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INSTITUTO MUNICIPAL DE ENSINO SUPERIOR DE BEBEDOURO

“VICTÓRIO CARDASSI”
DIREITO

GUSTAVO MESSIAS OLIVEIRA MACHADO

QUESTÕES DE DIREITO DO CONSUMIDOR

BEBEDOURO/SP
2023
QUESTÕES DE DIREITO DO CONSUMIDOR

• Trabalho individual
• Entrega no dia 04/04/2023
• Cada questão vale 5 pontos.

01) Pesquise na Jurisprudência acórdão que trate da responsabilidade de banco, em virtude da


clonagem de conta bancária de cliente com saques de valores, apontando e respondendo: a)
autor da ação; b) réu da ação; c) fundamentos da ação proposta; d) fundamentos da defesa
proposta; e) fundamentos da sentença; f) fundamentos do acórdão.

02) Xisto de Oliveira, levou seu veículo da marca X, ano de fabricação e modelo 2020, avaliado
em 80 mil reais, automóvel este que ele utiliza para exercer a profissão de representante
comercial na área de medicamentos, para a oficina Confiança, que trabalha com funilaria e
pintura, para reparos na pintura e polimento do veículo, resultando em trabalho de péssima
qualidade. O carro ficou totalmente manchado por dentro e por fora. Depois de reclamar, o
dono da oficina se propôs em realizar novamente o serviço, porém exigiu que o veículo
permanecesse a sua disposição por 20 dias, o que poderá gerar grande prejuízo a Xisto, que
utiliza o carro para trabalha. Diante disso, qual seria o caminho mais correto e rápido para
resolver o problema de Xisto? Como advogado(a) apresente uma proposta para seu cliente
Xisto, objetivando a resolução do problema
01) Pesquise na Jurisprudência acórdão que trate da responsabilidade de banco, em
virtude da clonagem de conta bancária de cliente com saques de valores, apontando e
respondendo:

A) AUTOR DA AÇÃO

Dorival Cardoso Gregorio

B) RÉU DA AÇÃO

Banco Itaú Consignado S.A

C) FUNDAMENTOS DA AÇÃO PROPOSTA

Trata-se de Ação de Indenização por Danos Morais e Materiais proposta por Dorival
Cardoso Gregório contra Banco Itaú Consignado S.A.
Sustentou o requerente ser beneficiário da previdência social. Contratou com o banco réu
dois empréstimos consignados, ambos a serem pagos em 72 parcelas. Para sua surpresa, na data
de 25 de junho de 2019, aportaram em sua conta corrente dois créditos que, somados, importam
no valor de R$2.717,66.
Após reclamar junto ao Procon, obteve a informação que se trata do refinanciamento dos
contratos originários, os quais foram quitados e o valor remanescente depositado na conta
corrente. Contudo, o autor não solicitou o refinanciamento e igualmente não assinou qualquer
documento. A atitude indevida do banco impôs ao autor descontos indesejáveis em sua
aposentadoria, causando-lhe danos de ordem moral e material.
Deseja ver declarada a nulidade do refinanciamento restabelecendo os consignados
anteriormente contratados, eis que próximos da quitação. Postulou a antecipação da tutela para
suspensão dos descontos. Requereu a procedência da ação, com a confirmação da tutela, para
declarar nulo o contrato de refinanciamento apontado bem como para a condenação do
requerido à repetição em dobro do indébito e ao pagamento de indenização por danos morais
no importe de R$ 38.684,40.
A antecipação de tutela foi deferida para suspender as cobranças e negativações, mediante
depósito do valor creditado indevidamente em sua conta corrente (fls.63/64). Noticiou o autor
a impossibilidade de efetuar o depósito (fls.68/69), oportunidade em que a liminar foi revogada
(fls.71).
Após a réplica (fls.185/189), as partes foram intimadas a especificar provas(fls.191), tendo
ambas se manifestado (fls.192 e 193/197).
A decisão saneadora determinou a realização de perícia grafotécnica (fls.198/199).
D) FUNDAMENTOS DA DEFESA PROPOSTA

Citado (fls.181), o requerido ofereceu resposta (fls.76/180). Sustentou a higidez da


contratação, realizada pessoalmente, junto a um dos postos de atendimento da instituição. Para
realização do ato negocial, foi apresentado o documento pessoal do autor, com aposição de
assinatura em documento físico. Como se observa dos extratos previdenciários, o autor tem
perfil de pessoa que adere a empréstimos consignados. Incontroverso que o autor se beneficiou
dos valores depositados, tanto que teve duas oportunidades para devolver ao banco a quantia
supostamente não contratada, mas não o fez. A utilização dos valores legitima a relação
contratual em questão e a cobrança da contraprestação advém do exercício regular do direito
do banco. Assim, não há que se falar em reparação de danos, seja de ordem material ou moral.
Requereu a improcedência da ação.

