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POLITÉCNICO

DO PORTO
ESCOLA
SUPERIOR
DE TECNOLOGIA E
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POLITÉCNICO DO PORTO
ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO

RELAÇÃO JURÍDICA

Conceito e elementos
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Relação Jurídica Situação Jurídica

Noção de Situação Jurídica:


É a posição em que um sujeito jurídico se
encontra perante o Direito.

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Noção de Relação Jurídica:

1 – em sentido amplo


Relação jurídica é toda e qualquer
relação da vida social disciplinada pelo
Direito, isto é, juridicamente relevante.
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Noção de Relação Jurídica:

2 – em sentido restrito

Relação jurídica é a relação da vida


social disciplinada pelo Direito,
mediante a atribuição a um sujeito de
um direito subjetivo e a imposição a
outro de um dever jurídico ou de uma
sujeição. 5
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A Relação Jurídica

Distingue-se:
1 – Relação Jurídica Abstrata
É uma relação jurídica definida em termos
genéricos que pode ser aplicada a uma
infinidade de casos da mesma natureza .
2 – Relação Jurídica Concreta
É a relação jurídica efetivamente constituída,
entre pessoas determinadas, sobre um objeto
determinado e procedendo de um facto
jurídico determinado. 6
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A Relação Jurídica tem:


- Estrutura Externa – constituída por
quatro elementos: os sujeitos, o objeto, o
facto jurídico e a garantia;

- Estrutura Interna – constituída pela vinculação


entre os seus sujeitos (ativo e passivo);

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Elementos da Relação Jurídica:


(Estrutura Externa)

I – Sujeitos;
II – Objecto;

III – Facto Jurídico;

IV – Garantia;
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Exemplo: Carlos vendeu a João uma


propriedade rústica. Estabeleceu-se, assim,
entre ambos uma relação jurídica em que se
distinguem os seguintes elementos:
Sujeitos – Carlos e João;
Objeto – A propriedade rústica;
Facto jurídico – O contrato de compra e
venda;
Garantia – A faculdade que cada um dos
sujeitos dispõe de recorrer ao tribunal para
obrigar o outro a cumprir a sua obrigação em
caso de recusa; 9
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I – Sujeitos da Relação Jurídica:



São as pessoas entre as quais a Relação
Jurídica se estabelece.
São os titulares do Direito subjetivo e das
posições passivas correspondentes – dever
jurídico ou sujeição.
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A Relação Jurídica

Isto é:
São as entidades suscetíveis de serem
titulares de relações jurídicas;

Em qualquer dos lados do vínculo pode haver


unicidade ou pluralidade de sujeitos; E estes
podem ser pessoas singulares ou pessoas
colectivas.

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A Relação Jurídica

Exemplo 1:
A e B são comproprietários de determinado
prédio arrendado a X,Y e Z;

- Na relação jurídica estabelecida os sujeitos


são constituídos por mais de uma pessoa
singular;

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Exemplo 2:
A empresa X é proprietária de um prédio
rústico arrendado à empresa Y;

- Na relação jurídica estabelecida os sujeitos


são constituídos por uma única pessoa
colectiva;

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A Relação Jurídica

Todo o sujeito de relações jurídicas tem de


ser pessoa em sentido jurídico e é pessoa
em sentido jurídico, ....
... Todo o ente que tem personalidade
jurídica.

Personalidade jurídica = é a suscetibilidade


de ser titular de direitos e obrigações. – artigo
66.º CC (pessoa singular) – artigo 158.º CC
(pessoa coletiva)
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Capacidade jurídica = consiste na


possibilidade de as pessoas (jurídicas)
serem sujeitos ativos ou passivos de
relações jurídicas, quando a lei o não
proíba.

Art. 67.º C.C. – “As pessoas podem ser


sujeitos de quaisquer relações jurídicas,
salvo disposição legal em contrário: nisto
consiste a sua capacidade jurídica”.
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II – Objeto da Relação Jurídica:


É tudo aquilo sobre que incidem os poderes
do titular activo da relação jurídica.

O que é que pode ser objeto de relações


jurídicas?

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Concretizações de Objetos da relação


jurídica:
a) Pessoas
As pessoas só podem ser objeto da relação
jurídica nos denominados poderes-deveres ou
poderes funcionais;

Ex: O poder paternal – arts. 1878º, 1881º, 1886º e 1887º


do CC;
O poder tutelar – art. 1935º do CC;
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Os direitos inseridos no poder paternal ou no


poder tutelar não conferem qualquer domínio
sobre a pessoa do filho ou do pupilo, no interesse
dos pais ou do tutor.

São meramente direitos que conferem poderes


destinados a habilitarem os pais e os tutores ao
cumprimento dos deveres que lhes são impostos
por lei.
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b) Prestações

Denomina-se prestação à conduta a que o


devedor está obrigado.
p.ex: nos direitos de crédito, o objeto não é
rigorosamente uma coisa, mas sim o comportamento do
devedor.

Princípio Geral - Art. 762.º do C.C.

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c) Coisas Corpóreas

São as coisas físicas, isto é, aquelas que podem


ser apreendidas pelos sentidos.

