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FACULDADE UNIGRAN CAPITAL

EDMÉIA ALVES BITTENCOURT DUQUINI

CONTRIBUIÇÃO DE VIKTOR EMIL FRANKL AO CONCEITO DA


LOGOTERAPIA E A RESILIÊNCIA

CAMPO GRANDE-MS
2017
FACULDADE UNIGRAN CAPITAL

EDMÉIA ALVES BITTENCOURT DUQUINI

CONTRIBUIÇÃO DE VIKTOR EMIL FRANKL AO CONCEITO DA


LOGOTERAPIA E A RESILIÊNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso em forma de artigo científico


apresentado ao Curso de Psicologia da Faculdade UNIGRAN
CAPITAL, como requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Psicologia.

Orientadora: Profa. Drª. Débora Teixeira da Cruz.

CAMPO GRANDE-MS
2017
EDMÉIA ALVES BITTENCOURT DUQUINI

CONTRIBUIÇÃO DE VIKTOR EMIL FRANKL AO CONCEITO DA


LOGOTERAPIA E A RESILIÊNCIA

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________
Professora Doutora Débora Teixeira da Cruz (Orientadora)

________________________________________________________
Professora Doutora Sandra Luzia Haerter Armôa (Convidada)

____________________________________________________________
Professora Doutoranda Jucimara Zacarias Martins Silveira (Convidada)

CAMPO GRANDE-MS
2017
Dedico este trabalho ao meu esposo e aos
meus filhos que, com muito carinho e apoio,
não mediram esforços para que eu alcançasse
mais uma conquista em minha vida. Dedico,
também, aos meus irmãos. E, especialmente,
aos meus pais, “In Memoriam”, com todo
amor e gratidão, por tudo que fizeram por mim
ao longo da minha vida. Certamente, todo o
meu desenvolvimento pessoal e toda a minha
formação educacional são frutos do amor e da
dedicação deles. Serei eternamente grata, pois
os ensinamentos recebidos dos meus pais
ficaram registrados em minha memória.
AGRADECIMENTOS

À Deus, sendo o autor da minha vida, meu guia, socorro presente na hora da angústia, e por
ter me dado força e coragem durante esta longa jornada, me proporcionando sabedoria e
entendimento.

Em especial, à minha família que sempre me apoiou nas minhas escolhas e nunca me deixou
desistir daquilo que sempre acreditei, pela paciência que tiveram comigo e pela confiança a
mim depositada.

Aos colegas de caminhada de faculdade, aos que sempre estiveram juntos comigo e aos que
estiveram distante durante esse tempo.

Um agradecimento especial à minha orientadora Profª. Dra. Débora Teixeira, pela paciência,
força, confiança e motivação durante a orientação deste trabalho e pelo incentivo que tornou
possível a conclusão deste projeto.

Aos professores que fizeram parte da minha história, que me acompanharam durante a
graduação, compartilhando seus conhecimentos e experiências.
O ser humano sempre conserva a mais importante das
liberdades, que é a capacidade de transformar sua atitude
frente a uma situação inevitável. Por isso digo que todos
nós temos a oportunidade de crescer como seres humanos,
por mais dolorosa que seja a situação de vida. Quando
alguém aprende a elevar-se acima de si mesmo, passa a
oferecer o testemunho de uma capacidade que é única e
própria do ser humano. Neste momento, a pessoa
consegue transformar uma situação pessoal que era trágica
em um triunfo.
(FRANKL)
CONTRIBUIÇÃO DE VIKTOR EMIL FRANKL AO CONCEITO DA
LOGOTERAPIA E A RESILIÊNCIA

Edméia Alves Bittencourt Duquini1


Débora Teixeira da Cruz2

RESUMO: O indivíduo através de suas experiências e atitudes busca um significado para


descobrir um sentido na vida, tornando-a uma força motivadora, sendo o sentido caracterizado
como a subjetividade, específico e singular de cada pessoa, no que diz respeito à vida
cotidiana como um todo. O objetivo deste estudo foi compreender sobre o conceito da
Logoterapia e sua contribuição na construção da resiliência, possibilitando ao indivíduo uma
análise existencial, considerando a natureza do sofrimento como essência da constituição
humana. A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica, com intuito de registrar e analisar as
principais contribuições dos autores que contribuem teoricamente. Conclui-se que alguns desafios
foram encontrados durante a construção desta revisão bibliográfica relacionada a esse assunto,
observou-se que a Psicologia dentro da prática da Logoterapia encontra-se muito restrita aos
consultórios. Diante disso verificou-se a importância dessa abordagem dentro do contexto
escolar ou no campo da saúde mental, já que após estudos levantados foi possível observar
que a Logoterapia se volta à prevenção da saúde.

Palavras-Chave: Viktor Frankl; Logoterapia; Sentido da Vida; Resiliência.

1
Acadêmica do curso de Psicologia da UNIGRAN CAPITAL, E-mail: edmeiaduquini@hotmail.com.
2
Radiologista, Psicóloga, Especialista em Mediação de Conflitos, Ad hoc da Revista Brasileira de Pesquisa em
Saúde da UFES e PUC São Paulo, docente dos cursos de radiologia, psicologia, enfermagem e pós-graduação,
supervisora de estágios de psicologia, Mestre em Bioética, Doutoranda em Saúde e Desenvolvimento da Região
Centro Oeste da UFMS, e Coordenadora do CST em Radiologia - Faculdade UNIGRAN Capital Docente
colaboradora das Ciências Biológicas (UFMS- Campo Grande - MS). Rua Abrão Júlio Rahe, 325, Monte
Castelo, Campo Grande – MS. Tel (67) 3389-3319 e-mail: debora.cruz@unigran.br; deltc@ig.com.br
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 8

