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Não há processo sem a citação.

O réu
não está obrigado a se defender. A
apresentação da defesa representa uma
faculdade, de modo que a omissão do
réu faz presumir que não tem interesse
pelo processo. A imperfeição
Embora o CPC considere proposta a ação
processual decorre não de ausência da
quando a petição inicial for protocolada (art.
resposta, mas de não ter sido
312), a relação processual só é aperfeiçoada a
assegurada ao réu a oportunidade para
partir do momento em que o réu é citado.
a apresentação da defesa.

A citação do réu é pressuposto de


A defesa do réu pode se dar por
constituição do processo!
meio da contestação ou da
reconvenção.

Relembrando...
Os pressupostos processuais se dividem em: DEFESAS DIRETAS E
pressupostos de constituição e pressupostos DEFESAS INDRETAS
de desenvolvimento válido e regular do
processo.
A defesa do réu é abrangente,
incluindo alegações de mérito, o que
Pressupostos de constituição: denominamos defesa direta. E outras
a) Petição Inicial alegações de natureza meramente
processual, conhecidas como defesas
b) Jurisdição (Se juiz não há, processo indiretas.
também não existe)
c) Citação
 Defesa direta: alegações de
d) Capacidade postulatória (exclusiva do mérito; nega o fato ou o direito
advogado) apresentado pelo autor. Acarreta
a extinção do processo com a
resolução do mérito.
Pressupostos de desenvolvimento
válido e regular:
Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na
a) Petição Inicial apta contestação, toda a matéria de defesa,
expondo as razões de fato e de direito com
b) Citação válida que impugna o pedido do autor e
c) Juízo competente especificando as provas que pretende
produzir.

Ex.: O réu pode negar o fato – “Eu não bati


no carro”
O réu pode negar o direito – “A lei foi
revogada”
 Defesa indireta: alegações de neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição
natureza processual. Acarreta a estatal e renúncia ao juízo arbitral.
extinção do processo sem a A defesa indireta pode ser:
resolução do mérito. DILATÓRIA ou PEREMPTÓRIA.
As defesas indiretas são denominadas de
preliminares, por serem apreciadas antes
do mérito.
Defesa indireta DILATÓRIA: O
seu acolhimento acarreta outra
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o consequência diferente da extinção. Ou
mérito, alegar:
seja, pode vir a atrasar o andamento
I - inexistência ou nulidade da citação; processual mas não extingue o
processo. Como é o caso de se
II - incompetência absoluta e relativa;
apresentar a suspeição, impedimento
III - incorreção do valor da causa; ou incompetência do juiz.
IV - inépcia da petição inicial;
V - perempção; Defesa indireta PEREMPTÓRIA:
VI - litispendência; O seu acolhimento acarreta a extinção
do processo sem a resolução do mérito.
VII - coisa julgada; Como é o caso de se apresentar a
VIII - conexão; litispendência, coisa julgada ou
convenção de arbitragem.
IX - incapacidade da parte, defeito de
representação ou falta de autorização;
X - convenção de arbitragem; PRAZO P/ DEFESA
XI - ausência de legitimidade ou de interesse Art. 335. O réu poderá oferecer
processual; contestação, por petição, no prazo de 15
XII - falta de caução ou de outra prestação que a (quinze) dias, cujo termo inicial será a
lei exige como preliminar; data:

XIII - indevida concessão do benefício de I - da audiência de conciliação ou de


gratuidade de justiça. mediação, ou da última sessão de
conciliação, quando qualquer parte não
§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa comparecer ou, comparecendo, não
julgada quando se reproduz ação anteriormente houver autocomposição;
ajuizada.
II - do protocolo do pedido de
§ 2º Uma ação é idêntica a outra quando possui cancelamento da audiência de conciliação
as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o ou de mediação apresentado pelo réu,
mesmo pedido. quando ocorrer a hipótese do art. 334, §
4º, inciso I  ;
§ 3º Há litispendência quando se repete ação que
está em curso. III - prevista no art. 231  , de acordo com
o modo como foi feita a citação, nos
§ 4º Há coisa julgada quando se repete ação que
demais casos.
já foi decidida por decisão transitada em
julgado. § 1º No caso de litisconsórcio passivo,
ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6º  , o
§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a
termo inicial previsto no inciso II será,
incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício
para cada um dos réus, a data de
das matérias enumeradas neste artigo.
apresentação de seu respectivo pedido de
§ 6º A ausência de alegação da existência de cancelamento da audiência.
convenção de arbitragem, na forma prevista
§ 2º Quando ocorrer a hipótese do art.
334, § 4º, inciso II  , havendo
litisconsórcio passivo e o autor desistir da Embora a apresentação da defesa seja
ação em relação a réu ainda não citado, o facultativa, a sua não apresentação
prazo para resposta correrá da data de acarreta consequências, que são:
intimação da decisão que homologar a
desistência.
a) No caso da CONTESTAÇÃO, a
decretação da revelia do réu, que
A partir de quando é contado o prazo pode resultar na presunção de
para a apresentação da contestação? veracidade dos fatos afirmados pelo
autor (art. 344), na fluência de prazos
Do dia útil imediatamente seguinte à
independentemente de intimações
audiência de conciliação ou à sessão de
(art. 346) e na autorização para o
mediação OU do dia útil imediatamente
julgamento antecipado do mérito
seguinte ao protocolo da petição em que o réu
(inciso II do art. 355)
manifesta desinteresse na auto composição.

