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TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA SISTÊMICA

Seja bem vindo olelê, seja bem vindo olalá!

Paz e bem pra você, que veio participar!!

Com estas palavras doces, simples e carinhosas, cantadas numa melodia


gostosa e contagiante ao som das palmas batendo freneticamente em meio à muitos
sorrisos, começou minha experiência fascinante com a Terapia Comunitária. Digo
fascinante, pois assim qualifico o sentimento que surge ao ver pessoas que chegaram
tristonhas, sérias e cabisbaixas em uma roda de terapia, e saíram com um sorriso largo
estampado no rosto, os olhos brilhando, agradecendo e perguntando que dia será a
próxima roda... isto não tem preço e é o diferencial desta terapia tão simples e tão
eficiente.

Criada e sistematizada pelo professor, psiquiatra, teólogo e antropólogo Dr.


Adalberto Barreto, natural do Ceará, foi de dentro da favela mais violenta de Fortaleza
que nasceu este projeto, que teve início no atendimento aos seus moradores, que
recorreram à ele na busca de alívio aos seus sofrimentos. Como a demanda era muito
grande, ele resolveu sair do espaço físico da Universidade e levar seus alunos até a
favela e fazer o atendimento na própria comunidade. Com forte embasamento teórico,
vasta experiência clínica e grande anseio humanitário, o prof. Adalberto criou e
sistematizou este processo que hoje é conhecimento internacionalmente como Terapia
Comunitária Integrativa Sistêmica.

“...A sua formação em Teologia pela Pontifícia Universidade Sto. Thomaz de Aquino in
Urbis, em Roma (1976) e pela Universidade Católica de Lyon, na França (1980),
forneceu-lhe a provisão para sonhar com a construção de um mundo feito a partir da
dignidade dos oprimidos. O doutorado em Antropologia pela Escola de Altos Estudos
em Ciências Sociais de Paris (EHESS), Universidade de Lyon II, França (1985),
possibilitou-lhe compreender as diversas relações que os seres humanos tecem com a
natureza, com os seus sonhos, com os outros e com o divino. (...) Em nenhum
momento de sua formação acadêmica, esqueceu o seu interior, caboclo e sertanejo,
tanto que se introduzia na escola dos rezadores e curadores, assinalando a sabedoria
centenária de seus terapeutas populares, sabendo articulá-la com a ciência moderna.
Movido pela compaixão, pelo sofrimento do povo, pela ternura pelos humildes, pela
cólera sagrada contra as injustiças sociais, fundou o Projeto de pesquisa e Extensão na
área de Saúde Comunitária, na Comunidade de Quatro Varas, na Favela do Pirambú,
em Fortaleza-CE (...)

Trecho do prefácio escrito por Leonardo Boff, de seu livro “O índio que vive em mim”

Principais objetivos da Terapia Comunitária

Diferente de uma roda de conversa, onde é escolhido um tema para debater, a


Terapia Comunitária se organiza através de algumas regras que possibilitam o alcance
de seus objetivos, que são:

- valorização da história de vida dos participantes, o papel da família e da rede de


relações que ele estabelece com o seu meio, para suscitar o sentimento de união e
identificação com seus valores culturais;

- o resgate da identidade e promoção do autoconhecimento;

- restauração da auto-estima e confiança em si para ser agente de sua própria


transformação;

- ampliação da percepção dos problemas, estimular a participação como requisito


fundamental para dinamizar as relações sociais, promovendo a conscientização através
do diálogo e da reflexão;

- resolução de conflitos através das próprias capacidades – desenvolvimento da


resiliência – capacidade de transformar em aprendizado as dores e sofrimentos já
vividos.

Percebe-se que há um profundo respeito à diversidade de cada um e um apelo


ao sentimento humanitário das pessoas, o ser amoroso presente em cada um, através
da partilha de experiências de vida e sabedorias, num formato horizontal e circular.
Cada um torna-se terapeuta de si mesmo, a partir da escuta das histórias de vida que
ali são relatadas e todos se tornam corresponsáveis na busca de soluções e superação
dos desafios do cotidiano, em um ambiente acolhedor e caloroso. É um espaço muito
valioso onde cada um reorganiza seu discurso e re-significa seu sofrimento, dando
origem a uma nova leitura dos elementos que antes o faziam sofrer. Transforma o
sofrimento em crescimento, a carência, em competência. É cuidando do outro que
cuidamos de nós mesmos. Na escuta ativa, aprendo. Quando falo de mim, estou
ensinando e quando ouço o outro, estou aprendendo. Somos todos co-terapeutas –
terapeutas e terapeutizados. A carência, como experiência de vida, gera competências
e habilidades. Quando a dor, a ferida do passado torna-se pérola, a amorosidade
emerge e um universo de possibilidades se abre à nossa frente e temos a
oportunidade de reorganizar nossas vidas, num caminho de mais equilíbrio, consciência
e bem-estar.

