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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região

Agravo de Instrumento em Recurso de Revista


0000694-63.2021.5.08.0008
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Relator: DOUGLAS ALENCAR RODRIGUES

Tramitação Preferencial
- Acidente de Trabalho

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 29/09/2023


Valor da causa: R$ 290.266,54

Partes:
AGRAVANTE: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.

ADVOGADO: ANNA CAROLINA BARROS CABRAL DA SILVA


ADVOGADO: NELSON WILIANS FRATONI RODRIGUES
AGRAVADO: AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY
ADVOGADO: RAIMUNDO KULKAMP
ADVOGADO: JOSE OLAVO SALGADO MARQUES
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
Fls.: 2

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL

JUSTIÇA DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO

CENTRO JUDICIÁRIO DE MÉTODOS CONSENSUAIS DE SOLUÇÃO DE DISPUTAS

CEJUSC- QUINTAL DA CONCILIAÇÃO / NUPEC

Travessa Dom Pedro I, 750 - Umarizal - Belém - PA - CEP: 66050-100

Tel.: (91) 4008-7138 e.mail: cejusc1grau@trt8.jus.br

ATA DE AUDIÊNCIA

Juiz JOAO PAULO DE SOUZA JUNIOR


Processo: 0000694-63.2021.5.08.0008
Vara de origem: 0008ª VARA DO TRABALHO DE BELÉM
Reclamante: AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY
Reclamado(a): BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
Classe Judicial: Ação Trabalhista - Rito Ordinário
Data designada: 02/12/2021 às 13:10 horas
Conciliador(a): MOEMA SILVA NOGUEIRA

Na data acima, às 13:10 horas, realizou-se a audiência de conciliação virtual


relativa ao processo supra, pelo CEJUSC-JT BELÉM.Aberta a sessão virtual através da
ferramenta “ZOOM”, constatou-se:

A presença do(a) reclamante, assistido(a) pelo(a) Dr(a) JOSÉ OLAVO


SALGADO MARQUES, OAB/PA nº 8335, habilitado(a).

Ausente o(a) reclamado(a) BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.

Em razão da ausência da reclamada, apesar de devidamente notificada (ID -


c0679c4), este juízo a declara revel, com base no art. 844 da CLT.

Prejudicada a proposta de conciliação.

Na forma da Resolução CSJT, nº 174/2016, artigo 7º, parágrafo 5º-D,


remetam-se os autos para MM. Vara de origem, para o prosseguimento do feito.

Assinado eletronicamente por: JOAO PAULO DE SOUZA JUNIOR - Juntado em: 02/12/2021 13:45:51 - 0983e2a
Fls.: 3

ATESTADO DE COMPARECIMENTO: A presente ata de audiência serve como


ATESTADO DE COMPARECIMENTO a todas as pessoas que estiveram aqui presentes,
para todos os efeitos legais, não podendo sofrer penalidades ou descontos em seus
salários pela ausência ao serviço, nos termos do artigo 822 da CLT.

NOTIFICAÇÃO EXCLUSIVA: As partes ficam cientes que os pedidos de


notificação exclusiva em nome de determinado advogado dependem de seu
credenciamento no sistema PJe-JT e sua habilitação automática nos autos através de
seu certificado digital, sem necessidade de intervenção da Secretaria Judicial, sendo,
portanto, de responsabilidade do próprio advogado requerente, consoante art. 5º e
§§ da Resolução CSJT 185/17.

PESQUISA DE SATISFAÇÃO: Na forma do art. 7°, §4° da Resolução CSJT nº


174/2016 e art. 8°, VI da Resolução TRT8 nº. 66/2021, solicitamos a colaboração para
melhoria de nossos serviços, respondendo à pesquisa de satisfação existente no
seguinte endereço: *https://docs.google.com/forms/d/1AVv0wZE-
dfrjGK4Nkln7GDeb7BzzxinLJjIL1HpfewA/edit?ts=5fdbbe1a&gxids=7628*.

Cientes os presentes. Audiência encerrada às 13h28min.Nada mais.///

JOAO PAULO DE SOUZA JUNIOR

Juiz do Trabalho

Assinado eletronicamente por: JOAO PAULO DE SOUZA JUNIOR - Juntado em: 02/12/2021 13:45:51 - 0983e2a
https://pje.trt8.jus.br/pjekz/validacao/21120213290508300000031153356?instancia=1
Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008
Número do documento: 21120213290508300000031153356
Fls.: 4

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO
8ª VARA DO TRABALHO DE BELÉM
ATOrd 0000694-63.2021.5.08.0008
RECLAMANTE: AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY
RECLAMADO: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.

DESPACHO PJe - JT

I. Designo audiência de instrução telepresencial (Zoom) para dia


07/03/2022, 08:40 horas.

II. No dia e horário acima designados, as partes e advogados(as)


constituídos(as) e as testemunhas, independente de intimação, deverão proceder como
segue: para participar da sessão telepresencial, os interessados deverão ingressar
inicialmente na SALA DE ESPERA – 08VT (de livre acesso), onde será realizado o pregão
das partes. Após o chamado, o servidor orientará as partes a adentrarem na SALA DE
AUDIÊNCIAS I – 08 VT ou SALA DE AUDIÊNCIAS II – 08 VT, onde a audiência será
efetivamente realizada, conforme links, ids e senhas das salas virtuais da 8ª Vara do
Trabalho de Belém, conforme abaixo relacionadas:

SALA DE ESPERA 08VT

Link:

https://us05web.zoom.us/j/86758454886?
pwd=ODI3cG13M1pjZFV3S3ovMDNCWHV2Zz09

ID da reunião: 867 5845 4886; Senha de acesso: 27inUU

SALA DE AUDIÊNCIAS I – 08VT

Link:

https://trt8-jus-br.zoom.us/j/81809105019?
pwd=V2pSQUY2anhtYWQrYkM4S1o2d0FXQT09

ID da reunião: 818 0910 5019; Senha de acesso: 6VbihnyB

SALA DE AUDIÊNCIAS II – 08VT

Link:

Assinado eletronicamente por: ERIKA MOREIRA BECHARA - Juntado em: 09/12/2021 12:40:27 - b20edab
Fls.: 5

https://trt8-jus-br.zoom.us/j/88490914748?
pwd=UWMrSmM2bS9Rdlo2czBQZ0RwVWFqUT09

ID da reunião: 884 9091 4748; Senha de acesso: fx0AXCGi

III. Reclamante intimada com a publicação deste despacho no


DEJT/8. Intime-se a reclamada revel por via postal.

BELEM/PA, 09 de dezembro de 2021.

ERIKA MOREIRA BECHARA


Juíza do Trabalho Substituta

Assinado eletronicamente por: ERIKA MOREIRA BECHARA - Juntado em: 09/12/2021 12:40:27 - b20edab
https://pje.trt8.jus.br/pjekz/validacao/21120908475601000000031217251?instancia=1
Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008
Número do documento: 21120908475601000000031217251
Fls.: 6

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO
8VTBelém
ATOrd 0000694-63.2021.5.08.0008
RECLAMANTE: AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY
RECLAMADO: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.

ATA DE AUDIÊNCIA VIRTUAL

Em 7 de março de 2022, na sala de sessões da MM. 8VTBelém, sob a


direção do(a) Exmo(a). Sr(a). Juiz(a) do Trabalho LUIS ANTONIO NOBRE DE BRITO,
realizou-se audiência relativa à Ação Trabalhista - Rito Ordinário número 0000694-
63.2021.5.08.0008, supramencionada.

Às 08:43, aberta a audiência virtual através da plataforma zoom,


foram apregoadas as partes.

Presente a parte autora AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY,


acompanhado(a) de seu(a) advogado(a), Dr(a). JOSÉ OLAVO SALGADO MARQUES,
OAB 8335/PA, habilitado.

Presente a parte ré BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A., representado(a)


pelo(a) preposto(a) Sr.(a) PEDRO MIGUEL LIRA DE LIMA, acompanhado(a) de seu(a)
advogado(a), Dr(a). DIEGO YURY TIBURTINO GALDINO, OAB 12786/MA, habilitado.

Este Juízo determina o início da gravação da presente sessão, cujo link


será disponibilizado posteriormente na tramitação do feito.

Sobre a petição de id. 09455c5 poderá a reclamante se manifestar no


prazo de 5 dias.

Registro que na audiência de id. 0983e2a foi decretada a revelia do


reclamada.

ALÇADA FIXADA NO VALOR DADO A CAUSA DA INICIAL.

DEPOIMENTO DO RECLAMANTE [o(a) preposto(a) aguarda fora da sala de audiência


virtual]: Que o seu benefício previdenciário encerrou no final de novembro de 2021,
não lembrando o dia exato; Que não pediu demissão, mas rescisão indireta, não
tendo retornado ao trabalho. AO(À) PATRONO(A) DO(A) RECLAMADO(A) RESPONDEU:
Que às vezes batia as metas e às vezes não; Que o mesmo ocorria com os demais
funcionários; Que sofria ameaças de dispensa por não alcançar as metas; Que as
gestoras que cobravam essas metas eram a VANESSA MELEN da agência Nazaré e
ROGÉRIA CARDOSO da Duque de Caxias; Que o tratamento delas não era cordial ou
respeitoso; Que como exemplo cita que a VANESSA a tratava com muita grosseria
quando estava atendendo no caixa, exigindo agilidade e falando alto ou gritando;
Que a cobrança de metas era individual e em reuniões; Que às vezes havia exposição

Assinado eletronicamente por: LUIS ANTONIO NOBRE DE BRITO - Juntado em: 07/03/2022 14:08:52 - 238d917
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de rankings, havendo comparação com funcionários de outras agências; Que não


chegou a realizar nenhuma denúncia sobre o tratamento dessa gestoras. NÃO
HOUVE MAIS PERGUNTAS. ENCERRADO O DEPOIMENTO.

DEPOIMENTO DO(A) PREPOSTO(A) DO(A) RECLAMADO(A): Não foram


feitas perguntas. ENCERRADO O DEPOIMENTO.

DEPOIMENTO DA ÚNICA TESTEMUNHA DO(A) RECLAMANTE, Sr(a).


FERNANDA VANESSA BARBOSA CINTRA, CPF nº 019.954.792-09, brasileiro(a), solteiro
(a), 30 anos, desempregada, residente e domiciliado(a) no(a) Travessa Mariz e Barros,
641, Pedreira, Belém/PA.

AOS COSTUMES DISSE NADA. ADVERTIDA E COMPROMISSADA NA


FORMA DA LEI A TESTEMUNHA RESPONDEU: Que trabalhou no reclamado de janeiro
/2014 a fevereiro/2021; Que trabalhou com a reclamante na agência Forças Armadas,
na Duque de Caxias, no ano de 2020. AO(À) PATRONO(A) DO(A) RECLAMANTE
RESPONDEU: Que era empregada de uma terceirizada do reclamado, trabalhando
tanto internamente na agência quanto externamente e se reportava à gerente geral
VANESSA MELEN; Que também trabalhou com a ROGÉRIA CARDOSO; Que com a
primeira trabalhou na agência Doca e com a segunda na Forças Armadas; Que
esclarece que era terceirizada entes de 2014 e a partir de 2014 foi empregada do
reclamado; Que a ROGÉRIA era grosseira no trato com os funcionários; Que ela
costumava falar alto e gritar com os funcionários, chamando a atenção deles na
frente dos outros, chamando-os por exemplo de incompetentes e irresponsáveis;
Que viu esse tipo de procedimento em relação à reclamante; Que chegou a ver a
reclamante chorando por conta disso e ela também reclamou para a depoente; Que
essas situações envolvendo a ROGÉRIA era rotineira. AO(À) PATRONO(A) DO(A)
RECLAMADO(A) RESPONDEU: Que esse tipo de tratamento não era mais incisivo com
a reclamante, sendo geral; Que constantemente eram ameaçadas de demissão; Que
participou de reuniões nas quais eram feitas cobranças de metas com a participação
da reclamante; Que não tem conhecimento se alguma dessas gestoras foi
denunciada; Que batia algumas metas e outras não; Que não tem conhecimento se a
reclamante batia suas metas. NÃO HOUVE MAIS PERGUNTAS. ENCERRADO O
DEPOIMENTO.

DEPOIMENTO DA PRIMEIRA TESTEMUNHA DO(A) RECLAMADO(A), Sr


(a). ADRILENE OLIVEIRA DE MORAES RABELO, CPF nº 619.849.062-91, brasileiro(a),
casado(a), 44 anos, bancária, residente e domiciliado(a) no(a) Tv. Barão do Triunfo,
Conjunto Celso Malcher, 29, Marco, Belém/PA.

AOS COSTUMES DISSE NADA. ADVERTIDA E COMPROMISSADA NA


FORMA DA LEI A TESTEMUNHA RESPONDEU: Que trabalha no reclamado desde 2004,
estando atualmente como gerente Van Gogh; Que trabalhou com a reclamante na
agência Duque de Caxias (antiga Forças Armadas) durante 7 ou 8 meses em 2021;
Que trabalha nessa agência há uns dois anos; Que quando chegou o gerente geral
dessa agência era o BRUNO ALBUQUERQUE, o qual se encontra até hoje. AO(À)
PATRONO(A) DO(A) RECLAMADO RESPONDEU: Que conhece a ROGÉRIA CARDOSO,
com quem trabalha na mesma agência, sendo a mesma gerente administrativa; Que

Assinado eletronicamente por: LUIS ANTONIO NOBRE DE BRITO - Juntado em: 07/03/2022 14:08:52 - 238d917
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nunca presenciou a ROGÉRIA destratando ou ameaçando algum funcionário de


demissão; Que o gerente administrativo não pode demitir sem o aval do gerente
geral; Que não tem conhecimento se a ROGÉRIA já sofreu alguma denúncia por conta
de sua atuação. AO(À) PATRONO(A) DO(A) RECLAMANTE RESPONDEU: Que a
reclamante era subordinada hierarquicamente à ROGÉRIA; Que a ROGÉRIA realizava
reuniões com os funcionários, incluindo a reclamante; Que não sabe se havia
cobrança de metas nessas reuniões; Que não recorda o mês em que a reclamante
ingressou na agência. NÃO HOUVE MAIS PERGUNTAS. ENCERRADO O DEPOIMENTO.

Pela ordem, o patrono da reclamante impugna o depoimento,


conforme registro audiovisual.

DEPOIMENTO DA SEGUNDA TESTEMUNHA DO(A) RECLAMADO(A), Sr


(a). EMMANUELY HELOANE DE OLIVEIRA VALENTE, CPF nº 021.754.452-59, brasileiro
(a), solteiro(a), 26 anos, bancária, residente e domiciliado(a) no(a) Av. Aldeia, 910,
Aldeia, Barueri, São Paulo.

