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25/05/2021 https://sapiens.agu.gov.

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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA JUNTO AO DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE
TRANSPORTES
COORDENAÇÃO DE ASSUNTOS ESTRATÉGICOS - CAE
SAN QD. 03 - BL. A - ED. NÚCLEO DOS TRANSPORTES - 3º ANDAR - BRASÍLIA/DF - CEP: 70.040-902 - PFEDNIT.GESTAO@AGU.GOV.BR - TEL.: (61) 3315-4351/3315-4355

PARECER n. 00029/2021/CAE/PFE-DNIT/PGF/AGU

NUP: 50600.010756/2021-17
INTERESSADOS: DIRETORIA DE INFRAESTRUTURA RODOVIÁRIA
ASSUNTOS: ASSESSORAMENTO ESPECIALIZADO À ATIVIDADE JURÍDICA

EMENTA: ADMINISTRATIVO. ALTERAÇÕES NO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO - CTB.


Decadência do direito de punir do Estado caso ultrapassado o prazo de que trata o art. 282, caput e § 6º, do CTB.

1. Trata-se de processo oriundo da Diretoria de Infraestrutura Rodoviária do Departamento Nacional de


Infraestrutura de Transportes – DNIT encaminhando, via Ofício nº 62497/2021/DIR/DNIT SEDE, de 14/05/2021 (SEI nº 8184594), os
seguintes questionamentos a respeito das alterações no Código de Trânsito Brasileiro – CTB promovidas pela Lei nº 14.071, de 13 de
outubro de 2020:
“I - Os novos regramentos ora apresentados retroagem para os autos de infração de trânsito que já foram
lavrados e originaram processos administrativos de trânsito antes de 12/04/2021, data do vigor da Lei nº
14.071, de 2020?
II - Os novos prazos específicos estabelecidos no art. 282, caput e § 6º para expedição da Notificação da
Penalidade de Multa por infração à legislação de trânsito são adstritos à apresentação de Defesa da Autuação?
III - Em caso de não apresentação da Defesa da Autuação no processo administrativo de trânsito, é adequado
adotar o prazo estabelecido pela Lei n° 9.873/1999, que estabelece prazo de prescrição para o exercício de
ação punitiva pela administração pública federal, direta e indireta, considerando o estabelecido no art. 1º §1º,
prazo de 3 (três) anos para prescrição do ato?
IV- A partir da redação do caput do art. 282 c/c Art. 281-A, caso a Defesa da Autuação não seja apresentada no
prazo de 30 dias, contados da data da expedição da Notificação da Autuação, porém dentro do prazo de 180
dias para expedição da Notificação da Penalidade, é aplicável o prazo de 360 dias para expedição da
Notificação da Penalidade?”

2. Os presentes autos, enviados em meio eletrônico via SEI/DNIT, com o link de acesso fornecido à
Procuradoria Federal Especializada junto ao DNIT – PFE/DNIT, foram distribuídos à signatária via Sistema Sapiens da Advocacia-
Geral da União – AGU, no dia 19/05/2021, para análise e emissão de manifestação, com pedido de prioridade.

3. É o relatório.

4. Dentre as diversas alterações promovidas pela Lei nº 14.071/2020 no CTB interessam ao deslinde dos
questionamentos suscitados os seguintes dispositivos:
Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida neste Código e dentro de sua
circunscrição, julgará a consistência do auto de infração e aplicará a penalidade cabível.
Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado insubsistente:
I - se considerado inconsistente ou irregular;
II - se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da autuação.
Art. 281-A. Na notificação de autuação e no auto de infração, quando valer como notificação de autuação,
deverá constar o prazo para apresentação de defesa prévia, que não será inferior a 30 (trinta) dias, contado da
data de expedição da notificação. (Incluído pela Lei nº 14.071, de 2020)
Art. 282. Caso a defesa prévia seja indeferida ou não seja apresentada no prazo estabelecido, será aplicada a
penalidade e expedida notificação ao proprietário do veículo ou ao infrator, no prazo máximo de 180 (cento e
oitenta) dias, contado da data do cometimento da infração, por remessa postal ou por qualquer outro meio
tecnológico hábil que assegure a ciência da imposição da penalidade.
§ 1º A notificação devolvida por desatualização do endereço do proprietário do veículo será considerada válida
para todos os efeitos.