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................................. 10

1.1 Logoterapia ..................................................................................................................... 10


1.2 Resiliência ...................................................................................................................... 14
1.3 Psicologia ....................................................................................................................... 14
1.4 Psicoterapia..................................................................................................................... 15
2 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................. 17

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 22

4 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 23
7
8

INTRODUÇÃO

Este estudo justifica compreender a Logoterapia na visão de Viktor Frankl, que trouxe
contribuições sobre a Resiliência. O indivíduo através de suas experiências e atitudes busca
um significado para descobrir um sentido na vida, tornando-a uma força motivadora
(MOREIRA; HOLANDA, 2010), sendo o sentido caracterizado como a subjetividade,
específico e singular de cada pessoa, e diz respeito à vida cotidiana como um todo.
As pessoas são dirigidas, guiadas e controladas por sua subjetividade, pelos seus
próprios desejos, direcionadas por um enfrentamento das situações corriqueiras que determina
o roteiro de sua história, e na maioria das vezes são expressas pelo medo, culpa, ressentimento
podendo levar pelo desejo de vingança, que são controladas e mantidas pelo passado e
idealizações (SILVEIRA; MAHFOUD, 2008).
Deve-se levar em conta, que o sentido da vida é diferente de uma pessoa para outra, de
um momento para o outro, e o que implica, por imediato, não é o sentido da vida de uma
maneira total, mas pela sua própria experiência vivenciada (FRANKL, 2016). Entretanto,
conforme Moreira e Holanda (2010) o sentido da vida existe de forma universal no seu valor,
entretanto de maneira a compreender pela subjetividade do sujeito, podendo ser encontrado
mediante uma busca do paciente e do terapeuta em procurar resposta à questão sobre o que
apenas o paciente e mais ninguém pode fazer, de forma a ser conduzido pelo terapeuta.
Foi observado que o ser humano traça projetos e metas, com a certeza de que isso lhe
trará realização e satisfação, no âmbito profissional, familiar, social, mas quando alcançados
se volta a uma insatisfação, um vazio existencial, e o grande desafio enfrentado corresponde à
sobrevivência diária, correlacionando à capacidade de administrar sentimentos e
relacionamentos rotineiros evidenciando a experiência simples que compõem a vida
(CORRÊA; HOLANDA, 2012).

Salienta Frankl (1978, p. 19 apud MOREIRA; HOLANDA, 2010).

Nenhum homem inventa o sentido da vida: cada um é cercado e impelido pelo


sentido da própria vida. O sentido não pode ser dado ou criado, mas deve ser
encontrado. E mais, o sentido não só deve ser achado, como ele pode ser achado. “E
nessa busca o homem é orientado pela consciência. Em uma palavra, a consciência é
o órgão do sentido, é a capacidade de descobrir o sentido único e irreprodutível que
se esconde em cada situação”.

Segundo Moreira e Holanda (2010) as características do sentido são baseadas nos


diversos pilares para o desenvolvimento da Resiliência que são adaptadas às situações e
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enfrentamentos das crises circunstanciais, como exemplo, a autoestima em consequência da


busca do fortalecimento pautado na esperança e na certeza de superar as adversidades, para
tanto, a perseverança é importante na dinâmica da Resiliência podendo agir além da nossa
compreensão, onde a busca de sentido abrange uma perspectiva de futuro.
Na contemporaneidade, cada vez mais distante das relações, o ser humano tem
buscado atender suas necessidades, e uma delas está voltada principalmente pelo
consumismo, outro fator relevante é em satisfazer a sociedade, onde a mesma tem depositado
sobre o indivíduo a cobrança de que para ele ser aceito tem que ser o melhor em tudo, provar
que é forte, fazendo-o buscar uma valorização não pelo o que ele é em sua essência e sim pelo
simples fato do que pode contribuir, com isso tem levado o sujeito a sofrer pressões psíquicas,
resultando em doenças como, depressão, ansiedade entre outras (MOREIRA; HOLANDA,
2010).
Cabe ressaltar que para a Logoterapia, um dos princípios relevantes é a ansiedade que
pessoa não consegue controlar, ou até mesmo não consiste em obter prazer ou evitar a dor,
buscando agir em diferentes formas para assumir o sentido em sua vida galgando um
resultado, tanto negativo quanto positivo. A vida tem sentido e que o ser humano é único e
total (SILVEIRA; MAHFOUD, 2008).
O objetivo deste estudo foi compreender sobre o conceito da Logoterapia e sua
contribuição na construção da Resiliência, possibilitando ao indivíduo uma análise
existencial, considerando a natureza do sofrimento como essência da constituição humana,
bem como conhecer a adaptação positiva do homem em resposta às adversidades e avaliar a
possibilidade de trabalhar a Logoterapia na Psicoterapia Breve.
O delineamento metodológico foi de revisão bibliográfica, descritiva, através de
pesquisas com artigos científicos nas bases da Bireme, Scielo, livros adquiridos pessoalmente
e do acervo da biblioteca da Faculdade Unigran Capital que auxiliaram no processo da
elaboração do presente trabalho. Buscou-se um enfoque voltado para a Psicologia Humanista,
Existencial. Os critérios utilizados para inclusão dos artigos utilizados para construção deste
artigo foi no foco da temática apresentada, Logoterapia, caracterizando o sentido da vida e a
Resiliência. O que levou a escolha de quatro artigos apresentados nesse trabalho foi em ver
uma proposta diferente, saindo do atendimento clássico dos consultórios, buscando levar um
atendimento psicológico mais amplo, a campo, indo ao encontro das pessoas que esperam por
esse atendimento. São propostas que merecem um olhar diferenciado, buscando um estudo a
campo verticalizado, possibilitando proposta de projetos para o atendimento dessa
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comunidade. Os descritores utilizados para a busca foram: Logoterapia; Viktor Frankl;


Sentido da vida e Resiliência.