O prazo para a apresentação da Art. 344. Se o réu não contestar a ação,


contestação, em regra, é de 15 dias nas será considerado revel e presumir-se-ão
ações de rito comum. verdadeiras as alegações de fato
formuladas pelo autor.
Em dobro, quando a ação é proposta contra
pessoa jurídica de direito público, o MP e/ou Art. 346. Os prazos contra o revel que
não tenha patrono nos autos fluirão da
litisconsortes.
data de publicação do ato decisório no
órgão oficial.

FORMA DE DEFESA Parágrafo único. O revel poderá intervir


no processo em qualquer fase, recebendo-
Forma de apresentação da defesa em ações de o no estado em que se encontrar.
rito comum: ESCRITA Art. 355. O juiz julgará antecipadamente
o pedido, proferindo sentença com
resolução de mérito, quando:
Forma de apresentação da defesa em ações de
I - não houver necessidade de produção
rito sumaríssimo: ESCRITA ou ORAL
de outras provas;
II - o réu for revel, ocorrer o efeito
previsto no art. 344 e não houver
requerimento de prova, na forma do art.
MODALIDADES DE DEFESA 349

São modalidades de defesa a


contestação e a reconvenção.
b) No caso da RECONVENÇÃO, a
perda do direito do réu de
contra-atacar o autor no mesmo
As modalidade de defesa são autônomas, e processo, sem comprometer o direito
por isso, a não apresentação da contestação material de que se afirma titular, que
não impede que o réu oponha reconvenção. pode ter o seu reconhecimento
solicitado através da propositura de
uma ação autônoma.
CONTESTAÇÃO ÔNUS DE IMPUGNAÇÃO
ESPECIFICADA DOS FATOS

A contestação é o principal ato praticado pelo


réu, na qual impugna as alegações expostas Outro princípio que deve ser observado
pelo autor. pelo réu é o da impugnação
especificada, que o impede de
apresentar a defesa por negação geral,
Apresentando a contestação, o réu: obrigando-o a impugnar
precisamente TODAS as
a) Evita a decretação da sua revelia;
alegações expostas pelo autor na
b) Tem a oportunidade de expor defesa
petição inicial, sob pena de as não
direta e indireta;
impugnadas serem consideradas
c) Tem a oportunidade de requerer a
verdadeiras, o que tecnicamente
produção de provas;
chamamos de confissão ficta.
d) Torna os fatos impugnados
controvertidos;
Art. 341. Incumbe também ao réu
manifestar-se precisamente sobre as
Diferentemente, a reconvenção não tem força alegações de fato constantes da petição
suficiente para evitar a propositura da ação, inicial, presumindo-se verdadeiras
sendo manifestação de contra-ataque, não de as não impugnadas, salvo se:
defesa.
I - não for admissível, a seu respeito, a
confissão;
Ao redigir a sua contestação o réu deve se
atentar aos seguintes princípios: II - a petição inicial não estiver
acompanhada de instrumento que a lei
 Princípio da eventualidade considerar da substância do ato;
 Princípio do ônus da III - estiverem em contradição com a
impugnação especificada defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. O ônus da impugnação
especificada dos fatos não se aplica ao
defensor público, ao advogado dativo e
ao curador especial.
PRINCÍPIO DA
EVENTUALIDADE