“Quando a boca cala, o corpo fala”

Deste ditado popular, cheio de sabedoria e precisão, surge o lema precioso


para ser repetido em cada roda de Terapia Comunitária. Relembrar isto aos
participantes é fundamental, pois não há quem não tenha experimentado em seu
próprio corpo os efeitos de tal premissa.Observamos a fala do corpo através das
doenças, onde cada uma tem uma relação intrínseca com um padrão de desequilíbrio
psicológico, assunto que tem sido tema de vários estudos e pesquisas e comprovado
pela experiência clínica. Neste sentido, notamos o caráter preventivo da T.C., que
sendo voltada para o alívio do sofrimento, favorece as pessoas a se expressarem
livremente sobre suas angústias, inquietações, problemas do dia-a-dia, desavenças
com familiares, dificuldades profissionais, enfim, toda gama de conflitos característicos
do convívio humano, e também de ordem existenciais e subjetivos. Continuando na
mesma linha de pensamento, “quando a boca fala, o corpo sara.” E me refiro aqui
também ao significado mais filosófico da palavra doença, assim como o da palavra
cura, pois a terapia comunitária não se caracteriza como psicoterapia ou tratamento, e
sim um ato terapêutico, onde vivenciamos através de uma comunicação pacífica e
amorosa, um aprendizado valioso: a alegria, o cuidado e a comunhão entre as
pessoas.

“Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso
abrir outro mundo, além daquele que há em sua própria alma. Nada
lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu
ajudarei a tornar visível e isso é tudo.”

Herman Hess

Fundamentação teórica:

Solidificada por uma bela fundamentação, como o pensamento Sistêmico, por


exemplo, presente em tantas vertentes do universo Holístico, na beleza amorosa do
pensamento de Paulo Freire, passando pela Teoria da Comunicação e a Antropologia
Cultural, chegamos à maturidade do processo de Resiliência no ser humano. Vejamos
com um pouco mais de detalhes:

1. Pensamento sistêmico – somos um todo, onde cada parte interfere na


outra. Não há como pensar o ser humano isolado de um sistema de
movimentos dinâmico e constante. Sistemas humanos são sistemas abertos a
transformações vindas da sua própria história e vivências e dos múltiplos
contextos de vida e nos mostra que existe uma interdependência, não só entre
os membros de uma mesma comunidade, como também entre comunidades
distintas. O pensamento sistêmico nos convida a olhar para as interações que
se dão num contexto pessoal, num processo que está sempre mudando. Então,
pensar sistematicamente, implica num exercício constante de substituir o verbo
“ser” pelo verbo “estar”. (Cecchin, 1992). Do ponto de vista sistêmico, fazem
parte daquele problema todos que estão envolvidos na situação, não apenas o
membro sintomático. “O mundo inteiro muda quando você muda primeiro e
persiste nas suas mudanças.” (Paulo Vieira). Na T.C. quando a pessoa fala
sobre seu problema, é muito importante que as perguntas feitas à ele, pelo
grupo, sejam elucidativas quanto ao sistema no qual ele está inserido, ou seja,
as relações familiares, de trabalho, etc... e isto deve ser explicado ao grupo
pelo terapeuta.

“O homem que não tem sua história viva em sua memória,

está fadado a repeti-la.”

2. Teoria da Comunicação – todo comportamento, verbal ou não, tem valor de


comunicação. Grande parte da comunicação feita através de gestos, posturas,
atitudes ou até falta de atitudes, ocorrem de forma inconsciente e não
intencional. Nem percebemos a comunicação que está por detrás do fato.
Quando a comunicação não é confirmada através de palavras firmes e claras,
surgem os “mal-entendidos”, ou a interpretação da atitude alheia de acordo
com a própria compreensão. E ainda a instalação de comportamentos
inadequados e até mesmo de doenças, pela falta da verbalização clara da
mensagem desejada. Além da mensagem a ser comunicada, outro componente
da comunicação é a relação entre os interlocutores. Estar atento às diversas
formas de comunicação é de fundamental importância num processo
terapêutico.