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 Logoterapia
Vivenciando o que ele mesmo chamou de “Experimentum Crucius”, experiência de
sobrevivência vivida em nos campos de concentração (ANDRADE, 2015).

Segundo Hertz (2011, pg. 22) diz sobre:


A vida do psiquiatra e psicólogo austríaco Viktor Emil Frankl (1905-1997), sendo
conhecido como prisioneiro 119.104, onde durante o período entre 1942 a 1945
esteve em diferentes campos de concentração nazista, na 2ª Guerra Mundial. O
primeiro deles em setembro de 1942, em Theresienstadt ou Theresin; depois, em
Auschwitz; Kaufering III, e, por último, em Durkheim, quando foi liberado em
27.04.1945. O pai, a mãe, o irmão e a esposa de Viktor Frankl morreram nesses
campos ou em crematórios, exceto sua irmã que havia fugido com sua família antes
de começar a guerra.

Frankl (2016) tinha uma capacidade de percepção da realidade, na qual sua chegada ao
campo de concentração, percebendo “em que pé estão às coisas, fez o ápice da primeira fase
de reações psicológicas, deu por encerrada toda sua vida até ali”, procurando e se permitindo
ver naquele momento, as oportunidades de realizações de sentido para sua vida. Com isso,
Frankl após ter vivido tantas perdas, foi-lhe tirado quase tudo, menos sua força interior, seus
valores, suas crenças, ele entendeu que, para permanecer vivo não era preciso só ser forte
fisicamente, mas ser rico intimamente de amor e compaixão ao seu próximo, isto é, ter um
sentido para lutar (HERTZ, 2011).
Segundo Frankl (2016) após perceber a si mesmo e a outros, através das experiências e
vivências dentro do campo de concentração, foi possível distinguir três fases das reações
psicológica do prisioneiro, a fase da recepção no campo, que se distingue pelo que se poderia
chamar de choque de recepção; a fase da vida em si no campo de concentração, que está
relacionado à insensibilidade, aonde a pessoa aos poucos, vai morrendo interiormente, e a fase
após a soltura, a libertação do campo, que sob o ponto de vista psicológico, pode-se chamar
de verdadeira despersonalização, fazendo com que a pessoa tenha a impressão de que é
estranha a si mesmo.
Após vivenciar de perto o sofrimento dentro do campo de concentração, cujas
condições eram extremamente desumanas, fazendo-o refletir sobre a vida, mesmo diante de
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suas perdas e da dor, era possível dar significado a vida, vendo a profundeza do que é ser
humano e de como é possível o homem usar sua capacidade de transcender uma situação
extremamente controversa, mantendo a liberdade interior, e não renunciar ao sentido da vida,
apesar dos pesares (FRANKL, 2016), onde através de suas experiências constatou que o
indivíduo em seus problemas particulares quanto em situações limítrofes, é possível superar a
dor causada pelo sofrimento, neste sentido, Frankl buscou um estudo com foco na
Logoterapia.
Segundo Frankl (2016), o termo “logos” vem do grego e significa “sentido”. A terapia
do logos é uma abordagem que procura aprofundar-se em um campo de visão holística,
compreendendo o íntimo do ser humano, bem como o mundo que o circunda, ou seja, o
homem deve procurar um significado para sua vida, mesmo diante das diversas circunstâncias
que compõem a sua realidade (DE AQUINO et al., 2011).
Logoterapia se diferencia pela exploração da experiência imediata com base na
motivação humana para a liberdade e o encontro do sentido de vida, desta maneira a mesma
contribui para a construção da Resiliência, modificando os comportamentos negativos em
novas possibilidades, como um fator decisivo na identificação e enfrentamento do sofrimento,
porque a vida diante da dor não perde seu sentido (MOREIRA; HOLANDA, 2010).
Na Logoterapia, o indivíduo não precisaria perguntar qual o sentido da sua vida, mas
reconhecer que é ela que está sendo investigada. Em resumo, toda pessoa é interrogada pela
vida, e somente ela pode responder por sua própria vida, sendo responsável, isto é, a
Logoterapia responsabiliza o indivíduo e compreende a essência da existência humana
(FRANKL, 2016).
A Logoterapia procura mostrar às pessoas que diante de situações desesperadoras e
desagradáveis, levando-as a experimentar seus limites, deste modo a vida ainda pode ter
sentido, desde que o indivíduo assuma a responsabilidade e a vontade de dar um novo
significado para situação momentânea, descobrindo que mesmo não podendo mudar a
situação, ela ainda pode se situar dentro dela com liberdade, e com isso descobrirá sua
capacidade de transformar sua atitude frente a uma situação inevitável (XAUSA, 2013).
Vale salientar que cada época tem suas neuroses, e cada tempo necessita de sua
psicoterapia, de fato, hoje não se enfrenta tanto, como nos tempos de Freud, com uma
frustração sexual, mas sim, com uma frustração existencial. Assim, o paciente peculiar de
nossos dias contemporâneos não sofre tanto, como nos tempos de Adler, de um sentimento de
inferioridade, mas de uma dor, pela falta de sentido, que está associado a um vazio existencial
(FRANKL, 2015).
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Hertz (2011), diz que a origem da falta de sentido reside na ausência de realização de
valores, levando, primeiramente, ao vazio existencial, ocasionando maior sofrimento na
frustração existencial, e, agravando, à neurose espiritual. Cujo sentido da vida tem como idéia
principal na psicoterapia frankliana, que se fundamenta no caráter irreversível da vida
humana, isto é, que segue numa única direção, não sendo possível retornar, significando a
finitude que é a vida.
De fato, a Logoterapia confronta o paciente com o sentido de sua vida e o reorienta,
tornando-o consciente desse significado, colaborando para sua capacidade de exceder a
neurose, que para Frankl é vista como uma necessidade intensa em que a pessoa tende dar
significado para sua existência (FRANKL, 2016).
A Logoterapia não se propõe a indagar nenhum problema intelectual em relação à
existência e o sentido da vida humana, mas mostra a importância da existência humana,
considerando-a como algo extraordinário e que não se pode repetir. Para Frankl, a
Logoterapia toma uma atitude diferente de outras escolas, isto é, “não poupa ao paciente uma
confrontação com o sentido particular que ele tem que pôr em prática, desta forma o
psicoterapeuta deve orientar a encontrar o significado”, e com isso o indivíduo é considerado
responsável pelo preenchimento de um sentido na vida (HERTZ, 2011).

