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TDAH: TRANSTORNO

DO DÉFICIT DE
ATENÇÃO COM
HIPERATIVIDADE

PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA


INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
TDAH: TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM
HIPERATIVIDADE

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................. 4

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO TDAH .............................................................. 9

TDAH: HISTÓRICO, EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA E EVOLUÇÃO ............. 13

HISTÓRICO ...................................................................................................... 13
EPIDEMIOLOGIA ............................................................................................. 14
ETIOLOGIA ....................................................................................................... 15
Fatores ambientais ....................................................................................... 16
Fatores genéticos ......................................................................................... 17
EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO E ESTUDOS SOBRE A TDAH ................................. 21

OS SINTOMAS E AS CARACTERÍSTICAS DO TDAH .................................... 25

OS SINTOMAS ...................................................................................................... 25
AS CARACTERÍSTICAS .......................................................................................... 26

AS CONSEQUÊNCIAS E AS COMORBIDADES DO TDAH ............................ 29

AS CONSEQUÊNCIAS ............................................................................................ 29
AS COMORBIDADES ............................................................................................. 30

O DIAGNÓSTICO, A AVALIAÇÃO E O TRATAMENTO DO TDAH ................ 32

O D IAGNÓSTICO .................................................................................................. 32
A AVALIAÇÃO ...................................................................................................... 38
O TRATAMENTO OU CONDUTA TERAPÊUTICA ........................................................ 40

O PORTADOR DE TDAH, OS PAIS E A ESCOLA ........................................... 44

A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS ................................................................................... 44


A ESCOLA ........................................................................................................... 46
A ATUAÇÃO DOS PROFESSORES ........................................................................... 48

O TDAH NA FASE ADULTA............................................................................... 52

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CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO EM ADULTOS ........................................................ 54


OS SINTOMAS EM ADULTOS .................................................................................. 56
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS A SEREM CONSIDERADOS EM ADULTOS ................. 65
A AVALIAÇÃO ...................................................................................................... 67
IDADE DE INÍCIO DOS SINTOMAS............................................................................ 69
FIDEDIGNIDADE DO AUTORRELATO PARA SINTOMAS PRETÉRITOS ........................... 69
O COMPROMETIMENTO EM AO MENOS DOIS CONTEXTOS ....................................... 72
O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO ....................................................................... 73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 79

REFERÊNCIAS BÁSICAS ............................................................................... 79


REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES ........................................................... 79

ANEXO 01 ............................................................................................................ 86

ANEXO 02 ............................................................................................................ 90

INVENTÁRIO PARA IDENTIFICAÇÃO DE SINTOMAS DO TDAH ................ 90

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APRESENTAÇÃO

Existe um ponto pacífico quanto ao conceito de Transtorno de Déficit


de Atenção e Hiperatividade (TDAH), como sendo um transtorno caracterizado
por dificuldade em manter a atenção, em algumas atividades, acompanhado ou
não de hiperatividade. Explica-se sua ocorrência, frequentemente, por um
desequilíbrio em neurotransmissores cerebrais, especialmente a dopamina e,
há também, uma busca constante por um componente genético. Nesse caso,
poderíamos falar que ocorre um tipo de redução epistemológica? Pensamos
que não.
Em sendo, diversos estudos do MTA1 estimam que o TDAH ocorra em
3% a 5% das crianças em idade escolar, correspondendo a, aproximadamente,
30% a 50% das crianças atendidas em serviços de saúde mental (MTA, 1999).
De acordo com o CDC1 2 (2010), nos Estados Unidos, a porcentagem de
crianças de 4 a 17 anos já diagnosticadas com TDAH aumentou de 7,8% para
9,5% entre 2003 e 2007, representando um aumento de 21,8% em quatro
anos. Entre os meninos, a prevalência de TDAH foi ainda maior, 13,2% em
2007. Entre as crianças com TDAH, 66,3% tomam medicação, totalizando
4,8% de todas as crianças entre quatro e 17 anos (aproximadamente 2,7
milhões). No Brasil, alguns estudos que utilizaram critérios da quarta edição do
Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais – DSM-IV (APA3, 1994),
revelaram prevalências distintas do TDAH em escolares, variando de 5,8 a
17,1% (PASTURA; MATTOS; ARAUJO, 2007).
Não obstante, vemos estes sintomas em salas de aula, onde
presenciamos, em diversos alunos, dificuldades de prestar atenção na aula,
distrair-se facilmente e ficar com a mente vagando pelo “mundo da lua” quando
o professor está falando. Pouca paciência para estudar e fazer os deveres,
agitação, inquietude e uma capacidade incrível de fazer milhões de coisas ao

1
MTA. The MTA Cooperative Group. A 14-month randomized clinical trial of treatment strategies for
attention-deficit/hyperactivity disorder. Archives of General Psychiatry, v.56, p.1073-1086. 1999.
2
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Increasing Prevalence of Parent-
Reported Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder Among Children - United States, 2003 and 2007.
MMWR Morbidity and Mortality Weekly Report, v.59, n.44, p.1439-43, 2010.
3
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-IV Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders. 4. ed. Washington, DC: APA, 1994.
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mesmo tempo. E quase nenhuma delas associada à aula. Estas são algumas
características de alunos que apresentam o Transtorno de Déficit de Atenção
com Hiperatividade, conhecido como TDAH. O problema atinge um grande
número de crianças e adolescentes, que veem o seu desempenho acadêmico
prejudicado pela doença e muitas vezes sequer sabem que são portadores.
Pensando na sequência redutora proposta por Rose 4 (2001-2004),
observamos que, a partir da objetivação e da aglomeração arbitrária, foram
criados os critérios diagnósticos para o TDAH. O conjunto de sintomas é
bastante heterogêneo, caracterizando a reunião de processos diferentes em
uma única classificação. Características de personalidade diversas, tais como
cometer erros por descuido em atividades escolares, ter dificuldades para
manter a atenção, ter dificuldade para organizar tarefas e atividades, falar em
demasia, agitar mãos ou pés na cadeira, ter dificuldades em esperar sua vez,
dentre outras constantes do DSM-IV, foram transformadas em sintomas
médicos.
Não obstante, a quantificação improcedente ainda não é tão
disseminada em casos de TDAH. A avaliação diagnóstica ainda é feita de
forma qualitativa, por meio de relatos dos professores e pais. Mas existem
instrumentos que buscam a quantificação dos sintomas, para comparar entre
indivíduos como, por exemplo, o questionário de Conners. Este foi elaborado
na Austrália em 1969 e, posteriormente, revisado e abreviado em 1973. Existe
uma versão para ser aplicada em pais e outra em professores, para avaliação
de crianças com TDAH, principalmente do tipo hiperativo. É muito usado
atualmente em estudos clínicos e epidemiológicos, sendo composto de várias
perguntas que pais e/ou professores devem atribuir um número que vai de 0 a
4 (ZENTALL; BARACK, 1979). Ao final, as somas das respostas são
contabilizadas e comparadas, tanto temporalmente (o resultado de um teste
comparado com o resultado de outro teste da mesma criança) ou entre as
crianças. Acredita-se, desse modo, ter mais confiabilidade e comparabilidade

4
ROSE, N. Becoming Neurochemical Selves. In: STEHR; NICO (Org.). Biotechnology, commerce and
civil society. Somerset: Transaction Publishers, 2004. p. 89-128.
ROSE, S. What is wrong with reductionist explanations of behaviour? In: BOCK, G. R.;GOODE, J. A.
(Org.). The limits of reductionism in biology. New York: John Willey & Sons, 2001. p. 176-92.
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do que apenas o relato de pais, professores e das próprias crianças (que


geralmente não são ouvidas).
O consumo global do metilfenidato, o principal fármaco utilizado no
tratamento do TDAH, no período de 2003 a 2007, foi de 28,5 toneladas. Os
Estados Unidos é o maior produtor e o maior consumidor do metilfenidato. No
período entre 2005 a 2007, esse país consumiu uma média de 783 milhões de
doses diárias (S-DDD4) de metilfenidato, o que corresponde a,
aproximadamente, 77% do consumo mundial dessa substância. No Brasil, em
2003, foram produzidos 86 Kg de metilfenidato. Já em 2007, essa produção
subiu para 204 Kg (ONU, 2008).
Normalizar a criança com TDAH não significa somente ajustar seu
comportamento para que ela se adapte ao meio em que vive. Trata-se de uma
normalização biológica, como descrevem Peterson et al. (2009, p.1290):
Esses achados sugerem que os estimulantes melhoram os sintomas
em jovens com TDAH normalizando a atividade dentro de uma rede dispersa
de regiões do cérebro no córtex cingulado anterior e córtex cingulado posterior
e melhorando as interações funcionais desse circuito com o córtex pré-frontal
lateral.
A normalidade no TDAH não está tão vinculada à estatística, já que o
diagnóstico geralmente não é quantificado, mas sim à normalidade dos
comportamentos que, em última instância, seriam regulados pelo cérebro. A
normalização biológica faria com que ocorresse melhora no comportamento,
uma vez que os problemas de conduta teriam como causa subjacente alguma
alteração biológica.
Assim, até os anos 70, o Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade era considerado um transtorno limitado à infância, com sintomas
que desapareceriam na vida adulta, no entanto, estudos prospectivos e
retrospectivos que acompanharam crianças diagnosticadas com TDAH na
infância e acompanhadas até a idade adulta mostram que grande parte delas
continua a apresentar sintomas significativos, associados a importantes
prejuízos em diversas esferas da vida cotidiana (BENCZIK; SCHELINI;
CASELLA, 2010).

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Outros estudos inferem que sintomas como hiperatividade e


impulsividade sofrem maior redução do que a desatenção, no entanto, a
permanência de sintomas na idade adulta, concomitante a altas frequências de
transtornos mentais comórbidos, leva a população a apresentar signific ativos
problemas adaptativos como, por exemplo, dificuldades no trabalho, menor
escolaridade, maior envolvimento em acidentes de trânsito, problemas
criminais, dificuldades conjugais, problemas financeiros e sexualidade de maior
risco (BARKLEY, MURPHY E KW ASNIK, 1996 apud BENCZIK; SCHELINI;
CASELLA, 2010).
Outra consideração que chama atenção: o fato do TDAH não ser
identificado e tratado pode ser devastador para a pessoa, uma vez que, apesar
de não plenamente determinante, pode levar o adulto a praticar atos
delinquentes, tornar-se usuário de substâncias psicoativas, em razão do baixo
limiar para enfrentar frustração, além de problemas com a lei, com o trânsito e
transtornos de personalidade (BARKLEY, 2002; SOIFER,1992).
Crianças, adolescentes, adultos, família, escola, todos sofrem quando
não conseguem diagnosticar e lidar com os portadores de TDAH e,
evidentemente, as consequências, como visto, podem ser bem mais danosas.
Em sendo e partindo dos pressupostos anteriormente levantados,
damos inicio ao nosso estudo, acerca do tema TDAH e, para tanto buscamos
apoio teórico para cimentarmos as abordagens contidas neste
módulo/disciplina, que constam, necessariamente, dos conceitos referentes ao
TDAH, sua epidemiologia e sua etiologia; suas características e os s eus
sintomas, bem como, suas consequências e comorbidades; seu diagnóstico,
sua avaliação e seu tratamento.
Discutimos, também, a questão do portador dessa necessidade no
ambiente escolar e a participação dos pais, do professor e da escola, bem
como, para discutir o TDAH em adultos.
As referências utilizadas se reportam a pesquisas realizadas até hoje,
mas sabemos que a vida de maneira geral é dinâmica, portanto, lembremos
que as pesquisas evoluem e com certeza esperanças, novos métodos, novos
tratamentos e novas soluções poderão surgir a qualquer momento.

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Ressaltamos que este módulo/disciplina é uma compilação das ideias


de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se
tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático
da obra, não serão expressas opiniões pessoais.
Ao final do módulo/disciplina, além da lista de referências básicas,
encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas
que, de todo modo, pode servir para sanar lacunas que por ventura venham a
surgir ao longo dos estudos.

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO TDAH

Conforme Biederman (2011), o Transtorno do Déficit de Atenção com


Hiperatividade (TDAH) é um comprometimento neuro-comportamental com
início na infância, caracterizando-se por um conjunto de sintomas que
envolvem hiperatividade motora, impulsividade e desatenção. No adulto, as
principais características sintomatológicas do TDAH são déficit de atenção,
instabilidade emocional e desorganização. Nota-se que comparando os
sintomas na criança e no adulto, a hiperatividade tende a diminuir e a
desorganização fica mais evidente (BIEDERMAN et al., 2000 apud AGRA et
al., 2011).
Em conformidade com critérios do DSM-IV, o TDAH é dividido em três
subtipos: desatento, hiperativo/impulsivo e combinado. Afeta em torno de 5%
das crianças com idade inferior a 18 anos e pode persistir após adolescência
em até 30% a 70% dos casos, com prevalência de 4,4% nos adultos. A grande
maioria dos estudos observa um predomínio de duas a três vezes maiores, do
transtorno, em pessoas do sexo masculino.
Noutrossim, de acordo com os dados da Associação Médica
Americana, o TDAH é um dos transtornos mais bem pesquisados da medicina
e a totalidade dos dados, sobre sua validade, são muito mais convincentes do
que os da maior parte dos transtornos mentais e, inclusive, de muitos
problemas médicos. Apesar deste corpo de pesquisa robusto que torna o
TDAH um dos “transtornos mais bem pesquisados na medicina”, ainda falta
conhecimento acerca desse transtorno no Brasil (GOLDMAN et al., 1998 apud
POLANCZY et al., 2011).
Nesse sentido, Barkley (2002) afirmar que o TDAH “é um transtorno do
desenvolvimento do autocontrole que consiste em problemas com o período de
atenção, com o controle do impulso e com o nível de atividade” (BARKLEY,
2002, p. 35). Tendo como características:
 persiste durante o desenvolvimento da criança;
 ocorre em diversas situações;

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 prejudica a capacidade da criança em responder às demandas


solicitadas para sua idade;
 não é facilmente explicado por causas ambientais ou sociais; e,
 relaciona-se a anormalidades no funcionamento ou desenvolvimento
cerebral, que podem estar associadas a fatores biológicos.

Ainda nesse sentido, Barkley (2002) e Rotta et al. (2006) também


pontuam os três problemas primários no TDAH: dificuldade para manter a
atenção; pouco controle ou inibição dos impulsos (impulsividade) e atividade
excessiva (hiperatividade), que resultam em atraso no desenvolvimento da
inibição de comportamento, que é o problema central do transtorno.
Em sendo, Rotta et al. (2006) enfatizam a presença de um nível
inadequado de atenção em relação ao esperado para a idade, o que leva a
distúrbios motores, perceptivos, cognitivos e comportamentais. A desatenção
caracteriza-se pela dificuldade em prestar atenção a detalhes, o que leva a
criança a cometer erros em atividades escolares, não conseguir acompanhar
instruções longas e não conseguir executar as atividades de forma adequada.
A criança apresenta dificuldade para organizar, planejar, realizar tarefas que
envolvam esforço mental sustentado, além de perder seus pertences com
facilidade e se distrair facilmente com estímulos do ambiente.
Os mesmos autores acima descrevem a hiperatividade como atividade
motora intensa, sendo demonstrada pelos seguintes comportamentos:
 agitar as mãos ou os pés ou se remexer na cadeira;
 não conseguir permanecer sentado;
 correr em demasia;
 falar muito;
 não conseguir envolver-se em atividades de lazer de modo silencioso;
 parecer “estar a mil por hora”;
 não conseguir controlar seu próprio corpo e não manter o foco na
atividade cognitiva, gerando uma produção intelectual pobre.

Nesse sentido e, para os autores citados, os comportamentos


impulsivos são manifestados por dificuldade em aguardar a vez, responder à
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pergunta antes de seu término e intrometer-se na conversa dos outros. Junto à


impulsividade, pode-se observar também instabilidade, apatia, irritabilidade,
agressividade, baixo limiar a frustrações e reações catastróficas. Assim, o
TDAH é considerado um distúrbio do desenvolvimento com início na primeira
infância, podendo se prolongar até a idade adulta (BARKLEY, 1998; ROHDE,
2003; CONDEMARÍN et al., 2006; BROWN, 2007 apud ROSSI; RODRIGUES,
2009).
Uma variada etiologia tem sido estudada nos últimos tempos. Fatores
neurológicos e genéticos parecem contribuir significativamente para a
explicação dos sintomas e a ocorrência do transtorno. Por outro lado, fatores
ambientais e sociais não são considerados fatores causais, mas podem
contribuir para a persistência dos sintomas.
Autores que estudam os processos psicopatológicos, a neurobiologia e
a neuropsicologia do TDAH sugerem que a disfunção no córtex pré-frontal e
suas conexões com a circuitaria subcortical e com o córtex parietal possam ser
responsáveis pelo quadro clínico. Tais danos levam a déficits na manutenção
da atenção, inibição, regulação da emoção, motivação, capacidade de
organização e planejamento do comportamento futuro (VASCONCELOS, 2002)
e das funções executivas (que capacitam o sujeito no desempenho de suas
ações voluntárias, autônomas e orientadas para metas específicas), incluindo
memória de trabalho, planejamento, autorregulação de motivação e do limiar
para ação dirigida a um objetivo definido e internalização da fala (BARKLEY,
1997, 2000; STRAYHORN, 2002 apud ROSSI; RODRIGUES, 2009).
O TDAH tem sido considerado um dos maiores problemas clínicos e de
saúde pública, gerando grande impacto na sociedade pelo alto custo, estresse
envolvido, dificuldades acadêmicas, problemas comportamentais e pela baixa
autoestima gerada nas crianças (ROTTA et al., 2006).
A escola é a primeira instância fora do âmbito familiar que julga as
potencialidades e possibilidades das crianças, e também é o lugar onde se
tornam mais evidentes seus problemas atencionais e suas condutas
disruptivas.

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Esses sintomas geram problemas para os professores, em especial


quando os meios com que se conta são escassos ou quando se deve atender a
classes que sejam numerosas (CONDEMARÍN et al., 2006).
O professor tem como finalidade a aprendizagem do aluno. Assim,
deve-se comprometer com o sucesso deste para que seus déficits sejam
minorados ou neutralizados (PEREIRA et al., 2004). Cabe aos professores a
tarefa de garantir ao aluno uma formação que lhe propicie o acesso aos
conhecimentos socialmente acumulados e a aquisição dos comportamentos de
autogoverno, capacitando-o a atuar sob novas contingências e agir com
sucesso em relação ao mundo em um tempo futuro. Dessa forma, os
professores necessitam de um vasto conjunto de conhecimentos científicos
sobre o mundo físico e social e sobre o comportamento humano, de modo a
responder pelo ensino de forma eficiente (ZANOTTO, 2004), entre eles o
comportamento de crianças com TDAH, de forma que, sabendo identificá-los e
conhecer estratégias para lidar com eles, possibilitaria a elas acesso ao
conhecimento e ao desenvolvimento pessoal (ROSSI; RODRIGUES, 2009).

