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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL

ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

AQUAPONIA -
MANEJO DO SISTEMA

“O SENAR-AR/SP está permanentemente


empenhado no aprimoramento profissional e
na promoção social, destacando-se a saúde
do produtor e do trabalhador rural.”
FÁBIO MEIRELLES
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP
FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Gestão 2016-2020

FÁBIO DE SALLES MEIRELLES


Presidente

EDUARDO LUIZ BICUDO FERRARO ADRIANA MENEZES DA SILVA


Vice-Presidente Diretor 2º Secretário

TIRSO DE SALLES MEIRELLES MARIA LÚCIA FERREIRA


Vice-Presidente Diretor 3º Secretário

MARCIO ANTONIO VASSOLER LUIZ SUTTI


Vice-Presidente Diretor 1º Tesoureiro

MARCOS ANTÔNIO MAZETI PEDRO LUIZ OLIVIERI LUCCHESI


Diretor 1º Secretário Diretor 2º Tesoureiro

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL


ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
CONSELHO ADMINISTRATIVO

FÁBIO DE SALLES MEIRELLES


Presidente

DANIEL KLÜPPEL CARRARA SÉRGIO ANTONIO EXPRESSÃO


Representante da Administração Central Representante do Segmento das Classes Produtoras

ISAAC LEITE ADRIANA MENEZES DA SILVA


Presidente da FETAESP Representante do Segmento das Classes Produtoras

MÁRIO ANTONIO DE MORAES BIRAL


Superintendente

SÉRGIO PERRONE RIBEIRO


Coordenador Geral Administrativo e Técnico
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL
ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

AQUAPONIA - MANEJO DO
SISTEMA

Jussara Sutani

Manuel dos Santos Pires Braz Filho

Diego Mendes

Cristiano Nicolau Psillakis


SENAR-AR/SP
FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
São Paulo - 2019
IDEALIZAÇÃO
Fábio de Salles Meirelles
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

SUPERVISÃO GERAL
Jair Kaczinski
Chefe da Divisão Técnica do SENAR-AR/SP

RESPONSÁVEL TÉCNICO
Teodoro Miranda Neto
Chefe Adjunto da Divisão Técnica do SENAR-AR/SP

AUTORES
Jussara Sutani – Proprietária da Aquanature
Manuel dos Santos Pires Braz Filho – Zootecnista
Diego Mendes – Engenheiro Agrônomo
Cristiano Nicolau Psillakis – Engenheiro Agrônomo

COLABORADORES FOTOS
Sindicato Rural de São Roque Marcelo de Oliveira
Sindicato Rural de Araraquara João Carlos dos Santos
Chácara Mesopotâmia – São Roque/SP
Aquanature Aquaponia LTDA– Araraquara/SP DIAGRAMAÇÃO
Nathália Karina da Cruz Faustino Felipe Prado Bifulco
Jair da Silva Diagramador do SENAR-AR/SP

REVISÃO GRAMATICAL
André Pomorski Lorente

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD

Aquaponia – manejo do sistema / Jussara Sutani [et al.]. – São Paulo :


SENAR/AR-SP, 2019
58 p. : il. color. ; 30 cm

Bibliografia
ISBN 978-85-7125-052-9

1. Aquaponia 2. Sistemas aquapônicos I. Sutani, Jussara II. Braz


Filho, Manuel dos Santos Pires III. Mendes, Diego IV. Psillakis,
Cristiano Nicolau V. Título

CDD 639.8

Elaborado por Carolina Malange Alves - CRB-8/7281

Direitos Autorais: é proibida a reprodução total ou parcial desta cartilha, e por qualquer processo, sem a
expressa e prévia autorização do SENAR-AR/SP.

4 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................................................................9

I - COLOCAR EM FUNCIONAMENTO O ­S ISTEMA AQUAPÔNICO NFT................................................ 10


1. SELECIONE OS MATERIAIS NECESSÁRIOS............................................................................. 10
2. COLOQUE AS BIOMEDIAS ALFA NO FILTRO BIOLÓGICO....................................................... 10
3. COLOQUE ÁGUA NO SISTEMA..................................................................................................... 10
4. INSTALE O TERMÔMETRO DE MÍNIMA E MÁXIMA NO TANQUE............................................ 11
5. INSTALE O SISTEMA VENTURI NO TANQUE DE PEIXES........................................................ 11
6. LIGUE O SISTEMA DE CIRCULAÇÃO E AERAÇÃO.................................................................... 12
7. VERIFIQUE SE NÃO HÁ VAZAMENTOS NO SISTEMA.............................................................. 12
8. MEÇA A VAZÃO DE ÁGUA NO SISTEMA...................................................................................... 12
9. FAÇA A PRIMEIRA ANÁLISE DA ÁGUA DO TANQUE.................................................................. 13
10. FAÇA O POVOAMENTO DOS PEIXES NO TANQUE................................................................. 18
11. CALCULE A QUANTIDADE DE OLERÍCOLAS DE ACORDO COM A BIOMASSA INICIAL
NO SISTEMA................................................................................................................................... 26
12. FAÇA ANÁLISE DA ÁGUA DO TANQUE APÓS 15 DIAS............................................................ 26
13. FAÇA ANÁLISE DA ÁGUA DO TANQUE APÓS 27 DIAS............................................................ 26
14. FAÇA O TRANSPLANTIO DAS MUDAS PARA A BANCADA..................................................... 27

II - MANEJAR O SISTEMA AQUAPÔNICO NFT........................................................................................ 29


1. FAÇA O MANEJO DOS PEIXES..................................................................................................... 29
2. FAÇA O MANEJO DA ÁGUA........................................................................................................... 34
3. FAÇA O MANEJO DAS PLANTAS (OLERÍCOLAS)...................................................................... 34
4. FAÇA REPAROS NA ESTRUTURA DO SISTEMA, QUANDO NECESSÁRIO............................ 42

III - FAZER A COLHEITA............................................................................................................................... 43


1. FAÇA A COLHEITA DAS OLERÍCOLAS......................................................................................... 43
2. FAÇA A COLHEITA DOS PEIXES (DESPESCA)........................................................................... 46

IV - FAZER A LIMPEZA DO SISTEMA......................................................................................................... 48


1. FAÇA A LIMPEZA DA BANCADA.................................................................................................... 48
2. FAÇA A LIMPEZA DO OVERFLOW................................................................................................ 51
3. FAÇA A LIMPEZA DO TANQUE DE PEIXES, DECANTADOR E FILTRO BIOLÓGICO............. 52
4. FAÇA A LIMPEZA DO FILTRO DA BOMBA DE RECIRCULAÇÃO............................................... 53

BIBLIOGRAFIA..............................................................................................................................................55

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APRESENTAÇÃO

O
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL - SENAR-AR/SP, criado em 23
de dezembro de 1991, pela Lei n° 8.315, e regulamentado em 10 de junho de 1992,
como Entidade de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, teve
a Administração Regional do Estado de São Paulo criada em 21 de maio de 1993.

Instalado no mesmo prédio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São


Paulo - FAESP, Edifício Barão de Itapetininga - Casa do Agricultor Fábio de Salles
Meirelles, o SENAR-AR/SP tem, como objetivo, organizar, administrar e executar, em todo
o Estado de São Paulo, o ensino da Formação Profissional e da Promoção Social Rurais
dos trabalhadores e produtores rurais que atuam na produção primária de origem animal e
vegetal, na agroindústria, no extrativismo, no apoio e na prestação de serviços rurais.

