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UNIVERSIDADE FEEVALE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIVERSIDADE CULTURAL E


INCLUSÃO SOCIAL

PÂMELA CRISTINA ALEXANDRE PSCHICHHOLZ

OS EFEITOS DO USO DA TÉCNICA DE NEUROFEEDBACK COMO


ALTERNATIVA CLÍNICA INTERVENTIVA COMPLEMENTAR NA MELHORA
DA ATENÇÃO DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/
HIPERATIVIDADE

Novo Hamburgo
2021
PÂMELA CRISTINA ALEXANDRE PSCHICHHOLZ

OS EFEITOS DO USO DA TÉCNICA DE NEUROFEEDBACK COMO


ALTERNATIVA CLÍNICA INTERVENTIVA COMPLEMENTAR NA MELHORA
DA ATENÇÃO DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE
ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE

Dissertação apresentada à banca como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título
de Mestra em Diversidade Cultural e Inclusão Social pela Universidade Feevale.

Orientadora: Profª. Dra. Regina de Oliveira Heidrich


Co-orientador: Prof. Dr. Marcus Levi Lopes Barbosa

Novo Hamburgo
2021
RESUMO

Este estudo objetiva conhecer os efeitos da técnica do neurofeedback como uma


alternativa clínica complementar para melhorar a atenção de crianças com Transtorno de Déficit
de atenção/Hiperatividade (TDAH). Dos cinco participantes, apenas três administravam
medicação metilfenidato no período do estudo. Todos os participantes não tiveram
atendimentos clínicos complementares durante este mesmo período. Esta é uma pesquisa com
perfil de estudo de caso múltiplo com análise quantitativa, realizada pelo uso de protocolo de
vinte sessões com o equipamento nirHeG Neurofeedback, treino de neuromodulação
autorregulatória com auxílio de sensores, com cinco crianças de 10 a 12 anos de idade com
diagnóstico de TDAH do município de Parobé no Rio Grande do Sul. Foi realizada a
comparação dos dados de desempenho dos participantes em testes pré e pós (Teste de atenção
por cancelamento, Teste Hayling, Teste de discurso narrativo oral infantil) período de
intervenção com o treino de neurofeedback. Como resultado da pesquisa, evidenciam-se efeitos
significativos de ganhos atencionais e das funções executivas expressados no desempenho nas
tarefas após período de treino com nirHeG, demonstrando a contribuição do uso da técnica de
neurofeedback com o uso do BCI nir HeG em protocolo de 20 sessões de treino para melhora
da atenção em crianças com TDAH.
.
Palavras-chave: Neurofeedback. TDAH. Atenção.
ABSTRACT

This study aims to understand the effects of the neurofeedback technique as a


complementary clinical alternative to improve the attention of children with Attention Deficit
Hyperactivity Disorder (ADHD). Of the five participants, only three administered
methylphenidate medication during the study period. All participants did not have additional
clinical care during this same period. This is a research with a multiple case study profile with
quantitative analysis, carried out using a protocol of twenty sessions with the nirHeG
Neurofeedback equipment, self-regulatory neuromodulation training with the aid of sensors,
with five children aged 10 to 12 years with of ADHD in the city of Parobé in Rio Grande do
Sul. The performance data of the participants in pre and pos-tests (Attention Cancellation Test,
Hayling Test, Child Oral Narrative Speech Test) was compared to the intervention period with
the training of neurofeedback. As a result of the research, there are significant effects of
attentional gains and executive functions expressed in task performance after a training period
with nirHeG, demonstrating the contribution of the use of the neurofeedback technique with
the use of BCI nir HeG in a 20-session protocol of training to improve attention in children with
ADHD.

Keywords: Neurofeedback. ADHD. Attention.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Áreas de Brodmann ................................................................................................. 12


Figura 2 – Histórico de registros sobre TDAH......................................................................... 15
Figura 3 – Sensor de Hemoencefalografia – nirHEG ............................................................... 34
Figura 4 – Percurso metodológico do estudo sobre utilização do neurofeedback por BCI em
casos de TDAH......................................................................................................................... 37
Figura 5 – O mecanismo de condicionamento operante .......................................................... 43
Figura 6 – Tela do software com a baseline ............................................................................. 58
Figura 7 – Resultados ............................................................................................................... 64
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Evolução da nomenclatura da Classificação do TDAH ........................................ 16


Quadro 2 – Sintomas de desatenção e\ou hiperatividade ......................................................... 19
Quadro 3 – Pontos de destaque sobre a autorregulação ........................................................... 30
Quadro 4 – Elementos das publicações selecionadas, após a aplicação dos critérios de
inclusão ..................................................................................................................................... 38
Quadro 5 – Perfil dos casos acolhidos ...................................................................................... 49
Quadro 6 – Dados de desempenho dos participantes da primeira aplicação (pré-intervenção)
dos instrumentos de coleta........................................................................................................ 52
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estatísticas descritivas ............................................................................................ 61


Tabela 2 – Teste da normalidade (Shapiro-Wilk) .................................................................... 62
Tabela 3 – Teste para amostras pareadas pré e pós-intervenção .............................................. 63
LISTA DE SIGLAS

BA (s) – Áreas de Brodmann


BCI (s) – Brain computer Interfacing
CID – Classificação Internacional de Doenças
DNOI – Tarefa de Discurso Narrativo Oral Infantil
DSM – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
ICC – interface cérebro-computador
NB – Neurofeedback
NirHeG – Hemoencefalografia por infravermelho aproximado
OMS – Organização Mundial da Saúde
Pir-HeG – Passive infrared hemoencephalography
SARA – Sistema de Ativador Reticular Ascendente
SNC – Sistema nervoso central
TAC – Teste de Atenção por Cancelamento
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TDAH – Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade
THI – Teste Hayling Infantil
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 15
2.1 SOBRE O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE ............. 15
2.1.1 Histórico do TDAH........................................................................................................ 15
2.1.2 O diagnóstico .................................................................................................................. 17
2.1.3 Conhecendo os sintomas ............................................................................................... 19
2.1.4 Perfil da neurobiologia do TDAH ................................................................................ 21
2.1.5 Sobre as funções executivas no TDAH ........................................................................ 22
2.1.5.1 Da Atenção ................................................................................................................... 25
2.2 INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA COM O USO DA TECNOLOGIA ............................ 27
2.2.1 Interface cérebro-computador - ICC ou BCI no atendimento clínico ...................... 29
2.2.2 O biofeedback e a neuromodulação autorregulatória ................................................ 30
2.2.3 Hemoencefalografia - nirHeG neurofeedback ............................................................. 33
2.2.4 Utilização do neurofeedback por Brain Computer Interfacing em casos de TDAH:
uma revisão sistemática ......................................................................................................... 36
2.3 A TEORIA DE CONDICIONAMENTO OPERANTE NA TÉCNICA DE
NEUROFEEDBACK ................................................................................................................ 42
3 PERCURSO METODOLÓGICO ..................................................................................... 45
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO ................................................................................. 45
3.2 CONTEXTO DA PESQUISA ............................................................................................ 46
3.3 PROCEDIMENTOS ÉTICOS ............................................................................................ 47
3.4 DESCRIÇÃO DOS PARTICIPANTES ............................................................................. 48
3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ............................................................... 54
3.5.1 Escala SNAP IV ............................................................................................................. 55
3.5.2 Teste de Atenção por Cancelamento (TAC) ............................................................... 55
3.5.3 Teste Hayling Infantil (THI)......................................................................................... 56
3.5.4 Tarefa de Discurso Narrativo Oral Infantil (DNOI) .................................................. 56
3.6 PROCESSO DE INTERVENÇÃO ..................................................................................... 57
3.7 PLANO DE ANÁLISE DE DADOS .................................................................................. 59
4 RESULTADOS .................................................................................................................... 60
5 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 65
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 67
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 69
APÊNDICES ........................................................................................................................... 74
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)....... 75
APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) ....... 78
APÊNDICE C – DECLARAÇÃO DA INSTITUIÇÃO COPARTICIPANTE......................... 81
ANEXO .................................................................................................................................... 82
ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP .................................................... 83
11

1 INTRODUÇÃO

O conhecimento de tecnologias que possibilitam intervenções no cérebro, como a


técnica neurofeedback estão ganhando popularidade e demonstrando que se faz preciso
considerar que a integração entre áreas como a tecnologia, saúde e educação é também um
potencial estímulo promoção da saúde (CLEARY, 2011).
A utilização de um Brain Computer Interface (BCI), como o equipamento nirHeG, o
qual realiza o mapeamento da reação da região frontal do cérebro em tempo real, fica
perceptível o padrão de ativação da perfusão sanguínea nessa mesma região da pessoa em
treino. E sendo o equipamento de nirHeG um BCI, nesse caso, um ampliador de reações
hemodinâmicas neurofisiológicas, ele se comunica com o software instalado no computador, o
qual apresenta um design específico de produção de gráfico em tela e indica quando o padrão é
considerado qualificado pela ultrapassagem de uma linha de base do software que modifica o
design na tela do computador em tempo real (HERSHEL TOOMIM et al., 2004).
A técnica de neurofeedback é baseada no condicionamento clássico que possui objetivos
que se desdobram em duas escalas: imediatos e mediatos. O objetivo imediato preconiza-se que
ocorra na aprendizagem da retroalimentação do seu cérebro com padrões de
eletroencefalográficos aprendidos e treinados por condicionamento operante. Já o objetivo
mediato, preconiza-se que a pessoa acione os novos padrões adquiridos, demonstrando
conseguir induzir alterações em sua própria fisiologia (DIAS, 2010).
Estudos citam a técnica com uma potencial estratégia de intervenção com o uso do
neurofeedback em casos cujo objetivo seja o estímulo do processo cognitivo da autorregulação
(MAYER, WYCKOFF e STREHL, 2012) e na melhora de aspectos atencionais (LA MARCA
E O’CONNOR, 2016). Assim, esta pesquisa, por dedicar-se a conhecer os efeitos do uso da
técnica, pode auxiliar na verificação sobre o neurofeedback ser uma possibilidade terapêutica
tecnológica interventiva complementar pelo uso do equipamento nirHeG, hemoencefalografia,
como um equipamento de BCI de alta tecnologia e que pode contribuir para a melhora da
atenção pelo treino de aspectos neurofisiológicos em crianças com Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade (TDAH).
Para tanto, elencou-se como objetivo geral desta pesquisa investigar quais os efeitos da
aplicação da técnica de neurofeedback pelo uso do equipamento nirHeG, com o protocolo de
20 sessões, na atenção de crianças com TDAH de 10 a 12 anos.
A partir desse objetivo, também foram estabelecidos os objetivos específicos, os quais
estão descritos a seguir:
12

− Comparar os níveis de atenção dos participantes pré e pós-intervenção com o uso do


equipamento nirHeG com protocolo de 20 sessões.
− Comparar o desempenho dos participantes no Teste de Atenção por Cancelamento
pré e pós-intervenção com o uso do equipamento nirHeG com protocolo de 20 sessões.
− Comparar o desempenho dos participantes no Teste de Discurso Narrativo Oral
Infantil pré e pós-intervenção com o uso do equipamento nirHeG com protocolo de 20 sessões.
− Comparar o desempenho dos participantes no Teste Hayling Infantil nos critérios de
tempo de execução e número de erros pré e pós-intervenção com uso do equipamento nirHeG
com protocolo de 20 sessões.
− Conhecer a transferência de ganhos da intervenção no desempenho no Teste de
Atenção por Cancelamento, na medida total da atenção das crianças com TDAH, participantes
da pesquisa.
Espera-se que os dados de análise da atenção dos participantes no pré-teste melhorem
na etapa pós-teste em função do treino com o equipamento de Hemoencefalografia (nirHeG)
neurofeedback, que é o sistema desenvolvido por Hershel Toomim et al. (2004), em uma
atividade de neuromodulação autorregulatória por aplicação do protocolo com posicionamento
do sensor no córtex frontal pelo mapeamento das alterações de fluxo sanguíneo cerebral, através
do aumento dos níveis de oxigênio no sangue, a perfusão sanguínea, com utilização de sensores
em infravermelho em quatro áreas específicas da área de Brodmann (FP1, F7, F8 e FP2),
indicados pelas setas na Figura 1.

Figura 1 – Áreas de Brodmann

Fonte: Thompson; Thompson (2015, p. 6).


13

As áreas a serem mapeadas durante o protocolo (F7, FP1, FP2 e FP8) são pertencentes
ao lobo frontal e associadas às funções executivas (Thompsom; Thompson, 2015). Sendo assim,
por entender-se que as reações neurofisiológicas que acontecem ali podem influenciar na
ativação das circuitarias neurais destas mesmas funções, tem-se, nas alterações hemodinâmicas,
uma possibilidade de expressão diferenciada destas. Assim, entende-se que, com a alteração
hemodinâmica, alterar-se-á também a condutividade das circuitarias, havendo alteração na
atividade neuronal na região frontal do córtex, a qual pode refletir na condição neurofisiológica
atencional e na sua expressão.
As áreas de Brodmann (BAs) apresentadas por Korbinian Broadmann (1868- 1918)
como demarcações da citoarquitetura de acordo com a morfologia celular do cérebro. E
foi entre 1903 e 1908 que as descobertas de Brodmann sobre este delineamento de áreas do
cérebro foram publicadas no Journal fuer Psychologie und Neurologie (THOMPSON;
THOMPSON, 2015). As BAs foram indicadas após meticulosas dissecações realizadas por
Broadmann pela utilização de um microscópio e o método de staining (coloração), o qual fora
aprendido com Franz Nissl, para examinar e diferenciar cada fatia do córtex.
Assim, cada área de Brodmann delineia áreas corticais que se diferenciam pela sua
histologia celular, tendo como base que cada uma delas pode ter uma função primária, assim
como também muitas funções diferentes associadas. Assim, as BAs são tidas como padrão do
sistema internacional 10-20 de colocação de eletrodos para aplicação de técnicas de biofeedback
e neurofeedback. Para tanto, os autores (THOMPSON; THOMPSON, 2015) salientam que,
mesmo havendo estas marcações, as funções cerebrais emergem da interação de muitas áreas e
não estão localizadas em uma única área do cérebro. Sendo assim, as BAs, quando envolvidas
em uma atividade coordenada com outras áreas corticais, funcionalmente relacionadas, servem
de referência para a localização destas reações (THOMPSON; THOMPSON, 2015).
Também se espera que, neste estudo, com os participantes, aconteça a diminuição de
comportamentos hiperativos e impulsivos no desempenho da realização de tarefas dirigidas
como um efeito do padrão neurofisiológico treinado no período de intervenção. Isso por conta
da estimulação da perfusão sanguínea nas regiões treinadas, que são regiões cerebrais
responsáveis pelos processos cognitivos superiores (as funções executivas) como o controle
inibitório e a autorregulação.
A técnica de neurofeedback é um biofeedback de reações neurofisiológicas. Ela tem
bases fundamentadas na psicologia experimental e na teoria do condicionamento operante.
Assim, também se espera que, pela frequência do treino (em 20 sessões, duas vezes por semana)
com o equipamento de hemoencefalografia (nirHeG), os participantes melhorem
14

gradativamente seu desempenho atencional em realização de tarefas ao longo do período de


aplicação.
A presente dissertação está dividida em 6 capítulos, sendo este primeiro caracterizado
como a introdução da pesquisa realizada. Na sequência, o capítulo 2 apresenta o referencial
teórico, tendo como base os conhecimentos necessários para a caracterização do estudo. Nesse
sentido, julgou-se necessário apresentar uma definição do Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH), com seu histórico, diagnóstico, sintomas e neurobiologia, além de
explicitar como funcionam as funções executivas para uma pessoa com esse transtorno. Ainda
nesse capítulo, apresenta-se como se dá a intervenção terapêutica com o uso das diferentes
tecnologias, tendo como ápice a utilização do neurofeedback por Brain Computer Interfacing
(BCI), a partir de bibliografia sobre essa técnica, que vem ganhando espaço em pesquisas e se
mostrando como alternativa para a melhora da cognição de pessoas com TDAH. Finalmente,
por ter por base preceitos das áreas de psicologia experimental, em específico, na teoria do
condicionamento clássico e operante, assim como também em estudos da área da
psicofisiologia, dedicou-se uma seção para explicitar como a teoria de condicionamento
operante é utilizada na técnica de neurofeedback.
O capítulo 3 apresenta o percurso metodológico que resultou na presente dissertação,
com a caracterização do estudo, seu contexto, os procedimentos éticos, a descrição dos
participantes, os procedimentos de coleta de dados, o processo de intervenção e o plano de
análise dos dados obtidos.
Mais à frente, o capítulo 4 apresenta os resultados da pesquisa, e o quinto capítulo, a sua
discussão. O capítulo 6 apresenta as considerações finais do estudo, permitindo uma retomada
dos objetivos e as conclusões a que se chegou a partir da intervenção proposta aos participantes
da pesquisa. Uma vez que este estudo se caracteriza como um meio de conhecimento da técnica
de neurofeedback e suas contribuições nos ganhos atencionais e de desempenho em tarefas pós-
intervenção com demanda de funções executivas, espera-se, finalmente, que possa contribuir
não somente com a compreensão do transtorno em foco, mas também para a melhoria de vida
dos que possuem TDAH e de todas as pessoas que fazem parte de seu círculo social.
15

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 SOBRE O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE

Este tópico se dedicará a referenciar de maneira conceitual o quadro do Transtorno de


Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), seu contexto histórico, critérios para o seu
diagnóstico, tal como a compreensão pela identificação dos sintomas de acordo com os critérios
apresentados no DSM-V (APA, 2014), assim como também os perfis neurobiológicos e
neuropsicológicos.

