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RECICLAGEM DE ÓLEO COMESTÍVEL

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RECICLAGEM DE ÓLEO COMESTÍVEL

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Produção de Óleo de Soja no Brasil em 2010..........................................................6


Figura 2- Sabão produzido a partir do óleo de soja..................................................................7
Figura 3- Crescimento de Produção de Oleaginosas no Brasil................................................8
Figura 4- Processo de fabricação e refino de um óleo vegetal.....................................................9
Figura 5- Descarte adequado do óleo de cozinha........................................................................10
Figura 6- Pesquisa de satisfação sobre utilização de sabão fabricado de óleo reciclado......11

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RESUMO

O presente estudo tem por objetivo considerar as diversas maneiras de


reciclar óleos de cozinha já utilizados, para que os mesmos não sejam descartados
de forma agressiva na natureza, uma vez que cada litro de óleo despejado no
esgoto tem capacidade para poluir cerca de vinte mil litros de água.

O óleo comestível que, quando descartado inadequadamente, gera graves


danos ao meio ambiente, já começa a ser reconhecido como resíduo potencialmente
reciclável, podendo servir como matéria-prima na fabricação de diversos produtos,
tais como biodiesel, tintas, óleos lubrificantes, sabão, detergentes, entre outros.

O processo de reciclagem deste óleo pode minimizar o impacto causado ao


meio ambiente. Ele pode ser transformado em um produto como sabão, por
exemplo, através de uma reação de saponificação, tornando-se uma alternativa
benéfica, uma vez que este último é menos agressivo do que o produto original.
Desta forma, neste trabalho, será dada ênfase na transformação do óleo de cozinha,
principalmente o proveniente da soja, em sabão, haja visto que este processo pode
ser realizado por qualquer pessoa.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente a poluição pode ser considerada um dos maiores problemas


enfrentados pela população mundial. O crescimento urbano desordenado e a alta
produção de lixo, contribuem para seu aumento em escala assustadora. Num ato
aparentemente inofensivo, todos os dias, em milhões de lares, o óleo comestível
utilizado no preparo de alimentos é jogado pela pia da cozinha e em outros locais,
ocasionando impactos graves, agravando a preocupação com a escassez de água
potável, acarretando prejuízos ambientais e econômicos.
O óleo despejado no ralo pode obstruir os canos, já que criam uma capa
gelatinosa que “prende” resíduos e bactérias ao se misturem com elementos
químicos de detergentes. Além disso, esta prática pode causar danos à rede de
esgoto e contaminar a água com a qual entra em contato.
Estudos mostram que um litro de óleo vegetal usado que seja descartado de
forma incorreta pode poluir mais de 20 mil litros de água. Ele forma uma fina camada
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sobre a água, que impede a entrada de luz solar e coloca em risco a vida de animais
aquáticos.

Figura 1- Produção de Óleo de Soja no Brasil em 2010. Adaptado de CHRISTIANI ET AL (2011)

A partir da figura acima, em uma conta rápida, se apenas 1% do óleo


destinado ao consumo doméstico em 2010 tiver sido jogado nos rios, ele pode ter
contaminado cerca de novecentos milhões de litros de água.
Também libera metano na atmosfera quando está se decompondo. Este por
sua vez é um dos principais gases causadores do efeito estufa, responsável pelo
aquecimento global. O óleo vegetal de cozinha também prejudica o meio ambiente
quando entra em contato com o solo, já que contribui para a sua impermeabilização.
Com isso, a capacidade de absorção da água da chuva se reduz, podendo causar
enchentes.
Sendo assim, percebe-se claramente que o meio ambiente, já bastante
degradado pelo desenvolvimento social e industrial, clama por atos que busquem a
sua preservação. Dessa forma, a reciclagem é a melhor alternativa, diminuindo os
impactos causados sobre os diversos ecossistemas da Terra ao transformar o óleo
de cozinha em um novo produto, evitando que o mesmo seja descartado
inadequadamente.
Através da reciclagem, o óleo comestível pode ser utilizado como matéria
prima na produção de resina para tintas, sabão, detergente, amaciante, sabonete,
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glicerina, ração para animais, biodiesel, lubrificante para carros e máquinas
agrícolas e outros, sendo o sabão a alternativa mais simples.
O processo de elaboração de sabão caseiro é bastante antigo, mas com o
advento do sabão em pó, com a migração do pessoal da zona rural para as cidades,
o processo caiu em desuso e esquecimento. Dessa forma apesar de ser uma
alternativa bastante viável, a transformação do óleo vegetal em sabão, nos dias de
hoje, é desconhecida da maioria da população atual.
Como é motivo deste estudo, a reação química que é responsável por produzir o
sabão, em geral, utiliza matéria prima vegetal, mais precisamente triglicerídeos
(óleos ou gorduras vegetais). Assim, aquecendo gordura em presença de uma base,
realizamos uma reação química que produz sabão. Essa reação, a hidrólise básica
de um triéster de ácidos graxos e glicerol, é chamada de saponificação. Neste
estudo será utilizado, especificamente, o óleo vegetal (soja) de cozinha que já teve
sua aplicação na cozinha, não sendo mais propício ao consumo humano.