Quando o réu não contesta o fato vira


Em decorrência da aplicação prática do
incontroverso, a alegação vira verdade
princípio da eventualidade, o réu deve expor
e não é necessário provar.
TODA a matéria de defesa na contestação
(art. 336), sem guardar argumentos para Só se produz prova em fato
explorá-los posteriormente, o que significa controvertido.
dizer que não pode contestar por
etapas.
XII - falta de caução ou de outra prestação
que a lei exige como preliminar;
Peremptória
DEFESA INDIRETA DO RÉU XIII - indevida concessão do benefício de
(Matéria preliminar – art. 337, gratuidade de justiça. Dilatória
CPC)
§ 1º Verifica-se a litispendência
ou a coisa julgada quando se
reproduz ação anteriormente
A defesa indireta do réu, que não se confunde ajuizada.
com a de mérito, é intitulada de
preliminares, no gênero, com as espécies das § 2º Uma ação é idêntica a outra
preliminares peremptórias e das quando possui as mesmas partes,
preliminares dilatórias. A diferença a mesma causa de pedir e o
existente entre elas é a seguinte: mesmo pedido.
“Essas defesas processuais dizem-se § 3º Há litispendência quando se
peremptórias, quando, uma vez acolhidas, repete ação que está em curso.
põem fim ao processo, e dilatórias, quando
§ 4º Há coisa julgada quando se
apenas suspendem ou dilatam o curso do
repete ação que já foi decidida
processo, porém não o extinguem, de modo
por decisão transitada em
que, saneado o vício ou satisfeito o requisito
julgado.
que faltava, a relação processual seguirá seu
curso normalmente” (SILVA, Ovídio Araújo § 5º Excetuadas a convenção de
Baptista da. Curso de processo civil. v.1. arbitragem e a incompetência relativa,
p.317) o juiz conhecerá de ofício das matérias
enumeradas neste artigo.
§ 6º A ausência de alegação da
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de
existência de convenção de arbitragem,
discutir o mérito, alegar:
na forma prevista neste Capítulo,
I - inexistência ou nulidade da citação; implica aceitação da jurisdição estatal
e renúncia ao juízo arbitral.
II - incompetência absoluta e relativa;
III - incorreção do valor da causa;
IV - inépcia da petição inicial; Peremptória
RECONVENÇÃO
A reconvenção é o contra-ataque do
V - perempção; Peremptória
réu.
VI - litispendência; Peremptória
O contra-ataque do réu ao autor pode
VII - coisa julgada; Peremptória ocorrer na própria ação principal
(proposta pelo autor contra o réu), sem
VIII - conexão; Dilatória
exigir o ajuizamento de outra ação.
IX - incapacidade da parte, defeito de
A reconvenção apresenta a natureza
representação ou falta de autorização;
jurídica de ação, tanto assim que a
Peremptória
desistência da ação principal ou a
X - convenção de arbitragem; Peremptória ocorrência de causa extintiva que
impeça o exame de seu mérito não
XI - ausência de legitimidade ou de interesse obsta ao prosseguimento da
processual; Peremptória reconvenção, além do fato de ser
julgada por sentença.
Finalidade da reconvenção:
permitir o contra-ataque do réu em
face do autor, no mesmo processo em
que ele foi citado, justificando-se por
razões de economia processual, não
sendo admitida nas ações que tem
curso pelo rito sumaríssimo.

AULA 9 (08/05/2023)

JULGAMENTO CONFORME O
ESTADO DO PROCESSO

Analisaremos a linha temporal do processo:

AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO
SANEAMENTO
CONTEST. / RECON. DECISÃO SANEADORA
FASE PROBATÓRIA
PETIÇÃO INICIAL RÉPLICA SENTENÇA
CITAÇÃO RAZÕES FINAIS
JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO
PROCESSO

FASE RECURSAL
 Após a apresentação da
contestação e da réplica pelo
autor, o magistrado pode JULGAMENTO
extinguir o processo, proceder ao ANTECIPADO TOTAL DO
julgamento antecipado do MÉRITO (art. 355)
mérito, ao julgamento
antecipado parcial do mérito OU
sanear o processo. Art. 355. O juiz julgará
antecipadamente o pedido,
Relembrando... proferindo sentença com
resolução de mérito, quando:
Sentença é o ato fim do processo, é o
pronunciamento judicial que encerra a fase I - não houver necessidade de
de conhecimento. produção de outras provas;

Decisão Interlocutória é o II - o réu for revel, ocorrer o efeito


pronunciamento judicial que resolve uma previsto no art. 344 e não houver
questão incidental mas não dá fim ao requerimento de prova, na forma do
processo. Tem caráter decisório. art. 349.

