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Referencial Teórico
Conteudista/s
Aparecida Rangel (Conteudista, 2023).
Fernanda Castro (Conteudista, 2023).
Magaly Cabral (Conteudista, 2023).
Marielle Gonçalves (Conteudista, 2023).
Enap, 2023
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Módulo 1 – Educação museal: teorias e conceitos
Unidade 1 – Referências no campo teórico-conceitual e metodológico............ 6
Introdução.......................................................................................................................... 6
1.1 – Formação Integral.................................................................................................. 10
1.2 – Educadores viajantes: Bertha Lutz e José Valladares ........................................ 11
1.3 – Educação libertária e emancipação ..................................................................... 14
1.4 – A leitura do mundo: leitura de imagens e de objetos ....................................... 16
Referências.............................................................................................................. 97
Introdução
Para trabalhar com Educação Museal, é preciso definir o que se entende por educação
e qual a sua relação com a instituição museu, como a memória e o patrimônio devem
ser analisados e que tipo de diálogo é possível estabelecer entre esses conceitos
para que a comunicação com o público seja mais eficaz.
Assim, nossa empreitada torna-se mais árdua e mais instigante; nossas matérias-
primas conceituais nos impõem um exercício constante de aprimoramento e
Nesse vídeo, você pode ver uma síntese da PNEM e de seu processo de elaboração.
Além dele, algumas ideias presentes na obra de Paulo Freire que traduzem o sentido
do conteúdo da PNEM também serão apresentadas, bem como outros autores que
fazem parte da história do desenvolvimento teórico e metodológico do campo.
Antes de começarmos, porém, vamos pensar no que o museu significa para nós?
Agora que já explicitamos nossa visão de museu, vamos falar sobre outras concepções
que fundamentam a proposta de Educação Museal discutida no processo de
construção da Política Nacional de Educação Museal e que guiaram a elaboração
desse curso.
Outras formas de designação para a ideia de formação integral podem ser vistas
em diferentes autores e obras. Termos relacionados são: formação politécnica,
formação omnilateral, educação integral e formação completa.
Fonte: MRSJDR/IBRAM.
Nesse sentido, a obra de Freire pode ser compreendida como suporte para se
pensar a Educação Museal na realidade brasileira, pois, para esse autor, a educação
é um processo permanente de libertação, é uma forma de diálogo em que todos
são construtores de conhecimento e, nesse processo, não se pode separar o ser
humano do mundo e da sua realidade. Nessa mesma perspectiva, Freire afirma
que temos a capacidade de transformar nossa realidade, e a educação se reflete na
própria transformação e construção da história.
A educação entendida por esse viés deve ter algumas características específicas,
e o museu é um lugar em que esse processo se dá de maneira bastante peculiar.
Preocupa-se com o aprofundamento da tomada de consciência, sem se propor
a conscientizar. Para Freire, a consciência não se transmite, mas sim se constrói
coletivamente, é um processo que nasce do educando em sua relação com o mundo,
com a história e com os outros indivíduos.
A “conversa” entre os que veem o objeto – visitante e educador museal – pode ser
introduzida e estruturada de forma a estimular interesse, demonstrar relevância e
usar informação e experiências preexistentes. Ou seja, uma “conversa” dialógica,
que ouve e dá voz.
Nesse sentido, pensar que a leitura do mundo é sensível, ou seja, feita de experiências
visuais, táteis, olfativas, auditivas, gustativas e sentimentais, abre caminho para
pensarmos o papel do objeto e de uma educação estética a partir do museu. A
realidade dos museus nos coloca na situação de pensar formas de realizar uma
educação a partir do objeto, seja pela sua presença, seja pela sua ausência. Alguns
autores nos ajudam nessa tarefa.
Mário Pedrosa, que foi crítico de arte, também pensava como Paulo Freire. O autor
afirma que, antes de dar nome às coisas e aplicar-lhes significados conceituais, as
percebemos enquanto formas. O que isso significa?