Atendendo a um de seus principais objetivos, que é o de elevar o nível técnico, social e


econômico do Homem do Campo e, consequentemente, a melhoria das suas condições
de vida, o SENAR-AR/SP elaborou esta cartilha com o objetivo de proporcionar, aos
trabalhadores e produtores rurais, um aprendizado simples e objetivo das práticas agro-
silvo-pastoris e do uso correto das tecnologias mais apropriadas para o aumento da sua
produção e produtividade.

Acreditamos que esta cartilha, além de ser um recurso de fundamental importância para os
trabalhadores e produtores, será também, sem sombra de dúvida, um importante instrumento
para o sucesso da aprendizagem a que se propõe esta Instituição.

Fábio de Salles Meirelles


Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP

“Plante, Cultive e Colha a Paz”

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8 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo
INTRODUÇÃO

A aquaponia é um sistema inovador com grande crescimento no futuro, pois existem inúmeras
vantagens produtivas e ambientais, tais como a utilização da água no lugar da terra e com
baixo gasto, produção contínua de nutrientes que são transformados em produtos absorvíveis
para as plantas, uso zero de fertilizantes e agrotóxicos, ciclos de plantas mais rápidos que
os cultivos convencionais, produtos “ecológicos” e com valor agregado, entre muitas outras.

Aquaponia é um sistema de recirculação de água em um processo que integra piscicultura e


horticultura, que tem por princípio a produção de alimentos saudáveis, como peixes (valiosa
fonte nutricional) e hortaliças, com uma visão de respeito ao meio ambiente. Este tipo de
produção utiliza apenas 10% da água, que pode se tornar uma alternativa de produção
sustentável no Brasil, em lugares em que existe escassez de água e solos não férteis.

A dinâmica do sistema aquapônico inicia-se no fornecimento de ração aos peixes, que é a


entrada de insumo mais importante, juntamente com a amônia eliminada naturalmente pelos
peixes, pois ambos são convertidos em nutrientes, que posteriormente serão absorvidos
pelas plantas, tornando assim um sistema fechado de recirculação de água.

Figura 01

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I - COLOCAR EM FUNCIONAMENTO O ­S ISTEMA
AQUAPÔNICO NFT
Após a montagem do sistema deve-se colocá-lo em funcionamento.

1. SELECIONE OS MATERIAIS NECESSÁRIOS

Material Qtidade Material Qtidade


Balança 01 un Peneira de plástico 20 cm 01 un
Balde transparente graduado 10 L 01 un Recipiente de plástico 1 L 01 un
Biomedia 10 litros Regador plástico 5 L 01 un
Juvenis de tilápia 50 un Sal grosso 01 kg
Kit análise de água 01 un Termômetro analógico aquário 01 un
Muda de alface 100 un

2. COLOQUE AS BIOMEDIAS ALFA NO FILTRO BIOLÓGICO

A quantidade a ser colocada é a encontrada no cálculo do planejamento.

3. COLOQUE ÁGUA NO SISTEMA

O abastecimento deverá ser feito com água de qualidade.

Inicie colocando água no tanque até completar o nível do overflow (saída de água do tanque
para o decantador). Após, encha o decantador, assim a água deverá passar por gravidade
para o clarificador e biofiltro. A água deverá ficar em nível próximo a 15 a 20 cm da borda.

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ATENÇÃO!!!
No caso de utilização de água tratada (abastecimento público), deixe a água
descansar por cerca de 20 a 30 minutos. O cloro evaporará, antes de utilizá-lo no
sistema.

Após o sistema estar abastecido de água verifique se todos os encaixes e conexões não
estão com vazamentos. Observe, também, se a circulação de água para os sistemas de
decantador, clarificador e biofiltro está ocorrendo em gravidade e com boa vazão.

ATENÇÃO!!!
É importante deixar a água do sistema de aeração circulando de 5 a 7 dias,
iniciando naturalmente a biologia no tanque

4. INSTALE O TERMÔMETRO DE MÍNIMA E MÁXIMA NO TANQUE

Após o tanque estar completamente cheio, deve-se instalar o termômetro dentro dele.

5. INSTALE O SISTEMA VENTURI NO TANQUE DE PEIXES

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6. LIGUE O SISTEMA DE CIRCULAÇÃO E AERAÇÃO

Após o abastecimento do tanque de peixes e todos os componentes, deve-se ligar o sistema


de circulação e aeração.

7. VERIFIQUE SE NÃO HÁ VAZAMENTOS NO SISTEMA

Após ligar o sistema, verifique se não há vazamentos nas conexões do sistema.

8. MEÇA A VAZÃO DE ÁGUA NO SISTEMA

Com o sistema ligado, verifique a vazão de água no sistema.

8.1. Retire a curva do tubo de entrada de água no tanque

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8.2. Coloque um recipiente graduado para coletar a água e, simultaneamente, acione
o cronômetro

8.3. Pare o cronômetro assim que o nível da água atingir a marca desejada

• Recipiente: 3 litros

• Tempo cronometrado: 10,19 segundos


Vazão = Volume / tempo
Vazão = 3 / 10,19
Vazão = 0,29 litros/segundo
A vazão é de aproximadamente 0,29 l/s ou

290 ml/segundo

9. FAÇA A PRIMEIRA ANÁLISE DA ÁGUA DO TANQUE

Proceda, inicialmente, aos testes de pH e O² dissolvido.

É importante anotar todos os resultados encontrados a fim de compará-los posteriormente.


Anote também a temperatura encontrada da água.

9.1. Selecione os materiais necessários para as análises

Frasco de coleta de amostra, reagentes.

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9.2. Acomode o material

Escolha um local plano, seco e próximo ao tanque de peixes, a fim de acomodar os reagentes
da análise.

9.3. Colete a água da amostra

9.3.1. Lave o interior do frasco por três vezes com água do tanque

9.3.2. Mergulhe o frasco de coleta com a boca para baixo até atingir de 20 a 30 cm de
profundidade para não coletar água da superfície.

9.4. Faça a análise da água

Proceda à análise de acordo com as especificações do fabricante.

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9.4.1. Acerte o volume do tubo de acordo com a quantidade requerida para análise

9.4.2. Agite os recipientes dos reagentes antes de colocá-los no tubo de análise

9.4.3. Adicione o reagente no tubo de análise de acordo com a quantidade informada pelo
fabricante.

9.4.4. Tampe o tubo de análise

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9.4.5. Agite o tubo de análise e aguarde o tempo necessário para a reação

9.4.6. Faça a leitura utilizando as tabelas que acompanham os reagentes

9.4.7. Anote o resultado da análise na ficha de controle

9.4.8. Descarte a água com o reagente

Devem ser descartados juntos ao tratamento de sistema de esgoto da propriedade.

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9.4.9. Lave o tubo de análise em água corrente

9.4.10. Repita o procedimento para as demais análises

9.4.11. Guarde o material utilizado em lugar fresco e livre de umidade.

9.5. Faça a leitura da temperatura com o auxílio do termômetro de máxima e mínima

O termômetro deve permanecer dentro do tanque de peixes durante todo o tempo do


processo produtivo.