Despacho são os demais pronunciamentos


do juiz, também chamados de atos Em alguns casos, a ação é julgada sem
ordinatórios ou de impulso oficial, pois dão que a fase de instrução probatória seja
andamento ao processo e não tem conteúdo instaurada, resultando no
decisório. julgamento antecipado do
mérito, através da prolação de
SENTENÇA, quando não houver fato a
Princípio da unicidade da sentença X ser provado, quando o fato já houver
Fracionamento do julgamento sido provado ou quando o réu for revel,
acarretando a presunção de
Antes do CPC de 2015, a sentença era una, ou
veracidade.
seja, havia o princípio da unicidade. O juiz
decidia tudo de uma vez e ao final do O julgamento antecipado do mérito,
processo. nesses casos, é justificado pela
inutilidade da produção de outras
A partir do CPC de 2015, se permitiu o
provas, evitando a prestação de
fracionamento da sentença. Isso mediante a
jurisdição inútil.
comoção da população por causa do acidentes
aéreos. Vamos entender:
Os acidentes aéreos resultaram em diversas Julgamento antecipado TOTAL
mortes e as famílias pediram pensão vitalícia do mérito
por dano moral em face das companhias
aéreas. O juiz não podia esperar até o final do - Quando as provas constantes dos
processo, que duraria vários anos, para enfim autos são suficientes para formar o
expedir que a companhia pagasse as famílias. convencimento do magistrado.
Então, contrariando o CPC/73, os juízes - Quando o réu for revel, não podendo
começaram a expedir decisões para o se tratar de direito disponível.
pagamento das pensões às famílias, antes do
final do processo. - O juiz profere SENTENÇA,
analisando todos os pedidos
formulados na inicial.
- Caberá APELAÇÃO
JULGAMENTO ANTECIPADO
PARCIAL DO MÉRITO (art. 356)
Decisão parcial de extinção
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o Nesse caso o juiz proferirá decisões em
mérito quando um ou mais dos pedidos relação a pedidos líquidos e ilíquidos.
formulados ou parcela deles: Dessa decisão caberá agravo de
I - mostrar-se incontroverso; instrumento.

II - estiver em condições de imediato


julgamento, nos termos do art. 355 . Pedido líquido: valor preciso em
§ 1º A decisão que julgar parcialmente reais (Exemplo: o juiz define um valor
o mérito poderá reconhecer a líquido no começo e na sentença
existência de obrigação líquida ou depois)
ilíquida. Pedido ilíquido: sem valor preciso
§ 2º A parte poderá liquidar ou executar,
desde logo, a obrigação reconhecida na
decisão que julgar parcialmente o mérito,
independentemente de caução, ainda que Julgamento antecipado PARCIAL
haja recurso contra essa interposto. do mérito
§ 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito - O juiz não decidirá sobre todos os
em julgado da decisão, a execução será pedidos, somente aqueles que estão em
definitiva. condições imediatas de julgamento e
§ 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que não precisam ser decididos
que julgar parcialmente o mérito poderão ser somente ao final do processo.
processados em autos suplementares, a - O juiz profere DECISÃO
requerimento da parte ou a critério do juiz. INTERLOCUTÓRIA.
§ 5º A decisão proferida com base neste - Caberá AGRAVO DE
artigo é impugnável por agravo de INSTRUMENTO
instrumento.

Natureza jurídica
Considerando a impossibilidade da prolação
de duas sentenças no mesmo processo,
julgando a mesma ação e/ou reconvenção, o
legislador previu que o julgamento
antecipado parcial do mérito se dará por meio
de DECISÃO INTERLOCUTÓRIA e por
isso pode ser combatido pelo recurso de
AGRAVO DE INSTRUMENTO.
realização da audiência de instrução e
julgamento.

SANEAMENTO (art. 357)


§ 4º Caso tenha sido determinada a
produção de prova testemunhal, o juiz
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das fixará prazo comum não superior a 15
hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em (quinze) dias para que as partes
decisão de saneamento e de apresentem rol de testemunhas.
organização do processo: § 5º Na hipótese do § 3º, as partes
I - resolver as questões processuais devem levar, para a audiência prevista,
pendentes, se houver; o respectivo rol de testemunhas.

II - delimitar as questões de fato sobre § 6º O número de testemunhas


as quais recairá a atividade probatória, arroladas não pode ser superior a 10
especificando os meios de prova (dez), sendo 3 (três), no máximo, para
admitidos; a prova de cada fato.

