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SIMONE BRITO
Simone Brito
Nascida no interior do Piauí, interior de Luís Correia, aos quatro
de julho de 1974(04/07/1974), e trazida a Chaval em novembro de
1993 por causa da seca no Nordeste.
Por interferência de uma super mãe que fez e faz de tudo para o
bem―estar de suas crias, fomos matriculados em uma escola de
Chaval, em 1984, eu e meus cinco irmãos menores, iniciando a
primeira série aos 9 anos. Como nunca repeti de ano, logo concluí o
ensino fundamental e o médio na Escola Monsenhor José Carneiro.
Comecei a trabalhar, casei e logo tive três lindos filhos com
diferença mínima de dois anos entre eles. Mesmo assim, continuei
alimentando o sonho de me formar. E quem persegue um Sonho
com perseverança e fé em Deus, consegue, mesmo que demore um
pouco, pois aos 36 Anos consegui uma bolsa para cursar Letras pela
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), então mesmo com
todas as dificuldades existentes mergulhei nos estudos e me Formei.
Em 15 de Dezembro de 2010 foi minha formatura, com muito
orgulho me licenciei em Letras junto com uma turma de 40 alunos.
Hoje tenho cinco filhos dos quais o mais novo, com 8 anos, foi
diagnosticado com TEA. Trabalho como digitadora na Secretaria
Municipal de Saúde de Chaval e tenho um sonho de Infância e
juventude que é de escrever um livro com fatos reais vivenciados no
cotidiano, os quais possam servir de exemplo e de orientação para os
leitores mais sensíveis e, consequentemente, o público em geral que
venha a se interessar pelo tema.
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Introdução
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pergunta: “não sei por que tem tantos filhos só para os outros
criarem?”. Isto foi o suficiente para desencadear uma crise emocional
que logo evoluiu para uma depressão adormecida a mais de três anos.
Com isto iniciou-se uma crise de choro, desespero, dificuldade
de concentração e pior, dificuldade para dormir e comer. Isto se deu
em março de 2012, mais precisamente na véspera do dia das
mulheres. No dia 08 Março de dois mil e doze. Naquele dia houve
comemoração em meu trabalho no qual é predominante a presença
de mulheres. Não consegui me divertir, a angústia e o choro preso me
dominavam. Triste situação. Em meio a tantas pessoas se divertindo,
palestras e sorteios de brindes, e a pessoa alheia a tudo aquilo, como
se não estivesse ali, em corpo e alma.
Só tentava encontrar o sentido daquelas palavras que me
magoaram tanto, sendo que já tinha criado três filhos e estava a sair da
licença maternidade da minha filha de número quatro. Mas com isto,
fiquei insegura de sair para o trabalho, deixando minha pequena com
outra pessoa, mesmo essa pessoa sendo de casa e de confiança.
Logo procurei ajuda profissional, ao perceber que não sairia
daquele estado inexplicável sem ajuda. Falei para as pessoas de casa,
ficaram perplexas, mas disseram: “mas, não é para tanto, minha filha!”.
Procurei ajuda com a psicóloga de plantão do hospital, e esta também
me disse: “mas, não é para tanto, visto que estas palavras vieram de
uma adolescente, você não vai se trocar por ela, é só uma
adolescente, precisa entendê-la”.
Da consulta psicológica fui encaminhada ao médico, no intuito
de ser encaminhada ao CAPS, que fica na cidade vizinha. O médico
me prescreveu um tranquilizante e preencheu o formulário de
encaminhamento, que ao lê-lo, discordei imediatamente. Pois
sugeria que eu me encontrava com depressão pós parto. Eu como
líder da pastoral da criança desde 1992, agente comunitária de saúde
e técnica de enfermagem, bem sabia que depressão pós-parto ocorre
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logo após o parto e não após quatro meses e meio, ao término da
licença maternidade e prestes ao retorno da mãe ao trabalho.
