Resposta do Réu Essa é a classificação mais antiga que versa

sobre as defesas. Gaio foi um jurisconsulto

1. Generalidades sobre as respostas do
romano que esboçou a teoria das defesas.
réu
a) Defesa processual (contra a
1.1. A resposta do réu como ônus
admissibilidade) (337 CPC)
(diferença com obrigação/dever)
• O art. 337, CPC5, versa sobre as
• Ônus, obrigação e dever são
preliminares de contestação.
sujeições que, por força do
ordenamento jurídico, impõem à i) própria/peremptória: são aquelas que
parte o cumprimento de um dever. levam à extinção do processo sem a análise
Entretanto, eles não são iguais: do mérito.

• Dever é sujeição que não se esgota com a
sua prática. Caso não seja cumprido, pode
acarretar uma sanção (Exemplos: dever de
votar para os maiores de 18 anos; e dever
de boa-fé processual).
• Obrigação é sujeição que se esgota com a
prática do ato. Caso não seja cumprida,
pode acarretar uma sanção (Exemplos:
pagar dívida na data correta; e pagar custas
processuais).
• Ônus é um imperativo do próprio
interesse. A parte está sujeita aos ônus, mas
a prática é opção da parte. Assim, não há
imposição de sanção (Exemplos: resposta
do réu, apresentar provas e se defender).
1.2. Espécies de respostas
a) Típicas: resposta típica é aquela prevista
na lei. No sistema brasileiro, só há duas
espécies elencadas na lei: contestação e
reconvenção.
Atenção: não há mais previsão de exceções
rituais
b) Atípicas: existem respostas atípicas, tais
como o reconhecimento jurídico do pedido
e intervenção de terceiros
1.3. Classificação das defesas
A doutrina classifica a defesa do réu em
duas modalidades:
1ª) Teoria de Gaio
ii) imprópria/dilatória: são aquelas que
não extinguem o processo sem análise do
mérito, mas retardam o julgamento do
processo.
Exemplo: alegação de conexão ou
continência.
b) Defesa de mérito (ou substancial) (336
CPC)
CPC, art. 336: “Incumbe ao réu alegar, na
contestação, toda a matéria de defesa,
expondo as razões de fato e de direito com
que impugna o pedido do autor e
especificando as provas que pretende
produzir.
i) direta: nesse tipo de defesa, o réu nega os
fatos ou as consequências jurídicas.
ii) Indireta: nesse tipo de defesa, o réu
admite os fatos, mas opõe fatos extintivos,
modificativos e/ou impeditivos do direito
do autor.
2ª) Teoria das exceções
• Exceção é sinônimo de defesa.
Cuidado: exceção ritual é uma defesa com
rito próprio. O CPC/2015 não prevê esse
tipo de exceção
a) Exceções (em sentido estrito)
• As exceções, para serem
reconhecidas, dependem de
provocação da parte. Assim, o juiz
não pode conhecê-las de ofício sob

