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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL

ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO


       



SISTEMAS DE
TRANSMISSÃO, DE
FREIOS E HIDRÁULICO
CARTILHA IV

“O SENAR-AR/SP está permanentemente


empenhado no aprimoramento profissional e
na promoção social, destacando-se a saúde
do produtor e do trabalhador rural.”
FÁBIO MEIRELLES
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP
FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Gestão 2020-2024

FÁBIO DE SALLES MEIRELLES


Presidente

JOSÉ CANDEO SERGIO ANTONIO EXPRESSÃO


Vice-Presidente Diretor 2º Secretário

EDUARDO LUIZ BICUDO FERRARO MARIA LÚCIA FERREIRA


Vice-Presidente Diretor 3º Secretário

MARCIO ANTONIO VASSOLER LUIZ SUTTI


Vice-Presidente Diretor 1º Tesoureiro

TIRSO DE SALLES MEIRELLES PEDRO LUIZ OLIVIERI LUCCHESI


Vice-Presidente Diretor 2º Tesoureiro

ADRIANA MENEZES DA SILVA WALTER BATISTA SILVA


Diretor 1º Secretário Diretor 3º Tesoureiro

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL


ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
CONSELHO ADMINISTRATIVO

FÁBIO DE SALLES MEIRELLES


Presidente

DANIEL KLÜPPEL CARRARA SUSSUMO HONDO


Representante da Administração Central Representante do Segmento das Classes Produtoras

ISAAC LEITE CYRO FERREIRA PENNA JUNIOR


Presidente da FETAESP Representante do Segmento das Classes Produtoras

MÁRIO ANTONIO DE MORAES BIRAL


Superintendente

SÉRGIO PERRONE RIBEIRO


Coordenador Geral Administrativo e Técnico
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL
ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO


       



SISTEMAS DE TRANSMISSÃO,
DE FREIOS E HIDRÁULICO
CARTILHA IV

SENAR-AR/SP
FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
São Paulo - 2020
IDEALIZAÇÃO
Fábio de Salles Meirelles
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

SUPERVISÃO GERAL
Jair Kaczinski
Chefe da Divisão Técnica do SENAR-AR/SP

RESPONSÁVEL TÉCNICO
Andréia de Rezende Bittencourt
Divisão Técnica do SENAR-AR/SP

AUTORES
Carlos Roberto Ramos da Cruz – Administrador de Empresas
Edval Piatti - Engenheiro Mecânico
Marcelo Perrone Ribeiro - Engenheiro Mecânico

COLABORADORES
Sindicato Rural de Bragança Paulista - SP
Sindicato Rural de Ribeirão Preto - SP

REVISÃO GRAMATICAL
André Pomorski Lorente

DIAGRAMAÇÃO
Felipe Prado Bifulco
Thais Junqueira Franco
Diagramadores do SENAR-AR/SP

Direitos Autorais: é proibida a reprodução total ou parcial desta cartilha, e por qualquer processo, sem a
expressa e prévia autorização do SENAR-AR/SP.

4 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO............................................................................................................................................ 7

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................ 11

I. CONHECER O SISTEMA DE TRANSMISSÃO DA MÁQUINA AGRÍCOLA.......................................... 12

II. CONHECER OS RODADOS..................................................................................................................... 26

III. CONHECER A LASTRAGEM DAS MÁQUINAS.................................................................................... 33

IV. CONHECER A BITOLA DAS MÁQUINAS.............................................................................................. 34

V. CONHECER O SISTEMA DE FREIOS..................................................................................................... 35

VI. CONHECER O SISTEMA HIDRÁULICO................................................................................................ 42

BIBLIOGRAFIA..............................................................................................................................................53

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APRESENTAÇÃO

O
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL - SENAR-AR/SP, criado em 23
de dezembro de 1991, pela Lei n° 8.315, e regulamentado em 10 de junho de 1992,
como Entidade de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, teve
a Administração Regional do Estado de São Paulo criada em 21 de maio de 1993.

Instalado no mesmo prédio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São


Paulo - FAESP, Edifício Barão de Itapetininga - Casa do Agricultor Fábio de Salles
Meirelles, o SENAR-AR/SP tem, como objetivo, organizar, administrar e executar, em todo
o Estado de São Paulo, o ensino da Formação Profissional e da Promoção Social Rurais
dos trabalhadores e produtores rurais que atuam na produção primária de origem animal e
vegetal, na agroindústria, no extrativismo, no apoio e na prestação de serviços rurais.

Atendendo a um de seus principais objetivos, que é o de elevar o nível técnico, social e


econômico do Homem do Campo e, consequentemente, a melhoria das suas condições
de vida, o SENAR-AR/SP elaborou esta cartilha com o objetivo de proporcionar, aos
trabalhadores e produtores rurais, um aprendizado simples e objetivo das práticas agro-
silvo-pastoris e do uso correto das tecnologias mais apropriadas para o aumento da sua
produção e produtividade.

Acreditamos que esta cartilha, além de ser um recurso de fundamental importância para os
trabalhadores e produtores, será também, sem sombra de dúvida, um importante instrumento
para o sucesso da aprendizagem a que se propõe esta Instituição.

Fábio de Salles Meirelles


Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

“Plante, Cultive e Colha a Paz”

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CARO APRENDIZ,

Esta Cartilha é uma orientação para sua participação no Programa de Aprendizagem em


Mecânico de Manutenção de Máquinas Agrícolas do Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural – Administração Regional do Estado de São Paulo. Tem como objetivo fundamental
proporcionar condições para que você aprenda sobre os sistemas de transmissão, de
freio e hidráulico da máquina agrícola, e está organizada para o desenvolvimento dessa
competência.

A aprendizagem orientada por competências requer sempre a atividade do participante.


Para desenvolver uma competência você deve agir em situações ou circunstâncias em que
essa competência é requerida. A aprendizagem de uma competência requer seu exercício.
Para aprender é necessário que você participe de situações em que precise aprender de
forma colaborativa ou independente, sendo fundamental a sua participação nas atividades
propostas nas aulas. O seu pleno envolvimento nas situações de aprendizagem propostas
é requisito essencial para o seu desenvolvimento.

Do nosso lado, vamos tentar propor situações de aprendizagem que sejam estimulantes,
envolventes e prazerosas. Nelas, você terá a possibilidade de usar o que já sabe e aprender
com o saber dos seus companheiros de estudo.

Nesse curso, o instrutor é um orientador da aprendizagem que é construída por todos,


portanto não espere que somente ele o ensine e dê aulas ou que simplesmente passe a
matéria ou seus conhecimentos. A intenção do caminho pedagógico, a seguir apresentado,
é proporcionar-lhe experiências significativas e atraentes de aprendizagem integradas à
vida e ao trabalho.

Desejamos ardentemente que você realmente amplie sua capacidade de aprender e que
essas experiências sejam valiosas para você.

Boa Sorte!

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INTRODUÇÃO

Esta cartilha se ocupará dos sistemas de transmissão, freio e hidráulico. O sistema de


transmissão, juntamente com o sistema motriz, é um dos mais importantes de uma máquina
agrícola, pois sem ele a potência do motor não consegue chegar às rodas motrizes para a
movimentação da máquina. Como veremos à frente, existem muitos tipos de transmissão e
a cada dia surgem novidades, obrigando tanto o operador como o mecânico de manutenção
a buscarem frequente atualização, caso contrário, correrão o risco de comprometerem
seu trabalho. Os sistemas de freios são também relevantes, pois com máquinas cada
vez maiores e mais pesadas, este sistema necessita de eficiência e durabilidade para
cumprir sua função de diminuir e parar uma máquina de grande porte, que muitas vezes
pode contar com implementos com sistema de freios independentes, que também serão
estudados aqui. Já o sistema hidráulico passou a ser bem mais complexo que somente o
simples levante hidráulico, passando a equipar sistemas servo-assistidos, tomando o lugar
de vários acionamentos mecânicos, diminuindo o esforço e melhorando a qualidade dos
controles do operador.