As indagações de Frankl (2016, p. 5) se baseavam em:

Relatos de seus pacientes, sobre sofrimento, aflições, ou seja, grandes ou pequenas:


“Por que não opta pelo suicídio?”, e é a partir das respostas a essa pergunta que ele
encontra frequentemente, as linhas centrais da psicoterapia a ser usada, onde o
objetivo e o desafio da Logoterapia é procurar tecer o frágil fio de uma vida
arruinada, em algo que possa auxiliar o indivíduo a construir um padrão firme e
responsável, redirecionando a um novo sentido diante do sofrimento vivenciado.

O tratamento logoterapêutico atua, especialmente, na abordagem apropriada para


questões existenciais, podendo resultar em neuroses noogênicas, que segundo Frankl (2016 p.
126-128) elas:
Não surgem de conflitos entre impulsos e instintos, mas de problemas existenciais,
sendo que nem todo conflito é necessariamente neurótico e nem todo o sofrimento é
sempre um acontecimento patológico, em vez de sintoma de neurose, o sofrimento
pode ser perfeitamente uma realização humana, especialmente, se o sofrimento
deriva de frustração existencial. Onde a Logoterapia busca auxiliar o paciente a
encontrar sentido em sua vida, mediante a conscientização do logos oculto de sua
existência, isto é, procura tornar o paciente consciente daquilo em que ele realmente
anseia na profundidade do seu ser, tratando-se de um processo analítico.
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Com isso, a Logoterapia procura conduzir o paciente a criar uma consciência plena de
sua responsabilidade, permitindo que ele escolha perante a qual ou que, ele aprecia, por isso,
que o logoterapêuta procura não impor julgamento de valor a seus pacientes, com isso, não
permite ao médico a responsabilidade de julgar, levando o paciente a decidir se deve
interpretar a tarefa de sua vida, sendo responsável perante a sociedade ou perante sua própria
consciência (FRANKL, 2016).
Desta forma, a proposta poderá despertar no psicólogo um trabalho clínico, a
importância da dimensão humana, da totalidade e compreensão deste indivíduo como um
todo, levando-o a uma psicoterapia de caráter humanista, onde a Logoterapia privilegia o
contato inter-humano, como próprio campo de desenvolvimento terapêutico, proporcionando
desse modo o alcance em que se volta ao homem como um ser livre, responsável, consciente,
tridimensional e, por consequência, autotranscendente (ANDRADE, 2015).

Algumas das técnicas utilizadas na Logoterapia segundo Hertz (2011, p. 33).

“Intenção Paradoxal” está voltada a uma intenção que pressupõe conseguir o


contrário do que explicitamente é colocado como desejado, por exemplo, para
alguém que tem pânico por multidões, é sugerido que experimente ir a um local
onde há várias pessoas e sentir seu mal-estar no máximo, e quando o paciente vê
que, apesar do mal-estar, nada aconteceu e começa a achar graça. Outra técnica seria
a “Desreflexão” onde a atenção é deslocada do presente ou de um fato, tentando
diminuir a reflexão sobre ele, por exemplo, tentar mudar o foco, tipo ouvir uma
música, viajar, enfim seria transcender o problema para que possa encontrar uma
solução.

Frankl desenvolveu a Logoterapia com uma visão voltada à Psicologia Humanista,


sendo o fundador dessa abordagem Carl Rogers, expressando sua visão da personalidade
humana, conhecida como terapia centrada na pessoa, nisso Rogers admitia que as pessoas
fossem conscientes e racionalmente capazes, de mudar os próprios pensamentos e
comportamentos, do indesejável para o desejável, sendo que a personalidade é moldada pelo
presente e pela maneira como o indivíduo percebe as circunstâncias (SCHULTZ; SCHULTZ,
2013).
Assim, percebe-se uma correlação entre a Logoterapia e a Psicologia Humanista, no
que se diz respeito ao consciente, confrontando o paciente com o sentido de sua vida e o
reorientando na responsabilização e conscientização, permitindo colaborar com sua
capacidade de superar a neurose. Entretanto para caracterizar e compreender a proposta é
necessário conhecer o processo de Resiliência.
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1.3 Resiliência

