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Transcrição Atendimento CT

Marisa Da Silva
Remanejada do Plantão Psicológico

Sessão 01 - 09/11/2022 às 16:00

A paciente iniciou falando sobre se sentir muito cansada no dia a dia. Ela
relata que o cansaço físico e as questões familiares estão a deixando
muito triste e desmotivada. Sobre as questões do cansaço físico, a
paciente diz que trabalha como atendente de caixa há oito meses e esse
trabalho suga muito a energia dela "eu me sinto cansada mais pelas
humilhações diárias no trabalho e pelo abuso, do que ter que ficar
sentada durante horas". Além do trabalho como caixa, a paciente diz que
estuda na Universidade Federal de Rondônia e faz o curso de Ciências
Sociais. Ela diz que o curso não a cansa muito, mas o desejo dela é sair
desse curso e estudar artes visuais, que é o que ela realmente gosta "se
eu fosse para o curso de artes visuais, eu me sentiria melhor, porque lá
eu vou fazer o que eu gosto de verdade".
Sobre as questões familiares, a paciente diz que não tem uma boa
relação com o pai. Diz que sabe quem ele é, mas ele não faz questão de
a conhecer, nem ela conhecer ele. Ele não a assumiu quando nasceu
"quem me cria como pai é meu avô materno, só ele conversa comigo,
diferente de todos em casa, até minha mãe que deveria conversar, não
conversa direito comigo".

Terapeuta:
Com quem você mora? E você tem uma boa relação com eles?

"Moro com meus avós maternos, e minha mãe mora com a gente, tem
mais dois tios na casa". A paciente afirma que a relação com todos é boa,
só não com a mãe, devido a mãe "ser uma encostada na casa dos pais, e
não querer trabalhar". Essa questão da mãe, a preocupa porque irá
chegar uma hora que os avós irão falecer, e ela vai ter que ser
sustentada de outra forma. A paciente diz que não quer sustentar a mãe
nessa futura ocasião, ela diz que quer algo pra ela, mas não sustentar a
mãe, somente a ajudar.
A paciente também comenta que tem uma família superprotetora, e que
ao mesmo tempo que a família não liga para seus sonhos pessoais, a
família não quer que ela trabalhe, pois ela não precisa se esforçar tanto.

Terapeuta:
E quais são seus sonhos? E eles comentam algo sobre seu trabalho?

“Eu gosto muito de artes, vejo tutorial na internet, já tenho trabalhos em


casa, e também das ates visuais, que é um curso que quero fazer, já
estou arrumando um plano pra conseguir entrar no curso”
“falam que eu não preciso trabalhar, mas se eu não trabalhar, não vou
conseguir comprar minhas coisas pessoais, todo mundo quer comprar
coisas”

Percebi que a paciente estava disposta a falar somente sobre esses dois
aspectos nesse atendimento, pois os assuntos estavam somente
rodeando esses aspectos, fechamos o atendimento e pedi para a
paciente falar como foi a semana em casa, e no trabalho no próximo
atendimento.

Transcrição Atendimento CT
Sessão 02 - 16/11/2022 às 16:00

A paciente estava com uma aparência inquieta já na sala de espera,


resolvi a chamar dois minutos antes do horário, pois eu já estava pronto
para o atendimento. A primeira coisa que a paciente disse, foi que havia
acabado de ser assediada por um homem em frente ao mercado cultural.
Disse que ele não fez nada demais, mas ele a elogiou e chegou bem
perto dela, quase a tocando “eu fiquei com muito medo”.
Terapeuta:
Você está mais tranquila agora? Se você quiser, podemos falar sobre
isso, ou respiramos um pouco, espero, até você se acalmar mais.
"Estou melhor um pouquinho, mas eu ainda estou com um pouco de
medo, acho que foi só um susto, não aconteceu nada demais"
Um pouco mais calma, a paciente relatou sobre sua semana. Disse que
no trabalho ela ouviu gritos de um gerente, mas ela não teve culpa de
nada do que havia acontecido. Falou que haviam retirado preços de
produtos nas prateleiras do caixa, e os clientes reclamaram que o preço
era um, e na hora de passar no caixa, o preço era outro. Então o gerente
chamou todos os caixas e gritou com todos.

Terapeuta:
Como você se sentiu nesse momento? Além de gritar com vocês, ele fez
algo a mais?
"Ele só sabe gritar, faz isso muito com os funcionários, é por essa e por
outras que me sinto cansada do trabalho também, e futuramente irei sair".
A paciente afirma que ainda está nesse trabalho porque quer continuar se
sentindo um pouco independente da família, e se sair, vai virar
dependente e isso vai deixá-la incomodada.
Outra questão relatada durante o atendimento, é a de que ela sente que
tem fobia social, pois não consegue fazer amizades tão fácil, e tem muita
timidez em chegar a conversar com as pessoas.

Terapeuta:
você tem amizades no trabalho, na faculdade ou no bairro onde mora?
Quando ela percebeu que pode ter fobia social?