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I. CONHECER O SISTEMA DE TRANSMISSÃO
DA MÁQUINA AGRÍCOLA
O sistema de transmissão é composto por mecanismos responsáveis pela recepção,
transformação e transmissão da potência do motor até os pontos de utilização nas máquinas
agrícolas. Os locais de utilização de potência nas máquinas agrícolas são: rodas, tomada
de potência, sistema hidráulico do engate de três pontos, controle remoto e barra de tração.
Pontos de utilização potência

Figura 01
Controle remoto
Hidráulica 3 pontos

Rodados Barra de tração

Tomada de potência

Podemos encontrar transmissões mecânicas que são constituídas de componentes


mecânicos com contato direto entre engrenagens, transmissões hidráulicas que funcionam
por meio de fluxo de óleo e transmissões que mesclam componentes mecânicos com
hidráulicos. O mesmo ocorre com os acionamentos dos componentes da transmissão, onde
encontramos acionamentos mecânicos, hidráulicos, pneumáticos, eletroeletrônicos e mistos,
conforme veremos a seguir.

1. CONHEÇA A CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA DE TRANSMISSÃO DA MÁQUINA


AGRÍCOLA

O sistema de transmissão é constituído por: embreagem, caixa de redução, caixa de câmbio


(também chamada de caixa de marchas ou ainda de caixa de mudanças), coroa e pinhão,
diferencial, redução final e tomada de potência.
Fluxograma do sistema de transmissão
Figura 02

Embreagem
Caixa câmbio
Diferencial
Semi eixos
Redutor
Eixos TDP/TDA

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1.1. Conheça a embreagem

Fluxograma do sistema de embreagem


Platô

Figura 03
Volante do motor
Pedal da embreagem

Árvore de manivelas
Eixo primário

Disco
Colar de embreagem Colar
Molas de pressão

Placas de pressão
Disco de embreagem

A embreagem localiza-se entre o volante do motor e o eixo primário da caixa de câmbio; é


um dispositivo destinado a efetuar o acoplamento ou separação entre eles. O acoplamento
faz-se necessário para que a potência do motor seja transmitida à caixa de câmbio. Esse
acoplamento inicialmente é feito de forma gradual, quando a máquina se encontra imobilizada
para iniciar o movimento e quando são realizadas as mudanças de marchas; isso é importante
para que não ocorra um esforço brusco no sistema de transmissão.

O acionamento da embreagem pode ser mecânico, em máquinas de menor potência,


hidráulico ou elétrico, em máquinas de maiores potências.

A interrupção do movimento de rotação do motor para o restante da transmissão é necessária


para que a máquina possa parar sem desligar o motor e para selecionar a combinação
de engrenagens na caixa de câmbio. Outro ponto é permitir a partida do motor, com este
desacoplado da transmissão, tornando a partida mais leve e segura.

Detalhamento do disco de embreagem


Figura 04

Revestimento

Mola

Cubo

Placa de atrito

Arrebite

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Figura 05
Embreagem engatada Embreagem desengatada

Volante Volante Capa de


do motor Capa de do motor
embreagem embreagem

Disco de Mola de Disco de Mola de


embreagem deslocamento embreagem deslocamento

para transmissão para transmissão

Rolamento de Rolamento de
embreagem embreagem
Platô de Platô de
embreagem embreagem

Nas máquinas que possuem tomada de potência (TDP), pode existir a embreagem dupla,
que tem por finalidade a movimentação da máquina e da TDP conjuntamente, ou apenas
a TDP em funcionamento.

Figura 06
Fluxograma do sistema de embreagem dupla

Discos da árvore primária e da Disco da árvore primária Discos da árvore primária e da


árvore da TDP debreados debreado e disco da árvore da árvore da TDP embreados
TDP embreado

A embreagem tem seu funcionamento baseado no atrito entre duas partes, uma motora e
outra movida. O acoplamento e o desacoplamento da embreagem ao volante são feitos pelo
acionamento do pedal de embreagem, localizado no lado esquerdo do operador.

O material de atrito do disco pode ser orgânico (macio e suave), cerametálico (mais resistente,
durável e que suporta altas potências) e sinterizado (resistente ao desgaste e ao arraste).

Material de atrito do disco embreagem


Figura 07

Cobertura orgânica Cobertura cerametálica Cobertura sinterizada

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A embreagem pode ter seu funcionamento em meio seco ou em óleo. Neste último caso é
denominada úmida ou em banho de óleo.
Tipos de funcionamento da embreagem

Figura 08
Embreagem multidisco úmida Embreagem seca

Em máquinas de esteiras existem configurações de acionamentos de transmissão diferentes,


dependendo de seus modelos, fabricantes e aplicações de trabalho. As máquinas mais
antigas possuem duas embreagens, uma para cada esteira, e, além das funções já descritas,
são utilizadas para dar direcionamento à máquina.

Também podem ser de acionamento e funcionamento hidrostático, sem o mecanismo de


embreagem. Estas máquinas mais modernas utilizam o acionamento/interrupção do envio
de óleo hidráulico à caixa de mudanças por intermédio da Controladora Eletrônica Direcional
- EDC (na sigla em inglês, Electric Directional Control), em que o comando de movimentos
e direção é acionado pelo sistema hidráulico.
Sistema de acionamento da transmissão por EDC

Figura 09
EDC

Bomba hidráulica

Motor hidráulico
transmissão
EDC - Controladora eletrônica Esquema hidráulico controlado por uma EDC
direcional

1.1.1. Conversor de torque

O conversor de torque, como o próprio nome indica, possui a característica de transferir


o torque do motor para a transmissão, multiplicando o torque de entrada para um torque
maior na saída. Para cada conversor de torque há uma relação específica de conversão
indicada pelo fator de conversão como, por exemplo, 1:2,83. Ou seja, o motor fornece 1 de
torque e o conversor entrega para a transmissão 2,83. Outra importante característica dos
conversores é o conceito de stall. Por não ser um acoplamento rígido, quando a transmissão
impõe uma resistência à turbina, a bomba continua enviando fluido até atingir o limite do
conversor. Depois deste ponto, o conversor de torque não atuará mais sobre a transmissão,
pois chegou ao seu limite de conversão. Este ponto é chamado de stall. Neste momento, o
operador deverá parar de acelerar, pois a temperatura interna do conversor irá subir mais
que o permitido pelo fabricante.

Um conversor de torque é um tipo de acoplamento hidráulico que permite que o motor gire
independentemente do esforço requerido pela transmissão. Se o motor gira mais lento, em
situações de marcha lenta por exemplo, a quantidade de torque que passa pelo conversor

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de torque é menor, de modo que para manter a máquina parada é preciso apenas uma
pequena pressão no pedal do freio/modulador.

No interior de um conversor de torque existem quatro componentes: bomba, turbina, estator


e fluido hidráulico.
Componentes do conversor de torque

Figura 10
Fluído Carcaça do conversor de torque
(ligada ao volante do motor)

Volante do motor Árvore de saída da turbina


(ligado ao motor) (ligado ao câmbio)

Árvore de saída do estator


(ligado a uma árvore fixa no
Turbina câmbio)

Bomba
(acoplada à carcaça)
Estator

A caixa do conversor de torque é aparafusada ao volante do motor, de forma que funcione


na mesma velocidade que ele. As aletas que geram a compressão do conversor de torque
são anexadas à caixa, de forma que também funcionem na mesma rotação que o motor. O
corte acima mostra como tudo está conectado dentro do conversor de torque.

A bomba dentro do conversor de torque é um tipo de bomba centrífuga. À medida que ela
gira, o fluido é arremessado para fora, num sistema muito parecido com a forma que o
ciclo de secagem de uma máquina de lavar roupas, que arremessa água e roupas para a
parede da bacia de lavagem. Quando o fluido é expelido, um vácuo é criado e mais fluido
é puxado para o centro.

O fluido entra nas lâminas da turbina, que está conectada ao câmbio. A turbina faz com que
o câmbio gire, movendo assim o equipamento. As lâminas curvas asseguram que o fluido
externo que entra na turbina seja direcionado antes de sair do centro da turbina. É essa
mudança direcional que leva a turbina a girar.

O fluido deixa o centro da turbina, movendo-se em uma direção diferente daquela que
entrou. O fluido sai da turbina movendo-se em direção oposta àquela em que a bomba (e
o motor) está girando. Se o fluido pudesse atingir a bomba, diminuiria a rotação do motor,
desperdiçando energia. É por isso que um conversor de torque possui um estator.

O estator está posicionado bem no centro do conversor de torque. Sua função é redirecionar
o fluido que retorna da turbina antes que ele atinja a bomba novamente. Isso aumenta em
muito a eficiência do conversor de torque.

Em alguns modelos de máquinas que utilizam conversor de torque, existe um dispositivo


que transforma o acoplamento elástico em acoplamento rígido, ou seja, faz com que todo
o torque gerado no motor seja repassado integralmente para a transmissão, como se fosse
uma embreagem. Este sistema é chamado de Lock-up ou Direct Drive, e nada mais é que

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uma trava que une a bomba à turbina, fazendo com que o conjunto passe a funcionar como
apenas um elemento. Nesta condição a velocidade obtida pelo equipamento é constante,
o que facilita o trabalho de acabamento em superfícies planas, locais que exigem pouca
potência.