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 pena de preclusão, salvo as
exceções legais.
i) processuais - Exemplo: incompetência
relativa. Não pode ser reconhecida de ofício
pelo juiz e não pode ser alegada depois da
contestação. A convenção de arbitragem é
outro exemplo de exceção processual.
ii) de mérito: são as defesas relativas ao
próprio direito material que devem ser
provocadas. Também precluem. Exemplos:
pagamento, compensação, novação etc.
b) Objeções
• As objeções são matérias que
podem ser conhecidas de ofício e
não se sujeitam à preclusão.
i) processuais – Exemplo: pressupostos
processuais e condições da ação.
• São também chamadas de questões
de ordem pública, pois não
dependem de provocação da parte
e não precluem.
ii) de mérito – Exemplo: prescrição e
decadência legal (CPC, art. 332, §1º)
Observação: o art. 211, CC, cita a
decadência convencional. Trata-se de
exceção de mérito, pois depende de
provocação da parte. Este artigo é a exceção
legal em que não há preclusão.
2. Contestação
• A contestação é a resposta por
excelência.
• Dentro de um processo
democrático deve haver a aplica ao defensor público, ao advogado
“paridade de armas” e, portanto,
deve haver uma correspondência
entre a petição inicial e a
contestação.
2.1. Princípios regentes do tema
a) princípio da eventualidade (336 CPC). 03
Exceções: 342 CPC
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• O art. 336, CPC, estabelece que o
réu deve concentrar na contestação
toda a matéria de defesa, ainda que
um evento prejudique o outro.
CPC, art. 336: “Art. 336. Incumbe ao réu
alegar, na contestação, toda a matéria de
defesa, expondo as razões de fato e de
direito com que impugna o pedido do autor
e especificando as provas que pretende
produzir.
CPC, art. 342: “Art. 342. Depois da
contestação, só é lícito ao réu deduzir novas
alegações quando: I - relativas a direito ou a
fato superveniente; II - competir ao juiz
conhecer delas de ofício; III - por expressa
autorização legal, puderem ser formuladas
em qualquer tempo e grau de jurisdição.
b) princípio da impugnação especificada
dos fatos (341 CPC). 04 Exceções
• Cada afirmação feita na inicial deve
ser atacada na contestação, sob
pena de ser considerada verdadeira
(CPC, art. 374).
CPC, art. 341: “Art. 341. Incumbe também
ao réu manifestar-se precisamente sobre as
alegações de fato constantes da petição
inicial, presumindo-se verdadeiras as não
impugnadas, salvo se: I - não for admissível,
a seu respeito, a confissão; II - a petição
inicial não estiver acompanhada de
instrumento que a lei considerar da
substância do ato; III - estiverem em
contradição com a defesa, considerada em
seu conjunto. Parágrafo único. O ônus da
impugnação especificada dos fatos não se
dativo e ao curador especial.”
2.2. Conteúdo da defesa processual
(preliminares) (337 CPC)
a) incompetência
• A incompetência afasta o juízo e
não o juiz. O impedimento e a
suspeição afastam o juiz. No
 CPC/2015, a arguição de
incompetência por preliminar de
contestação é feita para a
competência absoluta e para a
relativa.
Observações:
1ª) a incompetência absoluta é objeção
processual (não preclui e pode ser
conhecida de ofício pelo juiz); já a
incompetência relativa, nos termos do art.
65, CPC, é exceção processual (preclui e não
pode ser conhecida de ofício).
2ª) O regime do art. 334 e do art. 340, §§1º
e 2º, CPC, é relativo à arguição de domicílio
do réu. Nesses casos, o juiz não pode
conhecer a incompetência de ofício e vai
marcar a audiência de conciliação e
mediação. Assim sendo, para o réu não ser
prejudicado (e, possivelmente, ter que se
deslocar para uma cidade mais distante),
ele pode antecipar a sua contestação.
CPC, art. 340: “Art. 340. Havendo alegação
de incompetência relativa ou absoluta, a
contestação poderá ser protocolada no foro
de domicílio do réu, fato que será
imediatamente comunicado ao juiz da
causa, preferencialmente por meio
eletrônico.
§ 1º A contestação será submetida a livre
distribuição ou, se o réu houver sido citado
por meio de carta precatória, juntada aos
autos dessa carta, seguindo-se a sua
imediata remessa para o juízo da causa.
§ 2º Reconhecida a competência do foro
indicado pelo réu, o juízo para o qual for
distribuída a contestação ou a carta
precatória será considerado prevento.”
Atenção: o art. 340, CPC, só faz sentido para
processo físico.
b) impugnação ao valor da causa (fim do
incidente)
• A impugnação ao valor da causa
tem previsão no art. 293, CPC. Não
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existe mais a exceção ritual ao valor
da causa.
CPC, art. 293: “O réu poderá impugnar, em
preliminar da contestação, o valor atribuído
à causa pelo autor, sob pena de preclusão,
e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for