3. Antropologia cultural – a cultura é a referência da nossa identidade. A


necessidade de sobreviver levou o homem a viver em grupos e propiciou o
aparecimento de diferentes etnias. Somente junto ao outro, o ser humano foi
capaz de controlar as forças da natureza, de superar as dificuldades, de
armazenar água, de garantir o alimento, de trabalhar em comunidade e de
enfrentar seus inimigos. No Brasil, temos uma diversidade de culturas graças à
miscigenação das raças que formaram nossa etnia, principalmente do povo
índio que aqui habitava e foi expulso de sua terra pelos europeus. O resgate da
cultura e dos valores étnicos de cada povo que compõe nossa raça é de grande
valia na compreensão do caráter e costumes da nossa nação. Resgatar a
sabedoria popular expressa nos ditados, músicas e brincadeiras, tem um
caráter muito positivo na compreensão e reestruturação de comportamentos
sociais e familiares.

“Na Terapia Comunitária, a cura passa pelo resgate das raízes e dos
valores culturais que despertam no homem o valor e o sentido da
pertença.”

Adalberto Barreto

4. Pedagogia de Paulo Freire –a T.C. é um instrumento pedagógico por


excelência, pela riqueza que a troca de experiências proporciona aos seus
participantes e pela valorização explícita aos princípios de carinho, respeito,
amor e comunhão entre as pessoas. Para este grande pensador e pedagogo, o
ato de ensinar não é apenas uma transferência de conhecimentos acumulados
por um educador experiente que sabe tudo para um educando inexperiente que
não sabe nada. Ensinar é um exercício de diálogo, de troca, de reciprocidade.

Na T.C. nós afirmamos que é cuidando do outro que cuidamos de nós mesmos.
Não fazemos terapia comunitária para a comunidade, mas fazemos a nossa
terapia com a comunidade. Ouvimos e somos ouvidos. As histórias que
ouvimos nos reenviam à nossa própria história. Passamos a rever nossos
esquemas mentais, a relativizar nossas dificuldades, a nos descobrirmos seres
inacabados e, sobretudo, para não cair na alienação acadêmica, ou armadilhas
do ego. O terapeuta comunitário é um com o grupo e não um para o grupo.
Quando falo de mim, estou ensinando, e quando escuto, estou aprendendo.

Paulo Freire nos lembra da importância do bom senso, da humildade e da


tolerância. Nos inspira a ouvir a voz do nosso mestre interior, da nossa criança
que reconhece no outro aquilo que ela conhece de si. Quando a dor do passado
torna-se uma pérola, a amorosidade passa a guiar nossos passos, e quando
aliamos nossa amorosidade à técnica, nossas intervenções são preciosas. A
T.C.é um instrumento pedagógico que tem permitido a aplicação das ideias de
Paulo Freire, principalmente em três aspectos:
.a circularidade e horizontalidade da comunicação: através das regras
que estruturam a T.C.;
.a problematização como princípio pedagógico: é a partilha de
experiências entre as pessoas que gera alívio para seus sofrimentos e o
vislumbre de pistas para a superação dos problemas;
. a valorização dos recursos pessoais e das raízes culturais: Paulo Freire
ensina que não pode haver aprendizado libertador onde não há respeito
aos saberes socialmente construídos pela experiência de vida e que é
preciso estar atento e rejeitar toda forma de discriminação.

“A educação é uma via de mão dupla: quem ensina, também aprende.”

Paulo Freire

5. Resiliência – capacitar-se através do sofrimento, transformar carência em


competência.Toda bagagem da vivência pessoal pode ser uma riquíssima fonte
de produção de sabedoria, se soubermos olhar nossa bagagem de vida com
coragem e responsabilidade. Os obstáculos, os traumas, as carências e os
sofrimentos superados transformam-se em sensibilidade e competência,
levando-nos a ações restauradoras de outros sofrimentos. O sofrimento que
vivi, me leva a restaurar aquilo que já conheço. É portanto, minha antiga dor
que se torna fonte de competência saneadora.Cuidando do outro, eu restauro
minha própria história pessoal e familiar.