2.1.1 Histórico do TDAH

Existem registros sobre descrição de indivíduos com perfil de atenção comprometida e


hiperatividade que datam do final do século XVIII. Com os dados encontrados na obra de
Benczik et al. (2020), em que foi construída uma linha cronológica, apresentada na Figura 2, a
qual apresenta o percurso histórico de registros sobre o TDAH e as atribuições de conceitos até
chegar à nomenclatura que se tem hoje.

Figura 2 – Histórico de registros sobre TDAH

Fonte: Elaborado pela autora, a partir de Benczik (2020) e Machado, Bello e Borges (2017).

Benczik (2020) apresenta estudos que registram que já no final do século XVIII foram
feitas descrições de anomalias na atenção e hiperatividade em livros didáticos sobre doenças
mentais.
O TDAH ficou mais visado enquanto objeto de estudo, principalmente, pelo surto de
infecção no sistema nervoso central na América do Norte entre os anos de 1917 e 1918. O
16

quadro de patologias que apresentavam traumas cerebrais como desatenção, agitação e


impulsividade, em 1930, chegou a ser chamado de “lesão cerebral mínima” (MACHADO,
BELLO; BORGES, 2017).
Em 1970, o diagnóstico do quadro de TDAH inclina o seu foco para a desatenção.
Assim, em 1980, a sua descrição é publicada no DSM-III (Diagnostic and Statistical Manual
of Mental Disorders - 3rd edition). Em 1990, Russell A. Barkley defende que o TDAH é
produto de prejuízos da “inibição e da capacidade de autocontrole”, o que expressa uma relação
de tal quadro clínico com a expressão da impulsividade e hiperatividade. E, em 1994, o DSM-
IV divulga os três perfis de TDAH, sendo eles: o combinado, o predominantemente desatento
e predominantemente hiperativo-impulsivo, os quais prevalecem até hoje. E em 2014 são
publicadas no DSM-V (APA, 2014), as descrições deste quadro clínico, as quais serão
explicitadas nos próximos subcapítulos.
Sabe-se que a Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial
da Saúde foi influenciada pelas produções científicas de origem europeia, onde prenominava o
termo Hipercinético, diferente dos Estados Unidos, que utilizava a nomenclatura “Disfunção
cerebral mínima”. Em 1965, a CID-8 incluiu o diagnóstico do “Transtorno Hipercinético”. Na
CID-9, em 1975, e CID-10, de 1992, manifestaram a referida nomenclatura. Na CID-11,
publicada em 2018, mas que entrará em vigência em 2022, a nomenclatura mudou para
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, passando a fazer parte dos transtornos do
neurodesenvolvimento (BENCZIK et al., 2020)
Benczik et al. (2020) trazem a organização da evolução da nomenclatura da
Classificação do TDAH, apresentada, a seguir, no Quadro 1.

Quadro 1 – Evolução da nomenclatura da Classificação do TDAH


Ano Autor Denominação
1773 Melchior Dam Weikard Déficit de atenção
1798 Alexandre Chrichton Doença da atenção
1902 George F. Still Defeito Anormal do Controle Moral
1920s Transtorno do comportamento pós-
encefalítico
1932 Franz Kramer e Hans Pollnow Doença hipercinética da infância
1947 Strauss e Lehtinen Lesão cerebral mínimo
1957 Lauffer Disfunção cerebral mínima
17

1965 CID-8 Transtorno hipercinético


1968 DSM-II Reação hipercinética da infância
1975 CID-9 Transtorno hipercinético
1980 DSM-III Transtorno de Déficit de Atenção
1987 DSM-IIR Transtorno de Déficit de Atenção/
Hiperatividade
1992 CID-10 Transtorno hipercinético
1994 DSM-IV Transtorno de Déficit de Atenção/
hiperatividade
2000 DSM-IV TR Transtorno de Déficit de Atenção/
Hiperatividade
2013 DSM-V Transtorno de Déficit de Atenção/
Hiperatividade
2018 CID -11 Transtorno de Déficit de Atenção/
Hiperatividade
Fonte: Benczik et al. (2020, p. 27).

Percebe-se, com o percurso conceitual descrito no Quadro 1, que, do século XVIII até
o presente, o TDAH também foi identificado como doença, defeito, lesão, disfunção e reação
hipercinética para, então ser definido como transtorno, e tendo mantida, finalmente, tal
nomenclatura.

2.1.2 O diagnóstico

A consideração de que o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é


resultado da presença de sintomas em diversos contextos, como escola/trabalho, vida doméstica
e atividades de lazer, precisa ser retificada. Isso, pois os efeitos desta condição invisível, sem
indicação física aparente, tornam possível o esquecimento de um déficit presente (BENKZIC
et al., 2020).
O diagnóstico do TDAH é basicamente clínico, com a realização de uma investigação
detalhada da história do paciente. Desta forma, expressa-se a importância do contato com a
escola para coleta de informações (Araújo, 2002, apud Machado, Belo e Borges, 2017).
Posner (2009 apud CIASCA et al., 2015, p. 280) refere que:
18

A partir de estudos sistematizados, observa-se que esta condição resulta de fatores genéticos,
de alto grau de herdabilidade (superior a 0,70), mas com influências ambientais associadas e
consideradas significativas para a sua fisiopatologia, como o perfil do cuidador (atenção nos
momentos de medo, de frustração e durante os conflitos afetivos e sociais), abandono/maus-
tratos afetivos em idade precoce, prematuridade, baixo peso ao nascimento exposição ao
tabagismo materno durante a gestação.

Para tais autores (CIASCA et al., 2015) há a consideração de o TDAH ter fundamento
hereditário com influências ambientais associadas, o que precisa ser considerado no processo
avaliativo. Em suma, o contexto no qual a pessoa com TDAH está inserida se torna
compreendido, sendo percebido também como condição que reflete na manifestação do quadro
clínico.
Os critérios que referenciam o diagnóstico estão baseados na Classificação Internacional
das Doenças (CID-10) da Organização Mundial da Saúde (OMS, 1997), tendo como as
alterações do DSM-IV para o DSM-V de acordo com Machado, Bello e Borges (2017):
− os subtítulos do transtorno foram substituídos por especificadores com o mesmo
nome;
− indivíduos com 17 anos ou mais passam a precisar apenas de 5 sintomas para
diagnóstico e, não mais 6;
− os sintomas podem estar presentes até 12 anos e não mais até os 7 anos;
− o Transtorno do Espectro Autista pode ser uma comorbidade do TDAH.
Na área da psicopedagogia são avaliados os aspectos inclinados ao desempenho escolar
e suas dificuldades. Isso para que, em período de intervenção, as especificidades sobre as
competências e habilidades da pessoa, já sendo conhecidas, sejam consideradas no
planejamento terapêutico e contribuam para a melhora do seu processo de aprendizagem. Já na
área da neuropsicopedagogia no atendimento, primeiramente, são avaliados os processos
cognitivos do sujeito para que, após conhecidos, sejam apresentados e sirvam como dados de
respaldo para o planejamento do período interventivo e demais encaminhamentos.
Com as informações das avaliações multidisciplinares, o médico analisa e emite seu
laudo acerca da confirmação ou descarte de hipótese já levantada anteriormente em algumas
das avaliações solicitadas. Sabendo que esta já emergira de percepções acerca do
funcionamento da pessoa em outros espaços, seja da família, pelo contexto familiar, na escola
e outros contextos e espaços nos quais a criança circula e convive.
19

Faz-se importante salientar, segundo Machado, Bello e Borges (2017, p. 25) que, mesmo
com o acompanhamento e avaliação de profissionais da área da educação, “os médicos
desempenham um papel preponderante no diagnóstico e tratamento do TDAH”, pois “eles o
estabelecem de acordo com as bases clínicas de critérios mundialmente aceitos e definidos”.
Sendo assim, o diagnóstico multidisciplinar assume um perfil complementar e tem o objetivo
de descartar outros diagnósticos diferenciais.

2.1.3 Conhecendo os sintomas

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do


neurodesenvolvimento que tem como características principais comprometimentos que
abarcam o desempenho acadêmico e dificuldades sociais.
Há um paradigma acerca da origem destes comprometimentos ser uma consequência de
déficits nas funções executivas, conforme estudos de Barkley desde o final dos anos 1990. Para
tanto, Erthal et al. (2016) apontam que as medidas executivas não apresentam sensibilidade e
especificidade suficientes para distinguir pacientes e grupo-comparação, o que demonstra uma
fragilidade no estudo para a percepção do quadro por este aspecto.
Em 2005, houve estudos que citaram o TDAH como um transtorno de funcionamento
deficitário dos sistemas de recompensa. E há também uma teoria acerca da aversão ao
adiamento, a qual ganhou força nos últimos anos (ERTHAL et. al., 2016). Mas o que se tem de
mais consolidado no que se refere ao perfil do quadro de TDAH é o requisito de que o baixo
desempenho escolar esteja associado a mais sintomas que iniciaram antes dos 12 anos de idade
e que comprometem a funcionalidade da pessoa. Para tanto, os sintomas, critérios de TDAH
citados pela APA (2014) no DSM –V, são os descritos no Quadro 2.

Quadro 2 – Sintomas de desatenção e\ou hiperatividade


Desatenção Hiperatividade - impulsividade

Frequentemente não presta atenção em detalhes ou Frequentemente remexe ou


comete erros por descuido em tarefas escolares, no batuca as mãos ou pés ou se
trabalho ou durante outras atividades. contorce na cadeira
20

Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em Frequentemente levanta da


tarefas ou atividades lúdicas. cadeira em situações em que se
espera que permaneça sentado.

Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe Frequentemente corre ou sobe
dirige a palavra diretamente. nas coisas em situações em que
isso é inapropriado.

Frequentemente não segue instruções até o fim e não Com frequência é incapaz de
consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou brincar ou se envolver em
deveres no local de trabalho. atividades de lazer calmamente.

Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e Com frequência “não para”,
atividades. agindo como se estivesse “com o
motor ligado”.

Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se Frequentemente fala demais.


envolver em tarefas que exijam esforço mental
prolongado.

Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou Frequentemente deixa escapar


atividades. uma resposta antes que a
pergunta tenha sido concluída.

Com frequência é facilmente distraído por estímulos Frequentemente tem dificuldade


externos. para esperar a sua vez.

Com frequência é esquecido em relação a atividades Frequentemente interrompe ou


cotidianas. se intromete.

Fonte: Machado, Bello e Borges (2017, p. 24).

De acordo com os critérios do DSM-V (APA, 2014), é importante atentar para quatro
características significativas: 1º se o padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade -
impulsividade interfere no funcionamento e no desenvolvimento conforme as características
descritas no Quadro 2; 2º se os sintomas de desatenção ou hiperatividade/impulsividade estão
presentes em 2 ou mais ambientes; 3º se há evidência de que os sintomas trazem prejuízos no
funcionamento social, acadêmico ou profissional ou que reduzem a sua qualidade; e 4º se os
21

sintomas não ocorrem somente durante o curso de esquizofrenia ou outro transtorno psicótico
e não sejam explicados por outros transtornos mentais.
Também como um aspecto contextual dos sintomas, tem-se a labilidade de humor, que
pode trazer como consequências algumas dificuldades sociais, assim como conflitos familiares.
Algumas vezes, a pessoa com TDAH é percebida como desobediente, preguiçosa,
inconveniente e mal-educada por consequência de sua dificuldade no gerenciamento de
comportamentos, o que gera estresse nas pessoas com quem convivem, pelo fato de sentirem-
se dificuldades no saber como agir diante de tais expressões (BENCZIK et al., 2020).
Outro aspecto é a dificuldade de relação interpessoal da pessoa com TDAH e até uma
demonstração de dificuldade de cognição social. Estes sintomas desadaptativos em relação aos
comportamentos, percebidos nos critérios do quadro clínico, podem refletir em problemas de
humor, comportamentos hiperativos/impulsivos, além de acrescentar crises de choro,
irritabilidade e até de labilidade afetiva e de humor.
Para tanto, há mais do perfil neuropsicológico que pode ser descrito com auxílio de
argumentos neurofisiológicos sobre o TDAH como um distúrbio relacionado ao sistema
dopaminérgico central de recompensa, no qual a maior dificuldade dos pacientes está em
cumprir atividades sem prêmio ou motivações imediatas, entre outras características descritas
na próxima sessão (Faraone et. al., 2001; Fisher et.al., 2002, Kebir, Tabbane, Sengupta e Joober,
2009, apud Machado, Bello e Borges, 2018).

2.1.4 Perfil da neurobiologia do TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) possui particularidade


neurobiológica que precisa ser considerada, já que nesta se dão as bases para sua expressão em
comportamento.
Hynd et al. (1993) observaram que o núcleo caudado das crianças com TDAH apresenta
o lado direito levemente maior que o esquerdo. Outros estudos de Hynd et al. apud Barkley
(2002) referem que o corpo caloso e a região frontal direita são menores em crianças com o
transtorno.
Para Bush et. al. (1999) apud Couto, Melo Junior e Gomes (2010), o TDAH é resultado
de um conjunto de fatores, genéticos, biológicos e cerebrais. Estes autores justificam que há
uma disfunção da neurotransmissão dopaminérgica na área frontal, regiões subcorticais e região
límbica cerebral. Há também indicação de que, em análises de ressonância magnética funcional
(fMRI), demonstrou-se diminuição da atividade neural na região frontal.
22

No TDAH, as áreas cerebrais específicas responsáveis pela atenção, pelo controle


inibitório, pela velocidade de reação a estímulos, pela impulsividade e pelos comportamentos
agressivos, possuem funcionamento específico. Assim, as redes neurais de áreas como a região
do córtex pré-frontal, no córtex parietal, no corpo estriado e no cerebelo são as mais
relacionadas às dificuldades observadas no transtorno (FARAONE ET. AL., 2001; FISHER
ET.AL., 2002, KEBIR, TABBANE, SENGUPTA E JOOBER, 2009, apud MACHADO;
BELLO; BORGES, 2017).
No estudo realizado por González-Castro et al. (2010), foram constatados padrões
diferenciais de ativação cortical e controle executivo para pessoas com TDAH nas áreas Cz e
FP1. Para a pesquisa foi considerado que, quando a razão beta/theta está em níveis inferiores a
50% no Cz, verificou-se uma baixa atenção sustentada. E quando estes níveis de ativação estão
excessivamente baixos na área FP1, então, o déficit de atenção está mais intimamente ligado ao
controle executivo. Tais dados auxiliaram os pesquisadores (GONZÁLEZ-CASTRO et al.,
2010) a indicarem que a especificidade de ativação também acontece de acordo com o perfil do
transtorno e que o conhecimento destas características é essencial para um bom diagnóstico
diferencial, o qual pode impactar na qualificação dos tratamentos e manejos interventivos.

