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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos Curso de


Bacharelado em Química
Química Verde
EDER JOÃO LENARDÃO

Óleos sob medida Produzidos a partir da Fermentação de Microalgas

Amanda Moraes Petiz


Nicole Midori Nischimoto Washio

Pelotas, novembro de 2022


RESUMO
PRESIDENTIAL GREEN CHEMISTRY CHALLENGE: 2014 GREENER SYNTHETIC
PATHWAYS AWARD. SOLAZYME, INC (now CORBION) - Tailored Oils Produced
from Microalgal Fermentation. Microalgae - defined as microscopic algae invisible to
the naked eye. They are typically found in freshwater and marine systems, living in
both the water column and sediment.

Keywords: microalgae, tailored oils, fermentation, genetic engineering.

1. INTRODUÇÃO
Ao contrário das demais empresas, a Solazyme, decidiu inovar na utilização
de organismos tradicionais para produção de óleos de soja, canola, coco etc.
utilizando microalgas. O interesse para produção dos óleos através das microalgas
surgiu pelo fato dos tradicionais utilizados não apresentarem uma composição ideal
para uso qualquer e, além disso, para obter composições específicas, o processo
acaba tendo um custo elevado, é um desperdício e, em muitas vezes, requerem o
uso de produtos químicos perigosos.
Uma fábrica no Brasil iniciou suas operações no ano de 2014 em sua
capacidade máxima, que seria de 100 mil toneladas de óleo de microalgas por ano.
A empresa fechou contratos com a Unilever para utilização dos óleos na produção
de sabonetes em uma fábrica em Valinhos/SP. Contudo, seu uso vai além de
biocombustíveis e higiene pessoal. No ano de 2014, um creme anti-idade da
Algenist, uma linha de cosméticos em parceria com a Sephora, foi premiado como
melhor cosmético do ano. Além disso, a fábrica fornece lubrificantes industriais,
demonstrando a flexibilidade da Solazyme para usar sua capacidade industrial de
acordo com a estratégia comercial.
Sendo assim, neste artigo discutiremos sobre a empresa Solazyme, como é
feito esse processo, quais os benefícios do uso das microalgas e ainda
apresentando a aplicação do óleo na indústria.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Solazyme Inc.
A empresa foi fundada em 31 de março de 2003, na missão de utilizar
microalgas na produção de fontes de energia renováveis e de combustíveis
fósseis.
O foco inicial da empresa, durante os anos de 2004 e 2005 era
produzir um óleo a partir de microalgas. Futuramente, ela expandiu seu foco
para produtos de cuidados pessoais e pele. Em 2007, Solazyme recebeu uma
doação de US$2 milhões e assinou um acordo com a Chevron e começou a
operar equipamentos de fermentação industrial para produzir refinarias com o
produto inicial, o óleo de microalgas.
Em abril de 2012, iniciou-se um plano de construir uma unidade de
produção compartilhada em escala comercial no Brasil. A Bunge, parceira da
empresa, forneceria a unidade com matéria-prima de cana-de-açúcar para o
uso no processo de produção.
Por fim, em 2016 a empresa mudou seu nome para TerraVia Holdings
Inc. em março, com um foco redefinido para alimentação, nutrição e cuidados
pessoais. Os produtos anteriores (óleo industrial e produtos de combustíveis)
continuariam sob operação da Solazyme Industrials.

2.2. Microalgas
Microalgas ou também conhecidas como algas unicelulares são
microrganismos que podem ser vistos em corpos aquáticos, folhas ou caules
de vegetais. Elas são os principais integrantes do fitoplâncton encontrados
sozinhos ou em colônias que podem alcançar grandes dimensões.
Imagem 1: Microalgas

(fonte: biotecland.com)
Esse grupo de organização é considerado fundamental para a
conservação da vida humana no planeta Terra. Estudos das microalgas
realizados pela biotecnologia demonstram como esses organismos estão
sendo utilizados pelos seres humanos, acima de tudo, para melhorar sua
qualidade de vida e expandir a sustentabilidade de produções.
Além disso, estudos revelam que algumas espécies de microalgas
podem ter inúmeras utilidades para o homem. Tais grupos podem ser
utilizados para produção de biocombustíveis, por exemplo.
Em meados de 1978, estudos intensificaram pela ocorrência de mais
uma crise de petróleo. Um programa analisou mais de 3 mil tipos de
microalgas quanto à produtividade de óleo, confirmando o potencial de
diversas espécies para produção de biodiesel.