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§ 2º A notificação a pessoal de missões diplomáticas, de repartições consulares de carreira e de representações
de organismos internacionais e de seus integrantes será remetida ao Ministério das Relações Exteriores para as
providências cabíveis e cobrança dos valores, no caso de multa.
§ 3º Sempre que a penalidade de multa for imposta a condutor, à exceção daquela de que trata o § 1º do art. 259,
a notificação será encaminhada ao proprietário do veículo, responsável pelo seu pagamento.
§ 4º Da notificação deverá constar a data do término do prazo para apresentação de recurso pelo responsável
pela infração, que não será inferior a trinta dias contados da data da notificação da penalidade.
§ 5º No caso de penalidade de multa, a data estabelecida no parágrafo anterior será a data para o recolhimento de
seu valor.
§ 6º Em caso de apresentação da defesa prévia em tempo hábil, o prazo previsto no caput deste artigo será de
360 (trezentos e sessenta) dias. (Incluído pela Lei nº 14.071, de 2020)
§ 7º O descumprimento dos prazos previstos no caput ou no § 6º deste artigo implicará a decadência do direito
de aplicar a penalidade. (Incluído pela Lei nº 14.071, de 2020)

(grifos nossos)

5. A Lei nº 14.071/2020 entrou em vigor 180 (cento e oitenta) dias após sua publicação oficial, ou seja, em
12/04/2021. Até o início da sua vigência, os prazos para a notificação da autuação (30 dias) e para a defesa da autuação (30 dias)
estavam previstos na Resolução nº 619, de 6 de setembro de 2016, do Conselho Nacional de Trânsito – Contran, alterada pela
Resolução Contran nº 845, de 8 de abril de 2021, embora não houvesse definição do prazo para a segunda notificação de aplicação da
penalidade. Vejamos:
Art. 4º À exceção do disposto no § 5º do artigo anterior, após a verificação da regularidade e da consistência do
Auto de Infração de Trânsito, a autoridade de trânsito expedirá, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contados da
data do cometimento da infração, a Notificação da Autuação dirigida ao proprietário do veículo, na qual deverão
constar os dados mínimos definidos no art. 280 do CTB.
......................................................................
§ 3º A não expedição da notificação da autuação no prazo previsto no caput deste artigo ensejará o arquivamento
do Auto de Infração de Trânsito
§ 4º Da Notificação da Autuação constará a data do término do prazo para a apresentação da Defesa da
Autuação pelo proprietário do veículo, principal condutor ou pelo condutor infrator devidamente identificado,
que não será inferior a 30 (trinta)dias, contados da data de expedição da notificação da autuação ou publicação
por edital, observado o disposto no art. 13.
......................................................................

(grifos nossos)

6. Tanto o prazo para a notificação da autuação como para a apresentação da defesa da autuação era de apenas
30 (trinta) dias, conforme art. 4º, caput, e § 4º da Resolução Contran nº 619/2016, alterada pela Resolução Contran nº 845/2021. No
que concerne à segunda notificação de aplicação da penalidade, aplicavam-se subsidiariamente os prazos previstos na Lei nº 9.873, de
23 de novembro de 1999, que estabelece prazo de prescrição de cinco anos para o exercício de ação punitiva.

7. Com as alterações promovidas pela Lei nº 14.071/2020 nos arts. 281-A e 282 do CTB, as autoridades de
trânsito deverão promover a segunda notificação de aplicação da penalidade ao proprietário do veículo ou ao infrator no prazo de: (i)
180 (cento e oitenta) dias se não houver apresentação da defesa prévia ou se esta for julgada indeferida (não aceita, logo, mantendo-se
o auto de infração e a multa); ou (ii) 360 (trezentos e sessenta dias) se houver apresentação da defesa prévia em tempo hábil. Nos
termos do § 7º do art. 282 do CTB referidos prazos são de decadência, ou seja, uma vez escoados a autoridade de trânsito perde o
direito material (direito potestativo) de impor a penalidade de trânsito.

8. Por consistirem em prazos de decadência e não de prescrição, os prazos previstos no art. 282 do CTB não se
interrompem e nem se suspendem nos termos do art. 207 do Código Civil - CC, in verbis:
Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem
ou interrompem a prescrição.