9.5.1. Retire o termômetro do tanque

9.5.2. Faça a leitura

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9.5.3. Anote o resultado encontrado

9.5.4. Coloque-o novamente na água

10. FAÇA O POVOAMENTO DOS PEIXES NO TANQUE

O povoamento do tanque poderá ser feito com alevinos ou juvenis. Preferencialmente, deve
ser feito com peixes a partir de 26 gramas ou 12 cm (juvenis), pois o risco de mortandade
diminui e ganha-se tempo na engorda.

A quantidade de peixes a se adquirir está de acordo com o planejamento do projeto e cálculo


da capacidade de biomassa total do sistema de aquaponia (Item 4. Defina a Quantidade
de Biomassa do Sistema).

9,6 kg peixes no sistema

A quantidade de plantas suportadas no sistema aquapônico está diretamente relacionada


à quantidade de ração ofertada e à quantidade de biomassa de peixes (kg) por plantas.
Sendo assim, conforme os animais aquáticos vão se desenvolvendo, o fornecimento de
ração aumenta e a quantidade de plantas aumenta proporcionalmente, até atingir o máximo
de plantas dentro do planejamento/dimensionamento desejado.

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10.1. Adquira os peixes

Os peixes devem ser adquiridos em criadores especializados e de boa procedência. Se


possível, conheça o local, verifique as condições de trabalho e a qualidade dos peixes.

No caso de criação de tilápias, opte por peixes revertidos sexualmente para machos, assim
obterá engorda homogênea dos peixes, pois os machos crescem e engordam mais rápido
que as fêmeas.

10.2. Faça a aclimatação dos peixes

A aclimatação dos peixes é sua adaptação ao novo ambiente. Deve ser realizado com muito
cuidado para evitar a mortalidade de muitos peixes.

ATENÇÃO!!!
Os peixes deverão ser imediatamente alojados no tanque após seu transporte. Não
poderão ficar no saco de transporte por muitas horas, pois podem morrer por falta
de oxigenação.

10.2.1. Coloque o saco de transporte com os peixes, ainda fechado, dentro do tanque por
5 a 10 minutos.

Esse tempo dependerá das temperaturas da água do tanque e da água do saco de transporte.
Caso elas estejam muito diferentes (t°), deixe o saco dos peixes dentro do tanque por mais
ou menos tempo, até que elas se equilibrem.

10.2.2. Prepare a solução salina (2%) em um balde

Essa solução tem o objetivo de diminuir o estresse, estimular a produção de muco e reduzir
a carga bacteriana. Dê preferência ao sal sem iodo, como o de gado.

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a) Colete água do tanque – 10 litros

b) Calcule a quantidade de sal a ser colocada no balde

Concentração a 2% = 20 g para 1 litro de água


20 g ---------------1 litro
X g-----------------10 litros
X= 20 * 10
X = 200 g
Serão utilizados 200 g de sal para 10 litros de
água

c) Pese o sal

d) Coloque o sal no recipiente com os 10 litros de água

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e) Misture a solução

10.3. Solte os peixes no tanque

Antes de soltar os peixes deve-se calcular seu peso médio, a fim de verificar se a quantidade
adquirida está correta, para acompanharmos sua engorda e calcular a quantidade de plantas
que poderá ser colocada no start do sistema.

Para calcular o peso médio do lote, separe 10% da quantidade total do lote. Por exemplo:

• Total de peixes: 50 unidades


50 peixes --------------100 %
X peixes ------------ 10%
X= 50 * 10 = 500 = 5
100 100

Amostra será de 5 peixes

10.3.1. Abra o saco dos peixes

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10.3.2. Tire o saco com os peixes do tanque

10.3.3. Solte os peixes com a água de transporte em um balde limpo

10.3.4. Coloque um pouco de água do tanque no balde

10.3.5. Pese os peixes

Antes de soltar os peixes deve-se calcular seu peso médio, a fim de verificar se a quantidade
adquirida está correta.

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a) Coloque um recipiente sobre a balança

b) Tare a balança com o peso do recipiente

c) Colete uma amostra representativa dos peixes com uma peneira

d) Coloque os peixes da amostra no recipiente

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e) Faça a pesagem dos peixes da amostra

f) Faça a contagem dos peixes da amostra


Ao contar os peixes da amostra coloque-os novamente na peneira.

g) Mergulhe a peneira com os peixes da amostra no balde com a solução salina por alguns
segundos

h) Coloque os peixes da amostra no tanque vagarosamente

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i) Anote o peso e a quantidade de peixes da amostra

Exemplo: 5 peixes – 130 gramas

j) Solte os demais peixes no tanque

De um banho na água com sal antes de soltá-los no tanque.

10.4. Faça o cálculo da biomassa


5 peixes ------------ 130 g
1 peixe -----------------X g
X= 130 * 1 = 130 = 26 g
5 5

Em média, cada peixe pesa 26 gramas

• Total de peixes: 50 unidades

50 peixes * 26 g
1.300 g

1.300 gramas ou 1,3 kg de peixes

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11. CALCULE A QUANTIDADE DE OLERÍCOLAS DE ACORDO COM A BIOMASSA
INICIAL NO SISTEMA

Ao dar o start do sistema é preciso entender que o peso dos peixes adquiridos corresponderá
ao número de plantas a serem colocadas no sistema inicialmente.

De acordo com o crescimento e aumento de peso dos peixes, a quantidade de olerícolas


produzidas será maior, até atingir a capacidade máxima calculada para o sistema no início
do projeto.

Inicialmente, de acordo com a pesagem dos peixes, será possível produzir:


1 kg biomassa (1.000g)--------------20 alfaces
1.300 g biomassa ------------------- X alfaces
X= 1.300*20 = 26.000
1000g 1.000g
X= 26 alfaces
Com uma biomassa inicial de 1.300 g (1,3 kg)
será possível produzir 26 unidades de alface.

12. FAÇA ANÁLISE DA ÁGUA DO TANQUE APÓS 15 DIAS

Após 15 dias refaça os testes para verificar a qualidade da água: Teste de pH, oxigênio e
de amônia.

Anote os parâmetros encontrados e faça uma interpretação sobre o funcionamento do


biofiltro seguindo a tabela de maturação do biofiltro.

13. FAÇA ANÁLISE DA ÁGUA DO TANQUE APÓS 27 DIAS

Após 27 dias refaça os testes para verificar a qualidade da água: Teste de pH, oxigênio e
de amônia.

26 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


Neste período, de acordo com nossa tabela, os parâmetros desejados são:

• Diminuição da amônia

• Diminuição do nitrito e

• Aumento do nitrato

O aumento do nitrato significa o início dos nutrientes dissolvidos no sistema, ou seja,


disponibilidade de nutrientes para as plantas.

14. FAÇA O TRANSPLANTIO DAS MUDAS PARA A BANCADA

As mudas devem ser adquiridas, preferencialmente, em tanques certificados (tanques de


procedência, ou seja, de empresas idôneas). O material genético das plantas a serem
cultivadas é fator fundamental para o sucesso no caso de controle de pragas e doenças.

As mudas também podem ser próprias, ou seja, produzidas pelo próprio produtor. Neste
caso, o processo de produção de mudas deve seguir os procedimentos adequados para a
produção de mudas sadias.

No caso de mudas compradas de viveiristas profissionais, estas podem ser transplantadas


de imediato para as bancadas, e, no caso de mudas semeadas na propriedade, estas devem
ser transplantadas quando atingirem seu ponto ótimo de muda, por exemplo: alface - 30
dias, rúcula - 10 a 12 dias e agrião - 20 dias.

