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Cadernos PDE
VOLUME II
2007
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS
DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
Produção Didático-Pedagógica
PROFESSORA PDE: LILIAN HIGINIO PESSUTI
ORIENTADORA/ORGANIZADORA: JOSETH JARDIM MARTINS
Curitiba - PR
2008
Eu vivo sempre no mundo da lua.
Porque sou um cientista, o meu papo é
futurista, é lunático. Tenho alma de artista,
sou um gênio sonhador e romântico.
Porque sou aventureiro desde o meu
primeiro passo pro infinito. Porque sou
inteligente se você quer vir com a gente,
venha que será um barato. Pegar carona
nessa cauda de cometa, ver a Via Láctea,
estrada tão bonita, brincar de esconde-
esconde numa nebulosa. Voltar pra casa
no nosso lindo balão azul.
APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 05
1. O QUE É O TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE
(TDAH)? ................................................................................................................... 07
2. QUAIS AS POSSÍVEIS CAUSAS DO TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO
E HIPE RAT I VI DA DE (T DA H)? .. ... ... ...... ... .... ...... ... ... ..... ... .......... . 07
3. QUAIS SÃO OS SINTOMAS DO TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E
HIPERATIVIDADE (TDAH) ? ................................................................................... 08
4. E QUANTO AO DIAGNÓSTICO, COMO SE REALIZA? .................................... 12
5. COMO TRATAR O TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E
HIPERATIVIDADE (TDAH)? .................................................................................... 18
6. COMO É O DESEMPENHO ESCOLAR DA CRIANÇA COM TRANSTORNO DE
DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)? ........................................ 20
7. COMO É A CONVIVÊNCIA COM A CRIANÇA COM TRANSTORNO DE DÉFICIT
DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) NA ESCOLA E NA FAMÍLIA? ........ 21
8. O QUE FAÇO COM MEU ALUNO TDAH? ......................................................... 24
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 31
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 33
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APRESENTAÇÃO
Este transtorno tem aparecido com variações na sua nomenclatura no decorrer da história,
incluindo algumas denominações como “Lesão Cerebral Mínima”; “Reação Hipercinética da
Infância”, no DSM-II; “Distúrbio do Déficit de Atenção”, no DSM-III; “Distúrbio de
Hiperatividade com Déficit de Atenção”, no DSM-III-R; “Transtornos Hipercinéticos”, na CID-
10; e “Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade”, no DSM-IV.
estudos com famílias têm demonstrado que 25% dos familiares em primeiro grau de crianças
com TDAH também têm o transtorno. Isto significa uma chance cinco vezes maior do que a
encontrada na população em geral que, como vimos, é de cerca de 5%. Estudos com gêmeos
idênticos (univitelinos) mostram que, na presença do diagnóstico em um dos gêmeos, a
chance de o outro também ter o transtorno é de 80% a 90%.
• De acordo com Rohde e Benczik (1999) estudos sugerem que mulheres que
tiveram problemas durante a gravidez ou no parto têm mais chance de terem
filhos com o Transtorno. A relação de causa não é clara, talvez mães que
apresentem esse Transtorno sejam mais descuidadas e assim possam estar
mais predispostas a problemas na gravidez e no parto.
• A carga genética que a própria mãe tem e que passa para o filho é que
estaria influenciando a maior presença de problemas na gravidez e no parto.
Problemas familiares:
b) Impulsividade
• Hábito de falar abruptamente ou de responder antes que as perguntas sejam
terminadas;
• Dificuldades em esperar a vez;
• Hábito de interromper, ou de se intrometer em experiências alheias
(conversas ou jogos);
Esses sintomas geralmente se iniciam antes dos sete anos, mas na maioria
das vezes são diagnosticados após a criança ingressar na escola, pois é quando os
sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade são percebidos pelo
professor quando comparada com outras crianças da mesma idade.
Segundo Rohde e Halpern (2004, p. 66) o DSM-V subdivide o TDAH em três
tipos:
1) TDAH com predomínio de sintomas de desatenção, com uma taxa mais
elevada de prejuízo acadêmico e com maior freqüência no sexo feminino;
2) TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade: são
crianças mais agressivas e impulsivas e tendem a apresentar altas taxas de
impopularidade e de rejeição pelos colegas;
3) TDAH combinado: apresenta um maior prejuízo no funcionamento global
quando comparado aos outros dois tipos.
Os meninos apresentam maior freqüência de TDAH do que as meninas em
uma proporção de no máximo dois meninos para cada menina. As meninas têm
menos sintomas de hiperatividade-impulsividade que os meninos, embora sejam
igualmente desatentas, o que fez com que se acreditasse que o Transtorno só
ocorresse em sexo masculino. (RODHE, HALPERN, 2004, p. 65)
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ajudam. Escalas de avaliação, com pontuação para os sintomas, são úteis para
4. Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas
ou obrigações.