Antes de saber que uma laranja é uma fruta que recebe esse nome, que um globo é
uma representação do planeta Terra que recebe esse nome, uma criança que está
aprendendo a falar e a conhecer as formas no mundo simplesmente chama todos
os objetos redondos que conhece pelo nome que lhe for familiar.
Uma laranja, um globo, um círculo desenhado, são todos “bola”, pois geralmente a
bola é o primeiro objeto redondo que lhe foi nomeado, ou o mais frequente com o
qual tem contato em suas experiências cotidianas.
Ana Mae Barbosa defende que a arte-educação nos prepara para desenvolver
sensibilidade e criatividade por meio da compreensão e produção artística. A partir
de seu pressuposto a autora ressalta o papel da imagem no ensino de artes, da
promoção da autoexpressão, da criatividade, da libertação e da educação estética,
entendendo o papel da arte-educação no desenvolvimento de um trabalho com
arte que estimule o pensar e o fazer artístico.
Fonte: MNBA/IBRAM
Fonte: MNBA/IBRAM
Introdução
Para os curiosos
Anísio Teixeira
Introdução
Antes disso, vários termos foram utilizados para designar a prática educativa nos
museus.
• Educação visual;
• Educação Patrimonial;
• Educação em museus;
• Animação cultural;
• Educação Permanente;
Visita mediada ao Museu de Arte Sacra dos Jesuítas, Embu das Artes/SP, 2012
Créditos: Angélica Brito Silva. Fonte: Museu de Arte Sacra dos Jesuítas
Veja também:
3.2 – Comunicação
Já é mais do que consenso que o museu pode ser concebido como meio de
comunicação e campo de educação. Afinal, o museu é espaço de relações entre os
seres humanos mediadas por um discurso que articula os bens culturais, a partir de
uma narrativa construída para ser compartilhada nas diferentes ações institucionais.
Extensão ou comunicação
Comunicar é educar?
De acordo com Chagas, a dimensão educativa do museu não se confunde com sua
função educativa. Lembra-nos de que, no âmbito dos estudos museológicos, são
reconhecidas para os museus três funções básicas: a preservação, a investigação e a
comunicação. Mas, ao afirmar que a educação aparece na definição do ICOM como
finalidade dos museus, entende que o museu tem uma função educativa.
Em termos práticos, podemos pensar da seguinte forma: quando uma criança entra
em um museu histórico, mesmo que não saiba ler, pode identificar personagens
históricos, pelas vestimentas que usa na representação de uma escultura, pela cena
contida em uma pintura, pela associação que faz com o imaginário e a experiência
que carrega consigo ao visitar o museu. Isso é um exemplo da dimensão educativa
que o museu tem. Não é necessário que um professor ou um educador museal
faça intervenções, a criança cria uma relação com os objetos a partir do seu próprio
olhar.
Como podemos ver, é importante, para quem atua na Educação Museal, conhecer
as propostas pedagógicas e suas correntes históricas.
Eles concluíram que, em uma visita, a experiência museal é moldada a partir de três
aspectos fundamentais: o contexto pessoal, o contexto social e o contexto físico em
que se inserem os visitantes, como descrito:
Fica a dica!
Grupo de idosos visitam o Museu de Arte de São Paulo (MASP), São Paulo/SP,
2012
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Essa expressão, porém, não tem uso habitual no Brasil, onde se usa mais a expressão
Ação Educativa para designar as ações realizadas na prática da Educação Museal.
No texto, as autoras afirmam que foi possível identificar que o termo é compreendido
e utilizado de formas distintas na América Latina, mas que o que há de comum é uma
tentativa de reconhecimento da função educativa dos museus e de fortalecimento
desse campo profissional entre as políticas públicas da área.
A ação cultural, podemos concluir, tem estreita relação com os processos educativos
museais, pois enseja uma forma de estar no mundo, produzindo e vivendo cultura
a partir dos museus, o que tem relação direta com o foco da Educação Museal: as
pessoas.