III - definir a distribuição do ônus da § 7º O juiz poderá limitar o número de


prova, observado o art. 373; testemunhas levando em conta a
complexidade da causa e dos fatos
IV - delimitar as questões de direito individualmente considerados.
relevantes para a decisão do mérito;
§ 8º Caso tenha sido determinada a
V - designar, se necessário, audiência produção de prova pericial, o juiz deve
de instrução e julgamento. observar o disposto no art. 465 e, se
§ 1º Realizado o saneamento, as partes têm o possível, estabelecer, desde logo,
direito de pedir esclarecimentos ou solicitar calendário para sua realização.
ajustes, no prazo comum de 5 (cinco) dias, § 9º As pautas deverão ser preparadas
findo o qual a decisão se torna estável. com intervalo mínimo de 1 (uma) hora
§ 2º As partes podem apresentar ao juiz, para entre as audiências.
homologação, delimitação consensual das
questões de fato e de direito a que se referem
os incisos II e IV, a qual, se homologada,
vincula as partes e o juiz.
§ 3º Se a causa apresentar
complexidade em matéria de fato ou de
direito, deverá o juiz designar
audiência para que o saneamento seja
feito em cooperação com as partes,
oportunidade em que o juiz, se for o
caso, convidará as partes a integrar ou
esclarecer suas alegações. Audiência
preliminar que visa a tentativa de
conciliação, resolução das questões
processuais pendentes, delimitação das
questões de fato sobre as quais recairá
a atividade probatória, definição da
distribuição do ônus da prova,
designação de dia e hora para a
LEIS ESTADUAIS, MUNICIPAIS E
CONSUETUDINÁRIAS – Precisa ser
provada pelas partes
Aula 10 (16/05/2023)

Ex.: O juiz não é obrigado a saber


DAS PROVAS que no dia 08 de abril é feriado
no município de Santo André,
cabendo as partes demonstrar
Conceito que é, para efeito de contagem de
prazos, por exemplo. Mas é
Segundo o professor Rogério Terra, prova é a obrigação do juiz saber que dia
reconstituição da realidade dos fatos a partir 20 de novembro é dia da
dos vestígios deixados por ela. consciência negra, feriado
nacional, não cabendo as partes
Em regra, as provas se referem a fatos
demonstrar esse fato já que
passados. Em exceção, a prova pode focar no
pressupõe que seja do
presente ou no futuro (Ex.: o autor alega que
conhecimento do magistrado.
precisará de cirurgias para reparar o dano
causado pelo réu) Art. 376. A parte que alegar direito
municipal, estadual, estrangeiro ou
consuetudinário provar-lhe-á o teor e a
Objeto da prova vigência, se assim o juiz determinar.

O objeto da prova é o fato, não o direito


discutido no processo, considerando a adoção O QUE PODE E O QUE NÃO
dos aforismas iura novit curia (a Corte PODE SER PROVADO
conhece o direito) e da mihi factum, dabo
tibi jus (dai-me o fato que eu te darei o Só pode ser provado o fato que tem
direito), exigindo a lei que o magistrado vestígios!
conheça do direito vigente na área territorial Só os fatos positivos podem ser
em que exercer a jurisdição, atribuindo as provados. Fatos positivos é aquilo
partes, apenas, o ônus de comprovar a que de fato aconteceu.
veracidade dos fatos expostos em juízo.
Os fatos negativos não podem ser
Essa regra que obriga o juiz a conhecer do provados. Fatos negativos é aquilo
direito não é absoluta, pois o artigo 376 que nunca aconteceu, de forma
adverte que parte deve provar o teor e a absoluta. É impossível provar o
vigência de direito municipal, estadual, “nunca”
estrangeiro ou consuetudinário.
Se houver a soma de um fato negativo
Art. 376. A parte que alegar direito municipal,
e um fato positivo é possível
estadual, estrangeiro ou consuetudinário
comprovar. Ex.: “Eu não bati no carro
provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz
determinar. dele porque nesse mesmo dia alegado
pelo autor, o carro estava na oficina
Ou seja, cabe as partes o ônus de mecânica”.
comprovar os fatos e cabe ao juiz
conhecer do direito para aplicar ao
caso concreto.  FATOS POSITIVOS – SE PROVA
LEIS FEDERAIS – Obrigação do  FATOS NEGATIVOS ABSOLUTOS
magistrado conhecer – NÃO PROVA
 FATOS POSITIVOS + FATOS
NEGATIVOS – SE PROVA
provas no decorrer do processo é necessário a
autorização do juiz por meio de uma decisão
judicial.
O juiz, por ofício, sem a autorização das
partes pode determinar a produção de
provas.
Obs.: quando isso ocorrer é necessário
PROVAS TÍPICAS (OU NOMINADAS) E uma análise minuciosa das partes para
PROVAS ATÍPICAS (OU ver se o juiz está sendo parcial. Por
INOMINADAS) exemplo, o réu está sendo mal
representado por seu advogado e ai o
juiz pede prova de ofício para suprir a
Provas típicas ou provas nominadas, são insuficiência da parte.
aquelas elencadas pelo CPC. Já as provas
atípicas ou inominadas, são aquelas que não
estão no código. a) Iniciativa probatória das partes
O CPC inclui como típicas ou nominadas as na petição inicial ou
seguintes provas: contestação/reconvenção
b) Iniciativa probatória das partes
a) Testemunhal durante o andamento
b) Depoimento pessoal processual, sendo devida
c) Inspeção somente por autorização
d) Documental judicial
e) Confissão c) Iniciativa probatória por
f) Pericial decisão do juiz, de ofício.

