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Construir e Operar Biodecompositor Caseiro

PRODUZIR ADUBO ORGÂNICO EM CASA É UMA ÓTIMA OPÇÃO AMBIENTAL

Compostagem Caseira Como Fazer

Manual Prático Para Aprender a Construir e Operar o Seu


Próprio Biodecompositor Caseiro

Elaborado pelo Engenheiro Agrônomo

Fernando Eovídio da Rosa Figueiredo


CREA 52.259 – D RS – Visto SP 5060479100 - Visto BA 3000131726 – RN 220463028-4

Campinas – SP – Brasil

Cel. Whatsapp +55 19 98726 4831

E-mail: fernandoerf@gmail.com

Para dúvidas e ou sugestões, ou para elaboração de projetos especiais para


indústrias, agroindústrias, propriedades rurais ou para o poder público, estamos a
disposição por Whastapp ou e-mail

Edição 01 – Fevereiro de 2023

1. Porque é importante ter o seu próprio Biodecompositor Caseiro

1.1. A Geração de Resíduos e a Vida Moderna

A vida moderna está associada a crescente geração e consequente dificuldade


na disposição de resíduos sólidos (lixo doméstico), estes são hoje, sem dúvida, dois
dos maiores problemas enfrentados no mundo, e tanto maior e mais complexo os
impactos, quanto o grau de desenvolvimento e o padrão de consumo da população,
acarretando graves reflexos sociais, ambientais e econômicos.

1.2. As Diferenças nos Padrões de Consumo

Nos países desenvolvidos como EUA, Japão e Europa, o padrão de consumo e


geração de resíduos é muito superior do que nos países em desenvolvimento, também
as atitudes para a solução dos mesmos, encontram-se em estágios bem mais
avançados na maioria deles.
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No Brasil e em muitos outros países em desenvolvimento a magnitude do


problema também é bastante séria, mas somente há poucos anos começaram
timidamente as preocupações de algumas administrações em buscar soluções
para os problemas de geração e disposição dos resíduos.

Inclusive com a formulação de leis e normas para gerir estas situações com
critérios mais técnicos, como a PNRS de 2010 e diversas leis e normas locais nos
Estados e Municípios através de suas agências ambientais.

1.3. Situação dos Resíduos Sólidos em São Paulo

Pode-se ver a magnitude deste problema pelo Estado de São Paulo, um dos
estados mais desenvolvidos do País, onde a pouco mais de 20 anos mais de 70
% dos municípios, ainda tinham problemas sérios na disposição dos resíduos
sólidos (jogavam a maior parte em lixões a céu aberto ou depositavam em aterros,
os quais na maioria dos casos eram mal implantados e operados erroneamente).

Hoje a situação já melhorou, mas ainda está longe de ser a ideal,


principalmente no que diz respeito ao tratamento de resíduos orgânicos, que são
metade dos resíduos gerados.

1.4. Potencial de Recuperação de Resíduos

O potencial estimado de geração de resíduos sólidos urbanos (RSU) no


Brasil subiu de 68 milhões de toneladas / ano em 2010 para 80 milhões em 2020,
aumento de mais de 15% em 10 anos, mas o percentual de reciclagem continua
estagnado na faixa de 3 a 5 % desde a década de 1990.

Só em Campinas são geradas cerca de 1300 t / dia sendo cerca de 60%


~780 t / dia de resíduos orgânicos, que poderiam ser mais da metade utilizados
para compostagem e/ou geração de biogás e energia.

A Reciclagem dos RSU poderia alcançar faturamento de cerca R$ 120


bilhões por ano, contudo a indústria da reciclagem gera em torno de R$ 12
bilhões de faturamento por ano, mas há potencial para muito mais do que os R$
120 bilhões, se forem implantadas políticas serias de gestão dos mesmos.

Tudo que é aproveitado chega próximo a 10 % deste potencial, ou seja,


mesmo com os avanços do últimos anos, praticamente está tudo ainda por fazer
na área de reciclagem e aproveitamento racional dos resíduos no Brasil.

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2. A Matéria Orgânica nos Resíduos

De todos os componentes presentes nos resíduos a Matéria Orgânica,


representa cerca de 50 a 60 % do que é gerado em nossas residências (cerca
de 500 g por pessoa por dia em média para cidades de médio e grande porte no
Brasil).

Contudo, não é feito praticamente nada, para um aproveitamento racional,


pois poucas cidades dispõem hoje de algum tipo de estrutura ou sistema de
compostagem ou processamento adequado de resíduos orgânicos.