A Curadoria Educativa é então uma forma de propor uma nova perspectiva, que
apresenta uma nova relação entre o público e a arte, que coloca em questão a
estrutura, as ações e as relações entre museus e seus públicos. Questiona também
as funções da instituição e da própria arte, situando-a enquanto ação que deve
desenvolver uma consciência do olhar, ou seja, contribuir para uma experiência
estética que promova acesso à arte para diferentes públicos, de maneira a criar e
multiplicar identidades culturais.
A Curadoria Educativa é então uma nova visão sobre o papel da educação nos
museus, que a coloca no mesmo nível de suas outras funções e, ainda, no mesmo
nível da própria produção artística. Podemos fazer um paralelo entre museus de
artes e de outras tipologias de acervo e considerar que a Curadoria Educativa se
apresenta no mesmo nível de relevância dos demais processos museais e da própria
ciência no museu.
Para pensar
Créditos: https://museudoouro.museus.gov.br/museu-do-ouro-3d/
Fonte: https://www.instagram.com/p/B8UDMh-p1ce/
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Fonte: IBRAM
Mas afinal o que é pesquisa e qual a sua importância para a Educação Museal?
A pesquisa é a fonte na qual as outras funções encontram sua sustentação teórica. Ela
possibilita, por meio dos dados e das informações que aporta, o contínuo processo
de reestruturação e adequação do trabalho do museu às demandas da sociedade.
A pesquisa em Educação Museal deve ser a base para a elaboração dos programas,
dos projetos e das ações educativas dos museus e é também fundamental para
subsidiar e criar referências para os processos formativos no campo da Educação
Museal, sejam eles realizados no âmbito universitário, em cursos de extensão,
graduação e pós-graduação; ou no âmbito museal, em cursos livres, de pós-
graduação, técnicos etc.
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Estudo(s) de públicos: conceitos básicos
Sobre o objeto das pesquisas de público, pode-se delinear, para esses fins, dois
casos principais: (1) as pesquisas gerais, que traduzem um perfil de público que
frequenta o museu; e (2) as pesquisas do público atendido em programas, projetos
e ações educativas, que indicam o perfil e demandas pedagógicas específicas do
Pode-se ainda pensar em dois tipos de pesquisa: (1) a pesquisa de perfil de público,
que diz quem vai e quem não vai aos museus; e (2) as pesquisas de opinião, que
dizem o que pensam e o que querem os visitantes que frequentam o museu. A
partir dos resultados das pesquisas de público, pode-se empreender ações para
“sanar” os problemas que são apontados pelos visitantes.
1. sua origem geográfica, que indica o tempo de percurso até o museu, por
exemplo;
2. classe social, que pode dar indícios de sua condição social, por vezes
relacionando-se com o nível de escolaridade dos diversos públicos, a
partir do cruzamento de informações;
Essas informações podem ser obtidas por meio de um primeiro instrumento a ser
utilizado para realizar uma investigação e avaliação: o livro de assinaturas do museu.
Normalmente, esse livro contém os seguintes dados: nº, data, nome, procedência.
Podem-se ampliar esses dados, solicitando idade, profissão, escolaridade etc., e
principalmente é importante saber de que bairro/localidade da cidade o visitante
vem.
Fica a dica!
Data:
Nome:
Gênero:
Bairro:
Escolaridade:
Profissão:
Idade:
É a 1a visita ao museu?
http://ppgdc.coc.fiocruz.br/images/dissertacoes/dissertacao_
kamylla.pdf
É importante frisar que, quando se descobre quem visita o museu, pode-se saber
também quem são os que não o visitam.
Há alguns artigos que discutem essa questão e nos alertam para a necessidade
de incluirmos os funcionários das instituições – equipes terceirizadas, bolsistas,
estagiários e mesmos os efetivos, pois muitas vezes não participam das atividades,
sobretudo em instituições de grande porte – entre o público-alvo das ações
empreendidas.