Eu posso apresentar uma prova


Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a
inominada?
requerimento da parte, determinar as
R: O Código admite qualquer tipo de prova provas necessárias ao julgamento do
desde que seja MORALMENTE mérito.
LEGÍTIMA. A gravação de uma conversa de Parágrafo único. O juiz indeferirá, em
terceiros, sem a autorização dos mesmos, não decisão fundamentada, as diligências
pode ser aceita como prova já que a forma inúteis ou meramente protelatórias.
como a prova foi produzida é ilícita.
Art. 369. As partes têm o direito de empregar
todos os meios legais, bem como os moralmente
PROVAS INÚTEIS /
legítimos, ainda que não especificados neste PROTELATÓRIA
Código, para provar a verdade dos fatos em que O juiz, analisando as provas, pode
se funda o pedido ou a defesa e influir
indeferir aquelas que ele considerar
eficazmente na convicção do juiz.
inúteis ou protelatórias. Essa análise
ocorrerá na fase de saneamento.
Iniciativa probatória e decisão do juiz Quando uma prova é inútil?
A prova documental é apresentada por Não há uma resposta correta, somente
iniciativa das partes, na petição inicial e na analisando o caso concreto.
contestação e/ou reconvenção.
Tudo o que as partes precisam demonstrar
tem que constar nessas duas peças principais,
a partir daí caso queiram apresentar mais
APRECIAÇÃO DAS PROVAS/ II - tornar excessivamente difícil a uma parte
PERSUASÃO RACIONAL o exercício do direito.
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos § 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser
autos, independentemente do sujeito que a tiver celebrada antes ou durante o processo.
promovido, indicará na decisão as razões
da formação de seu convencimento.
Persuasão racional

INDEPENDEM DE PROVAS
PROVA EMPRESTADA
Art. 374. Não dependem de prova os
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de fatos:
prova produzida em outro processo, atribuindo-
lhe o valor que considerar adequado, observado I - notórios; conhecido por todos –
o contraditório. público