Ouvindo minha indignação quanto ao referido encaminhamento, o
médico concordou comigo, rasgando o papel já preenchido e fazendo
outro em seguida. Difícil foi marcar uma data para o atendimento,
visto que eu não parecia estar em crise. Ainda tentei trabalhar, mesmo
com ajuda de outro agente de saúde, não conseguia me concentrar
no trabalho, só pensava na criança que poderia está precisando de
mim. Retornei ao tratamento antidepressivo, e mesmo sob controle
de remédios controlados, não conseguia me livrar da sensação de
impotência, pois é assim que se sente a pessoa que não sabe o que
fazer quando percebe, de uma hora pra outra, que fez tudo errado a
vida toda e não tem como voltar atrás para corrigir. Triste situação.
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acontecendo em determinados momentos de angústias, sem motivo
aparente.
Fui novamente ao médico e relatei todos os sintomas, e ainda
disse que o medicamento para labirintite não estava funcionando, pois
não tinha motivo para continuar com tonturas frequentes se estava
com mais de quinze dias que tomava o remédio e nada tinha
melhorado. Sabendo disso, ele receitou outro medicamento mas
advertiu que labirintite é de família e o paciente pode ter até três
crises por ano, porém, eu poderia tomar o remédio só durante a crise.
Com a graça de Deus, este segundo remédio funcionou muito bem.
Logo não senti mais tonturas. Mas os outros sintomas persistiram.
No intuito de descobrir o que se passava comigo e compreender
melhor o meu problema, que já estava sendo tratado como depressão,
procurei o médico para renovar a receita e aproveitei para pedir o
encaminhamento para fazer duas tomografias: da cabeça e das
costas. Claro que ele se opôs a me encaminhar, afinal eu estava
querendo saber mais de que ele. Solicitou mas sugeriu que fizesse
particular pois pra esperar marcar pelo SUS vai demorar e você vai
ficar mais ansiosa. Disse imediatamente que faria. E na semana
seguinte já cheguei lá com o resultado. A da cabeça ,graças a Deus ,deu
normal, já a das costas demonstrou duas hérnias de disco.
Ao me ver com os resultados dos exames em mãos, ele ainda
me chamou de teimosa. Mas ao examinar os resultados me
encaminhou para fisioterapia a qual fiz com sucesso.
Conclusão
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tarefas do cotidiano e vontade de ficar deitada o tempo todo, como se
fosse uma fraqueza, mas fraqueza da mente. Pois depois disto surge
uma confusão mental que o impede de decidir o que tem que fazer, se
faz primeiro isto ou aquilo. Pior é quando todos esses sintomas
chegam de uma vez, sem avisar. Aí sim, não se sabe o que fazer, só
chorar e pedir a Deus que passe logo. E passa, parece uma eternidade,
mas passa.
É muito importante o acompanhamento psicológico
periodicamente para evitar piorar o quadro. É preciso também
consultar um psiquiatra para prescrever um tratamento
correspondente ao seu quadro clínico. É o psiquiatra que
pode fornecer o laudo válido para a perícia, pois muitas vezes a pessoa
com depressão não consegue se concentrar no que está fazendo,
causando dificuldades em resolver os mais simples problemas do
cotidiano. Além do mais, quando chega a causar esquecimento e a
sensação de que não consegue mais fazer o que fazia antes (isso é
deprimente). As dificuldades continuam quando se chega ao médico
de perícia e este observando o paciente falando, andando e
aparentemente saudável (mesmo chorando) nega que a pessoa se
encontra incapaz de trabalhar declarando que o/a paciente está em
boas condições para o trabalho. Então mesmo sem coragem,
disposição e ânimo para o trabalho, o paciente que ainda não se
recuperou da crise, precisa voltar ao trabalho e tentar dar conta do que
tem que ser feito, mesmo sem condições de cuidar nem mesmo do
trabalho de casa ou de si.
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