Quanto ao terceiro público, o não visitante, uma forma de descobrir quem pertence
a ele pode ser comparar dados de pesquisas censitárias, por exemplo, que nos
dizem percentuais de homens e mulheres, de faixa etária e de renda, escolaridade
etc., com os dados que coletamos dos visitantes dos museus. Dessa forma é possível
identificar disparidades e ausências e criar programas que definam prioridades
entre os públicos recebidos e programas que busquem atrair ou dar condições de
frequência aos públicos não visitantes.
https://www.agenciabrasilia.df.gov.br/2017/05/18/museu-da-
limpeza-urbana-expoe-na-rodoviaria-do-plano-piloto/
http://www.museudavida.fiocruz.br/index.php/exposicoes-
itinerantes
http://www.noap.ufba.br/
http://www.redezoo.ufba.br/
https://www.instagram.com/p/CFHwEzjpNcT/?igshid=cz76xdlmr
yvs
https://linktr.ee/MuseuDeArteDoRio
https://www.youtube.com/playlist?list=PLBjOryZaSopqnIVTDj
3oPD_s0LGqbdK7C
Há, ainda, um público não visitante a ser considerado, apesar de ser um público
escolar: os alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos), que estudam à noite,
quando o museu está fechado. Por que não pensar em abri-lo eventualmente, em
dias fixos, ou mediante agendamento, para receber esses alunos?
Uma forma simples e eficaz de avaliar as ações são as reuniões de equipe, nas quais
também participem as equipes de apoio que, em geral, lidam diretamente com o
público. Estas podem relatar a reação e os comentários dos visitantes às propostas
em curso, mas para isso é importante que essas equipes recebam a atenção
necessária e estejam cientes dos objetivos dos projetos existentes.
Como uma forma de implementar a PNEM, o Museu Histórico Nacional realizou ações
a fim de pensar sua metodologia de avaliação de forma sistemática. Daí derivou
um curso online que é oferecido pela instituição e que também desenvolveu-se em
um webinário com o tema “Planejamento, registro e avaliação de ações educativas
museais”, que pode ser assistido aqui.
Assim, se a proposta é que a pesquisa seja realizada com rigor científico, ou seja, com
fundamentação teórica, a partir de estudos de público e avaliação, nessa terceira
linha estamos pensando no educador museal como um profissional que traz para
suas reflexões um suporte científico. Ele busca as contribuições das diversas áreas
do conhecimento relacionadas ao tipo de museu em que atua (História, Arte, Biologia
etc.), das áreas do conhecimento que dialogam com o âmbito educativo (Pedagogia,
Psicologia, Sociologia etc.) e das disciplinas concernentes à própria Museologia e,
a partir delas e da sua prática, produz novos conhecimentos na área da Educação
Museal.
http://200.144.255.59/catalogo_eletronico/consultaUnidades
Logicas.asp?Tipo_Unidade_Logica_Codigo=20&Setor_Codigo=1&
Acervo_Codigo=44&Numero_Documentos=.
O ser humano, admirador do objeto, que vai ao museu e relaciona-se com ele, o
faz dentro de um contexto. Na consideração do contexto, também entendido aqui
como a situação e as condições (espaço-tempo) em que se dá a experiência museal,
Rússio alerta para o fato de que se deve pensar em alguns elementos relacionais: “(a)
a “relação” em si mesma; (b) o homem que a conhece; (c) o objeto a ser conhecido;
(d) o museu”.
Isso leva a pensar que cada museu que mantém relações com públicos determinados
contempla um contexto específico, tem um acervo único, está inserido num território
com história, dinâmica e relações afetivas próprias, ou seja, cada um terá uma
demanda também particular.
Aqui são apresentadas algumas delas, buscando uma relação com conteúdos
teóricos afinados com a PNEM e algumas pesquisas elaboradas tanto no âmbito
acadêmico, nas universidades, quanto no próprio espaço museal.