Na Logoterapia, a importância de Resiliência é considerada como fator protetor do


psiquismo e de modificação dos comportamentos negativos em novas possibilidades. A
Resiliência faz com que o indivíduo encontre motivos que beneficiem a descoberta de valores
desconhecidos, por trás da dor e do psicológico (MOREIRA; HOLANDA, 2010).
Conforme descrito pelos autores supracitado, para a Logoterapia o sofrimento não
evidencia comparação, haja vista, que o ser humano é original, singular, com isso a
Logoterapia proporciona a pessoa buscar significado para vida, através do enfrentamento da
dor, da adversidade em que está vivenciando, e suas atitudes poderão dar um novo sentido
para situação atual, podendo reconstruir sua história, motivando-se e mantendo a esperança,
em busca dos recursos que promovam a resiliência.
Resiliência psicológica é compreendida como um processo de adaptação positiva
perante um contexto tipicamente desfavorável, no qual o indivíduo demonstra uma notável
capacidade de superação de condições adversas que representam uma ameaça significativa ao
seu bem-estar, desenvolvimento ou saúde mental (HUTZ, 2016). Com isso entende-se que
resiliência é a capacidade que o individuo tem para enfrentar as situações adversas,
sobressaindo mais fortalecido a experiência vivida, adaptando-se à realidade presente.
Conforme Coimbra e Morais (2015) a resiliência não equivale à invulnerabilidade,
mas à possibilidade de enfrentamento, envolvendo recursos pessoais, relacionais e ambientais,
bem como o engajamento na situação adversa para sua futura superação.
A resiliência é um procedimento de gerenciamento da adaptação ao estresse e traumas
que possam acontecer ao longo da vida, através de recursos internos do sujeito (HUTZ, 2016).
Compreende-se que as pessoas passam por um processo de adaptação, onde são capazes de
superar e sobressair diante das adversidades experimentadas em sua vida e seguir em frente.
Dentre os fatores intercessores da adaptação, estão características peculiares do
indivíduo, relacionadas ao seu temperamento, personalidade, neurofisiologia, aptidões
cognitivas, sociais e emocionais, rede de apoio, condições ambientais e familiares (HUTZ,
2016). Diante das questões discutidas é necessário compreender a amplitude da Psicologia.

1.4 Psicologia

A Psicologia surgiu através dos pensamentos filosóficos sobre o espírito humano, a


interioridade humana, caracterizando o homem através da discussão socrática, surgiu às idéias
15

sobre o mundo psicológico, separando o homem que atua pela razão, do animal que age pelo
instinto. Enquanto Platão procurou definir um “lugar” para a razão em nosso próprio corpo,
sendo definido como a cabeça, se encontrando a alma humana. Já Aristóteles, por ser um dos
maiores pensadores da história da filosofia, colaborou ao dizer que a alma e corpo não podem
ser dissociados, onde a psyché seria o princípio funcional da vida (BOCK et al., 2008).

Segundo Schultz e Schultz (2013, p. 3) dizem que:

O desenvolvimento da psicologia moderna surgiu da filosofia e de outras abordagens


científicas para proclamar sua própria identidade como uma área formal de estudo,
onde através da abordagem e das técnicas empregadas que distinguem a antiga
filosofia da psicologia moderna e que marcam o surgimento da psicologia como uma
área de estudo separada, fundamentalmente científica.

Para entender a Psicologia como ciência, é necessário compreender que a mesma se


compõe de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade, assim sendo,
para a Psicologia o objeto de estudo é o ser humano, que se expressa através de uma
linguagem precisa e rigorosa. A psicologia surgiu na história como ciência, a partir em que
Wundt (1832-1920) instalou o Laboratório de Psicologia Experimental, em Leipzig,
Alemanha (BOCK et al., 2008).
A ampliação de uma ciência alcança estágio mais consistente e avançado quando não
apresenta mais característica de escolas de pensamento concorrentes, ou seja, quando a
maioria dos cientistas concorda com as mesmas colocações teóricas e metodológicas. Neste
contexto o presente estudo buscou identificar o objeto de estudo dentro da prática da
Psicoterapia breve.

1.4.1 Psicoterapia

A psicoterapia pode ser definida como “o tratamento dos problemas e desordens


psíquicos do indivíduo por meios psicológicos”, ou como “o conjunto de processos de
tratamento agudo, direto ou indireto, sobre os estados doentios do psiquismo segundo um
procedimento psicológico” (LIMA, 1970).

Conforme relatado por Ribeiro (2013, p.22) a compreensão da psicoterapia é.


Um processo, essencialmente, de mudança interior, embora possa resultar na cura da
pessoa. Trata-se de um processo centrado na relação cliente-psicoterapeuta, tendo no
conceito de contato seu instrumento básico, como facilitador dos processos de se dar
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conta, desenvolvimento e crescimento humano, quer se aplique a um “paciente


clássico” ou a uma pessoa dita normal. A psicoterapia é um movimento que nasce e
termina na pessoa do cliente, sendo o psicoterapeuta um companheiro na estrada da
vida que o cliente está percorrendo a procura de voltar ou de reencontrar o caminho
de casa, perdido ao longo dos anos.

Observou-se conforme a citação de Ribeiro (2013), o termo “perdido” se remete ao


passado, enquanto segundo Frankl (2016), a Logoterapia concentra-se mais no futuro, ou seja,
nos sentidos a serem realizados pelo paciente em seu futuro, isso significa que é menos
retrospectiva e mais prospectiva. A Logoterapia é, de fato, uma Psicoterapia centrada no
sentido da vida, sendo este encontrado mediante uma investigação do paciente por intermédio
do terapeuta, buscando resposta às questões que somente o paciente pode achar e ninguém
mais. Segundo Myers (2012) o tratamento psicoterápico envolve técnicas psicológicas, assim
como, consiste na interação entre um terapeuta e alguém, sendo este o paciente que busca ir
além de suas dificuldades psicológicas, almejando alcançar crescimento pessoal.
Vale salientar que a psicoterapia deve variar segundo a natureza dos problemas do
paciente, como o diagnóstico, idade do sujeito, sua maturidade emocional, situação social e
familiar, e, também com a especialização e habilidade do próprio terapeuta. Entre as
principais modalidades de psicoterapia, cuja aplicação varia de caso para caso e de autor para
autor, podemos enumerar:
Para Lima (1970, p. 523-525) a descrição da Psicoterapia analítica de Adler se
posiciona em:
Concentrar sobre a “individualidade” do sujeito, considerado como uma unidade
psicossomática. E na psicoterapia analítica é designada toda forma de tratamento
psicológico em que se procede a um esforço intencional de análise ou “dissecação”
do psiquismo do paciente. Esse esforço consiste basicamente em “trazer à tona” os
conteúdos psíquicos, pensamentos, sentimentos e emoções geralmente recalcados,
responsáveis pelo estado mórbido do sujeito. O método inclui sempre um
julgamento, ou interpretação, dos dados obtidos por meio da análise.