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TDAH: HISTÓRICO, EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA E EVOLUÇÃO

HISTÓRICO
As primeiras referências a hiperatividade e desatenção na literatura não
médica datam da metade do século XIX 5. É importante salientar que a primeira
descrição do transtorno em um jornal médico (Lancet) foi feita por um pediatra,
George Still, em 1902 6. Entretanto, a nomenclatura desse transtorno vem
sofrendo alterações contínuas. Na década de 40, surgiu a designação "lesão
cerebral mínima", que, já em 1962, foi modificada para "disfunção cerebral
mínima", reconhecendo-se que as alterações características da síndrome
relacionam-se mais a disfunções em vias nervosas do que propriamente a
lesões nas mesmas. Os sistemas classificatórios modernos utilizados em
psiquiatria, CID-107 e DSM-IV8, apresentam mais similaridades do que
diferenças nas diretrizes diagnósticas para o transtorno, embora utilizem
nomenclaturas diferentes (transtorno de déficit de atenção/hiperatividade no
DSM-IV e transtornos hipercinéticos na CID-10).
A prevalência do transtorno tem sido pesquisada em inúmeros países
em todos os continentes. Diferenças encontradas nas taxas de prevalência
refletem muito mais diferenças metodológicas (tipo de amostra, delineamento,
fonte de informação, idade, critérios diagnósticos utilizados, ou a forma como
eles são aplicados) do que reais diferenças transculturais no constructo
diagnóstico do transtorno. Assim, estudos nacionais e internacionais que
utilizam os critérios plenos do DSM-IV tendem a encontrar prevalências ao
redor de 3-6% em crianças em idade escolar. Uma revisão aprofundada sobre
esse tópico pode ser encontrada em Faraone et al 9.

5
Hoffmann H. Der Struwwelpeter. Berlin: DBGM; 1854.
6
Still GF. Some abnormal psychical conditions in childhood. Lancet. 1902; 1:1008.
7
Organização Mundial de Saúde. Classificação e Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10:
Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Editora Artes Médicas; 1993.
8
American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 4th ed.
Washington: American Psychiatric Association; 1994.
9
Faraone SV, Sergeant J, Gillberg C, Biederman J. The worldwide prevalence of ADHD: is it an
American condition? World Psychiatry. 2003;2:104-13.
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A proporção entre meninos e meninas afetados varia de


aproximadamente 2:1 em estudos populacionais até 9:1 em estudos clínicos. A
diferença entre essas proporções provavelmente se deve ao fato de as
meninas apresentarem mais transtorno de déficit de atenção/hiperatividade
(TDAH) com predomínio de desatenção e menos sintomas de conduta em
comorbidade, causando menos incômodo às famílias e à escola, e, portanto,
serem menos encaminhadas a tratamento. Estudos que avaliam a prevalência
do transtorno de acordo com o nível socioeconômico e em etnias que não a
caucasiana são ainda escassos e não permitem conclusões claras 10.

EPIDEMIOLOGIA
A Associação Americana de Psiquiatria (APA) estima cerca de 03 (três)
a 05 (cinco)% das crianças na idade escolar (mais ou menos de 5 a 10 anos de
idade) apresentando hiperatividade e/ou déficit de atenção. Antes dos quatro
ou cinco anos é difícil ser feito o diagnóstico, pois o comportamento das
crianças nessa idade é muito variável, e a atenção não é tão exigida quanto de
crianças mais velhas. Mesmo assim, algumas crianças desenvolvem o
transtorno numa idade bem precoce. Em adolescentes e adultos ainda existem
poucos dados a respeito de qual é a porcentagem da população afetada, mas é
sabido que ambos os grupos podem desenvolver o transtorno. Em termos de
gênero, o sexo masculino é quatro a nove vezes mais afetado do que o
feminino (ANDRADE, 1999).
Estudos epidemiológicos indicam que 3% a 7% das crianças norte-
americanas com idade escolar apresentam TDAH (GOLDMAN, GENEL,
BEZMAN, e SLANETZ, 1998; PASTOR e REUBEN, 2002 apud SANTOS;
VASCONCELOS, 2010). No Brasil, alguns estudos em populações de crianças
brasileiras em idade escolar corroboram estes índices (GUARDIOLA, TERRA,
FERREIRA e LONDERO, 1999; ROHDE e COLS., 1998; SOUZA, SERRA,
MATTOS, e FRANCO, 2001; FREIRE e PONDÉ, 2005 apud SANTOS;
VASCONCELOS, 2010).

10
Golfeto JH, Barbosa G. Epidemiologia. In: Rohde LA, Mattos P, editores. Princípios e Práticas em
TDAH. Porto Alegre: Artes Médicas; 2003. p. 15-34.
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O transtorno apresenta uma prevalência de 9:1 de meninos para


meninas, em amostras clínicas (Barkley, 2002; Rohde e Halpern, 2004 apud
SANTOS; VASCONCELOS, 2010), e uma proporção de 3:1 em amostras
populacionais em geral (OFFORD e COLS., 1992; BARKLEY, 1998; ROHDE e
HALPERN, 2004 apud SANTOS; VASCONCELOS, 2010). Vale ressaltar que
os estudos epidemiológicos referem-se à faixa etária dos 07 aos 14 anos de
idade (ROHDE e MATTOS, 2003), embora ele possa persistir durante a vida
adulta, conforme observado por Biederman e Faraone (2005 apud SANTOS;
VASCONCELOS, 2010). De fato, a persistência do TDAH em adolescentes e
adultos vem sendo relatada em alguns estudos longitudinais, ainda que a taxa
de prevalência seja inconsistente. A prevalência do TDAH em adultos na
população geral varia de 2,5% a 8% (KESSLER, CHIU, DEMLER,
MERIKANGAS e WALTERS, 2005; KOOIJ e Cols., 2005; ROHDE e COLS.,
1998 apud SANTOS; VASCONCELOS, 2010). De acordo Barkley (2002) e
Biederman e Faraone (2005), cerca de 60% a 70% das crianças com TDAH
apresentarão o diagnóstico na vida adulta (SANTOS e VASCONCELOS, 2010).

ETIOLOGIA
Apesar do grande número de estudos já realizados, as causas precisas
do TDAH ainda não são conhecidas. Entretanto, a influência de fatores
genéticos e ambientais no seu desenvolvimento é amplamente aceita na
literatura10. A contribuição genética é substancial; assim como ocorre na
maioria dos transtornos psiquiátricos, acredita-se que vários genes de pequeno
efeito sejam responsáveis por uma vulnerabilidade (ou suscetibilidade)
genética ao transtorno, à qual somam-se diferentes agentes ambientais. Desta
forma, o surgimento e a evolução do TDAH em um indivíduo parece depender
de quais genes de suscetibilidade estão agindo, de quanto cada um deles
contribui para a doença (ou seja, qual o tamanho do efeito de cada um) e da
interação desses genes entre si e com o ambiente 11.

11
Thapar A, Holmes J, Poulton K, Harreington R. Genetic basis of attention-deficit and hyperactivity. Br
J Psychiatry. 1999;174:105-11.
15
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Embora caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e


impulsividade, o TDAH é uma patologia bastante heterogênea, pelo menos no
nível fenotípico. Provavelmente, casos diversos com fenomenologias
particulares (heterogeneidade clínica) também apresentam heterogeneidade
etiológica. Para o leitor interessado, uma revisão aprofundada sobre a etiologia
do TDAH pode ser encontrada em Roman et al 12.

Fatores ambientais

Agentes psicossociais que atuam no funcionamento adaptativo e na


saúde emocional geral da criança, como desentendimentos familiares e
presença de transtornos mentais nos pais, parecem ter participação importante
no surgimento e manutenção da doença, pelo menos em alguns casos.
Biederman et al13 encontraram uma associação positiva entre algumas
adversidades psicossociais (discórdia marital severa, classe social baixa,
família muito numerosa, criminalidade dos pais, psicopatologia materna e
colocação em lar adotivo) e o TDAH.
A procura pela associação entre TDAH e complicações na gestação ou
no parto tem resultado em conclusões divergentes, mas tende a suportar a
ideia de que tais complicações (toxemia, eclâmpsia, pós-maturidade fetal,
duração do parto, estresse fetal, baixo peso ao nascer, hemorragia pré-parto,
má saúde materna) predisponham ao transtorno14. Recentemente, Mick et al. 15
documentaram uma associação significativa entre exposição a fumo e álcool
durante a gravidez e a presença de TDAH nos filhos, a qual se manteve
mesmo após controle para psicopatologia familiar (incluindo TDAH),
adversidades sociais e comorbidade com transtorno de conduta. Outros
fatores, como danos cerebrais perinatais no lobo frontal, podem afetar
processos de atenção, motivação e planejamento, relacionando-se
12
Roman T, Schmitz M, Polanczyk G, Hutz M. Etiologia. In: Rohde LA, Mattos P, editores. Princípios e
Práticas em TDAH. Porto Alegre: Artes Médicas; 2003. p. 35-52.
13
Faraone SV, Biederman J. Neurobiology of attention-deficit/hyperactivity disorder. Biol Psychiatry.
1998;44:951-8.
14
Biederman J, Milberger S, Faraone SV, Kiely K, Guite J, Mick E, et al. Family-environment risk
factors for ADHD: a test of Rutter's indicators of adversity. Arch Gen Psychiatry. 1995;52:464-70.
15
Mick E, Biederman J, Faraone S, Sayer J, Kleiman S. Case-control study of ADHD and maternal
smoking, alcohol use, and drug use during pregnancy. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry.
2002;41:378-85.
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indiretamente com a doença. É importante ressaltar que a maioria dos estudos


sobre possíveis agentes ambientais apenas evidenciaram uma associação
desses fatores com o TDAH, não sendo possível estabelecer uma relação clara
de causa e efeito entre eles.

Fatores genéticos

Uma contribuição genética substancial no TDAH é sugerida pelos


estudos genéticos clássicos. Numerosos estudos de famílias já foram
realizados com o TDAH, os quais mostraram consistentemente uma
recorrência familial significante para este transtorno. O risco para o TDAH
parece ser de duas a oito vezes maior nos pais das crianças afetadas do que
na população em geral.
Todas as evidências obtidas nos estudos com famílias não excluem,
porém, a possibilidade de que a transmissão familial do TDAH tenha origem
ambiental. Nesse sentido, os estudos com gêmeos e adotados são
fundamentais para determinar se uma característica é de fato influenciada por
fatores genéticos. A concordância obtida entre os pares de gêmeos nada mais
é do que uma medida da herdabilidade, que, por sua vez, representa uma
estimativa de qual porção do fenótipo é influenciada por fatores genéticos. A
maioria dessas investigações encontrou grande concordância para esta
patologia, significativamente maior entre gêmeos monozigóticos do que entre
dizigóticos. A herdabilidade estimada é bastante alta, ultrapassando 0,70 em
vários destes estudos, o que sugere uma forte influência genética.
Evidências mais fortes da herdabilidade do TDAH são fornecidas pelos
estudos com adotados, uma vez que estes conseguem distinguir melhor efeitos
genéticos de efeitos ambientais. Pesquisas iniciais com adotados encontraram
uma frequência significativamente maior de TDAH entre os pais biológicos de
crianças afetadas do que entre os pais adotivos. Uma prevalência de cerca de
três vezes mais TDAH entre pais biológicos de pacientes comparados a pais
adotivos também foi observada recentemente. Essa maior prevalência de
TDAH entre os parentes biológicos em relação aos parentes adotivos dos

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provando confirma a existência de importantes fatores genéticos contribuindo


para a etiologia do transtorno.
Nos últimos anos, um interesse crescente vem surgindo em relação
aos estudos de genética molecular no TDAH. O principal alvo dessas
pesquisas são genes que codificam componentes dos sistemas dopaminérgico,
noradrenérgico e, mais recentemente, serotoninérgico, uma vez que dados de
estudos neurobiológicos sugerem fortemente o envolvimento desses
neurotransmissores na patofisiologia do transtorno.
Recentemente, uma possível influência do sistema serotoninérgico na
etiologia do TDAH também foi investigada. Resultados positivos em pacientes
com este transtorno foram obtidos para os genes do receptor 2A de serotonina
(HTR2A) e do transportador de serotonina, enquanto que nenhuma associação
foi verificada para o gene que codifica a enzima triptofano hidroxilase (TPH),
reguladora da síntese de serotonina16. Efeitos de interação entre os genes 5-
HTT e DRD4 sobre a atenção sustentada em bebês de 1 ano de idade e sobre
a resposta ao metilfenidato foram observados em outros estudos. Todos esses
achados, embora bastante iniciais, indicam que a análise destes e de outros
genes do sistema serotoninérgico em diferentes grupos de pacientes com
TDAH pode resultar em uma contribuição importante para o entendimento de
sua etiologia.
Assim, o estudo da etiologia do TDAH ainda está no início. Mesmo em
relação à genética, intensamente investigada, os resultados são bastante
contraditórios. Nenhum dos genes investigados, nem mesmo o DRD4 ou o
DAT1, pode ser considerado como necessário ou suficiente ao
desenvolvimento do transtorno. Este panorama se deve, em grande parte, a
uma heterogeneidade etiológica ímpar, representada pela alta complexidade
clínica da doença. O futuro do estudo da etiologia do TDAH vai envolver,

16
Manor I, Eisenberg J, Tyano S, Sever Y, Cohen H, Ebstein RP, et al. Family-based association study of
the serotonin transporter promoter region polymorhism (5-HTTLPR) in attention-deficit/hyperactivity
disorder. Am J Med Genet. 2001;105:91-5.
Seeger G, Schloss P, Schmidt MH. Functional polymorphism within the promoter of the serotonin
transporter gene is associated with severe hyperkinetic disorders. Mol Psychiatry. 2001;6:235-8.
Tang G, Ren D, Xin R, Qian Y, Wang D, Jiang S. Lack of association between the tryptophan
hydroxylase gene A218C polymorphism and attention-deficit/hyperactivity disorder in Chinese Han
population. Am J Med Genet. 2001;105:485-8.
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certamente, a definição de possíveis "subfenótipos" ou "endofenótipos" onde


essa heterogeneidade esteja reduzida.
Em sendo, acredita-se que o distúrbio esteja acompanhado de um
quadro de disfunção hormonal. Tomografias tiradas dos cérebros de pessoas
com TDAH registram um comportamento diferente de dois neurotransmissores
– a noradrenalina e a dopamina – que atuam sobre a atenção e a coordenação
motora (DIAS, 2004).
Mais de 40% das crianças com esse déficit têm pais que apresentaram
o mesmo problema na infância.
A etiologia do transtorno é multifatorial, ou seja, enquanto fenótipo, o
TDAH resulta da interação de vários fatores ambientais e genéticos que atuam
na manifestação de seus diversos quadros clínicos (ROMAN et al., 2003).
Em relação à imaturidade emocional, segundo Riesgo e Rohde (2004),
alguns eventos pré ou perinatais como, por exemplo, o baixo peso ao nascer, a
exposição ao álcool ou cigarros durante a gestação, aumentam o risco para o
desenvolvimento do TDAH. Eles atestam também que existem evidências de
que o TDAH esteja associado a uma permanência de imaturidade, ou melhor,
de ilhas de imaturidade, em um curso maturacional normal e progressivo, mas
um pouco mais lento em determinados setores.
Estudos realizados por Moreno (1995 apud COUTO; MELLO JUNIOR;
GOMES, 2010), avaliaram o comportamento das crianças por meios de
distintas etapas evolutivas, deixando claro que as complicações pré e
perinatais não afetam igualmente todas as crianças prematuras ou com baixo
peso, o que significa que esses problemas não são suficientes para explicar a
futura existência de um TDAH.
No que se refere aos estudos da genética do TDAH, estudos
epidemiológicos mostram a recorrência familiar e, conforme Todd (2000 apud
COUTO; MELLO JUNIOR; GOMES, 2010), o risco da recorrência do TDAH
entre pais e irmãos é cerca de cinco vezes maior que a prevalência na
população. Estes dados foram obtidos a partir de estudos com famílias com
gêmeos e adotados.
Embora estes trabalhos demonstrem a existência de uma contribuição
genética substancial para a ocorrência do TDAH, não evidenciaram nenhum
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gene como necessário ou suficiente para o desenvolvimento do transtorno, fato


que segundo o autor pode ser explicado pela complexidade clínica do
transtorno.
Em outro estudo, Faraone e colaboradores (1992 apud COUTO;
MELLO JUNIOR; GOMES, 2010) concluíram que 57% das crianças com TDAH
têm pais afetados com o transtorno, com um risco de 15% entre irmãos.
Também confirmaram esta teoria os estudos feitos com gêmeos monozigotos,
nos quais se constatou a concordância de 51%, enquanto em dizigotos a
concordância é de 33% com maior incidência de TDAH em familiares de
primeiro grau do indivíduo afetado.
Segenreich e Mattos (2007) afirmam que trabalhos recentes encontram
evidências de que o TDAH se trata de um distúrbio neurobiológico. Dois grupos
de pesquisas atuais têm resultados que atribuem a este transtorno duas
possíveis causas: uma relacionada ao déficit funcional do lobo frontal, mais
precisamente o córtex cerebral; e a outra ao déficit funcional de certos
neurotransmissores.
Pesquisadores como Barkley (2002) acreditam ainda que o TDAH se
evidencia por um déficit básico no comportamento inibitório. Uma deficiência
em determinadas áreas nas quais o cérebro deveria comandar. Ainda para este
pesquisador, um dos problemas preponderantes é que a criança com este
transtorno tem dificuldade em manter sua atenção focalizada por um período
mais longo.
Durante a década de 70, uma teoria esteve presente em relação aos
fatores que ocasionava o TDAH: as questões nutricionais. Acreditava-se que os
aditivos presentes nas dietas alimentares das crianças com TDAH estivessem
relacionados ao agravo das crises (COUTO; MELLO JUNIOR; GOMES, 2010).
Esses estudos foram realizados por Feingold (1975 apud COUTO;
MELLO JUNIOR; GOMES, 2010) que retratou que as crianças hiperativas
tinham uma melhora em seu comportamento quando eram excluídos de sua
dieta corantes artificiais, conservantes e salicilatos naturais como amêndoas,
morangos, tomates entre outros alimentos. Estas pesquisas foram
questionadas por outros cientistas que não encontraram respaldo que

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confirmasse que a diminuição de tais produtos na dieta produzisse algum efeito


no desenvolvimento do TDAH.
Desta forma, como podemos perceber, as causas do TDAH podem ter
um sintoma isolado ou um conjunto de fatores. Devido a isso, torna-se
imperioso um diagnóstico detalhado por diferentes profissionais, como:
psicólogos, psicopedagogos e neuropsicólogos. Contudo, apesar dos variados
fatores que influenciam o desenvolvimento do TDAH, cada vez mais se
constata que a etiologia do transtorno é neuro-genético-ambiental (COUTO;
MELLO JUNIOR; GOMES, 2010).