O requisito para que isso ocorra é que sejam II - afirmados por uma parte e
as mesmas partes. confessados pela parte contrária;
III - admitidos no processo como
incontroversos; Quando o réu não
apresenta a contestação, o fato vira
ÔNUS DA PROVA incontroverso.
Art. 373. O ônus da prova incumbe: IV - em cujo favor milita presunção
legal de existência ou de veracidade.
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de
seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato Máximas de experiência comum
impeditivo, modificativo ou extintivo do
Art. 375. O juiz aplicará as regras de
direito do autor.
experiência comum subministradas
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de pela observação do que
peculiaridades da causa relacionadas à ordinariamente acontece e, ainda,
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de as regras de experiência técnica,
cumprir o encargo nos termos do caput ou à ressalvado, quanto a estas, o exame
maior facilidade de obtenção da prova do fato pericial.
contrário, poderá o juiz atribuir o ônus
O juiz pode preencher alguma falta de
da prova de modo diverso, (Inversão do
prova, por meio de vestígios, com
ônus da prova) desde que o faça por
máxima de experiência alegando que
decisão fundamentada, caso em que deverá
aquilo de fato acontece na prática.
dar à parte a oportunidade de se desincumbir
do ônus que lhe foi atribuído.
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo
não pode gerar situação em que a
desincumbência do encargo pela parte seja DEVER DE COLABORAÇÃO
impossível ou excessivamente difícil. Art. 378. Ninguém se exime do dever
“probatio diabólica” de colaborar com o Poder Judiciário
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova para o descobrimento da verdade.
também pode ocorrer por convenção das Ou seja, a testemunha não pode
partes, salvo quando: rejeitar em dar o seu testemunho.
I - recair sobre direito indisponível da parte;
- DO DEPOIMENTO PESSOAL
O depoimento pessoal é uma forma de
confissão. Ele é feito por uma das partes, a
parte não faz prova a seu favor, somente
Privilégio contra a contra.
autoincriminação
Só o advogado da parte contrária
No processo civil, o réu não tem o direito do é que faz a pergunta a parte.
silêncio, senão pressupõe que os fatos
O autor e o réu não prestam
alegados pelo autor são verdadeiros.
compromisso de dizer a verdade,
No direito penal, o direito ao silêncio é somente a testemunha.
absoluto, ninguém pode se incriminar. Já no
direito civil, o direito ao silencia é relativo.
Art. 385. Cabe à parte requerer o
depoimento pessoal da outra parte,
PROVAS EM ESPÉCIE a fim de que esta seja interrogada na
audiência de instrução e
julgamento, sem prejuízo do poder
- DA ATA NOTARIAL do juiz de ordená-lo de ofício.
§ 1º Se a parte, pessoalmente intimada
para prestar depoimento pessoal e
Art. 384. A existência e o modo de advertida da pena de confesso, não
existir de algum fato podem ser comparecer ou, comparecendo, se
atestados ou documentados, a recusar a depor, o juiz aplicar-lhe-á a
requerimento do interessado, pena.
mediante ata lavrada por tabelião.
§ 2º É vedado a quem ainda não depôs
Parágrafo único. Dados representados assistir ao interrogatório da outra
por imagem ou som gravados em parte.
arquivos eletrônicos poderão constar
da ata notarial. § 3º O depoimento pessoal da parte
que residir em comarca, seção ou
subseção judiciária diversa daquela
onde tramita o processo poderá ser
Os fatos simples poderão ser atestados ou
colhido por meio de videoconferência
documentados por um tabelião de notas. Ex.:
ou outro recurso tecnológico de
conversa de Whatsapp.
transmissão de sons e imagens em
O tabelião certifica a ocorrência de um fato e tempo real, o que poderá ocorrer,
confirma a autenticidade de um documento. inclusive, durante a realização da
audiência de instrução e julgamento.
Somente os fatos simples podem ser
atestados pelo tabelião, já que os complexos Art. 386. Quando a parte, sem motivo
se exige prova pericial, formulada por um justificado, deixar de responder ao que
perito expert. lhe for perguntado ou empregar
evasivas, o juiz, apreciando as demais
circunstâncias e os elementos de prova,
PROVA ORAL declarará, na sentença, se houve recusa
de depor.
A prova oral se divide em: depoimento
pessoal e oitiva de testemunha. Art. 387. A parte responderá
pessoalmente sobre os fatos
articulados, não podendo servir-se de
escritos anteriormente preparados,
permitindo-lhe o juiz, todavia, a se o regime de casamento for o de separação
consulta a notas breves, desde que absoluta de bens.
objetivem completar esclarecimentos.
Art. 388. A parte não é obrigada a
Art. 392. Não vale como
depor sobre fatos:
confissão a admissão, em juízo,
I - criminosos ou torpes que lhe forem de fatos relativos a direitos
imputados; indisponíveis.
II - a cujo respeito, por estado ou § 1º A confissão será ineficaz se feita
profissão, deva guardar sigilo; por quem não for capaz de dispor do
direito a que se referem os fatos
III - acerca dos quais não possa
confessados.
responder sem desonra própria, de seu
cônjuge, de seu companheiro ou de § 2º A confissão feita por um
parente em grau sucessível; representante somente é eficaz nos
limites em que este pode vincular o
IV - que coloquem em perigo a vida do
representado.
depoente ou das pessoas referidas no
inciso III.
Parágrafo único. Esta disposição não se Art. 393. A confissão é
aplica às ações de estado e de família. irrevogável, mas pode ser
anulada se decorreu de erro de
fato ou de coação.
Parágrafo único. A legitimidade para a
- DA CONFISSÃO ação prevista no caput é exclusiva do
confitente e pode ser transferida a seus
herdeiros se ele falecer após a
Art. 389. Há confissão, judicial ou propositura.
extrajudicial, quando a parte admite a
verdade de fato contrário ao seu
interesse e favorável ao do adversário. Art. 394. A confissão extrajudicial,
quando feita oralmente, só terá eficácia
nos casos em que a lei não exija prova
Art. 390. A confissão judicial pode ser literal.
espontânea ou provocada.
§ 1º A confissão espontânea pode ser feita Art. 395. A confissão é, em regra,
pela própria parte ou por representante com indivisível, não podendo a parte que a
poder especial. quiser invocar como prova aceitá-la no
§ 2º A confissão provocada constará do termo tópico que a beneficiar e rejeitá-la no
de depoimento pessoal. que lhe for desfavorável, porém cindir-
se-á quando o confitente a ela aduzir
fatos novos, capazes de constituir
Art. 391. A confissão judicial faz prova fundamento de defesa de direito
contra o confitente, não prejudicando, material ou de reconvenção.
todavia, os litisconsortes.
Parágrafo único. Nas ações que versarem
sobre bens imóveis ou direitos reais sobre
imóveis alheios, a confissão de um cônjuge ou
companheiro não valerá sem a do outro, salvo
II - o requerido tiver aludido ao documento
ou à coisa, no processo, com o intuito de
constituir prova;
III - o documento, por seu conteúdo, for
comum às partes.