9. Na decadência, o prazo nem se interrompe, e nem se suspende (CC, art. 207), corre indefectivelmente contra
todos e é fatal, e nem pode ser renunciado (CC, art. 209). Já a prescrição, pode ser interrompida ou suspensa, e é renunciável.

10. Nesse contexto legislativo deve ser interpretada a Deliberação Contran nº 185, de 19 de março de 2020, que
interrompeu no art. 3º os prazos para apresentação de defesa de autuação e de recursos de multa; e no art. 4º o prazo para identificação
do condutor infrator. Vejamos:
Art. 3º Ficam interrompidos, por tempo indeterminado, os prazos para apresentação de:
I - defesa da autuação, previsto no art. 4º, § 4º, da Resolução CONTRAN nº 619, de 06 de setembro de 2016;
II - recursos de multa, previstos nos arts. 11, inciso IV, e 15, da Resolução CONTRAN nº 619, de 2016;
III - defesa processual, previsto no art. 10, § 5º, da Resolução CONTRAN nº 723, de 06 de fevereiro de 2018; e

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IV - recursos de suspensão do direito de dirigir e de cassação do documento de habilitação, previstos nos arts.
15, § 1º, e 16, § 1º, da Resolução CONTRAN nº 723, de 2018.
Art. 4º Fica interrompido, por tempo indeterminado, o prazo para identificação do condutor infrator, previsto no
art. 257, § 7º, do CTB, inclusive nos processos administrativos em trâmite.

(grifos nossos)

11. A Deliberação Contran nº 185/2020 foi referenda pela Resolução Contran nº 782, de 18 de junho de 2020,
que assim dispôs:
Art. 2º Ficam interrompidos, por tempo indeterminado, os prazos para apresentação de:
I - defesa da autuação, previsto no § 4º do art. 4º da Resolução CONTRAN nº 619, de 06 de setembro de 2016;
II - recursos de multa, previstos no inciso IV do art. 11 e no art. 15 da Resolução CONTRAN nº 619, de
2016;
III - defesa processual, previsto no § 5º do art. 10 da Resolução CONTRAN nº 723, de 06 de fevereiro de
2018; e
IV - recursos de suspensão do direito de dirigir e de cassação do documento de habilitação, previstos no §
1º do art. 15 combinado com o § 1º do art. 16 da Resolução CONTRAN nº 723, de 2018.
Art. 3º Fica interrompido, por tempo indeterminado, o prazo para identificação do condutor infrator,
previsto no § 7º do art. 257 do CTB, inclusive nos processos administrativos em trâmite.

12. Ocorre que a Resolução Contran nº 782/2020 já foi revogada pela Resolução Contran nº 805, de 16 de
novembro de 2020, que restabeleceu os prazos interrompidos a partir de 1º de dezembro de 2020. Vejamos:
Art. 2º Ficam restabelecidos os seguintes prazos para as infrações cometidas a partir de 1º de dezembro de
2020:
I – de defesa da autuação, previsto no § 4º do art. 4º da Resolução CONTRAN nº 619, de 06 de
setembro de 2016;
II – de recursos de multa, previstos no inciso IV do art. 11 e no art. 15 da Resolução CONTRAN nº 619, de
2016;
III – de defesa processual, previsto no § 5º do art. 10 da Resolução CONTRAN nº 723, de 06 de
fevereiro de 2018;
IV – de recursos de suspensão do direito de dirigir e de cassação do documento de habilitação,
previstos no § 1º do art. 15 combinado com o § 1º do art. 16 da Resolução CONTRAN nº 723, de 2018; e
V – para identificação do condutor infrator, previsto no § 7º do art. 257 do CTB, inclusive nos processos
administrativos em trâmite.
Art. 3º A autoridade de trânsito expedirá as notificações de autuação (NA) decorrentes de infrações
cometidas a partir de 1º de dezembro de 2020 conforme disposto na Resolução CONTRAN nº 619, de
2016.

(grifos nossos)

13. Considerando que os prazos previstos no art. 282 do CTB para as autoridades de trânsito expedirem a
notificação ao proprietário do veículo ou ao infrator são decadenciais, não há que se falar em sua interrupção, ainda que que tenha
ocorrido a interrupção dos prazos para defesa e para identificação do condutor infrator por deliberação do Contran.