o caso, a complementação das custas.
c) impugnação à gratuidade judiciária (fim
do incidente da Lei 1.060/50)
• Não há mais um incidente próprio
para a impugnação à gratuidade
judiciária, a qual deve ser feita na
própria contestação. Essa
impugnação está prevista no art.
100, CPC:
CPC, art. 100: “Deferido o pedido, a parte
contrária poderá oferecer impugnação na
contestação, na réplica, nas contrarrazões
de recurso ou, nos casos de pedido
superveniente ou formulado por terceiro,
por meio de petição simples, a ser
apresentada no prazo de 15 (quinze) dias,
nos autos do próprio processo, sem
suspensão de seu curso.
Parágrafo único. Revogado o benefício, a
parte arcará com as despesas processuais
que tiver deixado de adiantar e pagará, em
caso de má-fé, até o décuplo de seu valor a
título de multa, que será revertida em
benefício da Fazenda Pública estadual ou
federal e poderá ser inscrita em dívida
ativa.”
d) arguição de ilegitimidade (338 e 339
CPC) (nomeação à autoria)
• O CPC previu a possibilidade de
alegação de ilegitimidade passiva
nos artigos 338 e 339.
• No antigo CPC, existia uma
intervenção de terceiros chamada
“nomeação à autoria”, a qual servia
para que o réu indicasse ser parte
ilegítima no processo. Se todas as
partes (autor, réu e nomeado)
 concordassem com a alegação do
réu, ocorria o fenômeno da
extromissão. Entretanto, o antigo
CPC só previa dois casos em que
poderia ser feita a nomeação à
autoria.
• O CPC de 2015 acabou com a
nomeação à autoria. Nos artigos
338 e 339, o CPC prevê que, se o réu
souber quem é a parte legítima, ele
deverá indicá-la ao autor. O autor
será ouvido sobre a manifestação
do réu e terá 3 opções:
• Pode discordar da alegação do réu – Nesse
caso, o processo prossegue normalmente;
• Pode concordar com a alegação do réu –
Nesse caso, o réu ilegítimo é excluído
(extromissão) e a parte legítima é citada.
Como o réu ilegítimo precisou contratar
advogado, há o pagamento de honorários
(§único, art. 338, CPC); ou
• O Autor concorda com a entrada de
terceiro, mas não concorda com a saída do
réu que alegou ilegitimidade – Nessa
hipótese, o processo prosseguirá entre as
partes primitivas e adicionará o terceiro
indicado (litisconsórcio passivo ulterior).
“Art. 338. Alegando o réu, na contestação,
ser parte ilegítima ou não ser o responsável
pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao
autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da
petição inicial para substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o
autor reembolsará as despesas e pagará os
honorários ao procurador do réu excluído,
que serão fixados entre três e cinco por
cento do valor da causa ou, sendo este
irrisório, nos termos do art. 85, § 8º.
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade,
incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da
relação jurídica discutida sempre que tiver
conhecimento, sob pena de arcar com as
despesas processuais e de indenizar o autor
pelos prejuízos decorrentes da falta de
indicação.
Júlia Santa Rosa de Luna
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação,
procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à
alteração da petição inicial para a
substituição do réu, observando-se, ainda, o
parágrafo único do art. 338.
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor
pode optar por alterar a petição inicial para
incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito
indicado pelo réu.”
e) perempção (486, § 3º, CPC)
• A perempção é considerada uma
sanção pela maioria da doutrina e
consiste na perda do direito de dar
início a uma ação pelo abandono
consecutivo de três outras ações
idênticas.
CPC, art. 486, §3º: “§ 3o Se o autor der
causa, por 3 (três) vezes, a sentença
fundada em abandono da causa, não
poderá propor nova ação contra o réu com
o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada,
entretanto, a possibilidade de alegar em
defesa o seu direito.”
Observação: o abandono de causa ocorre
nas hipóteses do art. 485, II e III, CPC.
CPC, art. 485, II e III: “Art. 485. O juiz não
resolverá o mérito quando: (...) II - o
processo ficar parado durante mais de 1
(um) ano por negligência das partes; III - por
não promover os atos e as diligências que
lhe incumbir, o autor abandonar a causa por
mais de 30 (trinta) dias;”
Atenção: não confundir perempção (perda
do direito de ajuizar a ação) com a
prescrição (perda da pretensão). No caso da
perempção, é possível alegar matéria de
defesa.
f) convenção de arbitragem (337, §§ 5º e
6º, CPC – preclusão)
• Cláusula compromissória é a
convenção realizada antes do
conflito. Compromisso arbitral é
 celebrado para conflitos já
existentes.
CPC, art. 337, §§ 5º e 6º: “§ 5º Excetuadas a
convenção de arbitragem e a
incompetência relativa, o juiz conhecerá de