1.2. Conheça a caixa de redução

Trata-se de uma caixa inicialmente construída com duas velocidades que se coloca
geralmente antes da caixa de marchas, de forma que o eixo de saída da redutora se liga no
primário da caixa de marchas. Com duas possibilidades, duplica-se o número de velocidades
da caixa de marchas. Em alguns casos, as relações dentro desta minicaixa eram uma marcha
direta (nesta subcaixa, não confundir com a “direta” da caixa de marchas) e uma marcha
mais curta ou reduzida, por esta razão deu-se este nome a esse tipo de caixa.

Com o decorrer do tempo, as caixas de redução aumentaram as possibilidades. A redutora


deixa de ter este nome, pois já não eram mais duas marchas, e sim 3, 4, etc. e passa a
chamar-se caixa de gamas, denominando as diferentes relações (gamas) que se pode
ter. Outras denominações são: baixa, média e alta; A, B, C e D; curtas, médias e longas
ou denominações similares. Se multiplicarmos as marchas da caixa de redução pelas da
caixa de câmbio, e assim sucessivamente, podemos encontrar máquinas de 12, 24 ou 56
velocidades por exemplo. Frente a essas múltiplas opções, existe a necessidade de algum
tipo de gerenciamento automático. Daí, surgem os sistemas de transmissão automática.

Caixa de redução

Figura 11
Saída

Entrada

1.3. Conheça a caixa de câmbio

A caixa de câmbio situa-se após a embreagem. Suas funções são a seleção adequada de
velocidade e torque transmitidos às rodas motrizes e a alteração do sentido do movimento
da máquina. A caixa de câmbio não multiplica a potência, apenas modifica torque e rotação.

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A caixa de câmbio pode ser mecânica ou hidrostática, no entanto o seu acionamento pode
se dar de três formas: mecânico, eletro-hidráulico ou eletropneumático.
Sistema de caixa de câmbio

Figura 12
Garfo seletor
de marcha

Para o
Do motor diferencial

Engrenagem
intermediária
da ré

TDP
Árvore
intermediária

1.3.1. Caixa de câmbio mecânica

A caixa mecânica é composta de três árvores (eixos) primárias, também chamadas de eixo
piloto, secundária e terciária, engrenagens, pinhão de ré, trambuladores (garfos) e alavancas.

Seu funcionamento baseia-se no recebimento, pela árvore primária, da rotação do motor


por meio da embreagem; esta transmite a rotação para a árvore secundária.

As engrenagens da árvore secundária combinam-se com as da terciária, transmitindo assim


a rotação a esta. Dependendo da combinação de engrenagens, a rotação nesta árvore final
pode ser maior ou menor, sendo então transmitida para o restante da transmissão.

Para que a caixa de câmbio execute a função de alterar o sentido de movimento da máquina,
existe o pinhão da ré, que se encontra acoplado à última engrenagem da árvore secundária.
O acoplamento da primeira marcha com essa engrenagem do pinhão da ré faz com que
ocorra a inversão do movimento na árvore terciária, consequentemente essa inversão chega
às rodas.

Em máquinas, a mudança de velocidade é feita por meio da mudança de marchas; quando


se aumenta a marcha, o torque é menor, e vice-versa.

a) Acionamento mecânico

Para acionar engata-se a marcha mecanicamente.

b) Acionamento eletro-hidráulico

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Para que o sistema eletro-hidráulico entre em funcionamento basta acionar o botão elétrico,
o qual vai ativar o sistema hidráulico e consequentemente acoplar a transmissão.

c) Acionamento eletropneumático

Para que o sistema eletropneumático entre em funcionamento basta acionar o botão elétrico,
o qual vai ativar o sistema pneumático e consequentemente acoplar a transmissão.

1.3.2. Caixa de câmbio hidrostática

Existem muitas formas de levar o torque e a potência do motor até a transmissão final e
consequentemente até as rodas motoras da máquina. Uma das formas é utilizando a energia
do fluido hidráulico. Este tipo de transferência é chamada de Transmissão Hidrostática.

A bomba hidráulica, que em muitos modelos de máquinas é de pistão variável, é acionada


diretamente por uma caixa de transmissão, acoplada no motor de combustão, convertendo
a energia mecânica fornecida em energia hidráulica na forma de vazão de fluido hidráulico.
Esta vazão é responsável por acionar os motores hidráulicos, que a convertem em energia
mecânica novamente. Os motores hidráulicos são acoplados diretamente aos redutores
finais e estes aos conjuntos rodantes, promovendo assim o deslocamento da máquina.
A velocidade final resulta da vazão hidráulica disponibilizada pela bomba. Normalmente
máquinas equipadas com este tipo de transmissão possuem alguns ajustes previamente
definidos de velocidade, visando mais força, vazão e velocidade de deslocamento mais
baixos, ou maior velocidade de deslocamento conforme a necessidade.

Este tipo de transmissão equipa principalmente as carregadeiras compactas, miniescavadeiras,


colhedoras de cana e máquinas de esteiras.
Fluxograma do sistema de transmissão hidrostática

Figura 13
Caixa de
transferência
Motor de
pistões
de baixa
Bombas velocidade
Motor
e pistões Para os
diferenciais
Motor de
pistões
de alta
velocidade

a) Acionamento mecânico

O sistema possui uma alavanca que é ligada por cabos de aço até a controladora EDC da
bomba. Ao acionar a alavanca, a bomba á ativada, enviando óleo aos motores e ativando
o sentido de deslocamento da máquina.

b) Acionamento eletro-hidráulico

Para que o sistema eletro-hidráulico entre em funcionamento basta acionar a alavanca de


sentido de deslocamento, que mandará para o sistema EDC corrente elétrica variável por
meio dos potenciômetros localizados na base das alavancas.

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c) Acionamento eletropneumático

O acionamento poderá ser feito por alavanca ou por botão, que enviará corrente elétrica ao
comando pneumático e este acionará as hastes da EDC da bomba.

1.3.3. Câmbio automático ou semiautomático

Os componentes deste tipo de câmbio são idênticos aos da transmissão manual, porém
não há embreagem e sim um pedal e/ou interruptor modulador para desacoplar o motor
da transmissão. Há também um botão seletor para a mudança das marchas de forma
automatizada. Este sistema pode ser de acionamento eletro-hidráulico ou eletrônico.