2.1.5 Sobre as funções executivas no TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é também citado como


um quadro clínico de especificidade no neurodesenvolvimento que traz efeitos na expressão
das funções executivas (BARKLEY, 1997, apud BENCZIK E COLS, 2020). E conforme
estudo recente há uma estimativa de prevalência mundial do TDAH de 7,2%, que indica uma
parcela de população com funcionamento executivo em déficit. Assim, conhecer as funções
executivas e como elas estão relacionadas ao desempenho de tarefa, pelos aspectos
neuroanatômicos do TDAH, pode auxiliar na compreensão do quadro e na articulação de
estratégias de estímulo mais adequadas (THOMAS, SANDERS, DOUST, BELLER E
GLASZIOU, 2015).
A especificidade do funcionamento da pessoa com TDAH está no fato de que não lhe
falta conhecimento ou habilidade, porém os déficits se encontram nos mecanismos executivos
que fazem com que pareça que seu conhecimento se desconecte do seu desempenho (BENCZIK
et al., 2020).
Para tanto, as funções executivas são um conjunto de processos mentais que possibilitam
que o indivíduo, de forma integrada, direcione comportamentos e metas, avaliando a sua
23

eficiência, ao passo que realiza a adequação de seu comportamento, priorizando estratégias


mais eficientes, para a resolução de problemas de médio e longo prazo (MALLOY-DINIZ et
al., 2014).
Desta forma, o modelo de conceituação mais atual sobre as funções executivas é o
trazido por Diamond (2013) com três funções básicas, a inibição, a memória operacional e a
flexibilidade cognitiva, intitulado como modelo hipotético das funções executiva. Para tanto, a
inibição, trata-se da capacidade de controle da atenção, emoções e cognições, a qual se constitui
pelo controle de interferência e inibição de resposta e/ou autocontrole; a memória operacional,
é a capacidade de sustentação da informação para a realização de operação com/sobre ela; e a
flexibilidade cognitiva, se tata da função executiva que permite a mudança de perspectiva (de
sentido espacial e/ou interpessoal) de uma situação-problema, possibilitando a adaptação a
diferentes demandas e regras (DIAS; MALLOY-DINIZ, 2020).
Nesse modelo, Diamond (2013) faz uma diferenciação entre as funções executivas e a
autorregulação, reconhecendo a sobreposição entre elas. Assim, enquanto as funções executivas
gerenciam a regulação do pensamento e ação, a autorregulação fica responsável pela regulação
das emoções.
Os circuitos neuronais associados com o Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade incluem o córtex pré-frontal, gânglios da base e o cerebelo. Alterações
detectadas por meio de ressonância magnética (RM) demonstram uma disfunção pré-frontal-
estrial direita, tal como perda de assimetria normal do caudado, menor globo pálido direito,
menor região frontal anterior direita, menor cerebelo e reversão da assimetria normal nos
ventrículos laterais (ROTTA; BRIDI FILHO; BRIDI, 2016).
Dias e Malloy-Diniz (2020, p. 150) evidenciam que o “termo pré-frontal já era usado na
literatura no século XIX” no texto de Ferrier e Yeo (1884). Assim, considerando o mapa
citoarquitetônico de Brodmann, essa região faz parte do córtex frontal também estruturado por
células granulares. Na perspectiva anatômica, o córtex pré-frontal trata-se da área anterior do
lobo frontal. E sabendo que este córtex é a região onde é originado o circuito dorsolateral, o
qual possui relação com processos cognitivos como planejamento, solução de problemas,
fluência, categorização, monitoração da aprendizagem e da atenção, capacidade de abstração,
autorregulação, julgamento, tomada de decisão e funções executivas (DIAS; MALLOY-
DINIZ, 2020).
Dessa forma, conforme Rotta, Bridi Filho e Bridi (2016), há no Transtorno de Déficit
de Atenção/Hiperatividade especificidades neuroanatômicas que justificam uma disfunção pré-
frontal-estriatal. E sendo a área frontal do cérebro a que está relacionada às “executive
24

network”, segundo Thompson e Thompson (2015), o que é “crucial for all executive functions,
such as the evaluation of incoming, stimili, planning and apropriate response, and inhibiting
inapropriate responses” 1.
Thompson e Thompson (2015) citam também que o funcionamento executivo é uma
importante função do lobo frontal. Assim, essa é a região responsável por gerenciar processos
cognitivos como percepção, atenção, seleção, tomada de decisão, inibição, memória,
planejamento, solução de problemas, raciocínio lógico, sequenciamento, tal como para
monitorar, avaliar, realizar autocorreção em contextos sociais, assim como conquista do que se
objetiva (THOMPSON; THOMPSON, 2015).
A região frontal do cérebro também é indicada por Carvalho et. al. (2012, p. 95) “por
ter um papel fundamental nos processos cognitivos mais complexos e na produção e controle
do comportamento, o lobo pré-frontal é considerado o substrato neurológico mais envolvido
nessas funções”. Desta forma, pode-se inferir que uma especificidade desenvolvimental nessa
área pode refletir na expressão de processos cognitivos no comportamento.
É perceptível que o lobo frontal vem ganhando protagonismo por ser associado ao
gerenciamento das funções cognitivas e comportamentais. Assim, a percepção de que os lobos
frontais são estruturas neuroanatômicas fundamentais para determinados comportamentos tem
auxiliado, inclusive, na qualificação de processos interventivos (DIAS; MALLOY-DINIZ,
2020).
Dias e Malloy-Diniz (2020) referem ainda que há estudos sobre o funcionamento
neurohemodinâmico que demonstram, com auxílio do uso de técnicas de avaliação de fluxo
sanguíneo do cérebro, que há uma diminuição na atividade hemodinâmica cerebral frontal
também no quadro de TDAH. Assim, esse conceito de hipofrontalidade passou a ser associado
a manifestações de processos cognitivos de ordem superior e comportamentais tão importantes
para a manifestação da adaptabilidade e funcionalidade da pessoa em seu cotidiano (DIAS;
MALLOY-DINIZ, 2020).
Há uma especificidade neurológica no lobo frontal do quadro de TDAH e, por isso, na
manifestação das funções executivas. Nessa área cerebral, há alta influência das vias
subcorticais de ativação, que são moduladas pelo nível do estado de vigilância da pessoa e por
fatores oscilantes de motivação, esforço e autogerenciamento. Na neurofisiologia da pessoa
com TDAH, esta dinâmica está alterada, pois os déficits de dopamina e noradrenalina nas
respectivas vias, considerando o atraso na maturação destas redes, levam ao desequilíbrio no

1
Em tradução literal: [...] crucial para todas as funções executivas, como a avaliação de respostas recebidas,
respostas a estímulos, planejamento e resposta apropriada e inibição de respostas inapropriadas.
25

fluxo de informações de baixo para cima (bottom-up) e de cima para baixo (top-bottom) e,
consequentemente, à redução de performance executiva (MACHADO; BELLO; BORGES,
2018).
Assim, conforme citado pelas autoras supracitadas, há um reflexo da especificidade
neurodesenvolvimental na expressão das funções executivas na pessoa com TDAH que afeta
as habilidades cognitivas para uma realização de tarefa organizada, principalmente nas que
exigem autorregulação e esforço sem recompensa (MACHADO; BELLO; BORGES, 2018).
Em uma perspectiva mais específica, os processos cognitivos mais afetados no quadro
do TDAH são as funções executivas, a atenção seletiva e sustentada, a memória de trabalho não
verbal e atividades cuja boa performance está relacionada com o tempo de execução
(MACHADO; BELLO; BORGES, 2018).
Gonçalvez et al. (2013) identificou que o déficit inibitório pode estar relacionado às
dificuldades atencionais manifestadas no TDAH. Isso, pois, estas situações novas necessitam
de automonitoramento e gerenciamento do componente executivo central da memória de
trabalho. Desta forma, justificam-se, ao menos que parcialmente, as queixas de manutenção da
atenção e as falhas na execução de tarefas escolares.
Para tanto, uma percepção que precisa ser evidenciada é de que o lobo frontal é uma
parte de uma estrutura cerebral que possui uma acervo vasto de funções que se manifestam para
além da sua associação com as funções executivas, tal como as citadas pelos autores Dias e
Malloy-Diniz (2020, p. 144-145): “às funções relacionadas a expressão e planejamento motor”;
“à expressão da linguagem”; “à pragmática da linguagem”; “ao controle dos esfíncteres
urinários e ao rastreio ocular por movimentos sacádicos”.

2.1.5.1 Da Atenção

De acordo com Ciasca et al. (2015), a atenção assume um papel importante na


aprendizagem, desde a recepção dos estímulos, durante o processamento das informações e na
organização das respostas. Sendo assim, tem-se na atenção um processo cognitivo importante
que se relaciona com outros processos cognitivos superiores.
Uma contribuição de grande valia para a compreensão do processo cognitivo da atenção
são os estudos de William James (1890) que, segundo Ciasca et. al. (2015), desenvolveu seu
método referenciando uma consideração não somente no funcionamento cerebral, mas com
fundamentos empíricos. Para James (1890 apud CIASCA et al., 2015, p. 54):
26

Todos sabem o que é atenção. É a tomada de posse pela mente de forma clara e vívida, de um
dentro os que parecem ser vários objetos possíveis simultâneos ou linha de pensamento. A
focalização e a concentração da consciência são suas essências. Esta implica a abstenção de
algumas coisas para poder lidar eficazmente com outras.

O conceito trazido por James (1890 apud CIASCA et al., 2015) é referência de estudos
sobre a atenção por citar o caráter seletivo dos processos atencionais, por considerar que o foco
é um processo de dirigir-se a estímulos internos ou externos, e por referir que o indivíduo pode
exercer controle sobre milhares de estímulos pela seleção realizada por ele. A focalização,
também citada pelo estudioso, ganhou, em estudos mais recentes, a denominação de atenção
sustentada.
A atenção seletiva tem seus princípios advindos da teoria da informação, a qual começou
a ser desenvolvida em 1949. Em 1953, foi apresentado o efeito coquetel como ilustração da
atenção sustentada auditiva, que consiste na capacidade do acompanhamento de uma conversa
em uma reunião social meio a outras. Dessa forma, a pessoa tem como base as diferenças físicas
entre estímulos auditivos para selecionar para qual direciona a sua atenção (CIASCA et al.,
2015).
Em 1958, foi proposta a teoria do processamento das informações baseada na atenção
por Broadbent. De acordo com esse modelo, os indivíduos possuem capacidade limitada de
atenção e só os estímulos relevantes são sustentados e processados. Já, em 1964, foi proposta a
teoria da atenuação atencional por Treisman, a qual necessita de distribuição dos estímulos
externos, baseada em características físicas, localização, intensidade e conteúdo (CIASCA et.
al., 2015).
Em 1971, Posner e Boies descreveram as tipologias de subsistemas de atenção. Nos
anos seguintes, houve estudos que distinguiram a orientação explícita e implícita da atenção.
Lúria, em 1981, definiu por seus estudos, citados por Ciasca et al. (2015, p. 56), que “a atenção
é a função responsável por extrair os elementos essenciais para toda e qualquer atividade mental
e corresponde aos processos que mantém a vigilância sobre o curso preciso e organizado da
atividade”, o que demonstra a hierarquização da atenção em seletividade e sustentação.
O conceito trazido por Ciasca et al. (2015, p. 56) é que, em síntese, a “atenção é o nome
dado ao caráter seletivo e direcional dos processos mentais organizados e à capacidade do
indivíduo de responder principalmente aos estímulos que lhe são significativos”. Assim, a
atenção envolve o estado de alerta e a atenção propriamente dita.
Para tanto, Mirsky et al. (1991 apud CIASCA et al., 2015) refere que a atenção possui
cinco elementos, sendo eles: seleção, o foco, a execução, alternância e a sustentação. Em 1996,
27

Engelhardt, Rozenthal e Laks propuseram que existem quatro tipos de atenção: a atenção
seletiva, cuja especificidade se encontra no processo de seleção dos estímulos; a atenção
sustentada, que consiste na capacidade de manutenção do foco atencional a uma série de
estímulos por um determinado período para realização de tarefa; a atenção alternada, que é a
capacidade de alternância do foco atencional; E a atenção dividida, a qual consiste no
desempenho de duas atividades de maneira simultânea.
A atenção, como um processo cognitivo, possui sistemas neurais. Desta forma, segundo
Ciasca et al. (2015, p. 61), de maneira hierárquica, “a atenção necessita da manutenção do
estado de alerta/vigília, isto é, o tônus cortical para a recepção adequada dos estímulos”, que é
a 1ª Unidade Funcional de Lúria. Para tanto, a formação reticular localizada no tronco
encefálico é a principal responsável por este mecanismo. Assim, as informações recebidas pelos
receptores sensoriais passam pela formação reticular e então são enviadas para as estruturas do
diencéfalo (principalmente, o tálamo) e telencéfalo. Este mecanismo recebe o nome de Sistema
de Ativador Reticular Ascendente (SARA), e é responsável pelo estado de vigília e ativação
das diferentes áreas do córtex, para que aconteça o processamento das informações sensoriais.
Os mecanismos neuroanatômicos top-down e bottom-up são mecanismos de
processamento de regulação da atenção que interagem para qualificar o desempenho desta.
Estes mecanismos envolvem áreas diferentes do córtex. O top-down requer a participação do
circuito frontoparietal e o bottom-up demanda participação do circuito parietal frontal para a
identificação de estímulos novos, precisando da ativação conjunta do córtex parietal posterior
inferior, junção temporoparietal e córtex pré-frontal (CIASCA et al., 2015).
Mesmo sendo conhecidos os mecanismos neuroanatômicos da atenção, a sua expressão
no comportamento é subjetiva, uma vez que ainda não há registros de estudos sobre ergonomia
atencional. No entanto, a “não atenção” tem expressado seus impactos pelos efeitos no
funcionamento da pessoa e vem sendo demanda de processos interventivos, assim como outros
processos cognitivos, inclusive, com a alternativa de uso de tecnologia, como será explanado
na sessão a seguir.

2.2 INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA COM O USO DA TECNOLOGIA

Até o momento, a tecnologia nos permitiu principalmente realizar tarefas de forma mais fácil,
rápida e eficiente. Ela também nos ofereceu oportunidades para nosso desenvolvimento pessoal
[...] estamos no limiar de uma mudança sistêmica radical que exige que os seres humanos se
adaptem continuamente (SCHWAB, 2016, p. 99).
28

É inegável que o avanço da tecnologia tem mudado as formas de trabalhar, estudar,


interagir e de se divertir. E este avanço faz emergir a percepção de que as pessoas estão
aprendendo e reaprendendo a executar tarefas com o uso de instrumentos, dispositivos e
alternativas digitais no seu cotidiano. Os dispositivos tecnológicos digitais causam,
primeiramente, rupturas e desafios, por se tratar de novidades que fomentam estranhamento,
mas que de forma breve cedem lugar à percepção de novas possibilidades na realização de
tarefas (SCHWAB, 2016).
Este período, cheio de novidades tecnológicas que impactam no funcionamento diário
das pessoas, é identificado como uma das características da quarta revolução industrial. Na área
clínica, ela segue trazendo novas alternativas pela diversificação de instrumentos e ferramentas
que possibilitam a qualificação do desenvolvimento de um plano interventivo mais atrativo,
dinâmico, tal como mais personalizado, adequado e, por isso, mais eficaz.
Para Siqueira (2008, p. 190), este avanço tecnológico “não se trata apenas de uma
evolução tecnológica acelerada: são quebras de paradigmas que equivalem ao rompimento de
uma barragem, tal força que têm para alterar o curso da vida adiante”. O que possibilita o
entendimento de que este movimento reflete em todas as áreas. Fatores também aludidos por
Schwab (2016), quando cita sobre a presença da inovação e a ruptura de padrões conhecidos, o
que reflete no padrão de vida e percepção de bem-estar da sociedade, o que se mostra inerente
às novas formas das pessoas de agir e reagir.
Ainda segundo Schwab (2016), a quarta revolução industrial é um conceito para além
de sistemas e máquinas inteligentes e conectadas. O autor (2016, p. 16) cita que o escopo
desta revolução “é muito mais amplo. Ondas de novas descobertas ocorrem simultaneamente
em áreas que vão desde o sequenciamento genético até a nanotecnologia, das energias
renováveis à computação quântica”.
Da mesma forma, é preciso considerar que este período de experiência e
instrumentalização tecnológica é global e essencialmente diferente das revoluções anteriores.
Isso, pois se trata da fusão das tecnologias com os domínios físicos, digitais e
biológicos. Entende-se, pois, com isso, que a sociedade também se modifica, pela
operacionalização dessas tecnologias, uma vez que, com a funcionalização destas, emergem
novas formas de se expressar, se comportar, de interagir e de produzir.
Portanto, no que tange a aspectos sobre a utilização da tecnologia na prestação de
serviços, neste período de quarta revolução industrial, a tecnologia traz maior eficiência,
agilidade e facilidade de acesso a dados, o que promove uma personalização mais efetiva do
planejamento terapêutico para o campo de atendimento clínico.
29

2.2.1 Interface cérebro-computador - ICC ou BCI no atendimento clínico

A utilização da tecnologia pelo uso de ICC – interface cérebro-computador – não é


novidade desde 1964, quando Grey Walter realizou seu experimento com a utilização de um
dispositivo que permitiu realizar o registro de atividade cerebral do paciente, enquanto ele
pressionava um botão (ROTTA et al., 2016). O dispositivo utilizado é aproximado à cabeça do
usuário que, pelo uso de sensores acoplados, realiza mapeamento de reações cerebrais.
Para tanto, o dispositivo utilizado para tal feito científico fora chamado de ICC –
interface cérebro-computador, trazendo como preceito a possibilidade de comunicação entre
sistemas, sendo esta uma definição recente citada por Dávila, Lamas e Macías (2017).
Heidrich et al. (2015) explicam que um ICC ou BCI “permite que uma pessoa possa
transferir comandos a um computador diretamente”. Os mesmos autores também salientam que,
mesmo com o acesso a alta tecnologia, o desafio da atualidade “é pensar como as questões de
diversidade e inclusão social podem ser resolvidas nesse processo”. Por conta disso, a
intencionalidade do uso das ferramentas tecnológicas para prover ações que auxiliarão no
acesso à aprendizagem se faz necessário.
Conforme Rotta et al. (2016), nos últimos anos, o uso de tecnologias como as ICCs tem
demonstrado que estes dispositivos podem, além de auxiliarem na reabilitação, também
estender as capacidades dos seres humanos. Reconhece-se, para tanto, que estes dispositivos
não são percebidos como convencionais e nem de fácil utilização, mas que seu uso pode trazer
benefícios para as mais diversas áreas.
A ICC (interface cérebro-computador ou BCI – brain computer interface) trata-se de
um meio interativo para o conhecimento (por meio do mapeamento) da comunicação natural
do sistema nervoso central (SNC). Para tanto, a atividade cerebral mapeada é realizada pela
intenção do participante, que está utilizando o dispositivo e, consequentemente, gerencia tais
sinais para a modificação de layouts no computador (ROTTA et al., 2016).
Sendo assim, as quatro características de uma ICC ou BCI são: realização do registro da
atividade do cérebro, realização de um feedback; acontecimento do feedback em tempo real e
controle da atividade pelo participante usuário do dispositivo. Para tanto, com uma gama ampla
de funcionalidades, um dispositivo ICC ou BCI pode ser um instrumento de demonstração do
quanto a tecnologia contribui para o nosso cotidiano, por trazer a possibilidade de realização de
tarefa de maneira a funcionalizar reações neurofisiológicas com intencionalidade operacional,
o que, além do resultado de realização da tarefa, traz a possibilidade de uma neuromodulação
autorregulatória, na qual o usuário promove a si um estímulo neurofisiológico.
30

2.2.2 O biofeedback e a neuromodulação autorregulatória

O biofeedback é uma técnica não farmacológica e não invasiva que realiza um


monitoramento em tempo real de reações fisiológicas pela aproximação de sensores
aproximados à pele.
Para Gonçalves e Boggio (2016, p. 40), biofeedback “são métodos para avaliar respostas
fisiológicas através de instrumentos digitais que possibilitam uma devolução em tempo real
sobre as reações do sujeito a estímulos e os reflexos destes nestas respostas”. Sendo assim, o
neurofeedback é um tipo de biofeedback de reações neurofisiológicas.
Segundo os mesmos autores, há oito pontos de destaque acerca da autorregulação, as
quais seguem no Quadro 3:

Quadro 3 – Pontos de destaque sobre a autorregulação


Flexibilização autorregulatória, em conjunto com a heterorregulatória, resulta em
1.
regulação emocional, cognitiva, comportamental e fisiológica;

2. A eficácia da autorregulação reside na capacidade de automonitoração em tempo real;

3. Os quatro alvos da regulação: emoção, cognição, comportamento e fisiologia;

Emoções constituem-se como mecanismos psicológicos adaptativos, daí a necessidade


4.
de flexibilização das respostas emocionais;

Autorregulação cognitiva pode ser dar por realocação atencional, memória


5.
autobiográfica, memória de trabalho e pela capacidade de manejo no set mental;

Flexibilidade cognitiva é vital na autorregulação e pode se dar pelos seguintes sistemas


6.
de regulação atencional, rede de alerta, rede de orientação e rede de controle executivo;

A autorregulação comportamental tem na sua essência a inibição de respostas habituais


7.
e automáticas e disponibilização de novos repertórios comportamentais;

Autorregulação fisiológica é a interferência direta e a criação de estratégias na


8.
regulação de sistemas fisiológicos.