E) FUNDAMENTOS DA SENTENÇA

Processo Digital nº: 1004667-77.2021.8.26.0292


Classe - Assunto Procedimento Comum Cível - Defeito, nulidade ou anulação
Requerente: Dorival Cardoso Gregorio
Requerido: Banco Itaú Consignado S.A

É o relatório. Decido.
A matéria não exige produção de outras provas, comportando a lide julgamento no estado
em que se encontra (artigo 355, inciso I, do Código de Processo Civil).
O Juiz está obrigado a abrir a fase instrutória se, para seu convencimento, permanecerem
fatos controvertidos, pertinentes e relevantes, passíveis de prova testemunhal ou pericial. Isso
porque, em matéria de julgamento no estado do processo, predomina a prudente discrição do
julgador, no exame da necessidade ou não da realização de prova, ante as circunstâncias de cada
caso concreto e a necessidade de não ofender o princípio basilar do pleno contraditório.
No caso em debate, forçoso concluir que a documentação trazida pelas partes é suficiente
para a análise da matéria discutida, que não enseja, ademais, provas quer testemunhal, quer
técnica.
Os elementos de convicção extraídos dos autos impõem a parcial procedência da ação.
As disposições do Código de Defesa do Consumidor se aplicam às relações bancárias, que
nitidamente se encaixam no conceito de “serviços” previsto no parágrafo 2° do artigo 3° do
CDC. Nesse sentido, a Súmula 297 do E. Superior Tribunal de Justiça.
Assim, sendo patente a relação de consumo havida entre as partes, notadamente pela
natureza adesiva do contrato celebrado, impõe-se a análise do feito de acordo com os princípios
consumeristas, restando mitigado o princípio “pacta sunt servanda”, com vistas a identificar
eventual abusividade ou descompasso que mereça correção.
Destaca-se que, conforme tem entendido a jurisprudência, a hipossuficiência deque trata o
artigo 6º, inciso VIII, do CDC, um dos requisitos que autoriza a inversão do ônus da prova, não
se refere à condição econômica do consumidor, e sim às hipóteses em que este, em razão da
presença de complexas questões de ordem técnica de conhecimento restrito da fornecedora, se
encontre em extrema dificuldade de produzir a prova necessária.
Portanto, impõe-se a inversão do ônus da prova, porquanto presente a hipossuficiência do
requerente, que é pessoa em patente situação de desigualdade e inferioridade diante do
requerido.
Pretende o requerente a declaração de inexistência de relação jurídica com a consequente
declaração de inexistência do débito cobrado pelo requerido, sob a alegação de que jamais
contratou com o banco qualquer contrato de refinanciamento de empréstimo. Postulou a
devolução em dobro das quantias cobradas e a indenização por danos morais.
Em contrapartida, o requerido afirmou a higidez da contratação celebrada pessoalmente,
mediante apresentação de documento pessoal e aposição de assinatura em contrato físico. A
utilização da quantia depositada pela parte autora legitima a relação contratual entabulada.
A controvérsia no caso em análise está centrada na autenticidade das assinaturas lançadas
nas cédulas de crédito bancário 599374789 (fls.109/110) e 5974174730 (fls.112/113).
Neste ponto, sem entrar no mérito da aplicação ou não do Código de Defesa do Consumidor
ao presente caso, o ônus de comprovar o efetivo depósito dos valores na conta da requerente é
da parte requerida, eis que não há como o requerente comprovar que não recebeu o valor, até
porque, possui conta corrente em outra instituição financeira. Trata-se da chamada “prova de
fato negativo”, impossível de ser produzida.
Competia à empresa-requerida a produção de prova positiva no sentido da existência de
legítimo fundamento aos referidos descontos ou da exclusiva responsabilidade de terceiro, ônus
do qual não se desincumbiu (artigo 373, inciso II, do Código de Processo Civil).
Era imprescindível que a instituição financeira comprovasse suas alegações no sentido de
que, de fato, a assinatura constante no documento partiu do punho do requerente.
No entanto, tal como se extrai dos resultados da perícia técnica, isto não se verificou.
O trabalho realizado pelo perito nomeado pelo Juízo indicou que as assinaturas lavradas nos
documentos questionados não partiram do punho escrevente do autor, haja vista os claros
indícios de falsificação e divergências morfogenéticas com os seus padrões de
confronto(fls.258). No comparativo das assinaturas pontou a existência de falta de semelhança