Mormente sejam estes resíduos, os que causam os maiores impactos nos


aterros ou lixões, pois são os principais geradores de gases, chorumes, além de
maus odores e são importantes vetores de doenças.

Cada um de nós cidadãos, que tivermos um pouco de consciência e


condições, para através de ações afirmativas minimizarmos esta situação,
podemos contribuir para diminuir em boa parte este grave problema ambiental.

Como o problema não é simples, ou trivial, precisa-se buscar uma instrução


adequada para que isso seja feito com critério e qualidade e assim traga os
benefícios esperados para a saúde e o meio ambiente.

3. Como construir o seu próprio Biodecompositor Caseiro

Biodecompositores Caseiros podem ser construídos ou adquiridos prontos


de vários modelos e tamanhos, nós preferimos apresentar para construção alguns
simples, que qualquer pessoa pode construir em sua própria casa, também
apresentaremos outras opções e modelos prontos.

3.1. Material e Obtenção

A condição para construção de um Biodecompositor Caseiro, segundo o


modelo que vamos apresentar é muito simples, pois vamos precisar somente de
Tambores de 200 litros, de preferência de tambores plástico (adquire-se estes
facilmente em sucateiros, ferros velhos ou locais que comercializam tambores e
bombonas usados).

Podem ser confeccionados de tambores metálicos, contudo tem a


desvantagem que podem ser corroídos pela ferrugem e são mais pesados e
difíceis para manusear.

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3.2. Quantos Tambores e Qual o Tamanho

O número e o tamanho dos tambores será dado pelas condições do espaço


que dispomos em nosso quintal, assim o ideal é termos no mínimo 2 ou 3
tambores para garantir a continuidade do programa de compostagem sem
interrupções.

O melhor tamanho de recipiente para residências com 3 a 5 pessoas é


mesmo o tambor de aproximadamente 200 l, pois não é tão pequeno que não
caiba resíduo de diversos dias de coleta e nem tão grande que dificulte o
manuseio por apenas uma pessoa.

3.3. A Importância da Aeração

Adquiridos os tambores pode-se realizar, ou não, furos ao redor dos mesmos


para criar CANAIS DE AERAÇÃO. Pode-se inclusive solicitar ao vendedor, se
este tiver a mão uma furadeira, que faça isso e assim já leva os mesmos prontos
para casa (o diâmetro da broca pode ser de ½ a ¾ “ ou 1 a 2 cm, quanto maior o
diâmetro dos furos, melhor).

Contudo um detalhe muito importante em relação a realizar furos nos


tambores é que se pretendermos utilizar posteriormente os tambores também para
outros fins, não vai ser possível, portanto antes de furar é melhor ter certeza que
serão usados somente para a compostagem, ou é melhor deixá-los intactos.

Mesmo em tambores ou quaisquer outros recipientes não furados, a


compostagem sairá bem feita, desde que sejamos mais criteriosos nos processos
de carregamento, revolvimentos e controle da umidade.

3.4. Como Devem ser Feitos os Furos Para Aeração

Se formos furar, como, onde e quantos furos fazer (um tambor de 200 l tem
cerca de 87 cm de altura e 60 cm de diâmetro) portanto vamos furar a partir de 20
cm a partir do fundo a até cerca de 70 cm ou faltando 20 cm para a borda
superior, furar cada linha a cerca de 10 cm de distância uma da outra.

Isso vai nos dar 6 linhas de furos entre os 20 e os 70 cm do Tambor, em


cada linha destas vamos fazer 12 furos ao redor do mesmo (seis em cada meia
banda), procurando manter a mesma distância entre eles e alternando os furos em
cada linha, vide croquí - pág. 12.

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4. O que pode ser compostado no Biodecompositor Caseiro

4.1. Tipos de Resíduos

Em princípio todo e qualquer tipo de resíduo orgânico produzido em nossas


residências podem e devem ser compostados, vamos enunciar aqui alguns deles
como:

- Restos de alimentos crus ou cozidos, cascas bagaços e sementes de


frutas, cascas de ovos, alimentos lácteos ou frios que estragaram na
geladeira, a borra de café com filtro de papel e tudo, ou seja, do que sobrar na
cozinha, tudo que for orgânico, pode e deve ser compostado (estes são os
resíduos chamados de NUTRIENTES).