Fonte: Gonçalves; Boggio (2016, p. 42).


31

Mesmo sendo citados aspectos sobre regulação emocional e de outros componentes


cognitivos, esta produção não objetiva um aprofundamento acerca destes, somente dos que
tangem aos aspectos atencionais e sobre o conceito de autorregulação fisiológica trazido pelos
autores Gonçalves e Boggio (2016), no ponto 8 do Quadro 1.
Nesse sentido, sabendo que a reação eletrofisiológica faz parte do funcionamento
cerebral pela emissão de ondas em hertz (Hz), Gonçalves e Boggio (2016) referem que há
marcadores eletrofisiológicos que estão associados “à atividade metabólica em diferentes
regiões corticais e subcorticais”. Assim, a possibilidade de tornar reações fisiológicas visíveis,
por meio de ampliadores de sinal – os sensores, com a técnica de biofeedback é possível
promover uma autopercepção qualificada da pessoa, uma vez que, pela técnica com o feedback
em tempo real, ela consegue identificar as reações fisiológicas e perceber os efeitos de
determinados estímulos, pelo seu gerenciamento.
Sendo assim, compreendendo os processos cognitivos como produtos de reações
cerebrais complexas, pode-se perceber, na citação de Krebs, Weinberg e Akesson (2013, p.
251) em qual área cerebral é predominantemente percebida a regulação da atenção:

É por meio do córtex pré-frontal que a atenção pode ser dirigida a um estímulo ou uma tarefa
específicos em nosso meio, mesmo que este estímulo ou tarefa não seja o predominante ou mais
evidente. O córtex pré-frontal medeia a capacidade de decidir sobre a relevância do estímulo e
dirige a atenção, enquanto suprime distrações. [...] E é nesta área do córtex que a informação
pode ser retida por tempo suficiente para planejar e executar a resposta comportamental a um
estímulo.

Ainda de acordo com os autores (2013), o córtex cerebral compreende a substância


cinzenta que recobre toda sua superfície e é onde estão localizados os corpos celulares dos
neurônios. Assim, a maior parte do córtex humano é do tipo neocórtex, que tem seis camadas.
Faz-se importante saber que a maior parte do cortex é composta de áreas de associação.
Assim, têm-se as áreas primárias (motor, sensorial, visual, auditivas e outras áreas sensoriais
primárias) e as áreas de associação que, segundo Krebs, Weinberg e Akesson (2013), são áreas
que “estão localizadas adjacentes a cada área primária” e são importantes para a atenção e a
consciência (áreas de associação parietais), uma vez que são áreas que ajudam a planejar e
adaptar o comportamento aos contextos sociais (áreas de associação frontal) e que ajudam a
reconhecer elementos e situações no ambiente (áreas de associação temporal).
O conhecimento acerca dessa estrutura cerebral pela neuroanatomia auxilia a
compreender que a estrutura biológica atencional existe e pode ser estimulada. Já que a atenção
é um processo cognitivo que acontece pelas reações elétricas, físicas e químicas em inter-
32

relação no cérebro, ela também é produto de um adequado suprimento sanguíneo que possibilita
irrigação do córtex, onde acontecem as conexões neurais (KREBS; WEINBERG; AKESSON,
2013).
De acordo com Machado (2004, p. 87) “o fluxo sanguíneo cerebral é muito elevado,
sendo superado apenas pelo do rim e do coração”. Kety (1950 apud MACHADO, 2004, p. 88)
refere que “o fluxo sanguíneo é maior em áreas mais ricas em sinapses de forma que na
substância cinzenta”; ele, portanto, é maior que na branca, o que para este autor (MACHADO,
2004) está relacionado com uma maior atividade neural na região.
Machado (2004) também cita que, no córtex cerebral, o fluxo varia, mas que estas
diferenças diminuem durante o sono. Ele demonstra o reflexo do estímulo na anatomia cerebral
ao descrever que:
Medindo o fluxo sanguíneo na área visual do córtex de um animal, verifica-se que ele aumenta
consideravelmente quando o animal é colocado diante de um foco luminoso, o que determina a
chegada de impulsos nervosos no córtex visual. Sabendo-se que a atividade celular causa
liberação de CO2 e que este aumenta o calibre vascular, pode-se entender os aumentos locais
do fluxo sanguíneo em áreas cerebrais submetidas a uma maior solicitação funcional
(MACHADO, 2004, p. 88).

Assim, pode-se inferir que, com uma estimulação de perfusão sanguínea, a qual
depende, consequentemente, do fluxo sanguíneo, também aumentará a atividade na área
cerebral na região estimulada, e isso pode auxiliar na ativação de suas circuitarias neurais.
Corroborando com os apontamentos de Machado (2004), Gonçalves e Boggio (2016, p.
95) citam que “a ativação cerebral de uma determinada região implica no aumento do
metabolismo celular, o que reflete em uma maior demanda de fluxo sanguíneo nestas regiões”.
Ainda conforme os autores Gonçalves e Boggio (2016, p. 95), com o neurofeedback é
possível uma mudança no padrão de ativação cerebral pela ativação do fluxo sanguíneo por
“capacitar o indivíduo para a ativação de diferentes redes fisiológicas e neurais”. Sendo assim,
com esta ativação acontecendo com uma maior frequência, pode qualificar o tempo em que ela
acontece e isso refletir em um melhor desempenho de tarefa, conforme preceitos da psicologia
experimental e a teoria do condicionamento operante.
Desta forma, conforme elucidado por Benczik (2020, p. 458), “o fato de não
percebermos as sutis diferenças não significa que elas não ocorram”, pois, quando se trata de
neuromodulação, o início acontece nas regulações cotidianas, as quais se expressam pelo
recrutamento de estratégias decorrentes da autorregulação, um importante componente
executivo.
33

Considerando que a autorregulação pode se dar em perfil emocional, cognitiva,


comportamental e fisiológica, ela, ao ser estimulada, pode contribuir para uma melhor
funcionalidade da pessoa, assim como na qualificação de seu desempenho na realização de
tarefas (BENCKIC, 2020). Para tanto, é preciso considerar que a autorregulação é um processo
cognitivo que permite uma maior flexibilização dos mecanismos emocionais, propiciando à
pessoa possibilidades de adaptação. Assim, poder contar com uma tecnologia que auxilie no
estímulo da neuromodulação autorregulatória torna-se uma possibilidade de grande valia.

2.2.3 Hemoencefalografia - nirHeG neurofeedback

Hershel Toomim, juntamente com Marjory, apresentou o sistema Hemoencefalografia


(nirHeG), na reunião anual da AAPB de 1995. O nirHeG foi apresentado como uma
espectroscopia por infravermelho aproximado (nir), o que possibilita o mapeamento das
alterações dos níveis de oxigênio no fluxo sanguíneo da área mapeada.
Segundo Toomim et al. (2004), existe outro equipamento desenvolvido por Jeffrey
Carmen, o Passive Infrared Hemoencephalography (pirHEG), o qual se propõe também a
mapear as alterações voluntárias do fluxo sanguíneo cerebral, mas provocando alterações na
atividade térmica do cérebro. Assim, o processo envolve o uso de luz infravermelha distante. De
acordo com os autores (2004), Jobsis, em 1977, inventou o sistema de monitoramento dos
índices de oxigênio no tecido cerebral e fluxo sanguíneo por infravermelho não invasivo.
O sistema de espectroscopia por infravermelho próximo (nir) surgiu pelo estudo de
Britton Chance (CHANCE et al., 1988), como uma alternativa para a pesquisa acerca da
medição da oxigenação do sangue cerebral, para verificar as mudanças duradouras das ondas
cerebrais que poderiam ser detectadas pela atividade do fluxo sanguíneo através de SPECT –
tomografia computadorizada de emissão de fóton único. Nessa análise, foi injetado na veia do
sujeito um bolus de material radioativo e, à medida que este circulava na corrente sanguínea,
parte dele se alojava nos tecidos do cérebro, reação esta que pôde ser detectada com um scanner
de radiação.
Assim, como um modelo de aplicação para análise dos resultados das pesquisas de
Toomim, o nirHeG surgiu como alternativa mais simples para ele construir e efetivar seus
estudos práticos. Segundo Machado (2004), os primeiros estudos começaram com vários
voluntários com transtornos cerebrais, como TDAH, perda de memória por envelhecimento,
acidente vascular cerebral, entre outros, e, segundo as análises feitas por Toomin, todos
34

demonstraram melhoras. Nesse momento surgiu, então, o sistema nirHeG como uma nova
maneira de exercitar o cérebro.
Toomim e Carmen (2009, p. 171) descrevem o funcionamento do equipamento com o
sensor, conforme a Figura 3, em que o nirHeG emite uma luz que “ilumina” o cérebro. Essa
luz, aproximada à pele, é o que viaja através do tecido. Sabendo que o cérebro “muda de cor e
aquece” quando se utiliza qualquer parte dele, quando o seu metabolismo é ativado, torna a luz
infravermelha mais quente e brilhante; e quando menos ativo, esta mesma luz tende a ficar mais
“fria e roxa”.

Figura 3 – Sensor de Hemoencefalografia – nirHEG

Fonte: Toomim e Carmen (2009, p. 171).

Conforme a imagem mostra na Figura 3, há um círculo branco na faixa que contém o


sensor, e esta é a marcação da área que está sendo mapeada a dinâmica do fluxo sanguíneo, a
partir da perspectiva nir.
Sabendo que a ativação cerebral está fundamentada na alteração pelo aumento do fluxo
sanguíneo cerebral e oxigenação sanguínea, segundo os autores (2009), o nirHeG faz o
mapeamento da atividade desta hemodinâmica pelo cérebro que pelo treino tende a requerer
mais oxigênio e glicose na corrente sanguínea, o que reflete na sinaptogênese (surgimento de
novas sinapses) da região ativada. Para tanto, pode-se inferir que são promovidas na região
cerebral, também, alterações nos processos cognitivos e, assim, novas possibilidade de
expressão destes no comportamento.
35

Toomim e Carmem (2009) citam que o cérebro é tal como um músculo e, por isso,
precisa ser exercitado. Para eles, o cérebro se modifica com o exercício e também pode se cansar
se o exercício for exacerbado.
Diamond (1964 apud TOOMIM; CARMEN, 2009) cita em seus estudos o princípio do
“use ou perca”. De acordo com esta teoria, o cérebro realiza “podas” neurais e está
continuamente retirando células antigas e reconstruindo novas. E, quando a taxa de perda é
igual taxa de ganho, o cérebro pode ficar estável.
Toomim e Carmem (2009) também referem que, à medida que o sangue oxigenado
fresco entra no tecido, ele faz o sangue ficar mais vermelho. E conforme ele vai absorvendo os
novos nutrientes, ele aquece. Assim, este aumento do fluxo sanguíneo no cérebro ajuda a manter
a homeostase térmica dessas células, os neurônios, auxiliando na sua preservação.
O instrumento nir utiliza os comprimentos de onda relativamente curtos, 680 e 850
nanômetros (comprimentos de onda sensíveis à cor). Assim, o sangue aquecido, em atividade,
muda de cor, uma vez que reflete a ativação metabólica do oxigênio e da glicose na região
monitorada pelo nirHeG, e a geração de calor também pode ser compreendida como reflexo do
metabolismo do oxigênio e da glicose.
Análises de Toomim e Carmen (2009) sugerem que, no software que capta e codifica os
sinais coletados pelo nirHeG, as mudanças são percebidas visualmente na tela, por ser reflexo
em tempo real. Assim, essas reações podem ser percebidas por quem usa o equipamento. Sendo
a luz refletida no tecido mais vermelho, informa ao software as alterações de cor e temperatura
das regiões mapeadas, alterando em tempo real, concomitantemente, os designs do programa
que codifica os dados e os torna visíveis ao participante.
Parasuraman e Rizzo (2008 apud HEIDRICH et al., 2014), da Universidade George
Mason, na Army Science Conferece, em 2008, apresentaram um estudo que demonstrou a
importância da análise das funções cerebrais com o objetivo de melhora do desempenho
humano em sistemas complexos.
Nesse contexto, faz-se importante ter a compreensão sobre neurociência e o
funcionamento pela articulação de processos cognitivos do cérebro durante a realização de
tarefa, a ergonomia cognitiva.
Segundo Guimarães (2004), a ergonomia Cognitiva é definida como a área que “engloba
os processos perceptivo, mental e de motricidade”, que pode ser conhecida e aprimorada por
meio do uso de ICCs ou BCIS.
Pela percepção do funcionamento cerebral em tempo real é possível que o participante
usuário em treino realize um autogerenciamento, buscando alcançar um objetivo dentro do
36

design, por esforçar-se em realizar e resgatar os índices pelos padrões fisiológicos de


manutenção dessa hemodinâmica de estimulação de oxigenação no fluxo sanguíneo na região
cerebral treinada.

2.2.4 Utilização do neurofeedback por Brain Computer Interfacing em casos de TDAH:


uma revisão sistemática

Estudos que envolvem neurofeedback e Brain Computer Interfacing (BCI) aplicados a


pessoas com o diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade podem auxiliar
muito no conhecimento dos possíveis efeitos nos sintomas desse quadro clínico. Com o intuito
de conhecer os achados por meio de estudos sobre o uso de Brain Computer Interfacing (BCI)
na técnica de neurofeedback (NB) em pessoas com Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade foi realizada uma revisão sistemática com uso dos descritores
“ADHD” AND “NEUROFEEDBACK” AND “BRAIN COMPUTER INTERFACING” nas
plataformas: Unique Pesquisa da Universidade FEEVALE, Pubmed e na ERIC. Foram
encontradas 160 publicações.
Como critério de inclusão nesta pesquisa, as publicações selecionadas foram as que
vieram ao encontro da temática proposta, assim como estudos publicados a partir de 2008.
O percurso metodológico está descrito na figura 4:
37

Figura 4 – Percurso metodológico do estudo sobre utilização do neurofeedback por BCI


em casos de TDAH

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Sendo assim, as doze publicações selecionadas foram analisadas criteriosamente e


tiveram elementos como título, objetivo, método e resultados organizados no Quadro 4, a
seguir:
38

Quadro 4 – Elementos das publicações selecionadas, após a aplicação dos critérios de


inclusão
39
40

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Estudos sobre Brain Computer Interfacing (BCI) estão ganhando espaço em pesquisas
e se mostrando como alternativa para a melhora da cognição, tal como de alternativa em
intervenções para a reabilitação motora. As possibilidades de contribuição para a intervenção
41

cognitiva elucidadas nesta revisão foram expressas como ganhos atencionais, a melhora da
autorregulação e de memória de trabalho (JIANG et al., 2017).
Carelli et al. (2017) citam que, com o uso de BCIs, é possível a melhora do
monitoramento do nível global de atenção, assim como o aumento da neuroplasticidade pelo
fornecimento de feedback em tempo real. Desta forma, com os participantes conhecendo como
funciona o acionamento de comandos codificados pelo BCI, ele pode fazer o resgate mais
facilmente. Zilverstand, Parvaz e Goldstein (2017) também citam que a aplicação da técnica de
Neurofeedback (NB) traz ganhos ao funcionamento neuropsicológico, tendo como
apontamento importante na aplicação do estudo experimental a preocupação na aplicação de
um protocolo padronizado, apoiado nas instruções visuais computadorizadas.
Enriquez-Geppert et al. (2019) apontam que o uso da tecnologia pode ser de grande
valia para a intervenção nos sintomas do TDAH. Esses autores referem que ensaios clínicos
com um protocolo de 30 a 40 sessões de neurofeedback TBR foram tão eficazes quanto a
administração farmacológica de metilfenidato na redução do sintoma de desatenção e
hiperatividade, sendo tal melhora relacionada à melhora do desempenho acadêmico dos
participantes. Isso, pois os estudiosos (ENRIQUEZ-GEPPERT et al., 2019) relacionam a
melhora do desempenho pelo treino com o neurofeedback como a aprendizagem da
autorregulação da atenção que este promove.
Arns et al. (2016) indicam que o ceticismo de muitos pesquisadores e médicos sobre a
eficácia do neurofeedback (NB) se deve ao número pequeno da população estudada, do fato de
alguns estudos terem grupo-controle inadequado e baixa qualidade da sessão com o uso da
técnica. Para tanto, a crescente ocorrência de estudos com bons critérios metodológicos auxilia
no aumento da credibilidade do uso do neurofeedback inclusive como sendo uma possibilidade
interventiva terapêutica.
Assim, Arns et al. (2016) elencaram quatro aspectos importantes a serem considerados:
o primeiro é o aspecto clínico que geralmente fica em uma frequência de 1 a 3 vezes na semana
e entre 20 e 30 sessões; o segundo é a escolha sobre a recompensa, para que seja um reforço
positivo para o fortalecimento de estratégias neurocognitiva; o terceiro é o tipo de recompensa,
podendo ser visual, auditivo, proporcional ou binário, imediato ou atrasado, simples ou
complexo, frequente ou raro; já o quarto aspecto é a avaliação de parâmetro de treinamento
durante uma sessão, uma vez que é preciso considerar a evolução do desempenho que venha a
contribuir para a consolidação de habilidades aprendidas.
42