Evolução do conhecimento e estudos sobre a TDAH


Antigamente, acreditava-se que todas as crianças com o transtorno
superavam os sintomas ("amadureciam") com a chegada da puberdade.
Entretanto, estudos prospectivos recentes que seguiram crianças com TDAH
mostram uma persistência do diagnóstico em até cerca de 70-80% dos casos
na adolescência inicial a intermediária. Estimativas conservadoras
documentam que cerca de 50% dos adultos diagnosticados como tendo TDAH
na infância seguem apresentando sintomas significativos associados a prejuízo
funcional. Ao longo do desenvolvimento, diminui a hiperatividade, restando
frequentemente déficits atencionais e impulsividade, especialmente cognitiva
(agir antes de pensar).
Ao longo do desenvolvimento, o TDAH está associado com um risco
aumentado de baixo desempenho escolar, repetência, expulsões e suspensões
escolares, relações difíceis com familiares e colegas, desenvolvimento de
ansiedade, depressão, baixa autoestima, problemas de conduta e delinquência,
experimentação e abuso de drogas precoces, acidentes de carro e multas por
excesso de velocidade, assim como dificuldades de relacionamento na vida
adulta, no casamento e no trabalho. Entretanto, parte dessa evolução pode
estar associada à presença da comorbidade com transtorno de conduta, e não
só ao TDAH.
Noutrossim, Suruagy e Botto (2009) apresentam no site Psiqueweb
(2009) um breve histórico do TDAH, reportando que problemas com
comportamentos de agitação e falta de atenção em crianças e até adultos está

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longe de ser uma novidade, haja vista que são feitos trabalhos científicos sobre
o assunto desde o começo do século XX, como um trabalho feito pelo médico
George Frederic Still, em 1902.
Nesse sentido, Still descreveu um grupo de 20 crianças que se
comportavam de maneira excessivamente emocional, desafiadora, passional e
agressiva e que mostravam resistentes a qualquer tipo de ação com o objetivo
de tornar o comportamento delas mais aceitável. O grupo tinha uma proporção
de 3 meninos para cada menina e era composto de crianças que não tinham
indícios de maus tratos pelos pais. Still especulou que devido à ausência de
maus tratos, os problemas destas crianças deveriam ser de origem biológica. A
hipótese ganhou mais força ainda quando Still notou que alguns membros das
famílias das crianças eram portadores de problemas psiquiátricos como
depressão, alcoolismo, problemas de conduta, etc.
Em sendo, o simples fato que Still propôs: uma base biológica para o
problema, demorou ainda mais algumas décadas para se tornar evidência.
Antes disso, as crianças e os pais eram considerados responsáveis pela “falha
moral” e o tratamento era frequentemente feito através do uso de castigos e
punições físicas. Os manuais de pediatria da época eram repletos de
explicações de como bater em crianças e afirmavam necessidade deste tipo de
tratamento.
Assim, as observações e deduções de Still influenciaram o “pai” da
psicologia Norte-Americana, Willian James que especulou que estes distúrbios
de comportamento seriam devidos a problemas na função inibitória do cérebro
em relação a estímulos ou a algum problema no córtex cerebral onde o
intelecto acabava se dissociando da “vontade” ou conduta social.
Não obstante, em 1934, Eugene Kahn e Louis H. Cohen publicaram um
artigo no famoso “The New England Journal of Medicine” afirmando que havia
uma base biológica para a hiperatividade baseado em um estudo feito com
pacientes vítimas da epidemia de encefalite de 1917-1918. Os autores deste
artigo foram os primeiros a mostrar uma relação entre uma doença e os
sintomas da ADD - Attencion Déficit Disorder – (falta de atenção, impulsividade
e hiperatividade).

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Já em 1937, Charles Bradley mostrou mais uma linha de relação da


ADD com o biológico através da descoberta acidental de que alguns
estimulantes, as anfetaminas, ajudavam crianças hiperativas a se concentrar
melhor. Esta descoberta foi contrária à lógica tradicional, pois os estimulantes
em adultos produziam um aumento de atividade no sistema nervoso central
enquanto o inverso acontecia em crianças com ADD. O porquê deste
fenômeno ainda iria ficar mais algumas décadas sem resposta.
Em pouco tempo as pessoas com este problema receberam uma nova
e obscura descrição: “Disfunção Cerebral Mínima” e começavam a serem
tratadas com dois estimulantes (Ritalina e Cyclert) que tinham se demonstrado
muito eficazes no tratamento do problema.
Nos anos 60, as observações clínicas se tornaram mais apuradas e
ficou cada vez mais aparente que a síndrome tinha alguma origem biológica e
talvez até genética, absolvendo os pais da culpa pelo problema definitivamente
na comunidade científica. A população em geral continuou culpando os pais,
como ainda acontece até hoje em populações menos informadas. No final dos
anos 60, muito já era sabido sobre ADD, mas a falta de novas evidências
ligando a síndrome às bases biológicas começou a criar discussões sobre a
sua existência. Muitos acreditavam que o transtorno era uma tentativa de livrar
os pais de culpa por seus filhos mimados e mal comportados. Depois deste
período de incerteza, novas descobertas começaram a ser feitas ligando os
problemas associados com a ADD com certos tipos de neurotransmissores.
Todavia, C. Kornetsky (1970), na década de 70, propôs a hipótese de
que a ADD poderia estar ligada a problemas com certos neurotransmissores
como a Dopamina e a Noroepinefrina. Embora a hipótese seja coerente, as
pesquisas realizadas desde então, na tentativa de comprovar o efeito destes
neurotransmissores na ADD, ainda não obtiveram sucesso.
Entretanto, Lou et al. (s.d apud HALLOWELL e RATEY, 2000) acharam
evidências de uma deficiência de circulação sanguínea nos lobos frontais e no
hemisfério esquerdo de pessoas portadoras de ADD. Todos estes achados
foram confirmados em 1990 por ZAMETKIN (s.d apud HALLOWELL e RATEY,
2000), graças ao desenvolvimento de novas tecnologias que mostravam o
funcionamento do cérebro in vivo.
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Conceitualmente, no início do século XX, esse distúrbio foi chamado de


‘distúrbio de disfunção cerebral mínima’, passando posteriormente a ser
chamado de ‘hipercinesia’ ou ‘hipernicese’. Logo a seguir, ‘hiperatividade’,
nome que ficou mais conhecido e perdurou por mais tempo. Em 1987 passou a
ser chamado de ‘distúrbio do déficit de atenção’, sendo que, muitas vezes,
utiliza-se somente a sigla DDA (em português) ou ADD (em inglês “Attencion
Déficit Disorder”). É também eventualmente chamado de ‘síndrome do déficit
de atenção’ (SILVA, 2004).
O TDAH é reconhecido oficialmente por vários países e pela
Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados
Unidos, portadores de TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem
tratamento diferenciado na escola.

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OS SINTOMAS E AS CARACTERÍSTICAS DO TDAH

Os sintomas
Pode parecer redundante falar em características e sintomas, pois
ambos podem parecer ter o mesmo significado, mas a intenção é que seja
reforçado o entendimento para que haja um diagnóstico o mais próximo
possível do correto.
Portanto, para ser considerado como Transtorno de Déficit de Atenção,
os seguintes sintomas precisam ocorrer, na maior parte do tempo, nas
seguintes atividades:
 Frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros
por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras;
 Com frequência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou
atividades recreativas;
 Com frequência não segue instruções e não termina seus deveres
escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais, não chegando
ao final das tarefas;
 Frequentemente tem dificuldade na organização de suas tarefas e
atividades;
 Com frequência evita, antipatiza ou reluta em envolver-se em tarefas
que exijam esforço mental constante (como tarefas escolares ou
deveres de casa);
 Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades;
 É facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa principal que está
executando;
 Com frequência apresenta esquecimento em atividades diárias (ABC da
Saúde, 2005).

Uma pessoa pode apresentar o transtorno de hiperatividade quando a


maioria dos seguintes sintomas torna-se uma ocorrência, constante, em sua
vida:
 Frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira;
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 Com frequência abandona sua cadeira em sala de aula ou em outras


situações nas quais se espera que permaneça sentado;
 Frequentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais
isso é inapropriado (em adolescentes e adultos, isso pode não
ocorrer, mas a pessoa deixa, nos outros, uma sensação de constante
inquietação);
 Com frequência tem dificuldade para brincar ou se envolver
silenciosamente em atividades de lazer;
 Está frequentemente “a mil” ou muitas vezes age como se estivesse
“a todo vapor”;
 Frequentemente fala em demasia (ABC da Saúde, 2005).

Além dos sintomas anteriores referentes ao excesso de atividade em


pessoas com hiperatividade, podem ocorrer outros sintomas relacionados ao
que se chama impulsividade, à qual estaria relacionada aos seguintes
aspectos:
 Frequentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem
sido completadas;
 Com frequência tem dificuldade para aguardar sua vez;
 Frequentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por
exemplo, intrometendo-se em conversas ou brincadeiras de colegas)
(ABC da Saúde, 2005).

As características
Segundo Dias (2004), a criança com TDAH tem dificuldade em focar
atenção. É impulsiva (reage antes de pensar), atinge os extremos da emoção
com rapidez (tristeza e alegria) e não consegue terminar uma tarefa (cansa-se
logo, num efeito chamado de fadiga precoce).
Reforçando: a característica essencial do TDAH é um padrão
persistente de desatenção, hiperatividade e alguns sintomas hiperativo-
impulsivos que causam prejuízo ao relacionamento interpessoal. Para o

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diagnóstico ser satisfeito deve haver clara interferência no funcionamento


social, acadêmico ou ocupacional (SILVA, 2004).
A desatenção pode tanto manifestar-se em situações escolares, quanto
profissionais ou sociais. As crianças com este transtorno podem não prestar
muita atenção a detalhes e podem cometer erros grosseiros por falta de
cuidados nos trabalhos escolares ou em outras tarefas. O trabalho dos
portadores de TDAH frequentemente é confuso e realizado sem meticulosidade
nem precisão adequada.
Os indivíduos, com frequência, têm dificuldade para manter a atenção
em tarefas ou atividades lúdicas e consideram difícil persistir nas mesmas
tarefas até o seu término. Normalmente essas crianças dão a impressão de
estarem com a mente em outro local, ou de não estarem escutando o que está
sendo dito. Pode haver frequentes mudanças de uma tarefa para outra, elas
podem iniciar uma tarefa, passar para outra, depois voltar a atenção para outra
antes de completarem qualquer uma de suas incumbências (SILVA, 2004).
Essas crianças frequentemente não atendem a solicitações ou
instruções e não conseguem completar os trabalhos escolares, tarefas
domésticas ou outros deveres.
As características apresentadas aqui de maneira bem didática e mais
frequentemente citadas estão em ordem de frequência:
 Hiperatividade;
 Comprometimento percepto-motor;
 Instabilidade emocional;
 Déficit geral da coordenação;
 Distúrbio da atenção;
 Impulsividade;
 Transtorno da memória e do pensamento;
 Deficiências específicas do aprendizado;
 Sinais e irregularidades neurológicas duvidosas ao eletroencefalograma
(ABC da Saúde, 2005).

As características do TDAH aparecem bem cedo para a maioria das


pessoas, logo na primeira infância. O distúrbio é caracterizado por
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comportamentos crônicos, com duração de no mínimo seis meses, que se


instalam definitivamente antes dos 7 anos. Atualmente, quatro subtipos de
TDAH foram classificados:
 Desatento – quando se exige que a pessoa apresente pelo menos seis das
seguintes características:
 Não enxerga detalhes ou faz erros por falta de cuidado;
 Dificuldade em manter a atenção;
 Parece não ouvir;
 Dificuldade em seguir instruções;
 Dificuldade na organização;
 Evita, pois, não gosta de tarefas que exigem um esforço mental
prolongado;
 Frequentemente perde os objetos necessários para uma atividade;
 Distrai-se com facilidade;
 Esquecimento nas atividades diárias.
 Hiperativo/impulsivo – quando se exige que a pessoa apresente pelo menos
seis das seguintes características.
 Inquietação, mexendo as mãos e os pés ou se remexendo na cadeira;
 Dificuldade em permanecer sentada;
 Corre sem destino ou sobe nas coisas excessivamente (em adulto, há
um sentimento subjetivo de inquietação);
 Dificuldade em engajar-se numa atividade silenciosamente;
 Fala excessivamente;
 Responde a perguntas antes de elas serem formuladas;
 Age como se fosse movida a motor;
 Dificuldade em esperar sua vez;
 Interrompe e se interrompe.

 Combinado – é caracterizado pela pessoa que apresenta os dois conjuntos


de critérios dos tipos: desatento e hiperativo /impulsivo.
Não específico – a pessoa apresenta algumas dificuldades, mas número
insuficiente de sintomas para chegar a um diagnóstico completo. Esses
sintomas, no entanto, desequilibram a vida diária.
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AS CONSEQUÊNCIAS E AS COMORBIDADES DO TDAH

As consequências
Como vimos, o TDAH é um transtorno com estudos recentes, apesar
de ser reconhecido desde o início do século. Não existe, até o momento, uma
causa específica para o problema. Alguns genes têm sido descobertos e
descritos como possíveis causadores do transtorno. Lesões neurológicas
mínimas (impossíveis de serem vistas em exames) que ocorreriam durante a
gestação ou nas primeiras semanas de vida, também são levantadas como
possíveis causas. Alterações das substâncias químicas cerebrais
(neurotransmissores) também estão sendo sugeridas como causadores dos
sintomas (PSIQUEWEB, 2005).
Supõe-se que todos esses fatores formem uma predisposição básica
(orgânica) do indivíduo para desenvolver o problema, que pode vir a se
manifestar quando a pessoa sofre ação de eventos psicológicos estressantes,
como uma perturbação no equilíbrio familiar, ou outros fatores geradores de
ansiedade. Além disso, as exigências da sociedade por uma forma rotinizada
de comportamento e desempenho podem interferir no diagnóstico deste
transtorno (PSIQUEWEB, 2005).
O baixo desempenho escolar; dificuldades de relacionamento; baixa
autoestima; interferências no desenvolvimento educacional e social e,
predisposição a distúrbios psiquiátricos são apenas algumas das
consequências a que se sujeitam os portadores de TDAH.
Se pensarmos na impulsividade excessiva, os impactos negativos
sobre o desenvolvimento pessoal e relacionamentos interpessoais é bem
direto, gerando frustrações, raiva, rebaixamento da estima e insatisfação geral
(AMORIM, 2013).
A mesma autora ressalta que na infância, compromete o
desenvolvimento em muitos aspectos. Na área social, prejudica os
relacionamentos com outras crianças. Uma criança que não saiba esperar,
atropelando os outros; não saiba ouvir instruções, explicações ou orientações

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até o final; que não tenha controle sobre suas explosões emocionais; que não
siga regras em jogos e brincadeiras, terá certamente problemas em conquistar
e manter amizades. Muitas vezes, o relacionamento com adultos é mais fácil,
por serem estes mais compreensivos (ou permissivos). Já o convívio
prejudicado com outras crianças deve ser visto como um sinal de alerta.

As comorbidades
Alguns autores constataram que indivíduos com TDAH têm altas taxas
de comorbidade, sendo que as mais comuns são os Transtornos Ansios os,
Transtornos do Humor, abuso ou dependência de drogas e Transtornos de
Personalidade (BIEDERMAN et al., 1993; BARKLEY, MURPHY e KWASNIK,
1996b apud BENCZIK; SCHELINI; CASELLA, 2010).
Segundo Mattos e colaboradores (2005) e Gomes e colaboradores
(2007), além dos sintomas do transtorno, em mais de 50% dos casos existem
comorbidades, destacando-se entre elas:
a) Transtorno desafiante de oposição (TOD), que se caracteriza por
comportamento desafiador e opositivo (conforme o nome sugere) em
relação a figuras de autoridade.
b) Transtorno de conduta (TC), que se caracteriza pelo padrão de
comportamento no qual se desrespeita os direitos básicos dos outros
(mentiras, roubo, crueldade com animais entre outros).
c) Abuso de substâncias psicoativas e álcool – em geral o abuso destas
substâncias relaciona-se com o comprometimento funcional nas áreas
acadêmicas, social e profissional.
d) Transtorno de humor – depressão e transtorno bipolar, sendo que o
primeiro caracteriza-se por tristeza, irritação, perda de interesse por
atividades habitualmente prazerosas, fadiga fácil, insônia ou hiperisônia,
enquanto que o transtorno bipolar caracteriza-se pela presença de
humor exaltado, euforia alternando-se com momentos de depressão.
e) Transtornos de ansiedade, que se caracterizam por medos ou
preocupações excessivas que comprometem a vida acadêmica, social e
familiar.

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HIPERATIVIDADE

f) Transtornos de tiques que se caracterizam pela realização de


movimentos ou sons vocais repentinos, rápidos, não rítmicos,
estereotipados.
g) Transtornos de aprendizado, não consideradas aqui as dificuldades
primárias decorrentes das próprias características do TDAH (desatenção
e impulsividade) e que erroneamente são designadas como transtorno
de aprendizagem.

Por se tratar de um transtorno, que na maioria das vezes envolve uma


multiplicidade de sintomas o diagnóstico do TDAH, é um processo que requer a
avaliação de diferentes profissionais como: médicos, psicólogos,
psicopedagogos e neuropsicólogos.
Esta avaliação deve conter uma anamnese minuciosa, um exame físico
abrangente, uma avaliação do neuro-desenvolvimento e a realização de
exames que tem por objetivo avaliar o rendimento pedagógico, através de
dados recolhidos com professores e sua interação social com adultos que
interagem com a pessoa que está sendo avaliada (COUTO; MELLO JUNIOR;
GOMES, 2010).

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HIPERATIVIDADE

O DIAGNÓSTICO, A AVALIAÇÃO E O TRATAMENTO DO TDAH

O Diagnóstico
De acordo com os estudos de Coelho et al. (2010), o diagnóstico para
TDAH deve fundamentar-se no quadro clínico comportamental, uma vez que
não existe um marcador biológico definido para todos os casos. O DMS-IV
classifica os pacientes com TADH em três grupos: TDAH combinado, TDAH
predominantemente desatento, TDAH predominantemente hiperativo/impulsivo.
Nesse sentido, os critérios para TDAH, segundo o DSM IV (1994), são
utilizados para avaliação das crianças e adolescentes, quando é importante a
presença de seis dos critérios que envolvem sinais de desatenção,
hiperatividade e impulsividade.
Noutrossim, uma história familiar positiva de TDAH ou outro transtorno
comportamental, também deve ser indagado, pois, pode ocorrer recorrência
familiar significante para tal transtorno (GUILHERME et al., 2007). O risco de
TDAH parece ser de duas a oito vezes, maior, nas crianças de pais afetados do
que na população em geral.
A presença de comorbidades no TDAH torna o diagnóstico mais difícil
e exige maior suspeição em relação aos diversos tipos de transtornos
comportamentais, sendo uma causa frequente de má resposta terapêutica ao
tratamento isolado, com drogas psicoativas. O eletroencefalograma (EEG), o
potencial evocado 300 17 e estudos de neuroimagem são utilizados para auxiliar
no diagnóstico. Avaliações por meio de tomografia por emissão de pósitrons
(PET) revelam resultados diferentes em adultos e crianças com TDAH. Nestas,

17
O P300 é um instrumento de investigação do processamento da informação (codificação, seleção,
memória e tomada de decisão) e permite avaliar a atividade cortical envolvida nas habilidades de
discriminação, integração e atenção do cérebro.
O potencial cognitivo P300 é um potencial evocado auditivo de longa latência, gerado a partir da
discriminação de um estímulo auditivo raro, dentre outro frequente, de mesma modalidade e
características físicas diferentes. A resposta a este estímulo ocorre por volta de 300 mseg após a
apresentação do mesmo. Ele é um indicador da velocidade do processamento cortical sendo que a sua
resposta envolve várias vias do cérebro como as do tronco cerebral, córtex pré-frontal e temporo-parietal,
tálamo, hipocampo e região límbica.
O P300 pode estar anormal em pacientes com demência, AVC (derrame), sequela de traumatismo de
crânio, insuficiência renal, AIDS, esquizofrenia, TDAH e muitas outras patologias que possam alterar o
estado cognitivo do paciente (http://www.centrodetomografia.com.br/exame.php?id=75).
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HIPERATIVIDADE

ademais, estudos com ressonância nuclear magnética funcional (FRNM)


constataram a presença de hipofunção cerebelar (PEREIRA et al., 2003).
Em sendo, as crianças desatentas podem apresentar um nível mais
alto de isolamento social e retraimento, com níveis mais elevados de
ansiedade, depressão e disfunção social; enquanto crianças com predomínio
de sintomas de hiperatividade são mais agressivas do que as outras, tendendo
a manifestar elevados índices de rejeição pelos colegas e a se tornarem
impopulares (COELHO et al., 2010).
Frequentemente, a presença de comorbidade torna o prognóstico ainda
pior, ao passar do tempo. Em geral, todas as comorbidades necessitam ser
abordadas, quer com conduta medicamentosa ou qualquer outra. Uma
intervenção adequada pode melhorar tanto a qualidade de vida como o
prognóstico desses pacientes. O diagnóstico diferencial com o TDAH deve ser
feito com relação à epilepsia, crises de ausência na infância, déficits visual ou
auditivo, doenças neurodegenerativas, patologias da tiroide, distúrbios do sono
como dissonias e parassonias, doenças psiquiátricas e, de forma particular,
causas psicossociais. Deve-se suspeitar destas etiologias, porque podem levar
a sintomas algumas vezes bastante semelhantes ao quadro de TDAH.
Ressalte-se que uma avaliação rápida, superficial, não evolutiva ou baseada
em relatos confusos impede a correta avaliação dessa patologia (COELHO et
al., 2010).
Nesse aspecto e, para Capovilla (2006), o distúrbio TDAH é
caracterizado por comportamentos crônicos, com duração de no mínimo seis
meses, que se instalam definitivamente antes dos sete anos, portanto, o
diagnóstico do TDAH é clínico, embora seus sinais possam ser detectados
precocemente pelo pediatra que acompanha a criança; sendo essencial o
conhecimento da história do sujeito, a partir da observação dos pais e dos
professores. As características gerais da história da criança com TDAH
aparecem resumidas na tabela abaixo:

Fases Características
Lactente Bebê difícil, insaciável, irritado e de difícil consolo, com maior

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prevalência de cólicas, dificuldades de alimentação e sono.