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12. Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em situações
em que isto é inapropriado
19. Descontrola-se
O questionário SNAP-IV é útil para avaliar apenas o primeiro dos critérios (critério A)
para se fazer o diagnóstico. Existem outros critérios que também são necessários.
Veja abaixo os demais critérios
CRITÉRIO A: Sintomas vistos acima;
CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem estar presentes antes dos 7 anos de
Idade;
CRITÉRIO C: Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 2
contextos diferentes (por ex., na escola, no trabalho, na vida social e em casa);
CRITÉRIO D: Há problemas evidentes na vida escolar, social ou familiar por conta
dos sintomas.
CRITÉRIO E: Se existe um outro problema (tal como depressão, deficiência mental,
psicose, etc.), os sintomas não podem ser atribuídos exclusivamente a ele.
IMPORTANTE: Não se pode fazer o diagnóstico de TDAH apenas utilizando o
critério A!
Como alerta Rohde; Mattos & cols (2003, p. 204): “os professores devem ter o
cuidado de não diagnosticar, mas apenas descrever o comportamento e o
rendimento do aluno propondo um possível curso de ação”, auxiliando o profissional
da saúde mental para um diagnóstico correto e um tratamento eficaz.
Não existe até então testes físicos, psicológicos ou neurológicos capazes de
provar a presença do TDAH em um indivíduo (Phelan, 2005). Rodhe e Halpern
(2004, p. 64) destacam que para o diagnóstico do TDAH, é sempre necessário
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diagnóstica mais utilizada pelo médico é o uso de escalas de classificação com pais
e professores, além de uma avaliação do estado mental, geral e neurológica da
criança.
Rohde, Mattos & cols. (2003, p.119) afirmam que ao avaliar crianças
desatento-hiperativas as seguintes possibilidades diagnósticas devem ser
consideradas:
• transtornos da aprendizagem;
• transtornos do desenvolvimento da coordenação motora;
• transtorno da comunicação;
• transtornos invasivos do desenvolvimento;
• transtorno de conduta;
• transtorno de oposição desafiadora;
• transtorno de tique;
• alterações da personalidade devido a condição médica geral ( neurológica ou
outra);
• transtornos por uso de substâncias;
• esquizofrenia e outros transtornos psicóticos;
• transtornos do humor;
• transtornos de ansiedade (inclusive os secundários ou reativos, experiências
traumáticas no início da vida, desordens afetivas, abuso, negligência e
depressão materna podem produzir sintomas de hiperatividade);
• transtornos dissociativos;
• transtornos de personalidade.
vez mais reduzida, até que a criança seja capaz de estruturar sua atividade verbal
em nível de pensamento.
A orientação familiar, assim como as técnicas de modificação de
comportamento, são sempre necessárias. A estruturação do ambiente, a
organização das 24 horas do dia e a educação com limites podem ajudar a diminuir
o nível de ansiedade e desorganização da criança com Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade.
A definição do diagnóstico é importante, pois favorece a busca de uma
organização do contexto e a partir dele a família poderá compreender o
comportamento apresentado pelo filho. Quando as estratégias forem estabelecidas
por meio das prioridades levantadas, os pais devem ser persistentes, mantê-las
independentemente do ambiente. Se desistirem em tempo curto, confundirão a
criança. Às vezes, os pais conseguem manejar bem a impulsividade da criança em
casa, mas se atrapalham quando o sintoma aparece em ambiente estranho. É
preciso certificar-se de que pai e mãe estejam procedendo de forma similar. Este é
um problema freqüente e crucial.
A organização da rotina familiar é muito importante, pois essas crianças
tendem a funcionar melhor em um ambiente estruturado, constante e previsível. No
entanto, o preparo da criança para qualquer mudança que quebre essa rotina é
necessário. Considerando a necessidade de adaptação e modificações que a família
precisa fazer quando tem um filho com o transtorno, à busca de orientação
profissional especializada é recomendada. Se ficarem baseados somente na
intuição, os pais podem ficar perdidos, o que faz com os conflitos familiares
aumentem, assim como os sintomas em todos os seus componentes.
A técnica mais importante de manejo comportamental é a de reforço positivo,
na qual a criança é premiada para comportamentos desejados.
O sucesso de sala de aula pode requerer uma série de intervenções, para
crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, com pequenos
ajustes e adição de suporte pessoal, e/ou programas que ofereçam serviços
especiais, como psicólogos, médicos, fonoaudiólogos, neurologistas, entre outros.
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(...) também não parece justo acusar impiedosamente os pais e a família por tudo. Imagine o
transtorno causado por uma criança que parece ser incansável e não tem hora nem lugar
para brincar ou que vive literalmente no mundo da lua. Freqüentemente, as situações
provocadas pela impulsividade ou distração de uma criança com Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade detonam brigas entre a família, pois, alguns membros são acusados
de serem severos demais e outros, complacentes.