quanto a proporcionalidade, espaçamentos Inter gramaticais, estes, maiores nas assinaturas
questionada. Em relação a linha de pauta as assinaturas questionadas se mostram acima e mais
afastadas (fls.257). Por fim, a existência de mínimos gráficos lançados pelo autor sobre as letras
“i” e “o”, são características peculiar de sua firma, não verificados nas assinaturas ora
questionadas. O autor não deixou de executar tais registros mesmo com o passar dos anos
(fls.256).
Com efeito, a prova pericial constatou a existência de fraude nos documentos que
justificariam as cobranças no benefício do requerente.
Demonstrado que a parte autora não contratou o refinanciamento dos empréstimos e por
igual medida não autorizou os débitos, os valores descontados em seu benefício previdenciário
a título de pagamento das parcelas são indevidos e, portanto, devem lhes ser restituídos, de
forma simples, acrescido de correção monetária e juros.
No que diz especificamente com a manutenção dos direitos e obrigações dos contratos
originários (565213423 e 553559670), observa-se que o pagamento da última parcela, segundo
informações do autor (fls.01), já foi alcançada, respectivamente em 02/2022 e 10/2021,
portanto, nada a deliberar.
Resta, neste passo, apurar os danos indenizáveis.
Salienta-se que o desconto indevido de valores em benefício previdenciário constitui, por si
só, fato ensejador de dano moral, conforme iterativo entendimento do E. Tribunal de Justiça de
São Paulo:
“Contrato bancário. Ação declaratória de inexistência de débito c.c. reparação de danos
morais empréstimo consignado. Perícia grafotécnica. Assinatura falsa. Ausência de
manifestação de vontade. Inexistência de contrato entre as partes. Dano moral. Valor da
indenização adequadamente fixado. Recurso não provido” (Apelação 1001459-
54.2015.8.26.0047,11ª Câmara de Direito Privado, rel. Des. Gil Coelho, j. 24.08.2017).
Assim, são devidos os danos morais, pois é evidente que todos os percalços sofridos pelo
requerente em decorrência da conduta negligente do banco réu lhe trouxeram abalo psicológico,
gerando o dever de reparação.
A situação gerada pelos descontos indevidos, por si só, é constrangedora e causou
insegurança no consumidor, que, passou ter que quitar valores não postulados.
Ora, em decorrência da desatenção da instituição financeira, o requerente, teve
indevidamente descontados valores de seu benefício, trazendo-lhe transtornos, difíceis de
estimar, mas fáceis de imaginar, pois depende de tal verba para sobreviver.
Referida conduta extrapola a lesão financeira e o mero aborrecimento, obstando aparte de
usufruir totalmente de seus rendimentos, devendo, portanto, ser reparada financeiramente.
“O tema do dano moral no âmbito das relações de consumo pouco se parece com aquele
que conhecemos, próprio da dor profunda decorrente da morte de filho ou de lesão estética da
pessoa. É dano que se revela em realidade própria, nova, criada pelo Direito para proteger o
consumidor, parte tida como mais frágil na relação de consumo e em geral impotente frente à
falhado prestador de serviço, sofrendo, portanto, aquelas reações desagradáveis,
desconfortáveis ou constrangedoras referidas pelo saudoso Juiz Carlos Alberto Bittar”
(RJE13/236).
Como cediço, a indenização por dano moral não pretende compensar a dor. O que pretende
é a reparação da culpa, por parte do autor do dano, o qual pelo dispêndio de dinheiro ficará
castigado. A vítima, por seu turno, será consolada com a certeza de que o causador de seu
desconforto não ficou inteiramente impune.
Embora não seja possível estabelecer-se uma perfeita relação entre a dor moral e assoma em
dinheiro capaz de atenuá-lo, não será impossível arbitrar-se a indenização desde que, em cada
caso, se procure encontrar uma reparação, que por um lado se aproxime do grau de culpa do
agente e por outro lado, aumente para a vítima a dose de consolação. A prudência deve ser o
Norte para a fixação do valor, até porque, sua eficácia advém da aptidão a proporcionar
satisfação justa, sem configurar enriquecimento ilícito, como também motivar impacto à
dissuasão da prática de novos atentados, estabelecendo-se em proporção à gravidade do ato.
Deve-se levar em conta, também, não só a pessoa do ofendido como a situação econômica do
ofensor, de modo que a pena patrimonial imposta sirva de advertência e cuidado, evitando-se