ofício das matérias enumeradas neste
artigo.
§ 6º A ausência de alegação da existência de
convenção de arbitragem, na forma
prevista neste Capítulo, implica aceitação
da jurisdição estatal e renúncia ao juízo
arbitral.”
2.3. Prazo para contestação (15 dias)
• O prazo da contestação é de 15
dias, em regra.
a) prazos especiais (180, 183, 186 e 229,
CPC)
• Prazos especiais: Fazenda Pública,
MP, Defensoria Pública e conciliação, quando qualquer parte não
litisconsortes com diferentes
procuradores (escritórios distintos).
b) flexibilização procedimental pelo juiz
(139, VI e 190, CPC)
• Nos termos do art. 139, VI, CPC, o
juiz pode aumentar o prazo.
• Além disso, as partes, por meio de
convenção processual, podem
aumentar ou diminuir os prazos
(CPC, art. 190).
“Art. 139. O juiz dirigirá o processo
conforme as disposições deste Código,
incumbindo-lhe: (...) VI - dilatar os prazos
processuais e alterar a ordem de produção
dos meios de prova, adequando-os às
necessidades do conflito de modo a conferir
maior efetividade à tutela do direito;”
“Art. 190. Versando o processo sobre
direitos que admitam autocomposição, é
lícito às partes plenamente capazes
estipular mudanças no procedimento para
ajustá-lo às especificidades da causa e
convencionar sobre os seus ônus, poderes,
Júlia Santa Rosa de Luna
faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a
requerimento, o juiz controlará a validade
das convenções previstas neste artigo,
recusando-lhes aplicação somente nos
casos de nulidade ou de inserção abusiva
em contrato de adesão ou em que alguma
parte se encontre em manifesta situação de
vulnerabilidade.”
c) termo inicial variável
• O termo inicial do prazo para a
contestação varia conforme cada
caso. Ver artigos 335 e 231, CPC:
“Art. 335. O réu poderá oferecer
contestação, por petição, no prazo de 15
(quinze) dias, cujo termo inicial será a data:
I - da audiência de conciliação ou de
mediação, ou da última sessão de
comparecer ou, comparecendo, não houver
autocomposição;
II - do protocolo do pedido de cancelamento
da audiência de conciliação ou de mediação
apresentado pelo réu, quando ocorrer a
hipótese do art. 334, § 4º, inciso I;
III - prevista no art. 231, de acordo com o
modo como foi feita a citação, nos demais
casos.
§ 1º No caso de litisconsórcio passivo,
ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6º, o
termo inicial previsto no inciso II será, para
cada um dos réus, a data de apresentação
de seu respectivo pedido de cancelamento
da audiência.
§ 2º Quando ocorrer a hipótese do art. 334,
§ 4º, inciso II, havendo litisconsórcio passivo
e o autor desistir da ação em relação a réu
ainda não citado, o prazo para resposta
correrá da data de intimação da decisão que
homologar a desistência.”
“Art. 231. Salvo disposição em sentido
diverso, considera-se dia do começo do
prazo:
I - a data de juntada aos autos do aviso de
recebimento, quando a citação ou a
intimação for pelo correio;
II - a data de juntada aos autos do mandado
cumprido, quando a citação ou a intimação
for por oficial de justiça;
III - a data de ocorrência da citação ou da
intimação, quando ela se der por ato do
escrivão ou do chefe de secretaria;
IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação
assinada pelo juiz, quando a citação ou a
intimação for por edital;
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da
citação ou da intimação ou ao término do
prazo para que a consulta se dê, quando a
citação ou a intimação for eletrônica;
VI - a data de juntada do comunicado de que
trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data
de juntada da carta aos autos de origem
devidamente cumprida, quando a citação
ou a intimação se realizar em cumprimento
de carta;
VII - a data de publicação, quando a
intimação se der pelo Diário da Justiça
impresso ou eletrônico;
VIII - o dia da carga, quando a intimação se
der por meio da retirada dos autos, em
carga, do cartório ou da secretaria.
§ 1º Quando houver mais de um réu, o dia
do começo do prazo para contestar
corresponderá à última das datas a que se
referem os incisos I a VI do caput.
§ 2º Havendo mais de um intimado, o prazo
para cada um é contado individualmente.
§ 3º Quando o ato tiver de ser praticado
diretamente pela parte ou por quem, de
qualquer forma, participe do processo, sem
a intermediação de representante judicial, o
dia do começo do prazo para cumprimento
Júlia Santa Rosa de Luna
da determinação judicial corresponderá à
data em que se der a comunicação.
§ 4º Aplica-se o disposto no inciso II do
caput à citação com hora certa.
3. Reconvenção
3.1. Conceito (ampliação objetiva
processo – cumulação pedidos
superveniente/heterotópica)
• Parte da doutrina classifica a
reconvenção como um contra-
ataque do réu que, sem prejuízo da
contestação, usa o mesmo processo