AOS COSTUMES DISSE NADA. ADVERTIDA E COMPROMISSADA NA FORMA DA LEI A


TESTEMUNHA RESPONDEU: Que é empregada do reclamado desde 2019; Que
trabalhou em Belém até 2020, na agência Nazaré; Que trabalhou junto com a
reclamante nessa agência durante aproximadamente um ano, sendo gerente geral a
VANESSA MELEN; Que não teve nenhum problema de relacionamento com a
VANESSA, não recordando se algum outro funcionário teve; Que já viu a VANESSA
gritando com todos os funcionários, reclamando do fluxo na agência, pedindo
agilidade; Que não eram gritos, mas a VANESSA falava alto e em tom forte. AO(À)
PATRONO(A) DO(A) RECLAMADO RESPONDEU: Que não presenciou a VANESSA
ameaçando funcionários de demissão de forma direta, mas dizia quais seriam as
consequências pelo não cumprimento dos deveres; Que nunca viu ela ofendendo
algum funcionário; Que não tomou conhecimento de alguma denúncia envolvendo a
VANESSA; Que sempre bateu todas as metas; Que não recorda bem, mas acha que a
reclamante batia as metas; Que nas reuniões o gerente divulgava o ranking dos
funcionários. AO(À) PATRONO(A) DO(A) RECLAMANTE RESPONDEU: Que a VANESSA
também falava alto na frente dos clientes; Que algumas vezes se sentiu constrangida,
mas se adaptou com a maneira dela; Que viu a reclamante se queixando desse tipo
de tratamento para outras pessoas. NÃO HOUVE MAIS PERGUNTAS. ENCERRADO O
DEPOIMENTO.

Pela ordem, o reclamado requer a produção de prova pericial, a fim


de apurar a existência de doença do trabalho, nos termos relatados na inicial,
informando, após questionamento do Juízo, que o reclamado não concorda com o
adiantamento de honorários periciais.

Ouvida a parte contrária, pugna pelo indeferimento, conforme razões


registradas na gravação em vídeo, especialmente a concessão de benefício
previdenciário no código 91 e a revelia do reclamado.

Não obstante serem razoáveis as ponderações do patrono da


reclamante, entendo que a condição de revel do reclamado e as provas já

Assinado eletronicamente por: LUIS ANTONIO NOBRE DE BRITO - Juntado em: 07/03/2022 14:08:52 - 238d917
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apresentadas não obstam a pretensão do reclamado, pelo que defiro a realização da


perícia médica, fixando os honorários provisoriamente em R$1.800,00, vindo os
autos conclusos para nomeação de perito, após o que terão as partes o prazo legal
para indicação de assistente técnico e oferecimento de quesitos.

Em função do ocorrido, transfiro a sessão para o próximo dia 08/06


/2022, às 08h30min, para provável encerramento da instrução processual.

Determino que seja encerrada a gravação.

A presente ata de audiência serve como ATESTADO DE


COMPARECIMENTO a todas as pessoas que estiveram aqui presentes, para todos os
efeitos legais, não podendo sofrer penalidades ou descontos em seus salários pela
ausência ao serviço, nos termos do artigo 822 da CLT. Cientes os presentes.
Audiência encerrada às 10h33min. Nada mais.///

LUIS ANTONIO NOBRE DE BRITO


Juiz(a) do Trabalho

Ata redigida por RAIMUNDO NONATO JATY ABREU, Secretário(a) de Audiência.

Assinado eletronicamente por: LUIS ANTONIO NOBRE DE BRITO - Juntado em: 07/03/2022 14:08:52 - 238d917
https://pje.trt8.jus.br/pjekz/validacao/22030710371029300000032046279?instancia=1
Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008
Número do documento: 22030710371029300000032046279
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO
8ª VARA DO TRABALHO DE BELÉM
ATOrd 0000694-63.2021.5.08.0008
RECLAMANTE: AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY
RECLAMADO: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.

DESPACHO

Considerando a certidão de id. 2d90328, intime-se as partes


para manifestarem-se em 5 dia. Após, venham os autos conclusos.

Partes intimadas com a publicação deste despacho no DEJT/8.

BELEM/PA, 11 de abril de 2022.

LUIS ANTONIO NOBRE DE BRITO


Juiz do Trabalho Titular

Assinado eletronicamente por: LUIS ANTONIO NOBRE DE BRITO - Juntado em: 11/04/2022 16:03:26 - 569ffe1
https://pje.trt8.jus.br/pjekz/validacao/22041115394083000000032557466?instancia=1
Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008
Número do documento: 22041115394083000000032557466
Fls.: 11

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO
8ª VARA DO TRABALHO DE BELÉM
ATOrd 0000694-63.2021.5.08.0008
RECLAMANTE: AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY
RECLAMADO: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.

DESPACHO

Nomeio como perito o Dr. JOSÉ WALTER LIMA PRADO, CRM/PA


10026, CPF 014.261.641-90. Registrá-lo como terceiro interessado no processo.

Notificar o expert para tomar ciência de sua nomeação para


que, no prazo de 05 (cinco) dias, indique local, dia e hora para realização da perícia, do
que as partes deverão ser cientificadas, bem como do valor ora fixado,
provisoriamente, a título de honorários periciais no importe de R$1.800,00. Informá-lo,
ainda, que a perícia deve ser concluída, inclusive com a apresentação do laudo, no
prazo de 30 (trinta) dias.

Uma vez anexado o laudo, as partes serão intimadas para,


querendo, manifestarem-se sobre ele no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o
assistente técnico de cada uma delas, em igual prazo, apresentar seu respectivo
parecer (CPC/2015, artigo 477, § 1º).

Após a juntada da manifestação do perito, intimar as partes


para ciência e aguardar a audiência de encerramento da instrução processual já
designada (08/06/2022 às 08h30), cujos links, ids e senhas já constam no despacho de
id. b20edab.

A audiência do presente feito será realizada pela via


telepresencial, dispensando-se as partes do comparecimento à sede do Juízo.

Partes intimadas com a publicação deste despacho no DEJT/8.

BELEM/PA, 04 de maio de 2022.

LUIS ANTONIO NOBRE DE BRITO


Juiz do Trabalho Titular

Assinado eletronicamente por: LUIS ANTONIO NOBRE DE BRITO - Juntado em: 04/05/2022 15:35:35 - 4917b73
https://pje.trt8.jus.br/pjekz/validacao/22050315063496300000032822829?instancia=1
Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008
Número do documento: 22050315063496300000032822829
Fls.: 12

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO
8ª VARA DO TRABALHO DE BELÉM
ATOrd 0000694-63.2021.5.08.0008
RECLAMANTE: AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY
RECLAMADO: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.

DESPACHO

Acolho a proposição. Transferir e intimar as partes.

BELEM/PA, 06 de junho de 2022.

LUIS ANTONIO NOBRE DE BRITO


Juiz do Trabalho Titular

Assinado eletronicamente por: LUIS ANTONIO NOBRE DE BRITO - Juntado em: 06/06/2022 20:07:00 - a13a161
https://pje.trt8.jus.br/pjekz/validacao/22060616043234400000033320266?instancia=1
Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008
Número do documento: 22060616043234400000033320266
Fls.: 13

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO
8VTBelém
ATOrd 0000694-63.2021.5.08.0008
RECLAMANTE: AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY
RECLAMADO: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.

ATA DE AUDIÊNCIA

Em 24 de agosto de 2022, na sala de sessões da MM. 8VTBelém, sob a


direção do(a) Exmo(a). Sr(a). Juiz(a) do Trabalho UBIRAJARA SOUZA FONTENELE
JUNIOR , realizou-se audiência relativa à Ação Trabalhista - Rito Ordinário número
0000694-63.2021.5.08.0008, supramencionada.

Às 09h, aberta a audiência, foram apregoadas as partes.

Ausente a parte autora AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY, porém


presente seu(a) advogado(a), Dr(a). JOSÉ OLAVO SALGADO MARQUES, OAB 8335/PA,
habilitado.

Ausente a parte ré BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A., porém presente


seu(a) advogado(a), Dr(a). MARILIA FALCAO LOBO, OAB 49664/PE, a quem fica
concedido prazo legal para anexar substabelecimento.

O Juízo verifica que foi anexado na data de ontem, às 22h23, laudo


pericial, conforme ID 857dce4, ficando as partes cientes, bem como são reiterados os
termos do despacho de ID 4917b73, estando as partes intimadas, em audiência, para
eventual manifestação quanto ao laudo pericial e demais atos.

Diante do exposto, suspende-se a sessão para provável encerramento


da instrução processual, telepresencial (Zoom), para o dia 20/09/2022 às 09h.

Para participar da sessão telepresencial, os interessados deverão


ingressar na seguinte sala virtual:

Link: https://trt8-jus-br.zoom.us/j/86502880454?
pwd=DQmPqUDn3EpUAViV5XLbRFFDlS2H9d.1

ID da reunião: 865 0288 0454

Senha de acesso: VT8belem

Cientes os patronos. Audiência encerrada às 09h10. Nada mais./////////

UBIRAJARA SOUZA FONTENELE JUNIOR


Juiz(a) do Trabalho

Assinado eletronicamente por: UBIRAJARA SOUZA FONTENELE JUNIOR - Juntado em: 24/08/2022 09:28:39 - a9314ba
Fls.: 14

Ata redigida por ELIEGE MELO AZEDO AZULAY, Secretário(a) de Audiência.

Assinado eletronicamente por: UBIRAJARA SOUZA FONTENELE JUNIOR - Juntado em: 24/08/2022 09:28:39 - a9314ba
https://pje.trt8.jus.br/pjekz/validacao/22082409140770300000034362001?instancia=1
Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008
Número do documento: 22082409140770300000034362001
Fls.: 15

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO
8VTBelém
ATOrd 0000694-63.2021.5.08.0008
RECLAMANTE: AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY
RECLAMADO: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.

ATA DE AUDIÊNCIA

Em 16 de novembro de 2022, na sala de sessões da MM. 8VTBelém,


sob a direção do(a) Exmo(a). Sr(a). Juiz(a) do Trabalho DAVI PEREIRA MAGALHAES ,
realizou-se audiência relativa à Ação Trabalhista - Rito Ordinário número 0000694-
63.2021.5.08.0008, supramencionada.

Às 09:00, aberta a audiência, foram apregoadas as partes.

Ausente a parte autora AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY, bem


como seu advogado(a).

Ausente a parte ré BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A., porém presente


seu(a) advogado(a), Dr(a). MARILIA FALCAO LOBO, OAB 49664/PE, habilitada.

O juízo verifica que a presente demanda transcorreu instrução


processual na qual foi oportunizado às partes a ampla produção probatória. Salienta-
se que houve apresentação de laudo pericial, bem como manifestação à impugnação
das partes, do que se conclui que todas as indagações e impugnações foram
respondidas. Assim sendo, o juízo entende como desnecessária nova intimação do
perito.

Não havendo mais provas, declaro encerrada a instrução.

Razões finais remissivas pela reclamada.

Prejudicadas as razões finais da reclamante, bem como a segunda


proposta de conciliação. Autos conclusos para sentença, a ser publicada até o dia 01
/02/2023. Ciente a reclamada. Audiência encerrada às 09:10. Nada mais.//////

DAVI PEREIRA MAGALHAES


Juiz(a) do Trabalho

Ata redigida por ELIEGE MELO AZEDO AZULAY, Secretário(a)


Assinado eletronicamente por: DAVI PEREIRA MAGALHAES
de Audiência.
- Juntado em: 16/11/2022 09:40:12 - c8113ad
https://pje.trt8.jus.br/pjekz/validacao/22111609124273400000035441043?instancia=1
Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008
Número do documento: 22111609124273400000035441043
Fls.: 16

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO
8ª VARA DO TRABALHO DE BELÉM
ATOrd 0000694-63.2021.5.08.0008
RECLAMANTE: AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY
RECLAMADO: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.

SENTENÇA

RELATÓRIO

AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY ajuizou reclamação


trabalhista em 27.10.2021 contra BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A., afirmando que fora
contratada em 03.06.2019, para exercer a função de caixa, recebendo como última
remuneração o valor de R$4.193,00. Alega que, no curso da relação de emprego, sofreu
assédio moral, com cobrança de resultados, ameaças, exposição de seus resultados,
exposição de ranking e cobranças diárias de cumprimento de resultados e metas
algumas vezes inexequíveis, humilhações e tratamento grosseiros. Afirma que, em
razão das condições de trabalho, passou a apresentar quadro de depressão aguda
grave, pelo que se afastou das atividades com a percepção do benefício previdenciário.

Com base em tais alegações, postulou o reconhecimento de


doença ocupacional, bem como a rescisão indireta do contrato de trabalho, além do
pagamento de verbas rescisórias e indenização por danos morais, atribuindo à causa o
valor de R$ 290.266,54.

Rejeitada a primeira tentativa de conciliação.

O reclamado, apesar de devidamente notificado, não


compareceu à audiência de id 0983e2a, razão pela qual foi declarada sua revelia.

Foram produzidas provas documentais, periciais e testemunhais.

Razões finais escritas.

Rejeitada a última tentativa de conciliação.

É o RELATÓRIO.

FUNDAMENTAÇÃO

QUESTÃO DE ORDEM PROCESSUAL

SEGREDO DE JUSTIÇA

Assinado eletronicamente por: DAVI PEREIRA MAGALHAES - Juntado em: 05/12/2022 09:26:01 - 2ee1fbc
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Apesar de o processo ter sido distribuído sob segredo de justiça,


o caso em análise não envolve matérias dispostas no artigo 189 do CPC, razão pela
qual retiro a qualidade de segredo de justiça, conferindo ampla publicidade à demanda.

MÉRITO

REVELIA E CONFISSÃO FICTA RECLAMADA

Embora devidamente notificada, a reclamada não compareceu à


audiência em que deveria apresentar defesa e prestar depoimento, o que atrai a
incidência da norma contida no artigo 346 do CPC, dispensando a intimação da parte,
declarada revel e confesso quanto à matéria de fato, aplicando-se-lhe a penalidade dos
artigos 844 da CLT e 344 do CPC, salvo quanto à sentença (art. 852, CLT).

Assim, presumo verdadeiros os fatos alegados pelo reclamante,


os quais serão analisados em consonância com os demais elementos probatórios
constantes dos autos.

DOENÇA OCUPACIONAL

Inicialmente, lembro que são requisitos necessários à


caracterização da responsabilidade civil, além da prática de ato ilícito (ou abusivo) —
consistente na conduta omissiva ou comissiva —, a existência de dano (ou prejuízo
suportado pela vítima), do nexo de causalidade (entre o ato ilícito e o dano
experimentado pela vítima) e, em regra (sem afastar a responsabilidade objetiva em
alguns casos), também da culpa (em qualquer grau e nela incluída o dolo) do agente
causador do dano.

A respeito do primeiro elemento (ato lícito ou ilícito), o artigo 19


da Lei 8.213/91 conceitua o acidente de trabalho dispondo que:

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre


pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou
de empregador doméstico ou pelo exercício do
trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art.
11 desta Lei, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte ou a perda
ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho.