4.2. Cuidados com Resíduos Especiais

Existem alguns resíduos orgânicos com características especiais, que se mal


utilizados podem causar algum incomodo, contudo com um pouco de cuidado,
também podem e devem ser utilizados, como os restos da limpeza dos banheiros
de animais de estimação (restos de ração, fezes de cachorros, gatos,
passarinhos e qualquer outro animal de estimação – Importante contudo, é
não colocar aquelas pedras ou areia, tipo esmectitas, usadas para os
banheiros de gatos, hamsters e outros pets).

E também os papéis higiênicos dos banheiros e até o “conteúdo” de fraldas


descartáveis - as fraldas e absorventes higiênicos em si não colocar, porque os
plásticos utilizados não decompõem – só quando forem fabricados a partir de
plásticos oxi-biodegradáveis e compostáveis1.

4.3. Resíduos Complementares ou de Blend

E por último mas muito importantes, pois eles é que vão nos dar a qualidade
do “Blend” do composto produzido, estão os resíduos de poda e roçagem de
gramados, jardins e hortas (são os chamados resíduos VOLUMOSOS).

Se não tiver jardim, horta ou gramado em casa, vai precisar arrumar com
vizinhos ou amigos um ou mais sacos de restos de roçagem e aparas de vegetais,
pois sem eles não tem com fazer, ou dificulta bastante, obter composto
caseiro de qualidade.

1 Vide detalhes sobre Plásticos Oxi-Biodegradáveis e Compostáveis no Site:


www.resbrasil.com.br

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Até pode ser feito sem volumoso, mas vai ser mais difícil de manejar o
processo, pois pode deixar expostos alguns resíduos com potencial para emissão
de odores e atração de vetores, como moscas e baratas.

Impossível não é compostar sem volumosos, mas exige um cuidado muito


maior e acompanhamento diário das condições do processo, principalmente em
relação ao teor umidade.

4.4. Importância dos Resíduos Volumosos

A importância fundamental destes resíduos, encontra-se no fato de que os


mesmos têm a característica de conterem fibras que dão este volume, ou seja
eles fornecem porosidade, estrutura e aeração a massa de resíduos que está
sendo compostada, eles fornecem as condições ideais para o desenvolvimento de
uma compostagem AERÓBIA.

O contrário, quando temos pouca aeração (umidade na faixa acima de 65 -


70%, ou pouco volumoso) o material em decomposição pode entrar facilmente em
processo de compostagem ANAERÓBIA ou em anaerobiose. Isso pode gerar
gases, causar mau cheiro, atrair moscas e vetores e atrasar o processo de
decomposição.

5. Como operar o seu próprio Biodecompositor Caseiro

5.1. Iniciando o Processo de Compostagem de Resíduos

O segredo de fazer um composto bem feito e não gerar chorume nem


odores desagradáveis é, como já falamos, o "Blend" (mistura em proporções
adequadas de volumosos e nutrientes) que se faz no momento que se procede o
carregamento dos mesmos no recipiente do Biodecompositor.

Para montar um blend de qualidade vai-se começar o preenchimento


SEMPRE com 15 a 20 cm de capim picado no fundo do recipiente
(volumoso), pode umedecer um pouco com água normal (1 a 2 litros, depende de
quão seco estiver o capim ou qualquer outro volumoso que estivermos usando).

Logo após colocar a primeira camada de resíduos, chamados nutrientes,


provenientes das atividades diárias da nossa cozinha e imediatamente cobrir com
mais um pouco de volumoso.

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5.2. A Continuidade e a Importância de Picar os Resíduos

Depois é praticamente fazer a mesma coisa todos os dias, pois em nossas


casas geramos resíduos orgânicos todo o tempo, principalmente na cozinha,
então é só coletá-los em separado em um baldinho (com tampa) que deve ficar de
preferência em cima ou ao lado da pia.
Neste vamos ter restos de cascas de frutas, de ovos, limpeza de verduras,
restos de comida cozidos ou crus, papéis sujos ou molhados, filtros de café com
borra, comida que estragou, etc...
Não é obrigatório, mas se os resíduos forem fragmentados (picados
grosseiramente pode ser com uma faca, facão ou mesmo com a mão), facilita e
acelera a decomposição.

5.3. Tipos de Resíduos Não compostáveis e Seu Manejo

Já para os demais resíduos produzidos nas residências, hoje cerca de 30 a


40 % são resíduos recicláveis, vamos ter outro recipiente para colocar os
mesmos (vidros – plásticos – metais – papéis secos e limpos).