a) Sistema Power Shift Transmissão PowerShift

Figura 14
O Existem
Osistema
sistema dois
Power tipos
Power
Shift e de transmissão
Shift
o sistema ePower Power
o sistema
Shuttle são
Shift.
dois tipos deAtransmissão
transmissão contra
usados emeixos e ae
tratores
Power Shuttle
transmissão são
planetária. dois
Nos
máquinas agrícolas para controlar a mudança tipos
dois deode
tipos
transmissão
princípio
marchas. usados
a diferençaem
de funcionamento
Aqui está tratores
de éforma simples:e
o mesmo,
o que difere as duas é a disposição das
-máquinas
Power Shift: agrícolas
engrenagens paradecontrolar
dentro da caixa câmbio. a
mudança
No sistema de Shift,
Power
A maioria marchas.
das a mudança
máquinas Aqui
de está
a éa
marchas
utiliza
feita sem usar o pedal
transmissão de embreagem.
Power Shift contra eixos.
diferença
Geralmente, de
ele forma
Esta transmissão temmarchas
possui várias simples:
a funçãoem umde
intervalo limitado, como 4 a 6 marchas.
levar para o(s) diferencial(is) torques e
Para trocar de marcha,
velocidades você simplesmente
adequados para cada tipomove de uma
-alavanca
Power
movimento
Shift:
ou pressiona botões no painel.
do equipamento. O princípio
ÉNo sistema
de funcionamento é parecido a
adequado para Power
operações Shift,
contínuas, commudança
como
umaaragem
ou colheita, onde é necessário manter uma
caixa de marchas
de marchas é feitamecânica:
semum eixo conectado
usar o pedalao acoplamento (embreagem ou conversor
velocidade constante. Sistema Automático: No caso do sistema
de torque) fica solidário ao eixo de saída da transmissão "Power Shift",porelemeio de engrenagens.
é frequentemente A
chamado
de embreagem.
relação entre estas engrenagens determina a velocidade e o torque
de automático porquede saída. aAmudança
permite diferençade
Geralmente,
entre o câmbio ele possui várias
convencional e a transmissão Power
marchasShift
semestá na forma de de
a necessidade conexão
acionardas
engrenagens ao eixo. manualmente a embreagem. As mudanças são
marchas em um
A transmissão Powerintervalo
Shift possuilimitado,
pacotes de miniembreagens
realizadas por imersas
meio de em fluido
botões ouque ficam
alavancas,
como 4 a 6aomarchas.
dispostos longo dos eixos de entrada e saída.tornando Quando ouma marcha
processo é selecionada,
mais convenienteuma e suave,
pressão hidráulica é aplicada de dentro dos pacotes, sem a fazendo
necessidadecom dequeintervenção
os discos ligados
manual
Paraaotrocar de marcha, você
eixo fiquem unidos aos discos ligados à carcaça entredoaspacote.
mudanças Neste
de momento,
marcha. o eixo de
simplesmente movefica
entrada da transmissão uma alavanca
conectado ou
ao eixo de saída por meio de um par de engrenagens
que confere
pressiona torque e velocidade
botões no painel. ao equipamento.Sistema
Na transmissão Power Shift,
Semiautomático: a mudança
O "Power de é
Shuttle"
marcha é suave e pode ser aplicada com o equipamento em movimento.
frequentemente chamado Esta
de característica
semiautomático
É adequado para operações
faz com que este tipo de transmissão tenha muitas aplicações em máquinas de construção,
porque, embora permita a troca de direção
contínuas,
pois, além como aragem
de robustez, oferece ou muitocolheita, (marchaas
conforto durante à ré para marcha
operações. à frente) sem
O acionamento acionar
dos
pacotes hidráulicos é feito por meio de gerenciamento manualmente a embreagem,
eletrônico, o que torna oas mudanças de
sincronismo
ondedeéacoplamento
necessário manter uma
das engrenagens preciso e suave. marcha ainda podem ser realizadas
velocidade constante.
Essa transmissão manualmente (com
é utilizada principalmente em carregadeiras pelo operador
conversorquando necessário.
de torque) e
em motoniveladoras (com conversor de torque ou embreagens).Isso fornece uma combinação de conveniência
e controle manual.

20 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


b) Sistema Power Shuttle
- PowerPower
Shuttle:Shuttle é um tipo de transmissão que possui um sistema de reversão por meio de
No sistema Power
pacotes com Shuttle,
discosademudança de marchas
embreagem (PoweréShift)
feita com
que o uso domanter
permite pedal de embreagem.
a mesma marcha
Ele permite
selecionada durante a mudança de sentido. A inversão de sentidos possui comando eletro- do
a troca de marchas para frente e ré de maneira suave, sem interromper o movimento
veículo.hidráulico e, para realizar esta operação, não é necessário parar a máquina nem acionar
É útil em situações
algum emde
controle que é necessário realizar manobras frequentes, como carregamento ou trabalho
modulação.
em espaços apertados.
A troca de marchas deste tipo de transmissão também é suave e realizada por meio de um
Em resumo,
sistemao Power Shift é maiseadequado
eletro-hidráulico, para operações
não é necessário contínuas em uma direção, enquanto o
parar a máquina.
Power Shuttle é mais versátil e útil para operações que exigem frequentes mudanças de direção. Ambos
Este modelo
os sistemas de transmissão
são projetados é muito
para tornar utilizado
o trabalho na linha
agrícola deeficiente
mais tratores agrícolas acoplados por
e confortável.
meio de embreagem e na retroescavadeira, em que o acoplamento se dá por meio de um
conversor de torque devido à aplicação do equipamento.

Componentes do sistema Power Shuttle

Figura 15
Kit embreagens

Conjunto Power Shuttle Alavanca seletora

1.4. Conheça a transmissão final

A transmissão final da máquina é composta de pinhão e coroa, diferencial e redução final,


que são responsáveis pela transmissão do movimento de rotação da caixa de câmbio até
os rodados motrizes.

1.4.1. Pinhão e coroa

O movimento de rotação da árvore terciária da caixa de câmbio é recebido pelo pinhão,


que é uma engrenagem de pequeno tamanho. Acoplado ao pinhão existe a coroa, uma
engrenagem maior que tem como funções a redução na rotação, o aumento de torque e a
mudança em 90° na direção do movimento, ou seja, ela altera o plano de rotação longitudinal
para transversal.

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Fluxograma do sistema do diferencial

Figura 16
Coroa / Pinhão

Planetárias

Engrenagens Satélites

Semi Eixo

Coroa e pinhão, diferencial e redução final fazem parte somente do conjunto


do eixo traseiro nas máquinas com tração 4x2. Nos casos de máquinas com
tração 4x2 TDA ou 4x4, coroa e pinhão, diferencial e redução final aparecem
também no eixo dianteiro. Nos casos da tração 4x4, as máquinas apresentam
ainda um terceiro diferencial central com a finalidade de equalização do
movimento entre os dois eixos. Por esta razão é que nestas máquinas a
tração é permanente.

Da caixa de câmbio, há uma derivação direta para a parte posterior do


eixo traseiro da máquina, que serve de fonte de energia mecânica para
os equipamentos e é denominada tomada de potência (TDP), que será
estudada posteriormente.

1.4.2. Diferencial

O mecanismo de diferencial é composto de dois conjuntos de engrenagens, as planetárias


e as satélites, sistema este acoplado à coroa. As planetárias giram apenas sobre seu eixo e
estão ligadas às semiárvores, que transmitem o movimento às rodas. Já as satélites, além
de girarem sobre seu eixo, também giram ao redor das planetárias.

A principal função do diferencial é a compensação em curvas, ou seja, quando no eixo dos


rodados uma roda tem rotação diferente da outra. Quando a máquina está em linha reta
não existe atuação das satélites.

O diferencial, na maioria das vezes, tem benefícios, porém existe uma situação em que é
importante que ele não atue: é o caso de quando a máquina está com uma das rodas em
terra solta e a outra em solo firme. Neste caso a maior parte da rotação é transmitida para a
roda que necessita menor torque, podendo até fazer com que a máquina não se desloque.
Sendo assim, para que continue se deslocando, é necessário fazer com que o mecanismo
do diferencial não atue, acionando-se então o bloqueio do diferencial, que faz com que as
rodas motrizes girem com a mesma velocidade. Seu acionamento pode ser mecânico ou
elétrico, sendo que, quando aplicado, o condutor deverá se atentar quanto à não realização
de manobras ou curvas, pois poderá provocar danos a estes componentes.

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Alguns modelos de máquinas que utilizam a transmissão hidrostática podem possuir um
sistema de bloqueio por fluxo de óleo combinado, que garante a mesma vazão para ambos
rodados, fazendo a mesma função do bloqueio do diferencial em máquinas com sistema
de transmissão mecânica.

Componentes do diferencial

Figura 17
Coroa Gaiola do
Engrenagem planetária
diferencial
Ponta de
eixo
Girando
depressa

Movimento Girando
em linha reta devagar
Movimento
Pinhão cônico-satélite em curva

Diferencial - componentes e funcionamento

Figura 18
Conjunto satélite e
planetárias

Desbloqueado
Equipamento realizando manobras

No diferencial temos um conjunto de


satélites e duas planetárias, sendo uma
planetária para cada semieixo do trator.
Bloqueado
Equipamento em “rumo reto”

No diferencial temos um conjunto de satélites e duas planetárias, sendo uma planetária


para cada semieixo do trator.

Tração dianteira auxiliar


Figura 19

Caixa câmbio

Eixo Cardan

Eixo dianteiro TDA

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Observar que em curva as engrenagens satélites também apresentam movimento de rotação.
Esse movimento de rotação é que permite que uma roda gire com maior velocidade que a
outra.

1.4.3. Tração dianteira auxiliar - TDA

A tração dianteira auxiliar (TDA) tem a finalidade de aumentar a capacidade de tração,


atendendo uma maior demanda de carga. Existe um eixo cardan que liga a caixa de câmbio
ao eixo dianteiro, a fim de transferir torque para as rodas dianteiras em velocidades inferiores
a 12 km/h, a fim de que não ocorra a incompatibilidade de rotações entre os eixos dianteiro
e traseiro. Seu acionamento será visto posteriormente na cartilha IV, no módulo cabine.