Os ganhos com os treinos de neurofeedback são citados por Lim et al. (2019) ao
comentarem que o principal efeito pode ser percebido na atenção e Zuberer et al. (2015) relatam
efeitos significativos na autorregulação.
A compreensão do neurofeedback como uma possibilidade interventiva de efeitos
positivos na atenção reflete em ganhos em outros processos cognitivos, tal como citam Fonseca,
Prando e Zimmerman (2016, p. 149) ao elucidarem que “outras habilidades cognitivas também
dependem da atenção, assim como a memória e as funções executivas”. E por isso, se explica
a relação dos ganhos nos respectivos processos cognitivos pelo treino da atenção.
Sendo assim, percebe-se que o uso da tecnologia para auxílio terapêutico interventivo
dos aspectos atencionais pelo uso de Brain Computer Interfacing (BCI) no neurofeedback tem
se mostrado promissor. Para tanto, os estudos selecionados auxiliaram na percepção das
possibilidades de contribuição do uso da técnica de neurofeedback (NB) com o uso de BCI para
a cognição, sobretudo de componentes executivos, como atenção, autorregulação e memória,
tendo em vista que os ganhos nos aspectos atencionais reverberam para ganhos executivos e
mnésicos importantes ao funcionamento neuropsicológico de pessoas com o Transtorno de
Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), por serem estes os aspectos com maiores prejuízos.
Dessa forma, estudos que auxiliam na percepção dos efeitos do uso do neurofeedback
por meio de Brain Computer Interfacing (BCI) se tornam de grande contribuição para o
conhecimento acerca da técnica e das possibilidades do uso de alta tecnologia no estímulo
neuropsicológico.

2.3 A TEORIA DE CONDICIONAMENTO OPERANTE NA TÉCNICA DE


NEUROFEEDBACK

A técnica de neurofeedback, como é um tipo de biofeedback, tem como base preceitos


das áreas de psicologia experimental, em específico, na teoria do condicionamento clássico e
operante, assim como também estudos da área da psicofisiologia (LONDERO; GOMES, 2014).
Entre 1930 e 1940 ocorreu o período correspondente à primeira década de trabalho do
psicólogo Skinner (1904-1990) após a elaboração do método de pesquisa – o delineamento
experimental de sujeito único e o esboço de sua principal formulação científica – o conceito de
condicionamento operante (CRUZ, 2011). Neufeld, Brust e Stein (2011) referem que a
psicologia experimental é “uma abordagem no campo da psicologia cognitiva, responsável pelo
estudo experimental científicos dos processos cognitivos”.
43

A base da teoria do condicionamento operante de Skinner (1974) é que, por meio de


aprendizagem ou treinamento, é possível alterar o funcionamento do tecido nervoso. Sendo
assim, a mudança resulta em uma conexão entre a sequência de percepção e sequência de ação,
ou seja, o processo recursivo contínuo de "percepção" para "ação" e novamente para
"percepção", conforme o mecanismo de condicionamento operante mostrado na Figura 5
abaixo.

Figura 5 – O mecanismo de condicionamento operante

Fonte: Cai et al., 2016.

Sendo assim, infere-se que, pelo estímulo com intenção à ação, gera uma percepção que
modificará a primeira, alterando a fisiologia deste corpo que interage. O condicionamento
operante torna o organismo capaz de aprender maneiras de gerenciar suas respostas,
evidenciando as consequências enquanto reforços adequados, positiva ou negativamente
(LONDERO; GOMES, 2014). Estes mesmos autores elucidam que:

A aprendizagem ocorre pelo princípio da modelagem e generalização da resposta, pois o próprio


organismo, ao experimentar as consequências reforçadoras de determinados comportamentos
operantes (feedback = Estímulos Discriminativos, ou SD), tende a utilizar essas estratégias
aprendidas quando discrimina que elas são mais funcionais e gratificantes (LONDERO;
GOMES, 2014, p. 308).

Desta forma, percebe-se que o efeito do gerenciamento de respostas, pelo princípio do


condicionamento operante, acontece também pela compreensão da pessoa sobre seus
feedbacks, os reforços, no seu funcionamento.
Moreira e Medeiros (2007) referem que, na concepção de Skinner, a frequência de novas
ocorrências do mesmo comportamento depende das consequências deste mesmo
comportamento e que esta percepção talvez seja o diferencial da teoria do condicionamento
operante em relação ao condicionamento clássico.
Na perspectiva de Skinner (1974), as reações humanas são consideradas resultados de
influências externas. Assim, estas influências externas fazem parte de uma variedade de
estímulos aos quais o organismo da pessoa reage (STANNEY; HALE, 2012). Estes autores
44

(2012) evidenciam que a diversidade de estímulo gera alterações na pessoa pela interação que
ela exerce na situação, pois as reações se evidenciam nas bases das ações, na cognição.
Compreendendo que a interação com a situação pode ser uma forma de operar sobre ela,
percebe-se uma possibilidade de aproximação com o que Skinner (2003) explica como sendo o
operante, aquele que é o decisor, a pessoa, que age (opera) com o objetivo de alcançar algo que
altera a si e o ambiente.
Percebendo o uso da técnica de neurofeedback como uma expressão da intenção de
autorregulação, pode-se inferir que essa, de acordo com Gonçalves e Boggio (2016, p. 33)
auxilia a pessoa “a tornar operacionalmente explícitos, tão imediatos quanto possível, os
componentes do comportamento que se pretende modificar”. Portanto, compreende-se que a
principal meta deste processo de autorregulação é de tornar a pessoa capaz de desenvolver um
acervo flexível de respostas, pela mobilização de sistemas alternativos, citados pelos autores
(GONÇALVES; BOGGIO, 2016) como sendo de perfil emocional, cognitivo, comportamental
e fisiológico.
45

3 PERCURSO METODOLÓGICO

Esta etapa da produção trata dos procedimentos metodológicos elegidos para esta
pesquisa. Apresenta a caracterização da pesquisa, seu contexto e participantes, os
procedimentos utilizados no estudo, assim como instrumentos para coleta de dados, questões
éticas e metodologia de tratamento dos dados coletados.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

Esta produção tem como perfil uma pesquisa aplicada, por se tratar de um estudo que
possui o intuito de gerar conhecimento para a solução de problemas específicos. Dos
procedimentos técnicos, este estudo pode ser definido como estudo de caso múltiplo, pois se
trata da aplicação de uma técnica que vai gerar resultados, demonstrando como este acontece.
Para tanto, faz-se preciso considerar que esta é uma pesquisa de área interdisciplinar e que, por
conta disso, há procedimentos que decorrem em dinâmica da aplicação pela especificidade do
perfil do estudo de caso. E, ainda, por isso, as descrições destas especificidades acontecerão
nos registros do período de intervenção ao longo da aplicação da técnica.
Para Prodanov e Freitas (2013, p. 60), estudos neste perfil consistem em “coletar e
analisar informações sobre determinado indivíduo, uma família, um grupo ou uma comunidade,
a fim de estudar aspectos variados de sua vida, de acordo com o assunto da pesquisa”. Assim,
no desenvolvimento, para a investigação serão levados em conta um aporte propositivo, teorias
e conhecimentos para conduzir a coleta e a análise de dados e demais eventos que vão demarcar
o percurso da pesquisa (PRODANOV; FREITAS, 2013).
O estudo de caso múltiplo abarca também a possibilidade de uma aplicação de um
experimento, podendo deliberadamente separar um fenômeno do contexto, de maneira a
compreender os efeitos daquele em algum aspecto específico. Sendo assim, na compreensão de
que a aplicação de neurofeedback consiste na aplicação de um protocolo com o uso de um Brain
Computer Interfacing no software BioExplorer pela técnica de neurofeedback, com o objetivo
de treino por vinte (20) sessões, para análise dos efeitos na atenção e componentes executivos
de crianças entre dez e doze anos de idade com diagnóstico de Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade.
46

3.2 CONTEXTO DA PESQUISA

O contexto da pesquisa se dá com participantes estudantes, crianças, devidamente


matriculadas em escolas públicas no Ensino Fundamental de escolas do município de Parobé,
no Vale do Paranhana, no estado do Rio Grande do Sul.
De acordo com dados divulgados no site da prefeitura municipal:

Parobé é um município brasileiro do Estado do Rio Grande do Sul, situado na Região


Metropolitana de Porto Alegre e localiza-se a 70 quilômetros da capital, Porto Alegre. Possui
uma população de 55.486 habitantes, estimada em 2015 pelo IBGE, e é o segundo maior
município do Vale do Paranhana (PREFEITURA DE PAROBÉ, 2021).

De acordo com os dados mais atuais divulgados, os do ano de 2017, no site


<atlasbrasil.org.br> (ATLAS BRASIL, 2020), Parobé possui um IDEB dos anos iniciais do
ensino fundamental de 6,00 enquanto o índice nacional divulgado para o mesmo ano foi de
5,50.
Atualmente, o dado mais atual sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do
município é o de 0.704, equivalente ao ano de 2010. Já o IDH municipal de educação, do mesmo
ano (2010) é de 0.562. 2
No processo de coleta de dados foram buscados índices sobre os casos de alunos
matriculados na rede municipal com idades entre 10 e 12 anos e com diagnóstico de TDAH,
prospectando analisar os efeitos, considerando a faixa etária dos testes escolhidos para
aplicação pré e pós-intervenção.
A rede municipal de ensino de Parobé possui atualmente quinze alunos (uma menina e
quatorze meninos) com diagnóstico de TDAH, sendo apenas 9, neste ano, na faixa etária de 10
a 12 anos de idade (segundo dados compartilhados pela Secretaria Municipal de Educação
municipal). Assim, foi realizada uma chamada aberta para conhecimento de interesse das
famílias em participar. Deste modo, a pesquisa foi realizada dentro do contexto descrito acima.

2
De acordo com busca realizada no site <www.deepask.com>, no dia 10 de novembro de 2020.
47

3.3 PROCEDIMENTOS ÉTICOS

A proposta deste estudo foi submetida à análise do Comitê de Ética por envolver a
participação de pessoas e ser compreendido que a possibilidade da realização depende de tal
prerrogativa de ação. Este trabalho vai seguir a Resolução CNS nº 510, de 2016.
Os responsáveis pelas crianças participantes foram informados por meio do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido de todas as etapas e procedimentos que comportam este
estudo e também sobre a aplicação do protocolo, o qual é não invasivo e indolor. As crianças
participantes também foram informadas e assinaram o Termo para o Consentimento de
participação. Vale esclarecer que as crianças tiveram suas identidades preservadas nos registros
desta pesquisa, sendo utilizadas as iniciais de seus nomes nos dados coletados.
Seguindo as orientações do plano de contingência municipal pela prevenção ao COVID-
19, cuidados necessários para a realização deste estudo foram efetivados e descritos na
submissão ao Comitê de Ética, com aprovação sob número de parecer 4.891.053 (ANEXO A),
conforme a listagem a seguir:
− O atendimento aos responsáveis e crianças acontecerá em um consultório da clínica
Espaço SIM, local devidamente arejado e seguindo as recomendações de distanciamento
vigentes.
− Os participantes serão informados de que o acesso ao local de aplicação do
treinamento, em consultório da clínica Espaço SIM, acontecerá somente com o uso obrigatório
de máscara.
− Serão disponibilizados recipientes de álcool em gel na entrada e ambiente interno do
local, assim como tapetes higienizadores na porta de entrada do espaço de realização do
treinamento.
− Todos precisarão utilizar máscaras durante o período de permanência no local do
acolhimento e intervenções.
− Será realizada a orientação às famílias de que mediante a apresentação de quaisquer
sintomas gripais, os encontros serão desmarcados, sem prejuízo aos participantes.
− A realização da aplicação do treinamento acontecerá com a presença dos
responsáveis das crianças, da pesquisadora e da criança que ficarão no mesmo local, sendo este
número inferior ao da capacidade máxima do espaço.
− Será recomendado aos participantes que tragam uma garrafa de água para que no
desejo de hidratarem-se o façam, evitando manuseio em mais elementos da sala.
48

− Vale esclarecer que a cada momento de treino o espaço será devidamente


higienizado, conforme as recomendações sanitárias.
Foi explicitado às famílias e aos participantes a possibilidade de riscos pela exposição
dos participantes ao uso da técnica, tal como a expressão de cansaço, sensação de impaciência
e mobilização emotiva (manifestação de ansiedade ou desmotivação). Assim, os participantes
foram alertados de que, caso ocorresse a manifestação de desconforto, imediatamente a
intervenção seria interrompida. Sendo assim, os participantes, após o período de realização do
estudo, tiveram direito a uma reconsulta com a pesquisadora para realização de orientações.
Sobre o risco de constrangimento pela quebra do sigilo dos dados, a pesquisadora
comprometeu-se a manter a identidade dos participantes preservada, sendo eles citados pela
sigla de seus nomes em todas as anotações realizadas, lembrando que os dados serão arquivados
sob guarda da pesquisadora por cinco anos e após este período serão destruídos.
A participação neste estudo teve como possibilidade de benefícios a melhora da atenção
do participante, assim como a melhora do desempenho nas tarefas escolares e a qualificação da
expressão da concentração e do processo cognitivo da autorregulação.
Foi também esclarecido aos responsáveis que a sua participação neste estudo contribuiu
para:
− a melhora da atenção do participante, assim como melhora do desempenho nas
tarefas escolares, qualificação da expressão da concentração e do processo cognitivo da
autorregulação;
− o conhecimento dos efeitos do treino com o equipamento nirHeG neurofeeedback na
atenção dos participantes após o período do protocolo de 20 sessões;
− a qualificação da política pública sobre o uso da técnica de neurofeedback por
profissionais da educação como neuropsicopedagogos e psicopedagogos.

3.4 DESCRIÇÃO DOS PARTICIPANTES

O grupo de 5 crianças com o diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e


Hiperatividade selecionadas para a aplicação do protocolo e análise dos efeitos tiveram as suas
habilidades cognitivas mensuradas, por meio de três testes (Teste de Atenção por
Cancelamento, Teste Hayling Infantil e Discurso Narrativo Oral Infantil) cujos dados foram
compartilhados integralmente com os pais.
Sendo assim, a amostragem aconteceu por chamada aberta pela rede social Facebook,
na qual foi realizado convite, direcionado para a cidade de Parobé para conhecimento de
49

interesse de participação de pessoas com TDAH de 10 a 12 anos de idade e que fossem


autorizados pelos seus pais. Ao cumprirem com os critérios de inclusão iniciaram a participação
no projeto de pesquisa. Dos que se enquadraram nos requisitos, os cinco primeiros que
realizaram a inscrição na pesquisa foram os contemplados com a vaga de participante.
O grupo de participantes foi constituído por 5 pessoas, sendo estas de ambos os sexos
entre as idades de 10 a 12 anos de idade. Tendo em vista que a escolha da faixa etária aconteceu
pela predominância nos casos diagnosticados no município de Parobé/RS. Média e desvio-
padrão da idade (nos testes).
Como critérios de inclusão foram:
• Estar devidamente matriculado na rede regular de ensino e frequentando às aulas, independente
da modalidade;
• Ter de 10 a 12 anos de idade;
• Ter diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade emitido por médico.
O critério de exclusão foi o diagnóstico ter sido emitido por um profissional não médico.
Após o acolhimento, seguindo os critérios supracitados sobre faixa-etária e apresentação
do laudo médico, cada participante foi registrado e indicado nos registros do acompanhamento
por uma sigla, produzida pelas iniciais de cada nome acrescida a letra P, de referência à
“participante”. Segue abaixo o Quadro 5, organizado com dados dos perfis:

Quadro 5 – Perfil dos casos acolhidos


Sigla Sexo Data de Nascimento Idade Escolaridade

Caso 1 RSSP Masculino 16/03/2009 12 7º ano

Caso 2 GSRP Masculino 31/12/2009 11 5º ano

Caso 3 LMFP Feminino 19/11/2010 10 4º ano

Caso 4 GVSP Masculino 13/02/2009 12 6º ano

Caso 5 LHSP Masculino 7/02/2011 10 5º ano

Fonte: Elaborado pela autora.