É de suma importância à criança saber exatamente os motivos pelos quais está indo a
consulta. Ser informada que está apresentando comportamentos que dificultam seus
relacionamentos na escola, em casa, no clube, que está se mostrando impaciente, agitada,
desorganizada com os brinquedos, roupas e pouco responsável com as tarefas escolares.
Enfim, deixá-la saber que está acontecendo algo que motivou a preocupação dos pais, e que
a busca de um profissional tem a finalidade de encontrar os recursos para ajudá-la a corrigir e
adequar os comportamentos inconvenientes e, por conseqüência, trazer-lhe bem-estar no
convívio com a família e com os amigos.
(...) a experiência clínica com crianças e adolescentes com TDAH tem indicado claramente
que elas precisam mais do que outras de constante reforço para que os comportamentos
esperados predominem. Mais do que isso, elas respondem melhor ao reforço positivo do que
as estratégias primitivas.
A professora democrática, coerente, competente, que testemunha seu gosto pela vida, sua
esperança no mundo melhor, que atesta sua capacidade de luta, seu respeito à diferença,
sabe cada vez mais o valor que tem para a modificação da realidade, a maneira consistente
com que vive sua presença no mundo, de que sua existência na escola é apenas um
momento, mas um momento importante que precisa ser autenticamente vivido.
(...) refletir sobre o TDA/H também permite alcançar varias outras coisas. Em primeiro lugar,
dá ao professor uma idéia realista de qual é, de fato, o repertório comportamental da criança
com TDA/H. Em segundo lugar, deixa claro para ele que o problema é o TDA/H, não pais
ruins ou uma criança que quer tirá-lo do sério, ou um problema de falta de competência de
sua parte como instrutor. Terceiro, pensar o TDA/H é uma forma de reduzir (não eliminar) a
raiva, uma vez que as expectativas tornam-se mais realistas. A raiva é sempre agravada
quanto maior for à discrepância entre o que se espera e o que se obtém.
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos
direitos assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta
irregular:
I - do ensino obrigatório;
II - de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência;
III - de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
V - de programas suplementares de oferta de material didático-escolar, transporte e
assistência à saúde do educando do ensino fundamental;
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à família, à maternidade, à infância e
à adolescência, bem como ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem;
VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes privados de liberdade. (…)
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos ou difusos, consideram-se
legitimados concorrentemente:
I - o Ministério Público;
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os territórios;
• Evitar contatar os pais somente para falar do que a criança não fez ou de
como se comportou mal em sala ou em atividades da escola. Lembrar que o
pai deve ser o aliado e que uma boa relação entre família e escola é essencial
para que as estratégias de manejo com o aluno possam surtir efeitos
positivos;
• Verificar a possibilidade de redução de vagas na sala onde esse aluno estiver
inserido se houver a necessidade, conforme estabelece a Deliberação 02/03
do Conselho Estadual de Educação que trata das Normas para a Educação
Especial, modalidade da Educação Básica para alunos com necessidades
educacionais especiais, no Sistema de Ensino do Estado do Paraná. (2003, p.
1), no Capítulo III dos estabelecimentos de Ensino Regular, seção I:
• Salas de aula bem estruturadas, com poucos alunos, com rotinas diárias
consistentes e ambiente escolar previsível auxiliam o aluno a manter o
controle emocional;
• Uso de relógio e calendário em sala, agenda escolar e uma agenda diária
das atividades da turma, trabalhos e/ou relatórios, datas de avaliação com o
monitor da sala como responsável;
• O aluno TDAH deve ser colocado na primeira fila da sala de aula, próximo ao
professor e longe da janela ou porta, um local onde ele tenha menor
probabilidade de distrair-se;
• O professor deve estar atento em controlar a falta de atenção do aluno,
retirando objetos que possam distraí-lo;
• Buscar auxílio de alunos mais tranqüilos que tenham um bom relacionamento
com o aluno com TDAH e que venham a ajudá-lo na organização do seu
material;
• O professor deve sempre olhar nos olhos do aluno com TDAH, assim
consegue trazê-lo de volta, ajudando-o a evitar a distração;
• As tarefas propostas não devem ser longas e necessitam de explicação passo
a passo, de preferência verbais, concisas e globais. É importante também o
uso de palavras-chave, além de esquemas para as explicações com recursos
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Em relação à hiperatividade:
• Permitir que o aluno que está ficando agitado ou zangado tenha um tempo
para se acalmar, mesmo que não seja na sala de aula. Isso irá ajudá-lo a
reorganizar-se internamente;
• Escrever à mão é difícil para o aluno com TDAH devido a Hiperatividade.
Considere a possibilidade de uso de alternativas, como a digitação no
computador.
Em relação à impulsividade:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Federal n.º 8069/90, de 13 de junho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto
da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Estatuto da Criança e
Adolescente. Brasília, DF, 13 de jul. 1990. Disponível em:
< http://www.planalto.gov.br >. Acesso em 29 nov. 2007.