Tração dianteira auxiliar

Figura 20
Caixa câmbio

Eixo Cardan

Eixo dianteiro TDA

1.4.4. Redução final

O movimento de rotação que chega do diferencial é transmitido às semiárvores, que acionam


a redução final. Sua função é de reduzir a rotação com consequente aumento de torque
nas rodas motrizes.
Sistemas de redução final
Figura 21

RPM do
diferencial

Rodas motrizes

RPM do diferencial

Semi-eixo

RPM das
rodas

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1.4.5. Tomada de Potencia - TDP

Localizada na parte traseira (em alguns casos também na parte dianteira) da máquina
agrícola, a tomada de potencia – TDP tem a função de transmitir a potência do motor (torque
e rotação) para o acionamento de implementos agrícolas acoplados a um eixo de saída.
Seu acionamento será visto posteriormente na cartilha IV, no módulo cabine.

Sistemas de redução final

Figura 21
RPM do
diferencial

Rodas motrizes

RPM do diferencial

Semi-eixo

RPM das
rodas

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II. CONHECER OS RODADOS

Os rodados constituem o elemento de interface máquina-solo e têm como principais funções


oferecer apoio, sustentação, amortecimento, direcionamento e locomoção, além de serem
responsáveis por gerar esforço de tração. Os rodados podem ser de três tipos: pneumáticos,
esteiras ou mistos (semiesteiras).
Classificação dos rodados

Figura 23
Rodados de pneus Rodados de esteiras Rodados mistos (semi esteiras)

1. CONHEÇA OS RODADOS PNEUMÁTICOS

Os rodados pneumáticos são constituídos de discos do aro, cubos de roda, bases do aro,
válvulas, porcas de fixação e pneus.

Constituição dos rodados pneumáticos

Figura 24
Pneu
Disco do aro

Porcas de
fixação Cubo de
roda

Válvula Base do aro

1.1. Conheça o disco do aro

Liga o cubo de roda ao pneu e é formado por base e disco.

1.2. Conheça o cubo de roda

Elemento responsável por realizar a transmissão de movimentos da redução final às rodas.

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1.3. Conheça a base do aro

Estrutura responsável por alojar e fixar a base do pneu.

1.4. Conheça a válvula

É um dispositivo que possibilita o enchimento do pneu com ar e fluído, bem como a retenção
destes elementos no interior do pneu.

1.5. Conheça as porcas de fixação

São elementos que estão associados a um fuso ou parafuso, garantindo assim a fixação
do conjunto da roda ao cubo e a fixação da base do aro ao disco.

1.6. Conheça o pneu

Um pneu pode ser definido como a coroa circular de seção transversal cilíndrica, constituída
de materiais flexíveis, de forma a envolver a base do aro.

Os pneus são constituídos por lonas, talões, flanco, liner e banda de rodagem.

1.6.1. Lonas

A função das lonas é suportar a carga e a pressão internas do pneu. Dependendo da sua
montagem, altera a classificação em diagonal ou radial.

1.6.2. Talões

Os talões são cabos de aço revestidos de cobre para evitar a oxidação, isolados
individualmente por compostos de borracha para evitar atrito e revestidos de tecido tratado.
Sua função é fazer a amarração do pneu no aro, devendo apresentar alta resistência à
ruptura.

1.6.3. Flanco

Parede lateral ou flanco é a parte da carcaça que vai da rodagem ao talão. É responsável
pelo amortecimento da máquina pelas irregularidades do terreno.

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1.6.4. Liner

Liner é o revestimento protetor da carcaça na parte interna do pneu. Em todos os pneus tem
a função de impermeabilizar a estrutura da carcaça e, nos pneus sem câmara, reter o ar
sobre pressão, fazendo o papel da câmara de ar nos pneus que utilizam este componente.

1.6.5. Banda de rodagem

Banda de rodagem é a parte do pneu que faz a aderência com o solo. Seus desenhos devem
proporcionar frenagem, tração e autolimpeza. Seu composto de borracha deve resistir à
abrasão e ruptura.
Constituição dos pneus
Rodagem

Figura 25
Lonas
Liner

Carcaça

Talão

Flanco

1.6.6. Classificação dos pneus quanto à aplicação

Os pneus podem ser classificados em: de tração, direcionais, de transporte e para


motocultivadores.
Figura 26

Tração Direcionais Transporte Motocultivadores

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Tabela 1 – Pneus agrícolas mais utilizados no Brasil

PNEUS AGRÍCOLAS MAIS UTILIZADOS NO BRASIL

CLASSIFICAÇÃO SÍMBOLO CARACTERÍSTICAS


Pneus para rodas motrizes de tratores e colhedoras. Indicados
Tração R-1 para trabalhos em solos com boas características de tração.
São os mais utilizados.
Pneus para rodas motrizes de tratores e colhedoras. Indicados
Tração R-2 para solos inconsistentes, moles e excessivamente úmidos.
Largamente utilizados em lavouras de arroz irrigado.
Pneus para rodas motrizes de tratores industriais e outras
Tração R-4
máquinas para movimentaçãode terras e florestais.
Pneus para eixos direcionais não tracionados de tratores e
Direcional F-1 colhedoras. Apresenta um ressalto (raia) ao longo de seu plano
médio.
Pneus para eixos direcionais não tracionados de tratores e
Direcional F-2 colhedoras. Apresenta duas ou três raias ao longo do seu
plano médio.
Pneus para eixos direcionais não tracionados de tratores e
Direcional F-3
colhedoras. Multirraiados.
Transporte I-1 Pneus para uso em implementos e carretas.
Pneus especialmente desenvolvidos para rodas motrizes de
Tração / Motocultivadores G-1 motocultivadores e microtratores. O desenho de sua banda de
rodagem se assemelha ao dos pneus R-1.

1.6.7. Classificação dos pneus quanto à carcaça

De acordo com a carcaça, os pneus podem ser classificados em diagonais e radiais.

Pneu diagonal Pneu Radial


Figura 27

Borda de rodagem
Flanco
Flanco

Cintos

Carcaça

Liner Talão Liner


Talão

Os pneus diagonais apresentam lonas dispostas diagonalmente ao plano médio da banda


de rodagem; as camadas se cruzam em ângulos menores que 90°, o que favorece a rigidez
dos flancos e da banda de rodagem.

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Figura 28
Os pneus radiais apresentam lonas dispostas de talão a talão, em ângulos de 90° com o
plano médio da banda de rodagem, permitindo que os flancos e banda de rodagem sejam
mais flexíveis.

Figura 29

Os pneus radiais possuem as seguintes vantagens em relação aos diagonais

• Aumento do coeficiente de tração;

• Superfície de contato 15 a 20% superior (diagonal de mesma medida);

• Diminuição da resistência ao rolamento;

• Flancos mais flexíveis proporcionando à banda de rodagem se moldar


às irregularidades do solo;

• Possibilidade de emprego de pressões menores para uma mesma carga.

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2. CONHEÇA OS RODADOS DE ESTEIRAS

Os materiais rodantes do tipo esteiras são aplicados em alguns tipos de máquinas como
escavadeiras hidráulicas, colhedoras de cana-de-açúcar e colheitadeira de grãos, pois
durante a sua movimentação/deslocamento exercem menor pressão sobre o solo se
comparadas às máquinas de pneus. Isso resulta em um solo menos compactado, menos
degradado, o que aumenta a produtividade do local e reduz o ciclo de empobrecimento do
solo.

Também são altamente utilizados em locais íngremes, pois têm ampla superfície de apoio
no seu sistema de locomoção. Por possuírem altíssima tração, também são excelentes para
locais que tendem a ser pantanosos.

Todo material rodante para máquinas de esteira deve ser bem dimensionado, de alta
qualidade, resistência e bem articulado durante a montagem, para que realize trabalhos com
excelente aderência, tração, estabilidade e manobrabilidade. As principais partes do material
rodante são: correntes, sapatas, roda motriz, roletes, roda guia, mola e pistão do tensor.

Conjunto rodante esteira


Roda motriz
Roda guia

Figura 30
Mola do tensor Rolete
Pistão tensor

Sapata Correntes

2.1. Conheça as correntes

Podemos dizer que as principais partes do material rodante são as correntes, podendo ser
secas ou lubrificadas. Os elos são forjados e tratados, aumentando assim a durabilidade
do material rodante. Todas as partes da corrente sofrem desgaste, portanto devem ser
recuperadas ou substituídas em intervalos regulares para uma maior duração do material
rodante. Esses intervalos variam de acordo com o trabalho a ser realizado pelo material
rodante, bem como as circunstâncias de operação, principalmente o tipo de solo em que a
máquina realiza o trabalho.