2.3. Óleos Vegetais


Os óleos e gorduras estão entre as principais fontes de energia usadas
pelos seres humanos, formados principalmente de hidrogênio, carbono e
oxigênio, e também alguns outros elementos, como o fósforo. Os óleos
vegetais são um dos principais produtos extraídos de plantas, sendo que
aproximadamente ⅔ são utilizados em produtos alimentícios.
Os ácidos graxos possuem uma cadeia carbônica com um grupo
terminal carboxila, tendo de 4 a 24 átomos de carbono. Eles podem ser
saturados, monoinsaturados (uma dupla ligação) ou poli-insaturados (de duas
a seis ligações duplas).
Imagem 2: Ácido Graxo

(fonte: todamatéria.com)
Em sua maioria, os óleos vegetais são compostos de triglicerídeos,
constituídos por 3 moléculas de ácidos graxos e uma molécula de glicerol.
Por serem constituídos de 3 moléculas de ácidos graxos, desempenham um
papel importante na sua formação. Os ácidos graxos são monocarboxílicos
de cadeia longa e linear, com número par de átomos de carbono.
Imagem 3: Triglicerídeos

(fonte: educação.globo.com)

2.4. Procedimento: Fermentação e Modificação Genética


A cultura de microalgas não possui sistema de safra, ou seja, sua
coleta pode ser verificada de forma contínua. Em cultivo artificial, melhor para
o desenvolvimento destas, as condições devem ser semelhantes aos seus
habitats naturais. Por exemplo, com a luz solar haverá redução dos custos de
produção. Contudo, devido às variações sazonais da luz o resultado final do
óleo pode ser influenciado. Portanto, geralmente são usadas luzes artificiais,
sendo lâmpadas fluorescentes para o cultivo de espécies fotossintetizantes.
Conforme relatos para a revista Scientific American, os idealizadores
perceberam que as algas produzem óleo de maneira similar ao modo como a
gordura é feita pelo corpo humano. Partindo desta ideia, a empresa
desenvolveu uma forma de cultivo dessas algas que traria eficácia na
produção do óleo.
São utilizadas microalgas do tipo heterotróficas, ou seja, que
apresentam capacidade de se desenvolverem na ausência da luz e, pelo
processo de fermentação do açúcar, produzem o óleo. Para o aumento da
produção, são inseridos genes de outras plantas nas algas, diversificando sua
alimentação e fazendo com que elas cresçam mais rapidamente.
Apesar da modificação do gene, o óleo resultante não é considerado
como Organismo Geneticamente Modificado (OGM), pois, segundo um dos
cofundadores da empresa, Harrison Dillon, os genes modificados ou
proteínas não compõem o produto final.
2.5. Benefícios das microalgas
Devido a sua estrutura celular simples, as microalgas crescem
rapidamente e sem influência das safras, exigindo poucos nutrientes para seu
desenvolvimento. Em relação ao cultivo, comparado às culturas agrícolas, as
microalgas precisam de um espaço físico relativamente pequeno e pouca
quantidade de água, o que contribui para a economia de água doce, tornando
o processo mais sustentável. Por fim, como não são consumidas como
alimento e se adaptam bem em áreas não agricultáveis, elas não interferem
na produção alimentícia.