para exercer o direito de ação
contra o autor. Entretanto, essa
metáfora é adequada apenas para
fins didáticos. Cientificamente, a
reconvenção deve ser vista como
uma ampliação objetiva do
processo, a qual é realizada por
meio da cumulação de pedidos
superveniente (ou seja, após a
propositura da ação) e heterotópica
(ou seja, apresentada por partes
diferentes).
• Na reconvenção, há um processo e,
dentro dele, há duas relações
jurídico-processuais. Isso é
admitido com base no princípio da
economia processual.
3.2. FACULDADE (RG não dispensa a
contestação – 343, § 6º)
• A reconvenção é uma faculdade do
réu. Nada impede, portanto, que o
réu da primeira ação ajuíze uma
ação autônoma (concomitante ou
posterior) contra o autor.
• O fato de o réu propor a
reconvenção não a dispensa de
apresentar a contestação, sob pena
de revelia.
• Entretanto, há uma única hipótese
em que a apresentação da
 reconvenção dispensa a Atenção: na contestação, é necessário que
apresentação da contestação (art.
341, III, CPC). Trata-se da hipótese
em que a reconvenção acaba
fazendo a defesa contra a própria
ação, ou seja, ocorre quando a
reconvenção é capaz de, no seu
todo, contradizer os fatos alegados
na ação. Exemplo: “A” ingressa com
ação dizendo que “B” bateu em seu
carro e o dano é de R$ 5.000,00.
“B”, ao reconvir, afirma que “A”
estava andando em marcha à ré e,
portanto, é o culpado do dano,
sendo ele o responsável pelo
pagamento do valor de R$ 5.000,00.
Neste exemplo, ao reconvir, “B”
impugnou todos os fatos da ação,
ainda que sem apresentar a
contestação.
CPC, art. 343, §6º: “O réu pode propor
reconvenção independentemente de
oferecer contestação.”
CPC, art. 341, III: “Incumbe também ao réu
manifestar-se precisamente sobre as
alegações de fato constantes da petição
inicial, presumindo-se verdadeiras as não
impugnadas, salvo se: (...) III - estiverem em
contradição com a defesa, considerada em
seu conjunto.
3.3. Requisito formais (319/320) e prazo
(na contestação) (343)
• Os requisitos formais da
reconvenção são quase todos os da
petição inicial. Entretanto, como a
reconvenção é apresentada no
corpo da contestação, há uma
relativização dos requisitos
presentes nos artigos 319 e 320.
Exemplo: o art. 319, CPC, indica a
necessidade de endereçamento.
Contudo, na reconvenção, não faz
sentido a exigência desse requisito,
pois isso já consta no próprio corpo
da contestação.
Júlia Santa Rosa de Luna
fique claro o fato de o réu estar
apresentando a reconvenção.
CPC, art. 286, §único: “Havendo
intervenção de terceiro, reconvenção ou
outra hipótese de ampliação objetiva do
processo, o juiz, de ofício, mandará
proceder à respectiva anotação pelo
distribuidor.”
• O prazo da reconvenção é o mesmo
da contestação, pois é apresentada
juntamente com esta.
3.4. Pressupostos
• A jurisprudência e a doutrina
apontam 4 pressupostos para a
admissibilidade da reconvenção:
a) Conexão c/ação (acidente trânsito) ou
fundam. defesa (compensação) (343,
caput)
CPC, art. 343, caput: “Na contestação, é
lícito ao réu propor reconvenção para
manifestar pretensão própria, conexa com
a ação principal ou com o fundamento da
defesa.”
Exemplo 1: Acidente de trânsito - “A”
ingressa com ação contra “B” e este
apresenta contestação e reconvenção,
afirmando que aquele é o verdadeiro
culpado pelo acidente. Neste caso, a ação e
a reconvenção possuem narrativa de
fato/causa de pedir semelhantes (conexão
com a ação).
Exemplo 2: “A” ingressa com ação contra
“B” afirmando que este deve R$ 10.000,00.
“B” afirma que deve para “A”, mas que “A”
deve para “B” o mesmo valor, portanto há
reconvenção. A alegação pura de
compensação independe de reconvenção.
Neste caso, trata-se de fundamento de
defesa.
Observação: se, no exemplo 2, “B” quiser
compensar e cobrar o restante do valor, é
cabível a reconvenção.
b) Identidade parcial de partes
(ampliação/redução subjetiva – 343, §§ 3º,
4º e 5º)
• É necessário que haja a identidade
na ação e na reconvenção: o autor
da ação tem que ser réu na
reconvenção; e o réu da ação deve
ser o autor da reconvenção.
• É possível, entretanto, a ampliação
subjetiva da reconvenção para que
o réu reconvinte demande em
litisconsórcio contra o autor ou
para que o réu reconvinte demande
contra o autor em litisconsórcio.
CPC, art. 343, §§ 3º, 4º e 5º: “§ 3o A
reconvenção pode ser proposta contra o
autor e terceiro. § 4o A reconvenção pode
ser proposta pelo réu em litisconsórcio com
terceiro. § 5o Se o autor for substituto
processual, o reconvinte deverá afirmar ser
titular de direito em face do substituído, e a
reconvenção deverá ser proposta em face
do autor, também na qualidade de
substituto processual.”
c) Art. 327, § 1º, II (competência)
• A reconvenção só pode ser
processada se o juízo tiver a
competência para ação e para a