Pré-escolar Atividade aumentada ao usual, dificuldades de ajustamento,
teimosia, irritação e extremamente difícil de satisfazer.
Escola Incapacidade de colocar foco, distração, impulsivo,
elementar desempenho inconsciente, presença ou não de hiperatividade.
Adolescência Inquieto e com desempenho inconsistente, sem conseguir
colocar foco, dificuldade de memória na escola, abuso de
substância, acidentes.
Fonte: Rhode et al. (2004 apud COUTO, MELLO-JUNIOR e GOMES, 2010, p.
245)

Outras justificativas para se fazer o diagnóstico e tratar a criança ou


adulto com TDAH são:
 Primeiro, é importante se fazer o tratamento desse transtorno para que a
criança não cresça estigmatizada como o “bagunceiro da turma” ou
como o “vagabundo”, ou como o “terror dos professores”.
 Segundo, é importante fazer o tratamento para que a criança não fique
durante anos com o desenvolvimento prejudicado na escola e na sua
vida social, atrasada em relação aos outros colegas numa sociedade
cada vez mais competitiva.
 Terceiro, é importante fazer um tratamento do transtorno para se tentar
minimizar consequências futuras do problema, como a propensão ao
uso de drogas (o que é relativamente frequente em adolescentes e
adultos com o problema), transtorno do humor (depressão,
principalmente) e transtorno de conduta.

O diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde capacitado,


geralmente neurologista, pediatra ou psiquiatra, podendo ser auxiliado por
alguns testes psicológicos ou neuropsicológicos, principalmente em casos
duvidosos, como em adultos, mas mesmo em crianças, para o
acompanhamento adequado do tratamento.
O guia apresentado abaixo foi extraído do Manual de Diagnóstico e
Estatística – IV Edição (DSM-IV) da Associação Psiquiátrica Americana (1995).
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HIPERATIVIDADE

Ele é utilizado por profissionais especializados em TDAH para o


diagnóstico clínico. Aqui daremos apenas uma ideia de como tal diagnóstico é
feito.

Critério A: Assinale com um X na coluna correta

1-Nunca

raramen
2-Pouco

Bastant

sempre
Quase
ou

3-

4-
te

e
1. Ele presta pouca atenção em detalhes e faz erros
por falta de atenção nos deveres?

2. Ele mexe com as mãos e pés quando está


sentado ou se mexe muito na cadeira?

3. Ele tem dificuldade de ficar concentrado nos


deveres e também nos jogos?

4. Ele sai do lugar na sala de aula ou em outras


situações (ex: mesa de jantar) quando deveria ficar
sentado?

5. Ele parece estar prestando atenção em outras


coisas quando se fala com ele?

6. Ele corre ou sobe nas coisas quando deveria ficar


tranquilo?

7. Ele tem dificuldade em seguir instruções até o fim


ou deixa os deveres sem terminar?

8. Ele tem dificuldade de ficar em silêncio enquanto


brinca?

9. Ele é desorganizado com os deveres e outras


atividades no dia-a-dia?

10. Ele é “elétrico” e fica “a mil por hora?”

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11. Ele evita ou antipatiza com deveres ou


atividades que exijam concentração?

12. Ele fala demais?

13. Ele perde material da escola ou coisas do dia-a-


dia?

14. Ele responde às perguntas antes dos outros


terminarem de falar?

15. Ele se distrai com facilidade com coisas fora


daquilo que está fazendo?

16. Ele tem dificuldade de esperar a vez?

17. Ele se esquece de coisas que deveria fazer no


dia-a-dia?

18. Ele interrompe os outros ou se mete na


conversa dos outros?

CRITÉRIO B: Responda SIM ou NÃO


Alguns desses sintomas estavam presentes antes dos 07 anos de idade?
CRITÉRIO C: Responda SIM ou NÃO
Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 02
contextos diferentes (por ex., na escola, no trabalho, na vida social e em casa)?
CRITÉRIO D: Responda SIM ou NÃO
Há problemas evidentes na vida escolar, social ou familiar por conta dos
sintomas?
CRITÉRIO E: Responda SIM ou NÃO
Se existe um outro problema (tal como depressão, deficiência mental, psicose,
etc.), os sintomas podem ser atribuídos a ele?
Como suspeitar do diagnóstico:
1) É necessário haver pelo menos 06 sintomas assinalados na coluna laranja
ou vermelha, no CRITÉRIO A.
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Pelo menos 06 sintomas ÍMPARES e menos que 06 sintomas PARES: TDAH


Tipo Predominantemente Desatento
Pelo menos 06 sintomas PARES e menos que 06 sintomas ÍMPARES: TDAH
Tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo
6 ou mais sintomas ÍMPARES e 06 ou mais sintomas PARES: TDAH Tipo
Combinado.
2) Os CRITÉRIOS B, C, D devem obrigatoriamente ter resposta SIM.
3) O CRITÉRIO E necessita da avaliação de um especialista, uma vez que os
sintomas do Critério A ocorrem em muitos outros transtornos da infância e
adolescência.
Se os critérios A, B, C, D e E estiverem atendidos de acordo com o julgamento
de um especialista, o diagnóstico de TDAH é garantido.
FONTE: Manual de Diagnóstico e Estatística – IV Edição (DSM-IV) da
Associação Psiquiátrica Americana (1995).
Obs.: O diagnóstico definitivo só pode ser fornecido por um profissional.

Para se fazer o diagnóstico, 06 (ou mais) dos seguintes sintomas de


desatenção ou hiperatividade devem persistir por, pelo menos, 06 meses em
grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento.
Os distúrbios podem ter início na primeira infância (crianças
excessivamente sensíveis a estímulos e facilmente perturbadas por ruídos, luz,
temperatura, etc.; ou às vezes o inverso: crianças dóceis, sem energia,
dormem a maior parte do tempo, e parecem desenvolver-se muito lentamente
nos primeiros meses).
Dificuldades na escola, tanto de aprendizagem quanto
comportamentais são comuns devido à distractibilidade e atenção flutuante das
crianças, que dificultam a aquisição, retenção e demonstração dos
conhecimentos.
As reações adversas dos professores, a redução da autoestima e
comentários adversos de outros grupos pode transformar a escola num lugar
de infelicidade e frustração. Isso pode levar a uma atuação antissocial e a
comportamentos autodestrutivos e autopunitivos.

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Vale a pena conferir o Documento da Fundação Hospitalar do Estado


de Minas Gerais (FHEMIG) que contém as Diretrizes Clínicas – Procedimento
Operacional Padrão – Protocolo Clínico contendo o Diagnóstico, Tratamento do
TDAH em crianças e adolescentes. Sua última revisão disponível na internet é
de agosto de 2012 18.

A Avaliação
Segundo Benczik (2000), as escalas de verificação de comportamento
têm uma importante tradição na avaliação de estudantes com déficit de
atenção e hiperatividade, embora com vantagens e limitações. Elas permitem
obter informações referentes à extensão na qual o indivíduo exibe certas
características relativas a outros do mesmo sexo e idade, entretanto, as
escalas não são totalmente suficientes para reunir a singularidade do indivíduo,
de forma que fornecem informações relevantes, mas essencialmente aquelas
relativas a dimensões pré-determinadas, ou seja, avalia apenas as dimensões
propostas pelo instrumento, não contemplando todas as dimensões e
características pertinentes ao indivíduo.
Daí o fato desta técnica ser apontada como incapaz de retratar um
quadro completo e acurado do comportamento atual da pessoa. Vale ressaltar,
no entanto, que essa é uma crítica inerente aos instrumentos de avaliação
psicológica, o que justifica a importância do profissional, ao realizar uma
avaliação, empregar técnicas complementares (observações, entrevistas,
escalas, testes, técnicas projetivas), de forma a obter informações
diversificadas e representativas do sujeito, o que vai ao encontro das noções
mais atuais referentes a processos de avaliação psicológica.
Muitas das escalas para avaliar o TDAH voltaram-se aos sintomas
primários da desordem, mas diversas outras foram elaboradas para avaliar
outros tipos de comportamentos associados, como: agressão, passividade,
imaturidade e conduta não complacente (MONTAGUE, MCKINNEY e
HOCUTT, 1994; BURCHAM e DE MERS, 1995 apud BENCZIK, 2000). De

18
Disponível em: <http://www.fhemig.mg.gov.br/pt/downloads/doc_download/1016-026-tdah-
diagnostico-e-tratamento-do-transtorno-de-deficit-de-atencao-em-criancas-e-adolescentes>. Acesso em: 4
jan. 2015.
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maneira geral, esse tipo de instrumento dá ao profissional de saúde mental


uma melhor compreensão de quem vê a conduta como problemática e de
como diferenças percebidas em graus de desvios variam em função dos efeitos
do ambiente (EDELBROCK, 1983 apud BENCZIK; SCHELINI; CASELLA,
2010). Dentro do processo de avaliação, as escalas de verificação de
comportamentos tornam-se muito úteis como “ferramentas auxiliares” no
processo diagnóstico.
Salientamos que o objetivo da avaliação nos casos do TDAH não é de
qualquer forma rotular indivíduos ou estigmatizá-los, mas sim avaliar e
determinar a extensão na qual os problemas de atenção e hiperatividade
interferem em suas habilidades acadêmicas, afetivas e sociais e, a partir desta
avaliação, fornecer um plano apropriado de intervenção (MONTAGUE,
MCKINNEY e HOCCUTT, 1994 apud BENCZIK; SCHELINI; CASELLA, 2010).
Uma avaliação bem conduzida, utilizando instrumentos adaptados e
com evidências de validade e precisão, permite a tomada de decisões
adequadas, tendo em vista um melhor funcionamento em termos da saúde
mental do adolescente e do adulto. Em relação à validade de instrumentos
psicológicos, sejam estes inventários, escalas ou testes, tradicionalmente são
caracterizados três tipos: validade de conteúdo, de critério e de construto.
Dentre as formas mais frequentes de se verificar a validade de construto,
destacam-se as correlações com outros testes que meçam o mesmo construto,
a consistência interna dos itens, mudanças desenvolvimentais, análise fatorial
e intervenções experimentais (ANASTASI e URBINA, 2000).
À medida que se apresentam mais estudos a respeito de diferentes
tipos de validade sobre um determinado instrumento, maior a segurança na
interpretação de seus resultados. Há muitas escalas americanas que têm como
objetivo avaliar os sintomas de TDAH, como por exemplo: a Attention Deficit
Scales for Adults – ADSA (TRIOLO e MURPHY, 1996), a Self-Report Rating
Form (MCCARNEY, 1996) e a Copeland Symptom Checklist for Adult Attention
Deficit Disorders (COPELAND, 1989). Porém, o mesmo não acontece no
Brasil. O único questionário denominado ASRS-18 (versão 1.1) - Adult Self-
Report Scale foi desenvolvido por Kessler et al. (2006), juntamente com a
Organização Mundial de Saúde. Este questionário consta de 18 perguntas, em
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que o examinando deve responder com que frequência os itens ocorrem. Os


itens contidos contemplam os critérios estabelecidos pelo DSM-IV para o
diagnóstico do TDAH em crianças, sendo adaptado para o contexto da vida
adulta.

O Tratamento ou conduta terapêutica


O tratamento envolve o uso de medicação, geralmente algum psico-
estimulante específico para o sistema nervoso central, uso de alguns
antidepressivos ou outras medicações. Deve haver um acompanhamento do
progresso da terapia, através da família e da escola. Além do tratamento
medicamentoso, uma psicoterapia deve ser mantida, na maioria dos casos,
pela necessidade de atenção à criança (ou adulto) devido à mudança de
comportamento que deve ocorrer com a melhora dos sintomas, por causa do
aconselhamento que se deve fazer aos pais e para tratamento de qualquer
problema específico do desenvolvimento que possa estar associado (ABC da
Saúde, 2005).
Um aspecto fundamental desse tratamento é o acompanhamento da
criança, de sua família e de seus professores, pois é preciso auxílio para que a
criança possa reestruturar seu ambiente, reduzindo sua ansiedade. Uma
exigência quase universal consiste em ajudar os pais a reconhecerem que a
permissividade não é útil para a criança, mas que utilizando um modelo claro e
previsível de recompensas e punições, baseado em terapias comportamentais,
o desenvolvimento da criança pode ser mais bem acompanhado (ABC da
Saúde, 2005).
Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABADA), o
tratamento farmacológico pode envolver estimulantes como o Metilfenidato
(Ritalina®), a d-anfetamina (Biphetamine® - EUA); a Pemolina (Cylert® - EUA).
Apenas a Ritalina® se encontra disponível no Brasil.
Nos EUA, a cafeína tem sido muito pouco utilizada para o tratamento
do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade devido às facilidades para
a prescrição do Metilfenidato (Ritalina®), no Brasil a Ritalina® é muito mais

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difícil de ser prescrita. Há necessidade de receituário especial para


entorpecentes que só a secretaria da saúde fornece.
Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABADA), não
existem estudos comprovando a eficácia da cafeína em crianças com TDAH.
Os poucos estudos científicos mostram que o efeito é semelhante ao do
placebo (substância sem efeito) e não é superior ao efeito dos estimulantes. A
cafeína só demonstrou ter algum efeito positivo sobre a atenção em indivíduos
normais que não eram portadores de TDAH.
Existem também os antidepressivos tricíclicos como a Imipramina
(Tofranil®, Imipra®); a Nortriptilina (Pamelor®) e antidepressivos ISRS, mas a
experiência é nova com os antidepressivos inibidores seletivos da receptação
da serotonina para o tratamento do TDAH, entretanto as perspectivas são
bastante otimistas. A Fluoxetina (Prozac®, Verotina®, Daforim®, Fluxene®,
Eufor®, Nortec®, Deprax®) tem sido usada com sucesso na dose de 0,5 a
1mg/Kg/dia.
Existem ainda os antipsicóticos como Neuleptil®, Melleril®.
No tratamento do TDAH, a utilização de psicoestimulantes e a terapia
comportamental são comumente utilizadas e reconhecidamente eficazes. O
Food and Drug Administration (FDA) aprovou o uso das seguintes anfetaminas:
metilfenidato, dextroanfetamina e magnésio de pemolina. No Brasil, a única
anfetamina disponível no mercado para o tratamento do TDAH é o
metilfenidato (COELHO et al., 2010).
Os mesmos autores citam que mais de 1500 estudos comprovaram a
eficácia clínica do metilfenidato, nos últimos 40 anos. Apresenta excelente
absorção oral, sendo que a ingestão alimentar altera a velocidade de absorção.
Atravessa livremente a barreira hematoencefálica e o início da ação se dá em
30 minutos, com a meia-vida sérica em torno de quatro horas.
O metilfenidato, uma anfetamina derivada da piperidina de ação
simpaticomimética, tem revelado eficácia superior, seguido pelos
antidepressivos tricíclicos, no tratamento do TDAH. A ação do metilfenidato
seria o bloqueio da recaptação das catecolaminas (dopamina e noradrenalina)
nos neurônios pré-sinápticos, com uma maior disponibilidade destas

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substâncias na fenda sináptica, predominantemente sobre o sistema reticular


ativador do tronco encefálico e o córtex cerebral (CORREA; PASTURA, 2003).
O principal efeito, em curto prazo, do metilfenidato seria a insônia e a
redução do apetite e, ainda, a dor abdominal e cefaleia. Quanto aos sintomas
colaterais, a maioria melhora dentro de poucos meses e apenas a anorexia é
dose dependente (COELHO et al., 2010).
Na prática clínica, sabe-se que a redução do apetite pode ser
importante, a ponto de a criança perder até sete quilos em quatro meses, não
cedendo com o uso de dieta calórica, vitaminas ou redução da medicação nos
finais de semana. Estratégias como: não usar metilfenidato após 15 h, dar a
maior dosagem no período da manhã, administrar a medicação juntamente
com a alimentação, reduzir ou cessar temporariamente a dos e, podem ter êxito
no controle dos efeitos colaterais (COELHO et al., 2010).
Quando há agravamento dos efeitos colaterais associado ao pico
plasmático da droga, a medicação de liberação lenta pode ser utilizada. Em
relação aos efeitos colaterais em longo prazo, os que causam maior apreensão
aos pais são o risco de dependência e a possível redução da estatura
(PASTURA; MATTOS, 2004).
Vale ressaltar que o benefício do tratamento com TDAH em produzir
bem-estar e controlar os sintomas cardinais, com melhora da autoestima, é um
estímulo para a busca da terapia adequada, por parte do paciente, e resulta em
grandes benefícios psicoemocionais em longo prazo, tendendo a afastá-lo de
atitudes disruptivas ou antissociais (COELHO et al., 2010).
O uso de metilfenidato em pacientes portadores de epilepsia não é
contraindicado. Contudo, o médico deve preocupar-se em reajustar e monitorar
doses e nível plasmático das drogas antiepilépticas (DAE), visto que tal
medicação pode diminuir o limiar de convulsões. Não existem evidências de
que descargas epileptiformes tenham um papel na determinação dos sintomas
de TDAH e que estudos para analisar o efeito das DAE sobre estes sintomas
(TDAH) sejam importantes. Concorda-se que a conduta terapêutica deve-se
basear predominantemente no bom senso e na experiência pessoal de cada
profissional, evitando que alterações isoladas ao EEG, comum em parte

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considerável da população e não sugestivas de quadros epilépticos já


reconhecidos, possam ser valorizadas (COELHO et al., 2010).
No Brasil, geralmente utiliza-se o metilfenidato em crianças, a partir dos
seis anos de idade, quando o diagnóstico de TDAH pode ser mais concreto e a
medicação é mais segura. A dose diária recomendada é de 0,3 a 2,0 mg/kg,
entretanto raramente chegamos a doses maiores, visto que, nas crianças
susceptíveis ao tratamento, doses de 10, 20 e no máximo 30 mg por dia do
metilfenidato de liberação rápida são eficazes, em sua grande maioria. Mesmo
que, a princípio, já se opte pela medicação de longa ação, o início do
tratamento deve ser com medicação de liberação rápida, para um melhor
controle dos sintomas que eventualmente surjam (PASTURA; MATTOS, 2004).
O recomendável mais uma vez é iniciar o tratamento o mais cedo
possível tendo suporte e acompanhamento de profissional especializado.