Uma variação no prazo das mudas poderá ocorrer em função das condições de temperatura
dentro do tanque de produção de mudas.

14.1. Leve a bandeja de mudas até as bancadas

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14.2. Irrigue as mudas

As mudas nas bandejas devem ser irrigadas momentos antes de se realizar o transplantio,
a fim de colaborar com sua retirada das células da bandeja.

14.3. Acomode as mudas nos orifícios da bancada

Pegue as mudas com cuidado para não danificá-las.

ATENÇÃO!!!
Coloque apenas o número suficiente de mudas de acordo com a biomassa de
peixes.

Serão transplantadas para o sistema

26 mudas de alface, inicialmente.

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II - MANEJAR O SISTEMA AQUAPÔNICO NFT

Uma vez instalado o sistema aquapônico, o próximo passo é fazer o manejo de todo o
sistema, ou seja, peixes, água, plantas e estrutura.

1. FAÇA O MANEJO DOS PEIXES

Basicamente, o manejo dos peixes baseia-se no fornecimento de ração diariamente


(arraçoamento), na biometria, na retirada de peixes mortos e reparos no tanque.

1.1. Faça o arraçoamento

O arraçoamento deve ser realizado diariamente de acordo com as fases do peixe e a


orientação do fornecedor de ração. A alimentação dos peixes varia de acordo com cada
espécie, fase de desenvolvimento (peso) e temperatura da água. Em média este valor está
entre 1% e 10% do peso vivo.

ATENÇÃO!!!
Consulte a tabela de alimentação do fabricante da ração para cada tipo de espécie.

A alimentação dos peixes é feita diariamente seguindo o hábito alimentar da espécie criada e
suas características fisiológicas. A tilápia, por exemplo, é um peixe que possui um estômago
bem reduzido, sendo a digestão realizada principalmente no intestino. Se for fornecido muito
alimento em uma única refeição, ele não será digerido adequadamente e será excretado
sem ser aproveitado, por isso deve-se dividir a dieta em 4 ou mais refeições com intervalos
de uma hora no mínimo.

O confinamento dos peixes em tanques impede a utilização de alimento disponível no


ambiente, sendo assim é necessário utilizar uma dieta completa. Os peixes podem ser
herbívoros, onívoros ou carnívoros, havendo rações adequadas para cada hábito alimentar.

No mercado há rações próprias para alevinos, juvenis e também para as diferentes fases
da engorda. No processo de alimentação dos peixes deve-se identificar o hábito alimentar
e a fase de desenvolvimento da criação e escolher o tipo de ração mais apropriada.
Cada fabricante de ração fornece uma indicação para espécie, fase de desenvolvimento,
quantidade a ser fornecida e quantidade de arraçoamento diário.

ATENÇÃO!!!
A temperatura é fator determinante no fornecimento da ração. Deve-se seguir
a recomendação de cada fabricante, pois cada embalagem possui um fator de
correção de acordo com a temperatura.

Antes de fornecer a ração aos peixes confinados no tanque é necessário fazer a biometria,
ou seja, determinar a biomassa e quantificar a ração a ser fornecida.

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1.1.1. Determine a biomassa

A biomassa é determinada multiplicando o peso médio dos peixes naquela determinada


semana pelo número de peixes estocados no tanque.

O processo para a pesagem dos peixes é o mesmo utilizado no povoamento, quando os


peixes foram pesados e contados.

a) Colete uma amostra de peixes no tanque com auxílio do puçá

b) Transfira os peixes para um saco e pesagem

c) Pese a amostra

• Peso da amostra de peixes: 1.020 gramas ou 1,02 kg

• Nº de peixes: 06 peixes

30 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


d) Solte os peixes no tanque

e) Calcule o peso médio dos peixes

Basta dividir o peso pela quantidade de peixes

1.020 g / 6 peixes
= 170 gramas

O peso médio de cada peixe é de 170 gramas

f) Calcule a biomassa do tanque

Devemos calcular a quantidade em quilos de peixes do tanque para calcular, posteriormente,


a quantidade de ração a ser fornecida diariamente.

• Total de peixes: 50 unidades

170 gramas * 50 peixes


8.500 gramas

Há no tanque 8,5 kg de peixe

O peso determinado de 8.500 g ou 8,5 kg representa a biomassa de peixes estocados


naquele momento.

1.1.2. Determine a quantidade de ração a ser fornecida

Após obter a biomassa é necessário determinar a quantidade de ração a ser fornecida.


Consulte o fabricante da ração para verificar a quantidade recomendada para a fase de
desenvolvimento em que o peixe se encontra.

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EXEMPLO DE UMA TABELA
Taxa Frequência
Faixa de peso (g)
Arraçoamento alimentar
0 a 10 10% 8-10
10 a 20 8% 6-8
20 a 40 6% 6-8
40 a 130 5% 4-6
130 a 250 4% 3-4
250 a 300 3,5% 3-4
300 a 480 3% 2-4
480 a 600 2,5% 2-4
600 a 700 2% 2-4
700 a 850 1,5% 2-3
> 850 1% 2-3

• Quantidade de peixes no tanque (em kg) – 8,5 kg

• Fase que se encontra o peixe: engorda (130 a 200 gramas)

• Quantidade recomendada pelo fabricante da ração (%) – 4%


8,5 kg --------------------- 100 %
X kg ---------------------4%
X= 8,5 * 4 = 34,0
100 100
0,34 kg ou 340 gramas

340 gramas de ração por dia

Então, neste tanque serão fornecidos 0,340 kg de ração por dia, até que se faça uma nova
biometria.

1.1.3. Determine o número de arraçoamento diário

O arraçoamento consiste no número de tratos que serão necessários diariamente. Há uma


variação no número de arraçoamento de acordo com cada fase de vida dos peixes, portanto
deve-se seguir a orientação do fabricante de ração.

Taxa Frequência
Faixa de peso (g)
Arraçoamento alimentar
130 a 250 4% 3-4

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0,340 kg ração dia / 4 arraçoamento

= 0,085 kg ou 85 gramas/arraçoamento

Serão fornecidos 85 gramas – 4x ao dia

1.1.4. Forneça ração aos peixes

A ração deverá ser ministrada de acordo com o hábito alimentar, exigências nutricionais, ritmo
alimentar e estágio de desenvolvimento da espécie criada, e deverá seguir as recomendações
quanto ao número de refeições fornecidas no dia.

a) Pese a ração

b) Desligue o sistema de aeração

Para que não haja perda da ração, desligue o equipamento na hora de alimentar os peixes.

c) Forneça a ração para os peixes

d) Observe o comportamento dos peixes

É importante verificar se os peixes estão consumindo a ração no tempo adequado.

-- Se consumiram rápido demais (<5 min) – aumente a quantidade de ração

-- Se consumiram no tempo esperado (5 a 10 min) – consumo está normal

-- Se consumiram lentamente (>10 min) – diminua a quantidade de ração

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e) Ligue o sistema de aeração

Após consumirem a ração, o sistema deve ser religado.

1.2. Faça a biometria

A biometria deve ser realizada a cada 15 dias, pois neste período ocorre uma mudança
considerável na engorda dos peixes.