reconvenção.
CPC, art. 327, §1º, II: “É lícita a cumulação,
em um único processo, contra o mesmo
réu, de vários pedidos, ainda que entre eles
não haja conexão. § 1o São requisitos de
admissibilidade da cumulação que: (...) II -
seja competente para conhecer deles o
mesmo juízo; (...)”
d) Art. 327, § 1º, III (identidade
procedimental)
• A reconvenção também só pode ser
processada se houver identidade
processual. Como regra geral,
portanto, deve haver uma
identidade processual entre a ação
e a reconvenção.
Júlia Santa Rosa de Luna
CPC, art. 327, §1º, III: “É lícita a cumulação,
em um único processo, contra o mesmo
réu, de vários pedidos, ainda que entre eles
não haja conexão.
§ 1º São requisitos de admissibilidade da
cumulação que: (...) III - seja adequado para
todos os pedidos o tipo de procedimento.”
3.5. Desistência/extinção da ação (343, §
2º, CPC) (autonomia
• Apesar de estar na contestação e
não ter autonomia ritual, a
reconvenção é, materialmente,
considerada ação autônoma. Tanto
é que, caso o autor desista da ação,
a reconvenção terá continuidade
CPC, art. 343, §2º: “Quando, para cada
pedido, corresponder tipo diverso de
procedimento, será admitida a cumulação
se o autor empregar o procedimento
comum, sem prejuízo do emprego das
técnicas processuais diferenciadas previstas
nos procedimentos especiais a que se
sujeitam um ou mais pedidos cumulados,
que não forem incompatíveis com as
disposições sobre o procedimento comum.”
3.6. Reconvenção da reconvenção (?)
• Não há previsão legal para a
reconvenção da reconvenção no
CPC/2015.
• No CPC revogado, uma boa parcela
da doutrina entendia que era
possível a reconvenção da
reconvenção, mas não encontrava
amparo na jurisprudência, já que
macula a regra da economia
processual.
• O CPC de 2015 não disciplina a
questão, mas, segundo o professor,
ele dá uma pista de que isso não
seria possível em um dispositivo
que versa sobre a ação monitória
(art. 702, §6º, CPC).
CPC, art. 702, §6º: “Na ação monitória
admite-se a reconvenção, sendo vedado o
oferecimento de reconvenção à quantia já paga ou sofre a sanção de
reconvenção.”
• A posição dominante é de que não
é possível a reconvenção da
reconvenção. Entretanto, segundo
o professor, é necessário aguardar
um posicionamento do STJ na
vigência do atual CPC.
3.7. Julgamento conjunto (dois
dispositivos e sucumbências)
(possibilidade de improcedência das duas)
• A reconvenção é julgada junto com
a ação, apesar de ter dois
dispositivos e duas sucumbências.
Formalmente, portanto, há uma
única sentença para as duas
relações jurídicas.
• Existe a sucumbência da ação e a
sucumbência da reconvenção.
Atenção: como as ações são autônomas
entre si, nada impede que as duas sejam
julgadas improcedentes.
É importante ressaltar que pode haver
todas as combinações possíveis:
1º) ação procedente e reconvenção
procedente;
2º) ação improcedente e reconvenção
procedente;
3º) ação procedente e reconvenção
improcedente; e
4º) ação improcedente e reconvenção
improcedente.
3.8. Art. 940 do CC e 42 do CDC
(pagamento da dobra): dispensa da
reconvenção (STJ, RESP 1.111.270 e EREsp
1.106.999)
• Os artigos 940, CC, e art. 42, CDC,
citam que, se o indivíduo cobra
dívida já paga ou se cobra quantia
Júlia Santa Rosa de Luna
maior do que a devida, ele sofre a
sanção de pagar em dobro a
pagar a quantia cobrada a mais,
respectivamente.
• O STJ pacificou o entendimento de
que, nesses casos, não é necessária
a reconvenção (RESP 1.111.270).
• Além disso, o STJ entendeu, em
julgamento recente, que não
precisa sequer de pedido
(Embargos no REsp 1.106.999)
CC, art. 940: “Aquele que demandar por
dívida já paga, no todo ou em parte, sem
ressalvar as quantias recebidas ou pedir
mais do que for devido, ficará obrigado a
pagar ao devedor, no primeiro caso, o
dobro do que houver cobrado e, no
segundo, o equivalente do que dele exigir,
salvo se houver prescrição.”
CDC, art. 42: “Na cobrança de débitos, o
consumidor inadimplente não será exposto
a ridículo, nem será submetido a qualquer
tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em
quantia indevida tem direito à repetição do
indébito, por valor igual ao dobro do que
pagou em excesso, acrescido de correção
monetária e juros legais, salvo hipótese de
engano justificável.”
3.9. Pedido contraposto (31 da 9.099/95)
e ação dúplice (545, § 2º, 552, etc)
• Pedido contraposto é bastante
parecido com a reconvenção, pois é
formulado na própria contestação,
não tem autonomia procedimental
e é feito no prazo de resposta. As
duas diferenças são:
1º) No pedido contraposto, não há
autonomia material. Assim, se a ação for
extinta, o pedido contraposto é extinto; e
2º) O cabimento do pedido contraposto é
menor do que o da reconvenção, pois só
cabe se for baseado nos mesmos fatos da
ação.