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O PORTADOR DE TDAH, OS PAIS E A ESCOLA

A participação dos pais


Os pais da criança portadora de TDA merecem muita consideração. É
preciso muita paciência e vigor para amar e apoiar a criança hiperativa em
todos os desafios e frustrações inerentes à doença. Os pais dessas crianças
estão sempre preocupados e atentos. Consequentemente é fácil sentirem-se
cansados, abatidos e frustrados. É de importância vital para esses pais serem
bons entre se, descansar quando apropriado, além de buscar e aceitar apoio
para eles e para os filhos.
Programas de treinamento para pais de crianças com TDAH
frequentemente começam com ampla divulgação de informação. Existe uma
grande quantidade de livros, vídeos e fitas disponíveis com dados a respeito do
transtorno em si e de estratégias efetivas que podem ser usadas por familiares.
A lista que segue revê nove pontos de uma série de estratégias que podem
ajudar os pais de crianças portadoras de TDAH (GOLDSTEIN, 1998).

1. Aprender o que é TDAH:


Os pais devem compreender que, para poder controlar em casa o
comportamento resultante do TDAH, é preciso ter um conhecimento correto do
distúrbio e suas complicações.

2. Incapacidade de compreensão versus rebeldia:


Os pais devem desenvolver a capacidade de distinguir entre problemas
que resultam de incapacidade e problemas que resultam de recusa ativa em
obedecer ordens. Os primeiros devem ser tratados através da educação e
desenvolvimento de habilidades. Os outros são resolvidos de maneira
satisfatória através de manipulação das consequências.

3. Dar instruções positivas:


Pais devem cuidar para que seus pedidos sejam feitos de maneira
positiva ao invés de negativa. Uma indicação positiva mostra para a criança o
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que deve começar a ser feito e evita que ela focalize em parar o que está
fazendo.

4. Recompensar:
Os pais devem recompensar amplamente o comportamento adequado.
Crianças com TDAH exigem respostas imediatas, frequentes, previsíveis e
coerentemente aplicadas ao seu comportamento. Da mesma maneira,
necessitam de mais tentativas para aprender corretamente. Quando a criança
consegue completar uma tarefa ou realiza alguma coisa corretamente, deve ser
recompensada socialmente ou com algo tangível mais frequentemente que o
normal.

5. Escolher as batalhas:
Os pais deveriam escolher quando e como gastar suas energias numa
batalha, sempre reforçando o positivo, aplicando consequências imediatas para
comportamentos que não podem ser ignorados e usando o sistema de créditos
ou pontos. É essencial que os pais estejam sempre um passo à frente.

6. Usar técnicas de “custo de resposta”:


Os pais devem entender bem o que seja “custo de resposta”, uma
técnica de punição em que se pode perder o que se ganhou.

7. Planejar adequadamente:
Os pais devem aprender a reagir aos limites de seu filho de maneira
positiva e ativa. Aceitar o diagnóstico de TDAH significa aceitar a necessidade
de fazer modificações no ambiente da criança. A rotina deve ser consistente e
raramente variar. As regras devem ser dadas de maneira clara e concisa.
Atividades ou situações em que já ocorreram problemas devem ser evitadas ou
cuidadosamente planejadas.

8. Punir adequadamente:
Os pais devem compreender que a punição sozinha não irá reduzir os
sintomas de TDAH. Punir deve ser uma atitude diretamente relacionada
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apenas a um comportamento declaradamente desobediente. No entanto, a


punição só trará modificação de comportamento para crianças com TDAH se
acompanhada de uma estratégia de controle.

9. Construir ilhas de competência:


O que realmente importa para o sucesso dessa criança na vida é o que
existe de certo com ela e não o que está errado. Cada vez mais, a área da
saúde mental focaliza seu trabalho em aumentar os pontos fortes em vez de
tentar diminuir os pontos fracos. Uma das melhores maneiras de criar pontos
fortes é uma boa relação dos pais com seu filho.

A escola
Uma sala de aula eficiente para crianças desatentas deve ser
organizada e estruturada. A estrutura supõe regras claras, um programa
previsível e carteiras separadas.
Os prêmios devem ser coerentes e frequentes. Um programa de
reforço baseado em ganho e perda deve ser parte integral do trabalho da
classe. A avaliação do professor deve ser frequente e imediata. Interrupções e
pequenos incidentes têm menores consequências se ignorados. O material
didático deve estar adequado à habilidade da criança. Estratégias cognitivas
que facilitam a autocorreção, assim como melhoram o comportamento nas
tarefas, devem ser ensinadas. As tarefas devem variar, mas continuar sendo
interessantes para os alunos. Os horários de transição, bem como os intervalos
e reuniões especiais, devem ser supervisionados (ABDA, 2005).
Pais e professores devem manter uma comunicação frequente. Os
professores também precisam estar atentos à qualidade de reforço negativo do
seu comportamento. As expectativas devem ser adequadas ao nível de
habilidade da criança e deve-se estar preparado para mudanças (ABDA, 2005).
Os professores devem ter conhecimento do conflito incompetência x
desobediência, e aprender a discriminar entre os dois tipos de problema. É
preciso desenvolver um repertório de intervenções para poder atuar

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eficientemente no ambiente da sala de aula de uma criança com TDAH. Essas


intervenções minimizam o impacto negativo do temperamento da criança.
Constata-se assim, que existem várias ferramentas e linhas de atuação
que professores e escola podem utilizar para contribuir na minimização dos
problemas de alunos com TDAH, além de manter um bom relacionamento com
os pais, sempre trocando ideias para um diagnóstico antecipado propiciando
um ambiente adequado, sem sofrimento para todos os envolvidos.
Na idade escolar, crianças com TDAH apresentam uma maior
probabilidade de repetência, evasão escolar, baixo rendimento acadêmico e
dificuldades emocionais e de relacionamento social. Supõe-se que os sintomas
do TDAH sejam catalisadores, tornando as crianças vulneráveis ao fracasso
nas duas áreas mais importantes para um bom desenvolvimento – a escola e o
relacionamento com os colegas.
À medida que cresce o conhecimento médico, educacional, psicológico
e da comunidade a respeito dos sintomas e dos problemas ocasionados pelo
TDAH, um número cada vez maior de pessoas está sendo corretamente
identificado, diagnosticado e tratado. Mesmo assim, suspeita-se que um grupo
significativo de pessoas com TDAH ainda permanece não identificado ou com
diagnóstico incorreto. Seus problemas se intensificam e provocam situações
muito difíceis no confronto da vida normal.
O TDAH é com frequência, apresentado, erroneamente, como um tipo
específico de problema de aprendizagem. Ao contrário, é um distúrbio de
realização. Sabe-se que as crianças com TDAH são capazes de aprender, mas
têm dificuldade em se sair bem na escola devido ao impacto que os sintomas
do TDAH têm sobre uma boa atuação. Por outro lado, 20% a 30% das crianças
com TDAH também apresentam um problema de aprendizagem, o que
complica ainda mais a identificação correta e o tratamento adequado. Pessoas
que apresentaram sintomas de TDAH na infância demonstraram uma
probabilidade maior de desenvolver problemas relacionados com
comportamento opositivo desafiador, delinquência, transtorno de conduta,
depressão e ansiedade.
Os pesquisadores, no entanto, sugerem que o resultado desastroso
apresentado por alguns adolescentes não é uma consequência apenas do
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TDAH, mas, antes, uma combinação de TDAH com outros transtornos de


comportamento, especialmente nos jovens ligados a atitudes criminosas e
abuso de substâncias, portanto, vale a pena observar e cuidar para que essas
atitudes não comprometam o desenvolvimento dos mesmos.

A atuação dos professores


O professor tem papel importante na melhora do desempenho escolar
e da saúde mental da criança, por isso ele deve sempre estar em contato com
os pais trocando informações para que desempenhe seu papel com sucesso.
Acredita-se que o professor, antes de ouvir as propostas, já deve
imaginar o quanto é difícil essa tarefa de educar uma criança com TDAH, pois
fora esse aluno, têm vários outros alunos que necessitam da sua atenção e,
normalmente, em escola pública, os materiais, o espaço físico, a proposta de
trabalho e outros itens para se ter um trabalho de qualidade, são limitados. Mas
é necessário ajudar essa criança com distúrbio para que as consequências não
sejam negativas.
É importante lembrar que crianças com TDAH são muito inteligentes,
apenas têm dificuldade em prestar atenção no que o professor explica, e
concluir suas tarefas. Será de grande importância um monitor para ajudar o
professor, já que esse aluno necessita de auxílio constante e na sala há vários
outros alunos que também necessitam de ajuda, lembrando que atualmente é
muito raro ter monitores em sala de aula, e o número de alunos matriculados
nelas é muito grande.
O professor que lida com crianças com TDAH deve, em primeiro lugar,
buscar ter conhecimento sobre esse distúrbio, muita paciência e
disponibilidade, lembrando-se que elas já possuem uma autoestima baixa e de
que não devem ser julgadas como um exemplo negativo aos demais alunos, e
muito menos taxadas como “burras” ou preguiçosas, elogiá-las sempre que
tiverem um bom resultado ajudará muito a motivá-las (REIS; SANTANA, 2009).
Crianças com TDAH têm capacidade de ficar atentas diante de uma
televisão, jogando videogame ou navegando na internet, isso se dá pelo
estímulo dessas atividades e por serem individualizadas. Rohde e Benczik
(1999, p. 42) afirmam que “em atividades em que a motivação é muito grande e

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os estímulos são mais individualizados, estas crianças podem parar quietas e


concentrar-se”. Por isso é necessário intervenções no ambiente da sala de aula
e intervenções pedagógicas para que se estimule a atenção e ajude a
desenvolver as habilidades deficientes da criança.
Em sala de aula, o professor deve lembrar-se de pontos importantes
que podem ajudar na melhora quanto à atenção da criança, como exemplo
Araújo e Silva (2003) citam um fato importante como colocar a criança sentada
perto da mesa do professor, para que o espaço entre eles sejam pequeno e
que ela consiga focar sua atenção no que o professor fala, não se dispersando
a estímulos exteriores. Como também não colocá-la sentada perto da porta ou
janela, pois, ela se interessará pelo que se passa fora da sala de aula.
Ela necessita de atividades que a estimulem. Ao contrário, a formação
de grupos com muitas crianças para a realização dessas atividades podem
fazê-la perder o foco, já que muito estímulo ao seu redor reduz a capacidade
de focar a atenção e controlar sua hiperatividade. As atividades devem ter um
período curto, para que elas as concluam antes de perder o interesse
(ARAÚJO; SILVA, 2003).
Rohde e Benczik (1999, p. 85) sugerem que o professor dialogue com
a criança, buscando a opinião dela de como poderia ser a aula, para que ela se
interesse pela mesma e aprenda melhor. As explicações durante a aula devem
ser pausadas para que elas entendam, ao término da explicação pergunte a ela
se entendeu, e peça que repita o que explicou.
Trabalhar o relacionamento da criança com TDAH e os outros colegas
é de fundamental importância, já que ela precisa se sentir segura no ambiente
para realizar suas tarefas, e muita das vezes ela é excluída das atividades em
grupo.
Araújo e Silva (2003) recomendam ignorar pequenos incidentes. O
material didático deve ser adequado às habilidades da criança. Estratégias
cognitivas que facilitem a autocorreção, e que melhorem o comportamento nas
tarefas, devem ser ensinadas. As tarefas devem variar, mas continuar sendo
interessantes para o aluno, assim como a criatividade e habilidade do professor
mediante as tarefas. Os horários de transição (mudanças de tarefas) das
crianças devem ser supervisionados. A comunicação entre pais e professores
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deve ser frequente. Os professores também precisam ficar atentos ao quadro


negativo de seu comportamento. As expectativas devem ser adequadas ao
nível de habilidade da criança e deve-se estar preparado para mudanças.
É necessário mostrar limites de forma segura e tranquila, sem entrar
em atrito, pois crianças hiperativas têm dificuldade em entender regras, por
esse motivo é importante trabalhar, e sempre lembrá-las das regras dentro de
sala de aula. Quando cometem erros deve permitir que ela se desculpe, e
ressaltar os limites sem gritar ou repreendê-las de forma agressiva, isso não
funciona nem com alunos “normais”.
Vale a pena conferir algumas intervenções, citadas por Araújo e Silva
(2003), para que o professor desempenhe seu papel de maneira que contribua
com o aluno a desenvolver suas habilidades deficitárias, ou seja, ajudar a
criança com TDAH a se ajustar melhor à sala de aula:
a) Proporcionar estrutura, organização e constância (sempre a mesma
arrumação das cadeiras, programas diários e regras claramente
definidas).
b) Colocar a criança perto de colegas que não o provoquem, perto da
mesa do professor, na parte de fora do grupo.
c) Elogiar, encorajar e ser afetuoso, porque essas crianças desanimam
facilmente.
d) Dar responsabilidades que elas possam cumprir, fazendo com que
se sintam necessárias e valorizadas.
e) Proporcionar um ambiente acolhedor, demonstrando calor e contato
físico de maneira equilibrada.
f) Nunca provocar constrangimento ou menosprezar o aluno.
g) Favorecer oportunidades sociais e proporcionar trabalho de
aprendizagem em grupos pequenos, pois em grupos menores as
crianças conseguem melhores resultados.
h) Comunicar-se com os pais da criança porque, geralmente, eles
sabem o que tem melhor funcionamento com seu filho.
i) Ir devagar com o trabalho e parcelar a tarefa. Doze tarefas de cinco
minutos cada trazem melhores resultados do que duas tarefas de
meia hora.
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j) Adaptar suas expectativas quanto à criança, levando em


consideração as diferenças e inabilidades decorrentes do TDAH.
k) Recompensar os esforços, a persistência e o comportamento bem
sucedido ou bem planejado.
l) Proporcionar exercícios de consciência e treinamento dos hábitos
sociais da comunidade. Uma avaliação frequente, sobre o
comportamento da criança, consigo mesma e com os outros, ajudará
bastante.
m) Estabelecer limites claros e objetivos.
n) Facilitar o frequente contato aluno/professor, pois auxilia em um
controle extra sobre a criança e possibilita oportunidades de reforço
positivo e incentivo a um comportamento mais adequado.
o) Permanecer em constante comunicação com o psicólogo ou
orientador da escola.

Este é o melhor ponto de ligação entre a escola, os pais e o médico.


As propostas citadas são dicas e não regras a serem seguidas como
afirmam as autoras, pois o professor deve utilizar-se de intervenções que
acreditem que possa dar resultado, e ao notar que suas propostas falharam,
deve repensá-las se utilizando de novas intervenções e levando o aluno a
desenvolver suas habilidades e se interessar pela aula, isso serve para alunos
com TDAH e alunos “normais”, todos precisam de uma aula com qualidade e
objetivos.
Essas são algumas dicas de como lidar em sala de aula com uma
criança com TDAH, que normalmente é muito inteligente e só precisa de uma
ajuda para que desenvolva suas habilidades deficitárias. Elas não são
melhores nem piores, são iguais às outras crianças só que com alterações
comportamentais, sem autocontrole sobre suas ações, mas que podem ser
dribladas com o tempo e com ajuda de pais, professores e especialistas (REIS;
SANTANA, 2009).

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O TDAH NA FASE ADULTA

O crescente interesse pelo transtorno de déficit de atenção e


hiperatividade (TDAH) em adultos é demonstrado pelo significativo aumento de
publicações a esse respeito nos últimos anos. Estudos demonstraram que o
distúrbio persiste na vida adulta em um grande número de indivíduos,
causando comprometimento significativo (FARAONE et al., 2000; WILENS et
al., 2002).
No entanto, a forma adulta do transtorno foi reconhecida como válida
apenas tardiamente e, portanto, a maior parte do conhecimento acerca desse
diagnóstico foi desenvolvida a partir de estudos com crianças e adolescentes.
Dessa forma, especialistas têm debatido a validade da extrapolação das
informações adquiridas em estudos com crianças para adultos, inclusive em
nosso meio, em que especialistas publicaram recente painel sobre o tema
(MATTOS et al., 2006a).
Alguns pesquisadores e clínicos ainda defendem a ideia de que esse
diagnóstico é extremamente raro entre adultos e sugerem que a remissão dos
sintomas ocorre na maior parte dos casos. No entanto, grande parte da
variação dos achados sobre a persistência do TDAH em adultos se deve às
diferentes definições utilizadas para o conceito de persistência. Alguns estudos
utilizam apenas o conceito de persistência sindrômica, isto é, consideram como
portadores apenas os adultos que apresentam seis ou mais sintomas de ao
menos uma das dimensões sintomáticas (desatenção e hiperatividade-
impulsividade), a exemplo do exigido para o diagnóstico em crianças e
adolescentes. De fato, estudos que utilizam esse conceito costumam encontrar
uma baixa taxa de persistência do TDAH em adultos (aproximadamente 15%
aos 25 anos), como demonstrado por recente revisão de literatura (FARAONE
et al., 2006a).
Outros estudos utilizam o conceito de persistência sintomática e, dessa
forma, consideram como portadores os adultos que, embora não tenham
sintomas atuais em número suficiente para o diagnóstico de acordo com os
critérios do DSM-IV, apresentam comprometimento funcional clinicamente
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significativo associado aos sintomas residuais de TDAH. A persistência do


transtorno aumenta para taxas entre 40% e 60% quando são considerados os
estudos que utilizam o conceito de persistência sintomática (FARAONE et al.,
2006a). Embora o ponto de corte para adultos ainda seja desconhecido, o
conceito de persistência sintomática parece mais adequado, tendo em vista
que o número de seis sintomas foi estabelecido como ponto de corte em
pesquisa de campo com crianças e adolescentes (MCGOUGH e BARKLEY,
2004), mas não com adultos.
Outra dificuldade se deve à necessidade de que alguns dos 18
sintomas tenham se iniciado antes dos 7 anos de idade. Esse critério tem sido
criticado por diversos autores em face à ausência de fundamentação empírica
e validade prática. Esse critério mostra-se ainda mais problemático para os
adultos, tendo em vista que, diferentemente do que acontece para o
diagnóstico em crianças, o diagnóstico de TDAH na vida adulta se baseia
primariamente no relato do próprio adulto. Adultos, frequentemente,
apresentam dificuldades para recordar histórico de TDAH durante a infância,
sugerindo que o autorrelato pode ser pouco confiável.
Em face do exposto acima, o objetivo do presente trabalho é abordar
as principais dificuldades do diagnóstico em adultos na prática clínica, tendo
como focos primordiais o ponto de corte dos sintomas, a idade de início
(ausência de informantes e dificuldades de recuperação de sintomas na
infância), avaliação do comprometimento e ausência de comprometimento em
pelo menos dois contextos.
Noutrossim, relatos sobre adultos com TDAH mostraram que eles
enfrentam problemas sérios de comportamento antissocial, desempenho
educacional e profissional pouco satisfatório, depressão, ansiedade e abuso de
substâncias. Infelizmente, muitos adultos de hoje não foram diagnosticados
como crianças com TDAH. Cresceram lutando com uma deficiência que,
frequentemente, passou sem diagnóstico, foi mal diagnosticada ou, então,
incorretamente tratada.
Assim, a maioria dos adultos com TDAH apresenta sintomas similares
aos apresentados pelas crianças. São frequentemente inquietos, facilmente
distraídos, lutam para conseguir manter o nível de atenção, são impulsivos e
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impacientes. Suas dificuldades em manejar situações de “stress” levam a


grandes demonstrações de emoção. No ambiente de trabalho, é possível que
consigam alcançar boa posição profissional ou status compatível com sua
educação familiar ou habilidade intelectual.
Em sendo, a forma adulta do TDAH foi oficialmente reconhecida pela
Associação Americana de Psiquiatria em 1980, por ocasião da publicação do
Diagnostic and Statistical Manual - 3rd edition (DSM-III), persistindo este
diagnóstico na edição atual (DSM-IV). A Classificação Internacional de
Doenças (CID-10), em uso oficial no Brasil, não lista a forma adulta em seus
critérios. Ainda hoje, o diagnóstico de TDAH em adultos é motivo de alguns
embates (MATTOS et al., 2006).
Não obstante, estudos longitudinais demonstraram que o TDAH
persiste na vida adulta em torno de 60% a 70% dos casos (BARKLEY et al.,
2002 apud MATTOS et al., 2006), sendo as diferenças encontradas nas taxas
de remissão mais bem atribuídas às diferentes definições de TDAH ao longo do
tempo do que ao curso do transtorno ao longo da vida (BIEDERMAN et al.,
2000 apud MATTOS et al., 2006).
Embora o diagnóstico de TDAH em adultos ainda seja motivo de
embates, considera-se que ele possa ser realizado de modo confiável quando
são utilizados critérios bem definidos, tais como os empregados pelo sistema
DSM (SPENCER et al., 1994; 1998 apud MATTOS et al., 2006).
Nesse sentido, dentre os estudiosos do TDAH, encontramos em Paulo
Mattos e colaboradores, muitos estudos sobe o transtorno. O ilustre professor
doutor é membro do Centro de Neuropsicologia Aplicada (CNA), clínica
especializada em avaliação de crianças, adolescentes e adultos e coordenador
do Grupo de Estudos do Déficit de Atenção (GEDA) da Universidade Federal
do Rio de Janeiro.