14. Esse entendimento pode ser corroborado pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

EMENTA. ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE


CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ N.º 08/2008. AUTO DE INFRAÇÃO.
NOTIFICAÇÃO. PRAZO. ART. 281, PARÁGRAFO ÚNICO, II, DO CTB. NULIDADE. RENOVAÇÃO DE
PRAZO. IMPOSSIBILIDADE. HONORÁRIOS.
SÚMULA 7/STJ.
1. O Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97) prevê uma primeira notificação de autuação, para
apresentação de defesa (art. 280), e uma segunda notificação, posteriormente, informando do prosseguimento do
processo, para que se defenda o apenado da sanção aplicada (art. 281).
2. A sanção é ilegal, por cerceamento de defesa, quando inobservados os prazos estabelecidos.
3. O art. 281, parágrafo único, II, do CTB prevê que será arquivado o auto de infração e julgado insubsistente o
respectivo registro se não for expedida a notificação da autuação dentro de 30 dias. Por isso, não havendo a
notificação do infrator para defesa no prazo de trinta dias, opera-se a decadência do direito de punir do Estado,
não havendo que se falar em reinício do procedimento administrativo.
4. Descabe a aplicação analógica dos arts. 219 e 220 do CPC para admitir seja renovada a notificação, no prazo
de trinta dias do trânsito em julgado da decisão que anulou parcialmente o procedimento administrativo.

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5. O exame da alegada violação do art. 20, § 4º, do CPC esbarra no óbice sumular n.º 07/STJ, já que os
honorários de R$ 500,00 não se mostram irrisórios para causas dessa natureza, em que se discute multa de
trânsito, de modo a não poder ser revisado em recurso especial. Ressaltou o acórdão recorrido esse montante
remunera "dignamente os procuradores, tendo em vista a repetividade da matéria debatida e sua pouca
complexidade".
6. Recurso especial conhecido em parte e provido. Acórdão sujeito ao art. 543-C do CPC e à Resolução STJ n.º
08/2008.
(REsp 1092154/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe
31/08/2009)

EMENTA. ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. MULTA DE TRÂNSITO.


PRAZO DE NOTIFICAÇÃO DO INFRATOR. 30 (TRINTA) DIAS. DESCUMPRIMENTO.
INSUBSISTÊNCIA DO AUTO DE INFRAÇÃO.
1. Segundo entendimento deste Superior Tribunal firmado sob o rito dos recursos repetitivos, "não havendo a
notificação do infrator para defesa no prazo de trinta dias, opera-se a decadência do direito de punir do Estado,
não havendo que se falar em reinício do procedimento administrativo."(REsp 1.092.154/RS, Rel. Ministro
Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 12/8/2009, DJe 31/8/2009).
2. Agravo interno não provido.
(AgInt no REsp 1810131/CE, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/08/2019,
DJe 30/08/2019)

(grifos nossos)

15. Apesar de tais julgados serem anteriores à alteração do CTB, a natureza decadencial do prazo para a
notificação permanece a mesma. Passemos então aos questionamentos.

16 Primeiro:
“I - Os novos regramentos ora apresentados retroagem para os autos de infração de trânsito que já foram
lavrados e originaram processos administrativos de trânsito antes de 12/04/2021, data do vigor da Lei nº
14.071, de 2020?”

17 Caso o proprietário do veículo ou o infrator ainda não tiver sido notificado (primeira e segunda notificações)
até a data da entrada em vigor da Lei nº 14.071/2020 são aplicáveis os seus prazos. Não se fala em retroação, mas aplicação da
legislação em vigor ao processo administrativo ainda em curso.

18. Segundo:
“II - Os novos prazos específicos estabelecidos no art. 282, caput e § 6º para expedição da Notificação da
Penalidade de Multa por infração à legislação de trânsito são adstritos à apresentação de Defesa da
Autuação?”

19. Sim. O prazo para expedição da notificação de penalidade estende-se para 360 (trezentos e sessenta) dias
apenas quando o proprietário do veículo ou o infrator apresenta a defesa prévia em tempo hábil, valendo também para defesas prévias
já apresentadas e pendentes de julgamento.