De acordo com Santos (2013) a Psicoterapia Breve são tratamentos de natureza


psicológica cuja duração é intrinsecamente inferior à de uma psicoterapia clássica, onde o
foco a ser alcançado tem objetivos de atingir o processo da crise circunstancial, ou seja,
proporcionar ao sujeito uma Resiliência e equilíbrio minimizando os efeitos da crise, com a
resolução dos aspectos transferências reunidos.
Contudo vale refletir que a Psicoterapia Breve tem por finalidade uma experiência
emocional corretiva, em que se oferece ao paciente a oportunidade de vivenciar uma situação
especial num contexto relacional de aceitação e segurança no enfrentamento da situação
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vivenciada, no qual ele possa chegar a uma formulação interna do conflito e reestruturar sua
vivência de ansiedade diante de uma condição emocional antes intolerável (SANTOS 2013).

2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para os resultados foram utilizados 4 artigos de publicação entre 2007 a 2012, sendo
possível compreender que os pesquisadores têm uma preocupação com a temática pelo
sentido que o indivíduo tem dado a sua existência. O quadro representa os materiais
pesquisados.

QUADRO 1- Representação e elaboração dos artigos pesquisados.


ITEM AUTORES OBJETIVOS METODOLOGIA RESULTADOS
MORIN et al Apresentar dados Pesquisa de campo Através desta pesquisa foi
(2007). qualitativos sobre os qualitativa; possível verificar que o
1 sentidos do trabalho Utilização de sentido do trabalho foi
“O Trabalho e para jovens entrevistas e fortemente associado à
seu Sentidos”. executivos questionários. sobrevivência, apresentado
brasileiros, a partir da nas três dimensões.
abordagem
desenvolvida por
Morin (2002).

MOREIRA; Analisar o sentido do Revisão Bibliográfica Levando em conta a


HOLANDA sofrimento para a natureza do sofrimento
2 (2010) Logoterapia, que como essencial na
propõe a construção humana, que
“Logoterapia e o compreensão da segundo Frankl, é possível
Sentido do existência através dos superá-lo através da
Sofrimento: fenômenos construção da resiliência
Convergências tipicamente humanos, que possibilita ao homem
nas Dimensões considerando a uma adaptação positiva
Espiritual e dimensão espiritual. diante das adversidades
Religiosa”. inesperadas na vida.

DE AQUINO et Validar uma Foi aplicado o pré- Observou-se por meio da


al (2011). intervenção teste (Pil-test) para intervenção, que os
3 preventiva do vazio ambos os grupos. adolescentes do grupo
“Avaliação de existencial com um Após o término foi experimental puderam
uma Proposta de grupo de estudantes aplicado o pós-test articular a leitura às
Prevenção do adolescentes, com o para os dois grupos. experiências vividas, o que
Vazio objetivo de aumentar Para a análise de lhes forneceu novas
Existencial com a sensação de sentido dados, utilizou-se o estratégias de enfrentamento
Adolescentes”. de vida. Test T de Student perante as dificuldades no
para medidas quotidiano.
repetidas. Utilização
de linguagem
filosófica por meio de
narrativas, fabulas,
poemas, parábolas,
metáforas e dilemas
que possibilitou a
18

reflexão de temas do
seu próprio cotidiano.

4 CORRÊA; Elaborar uma Revisão Bibliográfica Foi possível compreender


HOLANDA compreensão que muitas mulheres que se
(2012). fenomenológica prostituem vêm de uma
acerca da prática da família desestruturada,
“Prostituição e prostituição, marcada por toda forma de
Sentido de relacionando essa violência, levando-as a se
Vida: Relações experiência à busca envolverem afetivamente
de Significado”. pelo sentido da vida. com os clientes, numa
relação marcada por sexo,
carinhos e afetos,
representados não somente
pelo fator sobrevivência,
mas por uma vontade de
amar e ser amada.

Fonte: artigos científicos pesquisados nos sites Google Acadêmico, Bireme e Scielo, 2017.