reincidências.
“Na fixação do quantum do dano moral, à falta de regulamentação específica, a
jurisprudência tem-se utilizado do critério estabelecido pelo Código Brasileiro de
Telecomunicações (Lei nº 4.117, de 27/07/1962), que trata da reparação do dano moral causado
por calúnia, difamação ou injúria divulgada pela imprensa, dispondo que o montante da
reparação não será inferior a cinco nem superior a cem vezes o maior salário mínimo vigente
no País (arts.81e 84), variando de acordo com a natureza do dano e as condições sociais e
econômicas do ofendido” (RT 120/106, 127/33, 127/162, 128/172).
O arbitramento da condenação a título de dano moral deve operar-se com moderação,
proporcionalmente ao grau de culpa, ao porte empresarial/pessoal das partes, suas atividades
comerciais e, ainda, o valor do negócio, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos ela
doutrina e jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se da experiência e do bom senso, atento
à realidade da vida, notadamente, à situação econômica atual e às peculiaridades do caso
concreto.
O Magistrado, para a avaliação do dano moral, deve ser, a um só tempo, razoável severo, a
fim de atender a finalidade de compensar e dar satisfação ao lesado, assim como desestimular
a reincidência.
No caso em tela, a conduta lesiva do banco réu foi meramente culposa (não dolosa). Pelo
menos, disso não há prova em sentido contrário nos autos. E mais. O requerente não comprovou
que os descontos indevidos geraram transtornos que ensejassem uma indenização nos
patamares indicados na exordial
Não obstante, valor inferior ao que será estipulado, certamente em nada puniria conduta
lesiva, sempre com vistas à denominada “Teoria do Desestímulo”.
Considerando os elementos acima discriminados, estipula-se a indenização devida pelo
requerido em R$5.000,00 (cinco mil reais), entendendo-se que tal valor servirá para minimizar
os transtornos causados ao requerente e, também, será suficiente para penalizar devidamente o
requerido. Sobre a verba incidirão: correção monetária contada a partir da data da presente
decisão (Súmula 362 do Superior Tribunal de Justiça) e juros de mora de 1% ao mês a partir da
citação.
Ressalte-se que o não acolhimento integral do valor da indenização não pode ser reputado
como sucumbência da parte autora, que, ao final teve seu pedido acolhido. Nas indenizações
por dano moral, em que o pedido é meramente estimativo, a condenação em quantia inferior
àquela pretendida não pode ser considerada para a distribuição proporcional da verba da
sucumbência, conforme assentado na Súmula 326 do Supremo Tribunal Federal.
Ressalte-se que o não acolhimento integral do valor da indenização não pode ser reputado
como sucumbência da parte autora, que, ao final teve seu pedido acolhido. Nas indenizações
por dano moral, em que o pedido é meramente estimativo, a condenação em quantia inferior
àquela pretendida não pode ser considerada para a distribuição proporcional da verba da
sucumbência, conforme assentado na Súmula 326 do Supremo Tribunal Federal.
Ante o exposto, julga-se parcialmente procedente a ação, com fundamento no artigo 487, inciso
I, do Código de Processo Civil, para: a) declarar inexistente a relação jurídica entre as partes,
consistente na contratação das cédulas de crédito bancário 599374789 e594174730 (fls.109/111
e 112/113) e, por consequência, a autorização de desconto das parcelas em favor do banco
requerido; b) determinar a restituição ao requerido do valor de R$2.717,66,correspondentes aos
dois refinanciamentos de empréstimos discutidos nestes autos, depositado na conta bancária de
titularidade do requerente (fls.179/180), devidamente atualizado; c) condenar o requerido a
restituir ao requerente os valores efetivamente descontados de seu benefício previdenciário, de
forma simples, atualizado pela Tabela Prática do Tribunal de Justiça, a partir da data de cada
desconto, e com juros legais de 1% ao mês, estes desde a citação, que deve ser abatido do
montante depositado na conta do autor, a ser apurado em fase de cumprimento de sentença e d)
condenar o requerido ao pagamento de uma indenização a título de danos morais, no valor de
R$ 5.000,00 (cinco mil reais), devidamente corrigida pela Tabela Prática do Tribunal de Justiça,
a partir desta decisão, e acrescida de juros legais de 1% ao mês, estes desde a citação

F) FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO.

Voto nº 40635
Apelação nº 1004667-77.2021.8.26.0292
Comarca de Jacareí
Apelante: BANCO ITAÚ CONSIGNADO S.A.
Apelado: DORIVAL CARDOSO GREGÓRIO
Juíza de Direito: Dra. Ana Paula de Queiroz Aranha

À instituição financeira ré incumbia a demonstração inequívoca de que a contratação descrita


de fato se realizou, bastando para tanto que trouxesse aos autos o instrumento correspondente
devidamente subscrito pelo requerente, ou ainda, prova cabal da contratação informal.
A instituição financeira ré trouxe aos autos os contratos de fls. 109/110 e 112/113, os quais
foram submetidos à perícia grafotécnica
Como ensina Cândido Rangel Dinamarco, in Instituições de Direito Processual Civil, Vol.
III, 3ª ed., Malheiros, 2003, pág. 71:
“Ônus da prova é o encargo, atribuído pela lei a cada uma das partes, de demonstrar a
ocorrência dos fatos de seu próprio interesse para as decisões a serem proferidas no processo”.
Adiante, prossegue: “Segundo o art. 333 do Código de Processo Civil, cabe ao autor a prova
relativa aos fatos constitutivos de seu alegado direito (inc. I) e ao réu, a dos fatos que de algum
modo atuem ou tenham atuado sobre o direito alegado pelo autor, seja impedindo que ele se
formasse, seja modificando-o ou mesmo extinguindo-o (inc. II; fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos supra, n. 524). A síntese dessas disposições consiste na regra de
que o ônus da prova incumbe à parte que tiver interesse no reconhecimento do fato a ser provado
(Chiovenda), ou seja, àquela que se beneficie desse reconhecimento; essa fórmula coloca
adequadamente o tema do onus probandi no quadro do interesse como mola propulsora da
efetiva participação dos litigantes, segundo o empenho de cada um em obter vitória. [...]”.
Apresentado aos autos os contratos em nome do autor, a perícia grafotécnica realizada foi
inequívoca ao asseverar que as assinaturas a ele atribuídas não provieram de seu punho.
Inafastável, portanto, a declaração de inexigibilidade do débito descrito na exordial.
Importante registrar que não é incomum que ocorram fraudes em sistemas bancários
informatizados, seja com apresentação de documentos falsificados, seja com clonagem de
cartão e de senha, comportando guarida a alegação do autor de não celebração do contrato, à
míngua de qualquer prova produzida pelo réu em sentido contrário.
Destarte, não tendo sido demonstrada a culpa do requerente, a responsabilidade da
instituição financeira no caso dos autos é objetiva, com base na teoria do risco profissional
(parágrafo único, do artigo 927, do Código Civil)
Nesse sentido, importante a transcrição da Súmula 479, do Superior Tribunal de Justiça:
“As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito
interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.”
A superioridade econômica e tecnológica dos bancos possibilita-lhes condições para, senão
evitar, pelo menos atenuar a fraude, sendo o legítimo proprietário dos dados usurpados
verdadeira vítima do sistema que o próprio estabelecimento criou para a abertura de contas.
Ao caso aplica-se a teoria do risco profissional, já que a legislação brasileira não a proíbe
expressamente e, juntamente com a doutrina e a jurisprudência, a admite na hipótese retratada
nos autos.
O legislador constituinte (artigo 192) equiparou os serviços bancários à categoria de “serviço
público”, razão pela qual se aplicam aos bancos a teoria do risco profissional, modalidade de
responsabilidade objetiva prevista no artigo 37, § 6º, da Constituição Federal.
Este entendimento, aliás, não é novo, eis que há muito tempo a doutrina e a jurisprudência
vêm assim se posicionando.
O Supremo Tribunal Federal adotou esta teoria já em 1942, por ocasião do julgamento do
recurso extraordinário nº 3.876/SP, que deu ensejo à Súmula 28, que preconiza a