- DA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU
COISA

Art. 400. Ao decidir o pedido, o


Art. 396. O juiz pode ordenar que a juiz admitirá como verdadeiros
parte exiba documento ou coisa que se os fatos que, por meio do
encontre em seu poder. documento ou da coisa, a parte
pretendia provar se:

Art. 397. O pedido formulado pela


parte conterá: I - o requerido não efetuar a
exibição nem fizer nenhuma
I - a descrição, tão completa quanto declaração no prazo do art. 398 ;
possível, do documento ou da coisa, ou das
categorias de documentos ou de coisas II - a recusa for havida por
buscados; (Redação dada pela Lei nº 14.195, ilegítima.
de 2021)
Parágrafo único. Sendo
II - a finalidade da prova, com indicação necessário, o juiz pode adotar
dos fatos que se relacionam com o documento medidas indutivas, coercitivas,
ou com a coisa, ou com suas categorias; mandamentais ou sub-rogatórias
(Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021) para que o documento seja
exibido.
III - as circunstâncias em que se funda
o requerente para afirmar que o
documento ou a coisa existe, ainda que a
Art. 401. Quando o documento ou a
referência seja a categoria de documentos ou
coisa estiver em poder de terceiro, o
de coisas, e se acha em poder da parte
juiz ordenará sua citação para
contrária. (Redação dada pela Lei nº 14.195,
responder no prazo de 15 (quinze) dias.
de 2021)

Art. 402. Se o terceiro negar a


Art. 398. O requerido dará sua resposta nos 5
obrigação de exibir ou a posse do
(cinco) dias subsequentes à sua intimação.
documento ou da coisa, o juiz
Parágrafo único. Se o requerido designará audiência especial,
afirmar que não possui o documento tomando-lhe o depoimento, bem como
ou a coisa, o juiz permitirá que o o das partes e, se necessário, o de
requerente prove, por qualquer meio, testemunhas, e em seguida proferirá
que a declaração não corresponde à decisão.
verdade.

Art. 403. Se o terceiro, sem justo


Art. 399. O juiz não admitirá a recusa se: motivo, se recusar a efetuar a exibição,
o juiz ordenar-lhe-á que proceda ao
I - o requerido tiver obrigação legal de exibir; respectivo depósito em cartório ou em
outro lugar designado, no prazo de 5
(cinco) dias, impondo ao requerente
que o ressarça pelas despesas que tiver.
- DA PROVA TESTEMUNHAL
Parágrafo único. Se o terceiro (Consultar o CPC, art. 442 a 463)
descumprir a ordem, o juiz expedirá
mandado de apreensão, requisitando,
se necessário, força policial, sem - DA PROVA PERICIAL (Consultar o
prejuízo da responsabilidade por crime CPC, art. 464 a 480)
de desobediência, pagamento de multa
e outras medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias - DA PROVA INSPEÇÃO JUDICIAL
necessárias para assegurar a efetivação (Consultar o CPC, art. 481 a 484)
da decisão.

Aula 11 (22/05/2023): continuidade das


Art. 404. A parte e o terceiro se provas
escusam de exibir, em juízo, o
documento ou a coisa se: Aula 12 (29/05/2023): sentença, coisa
julgada e execução

I - concernente a negócios da própria


vida da família;
II - sua apresentação puder violar
dever de honra;
III - sua publicidade redundar em
desonra à parte ou ao terceiro, bem
como a seus parentes consanguíneos
ou afins até o terceiro grau, ou lhes
representar perigo de ação penal;
IV - sua exibição acarretar a divulgação
de fatos a cujo respeito, por estado ou
profissão, devam guardar segredo;
V - subsistirem outros motivos graves
que, segundo o prudente arbítrio do
juiz, justifiquem a recusa da exibição;
VI - houver disposição legal que
justifique a recusa da exibição.

Parágrafo único. Se os motivos de que tratam


os incisos I a VI do caput disserem respeito a
apenas uma parcela do documento, a parte ou
o terceiro exibirá a outra em cartório, para
dela ser extraída cópia reprográfica, de tudo
sendo lavrado auto circunstanciado.

- DA PROVA DOCUMENTAL (Consultar


o CPC, art. 405 a 441)

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