Dado o número pequeno de amostra, segue uma descrição mais detalhada sobre cada
um dos casos:
Caso 1
50

RSSP é do sexo masculino, estudante matriculado no 7º ano de uma escola regular na


rede municipal de ensino de Parobé e participou do estudo com 12 anos de idade. Ele estuda no
turno da tarde e não apresenta histórico de reprovações na sua escolaridade. A mãe descreve
que o filho sempre teve dificuldades na aprendizagem e que, por isso frequenta aulas de reforço
no contraturno desde o segundo ano. Ela relata que o filho teve dificuldades no processo de
alfabetização e que até hoje apresenta dificuldades na leitura e escrita, realizando trocas de
letras nos registros. Também foi apontado pela responsável que o menino realiza trocas na fala
como /r/ pelo /l/ e que, segundo a sua percepção, isso pode estar refletindo em alguns equívocos
na escrita.
Em conversa, o menino relata que gosta muito de matemática. A mãe descreve que o
filho demonstra muita impaciência nos momentos de realizar as tarefas da escola. Ela também
relata que ele expressa muita impaciência com os irmãos, mostrando-se bastante intenso e um
“tanto agressivo” nas suas formas de expressar emoções.
O menino recebeu diagnóstico de TDAH, sem indicação de perfil, com 6 anos de idade,
após apontamentos da escola sobre as suas dificuldades na aprendizagem que motivaram a mãe
a ir em busca de uma avaliação clínica. O diagnóstico foi emitido por um neuropediatra da rede
municipal de saúde do município de Parobé, no estado do Rio Grande do Sul, o qual prescreveu
medicação metilfenidato, porém a família decidiu não administrar a medicação até o presente
momento.

Caso 2

GSRP é do sexo masculino, estudante matriculado no 5º ano de uma escola regular na


rede municipal de ensino de Parobé com 11 anos de idade. Ele estuda no turno da tarde e não
apresenta histórico de reprovações na escolaridade. A mãe descreve que o filho apresenta
dificuldades na aprendizagem e que, por isso, o menino frequenta reforço escolar uma vez por
semana.
O menino recebeu o diagnóstico de TDAH, atribuído por médico neuropediatra em
junho deste ano (2021), sem indicação de perfil do transtorno. Foi prescrita a medicação
metilfenidato, a qual o menino ainda não administra por escolha da família.
Em conversa sobre a escola, o menino relata que gosta muito de educação física. A mãe
relata que o menino é bastante tímido e que a dificuldade na aprendizagem, na sua percepção,
pode estar ligada ao fato de ele não tirar as dúvidas sobre o conteúdo trabalhado. Ela salienta
51

que o menino teve dificuldade no processo de alfabetização e que ainda realiza muitos
equívocos na escrita como erros de transposição de letras (trocando letras de lugar na palavra).
Sua fala (do menino) é clara, sem trocas ou dificuldades de articulação dos sons.

Caso 3

LMFP é do sexo feminino, estudante e matriculada no 4º ano de uma escola regular na


rede municipal de ensino de Parobé com 10 anos de idade. Ela estuda no turno da manhã e não
apresenta histórico de reprovações na escolaridade. A mãe descreve que a filha apresenta
dificuldades na aprendizagem desde os quatro anos, por conta das suas dificuldades associadas
à atenção, por ser “bastante dispersa” (sic). Também foi relatado que, ainda aos quatro anos,
LMFP tinha fala pouco compreensível, a qual somente a mãe compreendia e que, por isso, a
mãe foi em busca de atendimento com fonoaudióloga, o que foi auxiliado por conta da
realização de encaminhamento da escola.
A menina recebeu o diagnóstico de TDAH neste ano (2021), atribuído por médico
neuropediatra, no entanto, este laudo sem indicação de perfil do transtorno. Foi prescrita a
medicação metilfenidato, a qual LMFP administra até o presente momento. Em conversa sobre
a escola, a menina relata que gosta muito.

Caso 4

GVSP é do sexo masculino, estudante e matriculado no 6º ano de uma escola regular na


rede municipal de ensino de Parobé, com 12 anos de idade. Ele estuda no turno da tarde e
apresenta histórico de uma reprovação na sua escolaridade. A mãe descreve que o filho
apresenta dificuldades na aprendizagem, por conta de sua impulsividade, as quais se acentuaram
no processo de alfabetização.
Ele recebeu diagnóstico em 2017 e até o presente momento administra medicação
Ritalina. A mãe relata que o filho possui muita labilidade de humor. Atualmente na escola, ele
tem atendimento individualizado em perfil de acolhimento na sala de AEE. Seu comportamento
é descrito como instável e que ele “não para quieto”, o que “atrapalha” a turma.

Caso 5
52

LHSP é do sexo masculino, estudante e matriculado no 5º ano de uma escola regular na


rede municipal de ensino de Parobé com 10 anos de idade. Ele estuda no turno da tarde e não
apresenta histórico de reprovações na escolaridade. A mãe relata que o filho apresenta poucas
dificuldades na aprendizagem, mas que a labilidade de humor é um aspecto bem preocupante
na funcionalidade do filho.
Ele recebeu o diagnóstico no ano de 2017 e até o presente momento administra
medicação Ritalina. A mãe relata que o filho possui labilidade de humor desde os cinco anos
de idade, o que foi relatado pelas professoras da educação infantil.
LHSP é alfabetizado, mas segundo a mãe, ele é muito desorganizado na sua escrita,
escrevendo de forma ilegível e com algumas trocas por distração. Também foi relatado que ele
costuma “arrumar confusão na escola”, tendo perfil de comportamento mais agitado e de quem
“fica provocando os outros” (segundo informações colhidas com a mãe) e costuma fazer
brincadeiras agressivas.
A seguir, seguem os dados de desempenho, no Quadro 6, dos participantes na primeira
aplicação dos testes elegidos:

Quadro 6 – Dados de desempenho dos participantes da primeira aplicação (pré-


intervenção) dos instrumentos de coleta
Instrumentos Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5
de coleta/ RSSP GSRP LMFP GVSP LHSP
Desempenho
na aplicação Percentil / Percentil / Percentil / Percentil / Percentil /
pré- pontuação pontuação pontuação pontuação pontuação
intervenção padrão com padrão com padrão com padrão com padrão com
classificação classificação classificação classificação classificação
de acordo de acordo de acordo com de acordo de acordo
com a idade com a idade a idade com a idade com a idade

Hayling - parte Entre 50 e >95 - Muito >95 acima do >95 - Muito >95 Muito
A tempo total 75 - Dentro acima do esperado acima do acima do
do esperado esperado esperado esperado
53

Hayling - parte 95 - Acima 25 - Abaixo >50 dentro do 50 - Dentro 50 - Dentro


A erros do esperado do esperado esperado do esperado do esperado

Hayling - parte Entre 75 e >95 Muito <5 muito Entre 75 e >95 Muito
B tempo total 95 - acima do abaixo do 95 - Acima acima do
Levemente esperado esperado do esperado esperado
acima do
esperado

Hayling - parte 95 - Acima 95 - Acima 5 muito abaixo Entre 75 e Entre 75 e


B erros do esperado do esperado do esperado 95 - Acima 95 - Acima
do esperado do esperado

DNOI - De 25 a 5 - <5 - Muito 50 dentro do 25 - Abaixo Entre 25 e 5


Informações abaixo do abaixo do esperado do esperado - Abaixo do
essenciais total esperado esperado esperado

DNOI - De 25 a 5 - <5 - Muito 25 levemente Entre 25 e 5 Entre 25 e 5


Informações abaixo do abaixo do abaixo do - Abaixo do - abaixo do
presentes esperado esperado esperado esperado esperado

DNOI - >5 - Muito <5 - Muito Entre 25 e 5 - >5 Muito 5 - Abaixo


Detalhes abaixo do abaixo do Abaixo do abaixo do do esperado
presentes esperado esperado esperado esperado

DNOI - De 50 a 25 - Entre 75 e Entre 25 e 5 - 95 - Acima 25 - Abaixo


Reconto levemente 50 - Dentro Abaixo do do esperado do esperado
integral abaixo do do esperado esperado
esperado

DNOI - 95 - Acima 50 - Dentro Entre 25 e 5 - 25 - Abaixo Entre 25 e 5


Questões de do esperado do esperado Abaixo do do esperado - Abaixo do
compreensão esperado esperado

DNOI - 50 - Dentro 25 - Abaixo 25 Abaixo do 75 - Acima 25 - Abaixo


Momento do do esperado do esperado esperado do esperado do esperado
54

processamento
de inferência

TAC - Parte 1 73 - Baixa 89 - Média 58 - Muito 107 - Média 74 - Baixa


baixa

TAC - Parte 2 73 - Baixa 83 - Média 88 - Média 90 - Média 96 - Média

TAC - Parte 3 79 - Baixa 103 - Média 61 - Muito 62 - Muito 87 - Média


baixa baixa

TAC - Total 70 - Baixa 92 - Média 50 - Muito 87 - Média 74 - Baixa


baixa

Fonte: Elaborado pela autora.

Os dados colhidos no momento pré-intervenção demonstram que apenas o participante


LMFP obteve na tarefa Hayling um desempenho abaixo e muito abaixo do esperado. Na tarefa
DNOI, o desempenho dos participantes foi, em suma, abaixo do esperado. Já na tarefa TAC, os
desempenhos variaram em baixa e média esperada para a faixa etária. Após esta etapa, os
participantes iniciaram o período interventivo com o uso da técnica de neurofeedback pelo
equipamento nirHeG, o qual está descrito, juntamente com suas especificidades metodológicas,
no capítulo a seguir.

3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

O local de realização da coleta de dados foi na Clínica Espaço de Serviço e Intervenção


Multidisciplinar – Espaço SIM, na rua Fernando Saft, 360, sala 08, no Centro do município de
Parobé, no estado do Rio Grande do Sul. Esta especificidade de uso de sala no Espaço SIM não
gerou custos aos participantes, já que se deu em forma de desejo de cedência do espaço para a
realização do estudo.
Para a realização de coleta de dados para análise dos efeitos da aplicação do protocolo
com o equipamento nirHeG, serão utilizados uma escala para conhecimento do perfil do
transtorno e três testes para análise de componentes executivos antes e após a intervenção com
o uso do protocolo de 20 sessões com o neurofeedback nirHeG: o Teste de Atenção por
55

Cancelamento (TAC), Teste Hayling Infantil (THI) e a Tarefa de Discurso Narrativo Oral
Infantil (DNOI).
Faz-se importante citar que o preenchimento da escala SNAP IV foi eleita como
instrumento para conhecimento da percepção dos pais sobre a expressão de comportamento dos
filhos, o que auxilia na análise qualitativa, pela comparação antes e após o período interventivo.
Desta forma, esta escala (SNAP IV) assume caráter complementar para fins de análises
qualitativas nesta pesquisa.
Para conhecimento sobre a especificidade de cada um destes instrumentos seguem as
especificações:

3.5.1 Escala SNAP IV

De acordo com Mattos et. al. (2006), “o SNAP-IV é um questionário de domínio


público, sucedâneo do SNAP-III e SNAP-IIIR, estes dois últimos formulados a partir da terceira
versão do DSM e de sua revisão, respectivamente, todos utilizando uma escala de quatro níveis
de gravidade” Esta versão inclui os 26 itens correspondentes aos sintomas do critério A da
DSM-IV para TDAH, excluindo demais itens presentes nas versões anteriores.
Desta forma, apresentam-se quatro possibilidades de respostas a serem marcadas: nem
um pouco, só um pouco, bastante e demais. Assim, por meio das respostas marcadas é possível
uma análise do perfil do comportamento da criança como auxílio de manejos interventivos.
Salienta-se que o uso de escalas não caracteriza ou descaracteriza o diagnóstico, mas se
trata de ferramentas importantes que ajudam no conhecimento de dados para eleger alternativas
mais assertivas de intervenção (BARBOSA, 1995 apud BENCZIK, 2020).

3.5.2 Teste de Atenção por Cancelamento (TAC)

O instrumento utilizado para realização do mapeamento inicial da atenção dos


participantes foi o teste de atenção por cancelamento, desenvolvido por Montiel e Seabra
(2012), o qual consiste em três matrizes impressas com diferentes tipos de estímulos. As
marcações a serem realizadas nas matrizes impressas precisam acontecer no tempo máximo de
1 minuto.
Em cada uma das matrizes há um estímulo-alvo, uma figura, a qual precisa ser
encontrada entre 300 outras figuras, entre elas, círculos, quadrado, triângulo, cruz, estrela e
retângulo, aleatoriamente dispostas nas matrizes. A primeira parte do teste avalia atenção
56

seletiva. A segunda parte também avalia atenção seletiva, porém com maior nível de
dificuldade, na qual o estímulo-alvo é composto por duas figuras. Na terceira parte do teste de
atenção por cancelamento, a atenção é avaliada pelo viés da alternância, em que é preciso que
o executor mude o foco em cada linha.
É válido saber que em cada uma das três partes são computados os escores pelo número
de acertos, assim como pelo número total alcançado. Assim, pela base de acertos alcançados,
acontece a indicação de uma pontuação padrão, a qual indicará a classificação do desempenho
de atenção dos participantes.
Desta forma, os dados dos resultados dos participantes no Teste de Atenção por
Cancelamento serão computados inicialmente e, após o período de aplicação da técnica, por
uma nova coleta com a finalidade de perceber os efeitos no desempenho deste.

3.5.3 Teste Hayling Infantil (THI)

O Teste Hayling Infantil (THI) foi desenvolvido por Siqueira et al. (no prelo apud
FONSECA, PRANDO; ZIMMERMANN (2016, p. 66):

[...] a partir dos procedimentos de tradução, retrotradução, tradução comparada,


desenvolvimento de novos estímulos, análise de critérios psicolinguísticos para a seleção das
sentenças estímulos, análise de juízes especialistas em neuropsicologia e linguística e estudo-
piloto.

Sendo assim, o THI se trata de uma versão atualizada para o público infantil do teste
Hayling, publicado por Burgess e Shallice (1997 apud FONSECA; PRANDO;
ZIMMERMANN, 2016). Desta forma, trata-se de uma tarefa realizada em duas partes de
completar sentenças com uma palavra. A demanda da parte A é a produção desta última palavra
de forma coerente com o contexto da frase, já na parte B, é a inibição da resposta coerente e
lógica para a emissão de uma resposta que não apresente sentido com a frase. Este instrumento
avalia de maneira comparativa com índice de flexibilidade cognitiva e tem-se mostrado de
grande valia para a análise de alterações executivas em crianças.

3.5.4 Tarefa de Discurso Narrativo Oral Infantil (DNOI)

A tarefa de Discurso Narrativo Oral Infantil (DNOI) trata-se de um instrumento


adaptado da bateria Montreal de avaliação da comunicação para adultos (FONSECA;
57

PRANDO; ZIMMERMANN, 2016). Segundo as autoras (2016), a tarefa DNOI “apresenta


indícios de ser uma ferramenta útil para a avaliação de crianças”.
Sendo assim, este instrumento avalia dificuldades de linguagem e de disfunção
executiva, assim como a sua associação com comprometimentos de memória episódica, como
o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, problemas ou transtornos de
linguagem/comunicação, dificuldades ou transtornos específicos da aprendizagem ou atraso na
linguagem (FONSECA; PRANDO; ZIMMERMANN, 2016).
Para a realização desta tarefa de análise, a criança precisa realizar três subtarefas na
respectiva ordem:
A) reconto parcial da história por parágrafo;
B) reconto integral da história;
C) avaliação da compreensão do texto, que envolve a produção de primeiro título, respostas de
questões sobre o texto e fornecimento de um segundo título.

3.6 PROCESSO DE INTERVENÇÃO

Os participantes realizaram, anteriormente ao protocolo completo de treino com 20


sessões com uso do equipamento de nirHeG, tarefas para análise de habilidades cognitivas,
como atenção, memória de trabalho, controle inibitório e planejamento.
No primeiro encontro, as crianças, juntamente com um responsável, estiveram
presentes, em horários diferentes pelo cuidado em evitar aglomerações no espaço de aplicação,
realizaram as tarefas. Após esta etapa, duas vezes por semana, por 10 semanas, conforme
combinado com as famílias, elas realizaram os treinos com o uso do equipamento nirHeG.
Assim, ao final do período estimado, foi realizada uma nova aplicação das tarefas com a
finalidade de comparar os dados e verificar os efeitos no desempenho das tarefas realizadas.
Sendo assim, os participantes, após o período de realização do estudo terão direito a
uma reconsulta com a pesquisadora para realização de orientações.
No período de intervenção, os participantes realizaram o uso do equipamento de ICC
(interface computador cérebro) nirHeG, o qual possui um sensor que foi aproximado à região
frontal do córtex (na testa da cabeça) de cada um dos participantes nas áreas FVII, FPI, FPII e
FVIII, de acordo com as áreas de Brodmann, e mapeou a sua hemodinâmica.
As reações neurofisiológicas são transcritas pelo software BioExplorer HEG para
AutoBaseline Training <https://bio-medical.com/heg-autobaseline-training.html>, o que foi
previamente instalado no computador da pesquisadora. O software, com auxílio do
58

amplificador, deixa visível uma linha de base, a qual é indicada como objetivo a ser
ultrapassado com o design colorido que é ativado pela reação neurofisiológica mapeada em
tempo real, conforme mostra a Figura 6.

Figura 6 – Tela do software com a baseline

Fonte: Imagem da autora.