Critérios para diagnóstico em adultos


Os sintomas que compõem a base dos sistemas CID-10, da
Organização Mundial de Saúde, e do DSM-IV para o diagnóstico de TDAH em
crianças e adolescentes são semelhantes. Entretanto, o CID-10 apresenta
diferenças importantes, que culminam num diagnóstico mais restritivo:

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a) Exige concomitância de sintomas de desatenção, hiperatividade e


impulsividade.
b) Exclui o diagnóstico na presença de comorbidade com ansiedade e
depressão.
c) Exige que os critérios sejam atendidos de modo pleno em cada um de
pelo menos dois contextos (MATTOS et al., 2006a).

Portanto, pacientes com tipo predominantemente desatento não são


diagnosticados pelo CID-10, em uso oficial no Brasil; mais ainda, utilizando-se
os critérios desse sistema, apenas os casos mais graves (conforme o sistema
DSM-IV) serão diagnosticados.
Dois sistemas diagnósticos são mais utilizados no diagnóstico de
TDAH em adultos: o de Wender-Utah e o DSM-IV, da Associação Americana
de Psiquiatria. Os critérios de Wender-Utah contribuíram de modo significativo
para a consolidação da validade da forma adulta do TDAH, tendo sua
consistência interna recentemente confirmada (MATTOS et al., 2006a).
Seus principais méritos foram:
a) Ter enfatizado a necessidade de demonstração de sintomas
remontando à infância.
b) Encorajar a coleta de dados com terceiros.
c) Ter enfatizado a necessidade de demonstração da presença de
impacto sócio ocupacional em adultos.

Apesar disso, os critérios de Utah possuem algumas limitações:


a) Não contemplam a forma predominantemente desatenta.
b) Excluem o diagnóstico de TDAH na presença de depressão maior
ou transtorno de personalidade antissocial (que, posteriormente,
demonstrou-se serem encontrados em comorbidade com TDAH).
c) Incluem os sintomas irritabilidade e temperamento explosivo,
considerados atualmente independentes do TDAH, o que,
potencialmente, contribui para diagnóstico apenas de casos mais
graves e/ou outros transtornos TDAH-símiles ou comórbidos.
(MATTOS et al., 2006a).
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No caso do DSM-IV, os sintomas clínicos apresentados foram


concebidos a partir de estudos de campo, com crianças e adolescentes de 07 a
17 anos, utilizando como ponto de corte seis entre nove sintomas de
desatenção e/ou seis entre nove sintomas de hiperatividade/impulsividade
(critério A). Este ponto de corte é considerado por alguns como restritivo para
uso em adultos. Mesmo assim, inúmeros estudos clínicos, farmacológicos,
genéticos e de neuroimagem utilizaram o DSM-IV, adaptando os sintomas ali
indicados (MATTOS et al., 2006a).
Para o diagnóstico de TDAH em adultos, recomenda-se, portanto:
a) O emprego de escalas (como a ASRS) e de entrevistas
semiestruturadas adaptadas (como o K-SADS-E), que já foram
utilizadas em nosso meio e que são baseadas nos critérios do
sistema diagnóstico do DSM-IV.
b) A coleta de dados com outras fontes de informação (pais, cônjuge,
outros familiares, etc.).
c) A identificação de um número mais alto de sintomas nucleares de
TDAH (desatenção, hiperatividade e impulsividade), como também
do seu início precoce e sua presença em diferentes contextos da
vida do indivíduo.
d) A identificação de comprometimento funcional significativo associado
aos sintomas, investigando diferentes áreas, tais como a
profissional, social, familiar, etc..
e) A decisão clínica dos sintomas não ser mais bem justificada por
outro(s) transtorno(s) psiquiátrico(s), que deve(m) ser investigado(s)
durante a avaliação clínica do indivíduo (MATTOS et al., 2006a).

Os sintomas em adultos
Os estudos atuais têm identificado vários sintomas em adultos com
diagnóstico de TDAH. Eles podem apresentar:
 Dificuldades com relações afetivas instáveis (separações, divórcios);
 Instabilidade profissional que persiste ao longo da vida;

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 Rendimentos abaixo de suas reais capacidades no trabalho e na


profissão;
 Falta de capacidade para manter a atenção por um período longo;
 Falta de organização (carente de disciplina);
 Insuficiente capacidade para cumprir o que se comprometem;
 Incapacidade para estabelecer cumprir uma rotina;
 Esquecimentos, perdas e descuidos importantes;
 Depressão e baixa autoestima;
 Dificuldades para pensar e se expressar com clareza;
 Tendência a atuar impulsivamente e interromper os outros;
 Dificuldades de escutar e esperar sua vez de falar;
 Frequentes acidentes automobilísticos devido à distração; frequente
consumo de álcool e abuso de substância (ROIZBLATT,
BUSTAMENTE; BACIGALUPO, 2003 apud LOPES; NASCIMENTO
BANDEIRA; 2005).

Além disso, existem ainda sintomas que permitem a identificação de


TDAH, mas não são considerados “oficiais”. É preciso lembrar, conforme
Mattos (2003), que estes devem aparecer de forma exacerbada: baixa
autoestima; sonolência diurna (dormir como uma pedra); “pavio curto” (mistura
de impulsividade e irritabilidade); necessidade de ler mais de uma vez para
“fixar” o que leu; dificuldade de levantar de manhã, de se “ativar” no início do
dia; adiamento constante das coisas; mudança de interesse o tempo todo;
intolerância a situações monótonas e repetitivas; busca constante por coisas
estimulantes ou diferentes e variações frequentes de humor.
Os sintomas listados no DSM-IV para o diagnóstico de crianças e
adolescentes foram adaptados para adultos na escala Adult Self-Report Scale
(ASRS, versão 1.1, disponível em:
http://www.hcp.med.harvard.edu/ncs/asrs.php), cuja calibração foi realizada
durante o National Comorbidity Survey-Replication (Kessler et al., 2005b), um
recente estudo epidemiológico norte-americano (MATTOS et al., 2006a).
A escala ASRS possui 18 itens que contemplam os sintomas do critério
A do DSM-IV modificados para o contexto da vida adulta, uma vez que vários
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itens dizem respeito a comportamentos próprios da infância ou da adolescência


(por exemplo, “correr e escalar”).
Algumas perguntas que endereçavam mais de um aspecto ou sintoma
(double barrel, em inglês) foram transformadas (por exemplo, “não seguir
instruções até o final e deixar suas tarefas sem terminar”). A ASRS oferece
cinco opções de resposta de frequência: nunca, raramente, algumas vezes,
frequentemente e muito frequentemente, conforme mostra a tabela, na próxima
página..
Embora haja controvérsias sobre o número de sintomas necessários
para o diagnóstico da forma adulta do TDAH, uma vez que o limite do DSM-IV
foi estabelecido com base em amostras de indivíduos entre 6 e 16 anos, a
maioria dos estudos clínicos utiliza esses critérios (MATTOS et al., 2011).
Em dois estudos com amostras não clínicas, a validade do diagnóstico
de TDAH em adultos demonstrou que indivíduos com maior número de
sintomas apresentaram indicadores piores de função e comprometimento
globais. Dada a única evidência de comprometimento acadêmico significativo
de TDAH, deve-se esperar, entre muitas outras, uma miríade de medições de
resultados piores para crianças com a doença (PASTURA; MATTOS;
PRUFFER, 2005).
Várias evidências cumulativas nos últimos anos revelaram altos níveis
de comprometimento funcional associado ao TDAH, que tem influência
potencialmente negativa na qualidade de vida (QoL). Apesar dessas
descobertas, até recentemente não foram desenvolvidos instrumentos para
captar indicadores de qualidade de vida em pacientes adultos com TDAH.
Estudos que adotam escalas amplamente utilizadas, como a SF-36, têm
indicado que apenas certas subescalas estavam relacionadas a remissão de
sintomas de TDAH, sugerindo que são necessários instrumentos mais
específicos para esses pacientes (MATTOS et al., 2011).
Tabela ASRS 18 itens – versão 1.1 – versão final em português

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Fonte: Mattos et al. (2006a, p. 192).

O Questionário de Qualidade de Vida em Adultos com TDAH (AAQoL)


foi desenvolvido com base na sistematização de dados sobre o impacto da
doença nas atividades diárias relatados por pacientes e especialistas e também
em informações coletadas da literatura científica. Na sua versão atual, o
AAQoL é uma escala do tipo Likert constituída por 29 itens distribuídos nas
quatro subescalas seguintes: Produtividade (11 itens), Saúde Psicológica (6
itens), Perspectivas de Vida (7 itens) e Relacionamentos (5 itens). No estudo

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original de validação da escala, a validade de constructo do AAQoL foi


confirmada em relação ao conjunto total dos seus itens, bem como em relação
as quatro dimensões (subescalas) do instrumento.
No estudo de validação da escala original, os pacientes com TDAH
apresentaram número maior de divórcios, taxas mais altas de desemprego e
renda média mais baixa, em comparação com o grupo controle pareado, que
são aspectos que ilustram um comprometimento mais acentuado nas
subescalas: Produtividade e Relacionamentos (MATTOS et al., 2011).
As escalas de qualidade de vida são particularmente importantes para
a avaliação da eficácia de terapias com ou sem medicamentos, uma vez que
os estudos de eficácia, de longe os mais comuns, proporcionam informações
sobre remissão sintomática com a terapia empregada, mas não indicam
alterações ocorridas no impacto de interrupção sobre diferentes áreas da vida
do paciente. Portanto, o propósito deste estudo é executar uma validação
semântica na língua portuguesa do instrumento Questionário de Qualidade de
Vida em Adulto com TDAH (AAQoL) em uma amostra de pacientes adultos
com TDAH.
Ambas as versões para a língua de origem revelaram boas medições
de equivalência para significado geral e referencial comparado com o
instrumento original; a concordância entre os pares (traduções-versões para a
língua de origem) variou um pouco na maioria dos 29 itens. As perguntas que
apresentaram menor concordância foram discutidas e redefinidas na etapa 3.
Entre elas, o item “Falta de tempo satisfatório” foi o que teve menos
concordância entre a tradução e a versão para a língua de origem e foi
discutido com o autor do documento original. O conceito de “tempo de
qualidade”, no documento original, revelou ser de correspondência difícil e
optou-se por utilizar a expressão “tempo satisfatório”, que tem um sentido mais
amplo do que apenas quantidade suficiente de tempo (MATTOS et al., 2011).
Na quarta etapa, esse item revelou ter sido bem compreendido pelos
pacientes. Na quarta etapa, o item “utilizando bem sua energia” não foi bem
compreendido por um pequeno número de pacientes, para quem o
questionamento direto pelo entrevistador (após a autoaplicação) revelou certa
confusão com relação ao sentido pretendido.
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HIPERATIVIDADE

Alguns indivíduos entenderam que os itens “Sente que você irrita as


pessoas” e “Sente que as pessoas estão frustradas com você” estavam
potencialmente correlacionados, mas ambos estavam incluídos no documento
original. O mesmo se pode dizer quanto aos itens “Sente-se sobrecarregado” e
“Sentiu-se chateado pelo fato de estar cansado”.
A versão final em língua portuguesa encontra-se na tabela abaixo.

Versão final em português da Adult ADHD Quality of Life Questionnaire


(AAQoL)
As perguntas a seguir referem-se ao impacto que o TDAH teve na sua
vida nas ÚLTIMAS 2 SEMANAS. Para cada pergunta, circule sua resposta.
Não existem respostas certas ou erradas.

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HIPERATIVIDADE

Fonte: Mattos et al. (2011, p. 89).

Vários estudos que mostram comprometimento significativo associado


a sintomas de TDAH em adultos, tais como os listados na DSM-IV, enfatizaram
a necessidade de investigar o impacto de tal comprometimento nos índices de
qualidade de vida de pacientes com esse transtorno. O uso de escalas mais
genéricas de qualidade de vida – como a SF-36 – em estudos com indivíduos
com TDAH demonstraram que apenas alguns índices estavam correlacionados

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HIPERATIVIDADE

com os sintomas desse transtorno, enfatizando a necessidade de instrumentos


mais específicos (MATTOS et al., 2011).
O AAQoL foi selecionado porque é um instrumento de aplicação fácil e
rápida, além de ter sido desenvolvido para investigar o impacto de sintomas de
TDAH na qualidade de vida de pacientes com essa doença. Assim, foram
utilizados itens que podem ser divididos em quatro subescalas, avaliando a
produtividade, saúde psicológica, perspectivas de vida e relacionamentos, que
são as áreas mais comumente afetadas em pacientes com TDAH e que tem
uma relação mais estreita com o TDAH do que com as áreas avaliadas pela
escala SF-36, tais como saúde física e dor, por exemplo.
A discussão com um número limitado de indivíduos deve ser sempre
considerada como uma limitação principal de estudos de validação semântica,
levando-se em conta a heterogeneidade sociocultural no Brasil. Quanto aos
estudos de qualidade de vida, outras formas de equivalência que não a
semântica – como, por exemplo, equivalência funcional – tem sido enfatizadas
por alguns autores; isso pode ser particularmente importante, uma vez que
qualidade de vida é um conceito amplamente sujeito a variações em diferentes
culturas (MATTOS et al, 2011).

Comorbidades
Falamos várias vezes desde o início da apostila em comorbidades,
sem darmos o devido conceito do temo e, em sendo, o faremos a seguir, de
forma clara, contendo o significado bem simples, porém, bem elaborado e
didático para aqueles que não têm domínio do termo.
Em sendo, comorbidades é um termo médico primeiramente utilizado
por Feinstein em 1970. A princípio o termo referia-se à ocorrência de duas
doenças distintas em um mesmo indivíduo, “uma doença adicional num
paciente com uma doença índice”.
O conceito atual refere-se à associação, mais que informal, mas
provavelmente não causal, entre uma doença ou transtorno índice e uma ou
mais patologias físicas ou psicológicas.
Comorbidade refere-se a “transtornos” (“problemas comportamentais e
psicológicos que diferem da normalidade”) e/ou “doenças” (bem definidas como
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entidades clínicas), não sintomas simultâneos, relacionados nas síndromes.


Porém, reconhecer comorbidades pode ser o passo inicial para a identificação
de “novas síndromes”.
Esclarecer a direção, o significado e o peso das comorbidades têm
implicações fisiopatológicas, evolutivas e terapêuticas.
No campo de psiquiatria, nós lidamos principalmente com transtornos e
não doenças, assim, a pesquisa e a abordagem clínica de comorbidades
precisam levar em consideração vários aspectos.
Primeiramente, é muito importante considerar o fator “tempo”. A
inferência da existência de inter-relações específicas e não casuais entre dois
ou mais transtornos depende da relação temporal existente entre esses
transtornos, se ocorreu em um mesmo momento “atual” ou “ao longo da vida”
(de forma concorrente ou sucessiva). A comorbidade atual refere-se à
presença simultânea de dois ou mais transtornos num mesmo período de
tempo. Ao “longo da vida” refere-se à ocorrência de transtornos ao longo de um
período de tempo que precisa ser especificado (seis meses, um ano ou toda a
vida). O conceito de comorbidade “sucessiva” refere-se à ocorrência de dois
transtornos ao longo do tempo e não simultaneamente (GUIDETTI; GALLI,
2012).
De uma forma geral, as pesquisas têm mostrado o TDAH associado a
outros diagnósticos. Para Rohde, Barbosa e colaboradores (2000), são altos os
índices de comorbidade entre TDAH e abuso ou dependência química na
adolescência e em adultos. Conforme este mesmo autor, o TDAH na infância é
um fator de risco para uso ou dependência de drogas na adolescência e idade
adulta. Além disso, a presença de comorbidades associadas ao TDAH, tais
como, transtorno do humor bipolar, depressão, transtornos de ansiedade,
abuso de álcool e drogas, aumentam o grau de comprometimento numa
significativa parcela de pessoas.
Resultados preliminares de um estudo com uma amostra considerada
pequena, frente à prevalência estimada do transtorno na população, indicam
que além do comprometimento associado aos sintomas básicos de
desatenção, hiperatividade e impulsividade, crianças e adolescentes
portadores de TDAH com significativa frequência podem apresentar
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HIPERATIVIDADE

comorbidade com outros transtornos psiquiátricos, o que aumenta


potencialmente o seu comprometimento funcional (SOUZA et al., 2001).
Tendo em vista que o TDAH é mais frequente no sexo masculino e
mais facilmente observado em crianças em idade escolar, os sintomas de
desatenção afetam o trabalho em sala de aula e o desempenho acadêmico.
Os sintomas de impulsividade também podem levar ao rompimento de
regras familiares, educacionais e interpessoais, especialmente na
adolescência.
Ao final da infância, os sinais de excessiva atividade motora ampla
passam a ser menos comum, podendo os sintomas de hiperatividade limitar-se
à inquietação ou uma sensação íntima de agitação ou nervosismo (LOPES;
NASCIMENTO; BANDEIRA, 2005).
Há revisões sistemáticas dos eventos adversos do metilfenidato em
crianças, adolescentes e adultos revelando um perfil seguro (PASTURA e
MATTOS, 2004), sendo os eventos mais comuns a insônia, a hiporexia com
perda ponderal, a irritabilidade e a cefaleia.
Os eventos adversos observados com o metilfenidato são dose-
dependentes e diminuem ou desaparecem com o tempo ou a diminuição da
dose. O metilfenidato parece ser seguro para utilização em pacientes
epilépticos e bipolares, desde que adequadamente tratados e com quadro
estável (SCHUBERT, 2005; WILENS et al., 2002 apud LOUZÃ; MATTOS
2007).