Ela nos diz que, mais recentemente, a ideia de formar educadores museais é
retomada pela Política Nacional de Museus, assim como por seu desdobramento,
a Política Nacional de Educação Museal, cujo segundo eixo trata das questões de
pesquisa, formação e profissionalização da área.
Ah! Fique de olho também nos eventos acadêmicos, nos Fóruns Nacionais de Museus
e nos eventos profissionais da área; às vezes são oferecidos minicursos, seminários
e palestras, que são sempre uma boa oportunidade de formação!
• De Magaly Oliveira Cabral Santos: Lições das coisas (ou Canteiro de obras).
Rio de Janeiro: DE/PUC, 1997.
Para os curiosos
https://www.museothyssen.org/thyssenmultimedia/leccion-
arte.
https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/193846/00109281
1.pdf?sequence=1&isAllowed=y.
Mörch atenta para o fato de que, quanto mais presentes se tornam os discursos
desconstrutivo e transformador, mais tensões se manifestam dentro das instituições
e mais conflitos aparecem entre seus profissionais, gestores e o público. E que cada
um dos discursos se baseia em conceitos de educação distintos, isto é, considerando
o que a educação representa, como funciona e a quem se dirige.
Depois de definidos, como trabalhar com objetos geradores? Para o autor, uma
possibilidade seria a de estabelecer relações entre os objetos geradores e outros
objetos que fazem parte da experiência dos educandos. Dá-se assim visibilidade
para a complexidade dos objetos e para as ligações que possuem com o tempo
presente, como relacionar o relógio com o copo descartável, exemplifica Ramos,
quando se fala do tempo de vida humano e do tempo de deterioração do plástico
no meio ambiente, destacando seu impacto para a sociedade e na natureza.
Fica a dica!
Manifesto do Museu
Em síntese, a proposta hands-on, minds-on propõe que, por meio da interação com
objetos, cenários, pessoas etc., em ações educativas e de divulgação científica, os
visitantes apropriem-se melhor de conteúdos e ideias, por meio da participação
e experiência. Dizem os autores que a interatividade hands-on, minds-on fez
desenvolver-se o conceito da interatividade hearts-on, no qual o envolvimento do
visitante é estimulado por meio das emoções e de outras sensações. E, ainda, a
observação do público nos museus mostrou outra face da interatividade, a social-on.
Créditos: Eveline Bergamini. Fonte: Museu Histórico e Pedagógico Dr. Washington Luís
Destacam ainda que é possível que essa metodologia considere que o visitante seja
um mero depositário de informações.
A proposta dos autores leva a pensar em ações educativas que, quando mediadas
ou integradas a grandes aparatos tecnológicos, tenham-nos como meio e não
como fim, sempre buscando a valorização dos profissionais de Educação Museal
envolvidos na concepção, no planejamento, na execução e na avaliação das ações
educativas museais.
Mais do que um passo a passo sobre como trabalhar com a obra de arte, a Proposta
Triangular sugere ações necessárias para uma compreensão do contexto de
produção artística que permita a realização de processos educativos criativos, ou
seja, para que o ato de educar ultrapasse a mera passagem de conteúdos e alcance
uma síntese produtiva.
Veja o que Ana Mae Barbosa tem a nos dizer sobre arte!
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“Arte não se ensina; contamina-se pela arte”
Mas para que serve categorizar os visitantes no que diz respeito ao seu tipo de
relação com a obra de arte e seus estágios de leitura?
Uma das ações já realizadas nesse sentido, por exemplo, consistiu em deixar
distribuídos em exposições livros com perguntas sobre os objetos expostos. Ao
mesmo tempo que é uma ação em si, essa atividade permite traçar um perfil de
público visitante que pode contribuir para se pensar em ações voltadas para públicos
cativos ou mesmo para não públicos.