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2.2. Conheça as sapatas

Existem sapatas com vários perfis, podendo ser com garras simples, duplas ou triplas
de várias espessuras, de acordo com o tipo de máquina e sua aplicação. Assim como as
outras partes, as sapatas também sofrem desgastes e devem ser recuperadas ou trocadas
por peças novas para melhor desempenho do material rodante. As sapatas podem ser de
metal, borracha ou mistas. Em alguns casos o conjunto corrente/sapatas pode ser uma
peça única de borracha.

2.3. Conheça a roda motriz

É este conjunto que exerce todo o esforço de tração, também sofre desgaste e deve ser
substituído por peças novas regularmente para maior durabilidade do material rodante.

2.4. Conheça os roletes

Podem ser com flange simples ou dupla. As partes do rolete apresentam desgaste e
devem ser recuperadas ou trocadas periodicamente para o material rodante não desgastar
facilmente. Os itens que sofrem desgaste são as capas do rolete, eixos, buchas de bronze,
porta-buchas e retentores.

2.5. Conheça a roda guia

Sua função é manter o alinhamento do material rodante durante o esforço de tração da roda
motriz, garantindo que não haja desvios transversais que ocasionem o descarrilamento do
conjunto. A peça apresenta desgaste no guia (pista) após certo período de trabalho.

2.6. Conheça o conjunto mola e pistão tensores

A função deste conjunto é fazer o tensionamento correto da esteira, exercendo pressão na


roda guia.

3. CONHEÇA OS RODADOS MISTOS OU SEMIESTEIRAS

Os materiais rodantes mistos são os que utilizam dois sistemas de rodados, em que o eixo
de tração é de esteiras e o eixo direcional é pneumático. Representam um esforço no sentido
de melhorar as condições de tração e sustentação das máquinas com rodados pneumáticos
em solos extremamente úmidos. Porém são máquinas ainda pouco utilizadas.

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III. CONHECER A LASTRAGEM DAS MÁQUINAS

A lastragem das máquinas tem a finalidade de melhorar a estabilidade e manter o peso


suficiente sobre o rodado dianteiro, a fim de permitir o direcionamento e manter a tração
nos eixos motrizes, mantendo a patinagem em níveis aceitáveis, aumentar a potência
disponível na barra de tração e melhorar a distribuição de peso dentro dos valores e limites
estabelecidos pelos fabricantes. Os lastros podem ser sólidos (metal) ou líquidos (fluído).

1. CONHEÇA A LASTRAGEM SÓLIDA

A lastragem sólida consiste na colocação de contrapesos metálicos instalados na dianteira


da máquina tipo maletas. Nos aros dos pneus dianteiros e traseiros utilizam-se contrapesos
circulares interna e externamente às rodas.

Figura 31
Contrapesos metálicos longitudinais Contrapesos metálicos transversais

Contrapesos metálicos traseiros

2. CONHEÇA A LASTRAGEM LÍQUIDA

A lastragem líquida com fluído (água + solução) é a forma mais simples e barata de aumentar
o peso da máquina, quando há falta de lastro. Pode ser inserido fluido nos pneus traseiros
e dianteiros, dependendo do modelo.
Figura 32

Ar (25%)

Água entrando (75%)

Mangueira de água
Tubo de ar

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IV. CONHECER A BITOLA DAS MÁQUINAS

A bitola da máquina se refere à distância de centro a centro dos pneus de um eixo.


As máquinas podem ter a distância entre as rodas fixa ou regulável para se ajustar ao
espaçamento das culturas, tipo de solo ou terreno (exemplo: melhorar a estabilidade em
terrenos inclinados), ou ainda de acordo com o tipo de operação e implemento.

Figura 33
Bitola do eixo Bitola do eixo
dianteiro traseiro

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V. CONHECER O SISTEMA DE FREIOS

O sistema de freios das máquinas tem por finalidade controlar a sua velocidade ou efetuar
sua parada.

A forma de acionamento do sistema de freios pode ser mecânica, hidráulica, eletro-hidráulica


ou pneumática.

1. CONHEÇA O CIRCUITO DE FREIO

Para realizar a função de reduzir a velocidade da roda até sua imobilização, o sistema de
freio utiliza importantes componentes em seu circuito, tais como o pedal de acionamento,
servofreio, cilindro mestre, disco e/ou tambor de freio e fluido de freio.

Figura 34
Circuito do sistema de freio

Reservatório fluído
Pedal freio

Cilindro mestre

Servo freio

Disco e/ou tambor freio

1.1. Conheça o pedal de acionamento

Pressionando o pedal, o operador vai pressurizar o sistema, que irá se encarregar de reduzir
a velocidade das rodas. O pedal de freio é projetado de forma a se ligar a uma haste ou já
incorporado à haste. Esta é a responsável por realizar o braço de alavanca e multiplicar a
força aplicada no pedal pelo operador. Fabricado em aço, deve suportar grandes solicitações
de força sem se deformar. O pedal encontra-se no assoalho da máquina, entre o pedal de
embreagem/modulação e o pedal do acelerador. Em uma das extremidades está o pedal
e na outra encontra-se o acionador do servofreio ou do cilindro mestre, dependendo da
aplicação do sistema de freio. A distância do pedal para o ponto de fixação da haste, e
a distância do ponto de ligação do acionador do servofreio/cilindro mestre, são medidas
determinantes para a relação do pedal, e esta determina quantas vezes a força aplicada
pelo operador será multiplicada.

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Figura 35
Pedais de acionamento

1.2. Conheça o servofreio

É um dispositivo amplificador da força de frenagem, cuja função é aumentar a força recebida


pelo pedal de freio por meio da diferença de pressão entre duas câmaras.

Figura 36
Servofreio

1.3. Conheça o cilindro mestre

É um dispositivo de acionamento do sistema de freio, de forma indireta. Sua função é


pressurizar o fluído de freio para que este acione os demais pistões contidos em pinças e
cilindros de roda.
Figura 37

Cilindro mestre

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1.4. Conheça o disco de freio

Fica internamente ligado nos semieixos da máquina. O disco é o componente que gira
solidário à roda, sendo então o componente a ser impedido de girar pelo atrito com as
pastilhas de freio.

1.5. Conheça o tambor de freio

Possui a mesma função do disco de freio, mas neste caso são as sapatas de freio que irão
atritar contra o tambor, visando reduzir sua velocidade de giro. O tambor é fixado a uma
ponta de eixo, e sobre aquele é aparafusada a roda. Dessa forma, quando as sapatas são
comprimidas contra a superfície interna do tambor, a roda também irá perder velocidade.

1.6. Conheça o fluido de freio

A principal função do fluido de freio é servir de meio de transmissão para o sistema, neste
caso, transmissão de pressão hidráulica para os pistões dos cilindros e pinças de freio. O
fluído de freio também é desenvolvido de forma a lubrificar os componentes do sistema e
protegê-los contra oxidação, bem como suportar as altas temperaturas atingidas durante
as frenagens. Entretanto, possui prazo de validade. Por ser higroscópico, acumula umidade
do ar e perde suas características com o tempo, gerando bolhas de ar no sistema.

2. CONHEÇA O FREIO DE SERVIÇO

O freio de serviço é composto por conjunto multidisco, em banho de óleo ou a seco em cada
roda, comando servoassistido hidraulicamente, com circuito independente para cada eixo.
Tem a função de reduzir a velocidade da máquina sem que ela fique neutralizada.

3. CONHEÇA O FREIO DE ESTACIONAMENTO

O freio de estacionamento (ou freio de mão) é um sistema de frenagem que, na maioria dos
modelos, é acionado por uma alavanca manual, porém pode ser acionado por um pedal,
por botão/alavanca eletroeletrônico ou pneumático.

Sua finalidade principal é manter a máquina parada quando esta já se encontra imobilizada,
seja com o motor ligado ou não, travando as rodas traseiras. Quando acionado, dispensa-se
o acionamento do freio de serviço. Também pode ser utilizado como freio de emergência
em situação de pane nos freios de serviço.

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Freio de estacionamento

Figura 38
Acionamento mecânico Acionamento Acionamento
eletroeletrônico pneumático

4. CONHEÇA O FREIO DO IMPLEMENTO

Os freios de implementos podem ser pneumáticos (mais utilizados) ou por acionamento


mecânico, através de um varão de ferro que aciona o fechamento das lonas de freio, assim
travando o tambor.