Estes serão enviados para a coleta seletiva ou para as cooperativas de


recicladores, ou seja, se fizermos a coisa bem feita praticamente NÃO HAVERÁ
GERAÇÃO DE LIXO nas nossas casas, tudo será aproveitado.

Os cerca de 20 % que não são aproveitáveis ainda, nem para compostagem


nem para reciclagem, são os chamados rejeitos, os quais serão enviados para o
sistema convencional de coleta e normalmente serão depositados em aterros
sanitários, se fizermos uma boa seleção eles praticamente desaparecem.

5.4. Quando e Como Proceder a Compostagem Caseira

A melhor hora para praticar a atividade de compostagem é no final da tarde,


ou no começo da manhã (disponibilidade de cada um).

Despeja-se o conteúdo juntado durante o dia ou no dia anterior, para quem


faz pela manhã, deste baldinho com os resíduos orgânicos, bem como os demais
que vieram de dentro de casa no tambor (procurar esparramar uniforme em cima
do material do dia anterior).

Depois disso, SEMPRE cobrir o melhor possível, com 4 a 6 cm de capim


picado ou qualquer resto de roçagem e poda picado (volumoso).

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Após montar, regar por sobre o volumoso com uma garrafa de 0,10 l a 0,2 l
de água após jogar o capim, ideal é comprar um regador de jardim (em épocas
secas do ano pode ser preciso um pouco mais de água, em época de chuva
menos).

Para saber o ponto ideal de umidade, é questão de ver quando estiver


mexendo, se estiver muito úmido, parar de por água durante alguns dias, se
estiver muito seco, aumentar para 0,3 l sobre o volumoso.

Um teste rápido e fácil de determinação de umidade é fazer o chamado teste


da mão, este consiste em tomar uma amostra do produto, que esteja já
homogeneizado, com a mão formar uma bola que será apertada com certa
pressão, se escorrer muita água por entre os dedos e laterais da mão, está muito
úmido, acima de 70%.

Se ao apertar não sair praticamente nada de água por entre os dedos e ao


abrir a massa vai começar a esfarelar, é que está muito baixa a umidade, abaixo
de 30 – 35 %.

Se ao apertar esta massa, a mesma estiver com uma umidade que comece a
escorrer um pouco por entre os dedos e ao soltar levemente, a mesma pare de
escorrer e volte para dentro da mão, está na umidade ideal de processo que é
entre 50 e 55% de umidade.

Com o tempo e a prática isso fica muito fácil de ser medido.

5.5. Importância de Revolver a Mistura

Após seguir esta sequência de montagem todos os dias e para acelerar o


processo, ajudar a homogeneizar a massa em processamento e aumentar ainda
mais a qualidade é só pegar um cabo de vassoura ou de enxada (melhor é que
estes fiquem com uma sobra de cerca de 50 a 60 cm acima da boca do tambor e
apontar como um espeto para penetrar mais fácil na massa de composto).

Com este instrumento de revolvimento vamos fazer um pouco de um ótimo


exercício de braço a cada 3 a 5 dias, revolvendo bem todo o material já
depositado e continuar enchendo o Tambor até cerca de 2/3 do seu volume.

Este revolvimento também pode ser feito fora do tambor, sobre uma lona ou
encerado de ~ 2,5 m x 3 m, onde se despeja o conteúdo do tambor e em dois ou
sozinho, fica-se revolvendo a lona ou encerado para frente e para trás até misturar

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bem os componentes em processamento (volumosos e nutrientes do blend


homogeneizados).

Este revolvimento fora do recipiente tem a vantagem de podermos ver mais


facilmente, como está a umidade e homogeneização de toda a massa em
decomposição e assim, pode-se regular melhor a umidade e mistura da mesma.

No momento do revolvimento é que se deve fazer o teste de umidade, teste


da mão, descrito acima. Se tiver um termômetro pode-se tomar a temperatura.

5.6. Evitando Problemas de Odores e Moscas

Após depositar todos os dias e após os revolvimentos, sempre cobrir com


um pouco de capim picado (aquela camada de 4 a 6 cm de altura cobrindo
sempre a massa em decomposição), assim nunca vai ter odores desagradáveis
ou proliferação de moscas, vai sim, esquentar a massa e acelerar o processo.

As temperaturas podem chegar em alguns casos na faixa de 50 a 60º C,


estas temperaturas ocorrem exatamente pela atividade dos microrganismos
decompositores, os quais liberam calor durante o processo de decomposição.