Em complementação, o artigo 20 estabelece que se equiparam


ao acidente de trabalho as doenças profissionais e do trabalho, sendo estas
conceituadas como:

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho,


nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades
mórbidas:
II - doença do trabalho, assim entendida a
adquirida ou desencadeada em função de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele se

Assinado eletronicamente por: DAVI PEREIRA MAGALHAES - Juntado em: 05/12/2022 09:26:01 - 2ee1fbc
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relacione diretamente, constante da relação


mencionada no inciso I.

No caso dos autos, realizada a perícia médica, foi constatado


que a reclamante é portadora de lesões psicológicas, consistente em transtorno misto
ansioso e depressivo (id 857dce4 – Pág. 20). Tal fato, inclusive, ensejou o afastamento
previdenciário da reclamante, conforme documento de id 6b189bc.

Em relação ao nexo de causalidade, apesar das conclusões


periciais, no ordenamento jurídico pátrio vigora o princípio do convencimento
motivado, conforme previsto no artigo 371 do CPC, que se desdobra na norma contida
no artigo 479, o qual estabelece que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo
formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos.

Nesse sentido, a testemunha Fernanda Vanessa Barbosa Cintra


apresentou informações acerca do tratamento deferido pelos superiores hierárquicos: “
Que trabalhou no reclamado de janeiro/2014 a fevereiro/2021; Que trabalhou com a
reclamante na agência Forças Armadas, na Duque de Caxias, no ano de 2020; Que era
empregada de uma terceirizada do reclamado, trabalhando tanto internamente na
agência quanto externamente e se reportava à gerente geral VANESSA MELEN; Que
também trabalhou com a ROGÉRIA CARDOSO; Que com a primeira trabalhou na
agência Doca e com a segunda na Forças Armadas; Que esclarece que era terceirizada
entes de 2014 e a partir de 2014 foi empregada do reclamado; Que a ROGÉRIA era
grosseira no trato com os funcionários; Que ela costumava falar alto e gritar com os
funcionários, chamando a atenção deles na frente dos outros, chamando-os por
exemplo de incompetentes e irresponsáveis; Que viu esse tipo de procedimento em
relação à reclamante; Que chegou a ver a reclamante chorando por conta disso e ela
também reclamou para a depoente; Que essas situações envolvendo a ROGÉRIA era
rotineira; que esse tipo de tratamento não era mais incisivo com a reclamante, sendo
geral; Que constantemente eram ameaçadas de demissão; Que participou de reuniões
nas quais eram feitas cobranças de metas com a participação da reclamante; Que não
tem conhecimento se alguma dessas gestoras foi denunciada; Que batia algumas
metas e outras não; Que não tem conhecimento se a reclamante batia suas metas”.

No mesmo sentido, a testemunha Emmanuely Heloane de


Oliveira Valente, inquirida por indicação da própria reclamada, declarou “Que é
empregada do reclamado desde 2019; Que trabalhou em Belém até 2020, na agência
Nazaré; Que trabalhou junto com a reclamante nessa agência durante
aproximadamente um ano, sendo gerente geral a VANESSA MELEN; Que não teve
nenhum problema de relacionamento com a VANESSA, não recordando se algum outro
funcionário teve; Que já viu a VANESSA gritando com todos os funcionários,
reclamando do fluxo na agência, pedindo agilidade; Que não eram gritos, mas a
VANESSA falava alto e em tom forte; Que não presenciou a VANESSA ameaçando

Assinado eletronicamente por: DAVI PEREIRA MAGALHAES - Juntado em: 05/12/2022 09:26:01 - 2ee1fbc
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funcionários de demissão de forma direta, mas dizia quais seriam as consequências


pelo não cumprimento dos deveres; Que nunca viu ela ofendendo algum funcionário;
Que não tomou conhecimento de alguma denúncia envolvendo a VANESSA; Que
sempre bateu todas as metas; Que não recorda bem, mas acha que a reclamante batia
as metas; Que nas reuniões o gerente divulgava o ranking dos funcionários; Que a
VANESSA também falava alto na frente dos clientes; Que algumas vezes se sentiu
constrangida, mas se adaptou com a maneira dela; Que viu a reclamante se queixando
desse tipo de tratamento para outras pessoas”.

Os depoimentos acima transcritos, em especial os destaques


acrescidos, indicam que a reclamante sofria assédio moral no estabelecimento, uma
vez que restou configurado que a superior Vanessa deferida tratamento em tom
agressivo e com ameaças de demissão, inclusive na frente de clientes da reclamada. Os
elementos acima destacados evidenciam a presença de ambiente de trabalho hostil,
ainda que a testemunha Adriele Oliveira de Moraes Rabelo não tenha efetivamente
presenciado condutas ofensiva da Sra Rogéria em face da reclamante.

Salienta-se que o assédio moral é a exposição a situações


humilhantes e constrangedoras no ambiente de trabalho, de forma repetitiva e
prolongada, no exercício de suas atividades, com o objetivo de minar psicologicamente
o empregado, abalando seu bem estar psíquico. O assédio moral constitui, em sua
maioria, em atos insidiosos e não expressos, mas que abalam o psicológico do
empregado.

Ainda que a reclamada alegue a existência de fatores externos


para o desenvolvimento da lesão psicológica, fato é que o trabalho representou fator
relevante para o desencadeamento ou agravamento do quadro apresentado pela
reclamante. Inclusive, há nexo técnico epidemiológico (NTEP) entre a atividade
desenvolvida pela reclamada (CNAE 6422-1/00, bancos múltiplos com carteira
comercial) e a enfermidade apresentada pela reclamante.

Portanto, os elementos acima destacados evidenciam que o


ambiente de trabalho possuía fator estressante e desencadeador para o
desenvolvimento ou, no mínimo, agravamento de problemas psicológicos, pelo que
concluo que a doença que o reclamante contraiu possui nexo de concausalidade com o
trabalho realizado na reclamada.

Em relação à teoria da concausa, precisas são as lições de


Sebastião Geraldo de Oliveira:

No entanto, a aceitação normativa da etiologia


multicausal não dispensa a existência de uma causa
eficiente, decorrente da atividade laboral, que “haja
contribuído diretamente” para o acidente do
trabalho ou situação equiparável ou, em outras
palavras, a concausa não dispensa a causa de origem

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ocupacional. Deve-se verificar se o trabalho atuou


como fator contributivo do acidente ou doença
ocupacional; se atuou como fator desencadeante ou
agravante de doenças preexistentes ou, ainda, se
provocou a precocidade de doenças comuns, mesmo
daquelas de cunho degenerativo ou inerente a grupo
etário (OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações
por Acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional,
São Paulo: LTr, p. 47).

O fato de a reclamante permanecer com o quadro psicológico


após o afastamento das atividades, por si só, não nega a contribuição do trabalho
prestado para a reclamada para o agravamento da lesão. Em verdade, as condições de
trabalho sob as quais qual a reclamante estava sujeita ensejou o afastamento
previdenciário por doença pré-existente.

Assim sendo, afasto a conclusão pericial para reconhecer a


existência do nexo de concausalidade entre o trabalho desempenhado e a lesão
psicológica incapacitante sofrida pela reclamante.

Com base em tais elementos, concluo que a reclamante é


portadora de doença psicológica, a qual é preexistente ao contrato de trabalho
firmado, mas que foi agravada pelo trabalho desenvolvido na reclamada, a qual
resultou em incapacidade laborativa relativa e temporária. Restaram presentes, então,
a presença do ato (lesão à integridade física da reclamante) e do nexo de
concausalidade.

Em relação à culpa, considerando que a reclamada assume os


riscos do empreendimento (artigo 2º, da CLT) e tem mais condições para tanto, deveria
ter produzido provas concernentes ao fato de que adotou a contento todas as medidas
necessárias e possíveis a evitar que a reclamante sofresse o alegado acidente de
trabalho. Deve-se ressaltar que é do empregador a responsabilidade de manter um
ambiente adequado e seguro ao bom desenvolvimento das atividades laborais,
zelando pela saúde de seus empregados.

Entretanto, conforme demonstrado, a reclamada foi conivente


com o ambiente de cobrança existente no estabelecimento ao permitir que fosse
criado grupo de mensagem eletrônico com telefone pessoal dos empregados, no qual
havia cobrança de metas além do horário de trabalho, que fossem estabelecidas
reuniões diárias com cobrança e exposição do desempenho de cada empregado, além
da possibilidade de demissão em caso de não atingimento de meta. Ressalta-se que a
reclamada não oferece setor profissional especializado para acompanhamento dos
empregados que apresentem problemas psicológicos, o que demonstra o descaso da
reclamada com a saúde mental dos empregados.

É de se reconhecer, portanto, a presença da responsabilidade da


reclamada em relação aos danos sofridos pela reclamante.

Assinado eletronicamente por: DAVI PEREIRA MAGALHAES - Juntado em: 05/12/2022 09:26:01 - 2ee1fbc
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Por fim, quanto à existência de danos, a indenização por danos


morais ocorre quando há violação de interesses não patrimoniais de pessoas físicas ou
jurídicas, provocadas pelo fato lesivo imputado ao agressor. Esses interesses integram
os direitos do espírito humano e os valores que compõem a personalidade do homem,
pertinentes à vida, à integridade física, à liberdade, à intimidade, à vida privada, à
honra, à imagem e à moral.

A sua afetação, porém, não pode ser daqueles que provocam


apenas desconforto, sendo facilmente absorvido pelo homem comum, mas deve ser tal
que resulte em sofrimento de grande intensidade, causando tormentosa dor na vítima.
E, no caso dos autos, embora não constatada a atual incapacidade laborativa da
reclamante, evidente que em razão da doença ocupacional, sofreu lesão à sua
integridade física e também psíquica.

Com efeito, a doença ocupacional causou lesões na reclamante,


o que, sem dúvida, causou-lhe, e ainda tem causado, sofrimento e dor, violando
direitos inerentes a sua personalidade, provocando-lhe também dano moral, que, a
toda evidência, diante do preenchimento dos requisitos legais já apreciados, deve ser
ressarcido pela reclamada.

Ressalto que a responsabilidade civil do empregador por dano


moral em casos de doença ou acidente de trabalho deve resultar da análise
independente entre a legislação civil e a previdenciária, já que, nos termos do art. 186
do Código Civil, aquele que por conduta ativa, omissiva, negligente ou imprudente viole
direito e cause dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito e,
por conseguinte, tem o dever de indenizar. Esse dispositivo evidencia que um dos
elementos do dever de indenizar é a existência do dano, sem se referir à necessidade
de incapacitação.

Além disso, a redação atual do art. 19 da Lei 8.213/1991, dada


pela LC 150/2015, conceitua acidente de trabalho como o fato que “provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. Tal disposição encerra
qualquer discussão quanto à existência ou não do dever de indenizar no caso de
incapacidade meramente temporária, já que patente a lesão à saúde do empregado
advinda do exercício da atividade profissional.

Assim, questão da temporariedade ou permanência da


incapacidade possui relevância para quantificação do montante indenizatório, e não
para exclusão do dever de indenizar. E, no caso dos autos, restou patente que a
reclamante, em decorrência da doença ocupacional, sofreu danos em sua acepção

Assinado eletronicamente por: DAVI PEREIRA MAGALHAES - Juntado em: 05/12/2022 09:26:01 - 2ee1fbc
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moral. Destaque-se que, por repercutir internamente, não é razoável, consoante


melhor doutrina, exigir-se a exteriorização a título de prova, por se tratar de dano in re
ipsa.

O que se busca na reparação do dano moral é compensar a


vítima pelo sofrimento havido. Dessa forma, a reparação pecuniária do dano moral
tem duplo caráter: compensatório para a vítima e punitivo para o ofensor, na medida
em que também funciona como uma espécie de sanção ao lesante, como fator de
desestímulo à prática de futuros atos análogos.

Assim, tarefa não muito fácil, senão uma das mais difíceis, diz
respeito à quantificação do dano moral. Enquanto a indenização do dano material visa
à recomposição do patrimônio da vítima, buscando seu restabelecimento ao estado
anterior, por meio da reparação do dano moral, não é possível tal restituição.

Ante a ausência de critérios legais específicos, a forma utilizada


para a quantificação do dano moral deve ser o arbitramento, no qual o juiz, ao analisar
as peculiaridades de cada caso, leva em conta, dentre outros, os critérios da gravidade,
da extensão e da natureza do dano, a situação sócio-econômica do ofensor e a
intensidade do dolo ou grau de culpa do lesante.

Nesse aspecto, a Lei 13.467/2017 acrescentou o artigo 223-A a


223-G que regulam a indenização por dano extrapatrimonial. Especificamente em
relação aos parâmetros a serem utilizados para fixação do valor devido, o artigo 223-G
estabelece critérios a serem observados pelo magistrado.

Ainda que as alterações legislativas sejam relevantes, pois


regulamentam e norteiam a atuação do juízo para fixação do valor do dano
extrapatrimonial, é de se observar que as normas constitucionais não foram
integralmente observados. Com efeito, o artigo 223-G, §1º, traz a tarifação do dano
moral, o que ofende aos preceitos constitucionais.

De início, é de se afirmar que os parâmetros utilizados pelo


legislador ordinário tem como base o último salário contratual do ofendido, o que
ofende o princípio isonômico disposto no artigo 5º da CF. De fato, ao utilizar o valor do
último salário contratual, o legislador estabelece que empregados de níveis
hierárquicos diferentes, quando sujeitos ao mesmo ato violador, receberiam valores
distintos a título de danos extrapatrimoniais. Não é possível diferenciar o valor do dano
sofrido com base apenas no salário percebido.

De igual modo, a tarifação do dano moral impede a justa e


integral indenização, tendo em vista que o artigo 5º, V, da CF não estabelece qualquer
fator limitativo. Ademais, os preceitos da reparação integral são consagrados no

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ordenamento jurídico. O Código Civil de 2002, por exemplo, positivou, em seu artigo
944, o princípio da reparação integral do dano, estatuindo que a indenização deve ser
medida pela extensão dos prejuízos sofridos pelo lesado.

Sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal já decidiu pela


incompatibilidade da tarifação da indenização por dano moral prevista na lei de
imprensa (Lei 5.250/67), diante da tutela ampla garantida pela Constituição Federal de
1988, conforme se infere do precedente firmado no RE 396.386/SP. Na mesma linha
converge a súmula do STJ: “A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação
prevista na lei de imprensa”.