Ações semelhantes podem nos ajudar até mesmo a pensar em novas categorias de
identificação do público, pensando um perfil mais adequado a realidades nacional
e locais, aos públicos que recebemos e às culturas presentes em nosso território.
http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.457.
7554&rep=rep1&type=pdf.
Para compreender melhor esse cenário, desenvolveram alguns conceitos que nos
auxiliam a pensar na visita educativa a museus como um processo que precisa de
planejamento, avaliação e adaptação ao contexto e às necessidades dos visitantes.
A educadora portuguesa Susana Gomes da Silva nos apresenta o conceito de Falk
e Dierking quando aponta que a experiência museal é entendida como o conjunto
total de aprendizagens, emoções, sensações e vivências experimentadas por meio
da interação com os objetos, as ideias, os conceitos, os discursos e os espaços dos
museus e ocorre na interseção de três contextos fundamentais: o pessoal, o social
e o físico.
Fechamento
Agora que chegamos até aqui, esperamos que as leituras e atividades propostas
tenham sido proveitosas.
Boa jornada!
Referências
Artigos
ALVES, Nilda. A compreensão de políticas nas pesquisas com os cotidianos: para
além dos processos de regulação. Educação & Sociedade, Campinas, CEDES, v. 31, n.
113, p. 195-212, out./dez. 2010.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano – artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 2014.
_____. The eye of the beholder: Measuring aesthetic development. Harvard University
Graduate School of Education Thesis, UMI number 8320170, 1983.
MARTI, Frieda; SANTOS, Edméa. Educação Museal online: a Educação Museal na/com
a cibercultura. Revista Docência e Cibercultura, v. 3, n. 2, maio-ago. 2019. Disponível
em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/re-doc/article/view/44589. Acesso
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MARTINS, Luciana Martins; AIDAR, Gabriela. Ação cultural nos museus: o que
pensam profissionais e pesquisadores na Contexto latino-americano? Revista ICOM
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gLOiMfKe7cOBBAFWINIvPTmoAy/view. Acesso em: 9 mar. 2023.
SILVA, Susana Gomes da. Enquadramento teórico para uma prática educativa nos
SILVA, Susana Gomes da. Enquadramento teórico para uma prática educativa nos
museus. Serviços educativos na cultura. Porto: Setepés, 2007. p. 57-66. Disponível
em: https://pt.slideshare.net/JDLIMA/coleco-pblicos-servios-educativos. Acesso em:
15 mar. 2023.
Teses e dissertações
PEREIRA, Marcelle. Educação museal: entre dimensões e funções educativas: a
trajetória da 5ª Seção de Assistência ao Ensino de História Natural do Museu
Nacional. 2010. Dissertação (Mestrado em Museologia e Patrimônio) – Centro de
Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/
Museu de Astronomia e Ciências Afins, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: http://
www.unirio.br/ppg-pmus/copy_of_marcele_regina_nogueira_pereira.pdf. Acesso
em: 9 mar. 2023.
Documentos e leis
IBRAM. Documento Final da PNEM. Brasília: IBRAM, 2017. Disponível em: https://
pnem.museus.gov.br/wp-content/uploads/2012/08/Pol%C3%ADtica-Nacional-de-
Educa%C3%A7%C3%A3o-Museal.pdf. Acesso em: 9 mar. 2023.
Sites
Sonia Regina fala sobre Educação Patrimonial
ARANTES, Otília (org.). Forma e Percepção Estética – textos escolhidos II. São Paulo:
Edusp, 1996.
FALK, John H.; DIERKING, Lynn D. The museum experience. Washington: Whalesback
Books, 1998.
FREIRE, Paulo. Ação cultural para liberdade. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1981.
IPHAN. Dossiê – CECA Brasil. Musas – Revista Brasileira de Museus e Museologia, Rio
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MAGALHÃES, Aloísio. E Triunfo? A questão dos bens culturais no Brasil. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira; Brasília: Fundação Pró Memória, 1985.