1.3. Faça a retirada dos peixes mortos

Os peixes mortos devem ser retirados do tanque com auxílio de um puçá ou peneira, pois
a permanência deles no tanque poderá causar doenças nos demais peixes.

Ao identificar algum peixe morto no tanque retire-o e descarte em local apropriado, ou seja,
onde há coleta de lixo orgânico. É preciso anotar na planilha do tanque quando há retirada
de peixes mortos para calcular corretamente as próximas biometrias.

ATENÇÃO!!!
Se possível, envie o peixe para um especialista a fim de identificar a causa da
morte.

2. FAÇA O MANEJO DA ÁGUA

A qualidade da água é fundamental na aquaponia; portanto, devem-se fazer as análises


semanalmente.

3. FAÇA O MANEJO DAS PLANTAS (OLERÍCOLAS)

O manejo das plantas consiste basicamente em acompanhar a entrada de pragas e doenças


no sistema aquapônico, assim como estar atento às deficiências nutricionais e/ou excesso
de algum determinado nutriente.

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3.1. Verifique a presença de pragas

Geralmente as plantas cultivadas em sistema aquapônico não apresentam alta intensidade


de ataque de pragas. Porém elas podem surgir. Em modo geral podem surgir ataques de
pulgões, tripes, moscas-brancas e lagartas.

É importante realizar o monitoramento de pragas através de armadilhas adesivas. Estas


armadilhas são colocadas nas áreas de produção vegetal, sendo a armadilha de cor amarela
utilizada para monitorar principalmente o ataque de pulgões, cigarrinha, vaquinha, mosca-
branca, e as armadilhas azuis, para tripes.

Figura 2

Compre as armadilhas em lojas agropecuárias especializadas em cultivos de horticultura/


olericultura, seja uma loja física ou online de sua confiança. Deve-se colocar, no mínimo, uma
armadilha de cada cor para o monitoramento a cada 200m2 de área cultivada. Dependendo
do número de bancadas e do tamanho do tanque, deve-se colocar mais armadilhas; para
isso consulte um técnico especializado na área.

Se houver presença de pragas, os insetos ficarão grudados nestas armadilhas. Se houver


alta infestação, medidas de controles devem ser adotadas.

ATENÇÃO!!!
Havendo a necessidade de controle de pragas, deve-se fazer uso de métodos
alternativos, pois qualquer defensivo químico, se aplicado no sistema aquapônico,
afetará diretamente os peixes. Faça uso de produtos recomendados na agricultura
orgânica, para isso consulte um técnico especializado.
Com o tempo, as armadilhas devem ser substituídas, pois com o tempo acumular-se-ão
terra e folhas.

Algumas medidas alternativas de controle de pragas já conhecidas na agricultura orgânica


podem ser adotadas:

Controle Físico/Mecânico:

Armadilhas adesivas (amarela e azul) em grandes painéis, visando ao controle de pragas;

Faixa amarela nos pés da bancada coberta com cola entomológica para capturar insetos
que tentem subir.

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Controle Biológico

Uso de Agentes de controle biológico como fungos entomopatogênicos (Beuaveria spp.


Metarhizium spp., entre outros), bactérias (Bacillus thurngiensis, Bacillus subtilis); ácaros
predadores, insetos parasitoides, insetos predadores.

Sugere-se realizar o plantio de plantas repelentes no entorno do sistema.

Controle Químico

Caldas repelentes de insetos, caldas à base de sabão que ressecam pulgões (ex: calda
cinza), D-Limonemo extraído da casca da laranja, que resseca pulgões.

3.2. Verifique a presença de doenças

As doenças podem ser causadas por bactérias, fungos e vírus.

Para que ocorram doenças bacterianas nas plantas é necessário que o ambiente apresente
alta umidade e uma porta de entrada nas plantas, ou seja, um ferimento. Evitar os ferimentos
no momento do transplantio das mudas e proteger sua bancada de ventos fortes colaborará
muito para evitar o aparecimento de doenças bacterianas.

Para que os fungos se instalem nas plantas, em sua grande maioria necessitam de alta
umidade e temperaturas favoráveis para se manifestarem, sendo que a temperatura pode
ser alta para alguns e baixas para outros tipos de fungos. No entanto, existe um tipo de
fungo (Oídio) que se manifesta em baixa umidade e temperatura mais alta, o que ocorre
em estufas frequentemente na primavera e no verão.

As doenças fúngicas não necessariamente precisam de um ferimento na planta para se


instalarem. No entanto, uma barreira de vento evita que esporos de fungos de outras áreas
possam ser arrastados para a sua bancada aquapônica.

As viroses são transmitidas por sementes, insetos ou pelo manejo das plantas (mãos,
ferramentas, etc.).

ATENÇÃO!!!
É importante a escolha do material genético das plantas a serem cultivadas, pois
muitas doenças, principalmente as viroses, podem ser evitadas com a escolha
correta.
O uso de mudas de boa qualidade é fundamental para o bom desenvolvimento das
plantas em qualquer sistema de cultivo, principalmente no aquapônico.

Na aquaponia observamos uma baixa incidência de doenças em função da disponibilidade


constante de nutrientes para as plantas (biofertilizantes). Plantas bem nutridas não
apresentarão grandes problemas de doenças.

Nos sistemas aquapônicos, as doenças de plantas não serão fatores limitantes para o cultivo,
desde que se tenham plantas bem nutridas.

Em casos de desequilíbrio nutricional observa-se a presença de doenças. Assim, havendo

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necessidade de se adotar medidas de controle emergencial (paliativo), faz-se uso dos
métodos alternativos de controle da agricultura orgânica (como calda bordalesa, calda
sulfocálcica, calda de alho, cebola, própolis, etc.).

ATENÇÃO!!!
Consulte um técnico especializado para orientações de aplicações de controles
alternativos para doenças.

A causa do problema deve ser sanada o quanto antes, ou seja, devem-se fazer as correções
nutricionais na água do tanque de criação dos animais aquáticos. Referida causa pode estar
relacionada com a falta de resíduos/excrementos de animais aquáticos (baixa população de
animais aquáticos no sistema aquapônico), baixo fornecimento de ração para os animais
aquáticos ou ainda deficiência de cálcio, potássio e/ou ferro.

3.3. Verifique a deficiência nutricional

Nos sistemas aquapônicos, em função de se fornecer ração aos peixes diariamente, e


os animais aquáticos se alimentarem (absorverem) apenas 20% a 30% do material que é
fornecido na ração e o restante ser excretado por seu trato digestivo, temos um sistema
rico em matéria orgânica.

Sabemos que os peixes se alimentam de uma ração balanceada em macro e micronutrientes,


portanto temos uma condição altamente favorável para a nutrição das plantas. No entanto,
necessitamos que os excrementos dos animais aquáticos sejam atacados por microrganismos
decompositores, principalmente as bactérias nitrosômonas e nitrobacter, transformando
essas fezes em elementos que possam ser absorvidos pelas plantas (nitrato), ou seja, as
bactérias irão transformar as fezes dos animais aquáticos (amônia) em substâncias que
podem ser absorvidas pelas plantas. Este é o processo que vai gerar uma concentração
de macro e micronutrientes dissolvidos na água do sistema aquapônico, que poderão ser
absorvidos pelas plantas.