Dessa forma, a imagem que o software gera pelas reações neurofisiológicas mapeadas
em tempo real pelo sensor se torna referência visual para que a pessoa que está em treino
perceba qual é o padrão atencional qualificado que lhe permitiu passar a linha de base (em cor
branca) na tela do computador para que possa resgatá-lo em outros momentos.
Considera-se satisfatório quando o design colorido ultrapassa a linha de base,
demonstrando uma maior reação da hemodinâmica da região mapeada. De acordo com o
protocolo serão feitas 20 sessões, das quais cada uma consiste em treino de tempo gradualmente
aumentado em cada uma das quatro áreas.
O tempo de treino em cada área aumenta gradativamente, sendo que na 1ª, 2ª e 3ª sessões
o tempo será de 4 minutos em cada com o participante ficando de olhos abertos. Na 4ª sessão o
tempo em cada área passa a ser de 5 minutos e ainda com os olhos abertos.
Na 5ª e 6ª sessão a duração será de 5 minutos por área, mas agora com os olhos do
participante fechados. Na 7ª e 8ª sessão o tempo de treino em aumenta para 6 minutos por área
e podendo ser com os olhos abertos ou fechados (de acordo com a escolha do participante). Na
9ª e 10ª sessão o tempo sobre para 7 minutos por área. Na 11ª e na 12ª sessão, o tempo aumenta
para 8 minutos, voltando a obrigatoriedade de ser com os olhos abertos. Na 13ª e 14ª, o tempo
59

será de 9 minutos de duração em cada área com a orientação dos olhos ficarem abertos. Na 15ª,
16ª, 17ª, 18ª, 19ª e na 20ª sessão o tempo de treino por área será de 10 minutos e com
recomendação de os olhos abertos.
É válido saber que o software tem a opção de nos treinos com olhos fechados utilizar
como referência músicas, que por conta de comandos de configuração, pode pausar ou diminuir
o volume quando o participante em treino não alcança o nível de reação hemodinâmica
satisfatório de um padrão atencional qualificado.
Este protocolo é um padrão do Instituto Itallis School (<http://www.itallis.com/>) que
é uma instituição dos Estados Unidos que fabrica e comercializa equipamentos e formações da
técnica de neurofeedback.

3.7 PLANO DE ANÁLISE DE DADOS

Com os dados foram analisados com auxílio do software IBM SPSS Statistics 24.0.
Foram realizadas análises descritivas (média e desvio-padrão) e a normalidade das distribuições
foram avaliadas com o Shapiro-Wilk. As análises comparativas foram realizadas com o auxílio
do Teste t pareado (para as distribuições paramétricas) ou Wilkoxon (para as distribuições não
paramétricas). Foi adotado como nível de significância neste trabalho p < 0,05 (PESTANA;
GAGEIRO, 2014).
60

4 RESULTADOS

Com os dados dos desempenhos do Teste de Atenção por Cancelamento, Teste Hayling,
Teste Discurso Narrativo Oral Infantil pré e pós-período interventivo devidamente coletados,
estão apresentadas, a seguir, as análises descritivas.
Assim, sendo realizadas as estatísticas descritivas de tendência central (média) e
dispersão (desvio-padrão), foram obtidos os seguintes dados, descritos na Tabela 1. Pode-se
observar que os resultados obtidos no Teste de Atenção por Cancelamento apresentam uma
melhora nominal no desempenho pós-intervenção, quando comparado com o desempenho pré-
intervenção.
Já no Teste Hayling Infantil, que avalia inibição e flexibilidade cognitiva, o tempo da
etapa A de execução apresentou redução e isso pode ser evidenciado no tópico de desempenho
de 6,40 no tempo total da parte A na etapa de aplicação pré-intervenção para 5,80 na etapa pós.
Esta etapa do teste avalia o tempo de prontidão para a produção da última palavra de forma
coerente com o contexto da frase. Assim, percebem-se ganhos na indicação de diminuição do
tempo. A média de erros na parte A do THI no desempenho pós-intervenção também diminui
de 0,20 na pré-intervenção, para 0,00 na pós. Na parte B, tempo total, a média de tempo de
desempenho na aplicação pré-intervenção foi de 46,00, já no desempenho pós-intervenção, foi
de 30,40, o que demonstrou uma diminuição importante de tempo. Na incidência de erros, na
parte B deste mesmo teste, é possível observar que o desempenho na pré-intervenção, a média
de erros foi de 2,60 erros; já na aplicação pós-intervenção foi de 1,20, indicando diminuição.
No teste discurso narrativo oral infantil, evidenciam-se ganhos na identificação do
aumento dos dados no desempenho pós-intervenção. Sendo assim, por ser um teste que avalia
memória de trabalho e aspectos de bases atencionais que permitem evocação de informações
recebidas previamente, percebe-se que com os índices de houve uma melhora significativa nas
informações presentes, tendo sido a média de informações na aplicação pré-intervenção de
11,80 informações e conquistando 17,00 no desempenho da aplicação pós-período interventivo.
61

Tabela 1 – Estatísticas descritivas


Pré Pós
Variáveis Desvio- Média Desvio-
Média
Padrão Padrão
TAC - parte 1 31,80 10,40 36,00 11,22
TAC - parte 2 2,60 0,89 3,40 0,55
TAC - parte 3 25,80 5,17 28,80 4,44
TAC - total 60,20 12,6 68,20 11,30
THI - parte A tempo total 6,40 5,22 5,80 5,40
THI parte A - erros 0,20 0,45 0,00 0,00
THI - parte B tempo total 46,00 47,7 30,40 43,14
THI parte B erros 2,60 3,13 1,20 1,79
DNOI informações essenciais totais 10,80 4,09 14,40 2,61
DNOI Informações presentes 11,80 4,87 17,00 4,47
DNOI Detalhes presentes 1,00 1,41 2,60 2,07
DNOI Reconto integral 9,40 2,07 9,80 2,49
DNOI - Questões de compreensão 9,80 0,84 11,00 0,00
DNOI -Momento do processamento de
3,40 1,95 4,40 2,51
inferência
Fonte: Dados da pesquisa (2021).

Considerando que o número da amostra é pequeno (5), foi realizado teste de


normalidade Shapiro-Wilk para avaliar a aderência das distribuições à normalidade. Resultados
não significativos (p > 0,05) indicam distribuições normais. Para tanto, segue Tabela 2 com os
resultados do teste de normalidade.
62

Tabela 2 - Teste da normalidade (Shapiro-Wilk)


Teste da normalidade (Shapiro-Wilk)
W p
TAC - parte 1 pr. - TAC-parte 1 -p.s 0,93 0,623
TAC - parte 2 pr. - TAC-parte 2 -p.s 0,55 < ,001
TAC - parte 3 pr. - TAC - parte 3 - p.s 0,67 0,007
TAC - total pr. - TAC - total - p.s 0,94 0,679
THI - parte A tempo total pr. - THI - parte A - tempo total - p.s 0,84 0,155
THI - parte A - erros pr. - THI - parte A - erros p.s NaN ᵃ
THI - parte B tempo total pr. - THI - parte B - tempo total p.s 0,99 0,985
THI - parte B erros pr. - THI - Parte B- erros p.s 0,88 0,314
DNOI - Detalhes presentes pr. - DNOI - Detalhes presentes p.s 0,98 0,940
DNOI - Reconto integral pr. - DNOI - Reconto integral p.s 0,85 0,181
DNOI - Quest.es de compreensão pr. - DNOI - Quest.es de compreens.o p.s NaN ᵇ
DNOI -Momento do processamento DNOI -Momento do processamento de
- 0,94 0,679
de inferência pr. inferência p.s
Nota.
TAC – Teste de Atenção por Cancelamento.
DNOI – Discurso Narrativo Oral Infantil.
Resultados significativos (p < 0,05) indicam que as distribuições não aderem à normalidade.
ᵃ A variância em Hayling - parte A - erros é igual a 0
ᵇ a variância em DNOI - Questões de compreensão é igual a 0
Fonte: Dados da pesquisa (2021).

Os dados explícitos na Tabela 2 indicam que há apenas três distribuições não normais
(p < 0,05). Sendo assim, as comparações de média que serão conduzidas a seguir, levarão estes
resultados em consideração. Para as destruições normais, será utilizado o teste t pareado e para
as destruições não normais será utilizado o teste Wilcoxon pareado. Na tabela 3 estão descritos
os dados do teste para as amostras pareadas dos resultados de desempenho dos participantes
nos testes pré e pós-período interventivo.
63

Tabela 3 – Teste para amostras pareadas pré e pós-intervenção


Medida pré Medida pós Teste Estat. gl P Efeito
TAC - parte 1 - TAC-parte 1 Student -1,89 4 0,066 -0,85
TAC - parte 2 - TAC-parte 2 Wilcoxon 0,00 0,036 -1,00
TAC - parte 3 - TAC - parte 3 Wilcoxon 4,00 0,205 -0,47
TAC - total - TAC - total Student -6,76 4 0,001 -3,02
Hayling - parte A Hayling parte A -
- Student 0,30 4 0,388 0,14
tempo total tempo total
Hayling parte A – Hayling - parte A
- Student NaN ᵃ
erros - erros
Hayling - parte B Hayling - parte B
- Student 5,75 4 0,002 2,57
tempo total - tempo total
Hayling parte B Hayling Parte B
- Student 1,87 4 0,067 0,84
erros erros
DNOI - Detalhes DNOI - Detalhes
- Student -1,17 4 0,153 -0,52
presentes presentes
DNOI - Reconto DNOI - Reconto
- Student -0,22 4 0,416 -0,101
integral integral
DNOI - Questões DNOI - Quest.es
- Student NaN ᵇ
de compreensão de compreensão
DNOI -Momento
DNOI -Momento
do
do processamento - Student -0,84 4 0,223 -0,378
processamento
de inferência
de inferência
Nota.
TAC – Teste de Atenção por Cancelamento.
DNOI – Teste Discurso Narrativo Oral Infantil.
Para todos os testes, a hipótese alternativa especifica que a Medida 1 é menor que a Medida
2. Por exemplo, Teste de Atenção por Cancelamento - parte 1 pr. É menor que o Teste de
Atenção por Cancelamento -parte 1 -p.s.
Nota. Para o Teste t de Student, o tamanho do efeito foi calculado pelo d de Cohen. Para o
Teste de Wilcoxon, o tamanho do efeito foi calculado pelo Ranking da correlação bi serial.
ᵃ A variância em Hayling - parte A - erros é igual a 0
ᵇ a variância em Discurso Narrativo Oral Infantil (DNOI) - Questões de compreensão é igual
a0
Fonte: Dados da pesquisa (2021).

Ao analisar as amostras pareadas, foram encontradas três diferenças significativas, a


primeira delas foi p 0,06, que avalia a atenção seletiva. Este resultado indica que na atenção
seletiva demandada no teste aconteceu uma melhora.
No teste Hayling, percebe-se uma redução significativa no tempo total no desempenho
pós-período interventivo da parte A (de 0,30 no desempenho pré para 0,38 do desempenho pós),
com efeito de 0,14 (> 0,8).
64

A comparação dos dados de desempenho do TAC total, o efeito foi <0,01, indicando
um dado altamente significativo e o efeito bastante alto. Nesta etapa, o efeito da intervenção se
mostrou muito elevada com diferença significativa. Nos demais testes, teste Hayling e DNOI,
os dados também demonstram efeitos significativos. O que evidencia os ganhos atencionais
para os participantes da pesquisa.
Os demais resultados foram não significativos, de modo que não fica viável indicar que
foram de fato uma melhora real ou como resultado do acaso.

Figura 7 - Resultados

Fonte: Dados da pesquisa.


65

5 DISCUSSÃO

O propósito deste estudo foi conhecer os efeitos da aplicação da técnica de


neurofeedback por meio do equipamento Hemoencefalografia, nirHeG na atenção das pessoas
com TDAH, com o protocolo de 20 sessões, na atenção de crianças com Transtorno de déficit
de atenção/hiperatividade de 10 a 12 anos. Sendo assim, após chamada aberta de convite de
participação no município de Parobé/RS, cinco crianças foram autorizadas por seus
responsáveis e concordaram em participar.
Sobre as hipóteses testadas, permitiram identificar que ocorreram ganhos significativos
nos desempenhos dos testes pós-período interventivo. E mesmo sabendo que o número de
amostra é pequeno (5), considerações precisam ser evidenciadas, pois se tratou de uma
iniciativa que demonstrou efeitos significativos no desempenho de tarefas com demanda
atencional importante, THI, DNOI e TAC. Os dados estatísticos demonstraram que a maior
incidência de efeitos satisfatórios ocorreu na tarefa TAC, que tem como proposta a avaliação
da atenção em suas especificidades de atenção seletiva e em alternância.
Sendo assim, para além dos apontamentos estatísticos demonstrados na tabela 3 de
comparação de desempenhos, também se faz importante considerar que os resultados que têm
potencial de contribuição científica sobre efeitos do uso da técnica de neurofeedback para a
atenção.
Neste estudo foi possível perceber contribuição da técnica do neurofeedback e seu uso
como alternativa terapêutica interventiva complementar, conforme demonstrado em estudos
(MAYER et al., 2012; LA MARCA; O’CONNOR, 2016; LIM et al., 2019; BENCZIK et al.,
2020) como uma aliada ao processo interventivo de processos cognitivos como a atenção em
casos de pessoas com TDAH.
Sendo assim, a busca por alternativas terapêuticas que justificam seus efeitos pelo
funcionamento neufisiológico, com base no que há de potencial tendência de uso da tecnologia
na intervenção pela melhora da atenção, já adquire um caráter além de inovador, mas de
contribuições efetivas para a aprendizagem por meio de seus processos cognitivos de base,
como a atenção (ARNS et al., 2016), o que ficou evidenciado no desempenho pós dos
participantes nas tarefas.
Desta forma, compreender sobre atenção, sabendo como ela se relaciona com outros
processos cognitivos no cérebro e sobre a sua neurofisiologia, torna-se um potente elemento
para o conhecimento das origens de suas dificuldades ou facilidades, e, portanto, de qualificação
dos estímulos sobre elas. E este saber auxilia na compreensão, inclusive dos ganhos secundários
66

do treino com a técnica de neurofeedback, uma vez que o gerenciamento de atenção pode
qualificar processos de autopercepção e autoeficácia (ZUBERER; BRANDEIS; DRESCHLER,
2015), evidenciando os ganhos nos desempenhos das tarefas de demandas executivas como o
THI e O DNOI.
Compreendendo a atenção como um processo cognitivo de interlocução fundamental
com as funções executivas, torna-se possível a promoção de estímulos qualificados, centrados
na pessoa e na sua singularidade, pois a dinâmica da técnica de neurofeedback permite isso, um
feedback de desempenho para gerenciamento em tempo real.
Sendo assim, o estímulo à autorregulação como estratégia de capacitação da pessoa para
um acervo de respostas flexível, auxilia no desempenho de uma ação por intenção. Desta forma,
a regulação da atenção por estímulo do uso da técnica de neurofeedback pois condiciona e,
assim, pode qualificar as bases neurais da atenção (BENCZIK et al., 2020).
Desta forma, evidencia-se os ganhos no desempenho do Teste de Atenção por
Cancelamento, resultados indicados na tabela 13 e sendo percebido como efeitos significativos,
evidenciando que os participantes aumentaram seu desempenho na comparação dos resultados
pós-intervenção com os do período pré-intervenção.
Os desempenhos dos participantes nos demais testes, o Teste Hayling Infantil e no Teste
Discurso Narrativo Oral Infantil foram, assim como no Teste de atenção por cancelamento,
significativos e com ganhos identificados no desempenho pós. Evidencia-se que nas tarefas
TAC e DNOI os ganhou aconteceram pelo número de acertos e aumento de informações
resgatadas sobre a história. Já na tarefa THI os ganhos se evidenciaram pela diminuição do
tempo na realização da tarefa e diminuição da ocorrência de erros.
Sendo assim, a pesquisa cumpriu com seu objetivo conhecendo os efeitos e percebendo
que estes evidenciam ganhos após período interativo com o uso da técnica de neurofeedback
com o uso do equipamento nirHeG.
67

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A técnica de neurofeedback, por possuir especificidade não invasiva e indolor, foi


apresentada neste estudo como uma tecnologia de potencial alternativa interventiva
individualizada no processo cognitivo da atenção em crianças com Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade (TDAH), por possibilitar um gerenciamento de reações
neurofisiológicas da hemodinâmica cerebral, compreendidas como importantes para a
expressão da atenção e de outros processos cognitivos como as funções executivas. Sabendo
que, no quadro clínico do TDAH, as principais características podem ser a desatenção e/ou a
impulsividade de forma a comprometer a funcionalidade da pessoa, poder utilizar a tecnologia
para mapear as funções neurofisiológicas e usar as mesmas para qualificar a percepção da
pessoa sobre seu desempenho, se torna um auxílio para a autorregulação, que é uma função
executiva de relação fundamental no controle de impulsos e melhora da funcionalidade.
Este estudo teve como objetivo geral conhecer os efeitos da aplicação da técnica de
neurofeedback na atenção das pessoas com TDAH pelo uso do equipamento nirHeG, com o
protocolo de 20 sessões.
A metodologia utilizada foi um estudo de caso com a participação de 5 crianças de com
idades de 10 a 12 anos de idade. O processo de chamada aberta e adesão dos participantes foi
bastante satisfatório, pois as famílias e as crianças se mostraram engajada. Não houve faltas
durante o período de treino e a cada nova semana foi perceptível o aumento do interesse das
crianças sobre o funcionamento de seu cérebro, pois elas percebiam, pela sensibilidade do
sensor do equipamento nirHeG, as alterações em tempo real do gráfico na tela do computador.
Torna-se preciso evidenciar que os participantes não tiveram outra intervenção clínica
terapêutica durante o período de participação neste estudo, o que expressa que os ganhos
estatísticos traduzem os efeitos positivos da intervenção realizada.
Como objetivo específico, houve a apresentação a técnica de neurofeedback, com suas
fundamentações teóricas e funcionamento prático, tal como a sua potencial contribuição como
alternativa terapêutica complementar para a melhora da atenção no atendimento clínico em
crianças de 10 a 12 anos com TDAH. Assim, compreendendo as particularidades do
comportamento da pessoa com TDAH por meio da percepção das reações neurofisiológicas do
cérebro dela, como a hemodinâmica cerebral, o equipamento nirHeG é apresentado como
alternativa, inclusive, de acervo de instrumentos interventivos nos atendimentos
individualizados.
68

