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As Fontes do Direito

O direito é essencialmente constituído por transformações das regras do direito. São


normas jurídicas que regulam as condutas constituídas pelos fatos sociais, pelos
humanas. Conforme já foi referido o Direito problemas que emergem na sociedade e que
encontra-se em permanente evolução, quer são condicionados pela moral, economia,
adaptando-se as modificações sociais quer geografia.
em harmonia com a própria dinâmica
Ex: O turismo; acidentes, em que existe a
interna.
regulamentação da sua prática
A legislação surge assim como um facto
Sentido Histórico
progressivo, isto é, procura a cada momento
adaptar-se e responder as exigências da Em sentido Histórico, são fontes do Direito as
evolução social e económica, pelo que nos origens históricas de um sistema jurídico e as
deparamos com a intervenção do Direito em influências que sobre ele se exercem.
imensos campos.
Ex: O Direito Romano é a fonte do Direito
Os vários sentidos da expressão “Fontes do Português
Direito”
Sentido Político-Orgânico
A ordem jurídica é uma realidade histórica
que se exprime por normas jurídicas. Em sentido Politico-Orgânico São fontes do
Importa saber como e onde nascem, como se Direito os órgãos políticos que, em cada
formam e revelam essas normas. A sociedade, estão incumbidos de emanar
expressão “Fontes do Direito” tem sido ordens jurídicas.
utilizada por vários autores em diversos Ex: Na sociedade Portuguesa:
sentidos, entre os quais se salientam:
- A assembleia da República- artigo 161º, da
 Ø sentido sociológico-material C.R.P
Ø sentido histórico -O governo- artigo 198º da C.R.P
Ø sentido instrumental Sentido Instrumental
Ø sentido político-orgânico Em sentido Instrumental, são fontes do
Direito os diplomas ou monumentos
Ø sentido técnico-jurídico
legislativos que contêm as normas jurídicas

Ex:
Em sentido Sociológico-material
- A lei das doze tábuas (A Lei das Doze
São Fontes do Direito Todos os fatores ou Tábuas foi um conjunto de leis elaboradas no
circunstancialismo social que estiveram na período da República romana, por pressão
origem de uma determinada norma jurídica, dos plebeus. Ali estavam escritas as leis que
isto é, o estudo filosófico ou sociológico dos determinavam como deveriam ser os
motivos éticos ou dos fatos econômicos que julgamentos, as punições etc)
condicionam o aparecimento e as
- O Código de Hamurabi Síntese:
(O Código de Hamurabi foi o
primeiro código de leis da história e vigorou
na Mesopotâmia) Fontes do Direito

- Constituição da República Portuguesa

- Código Penal

Fontes imediatas Fontes mediatas

Sentido Técnico -Jurídico

Em sentido Técnico-Jurídico, são fontes do


Direito os modos de formação e revelação Lei Costume
das normas jurídicas. Evidencia-se a maneira
como é criada e se manifesta socialmente a Normas Cooperativas Jurisprudência
norma jurídica. Na ciência do Direito assume
particular relevância, designando-se assim os
vários modos de formação e revelação das
Lei Doutrina
regras jurídicas.Neste sentido, são
consideradas fontes do direito:
 Como decorre do n.º 2, do artigo 1.º
 Ø A lei e as Noemas cooperativas do Código Civil são leis «todas as
disposições genéricas provindas dos
Ø O costume órgãos estaduais competentes…».
Ø A jurisprudência  Observar as formas previstas para
Ø A doutrina essa atividade

Entre estas fontes geralmente distingue-se:  Introduzir um preceito genérico

Fontes imediatas do Direito Segundo alguns autores lei “ é toda a norma


escrita proveniente dos órgão estaduais
competentes”. Contudo não se devem
confundir as normas jurídicas.
As que têm força vinculativa própria, sendo,
portanto, verdadeiros modos de produção do Assim “nem toda a lei contem Direito pois o
Direito fim da lei é ordenar a vida da comunidade e
não especificamente a criação do Direito”

Então podemos considerar que a lei é


Fontes mediatas do Direito
portadora de 2 sentidos:

Lei em sentido formal- é todo o ato


Não tendo força vinculativa própria, são, normativo emanado de um órgão com
contudo, importantes pelo modo como competência legislativa, quer contenha ou
influenciam o processo de formação e não uma verdadeira regra jurídica exigindo-se
revelação da norma jurídica que se revista das formalidades relativas a
essa competência, como as leis da assembleia Nos termos do artigo 167ºda C.R.P, esta
da república ou os decretos-lei do governo apresentação pode ser efetuada pelas
entidades que têm a iniciativa legislativa
Lei em sentido material- Todo o ato
normativo emanado de um órgão com 1º- Iniciativa legislativa (artigo 167ºda C.R.P)
competência legislativa, quer contenha ou
2º- Discussão e votação (artigo 168º da C.R.P)
não uma verdadeira regra jurídica.
3º-Promulgação e Referenda (arts. 134º, 136º,
Exemplo: as leis da Assembleia da República,
140º da C.R.P)
os decretos-lei do Governo. Todo o ato
normativo emanado de um órgão do Estado 4º Publicação (artigos 134º, 139º, 119º da
mesmo que não incumbido da função C.R.P)
legislativa, desde que contenha uma
verdadeira regra jurídica. Exemplo: uma
postura de uma Câmara Municipal. Processo da formação das leis da
Por fim a lei também pode ser distinguida em: assembleia da republica