Por fim, o E. Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região já


possui posicionamento sobre a inconstitucionalidade do referido preceito, conforme se
depreende da seguinte ementa:

CONTROLE DIFUSO DE
CONSTITUCIONALIDADE. ART. 223-G, § 1º, I A IV, DA
CLT. LIMITAÇÃO PARA O ARBITRAMENTO DE
INDENIZAÇÃO POR DANO EXTRAPATRIMONIAL.
INCONSTITUCIONALIDADE. O sistema de tarifação do
dano moral nas relações de trabalho estabelecido no
§1º, I a IV, do art. 223-G da CLT é inconstitucional ao
impor limites injustificados à fixação judicial da
indenização por dano moral àquele que sofreu o
dano, impedindo a sua reparação integral, gerando
ofensa ao princípio da dignidade da pessoa humana,
bem como aos princípios da isonomia e da
reparação integral dos danos garantidos na Carta
Magna em vigor, em patente ofensa ao art. 5º, V e X,
da CR/88

Dessa forma, afasto a aplicabilidade do artigo 223-G, §1º, da CLT,


em razão da afronta aos artigos 5º, caput, V e X, da CF, bem como o artigo 1º, III, da CF.

Por fim, com base nos critérios elencados no artigo 223-G da


CLT e nos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, reconheço que a ofensa
identificada nos autos atingiu bem jurídico de grande relevância, representou grande
sofrimento ou humilhação à parte reclamante, foi em parte superado e apresentou
reflexos pessoais ou sociais, razão pela qual, julgo procedente o pedido de pagamento
de indenização por danos morais em razão do assédio moral no montante de R$
83.686,00, bem como indenização por danos morais em razão da doença ocupacional
agravada no montante de R$83.686,00 (valores indicados na petição inicial).

MOTIVOS DO TÉRMINO DA RELAÇÃO DE EMPREGO. VERBAS


RESCISÓRIAS E DEMAIS CONSECTÁRIOS

A rescisão indireta do contrato de trabalho é conceituada como


a faculdade que possui o empregado de romper o vínculo empregatício por justo
motivo quando o empregador praticar uma das hipóteses previstas em lei como justa
causa. Tal modalidade de extinção contratual é cabível quando a continuidade da

Assinado eletronicamente por: DAVI PEREIRA MAGALHAES - Juntado em: 05/12/2022 09:26:01 - 2ee1fbc
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relação de emprego se torna insustentável, em razão da quebra da confiança mútua


entre empregado e empregador, o que somente é possível através de
descumprimentos contratuais reputados graves.

Nesse sentido, precisas são as palavras de Maurício Godinho


Delgado ao indicar a existência do requisito objetivo da gravidade para configuração da
rescisão indireta:

O requisito da conduta empresarial gravidade


também é relevante ao sucesso da rescisão indireta.
Conforme já foi exposto, em se tratando de conduta
tipificada, porém inquestionavelmente leve, não é
possível falar-se na imediata resolução do contrato
de trabalho. A par disso, se o prejuízo não é do tipo
iminente, podendo ser sanado por outros meios, a
jurisprudência não tem acolhido, muitas vezes, a
rescisão indireta. (DELGADO, Maurício Godinho.
Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr. 16ª
Edição: Pág 1384)

Para a configuração da rescisão indireta do pacto laboral, faz-se


necessária a ocorrência de falta grave cometida pelo empregador, apta a ensejar o
rompimento contratual por justo motivo por parte do trabalhador. Trata-se de ato
extremo e somente pode ser reconhecida diante de irregularidade contratual
substancial, que impeça a continuidade da relação empregatícia. As situações
legalmente consideradas como justo motivo para a extinção do pacto laboral por
iniciativa do empregado estão elencadas no artigo 483 da CLT, destacando-se o inciso
“a” e “b”, que preceitua que o empregado poderá considerar rescindido o contrato
quando o empregador exigir serviços superiores às suas forças, defesos por lei,
contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato ou quando tratar o empregado
com rigor excessivo.

E, conforme decidido em tópico anterior, foi caracterizada a


situação de assédio moral sofrido pela reclamante, o que ensejou, inclusive, o
agravamento de doença psicológica pré-existente com o afastamento das atividades
em razão da incapacidade laborativa temporária. Evidencia-se, pois, que a reclamante
foi exposta a ambiente de trabalho hostil, com prejuízo ao seu bem estar psíquico, bem
como tratada com rigor excessivo. A conduta da reclamada se enquadra na norma
contida no artigo 483, “a” e “b”, da CLT.

Ressalto que a rescisão indireta do contrato de trabalho


dispensa a imediaticidade da reação do empregado ante a falta grave cometida pelo
empregador, já que o Direito do Trabalho prima pela proteção do hipossuficiente e
pela continuidade do pacto laboral, na qual o empregado se submete aos ilícitos
trabalhistas cometidos pelo empregador a fim de manter o emprego e a sua
subsistência e de sua família. Não há se falar, portanto, em perdão tácito.

Assinado eletronicamente por: DAVI PEREIRA MAGALHAES - Juntado em: 05/12/2022 09:26:01 - 2ee1fbc
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Dessa forma, nos termos do artigo 483, “a” e “b”, da CLT,


reconheço a rescisão indireta do contrato de trabalho entre as partes.

Em relação à data de encerramento do vínculo de emprego, em


consulta ao sistema PREVJUD, verifica-se que a reclamante teve benefício
previdenciário concedido no período 18.05.2021 a 27.10.2021, razão pela qual
reconheço como extinto o contrato de trabalho em 27.10.2021.

Dessa forma, considerando o período laboral (03.06.2019 a


27.10.2021), julgo procedentes em parte as seguintes verbas postuladas, as quais
deverão ser calculadas com base no salário de R$ 4.193,40 (id ebf934f - Pág. 1),
observado os limites dos pedidos da petição inicial:

- aviso prévio proporcional;

- 13º salário proporcional (considerando a projeção do aviso


prévio);

- férias integrais referentes ao período aquisitivo 2020/2021, de


forma simples, acrescidas do terço constitucional;

- férias proporcionais referentes ao período aquisitivo 2021


/2022 (considerando a projeção do aviso prévio), acrescidas do terço constitucional;

- FGTS (8%) sobre as parcelas de natureza salarial ora


concedidas, além da indenização de 40%, incidentes sobre as parcelas de natureza
salarial pagas na vigência do contrato laboral e sobre as ora concedidas;

- indenização substitutiva do seguro desemprego.

GARANTIA NO EMPREGO. ACIDENTE DE TRABALHO

O artigo 7º, I, da CF, estabelece, como direito dos trabalhadores


urbanos e rurais, a proteção do emprego contra a dispensa arbitrária e sem justa
causa. Entretanto, o dispositivo constitucional não possui regulamentação quanto à
diferenciação entre as formas de extinção contratual. Nesse sentido, entende-se que a
resilição do contrato de emprego não necessita de motivação, bastando o pagamento
das compensações pecuniárias inerentes à modalidade de extinção do vínculo.

Relativizando o dispositivo constitucional, a ordem jurídica


estabelece situações nas quais extinção imotivada do contrato de trabalho não é
possível, como na hipótese da gestante, do acidentado e do cipeiro. Em tais situações, a

Assinado eletronicamente por: DAVI PEREIRA MAGALHAES - Juntado em: 05/12/2022 09:26:01 - 2ee1fbc
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prerrogativa de dispensa imotivada cede lugar à garantia no emprego em razão de


ordens superiores, como a proteção ao nascituro, ao incapacitado e ao representante
dos empregados na fiscalização das condições de saúde e segurança no trabalho.

Especificamente em relação à garantia do acidentado, o artigo


118 da Lei 8.212/91 estabelece a situação em que haverá manutenção do emprego
decorrente de acidente do trabalho (ou doença ocupacional a ele equiparada pelo
artigo 20, da Lei n. 8.213/91): “O segurado que sofreu acidente do trabalho tem
garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de
trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário,
independentemente de percepção de auxílio-acidente”.

Complementando a disposição legal, o artigo 60 da referida lei


dispõe que “O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo
sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da
data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz”.

Conjugando os referidos dispositivos legais, conclui-se que são


requisitos legais necessários à garantia provisória assegurada pelo artigo 118 da Lei
8.213/91 que o acidente (ou doença ocupacional a ele equiparada) seja decorrente do
trabalho (nexo de causalidade) e que provoque incapacidade para o trabalho por um
período superior a 15 dias. E, consoante fundamentado em tópico anterior, o
reclamante sofreu acidente do trabalho com afastamento das atividades por período
superior a quinze dias.

No caso dos autos, em consulta ao sistema PREVJUD, verifica-se


que a reclamante teve benefício previdenciário concedido no período 18.05.2021 a
27.10.2021. A reclamante, então, permaneceu afastada por incapacidade laborativa,
em razão de doença ocupacional, por período superior a quinze dias. Assim, cumpridos
os requisitos legais, é de se reconhecer a garantia provisória no emprego.
Considerando o retorno às atividades em 27.10.2021, é de se reconhecer a garantia no
emprego no período compreendido entre 28.10.2021 a 27.10.2022.

Em face do exposto, deverá a reclamada pagar ao obreiro a


indenização correspondente ao período de garantia no emprego, envolvendo,
conforme postulado, as seguintes verbas (calculadas com base no salário de R$
1.100,00): salários do período de 09.12.2021 (um dia o saldo de salário recebido
conforme documento de id ebf934f - Pág. 1) até 27.10.2022 (doze meses após o
retorno ao trabalho), assim como o 13º salário e férias, acrescidas do terço
constitucional do período, ambos proporcionais e referentes ao mesmo período, além
do FGTS mais 40% sobre os salários e o 13º salário deferidos.

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Fls.: 27

O valor devido deverá ser limitado ao montante indicado na


planilha de cálculos.

Por fim, uma vez reconhecido o vínculo de emprego entre


reclamante e reclamada, sem o respectivo registro do contrato de emprego, e a
garantia no emprego deverá a reclamada providenciar a anotação do contrato de
emprego na CTPS, fazendo constar, como data de saída, o dia 27.10.2022.

Para tanto, terá o prazo de 10 (dez) dias a contar da data em que


for intimada, devendo o reclamante juntar sua CTPS aos autos no prazo de 05 (cinco)
dias a contar do trânsito em julgado desta sentença. A reclamada deverá abster-se de
efetuar qualquer menção/ressalva a este processo em CTPS do autor, bem assim de
que as anotações decorreram de determinação judicial. Na inércia da reclamada a
providência deverá ser adotada pela Secretaria desta Vara do Trabalho, impondo-se
àquela multa correspondente a 1/10 (um décimo) do último salário mensal recebido
pelo autor, por dia de atraso no cumprimento da obrigação de fazer que lhe foi
imposta, limitada a trinta dias.

JUSTIÇA GRATUITA

A respeito da concessão da justiça gratuita, conquanto o artigo


790, §4º, da CLT exija a comprovação insuficiência de recursos para o pagamento das
custas do processo, a inovação trazida pela Lei 13.467/2017 deve ser interpretada em
conjunto ao artigo 99, §3º, do CPC, que estabelece a presunção de veracidade da
declaração de pobreza firmada por pessoa física, mormente em se considerando a
ausência de comprovação do sentido contrário pela reclamada.

Assim, ainda que o salário da reclamante tenha sido superior a


40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, o
documento de id 7b48535 comprova a situação de vulnerabilidade econômica para
postular em juízo, devendo ser concedido o benefício.

Tal se justifica na medida em que a interpretação do


ordenamento jurídico deve ser balizado pelo princípio da unidade, no sentido de ser
compreendido como um todo unitário, no qual suas normas convergem para a plena
consagração dos direitos fundamentais. Essa concepção é reforçada pela sistemática
do diálogo das fontes, pelo qual normas de diversos ramos jurídicos são aplicadas em
conjunto como forma de potencializar a eficácia social.

Assim, as inovações legislativas da Lei 13.467/2017 não devem


ser interpretadas de forma isolada, mormente em se considerando os comandos
contidos nos artigos 769 da CLT e 15 do CPC. Há, sim, necessidade de comprovação da
situação de insuficiência econômica, em especial como forma de moralizar o acesso ao

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Fls.: 28

Judiciário. Porém, essa necessidade probatória deve ser relativizada no caso de pessoa
física, bastando a declaração de insuficiência.

Ademais, o limite de 40% do limite máximo dos benefícios do


Regime Geral de Previdência Social serve apenas como critério objetivo para concessão
da justiça gratuita. Para empregados cujos salários sejam inferiores a tal limite, a
concessão independe de comprovação. Por outro lado, caso o salário seja superior,
aplicam-se os dispositivos contidos nos artigos 790, §4º, da CLT e 99, §3º, do CPC.

Dessa forma, defiro à reclamante os benefícios da justiça


gratuita, com fulcro no artigo 790, § 3º, da CLT.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Considerando a procedência da demanda, incide ao caso a


norma contida no artigo 791-A da CLT, que impõe a necessidade de pagamento de
honorários advocatícios sucumbenciais pelas partes.

Assim, nos termos do artigo 791-A da CLT, defiro os honorários


advocatícios em favor do patrono da reclamante, os quais ficam arbitrados em 5%
(cinco por cento) sobre o valor líquido da condenação, considerando os critérios
estabelecidos no artigo 791-A, §§2º e 3º, da CLT.

Esclareço que, para fixação do percentual, nos termos do artigo


791-A, §2º, da CLT, levou-se em consideração que as matérias discutidas são de baixa
complexidade, não houve necessidade de deslocamentos para realização de audiência
e a demanda não se alongou por muito tempo.

Incabível a condenação do reclamante em honorários


sucumbenciais em razão da ausência de sua sucumbência.

HONORÁRIOS PERICIAIS

Considerando-se a abrangência do trabalho realizado pelo


perito José Walter Lima Prado, os honorários periciais ficam arbitrados em R$1.800,00,
imputando-se à reclamada o seu pagamento, de acordo com o artigo 790-B, da CLT, os
quais deverão ser corrigidos, com os critérios definidos na Orientação Jurisprudencial
nº 198, da SDI-1, do Tribunal Superior do Trabalho, a partir da data da entrega do laudo
(23.08.2022 – id 857dce4).

CRITÉRIOS PARA LIQUIDAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS.


CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E FISCAL

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Fls.: 29

O valor da condenação, parcela a parcela, deverá ser corrigido


monetariamente desde a data do vencimento de cada verba, ou seja, no mês
subsequente à prestação de serviços, até a data do efetivo pagamento dos valores
devidos (artigo 397 do Código Civil e enunciado 381 da súmula de jurisprudência do C.
TST).

Acerca do índice a ser utilizado, considerando a decisão


vinculante do Supremo Tribunal Federal sobre atualização monetária no âmbito da
Justiça do Trabalho no julgamento das Ações Declaratórias de Constitucionalidade
(ADCs) 58 e 59 e das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 5867 e 6021, até que
o Poder Legislativo delibere sobre a questão, devem ser aplicados o Índice Nacional de
Preço ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), na fase pré-judicial, e, a partir do
ajuizamento da demanda, a taxa Selic, índices de correção monetária vigentes para as
condenações cíveis em geral.