O potássio, o ferro e o cálcio devem ser adicionados ao sistema, quando necessário, para
abastecer as plantas de acordo com suas necessidades nutricionais. Isso acontece por que
as plantas podem ser mais exigentes em alguns nutrientes que são fornecidos na ração.
Assim, esses nutrientes devem ser fornecidos no sistema (adubação foliar ou diretamente
na água do tanque) a fim de evitar um desequilíbrio nutricional nas plantas, provocando
baixo desenvolvimento e/ou debilidade à planta e deixando-a susceptível ao ataque de
pragas e doenças.

No caso de plantas de frutos, raízes, tubérculos, flores e bulbos, a exigência do Potássio


passa a ser maior durante o período de enchimento dos frutos. O fornecimento de cálcio via
foliar durante o período de frutificação para essas plantas também passa a ser necessário
dependendo da população de animais aquáticos no sistema, então é importante o
acompanhamento diário das plantas e o conhecimento dos principais sintomas com relação
à carência desses elementos químicos.

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DICA!!!

O Ferro Quelatizado, comprado em revendas agrícolas, pode ser fornecido para as plantas,
desde que possua uma faixa de atuação de pH entre 6,5 e 8,0. Para uma complementação
nutricional do Ferro, existem na literatura relatos sobre o uso de barras de ferro ou pregos
enferrujados próximos ao difusor de ar, e que através das ferro-bactérias oxidarão o ferro da
barra ou dos pregos e disponibilizarão assim o elemento ferro na forma em que as plantas
podem absorver.

ATENÇÃO!!!
Tanto a absorção quanto o transporte do elemento Ferro em plantas são fortemente
afetados por fatores ambientais, tais como pH e concentração de cálcio e fósforo.

Logo após a instalação do sistema aquapônico, a baixa quantidade de animais aquáticos


e o baixo fornecimento de ração acabam resultando em um meio pouco eutrofizado
(concentrado em nutrientes) e insuficiente para atender a toda demanda nutricional e em
proporção suficiente para as plantas. Neste caso, fazemos uso de uma adubação orgânica
foliar complementar de acordo com a planta definida no planejamento.

Existem várias formas de se fazer a compensação nutricional no início do sistema aquapônico,


sendo a mais simples o aumento no fornecimento de ração.

Arraçoamento de Luxo = Eutrofização do meio aquático

Também podem ser usados:

• Fosfito de Potássio ou Cálcio via foliar

• Bokashi líquido

• Adubo Organomineral

Existem muitas variáveis a considerar na nutrição de plantas, como:

• Espécie de planta – por exemplo, a alface precisa mais de nitrogênio que o tomate;

• Estágio de crescimento – plantas novas gastam menos nutrientes que as mais velhas;

• Parte da planta que será colhida – se é folha ou fruto;

• Estação do ano;

• Temperatura e intensidade de luz.

Para que as plantas tenham um bom desenvolvimento é necessário que haja um constante
equilíbrio de nutrientes na água que banha as raízes das plantas, ou seja, ao longo do
tempo e da formação das plantas os elementos essenciais (nutrientes) devem estar sempre
à disposição, dentro de faixas limitadas, sem escassez nem excesso.

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Conheça os Nutrientes essenciais para as plantas

Dezesseis (16) elementos químicos são indispensáveis para o crescimento e produção das
plantas:

Carbono - C Fósforo - P Magnésio - Mg Boro - B


Hidrogênio - H Potássio - K Manganês - Mn Cobre - Cu
Oxigênio - O Enxofre - S Ferro - Fe Molibdênio - Mo
Nitrogênio - N Cálcio - Ca Zinco - Zn Cloro - Cl
Entre os elementos citados, existe uma divisão, conforme sua origem:

• Orgânicos: C, H, O

• Minerais:

-- macronutrientes: N, P, K, Ca, Mg, S;

-- micronutrientes: Mn, Fe, B, Zn, Cu, Mo, Cl.

Essa divisão, entre macro e micro, leva em consideração a quantidade que a planta exige
de cada nutriente para o seu ciclo. As plantas têm em sua constituição em torno de 90 a
95% do seu peso em C, H, O. Além desses nutrientes, outros elementos químicos têm sido
esporadicamente considerados benéficos ao crescimento de plantas, sem contudo atender
aos critérios de essencialidade.

ATENÇÃO!!!
A ausência de qualquer um destes componentes na solução torna-se fator limitante
ao desenvolvimento e à produção da cultura.

Em cultivos aquapônicos, a absorção é geralmente proporcional à concentração de nutrientes


na solução próxima às raízes, sendo muito influenciada pelos fatores ambientes, tais como:
salinidade, oxigenação, temperatura, pH, intensidade de luz, foto período, temperatura e
umidade do ar.

Cada um dos macro e micronutrientes exerce pelo menos uma função dentro do vegetal e
a sua deficiência ou excesso provoca sintomas de carência ou de toxidez característicos.

A tabela abaixo resume alguns dos papéis desempenhados pelos nutrientes na vida da
planta, os sintomas típicos de deficiência e de excesso.

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Sintomas de Deficiência
Nutrientes Funções na Planta Sintomas de Excesso
Folhas mais velhas Folhas mais novas
Cor verde-clara (esmaecida) na
Participa das proteínas e da folha, abrangendo nervuras e limbo. Em geral, não-identificados. Atraso
Nitrogênio clorofila; é ligado à formação de Com a evolução da carência passa - e redução de floração, frutificação e
folhas. à clorose, seguida de seca e queda acamamento.
das folhas.
Inicialmente, diminuição
do crescimento da planta,
Indução de deficiência de Cobre,
Interfere no metabolismo das desenvolvimento de cor verde-
Ferro, Manganês e Zinco. Clorose
plantas como fonte de energia. É escura, seguida de manchas
Fósforo - internerval das folhas jovens.
importante para o enraizamento, pardas, pardo-amareladas e pardo-
Queimadura de bordas. Queda de
floração e frutificação. avermelhadas. Porte reduzido,
folhas velhas.
pouco enraizamento, maturação
tardia dos frutos, grãos chochos.
Atua na fotossíntese (formação de
Clorose em margens e pontas das
açúcares) e na translocação de
folhas que, com o progresso da

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açúcares nas plantas, influencia na Indução de deficiência de Cálcio e/
Potássio deficiência, evolui para queimadura; -
economia de água e na resistência ou Magnésio, provavelmente.
atingindo toda a folha; caules finos
ao acamamento, a pragas, a
e fracos, acamamento das plantas.
doenças, ao frio e à seca.
Folhas deformadas, com morte Indução de deficiência de Magnésio
Constituinte da parede celular, de pontos de crescimento e e/ou Potássio, provavelmente.
Cálcio -
ajuda na divisão celular. clorose nas pontas; raízes fracas e O excesso de Cálcio interfere na
rachamento nos frutos. assimilação de Magnésio.
Clorose interneval, mantendo-se
Integra a molécula da clorofila e as nervuras verdes; folhas velhas Indução de deficiência de Potássio
Magnésio -
aumenta a absorção de Fósforo. que se curvam e são facilmente e/ou Cálcio, provavelmente.