Com os resultados encontrados por Morin et al (2007) no item 1 da tabela


apresentada, foi possível verificar que o significado e os sentidos atribuídos ao trabalho, sendo
este essencial na vida das pessoas, apontam que o principal sentido do trabalho é a
sobrevivência, onde através dos dados obtidos, verificou-se os valores que compõem as
atividades realizadas através do trabalho, bem como aprendizagem, autonomia,
reconhecimento e segurança, sendo fundamentais para que o trabalho tenha sentido.
Entretanto, com o entendimento adotado na perspectiva desenvolvida por Morin et al.
(2007) a influencia as pesquisas realizadas pelo grupo MOW, apresentaram que o sentido da
atividade do trabalho pode assumir desde uma condição de neutralidade até a de centralidade
na identidade pessoal e social, bem como para Viktor Frankl (2016), onde as ações das
pessoas precisam ter sentido. Já Xausa (2013) afirma que Frankl não vê o homem somente
como um ser colocado no cosmo, mas como “aquele que inventa o mundo e determina o que
ele é”, através de suas ações que são direcionadas por algo ou alguém, dedicando-se a uma
obra, o seu trabalho, procurando encontrar um significado, um sentido em suas atividades,
caso contrário, mergulha numa “frustração existencial”.
Xausa (2013) ainda corrobora que a Psicologia pode contribuir muito na questão
apresentada, pois atua como uma ciência de vivências ou de fatos, levando o homem a uma
investigação, não partindo apenas da objetividade ou da subjetividade, mas do entrelaçamento
de ambas, procurando penetrar na própria vivência do indivíduo que pretende conhecer,
captando seu modo de existir, o ser-no-mundo como transcendência.
Assim sendo, é possível diante da frustração existencial segundo Hertz (2011) e
Santos, (2013) que existe uma carência valorativa, onde as pessoas além de vazias e frustradas
sentem-se magoadas e incapazes de definir as metas. Neste caso é possível utilizar a
19

Psicoterapia Breve resolutiva, que se dedica a procurar a procedência intrapsíquica da


situação de crise vivida pelo sujeito, com objetivo de resolver o quadro apresentado.
Os resultados obtidos por Moreira e Holanda (2010), no item 2 da tabela 1
apresentada, foi avaliar o sentido do sofrimento diante da construção humana, onde na
Logoterapia é possível afirmar que o indivíduo pode superar as adversidades que surgem no
decorrer da vida, de uma forma peculiar dada a cada pessoa, sendo a Resiliência um fator de
suma importância, pois proporciona ao homem uma capacidade de enfrentar situações
complexas, se adaptando positivamente perante o sofrimento, dando uma nova resposta as
desventuras que surgem no decorrer da vida.
Moreira e Holanda, (2010) citaram Frankl afirmando que o sofrimento é algo
inevitável, que se faz presente na história da humanidade, e ninguém está isento, mas mesmo
diante das adversidades que chamou de “tríade trágica”, incluindo a dor, culpa e a morte,
tornando-se possível descobrir o sentido na vida, que para eles existe uma concordância que
nenhum homem inventa o significado da vida, cada um é cercado e movido pelo sentido da
própria vida, isto é, não pode ser dado ou criado, mas deve ser encontrado, e cabe a cada um
achá-lo, diante da situação vivenciada subjetivamente.
Moreira e Holanda (2010) corroboram afirmando que o sentido da vida existe, mas
não é possível ninguém encontrar pelo outro, mas cabe responsabilizar o próprio sujeito a
buscar este sentido mediante a consciência das suas atitudes, permitindo ao indivíduo ter a
capacidade de encontrar o sentido único e irreprodutível que se esconde em cada situação.
Através da Psicoterapia Breve é possível auxiliar o sujeito a essa descoberta, onde é
necessário penetrar no psiquismo da pessoa e ajudá-la na realização de si mesma, isto é,
fazendo-a descobrir sua liberdade, auxiliando-a a seguir o caminho de sua vida, interrompido
pelo estabelecimento de sua situação de crise, e fazendo que ela tenha o controle de suas
variáveis individuais. Santos, (2013) afirma que existe uma liberdade, que pode ser
desenvolvida por uma capacidade de estar acima das coisas e de si mesmo, embora necessite
ser trabalhada para sobressair das situações adversas, não se deixando absorver por qualquer
situação, entende-se que se não for trabalhada e o indivíduo absorver pode levar a uma
situação de adoecimento psíquico complexo.
Conforme os resultados encontrados por De Aquino et al (2011), no item 3 da tabela 1
apresentada, onde o objetivo é identificar os possíveis efeitos de um programa de prevenção
do vazio existencial, com estudantes adolescentes que vivenciam a sensação de uma vida sem
sentido, tornando a mesma um tédio, levando-os a apresentarem alguns sintomas como a
depressão, drogadição, agressão e suicídio.
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Frankl (2016) diz que o vazio existencial se apresenta num estado de tédio, levando o
sujeito a uma busca, na tentativa de preencher este vazio, não encontrando a vida se torna sem
sentido, e seu efeito pode ser mortal, como o suicídio. Xausa (2013) menciona que Frankl
denomina o vazio existencial como um profundo sentimento de que a vida não tem sentido, e
vivemos uma época em que o homem moderno se depare com este sentimento, especialmente
os jovens que não têm um foco, um projeto de vida, gerando assim uma frustração existencial.
Com isso o sujeito tem perdido sua identidade, renunciando sua autonomia diante do que é
imposto pelo outro, onde adolescentes e jovens se submetem a situações, pelo simples fato de
serem aprovado e aceito pelo outro, tanto no contexto familiar ou social.
De Aquino et al (2011) foi realizado um trabalho com dois grupos, sendo grupo
controle e grupo experimental. Onde somente o grupo experimental participou da intervenção,
com reuniões, na qual a metodologia apresentada foi: leitura texto, seguida de uma reflexão
em grupo e da redação dos pensamentos ou experiências vivenciadas pelos integrantes do
grupo, e em seguida a discussão coletiva. Após a intervenção foi possível obter o seguinte
resultado, constatou que houve mudanças no pós-teste, na diminuição dos fatores desespero
existencial e vazio existencial, no grupo experimental, enquanto que no grupo controle não. Já
no fator da realização existencial, observou-se que tanto o grupo controle quanto o grupo
experimental obtiveram aumento nas suas pontuações no pós-teste.
Neste caso, Santos (2013) confirma que é possível realizar um trabalho de prevenção
com jovens, através da Psicoterapia Breve, que há uma sistematização própria na finalidade
organizacional do processo de Psicoterapia com determinado tempo de duração, mas também
com objetivos definidos e precisos, centrados na evolução de um foco. Segundo De Aquino et
al (2011), os resultados obtidos através desta pesquisa, de forma geral foram satisfatórios,
mas carecem de uma comprovação científica mais acurada, no sentido de conferir de forma
mais precisa a eficácia dessas intervenções, proporcionando novas reflexões acerca das
práticas preventivas que utilizam os fundamentos da Logoterapia e análise existencial, onde
foi possível observar que através das discussões em grupo os estudantes puderam ampliar e
reformular suas visões sobre a vida e o mundo, com isso é possível associar um método
clínico ao método experimental em uma experiência comunitária, possibilitando uma
prevenção do vazio existencial, auxiliando os adolescentes, jovens a descobrirem novos
significados, e com isso dar um novo sentido à vida.
Frankl (2016) diz que o sentido não só deve, mas também pode ser encontrado, e na
busca do significado da vida o sujeito é orientado pela consciência, onde encontra através do
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compartilhar de suas experiências, da discussão em grupo, o sentido único e exclusivo da