A respeito dos juros, a legislação trabalhista também distingue


os períodos, já que o caput do art. 39 da Lei 8.177/91 trata do período pré-processual
("compreendido entre a data de vencimento da obrigação e o seu efetivo pagamento")
e o seu §1º do período judicial ("contados do ajuizamento da reclamatória"). Nesse
sentido, como apenas o §1º do art. 39 da Lei 8.177/91 (quanto aos juros) e o §7º do art.
879 da CLT (quanto à correção monetária) foram afastados pelo STF na ADC 58, não há
como deixar de reconhecer que o ordenamento jurídico trabalhista vigente contempla
juros de mora também para a fase pré-processual.

No mais, considerando que a tese fixada pelo E. STF determina a


incidência da SELIC a partir do ajuizamento da demanda e que tal índice engloba a
correção monetária e a incidência de juros, entende-se os juros da fase judicial já estão
englobados nos critérios acima definidos. O mesmo não ocorre em relação ao período
pré-processual, cujo índice aplicável é o IPCA-E, que não engloba juros. Em tal caso,
deve ser aplicado o caput do art. 39 da Lei 8.177/91 no sentido de incidir a TRD para
fins de cômputo do juros.

Deve-se ressaltar, por fim, o art. 883 da CLT, que determina a


incidência de juros apenas a partir do ajuizamento da demanda, trata apenas do
período processual da execução trabalhista e não define percentual ou índice aplicável.

Nos termos do artigo 43 da Lei 8.212/91, deverá a parte


reclamada recolher as contribuições previdenciárias, englobando as contribuições
devidas diretamente pelo empregador e as contribuições a cargo do empregado, sendo
que o montante destas será recolhido a expensas do réu, mediante desconto sobre o
valor da condenação, conforme enunciado 368 da súmula de jurisprudência do C. TST.

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Fls.: 30

Deverão ser efetuados, ainda, os recolhimentos previdenciários


e fiscais, observando-se a legislação vigente e considerando-se exclusivamente as
verbas de natureza remuneratória, nos termos do art. 114, VIII, da CF e do enunciado
368 da súmula de jurisprudência do C. TST. São autorizadas as deduções e as retenções
da cota-parte da reclamante, conforme entendimento jurisprudencial consolidado
acima mencionado.

Após o trânsito em julgado e respectiva liquidação do crédito


previdenciário, caso não haja o recolhimento voluntário das contribuições pertinentes,
seguir-se-á a execução direta da quantia equivalente, em conformidade com o inciso
VIII do artigo 114 da Constituição Federal.

DISPOSITIVO

Posto isto, nos autos da reclamação trabalhista ajuizada por


AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY em face de BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.,
decido JULGAR PROCEDENTES os pedidos da parte autora, nos termos e limites da
fundamentação supra que passa a fazer parte integrante e indissociável deste
dispositivo, para RECONHECER a rescisão indireta do contrato de trabalho em e
CONDENAR o reclamado a:

A) ANOTAR o término do vínculo de emprego na CTPS da


reclamante, fazendo constar, como data de saída, o dia 27.10.2022. Para tanto, a
reclamada terá o prazo de 10 (dez) dias a contar da data em que for intimada, devendo
o reclamante juntar sua CTPS aos autos no prazo de 05 (cinco) dias a contar do trânsito
em julgado desta sentença. A reclamada deverá abster-se de efetuar qualquer menção
/ressalva a este processo em CTPS do autor, bem assim de que as anotações
decorreram de determinação judicial. Na inércia da reclamada a providência deverá ser
adotada pela Secretaria desta Vara do Trabalho, impondo-se àquela multa
correspondente a 1/10 (um décimo) do último salário mensal recebido pelo autor, por
dia de atraso no cumprimento da obrigação de fazer que lhe foi imposta, limitada a
trinta dias.

B) PAGAR, conforme planilha de cálculos anexa, de:

B.1) aviso prévio proporcional;

B.2) 13º salário proporcional (considerando a projeção do aviso


prévio);

B.3) férias integrais referentes ao período aquisitivo 2020/2021,


de forma simples, acrescidas do terço constitucional;

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Fls.: 31

B.4) férias proporcionais referentes ao período aquisitivo 2021


/2022 (considerando a projeção do aviso prévio), acrescidas do terço constitucional;

B.5) FGTS (8%) sobre as parcelas de natureza salarial ora


concedidas, além da indenização de 40%, incidentes sobre as parcelas de natureza
salarial pagas na vigência do contrato laboral e sobre as ora concedidas;

B.6) indenização substitutiva do seguro desemprego;

B.7) salários referentes ao período compreendido entre


09.12.2021 (um dia o saldo de salário recebido conforme documento de id ebf934f -
Pág. 1) e 27.10.2022 (doze meses após o retorno ao trabalho), assim como o 13º salário
e férias, acrescidas do terço constitucional do período, ambos proporcionais e
referentes ao mesmo período, além do FGTS mais 40% sobre os salários e o 13º salário
deferidos.

B.8) indenização por danos morais em razão do assédio moral


sofrido, no valor de R$83.686,00;

B.9) indenização por danos morais em razão da doença


ocupacional contraída, no valor de R$83.686,00.

DEFIRO o benefício da justiça gratuita à parte reclamante.

CONDENO a reclamada ao pagamento de honorários


advocatícios sucumbenciais no valor percentual de 5% sobre o valor líquido da
condenação.

CONDENO a reclamada, ainda, ao pagamento dos honorários


periciais, arbitrados em R$1.800,00, para o perito José Walter Lima Prado.

Julgo improcedentes os demais pedidos nos termos da


fundamentação.

Juros, correção monetária, recolhimentos previdenciários e


fiscais, na forma da fundamentação.

Custas, pela reclamada, no importe de R$ 2.857,03, calculadas


sobre R$142.851,26, valor da condenação.

Intime-se.

Registre-se. Cumpra-se. Nada mais.

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Fls.: 32

BELEM/PA, 05 de dezembro de 2022.

DAVI PEREIRA MAGALHAES


Juiz do Trabalho Substituto

Assinado eletronicamente por: DAVI PEREIRA MAGALHAES - Juntado em: 05/12/2022 09:26:01 - 2ee1fbc
https://pje.trt8.jus.br/pjekz/validacao/22111714520850500000035468345?instancia=1
Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008
Número do documento: 22111714520850500000035468345
Fls.: 33

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO
8ª VARA DO TRABALHO DE BELÉM
ATOrd 0000694-63.2021.5.08.0008
RECLAMANTE: AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY
RECLAMADO: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.

DESPACHO

Nos termos do art. 897-A, §2º, da CLT, manifestem-se as partes


sobre os Embargos de Declaração apresentados, no prazo de 5 (cinco) dias sob pena de
preclusão.

Após, tornem os autos conclusos para decisão.

BELEM/PA, 16 de dezembro de 2022.

DAVI PEREIRA MAGALHAES


Juiz do Trabalho Substituto

Assinado eletronicamente por: DAVI PEREIRA MAGALHAES - Juntado em: 16/12/2022 12:09:14 - 571f6c4
https://pje.trt8.jus.br/pjekz/validacao/22121612090926200000035806343?instancia=1
Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008
Número do documento: 22121612090926200000035806343
Fls.: 34

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO
8ª VARA DO TRABALHO DE BELÉM
ATOrd 0000694-63.2021.5.08.0008
RECLAMANTE: AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY
RECLAMADO: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.

DECISÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY e BANCO SANTANDER


(BRASIL) S.A. interpuseram EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (id 3488486 e 65257f8), sob a
alegação de omissão e contradição na decisão embargada.

Os Embargos são tempestivos e a representação processual


encontra-se regular, motivo pelo qual, preenchidos os requisitos legais, são conhecidos.

Regularmente notificados, as partes apresentaram


manifestações de id ac10187 e 9eeb485.

Brevemente relatados, DECIDO.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DE AIGYA FANINE MODESTO


CALUMBY

CONTRADIÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

A embargante Aigya Fanine Modesto Calumby alega contradição


na sentença embargada ao argumento de que apesar a sentença condenar no
pagamento de indenização por danos morais em razão de dois fundamentos (assédio
moral e doença ocupacional), os cálculos de liquidação indicam apenas uma das
parcelas.

Assim, de modo a corrigir o vício e trazer segurança jurídica à


relação processual, utilizando-me da norma contida no art. 494, I, do CPC, que autoriza
o magistrado a alterar a sentença, após a publicação, no caso de contradições, corrijo o
vício existente, de modo a que a seja apresentada nova planilha de cálculo com
indicação da condenação integral estabelecida em sentença.

OMISSÃO. INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA. BASE DE CÁLCULO

Assiste razão à embargante Aigya Fanine Modesto Calumby


quando afirma a existência de omissão na sentença embargada acerca da base de
cálculo utilizada para liquidação da indenização substitutiva do período de garantia no

Assinado eletronicamente por: DAVI PEREIRA MAGALHAES - Juntado em: 06/03/2023 18:52:34 - 666b173
Fls.: 35

emprego. Assim, com base na norma contida no artigo 494, I, do CPC, que autoriza o
magistrado a alterar a sentença, após a publicação, no caso de omissão, corrijo o vício
existente, para alterar o parágrafo que estabelece os parâmetros de cálculo da
indenização substitutiva do período de garantia no emprego do tópico “GARANTIA NO
EMPREGO. ACIDENTE DE TRABALHO”, que passará a contar com a seguinte redação:

Em face do exposto, deverá a reclamada pagar


ao obreiro a indenização correspondente ao período
de garantia no emprego, envolvendo, conforme
postulado, as seguintes verbas (calculadas com base
no salário de R$4.193,40): salários do período de
09.12.2021 (um dia o saldo de salário recebido
conforme documento de id ebf934f - Pág. 1) até
27.10.2022 (doze meses após o retorno ao trabalho),
assim como o 13º salário e férias, acrescidas do terço
constitucional do período, ambos proporcionais e
referentes ao mesmo período, além do FGTS mais
40% sobre os salários e o 13º salário deferidos.

Por fim, elabore-se nova planilha de cálculo com a utilização do


salário de R$4.193,40 como base de cálculo.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DE BANCO SANTANDER (BRASIL) S.


A.

ERRO MATERIAL

Assiste razão à embargante Banco Santander quando alega a


existência de erro material na sentença embargada em relação à alusão ao
reconhecimento de vínculo de emprego para fins de anotação da CTPS da reclamante.
De fato, trata-se de matéria estranha à lide, configurando evidente erro material.

Assim, a fim de evitar-se futuras discussões, utilizando-me da


norma contida no artigo 494, I, do CPC, que autoriza o magistrado a alterar a sentença,
após a publicação, no caso de inexatidões materiais, corrijo o erro material para alterar
a redação do parágrafo constante do tópico “GARANTIA NO EMPREGO. ACIDENTE DE
TRABALHO” que estabelece a obrigação de fazer, que passará a contar com a seguinte
redação:

Por fim, considerando o motivo da extinção


contratual, bem como a garantia no emprego, deverá
a reclamada providenciar a anotação de término do
contrato de emprego na CTPS da reclamante,
fazendo constar, como data de saída, o dia
27.10.2022.

DEMAIS MATÉRIAS ALEGADAS

Os casos que autorizam a interposição de embargos de


declaração são expressamente previstos pela legislação processual, a qual exige

Assinado eletronicamente por: DAVI PEREIRA MAGALHAES - Juntado em: 06/03/2023 18:52:34 - 666b173
Fls.: 36

interpretação restrita. Nesse sentido, o referido instrumento jurídico somente pode ser
utilizado quando a sentença for obscura, contraditória ou omissa (artigo 897-A da CLT c.
c. 1.022, I e II, do novo CPC), hipóteses não verificadas no caso concreto.

A contradição apta a ensejar a interposição de Embargos de


Declaração é aquela que ocorre internamente na sentença, entre o disposto na
fundamentação e no dispositivo, por exemplo, e não a que resulta do confronto entre a
sentença e as provas e alegações constantes dos autos ou o entendimento do
magistrado a respeito de determinada matéria. A omissão, por seu turno, existe
quando não é apreciado pedido ou alegação levantada pelas partes. A obscuridade,
por fim, ocorre quando a decisão não é clara, necessitando pronunciamento do juízo
para entendimento dos seus exatos termos.

Nesse sentido, em relação às demais alegações da embargante


Banco Santander, não subsistem vícios a serem corrigidos via embargos de declaração.
Com efeito, em relação à alegação de omissão quanto ao requerimento de adstrição
aos valores contidos na petição inicial, esclarece-se que não se trata de pedido ou
requerimento, mas sim de observância da legislação processual, o que dispensa
manifestação expressa do juízo.

Salienta-se, inclusive, que a manifestação da embargante foi


apreciada pelo juízo e a legislação respeitada, conforme se depreende do seguinte
parágrafo, extraído do tópico “GARANTIA NO EMPREGO. ACIDENTE DE TRABALHO”: “O
valor devido deverá ser limitado ao montante indicado na planilha de cálculos”.

De igual modo, em relação à apreciação das manifestações


apresentadas ao laudo pericial, no tópico “DOENÇA OCUPACIONAL”, a sentença
embargada estabelece que vigora no ordenamento jurídico processual o princípio do
convencimento motivado, de modo que não há vinculação ao laudo técnico
apresentado, desde que sejam apresentados fundamentos para tanto. E, conforme se
observa da sentença embargada, foram apresentados fundamentos para
desconstituição do laudo pericial, bem como das manifestações apresentadas pelas
partes, inexistindo a omissão alegada.

Não se pode olvidar, ainda, que o mencionado artigo 372, do


novo CPC, dispõe claramente que o Juiz “O juiz apreciará a prova constante dos autos,
independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões
da formação de seu convencimento” (grifei).

Infere-se, portanto, que o com seus argumentos, quer o


embargante, na realidade, a reforma do julgado, uma vez que a discordância diz
respeito ao entendimento adotado. Se entende que houve erro na prestação
jurisdicional, através de erro de julgamento, com a apreciação e aplicação equivocada

Assinado eletronicamente por: DAVI PEREIRA MAGALHAES - Juntado em: 06/03/2023 18:52:34 - 666b173
Fls.: 37

das provas ou do direito, deve valer-se do recurso próprio, porquanto os Embargos de


Declaração não se constituem em remédio hábil a tanto.

Dessa forma, os presentes embargos declaratórios constituem


instrumento processual impróprio ao fim almejado.

Posto isto, na forma da fundamentação, ACOLHEM-SE em parte


os EMBARGOS DE DECLARAÇÃO apresentados por AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY
e BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.

Intimem-se.

BELEM/PA, 06 de março de 2023.

DAVI PEREIRA MAGALHAES


Juiz do Trabalho Substituto

Assinado eletronicamente por: DAVI PEREIRA MAGALHAES - Juntado em: 06/03/2023 18:52:34 - 666b173
https://pje.trt8.jus.br/pjekz/validacao/23030611504101700000036588507?instancia=1
Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008
Número do documento: 23030611504101700000036588507
Fls.: 38

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO
8ª VARA DO TRABALHO DE BELÉM
ATOrd 0000694-63.2021.5.08.0008
RECLAMANTE: AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY
RECLAMADO: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.

DECISÃO

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade recursal,


subam os autos ao Eg.TRT8ª Região.