Sentido Amplo- abrange toda e qualquer Este processo inicia-se com a apresentação do
norma jurídica texto sobre o qual se pretende que a
assembleia da república se pronuncie.
Sentido Restrito – Compreende apenas os
diplomas emanados da assembleia da Esta apresentação pode ser efetuada pelas
república entidades que têm iniciativa legislativa

 Deputados- alínea b artigo 156º CRP,


tomando o texto designado projeto
de lei

 Grupos parlamentares-alinea g noº1


do artigo 180º CRP, tomando o texto a
designação projeto de lei

Processo de elaboração da lei  Governo- alínea d do nº1 do artigo


Assembleia da República 197º CRP, tomando o texto a
designação proposta de lei
O processo de elaboração dos atos legislativos
não é uniforme, variando em função de  Grupos de cidadãos eleitores- artigo
diversos fatores, sendo que cada órgão 167º da CRP
dotado de competência legislativa tem o seu
 Assembleias Legislativas Regionais-
modo próprio de agir na feitura das leis.
tomando o texto a designação de
propostas de lei, alínea f do nº1 do
artigo 227º da CRP
Este processo inicia-se com a apresentação do
texto, sobre o qual se pretende que a
Assembleia da República se prenuncie.
Etapas da aprovação
Apresentado a assembleia da república o
texto é por esta discutido e votado na
generalidade, passando-se depois a discussão Apos a promulgação o documento é remetido
na especialidade, isto é, a discussão de cada ao governo para a referenda ministral.5
preceito1 contido no texto, podendo os
De seguida o diploma é enviado para a
deputados apresentar propostas de emenda
publicação do Diário da Republica 1ª serie,
em relação a cada um deles.
entrando em vigor ( ir ver artigo)
Através da votação na especialidade fixa-se o
conteúdo do preceito, optando pelo texto
original ou pela emenda, procedendo-se
posteriormente a votação final global.

O texto deste modo aprovado, é enviado sob a


forma de decreto para o presidente da
república o promulgar2.

O presidente poderá não promulgar o


diploma e exercer o direito ao veto3.. Neste
caso o presidente da república devera solicitar
uma nova apreciação do diploma à
assembleia da república.

Promulgação- é uma etapa essencial em


todo o processo legislativo visto que só apos
esta o texto toma a designação de lei, e na
falta desta implica a inexistência jurídica do
ato 4

1
Regra de proceder.

Doutrina; norma; prescrição; ordem.