Transtornos psiquiátricos a serem considerados em adultos


Dentre os transtornos psiquiátricos a serem considerados no
diagnóstico diferencial de TDAH em Adultos (SEARIGHT, BURKE &
ROOTNEK, 2000 apud LOPES; NASCIMENTO; BANDEIRA, 2005) apontam os
seguintes:
a) Depressão Maior – tem como características similares ao TDAH
dificuldade de concentração, de atenção e de memória e dificuldade
na conclusão das tarefas. Como características distintas do TDAH, o

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HIPERATIVIDADE

humor disfórico constante ou anedonia, sonolência e perturbação do


apetite.
b) Transtorno do Humor Bipolar – as características similares do TDAH
são a hiperatividade, dificuldades em manter atenção e foco;
oscilações de humor. As características distintas são a disforia ou
humor eufórico, insônia e ilusões.
c) Transtorno de Ansiedade – demonstra características similares à
excitação e à dificuldade de concentração. Apresenta como
características distintas apreensão exagerada, preocupação e
sintomas somáticos de ansiedade.
d) Abuso de Substâncias ou Dependência Química – mostram como
características similares dificuldades com atenção, concentração,
memória e oscilações de humor. Como características distintas
apresentam um padrão patológico de uso de substâncias com
consequências sociais, tolerância e dependência psicológica.
e) Transtornos de Personalidade principalmente Borderline 19 e
Antissocial – evidenciam como características similares
impulsividade e labilidade afetiva e como características distintas,
histórias judiciais (Antissocial), comportamento auto prejudicial ou
suicida (Borderline), falta de reconhecimento de que o
comportamento é autodestrutivo.

Dos quadros clínicos, o que mais causa confusão com o TDAH é o


transtorno de humor bipolar. Lara (2004) explica que vários sintomas do TDAH
podem estar presentes na bipolaridade, mas há diferenciação, pois existem
aqueles que não são do déficit de atenção e da hiperatividade, mas aparecem
na direção da mania no paciente bipolar. São eles: intenso envolvimento em
atividades pontuais (sociais, afetivas, do trabalho e criativas), pensamento
rápido, diminuição da necessidade de sono, humor eufórico ou irritável,
manifestações de grandiosidade, autoestima elevada, comportamentos que

19
O termo “borderline” (limítrofe) deriva da classificação de Adolph Stern, que descreveu esta doença, na
década de 1930, como uma patologia que permanece no limite entre a neurose e a psicose. Pelo fato de o
termo carecer de especificidade, existe um debate atual sobre se esta doença deva ser renomeada.
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HIPERATIVIDADE

envolvem riscos. Se pouco desses sintomas surgirem sem motivo aparente por
mais de um dia pode sugerir bipolaridade em vez de déficit de atenção.
Por fim, afirma que a resposta à medicação é diferente. No caso do
TDAH, há significativa melhora do quadro quando se utiliza remédio
estimulante, como o metilfenidato, semelhante à anfetamina. A mesma
medicação em bipolares pode induzir sintomas de irritabilidade, mania e
agitação, e, se o paciente apresentar melhora neste caso, é transitória
(LOPES; NASCIMENTO; BANDEIRA, 2005).

A Avaliação
Diante das considerações acima, Gallagher e Blader (s.d apud LOPES,
NASCIMENTO; BANDEIRA, 2005) esboçaram nove componentes para uma
avaliação global de TDAH em adultos:
1) revisão de preocupações atuais.
2) avaliação do nível de funcionamento na infância e no adulto.
3) história psiquiátrica detalhada.
4) avaliação de história de adaptação psicossocial.
5) diagnóstico diferencial e avaliação de comorbidades.
6) avaliação das desordens físicas.
7) avaliação intelectual e das funções executivas.
8) avaliação neurológica e avaliação psicoeducacional.
9) avaliação e planejamento do tratamento.

A avaliação adequada consiste no atendimento com psicólogo,


neurologista ou psiquiatra. Uma avaliação mais abrangente como o uso de
escalas de sintomas e testes psicológicos para identificar deficiência cognitiva
pode colaborar no diagnóstico.
Dados de sua história de vida, no sentido de avaliar se as dificuldades
persistem desde a infância, também contribuem de forma significativa nessa
avaliação.

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HIPERATIVIDADE

Ainda, é importante verificar a presença ou não de comorbidades


(ansiedade, depressão, transtorno do humor, dificuldades de aprendizagem) e
fazer o diagnóstico diferencial que justifique os sintomas apresentados.
A história da pessoa deve ser investigada cuidadosamente,
entrevistando um ou mais membros da família, pois é bastante comum a f alta
de insight desses pacientes para o próprio comportamento. A vida escolar deve
ser bem examinada, embora não seja raro a pessoa, bem dotada
intelectualmente, compensar o déficit da atenção e ter bom rendimento nos
estudos. O transtorno não impede de forma absoluta a concentração, alguns
indivíduos são capazes de um bom desempenho na área do trabalho, por
exemplo, até em função do alto grau de interesse, porém em todos os outros
momentos a atenção pode falhar de forma desastrosa.
Nas entrevistas, o avaliador deve buscar o maior número possível de
dados sobre a história do desenvolvimento, sendo importante confirmar
informação com outras fontes, como os pais, cônjuge e boletins escolares. Os
sintomas devem estar constantemente presentes desde a infância. Ainda nas
entrevistas, é necessário investigar o impacto dos sintomas do TDAH na vida
profissional e escolar e nos relacionamentos afetivos. Como muitas das
dificuldades aparecem na área profissional, deve-se avaliar a atenção, a
concentração, a distrabilidade e a memória de curto prazo analisando o
paciente ao executar tarefas no seu trabalho. E para concluir, avaliar a
presença de outras desordens psiquiátricas e abuso de substância.
Como se pode ver, o processo de avaliação do TDAH caracteriza-se,
principalmente, por ser tipicamente clínico. Baseia-se nos critérios diagnósticos
do DSM-IV, que os estudiosos no assunto adaptaram para a vida adulta.
Contudo, os estudos mostram avanços que, espera-se, sejam considerados na
próxima edição deste manual. Trata-se de um processo complexo e trabalhoso
visto que muitas comorbidades se apresentam com a mesma sintomatologia do
TDAH. É uma avaliação multifatorial que visa coletar uma série de informações,
analisar as mais pertinentes com o TDAH para poder chegar num diagnóstico
final. Os sintomas apresentados referentes às comorbidades não devem ser
desconsiderados, pois um adulto com TDAH pode ser tratado
concomitantemente com outros transtornos.
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HIPERATIVIDADE

Os adultos que são encaminhados para avaliação muitas vezes se


apresentam com um quadro “florido”, isto é, demonstram uma série de
sintomas que são pertinentes também a outros transtornos dificultando a
identificação e, consequentemente, o processo de avaliação. Para o psicólogo,
então, é de grande valia o uso de testes psicológicos nessa avaliação clínica
(LOPES; NASCIMENTO; BANDEIRA, 2005).

Idade de início dos sintomas


Tanto a CID-10 quanto o DSM-IV exigem, para o diagnóstico, que
alguns dos sintomas estejam presentes desde antes dos 07 anos de idade.
Entretanto, alguns estudos sugerem que a idade de início pode ser menos
importante, principalmente no subtipo desatento (APPLEGATE et al., 1997;
WILLOUGHBY et al., 2000). Muitos estudos utilizam 12 anos como critério de
idade de início dos sintomas. Hesslinger et al. (2003) demonstraram que não
há diferença entre o início precoce ou tardio nos grupos de TDAH em termos
de psicopatologia ou comorbidade psiquiátrica. Em estudo realizado em nosso
meio, Rohde et al. (2000) demonstraram que adolescentes que atendiam aos
critérios para TDAH, exceto pela idade de início, apresentavam perfis
semelhantes aos de adolescentes que atendiam a todos os critérios para o
diagnóstico (incluindo idade de início). Na mesma linha, alguns autores
defendem a ideia de que esse critério deva ser estendido ou mesmo
abandonado, ante a ausência de estudos que o validem (BARKLEY e
BIEDERMAN, 1997).

Fidedignidade do autorrelato para sintomas pretéritos


Ao contrário da avaliação de TDAH em jovens na qual relatos de pais e
professores são de extrema importância, a avaliação em adultos é baseada
primordialmente no autorrelato. Existem algumas dúvidas quanto à
confiabilidade do autorrelato dos sintomas de TDAH – principalmente para os
sintomas pretéritos, como os exigidos para o diagnóstico – devido aos vieses
de resgate das informações com o passar do tempo, comprometimento de

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HIPERATIVIDADE

memória e ausência de juízo crítico por parte dos portadores (WEISS e


MURRAY, 2003).
No primeiro estudo sobre recordação da sintomatologia, Ward et al.
(1993) demonstraram uma correlação moderada entre o relato do paciente
adulto de TDAH e o relato de seus familiares sobre os sintomas da infância
utilizando a Wender Utah Rating Scale. Posteriormente, Henry et al. (1994)
demonstraram que o autorrelato sobre os sintomas de hiperatividade na
infância tinha uma fraca correlação com os dados obtidos com familiares e
professores. Estudo mais recente demonstrou uma correlação positiva entre o
autorrelato e o relato de familiares (MURPHY e SCHARCHAR, 2000).
Mais recentemente, Mannuzza et al. (2002) sugeriram que a
recordação dos pacientes sobre a sintomatologia na infância pode ser válida
sempre que um número elevado de sintomas seja esperado, como em centros
especializados para tratamento de TDAH, mas o mesmo pode não ocorrer em
estudos epidemiológicos. Resultados semelhantes foram encontrados em
estudo realizado com amostra clínica em nosso meio, no qual o relato de
adultos portadores de TDAH se correlacionava moderadamente ao de seus
pais para a presença de diagnóstico de TDAH durante a infância (DIAS et al., in
press). Esses dois últimos estudos parecem ser de fundamental importância
para a prática clínica, uma vez que a demonstração de correlação moderada a
alta entre diferentes informantes ocorreu justamente nos estudos que
representavam ambientes, frequentemente, encontrados no dia-a-dia clínico.

Número de sintomas necessários para o diagnóstico em adultos


O diagnóstico de TDAH em adultos apresenta diversas controvérsias
inerentes à própria descrição dos sintomas do transtorno nessa faixa. Embora
tenham sido pesquisados e validados em populações infantis, os sintomas
descritos pelo DSM-IV e pela CID-10 são claramente inadequados para
adultos.
Na tentativa de melhor ajustar esses sintomas à realidade dos adultos,
diversos pesquisadores tentam modificar a forma de pesquisá-los, formulando
perguntas mais adequadas às suas rotinas. Dessa forma, questões como "com
que frequência você escala coisas, muro etc.?" são modificadas para "com que
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HIPERATIVIDADE

frequência você se sente inquieto?". Além da crítica mais óbvia de que grande
parte das perguntas validadas para crianças não possui um correspondente
para adultos, especialistas em TDAH questionam se os mesmos sintomas
pesquisados em crianças estariam presentes em adultos. Embora
compartilhem uma base psicopatológica parecida, é muito provável que alguns
sintomas sejam específicos de crianças e outros, de adultos. Pensando assim,
haveria uma evolução clínica do transtorno com o passar dos anos, sendo
inadequado utilizar entrevistas formuladas para crianças em adultos.
Outra crítica pertinente à avaliação dos sintomas de TDAH em adultos
consiste em qual ponto de corte deve ser considerado. Nos estudos infantis,
seis sintomas de desatenção e/ou hiperatividade e impulsividade são
necessários. Para adultos não existem estudos suficientes que definam com
precisão esse ponto de corte. Muitos pesquisadores utilizam o mesmo, mas
essa decisão parece deixar muitos portadores sem o diagnóstico. Dessa forma,
selecionam-se apenas os pacientes mais sintomáticos, excluindo outros
possivelmente tão comprometidos, ou mais, que os primeiros.
Outros consideram pontos de corte mais baixos para adultos, como
Kooij et al. (2005), que demonstraram que adultos com quatro ou mais
sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade apresentavam maior
comprometimento psicossocial do que indivíduos com três ou menos sintomas,
mesmo após controle de outras variáveis. Na mesma linha, Faraone et al.
(2006b) propuseram um ponto de corte de três sintomas em ao menos uma
das dimensões sintomáticas (desatenção e hiperatividade/impulsividade),
porém respeitando o critério de início dos sintomas (alguns dos sintomas
devem ter início antes dos 7 anos de idade). Os achados demonstraram que
esses indivíduos não apresentavam perfil de comorbidades e
comprometimento funcional semelhante ao observado em portadores de
TDAH, sugerindo haver pouca validade dessa forma subliminar do transtorno.
Essa dificuldade de avaliação de frequência e gravidade de sintomas
(incluindo aí a avaliação de comprometimento clínico descrita anteriormente) é
um dos confundidores presentes nas entrevistas clínicas para TDAH. Não
existe, necessariamente, uma correlação entre número de sintomas, frequência
e sua gravidade. Uma das tentativas mais atuais para se tentar minimizar esse
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TDAH: TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM
HIPERATIVIDADE

problema é atribuir uma pontuação a cada sintoma, a partir da frequência de


ocorrência destes. Assim, "nunca" codifica o valor "0" e "muito
frequentemente", o valor "4". Frequências intermediárias codificam os valores
"1", "2" e "3". A soma desses valores representa os escores para desatenção e
hiperatividade/impulsividade, e a soma destes, o escore global do paciente.
Esse artifício permite avaliar o TDAH como um fenômeno dimensional, em
contraposição à avaliação tradicional categorial.
A avaliação dimensional de sintomas psiquiátricos não é restrita ao
TDAH. Em estudos de ansiedade, humor e personalidade, modelos
dimensionais já são muito utilizados (KUPFER, 2005). Para o diagnóstico de
TDAH, o ASRS-18 (Adult Self-Report Scale for ADHD) pode ser uma
ferramenta útil e que apresenta adaptação transcultural disponível para
utilização em nosso meio (MATTOS et al., 2006b).
Ainda não existem respostas definitivas para avaliação de sintomas de
TDAH em adultos. As principais questões descritas ainda necessitam de
estudos mais precisos para ser bem respondidas. Porém, algumas pesquisas
já apontam para a necessidade de uma descrição mais adequada do quadro
clínico do TDAH em adultos, bem como de uma avaliação mais precisa sobre o
melhor ponto de corte utilizado. O modelo de avaliação dimensional do TDAH
pode trazer novos achados significativos para o estudo em adultos.

O comprometimento em ao menos dois contextos


Para o diagnóstico, o critério C do DSM-IV (APA, 1994) requer que os
sintomas provoquem algum prejuízo em pelo menos dois contextos. O
comprometimento deve ser investigado em situações e contextos específicos
da vida adulta. Avalia-se o funcionamento dentro de uma sociedade maior e
mais organizada (por meio da avaliação da participação em situações de
representação e coordenação de grupos, direção de veículos, administração de
finanças, planejamento de atividades e compromissos, por exemplo);
funcionamento conjugal e parental; e a capacidade de organizar e manter
cuidados com a própria saúde. O critério C falha em refletir a complexidade de
situações a ser explorada, buscando expressões de comprometimento
funcional (MCGOUGH e BARKLEY, 2004).

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Existem algumas dificuldades na avaliação do comprometimento


provocado por um sintoma, uma vez que a disfunção pode não ocorrer no
mesmo nível em todos os contextos ou no mesmo contexto em todos os
momentos. É comum que os sintomas variem de gravidade de acordo com as
demandas ambientais. Os sintomas pioram em situações que demandam
atenção, concentração ou que sejam desinteressantes para o indivíduo.
Indivíduos sem TDAH também podem apresentar alguma desatenção e
inquietude em situações tediosas, porém, no TDAH, os sintomas são mais
expressivos e podem ocorrer mesmo em situações de lazer.
O grau de resiliência oferecido pelo ambiente (escola, família, trabalho)
pode influenciar no grau de comprometimento apresentado ou percebido por
portadores do TDAH. Uma pessoa pode apresentar um sintoma com forte
expressão e não reconhecer comprometimento devido ao controle externo do
sintoma (desorganização ou dificuldade de planejamento, por exemplo) por um
familiar. Ainda é questionável se a presença de comprometimento apenas
numa situação de demanda externa incomum (ao se estudar para um difícil
concurso, por exemplo) representa comprometimento. Também existe dúvida
se os pacientes que reconhecem a presença dos sintomas e criam elaboradas
estratégias para controlá-los apresentam comprometimento. Apesar de não
apresentarem prejuízos associados aos sintomas, esses pacientes apresentam
importantes limitações em suas atividades diárias para conseguir um
funcionamento normal e poderiam apresentar melhora na qualidade de vida
com o tratamento destas.

O Tratamento farmacológico
As estratégias de tratamento do TDAH em adultos derivam em parte da
extrapolação dos estudos feitos em crianças e, em parte, dos estudos clínicos
realizados em amostras de adultos. É importante definir os alvos do tratamento,
que muitas vezes ultrapassam os sintomas primários do TDAH, especialmente
se tratando de indivíduos adultos: o longo histórico de comprometimento
funcional pode se associar a diversos aspectos que não são abordados por
farmacoterapia isoladamente.

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Tal como em outros transtornos, a dose inicial da medicação deve ser


mais baixa, sendo ajustada gradualmente conforme a resposta clínica do
paciente. Deve-se buscar a remissão total do TDAH (e comorbidades) ou
chegar à maior dose tolerada pelo paciente (WEISS e WEISS, 2004 apud
LOUZÃ; MATTOS, 2007).
O tratamento farmacológico do TDAH em adultos é feito com três
grupos de medicamentos: os psicoestimulantes, os antidepressivos e a
atomoxetina. Os psicoestimulantes são considerados como a primeira escolha.
Embora não existam estudos controlados de imipramina ou nortriptilina
no tratamento de TDAH adulto (WILENS et al., 1995 apud LOUZÃ; MATTOS,
2007), esses antidepressivos, juntamente com a desipramina (não disponível
no Brasil), têm sido utilizados no tratamento de adultos com TDAH. Sua
eficácia é inferior a dos psicoestimulantes, mas podem ter seu emprego
experimentado naqueles pacientes que não responderam aos
psicoestimulantes ou não toleraram seus efeitos colaterais (SPENCER et al.,
2004b apud LOUZÃ; MATTOS, 2007). A bupropiona também foi investigada no
tratamento de adultos com TDAH, porém sua eficácia revelou-se inferior a dos
estimulantes (SEGENREICH e MATTOS, 2004; WILLENS et al., 2005 apud
LOUZÃ; MATTOS, 2007). Outro antidepressivo estudado foi a venlafaxina, cuja
eficácia também se revelou inferior à dos psicoestimulantes (GUITMAN et al.,
2001 apud LOUZÃ; MATTOS, 2007).
A atomoxetina (ainda não disponível no Brasil, exceto por importação)
é um medicamento não-psicoestimulante, potente inibidor da recaptura de
noradrenalina, com eficácia demonstrada em estudos controlados com adultos
(MICHELSON et al., 2003 apud LOUZÃ; MATTOS, 2007), embora esta seja
inferior a dos psicoestimulantes. Seu uso pode estar indicado nos casos em
que exista histórico ou grande potencial de abuso dos estimulantes.
O grupo dos psicoestimulantes é composto de sais de anfetaminas
(ainda não disponíveis no Brasil) e do metilfenidato, sendo esta a substância
mais frequentemente utilizada no tratamento de TDAH, seja na infância e
adolescência, seja na vida adulta (FARAONE et al., 2006 apud LOUZÃ;
MATTOS, 2007).