BELEM/PA, 11 de abril de 2023.

GUSTAVO LIMA MARTINS


Juiz do Trabalho Substituto

Assinado eletronicamente por: GUSTAVO LIMA MARTINS - Juntado em: 11/04/2023 14:11:25 - 970d8e3
https://pje.trt8.jus.br/pjekz/validacao/23041014301870000000037117430?instancia=1
Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008
Número do documento: 23041014301870000000037117430
Fls.: 39

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO

Gab. Desa. MARY ANNE ACATAUASSÚ CAMELIER MEDRADO


ACÓRDÃO TRT 8ª/ 1º TURMA/ ROT 0000694-63.2021.5.08.0008

Recorrentes: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.


Dra. Anna Carolina Barros Cabral da Silva (OAB/PE 26107)
Dr. Nelson Wilians Fratoni Rodrigues (OAB/PA 15201)

Recorridos: AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY


Dr. Raimundo Kulkamp(OAB/PA 6158)
Dr. Jose Olavo Salgado Marques (OAB/PA 8335)

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMADO. ASSÉDIO MORAL.


ÔNUS DA PROVA. REVELIA E CONFISSÃO FICTA DO
RECLAMADO. DOENÇA AGRAVADA PELAS CONDIÇÕES DE
TRABALHO. CARACTERIZAÇÃO DE ACIDENTE DE
TRABALHO. GARANTIA DE EMPREGO. INDENIZAÇÕES POR
DANOS MORAIS. RESCISÃO INDIRETA. Era da reclamante o
ônus da prova quanto à alegação de que sofrera cobranças abusivas
para atingimento de metas, e que fora exposta à
situações constrangedoras e humilhantes em razão de conduta de
superior hierárquico, nos termos dos arts. 818, I, da CLT e 373, I, do
CPC, do qual se desincumbiu, diante da revelia e confissão ficta a
que se submeteu o reclamado, e da ausência de outras provas capazes
de afastar a presunção de veracidade que passou a militar em favor
dos fatos por ela alegados, os quais são suficientes para configurar o
assédio moral. Por outro lado, restou comprovado que a reclamante
apresentou doença de natureza psicológica no decorrer do pacto, que
inclusive gerou o seu afastamento para gozo de benefício
previdenciário, sendo evidente que a conduta do reclamado, por seus
prepostos, teve potencial para agravar a patologia, configurando o
nexo de concausalidade entre a doença e o labor e a
responsabilidade civil do reclamado pela reparação dos danos
decorrentes, bem como a justa causa do empregador, conforme
previsto no art. 483 da CLT. Recurso não provido.

Assinado eletronicamente por: MARY ANNE ACATAUASSU CAMELIER MEDRADO - 23/07/2023 18:09:05 - 7e09a37
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Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008 ID. 7e09a37 - Pág. 1
Número do documento: 23070312591723700000011204573
Fls.: 40

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso Ordinário,


interpostos pelas partes contra a sentença de Id 2ee1fbc, oriunda da 8ª Vara do Trabalho de Belém, que
julgou parcialmente procedentes os pedidos da reclamante para condenar a reclamada a:

A) ANOTAR o término do vínculo de emprego na CTPS da reclamante, fazendo constar,


como data de saída, o dia 27.10.2022. Para tanto, a reclamada terá o prazo de 10 (dez)
dias a contar da data em que for intimada, devendo o reclamante juntar sua CTPS aos
autos no prazo de 05 (cinco) dias a contar do trânsito em julgado desta sentença. A
reclamada deverá abster-se de efetuar qualquer menção/ressalva a este processo em
CTPS do autor, bem assim de que as anotações decorreram de determinação judicial.
Na inércia da reclamada a providência deverá ser adotada pela Secretaria desta Vara
do Trabalho, impondo-se àquela multa correspondente a 1/10 (um décimo) do último
salário mensal recebido pelo autor, por dia de atraso no cumprimento da obrigação de
fazer que lhe foi imposta, limitada a trinta dias.

B) conforme planilha de cálculos anexa, de: PAGAR

B.1) aviso prévio proporcional;

B.2) 13º salário proporcional (considerando a projeção do aviso prévio);

B.3) férias integrais referentes ao período aquisitivo 2020/2021, de forma simples,


acrescidas do terço constitucional;

B.4) férias proporcionais referentes ao período aquisitivo 2021/2022 (considerando a


projeção do aviso prévio), acrescidas do terço constitucional;

B.5) FGTS (8%) sobre as parcelas de natureza salarial ora concedidas, além da
indenização de 40%, incidentes sobre as parcelas de natureza salarial pagas na vigência
do contrato laboral e sobre as ora concedidas;

B.6) indenização substitutiva do seguro desemprego;

B.7) salários referentes ao período compreendido entre 09.12.2021 (um dia o saldo de
salário recebido conforme documento de id ebf934f - Pág. 1) e 27.10.2022 (doze meses
após o retorno ao trabalho), assim como o 13º salário e férias, acrescidas do terço
constitucional do período, ambos proporcionais e referentes ao mesmo período, além do
FGTS mais 40% sobre os salários e o 13º salário deferidos.

B.8) indenização por danos morais em razão do assédio moral sofrido, no valor de
R$83.686,00;

B.9) indenização por danos morais em razão da doença ocupacional contraída, no valor
de R$83.686,00.

Recorre o reclamado em Id 4a79da2.

Contrarrazões apresentadas em Id d83c6da.

É o relatório.

DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

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Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008 ID. 7e09a37 - Pág. 2
Número do documento: 23070312591723700000011204573
Fls.: 41

Conheço do recurso interposto pela reclamada, eis que tempestivo,


subscrito por advogado habilitado e comprovado o regular preparo.

Conheço das contrarrazões, pois em ordem.

DO ASSÉDIO MORAL E DOENÇA DO TRABALHO -


INDENIZAÇÕES

Na inicial a autora afirmou que foi contratada em 03/06/2019, e que


exerceu as funções de caixa, gerente de negócios e serviços I e gerente de negócios e serviços II, sendo
que desde maio de 2021 encontra-se em gozo de auxílio doença acidentário.

Disse que foi vítima de assédio moral em razão da forma como era
cobrado o atingimento de metas, as quais eram de difícil alcance, destacando que essas cobranças se
davam na forma de ameaças, exposição dos resultados e do "ranking", humilhações e tratamento
grosseiro por parte de alguns de seus gestores, e que ainda havia cobrança da realização de tarefas que
extrapolavam as inerentes a função exercida, destacando que a cláusula 36º da CCT que trata do
monitoramento de resultados, vedando a exposição pública do ranking individual dos empregados .

Afirmou que como caixa foi subordinada a Gerente Geral da agência de


Nazaré de nome Vanessa Melem, a qual era muito grosseira no trato com os funcionários, pois
costumava falar em tom alterado, gritando e insinuando que eles não sabiam fazer nada, bem como fazia
ameaças de dispensa ou expunha os resultados de uns comparando com os de outros .

Ressaltou que na agência Forças Armadas a situação do assédio se


agravou, pois passou a ser subordinada à Sra. ROGERIA CARDOSO, Gerente de Atendimento, e que
essa gerente "gostava de sobrecarregar os seus subordinados, determinando a realização de tarefas
superiores aos seus cargos, dizia que não sabíamos fazer nada, dizia que a autora não sabia fazer as
coisas corretamente, que não prestava atenção, foi várias vezes grosseira com a autora, falando em tom
áspero e grosseiro, outras vezes agia com indiferença, fingindo que a autora sequer estava lá, sendo que
todas essas situação foram se avolumando, chegando ao ponto de a autora num determinado dia surtar
tendo uma crise de choro na agencia".

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Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008 ID. 7e09a37 - Pág. 3
Número do documento: 23070312591723700000011204573
Fls.: 42

Prosseguiu aduzindo que:

O assédio moral organizacional praticado na reclamada é a pressão descomedida


exercida de forma sistemática sobre os trabalhadores, inclusive a autora, visando ao
aumento da produção/vendas e à redução de custos, submetendo os trabalhadores a
constrangimentos, tratamentos humilhantes e vexatórios em nome do bom desempenho e
do alcance de metas.

O assédio moral organizacional faz parte do gerenciamento do trabalho na reclamada


para alcançar o seu cumprimento de metas e objetivos financeiros.

A situação a que foi exposta a reclamante, causou-lhe gravame em seu patrimônio


imaterial e físicos, eis que a autora adquiriu gastrite, esofagite, atrofiamento do seu
intestino, crises de enxaqueca, ansiedade e depressão, sendo suficiente para caracterizar
o assédio moral, tudo no intuito de desestabilizar psicologicamente o empregado, são
fruto da política de gestão da reclamada, que impõe metas abusivas, extrapolação de
jornada, pressão e assédio moral, na rotina diária de trabalho dos bancários.

O poder diretivo do empregador não tem o condão de autorizar a imposição de


humilhações aos empregados, apenas porque não cumpriram as metas estabelecidas, sob
pena de ser obrigado a indenizar o empregado submetido indevidamente a tais
provações, porque procedimento contrário ao Direito.

(...)

Assim, em face dos constrangimentos e abalo no patrimônio imaterial da autora,


depressão, angústia, abalo de auto-estima e sentimentos mórbidos, etc.., requer a
indenização por danos morais, correspondente a 20(dez)vezes o valor da última e maior
remuneração auferido pela autora, ou seja, R$-4.193,40 = R$-83.868,00 (oitenta e três
mil oitocentos e sessenta e oito reais), acrescido de juros e correção monetária.

Também afirmou o seguinte:

Salienta-se, que quando da admissão da autora pela reclamada, a mesma foi considerada
apta no exame admissional, podendo exercer as funções inerentes ao cargo.

E, muito embora, ao ingressar na reclamada a autora estivesse absolutamente apta para o


trabalho, com o passar dos anos a reclamante passou a apresentar patologia diagnosticada
como " depressão", conforme se constata os laudos médicos anexos.

Durante todo o pacto laboral a reclamante sofreu forte STRESS EMOCIONAL no


ambiente de trabalho e por conta disso desenvolveu doença depressiva com sintomas de
choro fácil, tristeza profunda, ideias de suicídio, e em face disso vem fazendo tratamento
médico e toma remédios controlados, sendo que a autora encontra-se afastada de suas
atividades laborais, ficando submetida a tratamento até hoje, por esta acometida de
doença ocupacional.

No presente caso o Decreto 6.042/2007, regulamentando o art.21-A da Lei 8.213/91,


estabeleceu o nexo técnico epidemiológico entre a doença a que a reclamante foi
acometida(CID 10; F.43.22) e a atividade desenvolvida pela empresa, conforme ANEXO
II, lista B, havendo portanto previsão legal de que a doença a que foi acometida a
reclamante decorre do trabalho.

A atividade do trabalhador em condições adversas à saúde, como ocorreu efetivamente


com a reclamante, serviu para desencadear a doença que acometeu a reclamante, doença
essa que com o tempo restou agravada pelas constantes pressões psicológicas sofridas
pela Obreira, e que veio a comprometeu sua capacidade de trabalho, e demonstrou a
existência de concausa - causa paralela ou concomitante que serviu para agravar a
doença do funcionário.

A responsabilidade civil do empregador, neste caso, não se limita às hipóteses de


acidente do trabalho ou doença ocupacional, mas abarca as lesões que o trabalho em
condições adversas cause ao empregado, assim a autora não poderia ter tido o seu

Assinado eletronicamente por: MARY ANNE ACATAUASSU CAMELIER MEDRADO - 23/07/2023 18:09:05 - 7e09a37
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Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008 ID. 7e09a37 - Pág. 4
Número do documento: 23070312591723700000011204573
Fls.: 43

contrato de trabalho rescindido pelo banco, eis que a mesma quando de sua dispensa
encontrava-se incapacitada para o trabalho.

Por isso, ajuizou a presente reclamação trabalhista para pedir indenização por dano moral.

O nexo causal está comprovado face as condições de trabalho a que foi submetida a
funcionária, sobre intensa pressão e stress provocado pelo assédio moral sofrido na
constância do pacto laboral.

(...)

Comprovado nos autos pelo conjunto probatório, que as atividades profissionais do


empregado contribuíram para o agravamento e/ou aceleramento do seu quadro
patológico que atualmente apresenta, ainda que a reclamada possa pretender em sua
DEFESA cogitar de outras causas para a doença, não há como deixar de concluir pelo
seu enquadramento como doença ocupacional (concausa).

Na definição do nexo causal de doença de cunho ocupacional, o trabalho pode


representar um elemento apenas secundário, de agravamento, não precisando ser
necessariamente o único elemento gerador da doença.

Assim, considerando o grau de sua responsabilidade, deve o empregador, no mínimo,


responder de forma concorrente pelos danos daí decorrentes.

A atividade profissional stressante da reclamante se não contribuiu para o surgimento da


patologia para agravar a doença que a acometeu, atuando como concausa.

Induvidoso que o dano é de natureza material e moral, pois é evidente que quem sofre
moléstia E/OU agravamento de uma moléstia da qual padece passa a necessitar de mais
recursos materiais que supram tratamento mais oneroso.

Evidente, também, que em tal situação sofrerá dano moral pela dor e sofrimento
aumentados. Aplica-se, no caso, a responsabilidade objetiva do empregador que assumiu
o risco de contribuir para o agravamento de certas doenças relacionadas com o trabalho.

Outrossim, a falta de comunicação, pela empregadora, do acidente de trabalho ou


moléstia profissional ao órgão previdenciário, obsta que o empregado obtenha o auxílio-
doença acidentário, e caracteriza o descumprimento de sua obrigação prevista em Lei
(Lei nº 8.213/91, art. 22) fato que atrai sua responsabilidade pelo pagamento da
indenização equivalente à estabilidade provisória por acidente de trabalho, fixada pelo
art. 118 da Lei nº 8.213/91, c/c o art. 129 do Código Civil, acrescido das diferenças das
verbas rescisórias respectivas, independentemente da indenização por danos morais.

Requer, a indenização por danos morais, pois provado o nexo de causalidade entre a
doença ocupacional adquirida e as condições de trabalho do empregado, a ser estipulado
em 20 (vinte) vez o valor da última remuneração da autora.

(...)

Cabível, destarte, a indenização por danos morais, e que a autora postula no valor
correspondente a 20(vinte) vezes o valor da última e maior remuneração auferida pela
autora (parágrafo 1º, inciso III do Art.223-G da CLT, ou seja, R$-4.193,40 x 20 =
R$-83.868,00 (oitenta e três mil oitocentos e sessenta e oito reais), acrescido de juros e
correção monetária.

O reclamado foi revel e confesso quanto à matéria de fato.

O Juízo "a quo" reconheceu a prática de assédio moral, que


entendeu ter sido a causa do agravamento da doença psicológica que afeta a reclamante,
deferindo, assim, indenização por danos morais decorrentes do assédio moral e indenização
por danos morais decorrentes da doença, de R$83.686,00 cada uma.