vida, bem como uma perspectiva de futuro.
Com os resultados encontrados por Corrêa; Holanda (2012), no item 4 da tabela 1
apresentada, onde o objetivo é ter uma compreensão fenomenológica acerca da prática da
prostituição,onde muitas mulheres buscam um significado na vida, além do meio de
sobrevivência. O panorama histórico das pesquisas realizadas neste artigo, com relação à
prática da prostituição, possibilitou compreender que essas mulheres foram marcadas por
varias formas de violência, recorrentes de um lar desestruturado, gerando um sentimento de
não pertencer ao núcleo familiar, e diante desse sofrimento procuram diminuir suas angústias
e preencher este lugar vazio. Para Frankl (2016) a busca de sentido na vida da pessoa é a
principal força motivadora no ser humano, sendo a vida real e exigente a cada pessoa de uma
forma única e singular.
Segundo Corrêa e Holanda (2012) é possível observar que a família tem sido na
maioria das vezes, como terra fértil para que as ocorrências de violência ocorressem na vida
dessas mulheres, gerando assim uma baixa autoestima, um sentimento de não pertencer a uma
família, não tendo se quer um projeto de vida. Já Santos (2013) diz ser possível realizar um
trabalho com essas mulheres, através da Psicoterapia Breve cuja duração é intrinsecamente
inferior à de uma psicoterapia clássica, podendo realizar um processo de psicoterapia que tem
por finalidade uma experiência emocional corretiva em que se proporciona ao sujeito a
oportunidade de vivenciar uma situação especial num contexto relacional de aceitação e
segurança, no qual ela possa chegar a uma formulação interna do conflito e reestruturar sua
vivência de ansiedade diante uma condição emocional antes insuportável.
Para Frankl (2016), o amor é um fenômeno tão primário como o sexo, e se inicia no
seio familiar, e este amor é a único jeito de captar outro ser humano no íntimo da sua
personalidade. Corrêa e Holanda (2012) ressaltam que na maioria das vezes o envolvimento
afetivo dessas mulheres com os clientes, marcada por sexo e afetos, vai além do fator
sobrevivência, é uma busca por uma anseio de amar e ser amada.
Num mundo caracterizado pelo consumismo e egoísmo, o ser humano é
desvalorizado, visto como mero objeto. Segundo Corrêa e Holanda (2012) a Logoterapia pode
não apresentar uma solução para os problemas do ser humano, mas poderá ser um caminho
que conduzirá o indivíduo a aprender a conviver com seus potenciais e seus limites,
possibilitando um amadurecimento na busca por sua principal força motivadora, sendo esta o
sentido da vida, e com isso dizer sim à vida e vivê-la, independente das circunstâncias.
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Observou-se que através dos resultados alcançados, que a Logoterapia diz, ser possível
mesmo diante da dor, do sofrimento, da angústia, do caos, o ser humano se sobressair através
do “logos”, isto é, do sentido em que dará a cada situação vivenciada.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que Logoterapia demonstrou que o sofrimento é inerente a todo ser


humano, levando-o a uma conscientização diante do exposto em que se vive no momento,
seja por questões existenciais, como o vazio existencial ou até mesmo questões patológicas.
Por fim, de acordo com o estudo apresentado, verificou-se que a Logoterapia surge de
forma peculiar, partindo de uma Psicologia Humanista, no sentido de ver o ser humano na sua
subjetividade, respeitando sua liberdade e enfatizando-o de sua responsabilidade perante a
vida, dando um significado, um sentido à vida diante de cada situação, sendo este exclusivo e
singular de cada um, e que através dessas vivencias terá recursos que irão favorecer a
construção da Resiliência.
Alguns desafios foram encontrados durante a construção desta revisão bibliográfica.
Observou-se que a Psicologia dentro da prática da Logoterapia encontra-se muito restrita aos
consultórios. Diante disso, espera-se um despertar em relação à ampliação dessa abordagem
para vários contextos, seja no contexto escolar ou no campo da saúde mental, já que após
estudos levantados foi possível observar que a Logoterapia volta-se à prevenção da saúde.
A Logoterapia por se uma abordagem pouco conhecida e explorada sugere-se um
conhecimento mais profundo, onde a mesma pode contribuir com mais eficiência para
Psicologia, principalmente na questão da prevenção, criando programas voltados para
adolescentes e jovens que enfrentam suas crises existenciais e na contemporaneidade vivem
uma vida sem sentido. Enquanto acadêmica de psicologia, este estudo contribuiu para
amplitude do meu conhecimento, permitindo através da Logoterapia ver no sujeito que sofre
uma possibilidade de sentido para cada situação vivenciada, e através desta experiência a
construção da Resiliência.
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