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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 2ª VARA FEDERAL CÍVEL E CRIMINAL

DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE MARABÁ

DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA AO PROCESSO 0000001-01.2018.4.01.3901

FULANA DE TAL, brasileira, casada, CPF/MF nº 000.000.000-01 e RG nº 4545454/PC-PA,


com residência e domicílio na Rua Principal, nº 30, Vila Tal, Zona Rural do Município de
Marabá – PA, CEP: 68.500-000, sem e-mail para comunicaçã o, vem respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, por meio do advogado que esta subscreve (instrumento de
mandato anexo[1]) e com fulcro nos artigos 119 e 120 do Có digo de Processo Penal, sem
prejuízo dos demais dispositivos legais aplicá veis ao caso, apresentar PEDIDO DE
RESTITUIÇÃO DE COISA APREENDIDA, conforme razõ es que passa a expor, fundamentar
e requerer.

1. OS FATOS.
A ora REQUERENTE é legítima proprietá ria do veículo FORD RANGER de cor branca, ano
2014/2015, Chassi 45XHYKH8WFCE44444, Placa QQQ-0001, conforme atesta có pia do
CRLV anexo emitido pelo Detran/PA no dia 05/10/2018, sendo que tal veículo está
alienado ao Banco Bradesco S.A.
No dia 06 de novembro de 2018 a Polícia Civil deflagrou, em decorrência de decisã o judicial
proferida por este Juízo nos autos do Processo 4444-44.2017.4.01.3901, a “Operaçã o XXX”,
a qual cumpriu mais de 20 (vinte) mandados judiciais.
Entre os mandados expedidos por este Juízo estavam o de busca e apreensã o e o de prisã o
preventiva contra BELTRANO DE TAL, que é tio da ora REQUERENTE, sendo que ao
cumprir os mandados (documentos anexos) a Polícia Federal apreendeu o veículo
identificado acima, o qual tinha sido emprestado pela REQUERENTE ao Sr. Beltrano de Tal.
Conforme comprovam os documentos, este bem é de propriedade da REQUERENTE e a
mesma nã o foi alvo da operaçã o policial. Além disso, trata-se de bem comprado de forma
lícita e que agora a REQUERENTE se vê privada de usufruir do mesmo.
2. O DIREITO.
O artigo 119 do Có digo de Processo Penal permite a restituiçã o do objeto apreendido, ao
passo que o artigo 120 do mesmo diploma legal complementa aduzindo que a restituiçã o
será ordenada nos pró prios autos quando nã o houver dú vida quanto ao direito do
requerente.
Em suma, a restituiçã o da coisa apreendida pode ser deferida quando se verificar a
inexistência de interesse sobre o bem para a instruçã o penal, a inaplicabilidade da pena de
perdimento e a demonstraçã o de propriedade do objeto pelo requerente. Sobre o tema,
veja-se:
“PENAL. PROCESSUAL PENAL. APREENSÃO DE AUTOMÓVEL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO.
TERCEIRO DE BOA-FÉ. ORIGEM LÍCITA E PROPRIEDADE DO BEM COMPROVADAS. APELAÇÃO
PROVIDA. 1. Na decisão não ficou demonstrado, em face do conjunto probatório, que o bem
apreendido era de propriedade do investigado, nem tampouco de que haveria, sequer, indícios
de participação da apelante no evento criminoso investigado, onde ainda não há denúncia
formalizada. 2. Além de o bem apreendido (automóvel) não se mostrar relevante para o
processo, não há sequer indícios de que sua proprietária esteja envolvida no evento criminoso.
3. Sendo incontroversa a propriedade do veículo apreendido, aliada ao fato de inexistir
qualquer participação da apelante na suposta prática delituosa, o que afasta sua
responsabilidade penal, não se mostra razoável a manutenção da apreensão. 4. Apelação
provida.” (TRF 1ª Região, Apelação Criminal 0030138-94.2015.4.01.3900, Quarta
Turma, Relator Juiz Federal Convocado LEÃO APARECIDO ALVES, julgamento:
28/06/2016)
Importante destacar que, na esteira na jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 1ª
Regiã o, ainda que haja suspeita sobre a forma como o bem foi adquirido isto nã o impede a
sua restituiçã o na qualidade de fiel depositá rio, sobretudo para atender à s necessidades de
transporte e, também, pela necessidade de manutençã o do veículo, pois ninguém melhor
que o proprietá rio para zelar pela conservaçã o de seus bens. Nesse sentido, veja-se:
“PENAL E PROCESSUAL PENAL. RESTITUIÇÃO DE COISA APREENDIDA. VEÍCULO
AUTOMOTOR. TERCEIRO DE BOA-FÉ. AUSÊNCIA DE PROVA DE PARTICIPAÇÃO DO
PROPRIETÁRIO EM EVENTO DELITUOSO E DE ORIGEM ILÍCITA DOS RECURSOS. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Apelação interposta em face decisão que indeferiu o pedido de
restituição de veículo apreendido nos autos de ação cautelar 2. O veículo foi apreendido na
posse de denunciado pelo crime de associação ao tráfico de drogas, nos termos do art. 35,
caput, e parágrafo único c/c art. 40, inciso I, da Lei nº 11.343/06. O apelante teria realizado