Assinado eletronicamente por: MARY ANNE ACATAUASSU CAMELIER MEDRADO - 23/07/2023 18:09:05 - 7e09a37
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Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008 ID. 7e09a37 - Pág. 5
Número do documento: 23070312591723700000011204573
Fls.: 44

Recorre o reclamado, a afirmando que "o recorrido não se desincumbiu


do seu ônus probante, bem como restou claro que o recorrente jamais praticou qualquer ato irregular,
nem tão pouco praticou qualquer ato que viesse a desabonar a imagem do recorrido ou ofender sua honra,
sendo inverossímeis as alegações autorais".

Diz, ainda, que "não restou demonstrado qualquer resquício de


perseguição ou extrapolação dos limites da razoabilidade no tratamento com os empregados do banco,
tampouco para com o Reclamante."

Analiso.

A revelia e confissão ficta geram presunção de veracidade em


relação aos fatos alegados na inicial, uma vez não impugnados.

Desta forma, ao contrário do alegado no recurso, a reclamante


desincumbiu-se do ônus da prova, diante da confissão ficta a que se submeteu o próprio recorrente.

Assim, há que se reconhecer como verdadeira a alegação da reclamante de


que era vítima de cobranças abusivas por parte de seus superiores hierárquicos, para atingimento de
metas, consistentes em ameaças de demissão, tratamento grosseiro e humilhante, exposição dos
resultados e do "ranking", sendo que esta última vedada pela norma coletiva da categoria.

Além disso, a reclamante arrolou uma testemunha, Sra.


FERNANDA VANESSA BARBOSA CINTRA, que prestou as seguintes declarações:

Que trabalhou no reclamado de janeiro /2014 a fevereiro/2021; Que trabalhou com a


reclamante na agência Forças Armadas, na Duque de Caxias, no ano de 2020. (...) Que
era empregada de uma terceirizada do reclamado, trabalhando RESPONDEU: tanto
internamente na agência quanto externamente e se reportava à gerente geral VANESSA
MELEN; Que também trabalhou com a ROGÉRIA CARDOSO; Que com a primeira
trabalhou na agência Doca e com a segunda na Forças Armadas; Que esclarece que era
terceirizada entes de 2014 e a partir de 2014 foi empregada do reclamado; Que a
ROGÉRIA era grosseira no trato com os funcionários; Que ela costumava falar alto
e gritar com os funcionários, chamando a atenção deles na frente dos outros,
chamando-os por exemplo de incompetentes e irresponsáveis; Que viu esse tipo de
procedimento em relação à reclamante; Que chegou a ver a reclamante chorando
por conta disso e ela também reclamou para a depoente; Que essas situações
envolvendo a ROGÉRIA era rotineira.(...) Que esse tipo de tratamento não era mais
incisivo com RECLAMADO(A) RESPONDEU: a reclamante, sendo geral; Que
constantemente eram ameaçadas de demissão; Que participou de reuniões nas quais
eram feitas cobranças de metas com a participação da reclamante; Que não tem
conhecimento se alguma dessas gestoras foi denunciada; Que batia algumas metas e
outras não; Que não tem conhecimento se a reclamante batia suas metas.

A testemunha EMMANUELY HELOANE DE OLIVEIRA VALENTE,


arrolada pelo próprio reclamado, prestou declarações que em parte corroboraram a tese da
inicial, como se transcreve:

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Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008 ID. 7e09a37 - Pág. 6
Número do documento: 23070312591723700000011204573
Fls.: 45

Que é empregada do reclamado desde 2019; Que trabalhou em Belém até 2020, na
agência Nazaré; Que trabalhou junto com a reclamante nessa agência durante
aproximadamente um ano, sendo gerente geral a VANESSA MELEN; Que não teve
nenhum problema de relacionamento com a VANESSA, não recordando se algum outro
funcionário teve; Que já viu a VANESSA gritando com todos os funcionários,
reclamando do fluxo na agência, pedindo agilidade; Que não eram gritos, mas a
VANESSA falava alto e em tom forte. (...) Que não presenciou a VANESSA
ameaçando funcionários de demissão de forma direta, mas dizia quais seriam as
consequências pelo não cumprimento dos deveres; Que nunca viu ela ofendendo
algum funcionário; Que não tomou conhecimento de alguma denúncia envolvendo a
VANESSA; Que sempre bateu todas as metas; Que não recorda bem, mas acha que a
reclamante batia as metas; Que nas reuniões o gerente divulgava o ranking dos
funcionários. Que a VANESSA também falava alto na frente dos clientes; Que
algumas vezes se sentiu constrangida, mas se adaptou com a maneira dela; Que viu
a reclamante se queixando desse tipo de tratamento para outras pessoas.

Embora a cobrança de metas seja inerente ao poder diretivo do


empregador, o qual assume os riscos do negócio, deve ser exercida dentro dos limites da
razoabilidade, o que, como se verifica, não era observado, no caso.

Com efeito, embora a exposição de metas e ranking de


produtividade nas reuniões, considerando o ordinário, objetivem a troca de informações e
experiências, o treinamento e o alinhamento de práticas/condutas, o incremento da
produtividade e o enfrentamento das dificuldades encontradas pela equipe, essa prática não
pode ocorrer de forma agressiva, a ponto de causar humilhação ou mesmo desconforto ao
empregado, por se sentir inferiorizado na sua capacidade de trabalho em relação aos demais.

Vale destacar que, se acordo com o laudo pericial, a reclamante é


portadora de "alterações de ordens psíquicas de CID F41.2 -Transtorno misto ansioso e depressivo, F43 -
"Reações ao ""stress""" e, conforme se verifica das demais provas, afastou-se do labor em maio de
2021, para gozo de benefício previdenciário.

Embora o Perito tenha concluído pela ausência de nexo entre a doença e o


labor, entendo que não se pode ignorar que as condições de trabalho acima reconhecidas têm potencial
para agravar ou mesmo desencadear o quadro ansioso/depressivo apresentado pela reclamante, sendo
relevante destacar que as respostas do Perito aos quesitos 16 e 17, apresentados pelo patrono da
reclamante, não são elucidativos nem precisos, valendo transcrever:

16. Qual a origem da doença depressiva? Existe nexo causal com o ambiente de trabalho?
Patologia de caráter crônico.

17. Se a reclamante trabalhava em ambiente de muita cobranças para atingimento de


metas no banco? Em caso positivo, se essa cobrança é fator agravante da doença a qual a
reclamante foi acometida? Reclamante em menos de um ano recebeu progressão de
função sendo assim destacada pelo trabalho.Na função de gerente vendia e
controlava produtos bancários. A labor não atuou ou agravou a patologia.

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Número do documento: 23070312591723700000011204573
Fls.: 46

Ou seja, de acordo com o Perito, a doença é crônica e não poderia ter


sido agravada por uma condição de trabalho em que a cobrança de metas se dava de forma abusiva,
conclusão a que chegou pelo fato de a reclamante ter recebido progressão funcional e se destacado no
trabalho. Ora, Isso não é uma conclusão técnica, mas sim, uma conjectura, que não pode, portanto, ser
aproveitada para orientar o julgador.

Desta feita, andou bem o juízo " a quo" ao afastar a conclusão do laudo
pericial, com base nos artigos 371 e 479 do CPC.

Pelas razões acima, entendo que restou evidenciado que a doença


psicológica da qual a reclamante padece foi agravada pelas condições de trabalho no reclamado.

Com relação à responsabilidade civil do reclamado pela reparação dos


danos morais sofridos pela reclamante, decorrentes tanto do assédio moral como do agravamento da
doença, é evidente, na medida em que este não adotou medidas capazes de coibir os seus gestores
de cobrar de forma abusiva o atingimento de metas por parte dos subordinados, a fim de manter um
ambiente de trabalho saudável e respeitoso.

Assim, correta a sentença que condenou o reclamado ao pagamento


de indenizações por danos morais decorrentes de assédio moral e do agravamento da doença que
acomete a reclamante.

Com relação aos valores fixados, também entendo que não há o que ser
modificado, porque observados os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, conforme art. 944
do CC, e a natureza do bem jurídico tutelado, a intensidade do sofrimento, a possibilidade de
superação, o grau de culpa e a situação social e econômica das parte envolvidas, como previsto no art.
223 -G.

Pelas razões supra, nego provimento ao recurso

DA RESCISÃO INDIRETA

A sentença deferiu o pedido de reconhecimento da rescisão indireta do


contrato de trabalho e deferiu as parcelas rescisórias decorrentes:

E, conforme decidido em tópico anterior, foi caracterizada a situação de assédio moral


sofrido pela reclamante, o que ensejou, inclusive, o agravamento de doença psicológica
pré-existente com o afastamento das atividades em razão da incapacidade laborativa
temporária. Evidencia-se, pois, que a reclamante foi exposta a ambiente de trabalho
hostil, com prejuízo ao seu bem estar psíquico, bem como tratada com rigor excessivo. A
conduta da reclamada se enquadra na norma contida no artigo 483, "a" e "b", da CLT.

Ressalto que a rescisão indireta do contrato de trabalho dispensa a imediaticidade da


reação do empregado ante a falta grave cometida pelo empregador, já que o Direito do

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Número do documento: 23070312591723700000011204573
Fls.: 47

Trabalho prima pela proteção do hipossuficiente e pela continuidade do pacto laboral, na


qual o empregado se submete aos ilícitos trabalhistas cometidos pelo empregador a fim
de manter o emprego e a sua subsistência e de sua família. Não há se falar, portanto, em
perdão tácito.

Dessa forma, nos termos do artigo 483, "a" e "b", da CLT, a rescisão indireta do contrato
de trabalho entre as partes.

Recorre o reclamado, afirmando que jamais exigiu a prestação de


serviços superiores às forças da reclamante, ou ainda, alheios ao contrato, e que tampouco tratou a
reclamante com rigor excessivo.

Analiso.

A tese recursal restou superada quando da apreciação do tópico acima.

Desta forma, reconhecido o assédio moral decorrente da imposição


e cobrança de metas de forma abusiva, fica caracterizada a justa causa do empregador para rescisão do
contrato, conforme art. 483, alíneas "a" e "b" da CLT da CLT.

Assim, correta a sentença que considerou extinto o contrato de


trabalho por culpa do reclamado, e que deferiu as parcelas decorrentes dessa modalidade de rescisão.

Nego provimento ao recurso, no tópico.

ERRO MATERIAL - DATA DO DESLIGAMENTO

Diz a reclamada o seguinte:

Analisando a decisão de embargos de declaração proferida, vemos que esta merece ajuste.

De acordo com a parte dispositiva da decisão, deverá a reclamada "providenciar a


anotação do contrato de emprego na CTPS, fazendo constar, como data de saída, o dia
27.10.2022."

Contudo, a reclamante pediu desligamento da empresa em 08/12/2021.

Assim, considerando o erro a existencia de erro quanto a data de desligamento, a


empresa apresentou embargos de declaração para o devido ajuste.

Ocorre que, ao determinar a correção, o magistrado de piso na decisão de embargos de


declaração, novamente, inseriu a data errada na parte dispositiva.

Assim, considerando que que a reclamante pediu seu desligamento da empresa em 08/12
/2021, requer o ajuste na determinação do comando sentencia

Aprecio.

Na sentença, no tópico relativo ao pedido de rescisão indireta,


foi consignado o seguinte:

Assinado eletronicamente por: MARY ANNE ACATAUASSU CAMELIER MEDRADO - 23/07/2023 18:09:05 - 7e09a37
https://pje.tst.jus.br/tst/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=23070312591723700000011204573
Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008 ID. 7e09a37 - Pág. 9
Número do documento: 23070312591723700000011204573
Fls.: 48

Dessa forma, nos termos do artigo 483, "a" e "b", da CLT, reconheço a rescisão indireta
do contrato de trabalho entre as partes.

Em relação à data de encerramento do vínculo de emprego, em consulta ao sistema


PREVJUD, verifica-se que a reclamante teve benefício previdenciário concedido no
período 18.05.2021 a 27.10.2021, razão pela qual reconheço como extinto o contrato
de trabalho em 27.10.2021

(grifei)

No tópico "garantia de emprego", constou da sentença o seguinte:

Especificamente em relação à garantia do acidentado, o artigo118 da Lei 8.212/91


estabelece a situação em que haverá manutenção do emprego decorrente de acidente do
trabalho (ou doença ocupacional a ele equiparada pelo artigo 20, da Lei n. 8.213/91): "O
segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze
meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-
doença acidentário,".independentemente de percepção de auxílio-acidente.

Complementando a disposição legal, o artigo 60 da referida lei dispõe que "O auxílio-
doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento
da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da ".data do início da
incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz".

Conjugando os referidos dispositivos legais, conclui-se que são requisitos legais


necessários à garantia provisória assegurada pelo artigo 118 da Lei8.213/91 que o
acidente (ou doença ocupacional a ele equiparada) seja decorrente do trabalho (nexo de
causalidade) e que provoque incapacidade para o trabalho por um período superior a 15
dias. E, consoante fundamentado em tópico anterior, o reclamante sofreu acidente do
trabalho com afastamento das atividades por período superior a quinze dias.

No caso dos autos, em consulta ao sistema PREVJUD, verifica-se que a reclamante teve
benefício previdenciário concedido no período 18.05.2021 a 27.10.2021. A reclamante,
então, permaneceu afastada por incapacidade laborativa,em razão de doença
ocupacional, por período superior a quinze dias. Assim, cumpridos os requisitos legais, é
de se reconhecer a garantia provisória no emprego.Considerando o retorno às atividades
em 27.10.2021, é de se reconhecer a garantia no emprego no período compreendido entre
28.10.2021 a 27.10.2022

(...)

Por fim, uma vez reconhecido o vínculo de emprego entre reclamante e reclamada, sem o
respectivo registro do contrato de emprego, e a garantia no emprego deverá a reclamada
providenciar a anotação do contrato de emprego na CTPS, fazendo constar, como
data de saída, o dia 27.10.2022

Diante da contradição, a reclamada interpôs embargos de declaração, os


quais foram acolhidos, no tópico, porém, evidentemente por equívoco do Juízo " a quo", foi novamente
consignado que a data a ser aposta na CTPS como de saída deveria ser o dia 27/10/2022, como se
transcreve:

ERRO MATERIAL

Assiste razão à embargante Banco Santander quando alega a existência de erro material
na sentença embargada em relação à alusão ao reconhecimento de vínculo de emprego
para fins de anotação da CTPS da reclamante.De fato, trata-se de matéria estranha à lide,
configurando evidente erro material

.Assim, a fim de evitar-se futuras discussões, utilizando-me da norma contida no artigo


494, I, do CPC, que autoriza o magistrado a alterar a sentença, após a publicação, no

Assinado eletronicamente por: MARY ANNE ACATAUASSU CAMELIER MEDRADO - 23/07/2023 18:09:05 - 7e09a37
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Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008 ID. 7e09a37 - Pág. 10
Número do documento: 23070312591723700000011204573
Fls.: 49

caso de inexatidões materiais, corrijo o erro material para alterar a redação do parágrafo
constante do tópico "GARANTIA NO EMPREGO. ACIDENTE DE TRABALHO" que
estabelece a obrigação de fazer, que passará a contar com a seguinte redação:

Por fim, considerando o motivo da extinção contratual, bem como a garantia no


emprego, deverá a reclamada providenciar a anotação de término do contrato de emprego
na CTPS da reclamante, fazendo constar, como data de saída, o dia 27.10.2022.