• A diferença da reconvenção com a

ação dúplice é que esta ocorre
quando o direito material em
debate leva a uma situação em que
a negativa do direito do autor
acarreta o automático
reconhecimento e concessão de
tutela jurisdicional para o réu.

Lei 9.099, art. 31: “Não se admitirá a

reconvenção. É lícito ao réu, na
contestação, formular pedido em seu favor,
nos limites do art. 3º desta Lei, desde que
fundado nos mesmos fatos que constituem
objeto da controvérsia. Parágrafo único. O
autor poderá responder ao pedido do réu
na própria audiência ou requerer a
designação da nova data, que será desde
logo fixada, cientes todos os presentes.”

CPC, art.545, §2º: “§ 2o A sentença que

concluir pela insuficiência do depósito
determinará, sempre que possível, o
montante devido e valerá como título
executivo, facultado ao credor promover-
lhe o cumprimento nos mesmos autos, após
liquidação, se necessária.”

CPC, art. 552: “A sentença apurará o saldo e

constituirá título executivo judicial.”
Autonomia Pedido Fundamento
(prosseguimento
na desistência /
extinção) e
sucumbência
Reconveção Sim Sim (no Conexão com ação
corpo da ou fundamento de
contestação) defesa
Pedido Não Sim (no Mesmos
contraposto corpo da fundamentos de
contestação) fato
Ação Não Não Mesma relação
dúplice jurídica (direito
material)

Júlia Santa Rosa de Luna