do Estado de São Paulo


arrancadas
Constituinte das proteínas e
clorofila, de vitaminas e óleos Cor verde clara na folha. Clorose Clorose interneval em algumas
Enxofre -
essenciais, importante para fixação generalizada. espécies.
de Nitrogênio.
Morte de pontas de crescimento,
Importante na formação dos tubos Clorose reticulada e queima das
internódios curtos, superbrotamento
Boro polínicos, formação do pólen e - margens das folhas de ápice para a
(tufos de folhas), folhas deformadas
maturação das sementes. base. Pontuações internervais.
e pequenas.
Sintomas de Deficiência
Nutrientes Funções na Planta Sintomas de Excesso
Folhas mais velhas Folhas mais novas
Necrose das pontas e margens,
Participa do processo Murcha, clorose e bronzeamento
Cloro Idem amarelecimento e queda das
fotossintético. das folhas.
folhas.
Influencia na respiração, na
Folhas flácidas, por vezes Manchas aquosas e depois
fotossíntese e no processo
gigantes, clorose reticulada; necróticas nas folhas.
de fixação nitrogenada. Sua
Cobre - folhas permanecem alongadas, Amarelecimento das folhas, da
insuficiência causa inibição do
deformadas e com as margens base para o ápice, seguindo a
crescimento, clorose, perda de
cloróticas voltadas para baixo. nervura central.
turgescência.
Ativador enzimático. Influencia a Clorose interneval com reticulado Manchas necróticas nas folhas,
Ferro respiração, fotossíntese e fixação - fino, evoluindo para folha toda manchas amarelo-parda,
do Nitrogênio. amarela. bronzeamento de folhas.
Deficiência de Ferro induzida,

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depois manchas necróticas
Clorose interneval com reticulado ao longo do tecido condutor.
Participa da fotossíntese e da
Manganês - grosso (rede grossa de nervuras Pontuações internervais, às vezes
respiração.
sobre o fundo amarelado). abauladas, marrons, necróticas
nas folhas. Encarquilhamento de
folhas.
Influencia no processo da redução
Amarelecimento nas folhas mais Amarelecimento em manchas ou
de Nitrato no interior das plantas Manchas amarelas globulares do
Molibdênio velhas e possíveis necroses generalizadas, folhas deformadas
e da fixação do Nitrogênio por ápice da planta.
marginais com acúmulo de nitrato. por má formação no limbo.
leguminosas.
Eleva a resistência das plantas
ao frio ou calor, assim como no Folhas pequenas, internódios
Indução de carência de Fósforo e
Zinco processo da fotossíntese. Sua falta - curtos e superbrotamento e, por
Zinco.
inibe a divisão celular e conduz a vezes, clorose.
mudanças morfológicas das folhas.
Ativador da enzima urease (que faz
Níquel - - -
a hidrólise da ureia nas plantas).

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4. FAÇA REPAROS NA ESTRUTURA DO SISTEMA, QUANDO NECESSÁRIO

Observe diariamente a situação do tanque, decantador, clarificador, filtro biológico e “Sump”


e, quando necessário, faça a manutenção.

Observe se há vazamentos, entupimento de canos ou qualquer outra anormalidade.

Caso haja algum vazamento, substitua a peça danificada.

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III - FAZER A COLHEITA

A colheita dos peixes e das plantas será realizada em períodos diferentes de acordo com o
ciclo de produção. Durante a produção de peixes para engorda (mínimo de 4 meses) haverá
várias colheitas de plantas, pois seu ciclo de produção é menor.

1. FAÇA A COLHEITA DAS OLERÍCOLAS

A colheita deve ser realizada de preferência nos horários mais frescos do dia, a fim de evitar
desidratação dos vegetais.

Para realizar a colheita, a planta deverá ter chegado ao ponto ideal de colheita, lembrando
que cada uma das espécies vegetais a ser plantada possui um ponto de colheita ideal.

Exemplos: alface - colheita de 30 a 40 dias após o transplantio das mudas.

rúcula ou agrião - colheita em torno de 21 a 28 dias.

1.1. Selecione os materiais necessários

Para realizar a operação de colheita serão necessários os seguintes materiais e


procedimentos:
Figura 3

Caixas plásticas – contentores limpos para


acondicionar as hortaliças. Em geral um
contentor de 35 cm largura x 30 cm de altura
x 55 cm de comprimento. Para calcular o
número de contentores necessários, pense
que cada um poderá conter de 10 a 12 maços
de hortaliças.
Figura 4

Sacos plásticos de polietileno ou polipropileno,


que podem ser retos ou cônicos e que
são facilmente adquiridos em lojas de
embalagens.

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Figura 5
Pallet(s) de madeira ou suporte de apoio
para as caixas plásticas - O uso de pallets ou
algum tipo de suporte evitará que as caixas
fiquem colocadas diretamente sobre o chão,
comprometendo a higiene da colheita. Devem
estar disponibilizados em uma área arejada e
coberta/sombreada, protegida do sol e calor
para armazenar a colheita.

ATENÇÃO!!!
Dentre as boas práticas de colheita é importante que se faça a higienização das
mãos antes da colheita.

1.2. Colha as olerícolas da bancada

No sistema de bancadas NFT, as olerícolas serão colhidas e já embaladas na própria


bancada.

1.2.1. Colha as olerícolas

Para facilitar a colheita e evitar que as raízes das plantas colhidas possam pingar água
sobre as outras, é aconselhável fazer a colheita da parte de fora para o centro da bancada.

1.2.2. Faça a toalete das olerícolas colhidas

Retire as folhas danificadas, amareladas e mais velhas. Posteriormente, as partes


descartadas deverão ser descartadas em local adequado (ex.: compostagem) para que não
fiquem se decompondo e gerando possíveis pragas e doenças no ambiente.

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1.2.3. Coloque a olerícola na embalagem

Coloque a planta colhida no saco plástico, sendo que a quantidade de plantas colhidas para
encher um saquinho vai variar com o tipo de verdura e o tamanho da planta no momento
da colheita. Em geral: alfaces 1 a 2 pés – 2 orifícios colhidos, e Rúcula – 3 orifícios para se
montar um maço.

1.2.4. Coloque as olerícolas colhidas na caixa plástica (contentor)

As verduras devem ser colocadas sempre em pé, para que uma não amasse a outra. Evite
que o contentor fique em contato com o solo, o que pode contaminar as hortaliças.

1.2.5. Leve a caixa plástica (contentor) com as plantas colhidas para o local de armazenamento

Armazene os contentores sobre os pallets dentro da área arejada e protegida de calor e sol.

Dica:

Podem ser utilizados outros tipos de suporte ao invés de pallet para distanciar o contentor
do piso.

1.3. Encaminhe as olerícolas para comercialização

Após a colheita, as plantas devem chegar no máximo em 24 horas para o consumidor final.

Não há período de carência a ser respeitado pelos produtos aquapônicos, pois não se
utilizam produtos químicos (agrotóxicos) e os peixes são tratados por métodos alternativos
de controle.

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ATENÇÃO!!!
Todos os produtos comercializados deverão estar rotulados com as informações
solicitadas de acordo com a legislação vigente.

RÓTULO

A Instrução Normativa Conjunta nº 02/18 não define um formato padrão ou modelo


de rótulo, porém é obrigatória a rotulagem dos produtos e/ou de suas embalagens.

É exigida uma identificação, que pode ser feita por meio do uso de etiquetas, código
de barras, QR Code ou qualquer outro sistema que permita identificar as informações
de ORIGEM e DESTINO dos produtos, de forma única e inequívoca.