O reclamado não embargou de declaração da sentença de embargos de


declaração para ver sanada a contradição.

Porém, entendo que se trata de erro material, que pode ser


corrigido inclusive de ofício, razão pela qual dou provimento ao recurso, para reformar a sentença, no
tópico, determinando que a baixa na CTPS seja realizada com data de 27.10.2021.

JUSTIÇA GRATUITA

Recorre o reclamado, pretendendo a reforma da sentença que deferiu à


reclamante os benefícios da Justiça Gratuita.

Diz que os benefícios da Justiça Gratuita "somente serão concedidos


àqueles que, comprovadamente, não estiverem em condições de pagar às custas do processo e os
honorários do advogado em razão de insuficiência de recursos."

Afirma que:

De breve análise da decisão monocrática extrai-se que não foi ponderado a situação de
hipossuficiência da parte reclamante, mas sim fora realizado o julgamento quanto à
inconstitucionalidade de dispositivo celetista. Isto é, a sentença merece reforma a fim de
indeferir o pleito ao benefício da justiça gratuita concedido ao reclamante, visto que este
não possui condição de hipossuficiente perante a lei.

Ora, Nobres Julgadores, o pedido de gratuidade de justiça deve ser indeferido uma vez
que o Reclamante percebia remuneração superior a 40% do limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social, o que de plano afasta seu pedido (art.
790, § 3º, da CLT).

Ademais, a parte Autora não acostou aos autos qualquer documento que comprove a
insuficiência de recursos para arcar com os custos do processo, conforme previsto no §
4º do art. 790 da CLT e art. 14, § 2º da Lei 5584/70. Como senão bastasse, o Reclamante,
ao invés de buscar a assistência sindical ou se utilizar da faculdade do jus postulandi (art.
791 da CLT), está patrocinado por advogado particular, passando a arcar com os
honorários advocatícios, o que, consequentemente, deixa de se enquadrar na situação de
necessitado do art. 98 do CPC.

Não merece reforma a sentença.

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Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008 ID. 7e09a37 - Pág. 11
Número do documento: 23070312591723700000011204573
Fls.: 50

Ressalvado meu posicionamento, aplico o entendimento da maioria da


Turma e da SDI-2 do TST, no sentido de que basta, para a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita,
a declaração de hipossuficiência da parte, a qual goza de presunção relativa de veracidade.

No caso, tendo o reclamante declarado na inicial não ter condições de


arcar com as despesas processuais e inexistindo nos autos prova em sentido contrário, faz jus aos
benefícios da Justiça Gratuita.

Ante o exposto, conheço o recurso ordinário interposto pelo reclamado;


no mérito, dou-lhe parcial provimento, para determinar que a baixa na CTPS seja efetuada com data de
27/10/2021; mantida a sentença em seus demais termos. Tudo conforme os fundamentos.

ACÓRDÃO

POSTO ISSO,

ACORDAM OS DESEMBARGADORES DA PRIMEIRA TURMA


DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA OITAVA REGIÃO, UNANIMEMENTE, EM
CONHECER DO RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO RECLAMADO; NO
MÉRITO, SEM DIVERGÊNCIA, EM DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, PARA
DETERMINAR QUE A BAIXA NA CTPS SEJA EFETUADA COM A DATA DE 27/10/2021;
MANTIDA A SENTENÇA EM SEUS DEMAIS TERMOS, INCLUSIVE QUANTO ÀS CUSTAS.
TUDO DE ACORDO COM A FUNDAMENTAÇÃO SUPRA.

Assinado eletronicamente por: MARY ANNE ACATAUASSU CAMELIER MEDRADO - 23/07/2023 18:09:05 - 7e09a37
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Número do documento: 23070312591723700000011204573
Fls.: 51

Sala de Sessões da Primeira Turma do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da Oitava Região.

Belém, 20 de julho de 2023.

Relator

Assinado eletronicamente por: MARY ANNE ACATAUASSU CAMELIER MEDRADO - 23/07/2023 18:09:05 - 7e09a37
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Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008 ID. 7e09a37 - Pág. 13
Número do documento: 23070312591723700000011204573
Fls.: 52

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO - PJE
ANÁLISE DE RECURSO
ROT 0000694-63.2021.5.08.0008
RECORRENTE: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
RECORRIDO: AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY

Recurso de Revista
Recorrente(s): BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.

Advogado(a)(s): ANNA CAROLINA BARROS CABRAL DA SILVA (PE - 26107)


NELSON WILIANS FRATONI RODRIGUES (PA - 15201)

Recorrido(a)(s): AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY

Advogado(a)(s): RAIMUNDO KULKAMP (PA - 6158)


JOSE OLAVO SALGADO MARQUES (PA - 8335)

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS

O recurso é tempestivo (intimação/publicação da Decisão em 25


/07/2023 - Id 34628A7; recurso apresentado em 04/08/2023 - Id ddaf072).

A representação processual está regular.

Satisfeito o preparo (ID. 02ea060, b1bafc0 e d4c3826)

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS

Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano


Moral / Doença Ocupacional

Alegação(ões):

- violação do(s) artigo 149 do Código de Processo Civil de 2015;


artigo 479 do Código de Processo Civil de 2015; §1º do artigo 20 da Lei nº 8213/1991;
inciso II do artigo 20 da Lei nº 8213/1991.

Recorre o reclamado do acórdão no que tange às indenizações


por danos morais decorrentes de assédio moral e do agravamento da doença que
acomete a reclamante.

Assinado eletronicamente por: IDA SELENE DUARTE SIROTHEAU CORREA BRAGA - Juntado em: 18/08/2023 14:38:45 - f2f64e4
Fls.: 53

Alega que houve violação dos dispositivos epigrafados porque


restou comprovada a ausência de nexo causal entre as atividades laborais da
reclamante e o agravamento de seu estado de saúde.

Destaca os seguintes trecho da decisão recorrida:

Embora o Perito tenha concluído pela


ausência de nexo entre a doença e o labor, entendo que não se
pode ignorar que as condições de trabalho acima reconhecidas
têm potencial para agravar ou mesmo desencadear o quadro
ansioso/depressivo apresentado pela reclamante, sendo relevante
destacar que as respostas do Perito aos quesitos 16 e 17,
apresentados pelo patrono da reclamante, não são elucidativos
nem precisos, valendo transcrever:

(...)

Ou seja, de acordo com o Perito, a doença é


crônica e não poderia ter sido agravada por uma condição de
trabalho em que a cobrança de metas se dava de forma abusiva,
conclusão a que chegou pelo fato de a reclamante ter recebido
progressão funcional e se destacado no trabalho. Ora, Isso não é
uma conclusão técnica, mas sim, uma conjectura, que não pode,
portanto, ser aproveitada para orientar o julgador.

Desta feita, andou bem o juízo " a quo" ao


afastar a conclusão do laudo pericial, com base nos artigos 371 e
479 do CPC.

Pelas razões acima, entendo que restou


evidenciado que a doença psicológica da qual a reclamante padece
foi agravada pelas condições de trabalho no reclamado.

Com relação à responsabilidade civil do


reclamado pela reparação dos danos morais sofridos pela
reclamante, decorrentes tanto do assédio moral como do
agravamento da doença, é evidente, na medida em que este não
adotou medidas capazes de coibir os seus gestores de cobrar de
forma abusiva o atingimento de metas por parte dos
subordinados, a fim de manter um ambiente de trabalho saudável
e respeitoso.

Examino.

Assinado eletronicamente por: IDA SELENE DUARTE SIROTHEAU CORREA BRAGA - Juntado em: 18/08/2023 14:38:45 - f2f64e4
Fls.: 54

O cotejo dos trechos transcritos com as argumentações


recursais evidencia que o recurso pretende o reexame de fatos e provas, assim, não
observa o art. 896 da CLT e a Súmula nº 126 do TST, o que impõe denegar seguimento
inclusive por divergência jurisprudencial, eis que esta, para ser admitida, necessita que
tenham sido atendidas as hipóteses de cabimento do referido artigo da CLT.

Por essas razões, nego seguimento à revista.

Rescisão do Contrato de Trabalho / Rescisão Indireta

Alegação(ões):

- violação do(s) artigo 483 da Consolidação das Leis do Trabalho;


artigo 373 do Código de Processo Civil de 2015.

Recorre o reclamado reclamante do acórdão no que tange à


rescisão indireta do contrato de trabalho da reclamante.

Alega que houve violação dos dispositivos epigrafados porque a


reclamante não comprovou ter sofrido assédio moral, tampouco qualquer fato que
justifique a rescisão indireta de seu contrato de trabalho.

Transcreve o seguinte trecho da decisão recorrida:

Analiso.

A tese recursal restou superada quando da


apreciação do tópico acima.

Desta forma, reconhecido o assédio moral


decorrente da imposição e cobrança de metas de forma abusiva,
fica caracterizada a justa causa do empregador para rescisão do
contrato, conforme art. 483, alíneas "a" e "b" da CLT da CLT.

Assim, correta a sentença que considerou


extinto o contrato de trabalho por culpa do reclamado, e que
deferiu as parcelas decorrentes dessa modalidade de rescisão.

Nego provimento ao recurso, no tópico.

Examino.

O cotejo do trecho transcrito com as argumentações recursais


evidencia que o recurso pretende o reexame de fatos e provas, assim, não observa o
art. 896 da CLT e a Súmula nº 126 do TST, o que impõe denegar seguimento inclusive

Assinado eletronicamente por: IDA SELENE DUARTE SIROTHEAU CORREA BRAGA - Juntado em: 18/08/2023 14:38:45 - f2f64e4
Fls.: 55

por divergência jurisprudencial, eis que esta, para ser admitida, necessita que tenham
sido atendidas as hipóteses de cabimento do referido artigo da CLT.

Logo, nego seguimento à revista.

CONCLUSÃO

DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Publique-se e intime-se.

dcfa

BELEM/PA, 18 de agosto de 2023.

IDA SELENE DUARTE SIROTHEAU CORREA BRAGA


Desembargadora do Trabalho

Assinado eletronicamente por: IDA SELENE DUARTE SIROTHEAU CORREA BRAGA - Juntado em: 18/08/2023 14:38:45 - f2f64e4
https://pje.trt8.jus.br/pjekz/validacao/23081710502867000000015955881?instancia=2
Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008
Número do documento: 23081710502867000000015955881
Fls.: 56

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO - PJE
ANÁLISE DE RECURSO
ROT 0000694-63.2021.5.08.0008
RECORRENTE: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
RECORRIDO: AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY

GABINETE DA VICE-PRESIDÊNCIA

DECISÃO – PJE

I - Mantenho a decisão agravada.

II - Determino a intimação da(s) parte(s) contrária(s) para,


querendo, oferecer(em) contrarrazões ao(s) agravo(s) de instrumento, bem como ao(s)
recurso(s) de revista, na forma do§ 6º, do art. 897 da CLT.

III - Cumpridas as formalidades legais, remetam-se os autos


eletronicamente ao C. TST.

BELEM/PA, 01 de setembro de 2023.

IDA SELENE DUARTE SIROTHEAU CORREA BRAGA


Desembargadora do Trabalho

Assinado eletronicamente por: IDA SELENE DUARTE SIROTHEAU CORREA BRAGA - Juntado em: 01/09/2023 12:37:37 - 7816cb0
https://pje.trt8.jus.br/pjekz/validacao/23090110061482500000016080431?instancia=2
Número do processo: 0000694-63.2021.5.08.0008
Número do documento: 23090110061482500000016080431
Fls.: 57

Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-AIRR - 0000694-63.2021.5.08.0008

AGRAVANTE : BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.


ADVOGADO : Dr. NELSON WILIANS FRATONI RODRIGUES
ADVOGADA : Dra. ANNA CAROLINA BARROS CABRAL DA SILVA
AGRAVADO : AIGYA FANINE MODESTO CALUMBY
ADVOGADO : Dr. JOSE OLAVO SALGADO MARQUES
ADVOGADO : Dr. RAIMUNDO KULKAMP
GMDAR/HLD

DECISÃO

Vistos etc.
Junte-se aos autos a Petição id. 75bbdc0, por meio da qual a Reclamante – IGYA FANINE
MODESTO e o Reclamado – BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A informam a celebração de acordo, ajuste
que contempla o objeto da presente ação.
Em face do acordo noticiado, constata-se a perda superveniente do interesse recursal do
Reclamado, que figura como agravante e recorrente, sobretudo porque no acordo entabulado a Autora
confere ampla, geral e irrevogável quitação do objeto da presente reclamação trabalhista, após o
pagamento.
Assim, determino a remessa dos autos ao Juízo de origem para análise do acordo e demais
providências cabíveis, com baixa nos registros.
Cumpra-se.
Petição apreciada: id: 75bbdc0 - Acordo.
Publique-se.
Brasília, 03 de outubro de 2023.

DOUGLAS ALENCAR RODRIGUES


Ministro Relator

Assinado eletronicamente por: DOUGLAS ALENCAR RODRIGUES. - Juntado em: 16/10/2023 10:15:45 - 07af800
Certificado por TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO:00509968000148
https://pje.tst.jus.br/pjekz/validacao/23101610154504400000012373537?instancia=3
Número do documento: 23101610154504400000012373537
SUMÁRIO
Documentos

Data da
Id. Documento Tipo
Assinatura

0983e2a 02/12/2021 13:45 Ata da Audiência Ata da Audiência

b20edab 09/12/2021 12:40 Despacho designando audiência telepresencial Despacho

238d917 07/03/2022 14:08 Ata da Audiência Ata da Audiência

569ffe1 11/04/2022 16:03 Despacho Despacho

4917b73 04/05/2022 15:35 Despacho Despacho

a13a161 06/06/2022 20:07 Despacho Despacho

a9314ba 24/08/2022 09:28 Ata da Audiência Ata da Audiência

c8113ad 16/11/2022 09:40 Ata da Audiência Ata da Audiência

2ee1fbc 05/12/2022 09:26 Sentença Sentença

571f6c4 16/12/2022 12:09 Despacho Despacho

666b173 06/03/2023 18:52 Sentença Sentença

970d8e3 11/04/2023 14:11 Decisão Decisão

7e09a37 23/07/2023 18:09 Acórdão Acórdão

f2f64e4 18/08/2023 14:38 Decisão Decisão

7816cb0 01/09/2023 12:37 Decisão Recursos TST Outros Decisão

07af800 16/10/2023 10:15 Decisão GE Decisão

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