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No Brasil, o metilfenidato está disponível em três formulações, sendo


duas de ação mais prolongada. A formulação de liberação imediata exige o uso
de várias tomadas ao longo do dia, por causa de sua rápida metabolização e
eliminação.
As formulações de liberação prolongada facilitam a posologia, tendo
sua farmacocinética em humanos sido extensivamente estudada (WOLRAICH
e DOFFING, 2004; LYSENG-WILLIAMSON e KEATING, 2002; VOLKOW et al.,
1998; SPENCER et al., 2006 apud LOUZÃ; MATTOS, 2007). As duas
formulações de liberação prolongada disponíveis no país não têm perfis
farmacocinéticos semelhantes, sendo as curvas de concentração sérica e
duração de ação diferentes entre si, conforme Tabela abaixo.

Formulação de metilfenidato disponíveis no Brasil

Fonte: LOUZÃ; MATTOS (2007, p. 54).

As formulações de liberação prolongada são consideradas, além de


mais práticas, mais seguras, pois diminuem o risco do efeito de reforço
causado por súbitos aumentos do nível plasmático de metilfenidato, reduzindo
o potencial de abuso ao mesmo tempo que mantém a ação terapêutica
(VOLKOW, 2006 apud LOUZÃ; MATTOS, 2007).
Em sendo, vale rever e ressaltar que, o Transtorno do Déficit de
Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas
genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo
por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude
e impulsividade. Às vezes chamado de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção) e
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HIPERATIVIDADE

em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD (SILVARES,


2000).
Esse transtorno envolve a apresentação de níveis acima da média de
desatenção (pessoa muito distraída), impulsividade e hiperatividade (pessoa
muito ativa, por vezes agitada, bem além do comum). É um transtorno de início
precoce, ou seja, os sintomas geralmente se apresentam antes dos sete anos,
e são notáveis na maioria dos ambientes como lar, escola e comunidade.
Além disso, as crianças com esse transtorno têm um risco acima da
média de apresentarem problemas educacionais, comportamentais e sócio
emocionais.
Ansiedade, inquietação, euforia e distração frequentes podem significar
mais do que uma fase na vida de uma criança: os exageros de conduta
diferenciam quem vive um momento atípico daqueles que sofrem de TDAH,
doença precoce e crônica que provoca falhas nas funções do cérebro
responsáveis pela atenção e memória.
De origem genética, o TDAH tem como fatores predominantes, e não
necessariamente simultâneos, a desatenção, a impulsividade e a
hiperatividade, além de influências externas relevantes, como traumas inclusive
cerebrais, infecções, desnutrição ou dependência química dos pais.
No caso das crianças, o TDAH pode aparecer desde a gravidez,
quando o bebê se mexe além do normal, ou durante o crescimento, no máximo
até os sete anos de idade. Se a pessoa não for tratada desde cedo à base de
estimulantes, antidepressivos e terapias, na fase adulta poderá ter sintomas de
distração, falta de concentração e deficiência na coordenação de ideias ainda
mais acentuadas.
O psiquiatra da infância e da adolescência do Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas Ênio Roberto de Andrade (2000), explica que 30% a 70%
dos indivíduos que sofrem dessa doença tomam medicamentos por toda a
vida. “Como as causas e os efeitos são de difícil diagnóstico, o tratamento não
é voltado para a cura da doença, mas para a remissão”, diz. Quando se pensa
em TDAH, a responsabilidade sobre a causa recai sobre toxinas, problemas no
desenvolvimento, alimentação, ferimentos ou malformação, problemas
hereditários e familiares. Já foi sugerido que essas possíveis causas afetam o
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HIPERATIVIDADE

funcionamento do cérebro e, como tal, o TDAH pode ser considerado um


distúrbio funcional do cérebro.
Pesquisas mostram diferenças significativas na estrutura e no
funcionamento do cérebro de pessoas com TDAH, particularmente nas áreas
do hemisfério direito do cérebro, no córtex pré-frontal, gânglios da base, corpo
caloso e cerebelo. Esses estudos estruturais e metabólicos somados a estudos
genéticos e sobre a família, bem como as pesquisas sobre reação a drogas,
demonstram claramente que o TDAH é um transtorno neurobiológico. Apesar
da intensidade dos problemas enfrentados pelos portadores do TDAH variar de
acordo com suas experiências de vida, está claro que a genética é o fator
básico na determinação do aparecimento dos sintomas do TDAH.
O diagnóstico do TDAH é um processo de múltiplas facetas. Diversos
problemas biológicos e psicológicos podem contribuir para a manifestação de
sintomas similares apresentados por pessoas com TDAH. Por exemplo: a falta
de atenção é uma das características do processo de depressão. Impulsividade
é uma descrição típica de delinquência.
O diagnóstico de TDAH pede uma avaliação ampla. Não se pode
deixar de considerar e avaliar outras causas para o problema, assim é preciso
estar atento à presença de distúrbios concomitantes. O aspecto mais
importante do processo de diagnóstico é um cuidadoso histórico clínico e
desenvolvimental. A avaliação do TDAH inclui, frequentemente, um
levantamento do funcionamento intelectual, acadêmico, social e emocional. O
exame médico também é importante para esclarecer possíveis causas de
sintomas semelhantes aos do TDAH (por exemplo: reação adversa à
medicação, problema de tireoide, etc.).
O processo de diagnóstico deve incluir dados recolhidos com
professores e outros adultos que de alguma maneira, interagem de maneira
rotineira com a pessoa que está sendo avaliada. Embora se tenha tornado
prática popular testar algumas habilidades como resolução de problemas,
trabalhos de computação e outras, a validade dessa prática, bem como sua
contribuição adicional a um diagnóstico correto, continuam a ser analisadas
pelos pesquisadores.

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HIPERATIVIDADE

No diagnóstico de adultos com TDAH, mais importante ainda é


conseguir o histórico cuidadoso da infância, do desempenho acadêmico, dos
problemas comportamentais e profissionais. À medida que aumenta o
reconhecimento de que o transtorno é permanente durante a vida da pessoa,
os métodos e questionários relacionados com o diagnóstico de um adulto com
TDAH estão sendo padronizados e tornados cada vez mais acessíveis.
Há algumas diferenças notáveis entre um portador de TDAH e um,
mero mal-educado. O portador de TDAH continua agitado diante de situações
novas, isto é, não consegue controlar seus sintomas. Já o mal-educado,
primeiro avalia bem o terreno e manipula situações buscando obter vantagens
sobre os outros.

Diagnósticos apressados e equivocados têm feito


pessoas mal-educadas ficarem à vontade para serem mal
educadas sob o pretexto de que estão dominadas pelo
TDAH. O fato de serem consideradas doentes facilita a
aceitação de seu comportamento impróprio (TIBA, 2002,
p. 152).

É mais fácil agir sem a necessária adequação de ser humano e cair na


escala animal liberando tudo o que se tem vontade de fazer “[...] Concentrar-se
dá trabalho. Exige esforço mental” (TIBA, 2002, p.152). Como a criança não
suporta isso, começa a se agitar, a prestar atenção em outra coisa.
Antes dos pais lidarem com o filho como apenas um mal-educado, ou
como um portador do TDAH, é importante que consulte um médico e recebam
a orientação correta, base fundamental da boa educação.
“Tanto o portador de TDAH como o mal-educado são irritáveis por falta de
capacidade de esperar. A espera é um exercício” (TIBA, 2002, p. 153).

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ANEXO 01

Uma pesquisa realizada por Rossi e Rodrigues (2009) procurou


descrever como professores de ensino fundamental identificam e definem
TDAH.
O Inventário para Identificação de Sintomas de TDAH constou de duas
partes: na primeira, havia um espaço para os dados demográficos do professor
e, na segunda, cinquenta afirmações, sendo trinta sobre sintomas de TDA,
TDH e TDAH e vinte de outras patologias, contendo espaço para a anotação
da resposta pelo professor (questionário abaixo). Esse inventário foi elaborado
especialmente para essa pesquisa a partir dos comportamentos descritos no
DSM-IV (2002) e contou com a participação de um professor da disciplina de
Psicopatologia da Unesp-Bauru.
A aplicação do Inventário para Identificação de Sintomas de TDAH
para os professores de duas escolas de Ensino Fundamental de uma cidade
paulista de pequeno porte mostrou que os professores, no geral, sabem muito
pouco diferenciar os sintomas para TDAH. Considerando o desempenho dos
professores das duas escolas no Inventário, percebe-se um melhor
desempenho dos professores da Escola 1, pois 50% deles acertaram de 71% a

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80% das questões. Já na Escola 2, a maioria dos professores (58%) acertou de


61% a 70% das questões do Inventário. Em ambas as escolas, apenas um
professor de cada (5%) acertou acima de 80%. Os resultados parecem indicar
que os professores da Escola 1 são mais informados e confundem menos o
TDAH com outras psicopatologias, porém, em ambas as escolas não houve um
número significativo de acertos que demonstre domínio em identificar e
diferenciar o TDAH.
A análise da quantidade de acertos por questão mostrou que não há
um conjunto expressivo de comportamentos sobre TDAH ou ainda sobre outras
patologias que os professores dominem. Variaram muito os acertos para cada
questão. Das questões, em apenas três delas os professores apresentaram
consenso.
Analisando em separado as questões referentes à TDA, TDH, TDAH e
outras patologias, observou-se que os professores acertaram mais sobre TDH
e menos sobre TDAH. Os da Escola 1 foram mais competentes que os
professores da Escola 2 ao identificar os sintomas de TDA, que identificaram
melhor “outras patologias”.
A análise das definições de TDAH foi feita para o conjunto dos
professores (39) sem especificar as escolas. Observa-se que as definições se
referem aos excessos comportamentais (exemplo: “agitado, inquieto...”),
consequências destes na aprendizagem ou em relacionamentos sociais
(exemplo: “prejudica o relacionamento social e irrita os colegas”) e
comportamentos diretamente relacionados com a aprendizagem (exemplo:
“não presta atenção”). Nas definições, observou-se que, pelo menos
parcialmente, a maioria dos professores define o TDAH. Porém, ainda são
definições incompletas, que demonstram conhecimento da questão pautando-
se pelo senso comum.
Nota-se neste estudo que os professores da Escola 2 são mais jovens
e participam mais de cursos rápidos (99%) e de especialização (47%) do que
os professores da Escola 1. Apesar de mostrarem-se mais ativos e
empenhados na busca de conhecimentos, os professores da Escola 2
mostraram piores desempenhos em todos os instrumentos neste estudo.

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Os autores ainda enfatizam que o TDAH permanece mal compreendido


e controverso nas informações do público em geral e das autoridades
educacionais.
Para eles, a dificuldade começa na identificação e encaminhamento
adequado dos alunos com TDAH, principalmente porque o transtorno não está
descrito de maneira objetiva quanto à sua delimitação e ao uso de critérios
para se fazer o diagnóstico, influenciando os dados da prevalência (que variam
nos diferentes países: EUA, Nova Zelândia, Alemanha, Inglaterra, Taiwan,
Itália, dentre outros).
Jensen (2000 apud ROSSI; RODRIGUES, 2009), ao descrever os
obstáculos que dificultam sua apropriada identificação e a obtenção de dados
cientificamente válidos sobre sua evolução, etiologia, prevalência e tratamento,
questiona: será que o TDAH deve ser conceitualizado como transtorno ou faz
parte do extremo de um continuum do desenvolvimento normal? Condemarín
et al. (2006) relataram que, ainda hoje, não há um consenso entre profissionais
que trabalham no campo da psicopatologia infantil a respeito da prevalência
exata do TDAH na população, apesar de ser considerado um dos transtornos
mais comuns da infância. A autora relata que os dados variam segundo o
investigador, o local, os critérios diagnósticos empregados, as fontes de
informação, bem como o conceito e definição de TDAH. Segundo a autora, no
Reino Unido, a incidência é inferior a 5%. Por outro lado, nos Estados Unidos e
Canadá, Szatmari et al. (1989 apud ROSSI; RODRIGUES, 2009) afirmaram
que o problema ocupa cerca de 30% das consultas de saúde infantil.
Apesar de existirem prevalências tão diferentes, em geral, há algum
consenso de que a prevalência está próxima de 5% da população infantil, com
um predomínio de 3:1 (meninos para meninas), embora isso varie segundo a
idade e nível socioeconômico (CONDEMARÍN et al., 2006).
Fica aqui a dica para vocês: o ponto de partida, então, é informar,
ensinar e orientar o professor sobre o que é TDAH, suas causas, diagnóstico,
prevalência, enfim, tudo o que esclareça o professor sobre o assunto e, tão
importante quanto, fornecer subsídios, por meio de técnicas cognitivo-
comportamentais, para que ele possa atuar (fornecer ajuda, incentivo e apoio)

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com esse aluno que apresenta comportamentos inadequados e/ou dificuldades


escolares.

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ANEXO 02

INVENTÁRIO PARA IDENTIFICAÇÃO DE SINTOMAS DO TDAH

ROSSI, Liene Regina; RODRIGUES, Olga M. Piazentin Rolim; JUNIOR,


Amauri Gouveia.

Nome do Professor:
______________________________________________________
Ano que leciona: _______________ Há quanto tempo nesse ano:
__________________
Escola:
_______________________________________________________________
_
Idade: ________________________ Tempo de profissão:
_______________________
Formação:
( ) Magistério
( ) Pedagogia
( ) Pós-Graduação
( ) Outros: Quais
________________________________________________________
Tem cursos de formação continuada? Quais?
_______________________________________________________________
_______
_______________________________________________________________
_______

A seguir, há uma série de descrições de comportamentos frequentemente


apresentados pelos alunos na escola, dentre eles os comportamentos
referentes a crianças que possuem o TDAH. Faça um “X” nos itens que
correspondem ao TDAH:

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1. ( ) Não presta atenção em detalhes ou comete erros por omissões em


atividades escolares, de trabalho ou outras.
2. ( ) Funcionamento intelectual significativamente inferior à média.
3. ( ) As habilidades de escrita estão acentuadamente abaixo do nível
esperado.
4. ( ) Comprometimento qualitativo da interação social, da comunicação e
padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades.
5. ( ) Dificuldade para manter a atenção nas tarefas e atividades lúdicas.
6. ( ) Abandona sua carteira em sala de aula ou outras situações nas quais se
espera que permaneça sentado.
7. ( ) Falta de flexibilidade, é imprevisível.
8. ( ) Fracasso em usar os sons da fala esperados para o estágio do
desenvolvimento.
9. ( ) Não segue instruções e não termina seus deveres escolares.
10. ( ) Agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira.
11. ( ) Fala em demasia.
12. ( ) Comprometimento grave e persistente da interação social, interesses e
atividades.
13. ( ) Difícil de agradar.
14. ( ) Medo acentuado e persistente de uma ou mais situações sociais ou de
desempenho, nas quais a criança é exposta a pessoas estranhas. A ansiedade
é expressa por choro, ataques de raiva, imobilidade ou afastamento de
situações.
15. ( ) É facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa.
16. ( ) Age como se estivesse a “todo o vapor”.
17. ( ) O desempenho em atividades diárias que exigem coordenação motora
está substancialmente abaixo do nível esperado, considerando a idade
cronológica e a inteligência medida do indivíduo.
18. ( ) Não aprende com erros passados.
19. ( ) Dificuldades de linguagem receptiva e expressiva que acabam
interferindo significativamente no rendimento escolar ou na comunicação
social.
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20. ( ) Rendimento em leitura está acentuadamente abaixo do nível esperado.


21. ( ) Parece não ouvir quando lhe dirigem a palavra.
22. ( ) Dificuldade para organizar tarefas e atividades.
23. ( ) Corre ou escala em demasia, em situações impróprias.
24. ( ) Não tem noção de perigo.
25. ( ) Comportamento motor repetitivo, não funcional e aparentemente
intencional, comportamento que interfere acentuadamente nas atividades
normais ou provoca lesão corporal autoinfligida que exige tratamento médico.
26. ( ) Fica aborrecida com atividades não estimulantes ou rotineiras.
27. ( ) Apresenta percepção sensorial diminuída.
28. ( ) Tiques motores e/ou vocais, isolados ou múltiplos (i.e, movimentos ou
vocalizações súbitas, rápidas, recorrentes, não rítmicas e estereotipadas).
29. ( ) Capacidade matemática está acentuadamente abaixo do nível Esperado.
30. ( ) Evita, demonstra ojeriza ou reluta em envolver-se em tarefas que exijam
esforço mental constante.
31. ( ) Perde as coisas necessárias para tarefas ou atividades.
32. ( ) Agressividade.
33. ( ) Dificuldade para aguardar sua vez.
34. ( ) Perturbação na fluência e no ritmo da fala: repetição de sons e sílabas,
repetições de palavras monossílabas completas, palavras truncadas, dentre
outras, que acabam atrapalhando o rendimento escolar.
35. ( ) Apresenta esquecimento em atividades diárias.
36. ( ) Comportamentos incendiário e proposital em mais de uma ocasião.
Tensão ou excitação afetiva antes do ato.
37. ( ) Dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades
de lazer.
38. ( ) Dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido
completamente formuladas.
39. ( ) Interrompe ou se intromete em assuntos alheios.
40. ( ) Perturbação persistente da personalidade que envolve um acentuado
desvio do desenvolvimento normal.
41. ( ) Dificuldade em terminar uma atividade ou trabalho.

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42. ( ) Déficits ou comprometimentos no funcionamento adaptativo atual em


pelo menos duas das seguintes áreas: comunicação, cuidados pessoais, vida
doméstica, habilidades sociais/interpessoais, uso de recursos comunitários,
independência, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança.
43. ( ) Fracasso persistente para falar em situações sociais específicas (ex. na
escola), apesar de falar em outras situações.
44. ( ) Apresenta problemas de sono.
45. ( ) Frustra-se com facilidade.
46. ( ) Perturbação da linguagem expressiva que pode manifestar-se por
sintomas que incluem um vocabulário acentuadamente limitado, erros nos
tempos verbais ou dificuldades com a evocação de palavras ou com a
produção de frases de extensão ou complexidade próprias do estágio evolutivo.
47. ( ) Não reconhece os limites dos outros.
48. ( ) Fracasso recorrente em resistir a impulsos de furtar objetos
desnecessários para o uso pessoal ou destituídos de valor monetário.
49. ( ) Apresenta comportamento recorrente de arrancar os cabelos, resultando
em perda capilar perceptível.
50. ( ) Dificuldade de relacionamento com colegas e nos estudos.

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