responsabilidade civil dos bancos com fundamento na teoria do risco profissional pelo
pagamento de cheque falsificado. Assim, também, o parágrafo único do artigo 39, da Lei do
Cheque (Lei nº 7.357/85).
Entretanto, ainda que não se aplicasse a teoria do risco profissional, nem assim teria razão a
instituição financeira ré.
É inegável que os bancos prestam serviços especializados, pelos quais são remunerados,
razão pela qual devem sempre proceder com organização, segurança, perícia e cautela,
executando-os com a melhor qualidade possível e esperada por seus clientes.
Não resta dúvida sobre a falha na prestação do serviço oferecido pela instituição financeira,
não se podendo cogitar de ilegitimidade passiva por culpa exclusiva de terceiro
Subsiste a questão da ocorrência ou não do dano moral.
O entendimento predominante é de que o ofendido demonstre que o ato tido como causador
do dano tenha alcançado a esfera daquilo que deixa de ser o razoável, aquilo que o homem
médio aceita como fato comum da sua vida, levando em conta ainda as suas qualidades, defeitos
e virtudes, tudo isso desde que fique demonstrada a culpa do ofensor e o prejuízo.
Para que se possa falar em dano moral, é preciso que a pessoa seja atingida em sua honra,
sua reputação, sua personalidade; seu sentimento de dignidade; passe por dor, humilhação,
constrangimentos; é preciso que tenha os seus sentimentos violados. E tal avaliação só é
possível de forma subjetiva, na análise de caso específico.
Destarte, tendo o autor verificado verdadeiro abalo moral e não mero dissabor com os
indevidos descontos em seu benefício previdenciário verba de nítido e inegável caráter
alimentar, em patente ilicitude verificada na conduta do banco réu, mormente no que tange ao
dever de cuidado e não se verificando também na espécie nenhuma das hipóteses excludentes
do dever de indenizar, deve ele responder pelos prejuízos que causou.
Ante o exposto, nega-se provimento ao recurso.
02) Xisto de Oliveira, levou seu veículo da marca X, ano de fabricação e modelo 2020,
avaliado em 80 mil reais, automóvel este que ele utiliza para exercer a profissão de
representante comercial na área de medicamentos, para a oficina Confiança, que trabalha
com funilaria e pintura, para reparos na pintura e polimento do veículo, resultando em
trabalho de péssima qualidade. O carro ficou totalmente manchado por dentro e por fora.
Depois de reclamar, o dono da oficina se propôs em realizar novamente o serviço, porém
exigiu que o veículo permanecesse a sua disposição por 20 dias, o que poderá gerar grande
prejuízo a Xisto, que utiliza o carro para trabalha. Diante disso, qual seria o caminho mais
correto e rápido para resolver o problema de Xisto? Como advogado(a) apresente uma
proposta para seu cliente Xisto, objetivando a resolução do problema

Os artigos 12 e 13 do código de defesa do consumidor nos diz que a responsabilidade nas


relações de consumo é de natureza objetiva, independentemente da existência de culpa,
portando cabo a oficina reparar os danos causados pelos seus serviços
A oficina tem por responsabilidade reparar o dano causado ao veículo, no qual se propôs a
fazer, mas não se limitando somente a isso, deve as consequências do serviço mal feito serem
reparadas. Por se tratar de um veiculo que Xisto de Oliveira utilizava para o trabalho e que
agora ficara por 20 dias na oficina, o impossibilitando de trabalhar, a oficina devera
disponibilizar outro veículo, de igual características, para que Xisto possa continuar suas
atividades como representante comercial, sendo que caso a oficina não disponibilize outro
veículo, poderá gerar outra responsabilidade por perda de uma chance, no caso de Xisto, que
sem exercer suas atividades venha perder uma chance única em seu serviço, deverá ser
indenizada pela oficina

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