Então concluímos: a carência gera competência. Por isto se diz que: “minha
primeira escola foi minha família e meu primeiro mestre foi a criança que fui.”
Mas só nos apoderamos disso quando compreendemos e nos aceitamos como
sujeito ativo de nossa história, sem ter vergonha de nossa origem étnica e de
nossos valores culturais. A psicologia já ensina: “Só reconheço no outro aquilo
que conheço em mim” e nos permite compreender que o sofrimento que se
vive é o que anima a restaurar aquilo que já é conhecido.

Baseado na capacidade da ostra, que só produz uma pérola, se for “ferida” por
um grão de areia, concluímos que a pérola é fruto da dor. Este grão de areia,
ou um corpo estranho, ao adentrar na ostra, começa a ser coberto por
camadas e mais camadas de uma substância lustrosa chamada nácar. O final
deste processo, como sabemos, é a formação de uma linda pérola! Por isto, um
questionamento se faz imprescindível: “qual foi minha ferida? E qual é minha
pérola?”
“ A pedra,

o distraído nela tropeçou...

O bruto a usou como projétil.

O empreendedor, usando-a construiu.

O camponês, cansado da lida, dela fez assento.

Para meninos, foi brinquedo.

Drumond a poetizou.

Já David matou Golias, e Michelangelo extraiu-lhe a mais bela escultura...

E em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no homem.

Não existe pedra no seu caminho que você não possa aproveitá-la

para o seu próprio crescimento.

Das oportunidades saiba tirar o melhor proveito,

talvez não tenhamos outra chance.”

Antonio Carlos Vieira


Terapia Comunitária e Transpessoal

Sem sombras de dúvidas, podemos afirmar que esta prática terapêutica é muito
eficiente na produção de uma alteração no estado de consciência de seus
participantes, uma vez que a T.C. tem como principal característica e condição
primordial para um bom resultado, a reeducação do nosso olhar e postura sobre a
vida, praticando e estimulando um olhar focado na alegria e no entusiasmo.

Baseados nisto, durante o desenvolvimento da T.C., no primeiro e mais importante


momento, chamado de “Acolhimento”, trabalhamos e estimulamos a alegria, o carinho
e a integração entre os participantes. Para isto usamos variadas técnicas e
brincadeiras, cantos e danças sempre no sentido de valorizar a alegria, estimular o
sorriso, o abraço, o contato físico carinhoso e respeitoso, como forma de ativar as
conexões neurais ligadas à produção de Serotonina, Endorfina e Dopamina, neuro-
hormônios importantíssimos, que fazem parte de um complexo sistema químico que
controla boa parte da psique humana, e que juntos, são chamados de “Coquetel da
Vitória”, pelo Coach e Palestrante de PNL, Paulo Vieira.

Ora, quer prática mais reestruturante de padrões energéticos e ativadora de energias


positivas e elevadas do que esta? E ainda, é com a força do grupo, que potencializa a
energia individual, que juntos formam uma Egrégorade consciência elevada, de amor,
que é o fruto maduro de sentimentos como a alegria, comunhão, partilha e
cooperação! Perceba a aplicação prática de princípios como da Física Quântica, que diz
que o “futuro é uma criação da consciência”. Esta prática é parte de um processo da
instalação de um padrão energético que com certeza irá atuar na consciência da
pessoa, possibilitando assim a criação de um futuro mais repleto de amor e sucesso.

“O que for a profundeza do teu ser, assim será teu desejo.

O que for o teu desejo, assim será tua vontade.

O que for a tua vontade, assim serão teus atos.

O que forem teus atos, assim será teu destino.”

Brihadaranyaka Upanishad IV, 4.5


Como se dá a Terapia Comunitária?

Vou explicar abaixo, o passo a passo da T.C. elucidando os pontos onde há a


aplicação dos conceitos acima enumerados.

A estrutura de ação da T.C.é dividida em seis etapas norteadores do trabalho:

1. ACOLHIMENTO (de 10 a 15 minutos)

- Dar as boas-vindas, sempre de maneira muito carinhosa e pessoal, abraçando cada


participante, com muito sorriso e carinho. Cantar (batendo palmas) a música do “Seja
bem vindo”,e/ou outras, que sejam curtas e que despertem para o lado amoroso e
alegre da terapia, como exemplo, a de “carnaval” e o “atirei o pau no gato – versão
modificada!”