O funcionamento do sistema pneumático acontece da seguinte maneira: o compressor


comprime o ar e o envia para o regulador de pressão, que controla a pressão de trabalho
do sistema, jogando para a atmosfera o excesso produzido pelo compressor. Em seguida,
a pressão regulada é distribuída para os quatro circuitos independentes através da válvula
de proteção.

Os componentes do sistema são: válvula reguladora de pressão, válvula de proteção de


quatro circuitos, válvula moduladora do freio de estacionamento, válvula moduladora do freio
de serviço ou pedal, válvula relé, válvula de descarga rápida, elemento secador, reservatórios
de ar, reservatório de regeneração e câmara de freio de estacionamento e serviço.

4.1. Conheça a válvula reguladora de pressão

A válvula reguladora de pressão limita a pressão máxima e mínima do sistema.


Figura 39

Válvula reguladora pressão

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4.2. Conheça a válvula de proteção de 4 circuitos

A válvula de proteção de 4 circuitos pode ter até seis saídas e tem o papel de isolar um
circuito do outro em caso de problemas, a fim de impedir que a máquina saia sem ar no
sistema de freio de serviço.

Figura 40
Válvula proteção 4 circuitos

4.3. Conheça a válvula moduladora do freio de estacionamento

A válvula moduladora do freio de estacionamento libera ou bloqueia totalmente as rodas


quando necessário.
Figura 41

Válvula moduladora freio estacionário

4.4. Conheça a válvula moduladora do freio de serviço

A válvula moduladora do freio de serviço (pedal) comanda os circuitos de freio de serviço


dianteiro e traseiro.

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4.5. Conheça a válvula relé

A válvula relé agiliza o acionamento e a liberação das sapatas de freio traseiras.

Figura 42
Válvula relé

4.6. Conheça a válvula de descarga rápida

A válvula de descarga rápida agiliza a liberação das sapatas de freio.


Figura 43

Válvula descarga rádida

4.7. Conheça o elemento secador

O elemento secador faz a secagem da umidade do ar do sistema.


Figura 44

Elemento secador

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4.8. Conheça o reservatório de ar

Os reservatórios armazenam o ar que será utilizado no sistema.

Figura 45
Reservatório de ar

4.9. Conheça o reservatório de regeneração

O reservatório de regeneração elimina através da descarga da válvula reguladora a umidade


retida pelo elemento secador.

4.10. Conheça a câmara de freio de estacionamento e serviço

A câmara de freio de estacionamento e serviço abre as sapatas de freio reduzindo ou


parando as rodas do veículo.
Figura 45

Câmara de ar

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VI. CONHECER O SISTEMA HIDRÁULICO

É o processo de transportar energia em que o princípio de funcionamento se baseia na


transmissão de pressão e de vazão por meio de um fluido (óleo). Facilita as operações
agrícolas, auxiliando em tarefas que exigem muita carga, e privilegia o conforto do operador.

A hidráulica apoia-se no princípio de Pascal: “A pressão exercida sobre um líquido em


equilíbrio se transmite integralmente a todos os pontos do líquido e às paredes do recipiente
no qual o líquido está confinado”.
Princípios de Pascal

Figura 46

As máquinas hidráulicas funcionam com este princípio

Figura 47

Cálculo da força (f) a ser aplicada para


vencer a resistência da Força (F)

Aspectos importantes do sistema hidráulico:

• Facilita a instalação dos diversos elementos, oferecendo grande flexibilidade, inclusive


em espaços pequenos;

• Graças a sua baixa inércia, permite uma rápida e suave inversão de movimento;

• Possibilita variações micrométricas na velocidade;

• É autolubrificante;

• Possui baixa relação peso/potência consumida;

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• Possui facilidade de resfriamento, pois o óleo é um excelente condutor de calor;

• Possui um controle de pressão e vazão mais preciso do que o sistema pneumático;

• Trabalha sob pressões bem mais elevadas do que o sistema pneumático, por essa razão
transmite uma potência maior;

• Tem baixo rendimento devido à transformação de energia elétrica ou térmica em energia


mecânica, energia mecânica em energia hidráulica e posteriormente em energia mecânica
novamente;

• Há possibilidade de vazamentos internos em todos os seus componentes;

• É sujeito a atritos internos e externos;

• Apresenta um custo maior do que o sistema pneumático.

1. CONHEÇA O SISTEMA HIDRÁULICO HIDROSTÁTICO

A potência é transmitida entre uma bomba e um ou mais atuadores hidráulicos motrizes


(pistão ou motor), num circuito fechado em que normalmente as pressões do fluido são
relativamente altas e as velocidades do fluido são relativamente baixas.

2. CONHEÇA O SISTEMA HIDRÁULICO HIDRODINÂMICO

Caracteriza-se por operar com altas velocidades do fluido e a transmissão de potência


ocorrer principalmente por variação de energia cinética, como ocorre nos conversores
hidráulicos de torque.
Fluxograma genérico do sistema hidráulico
Figura 48

Bomba hidráulica

Filtro

Válvula
Potência mecânica
fornecida pelo motor

Atuador
hidráulico motriz
Linha de sucção
Linha de pressão Potência
Linha de retorno liberada

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A força hidráulica atua nas máquinas agrícolas no sistema de direção, no
levante de três pontos, no controle remoto, nos acionamentos da tomada
de potência, do bloqueio do diferencial e da tração dianteira auxiliar. Esta
atuação sempre ocorre por meio de atuadores hidráulicos. O atuador mais
importante em uma máquina agrícola é o levante de três pontos e é também
aquele que exerce maior força. Por esta razão é o que será abordado aqui
com mais detalhamento. Os outros atuadores são mais simples, de menor
carga e possuem o mesmo princípio de funcionamento do levante hidráulico
de três pontos no que diz respeito à atuação hidráulica.

Fluxograma do circuito óleo hidráulico

Figura 49
Óleo de alta pressão
Óleo de alta pressão para freios
Óleo de carga
Óleo do piloto
Óleo de lubrificação
Óleo sem pressão ou de retorno

3. CONHEÇA OS PRINCIPAIS COMPONENTES DE UM SISTEMA HIDRÁULICO


BÁSICO

3.1. Conheça o reservatório

O reservatório contém o fluido hidráulico que circula no sistema hidráulico em quantidade


suficiente ao perfeito funcionamento de todos os atuadores.

3.2. Conheça o filtro hidráulico

O filtro é responsável por retirar as impurezas que podem impedir o funcionamento do


sistema hidráulico.

44 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


Filtro hidráulico

Figura 50
Canal de Canal de
saída entrada

Válvula de
alívio Bypass
Indicador de
condição do
elemento Carcaça de
pressão

Elemento
filtrante

Tubo de reforço
metálico

3.2.1. Filtros de Sucção

Ficam localizados antes da conexão de entrada da bomba, protegendo-a da contaminação


do fluído.

3.2.2. Filtros de Pressão

Filtram o óleo sob pressão antes que seja utilizado pelo sistema e protegem os componentes
sensíveis do lado filtrado.

3.2.3. Filtros de Retorno

Retiram a contaminação gerada pelos componentes do equipamento e os contaminantes


externos. Na maior parte dos sistemas, é o último componente por onde passa o fluído
antes de entrar no reservatório.

3.2.4. Filtros Off-line

Circuito independente de um sistema hidráulico principal de um equipamento, incluindo


componentes como bomba, filtro, motor elétrico e sistemas de conexões. Em um ciclo
contínuo, o fluído é bombeado fora do reservatório através do filtro e depois retorna para ele.

3.3. Conheça a bomba hidráulica

A bomba recalca o fluido hidráulico para todo o sistema com vazão e pressão suficientes
para que os atuadores cumpram suas funções de trabalho.

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Tipo de bombas hidráulicas

Figura 51
Dentes externos Palhetas

Dentes internos Centrífuga

3.4. Válvula de controle

Controla o fluxo do fluido hidráulico recalcado pela bomba conforme o acionamento do


operador, direcionando-o para os atuadores.
Válvula solenoide de controle fluxo hidráulico

Figura 52

3.5. Atuadores

São um elemento do sistema hidráulico que transforma energia cinética do óleo em energia
mecânica. Podem ser lineares de ação simples, dupla ou telescópica ou rotativos. Estão
presentes no levante de 3 pontos, nas linhas VCR (Válvulas de Controle Remoto) ou na
direção.