5.7. Mantendo um Estoque de Volumosos para o Blend

Para se ter SEMPRE capim picado é só juntar num saco, ou mesmo


amontoar em um canto, cada vez que aparar a grama e guardar ao lado do tambor
(ou outro recipiente que se tenha), é bom ter dois ou mais tambores para dar um
melhor acabamento no composto.

Como já dito, isso depende do volume gerado por residência, precisa de


mais 30 a 40 dias para ficar pronto antes de poder usar, isso desde que use o
cabo de vassoura para mexer bem a cada 3 a 5 dias.

6. Como Saber Quando o Composto Está Pronto

6.1. Devemos Encher o Tambor Até Quando

Vamos ter sempre dois ou mais tambores em casa, então quando chegar em
dois terços ou cerca de 70 cm de altura (o tambor tem cerca de 90 cm), vamos
parar de carregar neste e começar tudo da mesma maneira em um novo.

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6.2. Aparência de um Composto Pronto

Vamos continuar mexendo além do segundo, também no primeiro tambor a


cada 3 a 5 dias e quando parar de esquentar, ou a massa, ou o volume chegar a
cerca da metade do tambor já deve estar com uma aparência de terra de mato,
com cheiro agradável e textura macia então está pronto, o que chamamos de
composto curado.

Isto pode levar cerca de 30 a 40 dias, depende de muitos fatores, o tipo de


material usado (volumoso mais fibroso – menos fibroso), a umidade que
colocamos e o número de vezes que revolvemos, ou seja quanto mais dedicação
ao processo, mais rápido e melhor ficará o produto final.

Este material após esfriar, pode ser utilizado diretamente em todo tipo de
plantas, vasos, jardins, floreiras, gramados, árvores; ou para colocar em canteiros
para criação de minhocas e ficará melhor ainda sob a forma de HÚMUS DE
MINHOCAS.

7. Qualidade do Composto Fabricado no Biodecompositor


Caseiro

7.1. Teores de Nutrientes de um Composto Bem Feito

O composto orgânico ou adubo orgânico assim fabricado é de excelente


qualidade, tem teores muito bons de todos os nutrientes necessários para as
plantas com média acima de 1,5 % de N, 1,0 % de P, 1,3 % de K.

Todos os demais nutrientes (micronutrientes Ca, Mg, Fe, Cu, Zn, B, Co, Mo)
também encontram-se em ótima quantidade, além dos nutrientes tem em média
50 a 60 % de Matéria Orgânica pura, rica em ácidos húmicos, fúlvicos e uma
riqueza insuperável em termos microbiológicos – é vida pura.

7.2. Polindo o Produto Para Melhorar a Aparência e a Qualidade

Se quiser, pode peneirar depois de pronto e vai obter um produto ainda


melhor, é muito mais saudável para o ambiente, para o solo e para as plantas do
que qualquer tipo de adubo químico existente.

As plantas da sua horta, jardim, vaso ou o seu gramado vão agradecer e


responder em qualidade e beleza o tratamento com o seu COMPOSTO CASEIRO.

Use de 1 a 2 kg / m2 ou a quantidade equivalente por vaso ou floreira.

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Todo o material que no polimento não passar pela peneira não vai fora não,
ele volta para o processo e continua ajudando a melhorar a qualidade do próximo
composto, pois já vai estar inoculado com os microrganismos, o que ajuda a
acelerar o processo.

Pode-se ainda, como dito acima, realizar um polimento especial, consiste em


colocar o composto pronto, primeiro para a alimentação de minhocas, as quais a
partir do composto produzirão o húmus que é um produto mais fino e de melhor
qualidade ainda que o produto original.

Basta que tenhamos condições e conhecimentos a respeito da criação de


minhocas.

Existem diversos tipos de peneiras ou joeiras prontas, as quais podem se


adquiridas nas casas de produtos agropecuários para realizar este polimento.
Podem ser aquelas que os pedreiros usam para peneirar areia e pedras, com
malha de 0,5 cm a 1,0 cm.

Figura 1: Peneira Simples construída em tela com armação de metal

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8. Modelo de Biodecompositor para Tambor de 200 l


Feito em Casa

As próximas 5 linhas
de furos deverão ser
feitas a cada 10 cm
uma da outra até
chegar próximo aos
70 cm de altura,
procurar intercalar os
furos em cada linha
para não ficarem
todos encontrados
(ex. no outro lado)

1ª linha de furos a 20
cm do fundo

Figura 2: Tambor de 200 l, como proceder a furação

Como dissemos acima, estes furos não são imprescindíveis, principalmente


se quisermos utilizar os tambores também para outros usos.