Outro objetivo específico alcançado foi o conhecimento de publicações sobre o uso de


Brain Computer Interfacing como instrumento tecnológico terapêutico na melhora da atenção
de crianças com TDAH e constatar que o uso da tecnologia como auxílio terapêutico
interventivo dos aspectos atencionais pelo uso de Brain Computer Interfacing (BCI) pela
técnica de neurofeedback tem se mostrado promissor.
Desta forma, o conhecimento desta tecnologia, o nirHeG como um BCI foi apresentado
neste estudo como uma alternativa no acervo clínico interventivo que pode promover a melhora
da atenção por parte da pessoa em treino pelo gerenciamento neurofisiológico dela que é base
do comportamento atencional.
Além do objetivo anterior alcançado, também com análise quantitativa, a técnica se
mostrou como alternativa interventiva significativa. Percebe-se a pertinência de estudos com
maior número de amostra. Isso, pois os efeitos no desempenho dos cinco participantes na etapa
pós-intervenção nas tarefas com demandas atencionais e de funções executivas demonstram
terem sido qualificados. Isso, pois nas tarefas de análise de acertos (Teste de Atenção por
Cancelamento) e de análise de quantidade de informações resgatadas de um texto (Teste do
Discurso Oral Narrativo Infantil) nota-se o aumento nos dados de desempenho pós-intervenção,
comparando com os dados pré interventivos. Outro fator importante a considerar são os ganhos
com relação ao tempo de resposta no Teste Hayling Infantil, que foi menor no desempenho pós-
intervenção, tal como número de erros, que também diminuiu. Para tanto, se faz preciso
evidenciar que a medida atencional foi a única medida com input output visual evidenciando a
maior melhora alcançada.
Portanto, este estudo caracterizou-se como um meio de conhecimento da técnica de
neurofeedback e suas contribuições nos ganhos atencionais e de desempenho em tarefas pós-
intervenção com demanda de funções executivas. Desta forma, reconhecendo que esta amostra
é pequena (5 participantes), percebe-se que se faz preciso a realização com um estudo com uma
amostra mais expressiva que auxilie na demonstração dos ganhos. Auxiliando na percepção de
que a tecnologia está a serviço de qualificação de processos cognitivos nos atendimentos
terapêuticos individualizados a pessoas com TDAH pelo conhecimento sobre como estimula a
neuromodulação autorregulatória por meio de equipamentos de BCI e promover efeitos na
melhora da funcionalidade das pessoas com o transtorno.
69

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74

APÊNDICES
75

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Seu filho está sendo convidado, mediante sua autorização, a participar do TCC de pós-
graduação intitulado: OS EFEITOS DO USO DA TÉCNICA DE NEUROFEEDBACK COMO
ALTERNATIVA CLÍNICA INTERVENTIVA COMPLEMENTAR NA MELHORA DA
ATENÇÃO DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/
HIPERATIVIDADE). O trabalho será realizado pela acadêmica Pâmela Cristina Alexandre
Pschichholz do curso de Mestrado em Diversidade Cultural e Inclusão Social da Universidade
FEEVALE, orientada pela pesquisadora responsável, Regina de Oliveira Heidrich. Os objetivos
deste estudo são: além de conhecer os efeitos da aplicação da técnica de neurofeedback por
meio do equipamento Hemoencefalografia, nirHeG na atenção das pessoas com TDAH,
também: Apresentar a técnica de neurofeedback como alternativa terapêutica complementar
para a melhora da atenção no atendimento clínico com aplicação de protocolo de 20 sessões em
crianças de 10 a 12 anos com TDAH; conhecer o uso de Brain Computer Interfacing como
instrumento tecnológico terapêutico na melhora da atenção de crianças com TDAH; conhecer
a transferência de ganhos da intervenção para medida da atenção das pessoas com TDAH,
participantes da pesquisa.

Sua participação, assim como de seu (sua) filho (a) nesta pesquisa será voluntária. A sua
participação consistirá em autorizar a participação do menor, e trazê-lo até o local Espaço SIM
– Serviço de Intervenção Multidisciplinar, situado à rua Fernando Saft, 316 sala 08 Bairro: -
Centro, Parobé - RS, 95630-000. A participação de seu filho consistirá em realizar o treino com
o equipamento nirHeG neurofeedback durante 20 sessões, assim como realizar as tarefas de
mapeamento das habilidades cognitivas (Teste de atenção por cancelamento, Teste Hayling
Infantil e Tarefa de Discurso Narrativo Oral Infantil) antes e após o período do protocolo de
treino com o equipamento. Lembrando que a técnica de neurofeedback se trata de uma técnica
não invasiva e indolor.

Se faz necessário para registro e análise de dados o seu preenchimento da escala SNAP
IV para que seja conhecida a sua percepção sobre algumas expressões dos sintomas do
transtorno no cotidiano de seu/sua filho(a). Se faz necessário para registro e análise de dados
que seu responsável faça o preenchimento da escala SNAP IV para que seja conhecida a
percepção dele sobre algumas expressões suas dos sintomas do transtorno no cotidiano.
Também será solicitada a apresentação do diagnóstico documentado e de sua certidão de
nascimento. Demais dados serão colhidos em entrevista de acolhimento.

Seu filho(a) participará de 20 sessões com o uso de equipamento Hemoencefalografia


nirHeG neurofeedback por doze semanas, duas vezes por semana. O sensor será aproximado à
pele dele (a) em quatro diferentes áreas da cabeça, sendo elas: FVII, FPI, FPII e FVIII. Seu
(sua) filho (a) fará parte de um grupo de participantes de 5 crianças com TDAH, as quais estão
devidamente matriculadas e frequentando o ensino regular. Este estudo se trata de uma pesquisa
de estudo de caso.

Os riscos e/ou desconfortos relacionados à participação podem ser: a expressão de


cansaço, sensação de impaciência e mobilização emotiva (manifestação de ansiedade ou
76

desmotivação). Caso ocorra o relato de algum dos riscos e/ou desconfortos durante o treino,
para minimizá-los tomaremos como providências: a interrupção imediata do treino. Salienta-se
que todos os participantes, após o período de realização do estudo, terão direito a uma
reconsulta com a pesquisadora para realização de orientações, caso os responsáveis assim
desejarem.

O pesquisador responsável, a pesquisadora Pâmela Pschichholz e a instituição Espaço


SIM, envolvidos nas diferentes fases da pesquisa, proporcionarão assistência imediata e integral
aos participantes no que se refere às possíveis complicações e danos decorrentes. Os
participantes da pesquisa que vierem a sofrer qualquer tipo de dano resultante de sua
participação na pesquisa, previsto ou não neste documento, têm direito à indenização, por parte
do pesquisador e da instituição envolvida nas diferentes fases da pesquisa.

A sua participação e de seu (sua) filho (a) estará contribuindo para: a análise da melhora
da atenção de pessoas com TDAH que realizarem a técnica de neurofeedback, assim como para
a análise de possível melhora do desempenho nas tarefas escolares de crianças com TDAH que
realizarem o treino e qualificação da expressão da concentração e do processo cognitivo da
autorregulação, tal como para a contribuição no conhecimento dos efeitos do treino com o
equipamento Hemoencefalografia nirHeG neurofeeedback na atenção de pessoas com TDAH
após o período do protocolo de 20 sessões, e também, possivelmente, para a qualificação da
política pública sobre o uso da técnica de neurofeedback por profissionais da educação como
neuropsicopedagogos e psicopedagogos no nosso país.

Garantimos o sigilo dos dados de identificação, primando pela privacidade e por seu
anonimato. Manteremos em arquivo, sob nossa guarda, por 5 anos, todos os dados e documentos
da pesquisa. Após transcorrido este período, os mesmos serão destruídos. Os dados obtidos a
partir desta pesquisa não serão usados para outros fins além dos previstos neste documento.

Você tem a liberdade de optar pela participação de seu (sua) filho (a) na pesquisa e
retirar o consentimento a qualquer momento, sem a necessidade de comunicar o motivo aos
pesquisadores.

Este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido será rubricado em todas as folhas e


assinado em duas vias, permanecendo uma com você e a outra deverá retornar ao pesquisador.
Caso não seja possível uma cópia física, garantimos que você receberá uma cópia do TCLE em
pdf.

Bem como, garantimos o seu acesso aos resultados do estudo, podendo solicitar via
email pamelapschichholz@gmail.com para o pesquisador ou telefone 51 998582783.

Abaixo, você tem acesso ao telefone e endereço eletrônico institucional do pesquisador


responsável, Regina de Oliveira Heidrich, podendo esclarecer suas dúvidas sobre o projeto a
qualquer momento no decorrer da pesquisa.

Nome do pesquisador responsável (professor orientador): Regina de Oliveira Heidrich

Telefone institucional do pesquisador responsável: (51) 3586-8800


77

E-mail institucional do pesquisador responsável:rheidrich@feevale.br

Assinatura da orientadora pesquisadora responsável Assinatura da pesquisadora

Parobé_____ de ___________2021.

Declaro que li o TCLE: concordo com o que me foi exposto e aceito participar da
pesquisa proposta.

_________________________________________

Assinatura do responsável pelo menor participante da pesquisa

APROVADO PELO CEP/FEEVALE – TELEFONE: (51) 3586-8800 Ramal 9000

E-mail: cep@feevale.br

O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) Feevale, vinculado nacionalmente à Comissão


Nacional de Ética em Pesquisa(CONEP) é um colegiado interdisciplinar e independente, de
relevância pública, de caráter consultivo, deliberativo e educativo, tendo o propósito principal
de defender os direitos e interesses dos participantes de pesquisa, mantendo sua integridade e
dignidade, e contribuir com o desenvolvimento das pesquisas no Brasil.
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APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Você está sendo convidado a participar do TCC de pós-graduação intitulado: OS EFEITOS DO


USO DA TÉCNICA DE NEUROFEEDBACK COMO ALTERNATIVA CLÍNICA
INTERVENTIVA COMPLEMENTAR NA MELHORA DA ATENÇÃO DE CRIANÇAS
COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/ HIPERATIVIDADE. O trabalho será
realizado pela acadêmica Pâmela Cristina Alexandre Pschichholz do curso de Mestrado em
Diversidade Cultural e Inclusão Social da Universidade FEEVALE, orientada pela
pesquisadora responsável, Regina de Oliveira Heidrich. O objetivo deste estudo será, além de
conhecer os efeitos da aplicação da técnica de neurofeedback por meio do equipamento
Hemoencefalografia, nirHeG neurofeedback na atenção das pessoas com TDAH: Apresentar a
técnica de neurofeedback como alternativa terapêutica complementar para a melhora da atenção
no atendimento clínico com aplicação de protocolo de 20 sessões em crianças de 10 a 12 anos
com TDAH; Investigar o uso de Brain Computer Interfacing como instrumento tecnológico
terapêutico na melhora da atenção de crianças com TDAH; Apresentar a transferência de
ganhos da intervenção para medida da atenção das pessoas com TDAH, participantes da
pesquisa.

Sua participação nesta pesquisa será voluntária e consistirá na presença, junto de seu
responsável, no local: Espaço SIM – Serviço de Intervenção Multidisciplinar, situado à rua
Fernando Saft, 316, sala 08, no bairro Centro, Parobé - RS, sob o CEP 95630-000, nos dias
definidos com a pesquisadora, tendo como frequência duas vezes por semana. A sua
participação consistirá em realizar o treino com o equipamento de Hemoencefalografia nirHeG
neurofeedback durante 20 sessões, assim como realizar as tarefas de mapeamento das
habilidades cognitivas (Teste de atenção por cancelamento, Teste Hayling Infantil e Tarefa de
Discurso Narrativo Oral Infantil) antes e após o período do protocolo de treino. Lembrando,
que a técnica de neurofeedback se trata de uma técnica não invasiva e indolor.

Se faz necessário para registro e análise de dados que seu responsável faça o
preenchimento da escala SNAP IV para que seja conhecida a percepção dele sobre algumas
expressões suas dos sintomas do transtorno no cotidiano. Também será solicitada a
apresentação do diagnóstico documentado e de sua certidão de nascimento. Demais dados serão
colhidos em entrevista de acolhimento.

Você participará de 20 sessões com o uso de equipamento Hemoencefalografia nirHeG


neurofeedback por doze semanas, duas vezes por semana. O sensor será aproximado à sua pele
em quatro diferentes áreas da cabeça, sendo elas: FVII, FPI, FPII e FVIII. Você fará parte de
um grupo de participantes de 5 crianças com TDAH, as quais estão devidamente matriculadas
e frequentando o ensino regular. Este estudo se trata de uma pesquisa de estudo de caso.

Os riscos e/ou desconfortos relacionados à participação podem ser: a expressão de


cansaço, sensação de impaciência e mobilização emotiva (manifestação de ansiedade ou
desmotivação). Caso ocorra o relato de algum dos riscos e/ou desconfortos durante o treino,
para minimizá-los tomaremos como providências: a interrupção imediata do treino. Salienta-se
que todos os participantes, após o período de realização do estudo, terão direito a uma
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reconsulta com a pesquisadora para realização de orientações, caso os responsáveis assim


desejarem.

O pesquisador responsável, a pesquisadora Pâmela Pschichholz e a instituição Espaço


SIM, envolvidos nas diferentes fases da pesquisa, proporcionarão assistência imediata e integral
aos participantes no que se refere às possíveis complicações e danos decorrentes. Os
participantes da pesquisa que vierem a sofrer qualquer tipo de dano resultante de sua
participação na pesquisa, previsto ou não neste documento, têm direito à indenização, por parte
do pesquisador e da instituição envolvida nas diferentes fases da pesquisa.

A sua participação estará contribuindo para: a análise da melhora da atenção de pessoas


com TDAH que realizarem a técnica de neurofeedback, assim como para a análise de possível
melhora do desempenho nas tarefas escolares de crianças com TDAH que realizarem o treino
e qualificação da expressão da concentração e do processo cognitivo da autorregulação, tal
como para a contribuição no conhecimento dos efeitos do treino com o equipamento
Hemoencefalografia nirHeG neurofeeedback na atenção de pessoas com TDAH após o período
do protocolo de 20 sessões, e também, possivelmente, para a qualificação da política pública
sobre o uso da técnica de neurofeedback por profissionais da educação como
neuropsicopedagogos e psicopedagogos no nosso país.

Garantimos o sigilo de seus dados de identificação, primando pela privacidade e por seu
anonimato. Manteremos em arquivo, sob nossa guarda, por 5 anos, todos os dados e documentos
da pesquisa. Após transcorrido este período, os mesmos serão destruídos. Os dados obtidos a
partir desta pesquisa não serão usados para outros fins além dos previstos neste documento.

Você tem a liberdade de optar pela participação na pesquisa e retirar o consentimento a


qualquer momento, sem a necessidade de comunicar o motivo aos pesquisadores.

Este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido será rubricado em todas as folhas e


assinado em duas vias, permanecendo uma com você e a outra deverá retornar ao pesquisador.
Caso não seja possível uma cópia física, garantimos que você receberá uma cópia do TCLE em
pdf.

Bem como, garantimos o seu acesso aos resultados do estudo, podendo solicitar via
email pamelapschichholz@gmail.com para o pesquisador ou telefone 51 998582783.

Abaixo, você tem acesso ao telefone e endereço eletrônico institucional do pesquisador


responsável, Regina de Oliveira Heidrich, podendo esclarecer suas dúvidas sobre o projeto a
qualquer momento no decorrer da pesquisa.

Nome do pesquisador responsável (professor orientador): Regina de Oliveira Heidrich

Telefone institucional do pesquisador responsável: (51) 3586-8800

E-mail institucional do pesquisador responsável:rheidrich@feevale.br


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Assinatura da orientadora pesquisadora responsável Assinatura da pesquisadora

Parobé_____ de ___________2021.

Declaro que li o TCLE: concordo com o que me foi exposto e aceito participar da
pesquisa proposta.

_________________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

APROVADO PELO CEP/FEEVALE – TELEFONE: (51) 3586-8800 Ramal 9000

E-mail: cep@feevale.br

O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) Feevale, vinculado nacionalmente à Comissão


Nacional de Ética em Pesquisa(CONEP) é um colegiado interdisciplinar e independente, de
relevância pública, de caráter consultivo, deliberativo e educativo, tendo o propósito principal
de defender os direitos e interesses dos participantes de pesquisa, mantendo sua integridade e
dignidade, e contribuir com o desenvolvimento das pesquisas no Brasil.
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APÊNDICE C – DECLARAÇÃO DA INSTITUIÇÃO COPARTICIPANTE


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ANEXO
83

ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP


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