O produtor rural deve optar pelo método de identificação mais adequado às suas
condições, desde que garantidas as informações necessárias à rastreabilidade dos
produtos (ORIGEM e DESTINO).

Ele poderá elaborar a sua etiqueta e imprimi-la, atentando-se para que ela seja legível
e disposta na embalagem ou no produto, em local de fácil visualização.

* Informe Técnico – Depto Econômico da FAESP – Nº 02 – Outubro 2018

2. FAÇA A COLHEITA DOS PEIXES (DESPESCA)

A despesca consiste na retirada dos peixes do tanque. Deve ser feita de forma rápida e
com muito zelo, evitando o estresse dos peixes. Os peixes poderão ser destinados para
pesqueiros (peixe vivo) ou para o mercado consumidor (peixe abatido no gelo).

ATENÇÃO!!!
A colheita deverá ser feita nos períodos mais frescos do dia, evitando-se assim o
estresse do peixe, doenças e mortalidade.

2.1. Suspenda o arraçoamento

O arraçoamento (fornecimento de ração) deve ser suspenso 48 horas antes da despesca,


para que o trato digestivo do peixe se esvazie e o sabor desagradável (off-flavor) do peixe
desapareça, principalmente por causa das rações, algas e fungos.

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2.2. Desligue o sistema de recirculação e sistema de aeração

2.3. Retire os peixes do tanque com auxílio do puçá

2.4. Pese os peixes

2.5. Faça a contagem dos peixes

Ao colocar os peixes na sacola de transporte ou no gelo, deve-se proceder à contagem


dos peixes.

2.6. Anote o peso e a quantidade na ficha de controle

2.7. Destine o peixe para o mercado

Os peixes vivos são comercializados com os pesqueiros, alguns consumidores e até mesmo
com frigoríficos que preferem fazer a depuração em suas unidades. São transportados por
veículos especializados que contêm caixas de transporte de peixes e equipamentos para
aeração.

Os peixes comercializados abatidos são vendidos geralmente para revendedores como os


feirantes, consumidores ou frigoríficos. Os peixes após serem pesados deverão ser colocados
em uma caixa (tanque) com água, gelo e sal, onde sofrerão um choque térmico antes de
morrer. Após, serão colocados em caixas térmicas com gelo picado.

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IV - FAZER A LIMPEZA DO SISTEMA

Realizar a limpeza periódica das conexões do tanque (overflow), bancada após as colheitas,
decantador e clarificador é fundamental para a eficiência do processo produtivo das plantas
e peixes.

1. FAÇA A LIMPEZA DA BANCADA

Sugere-se que a limpeza da bancada seja realizada ao final de cada ciclo agrícola ou após
uma infestação/surto de praga ou doença que possa ocorrer.

A fim de facilitar o processo de limpeza e higienização dos tubos da bancada deve-se utilizar
preferencialmente água com alta pressão, para não ter que desmontar todos os tubos da
bancada.

1.1. Desvie o tubo da saída de água da bancada do tanque

É importante que a água da limpeza não retorne para o tanque de peixes.

1.1.1. Retire o tubo do coletor

1.1.2. Coloque outro tubo maior no coletor

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1.1.3. Desvie o tubo para fora do tanque

1.1.4. Conecte outro tubo ou mangueira no tubo do coletor até o local de descarte da água

1.3. Lave os tubos com água em alta pressão

1.3.1. Retire os tampões dos perfis

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Administração Regional do Estado de São Paulo 49


1.3.2. Lave os perfis

A mangueira deve percorrer todo o perfil.

1.3.3. Coloque os tampões nos perfis

1.4. Aplique um desinfetante nos perfis

Após limpar os tubos é necessário aplicar um desinfetante.

Há vários tipos de desinfetantes no mercado, sendo recomendada a utilização de produtos à


base de Peróxido de Hidrogênio (Água Oxigenada para uso agrícola - com alta concentração),
pois se trata de um ótimo desinfetante que age por oxidação nos microrganismos, matando-
os e deixando a área limpa.

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1.5. Retorne o cano da saída de água da bancada para o tanque

2. FAÇA A LIMPEZA DO OVERFLOW

2.1 Faça a limpeza do overflow

A cada 15 dias, faça a limpeza do overflow

2.1.1. Desconecte o overflow do tanque dos peixes

2.1.2. Faça a limpeza com auxílio de uma esponja e água corrente somente. Não utilize
qualquer tipo de produto químico (sabão, detergente, etc.).

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2.1.3. Encaixe novamente o overflow

3. FAÇA A LIMPEZA DO TANQUE DE PEIXES, DECANTADOR E FILTRO BIOLÓGICO

3.1 Faça a limpeza do tanque dos peixes

Após cada despesca, proceda à limpeza do tanque.

3.1.1. Desligue o abastecimento de água do tanque (caso não tenha feito durante a despesca)

3.1.2. Desligue a aeração do sistema

3.1.3. Retire o overflow

3.1.4. Retire toda a água do tanque usando o registro

3.1.5. Lave o tanque utilizando água com alta pressão

3.1.6. Desinfete o tanque

Deve-se consultar um técnico especializado para indicação do produto a ser utilizado e a


quantidade de acordo com o tamanho do tanque. Geralmente, a desinfecção é feita com
produtos à base de peróxido de hidrogênio ou uma solução de ácido acético.

3.1.7. Feche o registro

3.1.8. Instale novamente o overflow no tanque

3.1.9. Ligue o sistema de recirculação de água do tanque

3.1.10. Encha o tanque com água

3.1.11. Ligue o sistema de aeração do tanque

Após esses procedimentos, estaremos com o tanque pronto para um novo ciclo de engorda
de peixes.

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3.2 Faça a limpeza do decantador e filtro biológico

Para o perfeito funcionamento do sistema aquapônico é recomendada a limpeza dos sistemas


de retirada de resíduos pelo menos uma vez por mês ou quando se observa a redução da
vazão de água na caixa de captação da bomba.

Esta retirada de água é feita pelo registro. A água poderá ser descartada em áreas
de agricultura, pois a matéria orgânica já está inerte e servirá como adubo ou para a
compostagem.

4. FAÇA A LIMPEZA DO FILTRO DA BOMBA DE RECIRCULAÇÃO

Da mesma maneira que os tubos podem ser obstruídos pela formação de colônias de
bactérias, a bomba de recirculação também poderá ter sua vazão comprometida pelo mesmo
motivo. Mensalmente devemos proceder à limpeza da bomba para manter o equipamento
em bom funcionamento.

4.1. Desligue a bomba

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4.2. Remova o filtro da bomba

4.3. Remova a sujeira do filtro em água corrente

4.7. Instale novamente o filtro da bomba

4.8. Ligue a bomba

54 Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo


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Relação de Imagens

Figura 1 - Aquanature

Figura 2 - https://s3.amazonaws.com/satelital-resources/products/18758_0_f4401823-2003-
442d-a267-c78471038523_Big.jpg

Figura 3 - http://www.dutramaquinas.com.br/view/img/produtos/alta/43895_caixa_plastica_
para_hortifruti_55_x_34_mm.jpg

Figura 4 - https://http2.mlstatic.com/embalagens-para-verduras-alface-cx-com-4000-
33x17x30-D_NQ_NP_114505-MLB25030163443_092016-F.jpg

Figura 5 - http://www.solucoesindustriais.com.br/images/produtos/imagens_10313/p_
pallet_10313_43835_2.jpg

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