2.6. Aplicação na indústria


Em março de 2010 a Solazyme fechou parceria com a Unilever para o
desenvolvimento de substitutos do óleo de palma utilizado para fabricação de
sabonetes e outros produtos de higiene pessoal.
A empresa Natura trocou parcialmente sua fórmula para substituir
óleos vegetais tradicionais por óleos produzidos por microalgas. A troca,
segundo as empresas, seria benéfica para o ambiente já que a produção a
partir de microalgas teria menos impacto no uso de terra e água e teria menor
emissão de carbono.
Segundo a organização, os óleos possibilitam níveis maiores de
hidratação, toque agradável na pele com textura sedosa e sem sensação de
oleosidade e maior durabilidade. Além disso, são mais seguros para o
consumidor, visto que são livres de petróleo, pesticidas, metais pesados e
outros resíduos tóxicos e alergênicos.
Outra empresa que pretendia usar o óleo foi a Nestlé, que substituiria o
óleo de palma presente nos chocolates KitKat pelo feito de microalgas devido
a uma política de “zero desmatamento”. Contudo, nada foi comentado pela
companhia.
Além das empresas brasileiras, a Solazyme fechou parcerias com a
AkzoNobel (holandesa), a trading japonesa Mitsui e com a Dow Chemical
(norte-americana).
3. QUÍMICA VERDE EM AÇÃO
Em 2014 a empresa Solazyme ganhou o PDQV na categoria Greener
Synthetic Pathways pelo desenvolvimento de um óleo sob medida a partir da
fermentação de microalgas.
A organização desenvolveu microalgas capazes de produzir óleos
adaptados às necessidades dos clientes que podem imitar ou melhorar as
propriedades dos óleos vegetais mantendo a qualidade e sem diferenças
independente de onde são usados. Os óleos derivados de microalgas são
consistentes, independente da estação, origem geográfica e fonte de
matéria-prima, por isso, são considerados a melhor opção.
Através dessa tecnologia, a instituição foi capaz de reduzir a emissão
de carbono na atmosfera além de impactar menos no uso de terra e água, em
comparação com o método tradicional. Além de fechar parcerias com diversas
corporações importantes mundialmente conhecidas.

4. CONCLUSÃO
Segundo Tyler Painter CFOP da empresa, a produção continuará
apenas no segmento alimentício e de cosmético, eles pararam a produção
para óleo biodiesel, já que a empresa mudou de foco e além disso, havia
incertezas acerca do mercado norte-americano.
Portanto, com o artigo pode-se perceber que o produto premiado tem
seus benefícios tanto para o meio ambiente quanto quimicamente falando,
visto que seu processo não depende de químicos nocivos que afetam o
planeta.
Ademais, seus benefícios são notórios, podendo dar enfoque à
redução de emissão de carbono, devido a tecnologia desenvolvida pela
empresa e, ainda podem ser produzidos independente de terceiros, como
estação, matéria-prima etc.
5. REFERÊNCIAS
1. https://www.epa.gov/greenchemistry/presidential-green-chemistry-challenge-2
014-greener-synthetic-pathways-award.
2. https://en.m.wikipedia.org/wiki/TerraVia.
3. https://www.biodieselbr.com/noticias/materia-prima/algas/solazyme-inicia-prod
ucao-microalgas-brasil-130614. 2014.
4. https://www.microbiologia.ufrj.br/portal/index.php/pt/destaques/novidades-sobr
e-a-micro/364-o-futuro-verde-microalgas-e-biotecnologia
5. https://biotecland.com/2020/05/12/o-que-sao-microalgas/. 2020.
6. https://www.ecycle.com.br/producao-de-biocombustivel-cria-por-acidente-oleo-
comestivel-feito-de-algas/amp/
7. Carvalho, Ana Carolina de Oliveira. Características físico-químicas de óleos
vegetais comestíveis puros e adulterados. 2017.
8. Uso de microalgas para a produção de biodiesel: vantagens e limitações.
2015.
9. https://cosmeticinnovation.com.br/biotecnologia-que-cria-oleos-renovaveis-a-p
artir-de-microalgas/. 2013.
10. https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2015/06/11/natura-faz-acordo-co
mercial-para-trocar-formula-e-usar-microalgas-em-cremes.htm. 2015.
11. https://www.wsj.com/articles/SB128390129067335287. 2010.
12. https://cosmeticinnovation.com.br/oleo-renovavel-da-solazyme-atrai-interesse-
de-grupos-quimicos/. 2013.
13. https://www.biodieselbr.com/noticias/materia-prima/algas/solazyme-abandona-
biodiesel-de-algas-e-muda-foco-para-alimentacao. 2016.

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