-Partilhar as alegrias: estimular que falem das coisas boas, das conquistas, das vitórias,
das alegrias, perguntar se tem aniversariantes, e caso tenha, cantar parabéns à ele.

- Lembrar as regras: Estas regras que estruturam e garantem a funcionalidade e os


bons resultados da terapia e devem sempre ser lembradas e repetidas a cada sessão:

1. Silêncio: saber ouvir, enquanto um fala, todos escutam (evitar conversas paralelas e
possibilitar a escuta ativa).

2. Falar sempre de si: sempre na 1ª pessoa, vim para falar de mim e dos meus
sentimentos. (Possibilitar o autoconhecimento e a ressignificação da própria história
enquanto falo e me escuto).

3. Não dar conselhos, não julgar, não analisar. (Respeito à história e consciência de
cada um e evitar debates e conflitos de opiniões).

4. Recorrer à ditados populares ou canções populares, que tenham a ver com o tema
escolhido no dia. (Importante para descontrair e gravar mensagens significantes).

- Dinâmica de aquecimento: neste momento preciosíssimo, convidar a todos para se


levantarem e propor alguma dança, brincadeira, ou dinâmica que possibilite a
interação entre os participantes, de preferência que descontraiam o corpo, que se
abracem e que sorriem bastante. Este momento é fundamental para a elevação da
consciência para o patamar da alegria, do amor e da confiança, e também para a
alteração química hormonal que irradia por todo o corpo.

2. ESCOLHA DO TEMA: (mais ou menos 10 minutos).

Depois do aquecimento, todos voltam à se sentar em roda e o terapeuta conduz:


Explica sobre a importância de falar das coisas que chateiam e nos incomodam. Fala
breve, não precisa entrar muito em detalhes. Lembrar do ditado popular : “Quando a
boca cala o corpo fala!“ “Por que falar?....Vamos falar para não adoecer!!!! Do que
falar? Daquilo que nos tira o sono, nos preocupa, entristece, incomoda. Não é para
partilhar segredos, este espaço é público. Quem gostaria de falar, diga seu nome e em
poucas palavras, sua inquietação.” E o terapeuta vai anotando o nome da pessoa e o
seu problema, para fazer uma votação dos assuntos falados, na próxima etapa.

3. CONTEXTUALIZAÇÃO (mais ou menos 10 minutos)

Neste momento, o terapeuta lê um por um dos temas sugeridos, e a primeira pergunta


é: “Quem se identifica com o tema de fulano? E por quê? Após fazer isto com cada um
dos temas, propõe a votação: Agora vamos escolher entre os temas propostos, qual
deles a maioria das pessoas quer ouvir mais e conversar sobre. E começa a votação,
onde cada um levanta a mão para votar no tema que deseja. É escolhido um tema, o
terapeuta agradece aos outros que se abriram e falaram sobre suas dificuldades e
convida o escolhido a falar um pouco mais sobre sua dor, contextualizando o
problema. Neste momento as demais pessoas da roda, inclusive o terapeuta
(principalmente) podem fazer perguntas à ele, sempre no sentido de: compreender o
contexto (visão sistêmica), estimular uma auto-análise (autoconhecimento), trazer
seus valores à consciência (antropologia cultural).

“Ser terapeuta comunitário é ser despertador de lembranças”


Adalberto Barreto

4. PROBLEMATIZAÇÃO – PARTILHA DE EXPERIÊNCIAS (mais ou menos


30 minutos)

Terapeuta: Vamos falar agora de nós mesmos, vamos partilhar nossas experiências.
“Quem já viveu algo parecido e como fez para superar?” Neste momento, a pessoa
que acabou de explanar seu problema, se cala, agora ela só vai ouvir. Os demais
falam, cada um em sua vez, como superaram seus problemas diante de uma situação
parecida com aquela vivida pelo primeiro protagonista. Neste momento, acontece a
valorização da história e bagagem de vida de cada, pois ela está dando seu
testemunho de vida, se sentindo valorizada partilhando a sua experiência com os
outros participantes. (Pedagogia de Paulo Freire e Resiliência).