20. Terceiro:
“III - Em caso de não apresentação da Defesa da Autuação no processo administrativo de trânsito, é adequado
adotar o prazo estabelecido pela Lei n° 9.873/1999, que estabelece prazo de prescrição para o exercício de
ação punitiva pela administração pública federal, direta e indireta, considerando o estabelecido no art. 1º §1º,
prazo de 3 (três) anos para prescrição do ato?”

21. Não, porque a Lei nº 9.873, de 23 de novembro de 1999, trata de prazo prescricional para o exercício de ação
punitiva pela Administração Pública Federal. Se o próprio Estado de Direito, por meio da Lei nº 14.071/2020, limitou temporalmente o
seu poder de impor penalidade de trânsito após o lapso temporal de 180 (cento e oitenta) ou 360 (trezentos e sessenta) dias a contar da
data do cometimento da infração de trânsito, a depender da apresentação ou não da defesa prévia em tempo hábil, não há razão em
afastar o CTB (legislação específica) e aplicar esse prazo mais extenso. A Lei nº 9.873/1999 era aplicada subsidiariamente antes da
alteração do CTB diante de sua omissão quanto ao prazo para a cobrança da multa. Uma vez sanada essa omissão por meio da
alteração do art. 282, prevalece a lei específica.

22. Quarto:
“IV- A partir da redação do caput do art. 282 c/c Art. 281-A, caso a Defesa da Autuação não seja apresentada
no prazo de 30 dias, contados da data da expedição da Notificação da Autuação, porém dentro do prazo de 180
dias para expedição da Notificação da Penalidade, é aplicável o prazo de 360 dias para expedição da
Notificação da Penalidade?”

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23. Não. Caso não apresentada a defesa prévia (ou, se apresentada, não conhecida por intempestividade), o
prazo decadencial para expedição da notificação de penalidade é de 180 (cento e oitenta) dias a contar da infração, nos termos do art.
282, caput, do CTB, somente se estendendo para 360 (trezentos e sessenta) dias quando o proprietário ou infrator apresentar a defesa
prévia em tempo hábil.

24. É o Parecer.

25. Respondidos todos os questionamentos suscitados, nos termos do inciso VIII do caput do art. 44 da IN
[1]
PFE/DNIT nº 2/2021 , submete-se esta manifestação à consideração superior, sugerindo-se a devolução dos autos à Diretoria de
Infraestrutura Rodoviária para as providências que entender cabíveis.

Brasília, 21 de maio de 2021.

TATIANA MALTA VIEIRA


Procuradora Federal
PFE/DNIT/SEDE-DF

[1] Art. 44. Os pareceres, notas e informações proferidos no âmbito da PFE/DNIT deverão ser objeto de aprovação do
Procurador-Geral, nas seguintes hipóteses:
I - tratar-se de ato a ser praticado pelo Diretor-Geral ou Diretor Executivo do DNIT;
II - houver necessidade de uniformização jurídica interna;
III - suscitar, expressa ou tacitamente, divergência com outro órgão vinculado à Procuradoria-Geral Federal;
IV -concluir pelo não prosseguimento do feito;
V - sustentar a nulidade de ato administrativo;
VI -recomendar a instauração de procedimento de apuração ou de responsabilidade funcional;
VII - tratar-se de procedimentos licitatórios de que trata a Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011; e
VIII - tratar-se de análise de hipótese de repercussão nacional ou de questões relevantes e transversais.
...............................................................
§ 3º Nas situações do caput, a aprovação se formalizará mediante despacho, e somente após aprovada assumirá o
caráter de manifestação jurídica da Advocacia-Geral da União.
§ 4º Os pareceres, notas e informações proferidos por Procurador Federal que não se submetam às hipóteses do caput
assumirão o caráter de manifestação jurídica da PFE/DNIT, independentemente de sua aprovação.

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br mediante o fornecimento do


Número Único de Protocolo (NUP) 50600010756202117 e da chave de acesso ac53e1f0

Documento assinado eletronicamente por TATIANA MALTA VIEIRA, de acordo com os normativos legais aplicáveis. A conferência
da autenticidade do documento está disponível com o código 640835649 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações
adicionais: Signatário (a): TATIANA MALTA VIEIRA. Data e Hora: 21-05-2021 20:37. Número de Série:
0x917CB6C2B3AD2C8A17C86795C018C15F. Emissor: Autoridade Certificadora SERPRORFBv5.

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