Figura 2- Sabão produzido a partir do óleo de soja. Acesso em 29 de março de 2016. Disponível em:
http://www.beholistic.pt/curso/sabao-natural/

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2 O ÓLEO VEGETAL

Com clima privilegiado, uma boa qualidade de solo e disponibilidade de água


doce para irrigação, o Brasil possui uma variada produção de vegetais oleaginosas,
plantas que contém um alto teor de óleo. Este óleo pode ser extraído tanto a partir
de das sementes (soja, colza/canola, girassol, milho), como a partir dos frutos
(palma, babaçu, coco, caju, entre outros), podendo ser utilizado para fins culinários,
cosméticos e industriais.

Figura 3- Crescimento de Produção de Oleaginosas no Brasil. Retirado de CHRISTIANI ET AL (2011)

Países mais populosos, em virtude do crescimento econômico, demandam


um volume maior de óleo para o consumo humano e para a produção de energia. O
Brasil é um dos principais exportadores de óleo vegetal do mundo, atendendo a
demanda de diversos países. O óleo de soja é o mais consumido no país devido
alta disponibilidade no mercado interno. Para um óleo ser comercializado, é preciso
que seja completamente atóxico e apresente-se como um líquido claro e
transparente, inseto de partículas, sem odor e com prazo de validade elevado,
seguindo uma certa padronização.
A seguir pode-se perceber um esquema do processo de fabricação e refino
do óleo vegetal:

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Figura 4- Processo de fabricação e refino de um óleo vegetal. Acesso em 29 de março de 2016. Disponível em:
http://www.japudo.com.br/category/saboaria-artesanal/refino-de-oleos/

3 RECICLAGEM

Nos últimos anos, são notáveis os prejuízos causados pelas mudanças


climáticas, pela extinção das espécies nativas, pelo crescente comprometimento de
nossos recursos hídricos, despertando a consciência ambiental nas pessoas em
todo o mundo. Tais questões levaram, não somente políticos e empresas, mas sim
a sociedade em geral, a refletirem sobre o desenvolvimento sustentável, ou seja, em
uma maneira de obter o crescimento econômico necessário, ao mesmo tempo em
que se garante a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social para o
presente e gerações futuras.
A reciclagem, que é um conjunto de técnicas com função de aproveitar os
detritos e reutilizá-los em algum ciclo de produção, é uma importante aliada neste
quesito. É o resultado de uma série de atividades, pela qual, materiais que se
tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados, coletados, separados e processados
para serem usados como matéria-prima na manufatura de novos produtos. Podendo

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ser utilizada não apenas na manufatura como em produtos artesanais, encontrando
um novo uso para determinado produto.
É de extrema importância a separação, pelos próprios consumidores, por
característica individual de cada material ou grupo de materiais que podem ser
recuperados, tornando a reutilização mais viável e evitando o descarte inapropriado.
Para haver esse tipo de coleta, faz-se necessária a existência de um mercado
consumidor para os recicláveis, como as ONG’s e outras empresas, que precisam
de matérias-primas. Existe um acordo, assinado em 2012, para que as associações
de fabricantes de baterias, filtros automotivos e óleo vegetais se responsabilizem
pelo recolhimento de resíduos nos municípios daquele estado. Foram
confeccionadas cartilhas com instruções de como dispensar adequadamente cada
produto, como pode-se perceber abaixo, para o óleo de cozinha.

