO NITROGÊNIO FÓSFORO POTÁSSIO CÁLCIO MAGNÉSIO ENXOFRE
NOME NOME (N) (P) (K) (Ca) (Mg) (S)
SECA POR ANO
COMUM CIENTÍFICO
T/ha Kg/ha g Kg de MS
Brachiaria
Braquiária 4 – 20 --- 12 – 20 0,8 – 3,0 12 – 25 2–6 1,5 – 4,0 0,8 – 2,5
decumbens
Crotalária Crotalaria
3–5 67 32,9 1,4 28,4 9,1 2,5 ---
breviflora breviflora
Crotalária 10 –
Crotalaria juncea 150 a 450 11,3 – 44,0 0,9 – 3,7 5,7 – 33,7 3,3 – 23,1 2,5 – 8,0 1,2 – 2,7
júncea 17,6
Crotalária
Crotalaria paulina 5,4 – 15 100 a 170 12,4 – 14,8 0,9 – 1,1 4,2 – 9,5 6,3 – 8,0 2,4 – 4,1 0,8 ´- 3,6
paulina
Crotalária Crotalaria
4 – 14,9 60 a 120 19,7 – 33,0 0,7 – 2,5 7,9 – 17,8 4,3 – 18,5 3,7- 5,0 1,5 – 1,6
espectábilis spectabilis
Feijão de Canavalia
3,4 – 8 49 a 190 22,2 – 33,9 1,2 – 5,7 11,1 – 56,2 16,4 – 25,8 2,4 – 6,3 1,1 – 2,0
porco ensifomis
Feijão bravo Canavalia

Federação da Agricultura e Pecuária


3 -6,5 142 a 173 22,7 – 27,1 1,1 – 1,5 15,8 – 18,1 2,0 – 15,9 1,6 – 2,1 ---
do Ceará brasiliensis
Hellanthus
Girassol 2 – 12 --- 10,2 – 18,0 1,5 – 2,4 24,0 – 27,8 15,5 6,2 ---
annuus
Guandu Cajanus cajan 8 – 15,6 37 a 280 13,2 – 33,5 0,9 – 2,5 4,7 – 28,4 5,7 – 17,9 1,9 – 4,9 1,9 – 2,1
Labe labe Dolichos lab lab 5 – 11 66 a 180 13,6 – 50,0 1,3 – 11,5 5,3 – 27,7 11,6 - 16,5 2,7 – 6,6 1,1 -3,5
Leucaena
Leucena 5,5 – 16 400 a 600 31,8 – 44,3 1,7 – 2,8 10,0 – 19,4 6,9 – 8,6 5,0 – 5,6 ---
leucocephala
Pennisetum
Milheto 8 – 15 --- 3,4 – 34,0 1,3 – 2,9 10,5 – 38,0 1,3 – 3,7 1,3 – 5,0 1,5 – 2,0
glaucum

do Estado de São Paulo


Milho Zea mays 10 – 20 --- 27,0 – 35,0 2,0 – 4,0 17,0 – 35,0 2,5 – 8,0 1,5 – 5,0 1,5 – 3,0
Mucuna
Mucuna-anã 2–4 50 a 100 27,5 – 35,2 1,6 – 5,3 15,7 – 48,4 19,4 – 23,7 4,6 – 6,5 2,6 – 2,9
deeringiana
Mucuna-cinza Mucuna nívea 5–8 120 a 210 15,6 – 26,5 1,5 – 5,7 10,0 – 15,5 11,0 2,7 ---
Mucuna-preta Mucuna aterrima 6 – 13 120 a 210 19,7 – 30,8 1,1 – 6,1 7,8 – 20,5 8,7 – 12,8 2,7 – 3,5 1,2 – 2,8
Soja Glycine Max 2–4 60 a 180 13,5 – 40 2,1 – 2,5 10,8 – 17,6 10,0 – 20,0 4,0 – 6,0 2,0 – 2,5
Neonotonia
Soja perene 4–6 40 a 100 24,4 – 28,5 1,7 – 3,0 22,4 – 24,5 9,9 3,5 ---
Tabela de adubação verde: Semeadura preferencial na primavera-verão de setembro a março

wightil
Sorgo Sorghum bicolor 10 – 20 --- 5,0 -11,0 1,0 – 3,0 14,0 – 22,0 3,0 – 4,0 2,5 – 5,0 0,1 – 0,2
2.2.1. Adquira as sementes;

2.2.2. Pese as sementes conforme a recomendação técnica;

2.2.3. Coloque as sementes em um balde;

Atenção!!!
Coloque as sementes maiores em primeiro lugar.

2.2.4. Insira a mão no balde e retire as sementes desde o fundo;

2.2.5. Lance as sementes sobre todo o terreno;

2.2.6. Incorpore as sementes superficialmente, utilizando o rastelo ou grade.

Atenção!!!
Em períodos de estiagem se faz necessário irrigar o cultivo.
O ponto ideal de roçada do coquetel será quando a espécie predominante florescer.

“Quando insetos invadem seu campo, eles somente vêm como mensageiros do Céu para
avisar-lhe que seu solo está doente”.

Sabedoria Veda, 1.600 a.C.

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo 43


VIII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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