9. Outros Modelos de Biodecompositores Caseiros

9.1. Alternativas de Biodecompositores Caseiros

Além do Modelo descrito acima, podemos construir ou até adquirir outros


modelos de Biodecompositores Caseiros, adequados as nossas condições, vamos
mostrar algumas Fotos com Alternativas de Modelos.

Hoje com uma pesquisa no Google pode-se encontrar diversos modelos


existentes no mercado que poderão ser utilizados, o que importa não é o modelo,
mas como será realizado todo o processo descrito acima na condição que melhor
se adéque as nossas necessidades.

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9.2. Modelo de Encaixe

Este é um modelo um pouco mais sofisticado de construção em madeira


tratada, com postes fixos e encaixes transversais para ir aumentando a altura
conforme vai preenchendo a caixa, o tamanho é variável com o espaço e o volume
de material disponível (ideal são módulos de 1 a 2 m3).

Figura 3: Modelo de encaixe em madeira que pode ser modular

9.3. Modelo Folha de Telha

Este é um modelo menos sofisticado de construção em uma folha de telha


plástica corrugada, enrolada como um tubo e presa por um suporte de madeira ou
metal com parafusos, a altura o diâmetro é dado conforme o tamanho da telha.

Figura 4: Modelo construído com uma folha de telha plástica

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9.4. Modelo Pronto

Este é um modelo um pouco mais sofisticado de construção em plástico, muito


encontrado na Europa, o tamanho é similar ao tambor de 200 l.

Figura 5: Modelo pronto do tipo que pode-se encontrar no mercado,


este tem uma saída em baixo para retirar o produto pronto
por baixo, hoje exitem diversos modelos que pode-se
buscar pelo Google

9.5. Modelo de Encaixe Simples

Este é outro Modelo pouco sofisticado, de construção muito simples em


madeira tratada (para maior durabilidade pintar com tinta a óleo), com peças de
encaixes para ir aumentando a altura conforme vai preenchendo a caixa.

O tamanho é variável com o espaço e o volume de material disponível (ideal


são módulos de 1 m3). Para um módulo de 1 m 3 são necessárias 20 tábuas de 115
cm de comprimento com 15 cm de altura e 2,5 cm de espessura (a 5 cm de cada
borda será feito um “dente/entalhe” de 2,5 cm de largura por 5 cm de profundidade
para encaixar as tábuas) Vide modelo abaixo.

115 cm
Figura 6: Um módulo de um modelo de encaixe em madeira similar ao da
figura 3 acima, mais simples, mas bastante versátil

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9.6. Construção de Leiras Simples de Compostagem


Quando a produção de resíduos de uma residência apresenta um volume
maior do que a média, exemplo, quem possui um terreno com quintal, um jardim
e/ou uma horta muito grande, com bastante resíduos de poda, limpeza e roçagem.

Terá dificuldade em trabalhar com os Modelos Prontos ou mesmo construídos


de Biodecompositor Caseiros, pois os mesmos estarão repletos em um tempo
muito curto.

Neste caso o recomendado é trabalhar com o sistema de construção de Leiras


Simples de Compostagem, o que é muito similar ao que se faz nos processos de
compostagem de grande porte, ou compostagem industrial.

Monta-se uma base de leira com os resíduos volumosos da poda e roçagem e


acrescenta-se nesta leira todos os dias os demais resíduos orgânicos produzidos
na cozinha, banheiro, etc…, como já descritos anteriormente.

Abre-se um buraco com uma pá, ou forcado na leira e introduz-se os resíduos


do dia a dia e fecha imediatamente (evita que os resíduos, principalmente os
restos de comida sejam atacados por qualquer tipo de animal e inibe a emissão de
odores).

Deve-se manter a leira com uma boa umidade regando regularmente e


proceder um revolvimento a cada 10 a 15 dias com a uma pá, ou melhor um
forcado de 6 dentes. Quanto mais tempo levar para revolver a leira, mais tempo
vai demorar para ficar pronto o composto.

O tamanho da leira vai ser determinado pela quantidade de volumosos gerados


na propriedade, mas o bom é que a base tenha uns 3,0 a 4,0 m de comprimento
por uns 2,0 a 2,5 m de largura e 1,2 a 1,5 m de altura, onde todo dia serão
"enterrados" os resíduos provenientes da cozinha e banheiros (lembrar sempre, é
muito importante não deixar os resíduos nutrientes expostos).

Figura 7: Leira Simples de Compostagem no Fundo do Quintal.

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