5. ENCERRAMENTO (mais ou menos 10 minutos)


Levantar, fazer uma roda abraçados, o terapeuta procura dar uma conotação positiva
para o protagonista, exaltando alguma qualidade que tenha sido notada. É a
“afirmação, a validação” da qualidade na pessoa, importantíssimo para a reconstrução
de sua autoestima. E convida os outros a fazerem o mesmo “O que vou levar desta
roda?”“O que aprendi com fulano (sempre falar o nome da pessoa)?” Deixar que todos
falem. Aqui também cabe alguma música de encerramento, ou dinâmica rápida.
Abraços e despedida.
TC NO BRASIL

Desde 2008, mediante convênio da Universidade Federal do Ceará com o


Ministério da Saúde, a TC é adotada como política pública e parte da estratégia da
atenção básica. Desde então, os pólos formadores distribuídos nos estados da
federação vêm capacitando servidores do Sistema Único de Saúde (SUS) nessa
tecnologia que congrega hoje mais de 12.000 terapeutas comunitários no país. Hoje
temos:

30 pólos formadores
12.500 terapeutas treinados
575.000 rodas de TC realizadas

LOCAIS DE APLICAÇÃO: Redes de Atenção Básica, Saúde da Família, Humaniza SUS,


Atenção Hospitalar, rede pública de educação, SENAD (Secretaria nacional anti-
drogas), Segurança Pública, Programa de Justiça Terapêutica, Sistema Prisional,
FUNAI, comunidades (religiosas ou não) e grupos diversos.

Associação que regulamenta, estrutura, assessora, divulga e controla a autenticidade


de projetos: ABRATECOM (WWW.abratecom.org.br)

Algumas músicas que gosto de usar na T.C.no momento da Animação:

(Meu pintinho amarelinho)

A roda da terapia
Alivia o coração, o coração
Quando nossa boca fala,
O nosso corpo não adoece não.

Vamos bater palmas,


Bater o pé no chão,
Caminhar na vida,
E vamos dar as mãos.

Alegria

Alegria, alegria, alegria


Vamos todos para a terapia
Alegria, alegria, alegria,
É uma roda de paz, de amor e alegria.

Olhe pro lado, quem você vê,


Dê um abraço para acolher.
Pro outro lado, quem é que está,
Dê outro abraço, para alegrar.

Alegria, alegria ...


Casa do Zé

Bater a mão, bater o pé


Pra entrar na casa do Zé
Bater a mão, bater o pé
Pra ter uma nova amizade.

Mas você tem que pegar a mão de alguém... (bis)


Bater a mão....

Mas você tem que fazer um carinho em alguém. (bis)


Bater a mão ...

Mas você tem que dar um abraço em alguém. (bis)

(Aurora – carnaval)

Se você está tristonho


Ooooh amigo
Vem aqui pra terapia
Seja feliz, sorria!

(Atirei o pau no gato)

Esta é uma terapi-a-a


Bem tranqüi-la-la
Amorosa-sa
Quem quiser falar
Será ouvi-do-do
Com respeito, atenção e união – Uau!!!

A enfermidade é um conflito entre a personalidade e a alma.

A enfermidade não é má, ela avisa quando erramos a direção.

O resfriado escorre quando o corpo não chora.


A dor de garganta entope quando não é possível comunicar as aflições.
O estômago arde quando as raivas não conseguem sair.
O diabetes invade quando a solidão dói.
O corpo engorda quando a insatisfação aperta.
A dor de cabeça deprime quando as duvidas aumentam.
O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar.
A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável.
As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas.
O peito aperta quando o orgulho escraviza.
A pressão sobe quando o medo aprisiona.
As neuroses paralisam quando a “criança interna” tiraniza.
A febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade.
Os joelhos doem quando o orgulho não se dobra.
O câncer mata quando não se perdoa e/ou cansa de viver.

E as dores caladas?

Como falam em nosso corpo?

Referências bibliográficas:

Terapia Comunitária Passo a Passo, Adalberto de Paula Barreto, 2008.

Resiliência, o Poder da Autotransformação, Da neurociência à evolução


humana, Maria Henriqueta Camarotti, 2013.

Conexão Saúde, como ativar as energias positivas do seu organismo e ter


saúde perfeita, Dr. Deepak Chopra, 2004.

O poder verdadeiro, Paulo Vieira, 2010.

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