Art. 202.º CC – (Noção) – 1 – “Diz-se coisa


tudo aquilo que pode ser objeto de relações
jurídicas”.

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d) Coisas Incorpóreas
São valores da natureza que não podem ser
apreendidos pelos sentidos. São concebidos
apenas pelo espírito, entre os quais
compreendemos fundamentalmente os bens
intelectuais.
O objeto dos “direitos de autor” é a respetiva obra
na sua forma ideal e não as coisas materiais que
constituem a sua corporização exterior, como o
livro, o filme, etc… 21
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III – Os Factos Jurídicos:


Facto Jurídico = é o evento juridicamente
relevante, isto é, suscetível de produzir efeitos de
direito.

Tais efeitos traduzem-se sempre na constituição,


modificação ou extinção de uma situação jurídica.

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Classificação dos Factos Jurídicos:

- Factos jurídicos involuntários (ou naturais)


e
- Factos jurídicos voluntários (ou atos jurídicos)

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Factos jurídicos involuntários ou naturais são


estranhos e independentes da vontade (factos
naturais). São puramente obra da natureza,
embora possam verificar-se no próprio Homem,
como o nascimento e a morte.

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Factos jurídicos voluntários ou atos jurídicos são


manifestações de vontade, quer do sujeito, quer
de quem o represente, com relevância jurídica.

Classificam-se em …
- Atos jurídicos lícitos
e
- Atos jurídicos ilícitos
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Atos jurídicos lícitos – são aqueles que estão em


conformidade com a ordem jurídica;

Exemplos: casamento, doação, mútuo, …

Atos jurídicos ilícitos – são os que contrariam a Ordem


Jurídica e implicam uma sanção para o seu autor;

Exemplos: homicídio, furto, …

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Os factos jurídicos voluntários ou atos jurídicos lícitos


podem classificar-se em:

Negócios Jurídicos

Simples Atos Jurídicos

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Negócios Jurídicos – são os factos jurídicos voluntários


constituídos por uma ou mais manifestações de vontade,
destinadas a produzir intencionalmente efeitos jurídicos.

Exemplos: O casamento, a locação, etc…

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Simples Atos Jurídicos – são factos jurídicos


voluntários, cujos efeitos jurídicos, embora
eventualmente concordantes com a vontade dos seus
autores, não são todavia determinados pelo conteúdo
desta vontade, mas direta e imperativamente pela lei.

Exemplo: Com a criação de uma obra adquirem-se


direitos de autor, mesmo que não tenha sido essa a
intenção do artista. 29
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Os atos jurídicos ilícitos podem classificar-se em:

Dolosos – quando existe por parte do indivíduo o


propósito de fazer mal, ou de prejudicar.
Ex: furto, injúrias, difamação;

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Os atos jurídicos ilícitos podem classificar-se em:

Meramente Culposos – quando o indivíduo não prevê o


resultado – não há dolo -, mas houve imprudência ou
negligência, que lhe conferem culpa.

Ex: Um acidente de viação provocado por um condutor


que não respeita o sinal vermelho devido a distração.

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Os Negócios Jurídicos podem classificar-se em :

- Unilaterais

- Bilaterais, ou

- Plurilaterais,
ou Contratos
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Negócios Jurídicos Unilaterais:

- Há uma só declaração de vontade ou várias


declarações de vontade, mas paralelas,
formando um só grupo. Se tivermos em conta os
autores das declarações, verificaremos que só há
um lado, isto é, há uma só parte.
Exemplos: O testamento (arts. 2179.º sgs CC, a
denúncia do contrato de arrendamento, etc…)
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Negócios Jurídicos Bilaterais ou Plurilaterais, ou


Contratos:
- Há duas ou mais declarações de vontade, com
conteúdos diversos e até opostos, mas que se
harmonizam ou conciliam reciprocamente, com
vista à produção de um resultado jurídico
unitário, embora com um significado diferente
para cada uma das partes.

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Nos Contratos podemos distinguir ainda:

Contratos Unilaterais – como por exemplo, a


doação, geram obrigações apenas para uma das
partes - (art. 940.º CC).

Contratos Bilaterais – há obrigações para


ambas as partes da relação jurídica.

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Contratos Bilaterais Sinalagmáticos:

Ambas as partes contraem obrigações, que estão


ligadas entre si por um nexo de causalidade.

Exemplo: Compra e venda (art.874.ºCC),


Empreitada (art. 1207.º CC)

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IV – A Garantia

É o conjunto das providências coercitivas, postas


à disposição do titular ativo de uma relação
jurídica, em ordem a obter satisfação do seu
direito, lesado por um obrigado que o infringiu ou
ameaça infringir.

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Em caso de infração, ou para impedir uma


violação receada …

o titular ativo da relação jurídica põe em


movimento o aparelho sancionatório estadual
para reintegrar a situação correspondente ao seu
direito.

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Então a Garantia destina-se a:

Dar efetividade aos poderes do titular do direito


subjetivo permitindo a esse titular fazer valer o
seu direito mesmo que o obrigado não queira
cumprir espontaneamente.

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