Figura 5- Descarte adequado do óleo de cozinha. Acesso em 29 de março de 2016. Disponível em:
http://www.ecodebate.com.br/2012/12/21/empresas-de-oleo-de-cozinha-baterias-e-filtros-automotivos-assinam-termo-
de-compromisso-para-coleta-de-residuos/

Mas, é claro, o cidadão comum deve estar consciente do seu papel e da sua
participação neste processo. O maior propósito da coleta seletiva é a reintegração
dos materiais constituintes dos bens de pós-consumo proporcionando alternativas
viáveis a qualidade de vida e o uso racional dos recursos da natureza.
Um produto muito utilizado atualmente na produção e consumo de alimentos
fritos e pré-fritos, e que resulta em grande produção de resíduos, é o óleo vegetal
comestível. O ideal é reciclá-lo, por isso será apresentada uma ideia de como
reaproveitá-lo após ser usado, de forma simples e caseira dando uma nova
finalidade a um produto sem utilidade ao transformá-lo em um produto novo, em vez
de simplesmente descartá-lo. Nesse nível, bens de consumo, já sem utilidade, são
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coletados, transformados de volta em matéria-prima para entrar um novo ciclo de
produção.
A respeito do sabão produzido a partir do sabão reciclado, Benevides et al
(2009), fez uma pesquisa de satisfação com quinze donas de casa. Foram
distribuídas amostras a cada uma delas e pedido que avaliassem o produto com
respeito à rentabilidade, poder limpante, diminuição das agressões ambientais e
comparação com o sabão industrializado, os resultados foram positivos.

Figura 6- Pesquisa de satisfação sobre utilização de sabão fabricado de óleo reciclado. Acesso em 30 de março
de 2016. Disponível em: http://www.abq.org.br/cbq/2009/trabalhos/6/6-518-5109.htm

4 MATERIAIS E MÉTODOS

A partir de toda pesquisa realizada, demonstrou-se bem interessante a


fabricação do sabão a partir do óleo de soja usado. Para este trabalho foram
utilizados:

INGREDIENTES:

 500g de soda cáustica;


 1 litro de água quente;
 2 litros de óleo de cozinha;
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 500ml de álcool;
 5ml de óleo essencial.

FERRAMENTAS E UTENSILHOS:

 Luvas à base de borracha;


 Máscara e óculos de proteção;
 1 balde tamanho grande;
 1 coador feito de pano;
 1 pedaço de madeira;
 1 forma de tamanho grande – pode ser feita de plástico ou madeira
forrada com plástico.

MODO DE FAZER:

Antes de iniciar o experimento, foram tomadas as medidas de proteção, haja


visto que haverá uma reação química durante o processo de mistura da soda
caustica e a agua, fazendo emergir um vapor que é irritante aos olhos e nariz.
Portanto, óculos de proteção, máscara e luvas serão importantes para evitar
qualquer processo inflamatório. Além disso, o ambiente no qual foi realizada a
mistura era bem arejado, evitando a concentração dos gases resultantes.
Utilizando um balde grande de plástico, foi colocado um litro de água morna e
acrescentado meio quilo de soda caustica, de maneira gradativa, mexendo com um
pedaço de madeira, até dissolver por completo. Na sequência, foi adicionado os dois
litros de óleo, misturando por, aproximadamente, cinco minutos, até a mistura ficar
homogenia. Como próximo passo, foi adicionado 500 ml de álcool e misturado por
mais cinco minutos. A mistura, mais consistente, foi despejado na forma de plástico
e deixado em repouso por três dias. Ao final, foi desenformado e cortado em barras
Este sabão não deve ser usado na pele, já que possui um pH alto e pode
causar irritação. Sua indicação de uso e somente para lavar roupas, louças e para
a limpeza geral da casa.