negócio de compra e venda do veículo em questão com tal denunciado. 3. O juízo a quo
indeferiu o pedido de restituição pelo fato de que o automóvel estava registrado em nome do
apelante, irmão de um dos denunciados da ação principal, reforçando a questão descrita na
denúncia de negócio simulado de compra e venda de veículos como forma de financiar o
tráfico. 4. A condição de terceiro de boa-fé do proprietário do veículo apreendido não foi
infirmada pelo Ministério Público Federal. Não há nenhum indício de que o apelado tenha
participado de evento delituoso, de que tenha sido denunciado por tal fato, ou de que o veículo
tenha sido adquirido com recursos ilícitos. 5. O Ministério Público Federal apenas aduz a
ligação de parentesco do apelante com pessoa denunciada em ação penal, o que,
isoladamente, não demonstra ilicitude. Segundo jurisprudência desta Corte, "sendo
incontroversa a propriedade do veículo apreendido, aliada ao fato de inexistir qualquer
participação da apelante na suposta prática delituosa, o que afasta sua responsabilidade
penal, não se mostra razoável a manutenção da apreensão." (TRF1, ACR 0030138-
94.2015.4.01.3900/PA, Rel. Desembargador Federal Olindo Menezes, Rel. Conv. Juiz Federal
Leão Aparecido Alves, Quarta Turma, e-DJF1 de 05/07/2016). 6. Existe prova de que o veículo
é de propriedade do apelante, como se vê na cópia do Certificado de Registro de Veículo
acostada aos autos. 7. Considerando que, ao final das investigações ou da ação penal o
julgador poderá dar aos bens a destinação que se adequar ao caso, a nomeação do recorrente
como fiel depositário não tem o condão de interferir no destino final do veiculo em questão. 8.
O veículo deverá ser restituído ao apelante, suposto proprietário do automóvel, que ficará
responsável por sua guarda e manutenção, mediante assinatura de termo de fiel depositário,
condicionado-o aos gravames previstos em lei, impeditivos de alienação ou transferência a
terceiros, que deverão ser comunicados ao Departamento de Trânsito do respectivo estado. 9.
Apelação a que se dá parcial provimento para determinar a restituição do veículo apreendido
ao proprietário, mediante assinatura de termo de fiel depositário do bem.” (TRF 1ª Região,
Apelação Criminal 0012995-64.2016.4.01.3901, Quarta Turma, Relator
Desembargador Federal NÉVITON GUEDES, julgamento: 05/09/2017, e-DJF1 de
04/10/2017)
“PROCESSUAL PENAL. RESTITUIÇÃO DE COISA APREENDIDA. PROPRIEDADE E POSSE LEGAL
DE VEÍCULO. INTERESSE AO PROCESSO. RESTITUIÇÃO COMO FIEL DEPOSITÁRIO. 1.
Comprovando o apelante que adquiriu legalmente o veículo (caminhão) apreendido, a
suspeita (difusa) de aquisição com produto de crime não impede a sua restituição, na
condição de fiel depositário, para atender às necessidades de transporte e, sobretudo, pela
necessidade de manutenção e conservação do veículo, que não ocorre quando fica sob a
guarda da justiça, ou mesmo entregue ao uso de terceiros. Ninguém melhor do que o
proprietário para zelar pela conservação dos seus bens. A imprescindibilidade da apreensão
(art. 118 - CPP) pode ser conciliada com a entrega do bem ao possuidor legal, como fiel
depositário. 2. Apelação provida em parte.” (TRF 1ª Região, Apelação Criminal 0001540-
40.2013.4.01.3500, Quarta Turma, Relator Desembargador Federal OLINDO
MENEZES, julgamento: 30/10/2017, e-DJF1 de 16/11/2017)
Nesse diapasã o, a propriedade do bem apreendido está cristalinamente demonstrada pelo
documento anexo, motivo pelo qual a sua restituiçã o é medida que se impõ e.

3. PEDIDOS / REQUERIMENTOS.
Pelo exposto, requer a Vossa Excelência, apó s manifestaçã o do representante do
Ministério Pú blico Federal, a restituiçã o do veículo FORD RANGER, Chassi
45XHYKH8WFCE44444, Placa QQQ-0001 (Auto de Apreensão nº 785/2018 – IPL nº
454428/2018-3-DPF/MBA/PA), nos termos do artigo 120 do Có digo de Processo Penal.
Alternativamente, que o veículo seja restituído à REQUERENTE e esta nomeada como fiel
depositá ria, sobretudo para atender à s necessidades de transporte e, também, pela
necessidade de manutençã o do veículo, na esteira do que já decidiu o TRF 1ª Regiã o na
Apelaçã o Criminal 0001540-40.2013.4.01.3500 da relatoria do eminente Desembargador
Federal Olindo Menezes.
Nesses termos, pede deferimento.
Marabá – PA, 19 de novembro de 2018.

Ulisses Viana da Silva de Matos Maia


OAB/PA nº 20.351

[1] Onde consta o endereço profissional e o eletrô nico, os quais, em obediência à diretriz
fixada no artigo 77, inciso V, do CPC, indica-os para as intimaçõ es que se fizerem
necessá rias

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