Atuadores lineares de ação simples Atuadores lineares de ação dupla


Figura 53

Retorno Retorno Telescópico Haste simples Haste dupla Telescópico


pelo peso por mola

46 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


Atuador rotativo tipo cremalheira de
dupla ação ou duplo torque

Figura 54
4. CONHEÇA O SISTEMA HIDRÁULICO DE 3 PONTOS

Sistema hidráulico do engate de 3 pontos utiliza a força hidráulica, que permite maior
versatilidade na movimentação e controle de implementos acoplados às máquinas agrícolas.
É composto por: comando hidráulico, braços superiores, intermediários, inferiores e do
terceiro ponto, barras estabilizadoras, viga de controle, controle de reação e pistões auxiliares.
Componentes sistema hidráulico de três pontos
Bomba hidráulica
Válvula fluxo
Comando hidráulico
Cilindro elevação
Braço superior
Pistão auxiliar
Braço intermediário
Braço inferior
Viga controle
Figura 55

Braço terceiro ponto

4.1. Conheça o comando hidráulico

É responsável pelo acionamento do sistema, permitindo levantar e baixar os braços


hidráulicos durante a operação. Possui duas alavancas que permitem controlar o implemento
quanto à profundidade (arado) e à posição (pulverizadores montados). Este comando pode
ser de acionamento mecânico ou elétrico.

4.2. Conheça os braços

São barras metálicas que funcionam como alavancas na ligação entre a máquina e o
implemento. Possuem regulagens que permitem alterar sua capacidade de levante,
profundidade, altura e sensibilidade.

4.3. Conheça as barras estabilizadoras

São barras metálicas que ligam os braços inferiores à estrutura da máquina. Suas funções
são realizar o alinhamento e permitir liberdade no deslocamento transversal do implemento.
ServiçoNacionaldeAprendizagemRural Administração Regional do Estado de São Paulo 47
4.4. Conheça a viga de controle

É um elemento metálico ligado por mola ao comando hidráulico que pode permitir a reação
(subir e descer automaticamente) dos braços hidráulicos às variações do terreno, permitindo
uma profundidade constante do implemento.

4.5. Conheça o controle de reação

É uma válvula reguladora de fluxo de óleo que permite alterar a velocidade de descida dos
braços hidráulicos durante a operação.

4.6. Conheça os pistões auxiliares

São atuadores hidráulicos ligados aos braços superiores que têm a função de aumentar a
capacidade de levante do sistema.

5. CONHEÇA O SISTEMA DE CONTROLE REMOTO – VCR

O controle remoto é um sistema hidráulico localizado na máquina, sendo que os atuadores


(cilindros e motores hidráulicos) estão localizados no implemento e são conectados por
mangueiras hidráulicas através de acopladores tipo engate rápido.

Conforme o modelo da máquina, este sistema poderá ter uma ou mais Válvulas de Controle
Remoto (VCR). Cada VCR é composta de um par de acopladores que fazem a saída e o
retorno do óleo para os atuadores no implemento.

Seu acionamento é realizado por meio de alavanca (mecânica) ou de botão (elétrico),


localizados ao lado direito do operador e dispostos de maneira lógica em relação à posição
das VCRs na parte externa da máquina.

Comandos e acoplamentos do sistema VCR


Figura 56

Acionamento mecânico Acionamento elétrico Acoplamento VCRs

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6. CONHEÇA O SISTEMA HIDRÁULICO DE DIREÇÃO

A principal função do sistema de direção é transmitir o movimento de rotação do volante à


caixa e às colunas de direção, fazendo com que as rodas e pneus girem em torno de seu
eixo, resultando no movimento da máquina agrícola, com o objetivo de reduzir o esforço
do operador ao realizar movimentos com o volante de direção. Os tipos dos sistemas de
direção podem ser: mecânico, hidráulico, hidrostático, elétrico e eletro-hidráulico.

6.1. Sistema de direção mecânico

A direção mecânica tem função de transmitir o movimento do volante para as rodas, por meio
do contato entre o parafuso sem-fim e o eixo setor ou entre pinhão e cremalheira. Neste
sistema todo o esforço necessário para o esterçamento das rodas é feito pelo operador.

Fluxograma sistema direção mecânica

Volante de direção

Coluna

Caixa de direção

Terminal

Braços

6.2. Sistema de direção hidráulico

Na direção hidráulica existe o auxílio de uma bomba hidráulica que age em conjunto com
óleo. É composto por caixa de direção, válvula de controle de rotação, cremalheira, pinhão,
braço de direção, pistão hidráulico e mangueiras de baixa e de alta pressão.

O funcionamento desse sistema não é nada complicado: a bomba hidráulica (que fica
parafusada no bloco do motor) é acionada quando a máquina é ligada por meio da correia
e da polia. Essa bomba gera vazão de óleo suficiente para que o sistema funcione. O óleo
vai para a caixa de direção por meio das mangueiras e é enviado pela válvula de controle
de rotação, que libera esse óleo sob alta pressão para um cilindro na cremalheira, que
empurra o pistão enviando o óleo para um dos lados que o volante é girado, e, se não
houver o movimento do volante, o óleo retorna pela mangueira ao reservatório para evitar
perda de energia e aquecimento do sistema. É essa pressão exercida pelo óleo que ajuda
o operador no movimento do volante.

Como vimos, esse sistema depende do acionamento do motor para funcionar; portanto, a
máquina perde potência ao fazer manobras e pode ter um pequeno aumento no consumo
de combustível.

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Fluxograma sistema direção hidráulica
Reservatório fluído hidráulico

Figura 58
Bomba hidráulica

Mangueiras hidráulicas

Válvula controle rotação


Volante e coluna direção

Caixa direção

Pinhão e cremalheira Braço direção

6.3. Sistema de direção hidrostático

O sistema de direção hidrostática (orbitrol) é extremamente requisitado por diversos setores


da indústria, como os setores agrícola, naval, siderúrgico ou da construção civil, sendo muito
utilizado em veículos lentos como tratores, escavadeiras, empilhadeiras, etc.

Componentes do sistema hidráulico Figura 59

Óleo de alta pressão


Óleo de alta pressão para freios
Óleo de carga
Óleo do piloto
Óleo de lubrificação
Óleo sem pressão ou de retorno

Direção hidrostática é produzida de maneira a cobrir aplicações de todos os tipos, que


variam de normal, em que somente o eixo dianteiro é direcional, direção articulada, em que
o chassi é subdivido permitindo que por meio de atuadores (pistões) o operador selecione a
direção de deslocamento da máquina, direção de 4 rodas, em que tanto as rodas dianteiras
quanto as traseiras alteram seu ângulo de direção durante a manobra, e direção com piloto
automático, em que o direcionamento da máquina é orientado por sistemas GNSS “Sistema
de Satélite de Navegação Global”, muito utilizado em agricultura de precisão.

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Tipos aplicação direção hisdrostática
Eixo direcional normal Direção articulada

Figura 60
Direção 4 rodas Direção com piloto automático

6.4. Sistema de direção elétrico

A direção elétrica é um sistema independente do motor que auxilia o operador, diminuindo


o esforço físico para girar o volante de direção durante as manobras. Este sistema possui
um motor elétrico, ativado quando sensores identificam que o volante de direção está
sendo movimentado. A força que este motor exerce varia de acordo com a velocidade da
máquina. Ela aplica mais força durante as manobras, e menos força quando a máquina
está em deslocamento.

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6.5. Sistema de direção eletro-hidráulico

Por último, temos a direção eletro-hidráulica, que se destaca por ter maior precisão nas
manobras, pois é tão leve quanto a elétrica, além de promover um menor consumo do
combustível se comparado ao hidráulico e ao hidrostático.

Esse sistema é parecido com o da direção hidráulica, a diferença está no acionamento da


bomba, que fica a cargo de um motor elétrico e não pelo motor da máquina. O motor elétrico
é controlado pela central eletrônica.
Fluxograma sistema direção eletro hidráulica

Figura 61
Sensores elétricos

Central eletrônica

Caixa direção Motor elétrico

Atuador hidráulico

52 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


BIBLIOGRAFIA

Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola - 2006 - Prof. Dr. Carlos Eduardo


AngeliFurlani e Prof. Dr. Rouverson Pereira da Silva. UNESP Jaboticabal – SP

MECÂNICA E MÁQUINAS MOTORAS - TRANSMISSÃO EM TRATORES AGRÍCOLAS


Prof. Dr. Casimiro Dias Gadanha Jr. - DER/ESALQ/USP - Maio-2010

Operação e Manutenção de Tratores - Massey Ferguson

http://www.operaction.com.br/transmissoes-e-acoplamentos

http://www.carrosinfoco.com.br

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