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Estando os óleos vegetais entre as principais fontes de matéria-prima para a
produção de sabão, parece oportuno conduzir análises relacionadas aos aspectos
econômicos e sociais.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atividades de esclarecimento e conscientização aliadas a novos métodos de


reciclagem e reutilização de resíduos, além de preservar e manter os recursos
naturais, que estão escassos, ainda podem se transformar em fonte de renda para
boa parcela da população, e ainda dar destino adequado a um resido altamente
poluidor.
Vale ressaltar que o sabão produzido a partir do óleo também causa prejuízos
à natureza. Quando chega aos rios, por exemplo, ele cria uma camada de espuma
sobre a água, diminuindo sua oxigenação, e causando danos aos peixes e plantas.
Entretanto, a partir da reutilização do óleo usado, é possível aumentar o tempo em
que ele é útil antes de ser dispensado na natureza. Além disso, quando na natureza,
o sabão é fortemente atacado por bactérias e tem sua decomposição muito mais
rápida do que o óleo.
Abaixo temos os custos da matéria-prima gasta:

Tabela 1- Custo com matéria-prima

Ítem Descrição Preço (R$)


1 Soda cáustica 8,00
2 Álcool 3,00
3 Óleo essencial 1,00
4 Água quente 0,35
Total 12,35

Não foram incluídos no cálculo de custos o óleo de cozinha, uma vez que o
mesmo seria jogado fora e, ao invés disto, foi reaproveitado, nem as ferramentas, as
quais possivelmente, qualquer residência já as possua.
O procedimento de reciclagem descrito aqui consegue produzir vinte barras
de sabão. A partir do custo de produção apresentado, é possível chegar ao custo de,

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aproximadamente R$0,62 por barra. No supermercado, a dona de casa compra o
sabão industrializado por algo em torno de R$1,50, ou seja, 242% mais caro do que
o produto reciclado.
Aliando o benefício proporcionado devido à reutilização de um produto
altamente prejudicial à natureza, com a facilidade de produção e o baixo custo, o
sabão fabricado do óleo de cozinha usado é uma excelente forma de reciclagem.

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6 REFERÊNCIAS

ALBERICI, R. M.; PONTES, F. F. F. Reciclagem de óleo comestível usado


através da fabricação de sabão. 2004. Disponível em:
<www.unipinhal.edu.br/ojs/engenhariaambiental/include/getdoc.php?
id=39&article=19&mode=pdf>. Acesso em: 22/03/2016.

COELHO, Ricardo Motta Pinto; FREITAS, Nivia Sueli de; MENICUCCI. Roberto
Góes Coleta e reciclagem de óleo de fritura: saiba como contribuir com o meio
ambiente e ainda ganhar em troca. Belo Horizonte: Recoleo, 2008. Disponível em:
http://www.ecologia.icb.ufmg.br/~rpcoelho/art_pdf/rec_oleo.pdf. Acesso em
26/03/2016.

COELHO, Ricardo Motta Pinto. Produção, Consumo e Reciclagem de Óleos


Vegetais. Disponível em:
http://www.ecologia.icb.ufmg.br/~rpcoelho/Livro_Reciclagem/Projeto_Cezar/cap
%2010%20oleos%20vegetais.pdf. Acesso em 22/03/2016.

COSSICH, Felipe Ferreira; GONÇALVES, José Eduardo; GONÇALVES, Regina


Aparecida Correia. Educação ambiental: reutilização de óleo vegetal comestível
no desenvolvimento da base de sabão e aplicação na confecção de sabonetes
artesanais. Disponível em: http://www.conhecer.org.br/enciclop/2014b/CIENCIAS
%20BIOLOGICAS/educacao%20ambiental.pdf. Acesso em 22/03/2016.

HILLIG, Clayton; WILDNER, Loreni Beatriz Arnold. Reciclagem de óleo comestível e


fabricação de sabão como instrumentos de educação ambiental. Disponível em:
http://cascavel.cpd.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/reget/article/viewFile/
4243/2811. Acesso em 22/03/2016.

NUNES, Sidemar Presotto. Produção e consumo de óleos vegetais no Brasil.


Disponível em: http://www.deser.org.br/documentos/doc/Produ%C3%A7%C3%A3o
%20e%20consumo%20de%20%C3%B3leos%20vegetais.pdf. Acesso em
22/03/2016.

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