2
Publicar ou mandar publicar uma lei com todos os re
quisitos necessários para a tornar executória, isto é o
ato através do qual o presidente da república faz
saber que o diploma em causa foi elaborado pelo
órgão com competência para o efeito e passa a valer
como lei
3
Veto (proibir, vedar, não sancionar), em Direito, é a
oposição de um órgão, pessoa ou autoridade, que
possui esta competência, a uma deliberação válida
emanada de outrem, o que impede que esta
deliberação produza efeitos jurídicos.
4
consiste num valor negativo de um
ato jurídico público traduzido na total inaptidão do
mesmo ato para produzir quaisquer efeitos jurídicos, existência
pelo facto de lhe faltarem os requisitos mais
5
elementares de identificação e de imputação à Assinatura do ministro, depois do chefe do Estado,
vontade de um órgão público. O direito não atribui um decreto ou carta de lei para que possa ter
qualquer efeito e nem sequer reconhece a sua execução.
Processo legislativo Do Governo Estes períodos são necessários para que os
cidadãos tomem conhecimento das leis. O
O Governo tem competência para fazer legislador pode fazer com que a lei entre em
decretos-lei. Estas têm de cumprir vigor na data de publicação quando se tratar
diretamente o que está previsto na de uma lei muito importante (caso urgente).
constituição, a indicação de que essa consulta
da constituição foi realizada deve estar
expressa no texto do diploma publicado no
Formas de cessação da vigência da lei
Diário da República.
(artigo 7º do CC)
Esta competência legislativa pode ser:
Caducidade, é quando a lei deixa de estar em
 Própria do governo
vigor, cessa, e não é substituída por outra.
 Pode resultar de autorizações Factos que podem levar á caducidade da lei:
legislativas concedidas pela
1.º Caso da lei temporária, a lei foi criada
assembleia da república
apenas para vigorar certo período, é o próprio
O texto proposto pode ser aprovado por: diploma que diz qual a data que deixa de
vigorar; a própria lei fixa o prazo pelo qual
 Em conselho de ministros está em vigor
 Submetido a assinaturas sucessivas 2.º Resultante da clausula expresso pelo
do 1º Ministro e de cada ministro legislador na própria lei que esta só se
competente manterá em vigor durante uma determinada
Depois da aprovação segue-se a promulgação, situação Ex.: durante uma guerra
reverenda e a publicação no Diário da 3.º Quando há uma lei que regula certa
República. realidade, e quando essa realidade deixa de
existir, a lei torna-se inútil. Ex.: uma lei que
protegesse os dinossauros.
Vigência da lei
(nº2 do artigo 119º da CRP)
Revogação, pressupõe a entrada em vigor de
1.º Publicação, a lei só se torna obrigatória de uma nova lei em substituição da lei já
pois de publicada no Diário da República; existente, ou seja, trata-se de uma nova
manifestação de vontade do legislador
2.º “Vacatio-legis”, é o tempo que decorre
contraria à de antes
entre a data de publicação e a data de entrada
em vigor:  Expressa -a nova lei diz textualmente
a) No Continente a lei ou decreto-lei entra em que a lei existente está revogada.
vigor no 5.º dia após publicação;  Tácita- se existir incompatibilidade
b) Nos Arquipélagos a lei ou decreto-lei entra entre as novas normas e as antigas
em vigor no 15.º dia após publicação;  Total ou abrogação- a nova lei vem
c) No estrangeiro a lei ou decreto-lei entra em substituir na totalidade a lei anterior.
vigor no 30.º dia após publicação.
 Parcial ou derrogação- a nova lei mediata pois é a lei que define se o Costume é
vem substituir apenas alguns aspetos válido ou não. Ex.: as touradas.
da lei anterior.
Material (ou corpus) – prática reiterada,
CADUCIDADE≠REVOGAÇÃO constante e habitual, de certa duração, de
um determinado padrão de conduta em que
A Revogação resulta de uma nova lei está implícito uma norma.
contendo expressamente o afastamento da
primeira. A Caducidade dá-se Psicológico ou espiritual (ou animus) –
independentemente da nova lei. convicção de se estar a obedecer a uma regra
geral, abstrata e obrigatória.
Hierarquia das leis
1. Constituição

2. Convenções internacionais Jurisprudência


3. Leis e Decretos de lei

4. Decretos Legislativos Regionais A palavra jurisprudência usa-se


5. Resoluções Conselhos de ministros frequentemente para designar a orientação
geral seguida pelos tribunais nos diversos
6. Portarias casos concretos da vida social. Outras vezes é
entendida como um conjunto de decisões
7. Despachos
dos tribunais sobre os legítimos que lhe são

O costume submetidos.

De acordo com o artigo 152º do código do


Já vimos que o costume é uma fonte de processo civil, as decisões podem assumir a
Direito mediata. Costume, é toda a prática forma:
repetida e habitual desde que acompanhada
da consciência ou convicção da sua  Acórdãos- é uma decisão preferida
obrigatoriedade. Ao contrário da lei, não é pelo tribunal colegial
ditado por um órgão estadual, mas sim resulta
de um uso geral e prolongado (material) e da  Sentenças -decisão preferida por
convicção (psicológico) de que tal prática é um tribunal singular
obrigatória. É uma norma de Direito que não é
 O despacho – exprime uma decisão
deliberadamente produzida e por isso não é
proferida pelo juiz num processo
fonte de Direito voluntária ou imediata.
sobre a matéria pendente ou para
cumprimento de decisões dos
tribunais superiores
Nota: m Portugal só a lei é considerada
verdadeira fonte imediata. É polémico Recurso é o meio processual usado para
considerar o costume uma fonte direta ou impugnar as decisões judiciais que não
imediata. O artigo 1.º do Código Civil diz que satisfaçam ambas as partes envolvidas
são fontes imediatas apenas as leis e as
através da devolução do julgamento para o
normas corporativas. Portanto o Costume no
tribunal superior e obter assim uma nova
ordenamento jurídico português não se revela
decisão.
como fonte imediata, mas sim como fonte
jurídica vigente, sendo assim uma importante
fonte da evolução jurídica.
Doutrina Tratado internacional- é o acordo de
vontades sob a forma escrita entre sujeitos de
A doutrina consiste num conjunto de estudos Direito Internacional, do qual resultam efeitos
e opiniões formuladas por professores, jurídicos.

jurisconsultos e outros especialistas do Fases na produção de tratados- negociação,


direito, sobre problemas jurídicos referentes a assinatura e ratificação
criação e aplicação

A relevância da Doutrina decorre da sua


influência na elaboração das leis, a orientação
da jurisprudência ou a atuação administrativa
que poderá levar a alterações na ordem

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