"Eu tenho algumas amizades das antigas, converso um pouco com umas
pessoas do trabalho e tenho meu grupo preferido na faculdade pra fazer
trabalhos".
“Acho que tenho fobia social porque tenho dificuldade de fazer amizade,
e tenho muita timidez pra conversar"
Terapeuta:
Questionei ela sobre como em oito meses, conseguiu fazer amizades no
trabalho, e consegue ter um grupo de trabalho na faculdade, mesmo se
sentindo com fobia social.
“Ela parou por um tempo, sorriu e disse que na verdade ela queria ser
mais popular, como algumas pessoas que ela vê, que consegue fazer
amizades de forma fácil.”
Ao longo do atendimento, ela foi percebendo que consegue sim fazer
amizades, mas as vezes sente que é tímida e gostaria de ser mais
popular, mas como ela não é uma pessoa extrovertida, isso seria difícil.
Entendeu que não tem necessidade de se enturmar com todos, só o
suficiente pra se sentir acolhida e conversar as vezes.
Perto do fim do atendimento, retornamos o assunto do trabalho dela. Ela
disse que pretende arrumar outro emprego, mas que seja um emprego
que seja só até o período da tarde, pois seria melhor para ela, e que seja
outro menos estressante, pois ela relata que “minhas energias vão
embora quando passo um dia de estresse”.
Terapeuta:
Você tem formas de aliviar esse estresse do trabalho?
"Eu costumo assistir séries em casa, ou desenhar minhas artes, gosto
muito de desenhar flores"
Ao longo de suas falas, ela relatou também que as vezes sai com duas
amigas para cinemas, visita elas às vezes e gosta muito de ver vídeos de
pessoas desenhando e praticando as artes visuais. Se sente melhor, e
por isso acha que tem vocação e quer seguir essa área de atuação na
vida profissional, essas coisas relaxam o dia dela.
Fechamos o atendimento e a perguntei se ela estava melhor em
detrimento do acontecido mais cedo, ela disse que estava se sentindo
melhor, e que tudo isso não passou de um susto.

Transcrição Atendimento CT
Sessão 03 - 23/11/2022 às 17:00

A paciente iniciou o atendimento falando sobre sua semana, disse que não
conseguiu realizar suas atividades do curso e que passou alguns dias pensando no
quanto quer sair de casa. Ela afirma que não conseguiu realizar as atividades
porque estava se sentindo desmotivada numa disciplina que tem no curso de
Ciências Sociais, ela está pensando em manter só uma disciplina ativa no curso,
para manter um projeto de pesquisa que ela participa, lá ela ganha um auxilio que a
ajuda para comprar alguns materiais para estudar. Sobre sair de casa, ela relata
durante o atendimento, que ainda não consegue sair devido não ter dinheiro ainda
para fazer isso “eu desejo muito sair de casa, se eu pudesse, eu saia hoje”.
Terapeuta:
Quais são os motivos de você querer sair de casa?
“Me sinto muito mal, ninguém conversa com ninguém, ninguém se abre com
ninguém, eu só quero entrar pro quarto e ficar só”
Segundo a paciente, na casa onde ela mora, pouco se conversa, e geralmente
poucos se veem durante os dias, pois quase todos trabalham em horários
diferentes, e quando em casa, todos estão em seus quartos e não saem muito. A
não ser em dias de festas na casa a frente, que é a casa de um dos tios, onde lá
bebem, e fazem churrasco às vezes segundo ela. “então quero morar só, porque é
melhor se sentir mais livre e sozinha na casa, do que presa e sozinha com muitos
na casa”
Terapeuta:
Você disse que seu avô conversa com você, como é sua relação com ele?
"Só ele conversa comigo, me apoia no trabalho, fala que devo começar aos poucos
mesmo. Ainda pergunta como foi meu dia, diferente da minha mãe, que só fala
comigo quando quer algum favor". No decorrer do atendimento, ela detalhou os
cuidados que o avô dela tem com ela. E sobre o descaso que a mãe dela tem com
ela "minha mãe parece mais uma conhecida dentro de casa, não tem diálogo".
Percebi então que a questão do relacionamento com a mãe estava sempre em torno
dos assuntos, pedi para que ela falasse mais sobre a relação com a mãe. Foi aí que
ela relatou que a mãe dela foi criada com dois tios, e esses dois tios não davam
atenção pra ela, faziam o básico, foi só com 18 anos, que a mãe dela foi morar com
os pais, e até hoje está na casa dos pais, e só pretende sair, quando a filha sair de
casa e então morar, mãe e filha. A paciente diz que não vai sustentar a mãe, e que
pretende morar só, para ter mais liberdade, se sentir com menos obrigações e um
sentimento de abandono mesmo perto da família “tirando meu avô, que sei que
gosta realmente de mim”.
Quase perto do fim do atendimento, ela pediu para falar sobre um assunto que não
era tão importante, mas que queria minha ajuda nisso. Então ela falou sobre a
vontade de chamar uma amiga para sair. Segundo a paciente, ela já havia chamado
algumas vezes, mas nunca acontecia de elas saírem.

Terapeuta:
Como foi a última vez que conversaram, foi você que a chamou? Como chamou?
“Eu disse que queria ver algum filme no cinema, e que se ela não queria ir qualquer
dia lá ver um filme. Ela disse que sim, que poderíamos marcar, mas nunca fomos, e
ela disse que está disponível, mas não sei se ela quer ir mesmo"
Terapeuta:
Da próxima vez, fala qual filme quer assistir, e qual dia, talvez há um interesse, mas
está muito em aberto o dia que vão assistir.
Finalizamos o atendimento, com a paciente dizendo que iria tentar chamar sua
amiga num dia de folga em comum e me falar se deu certo na próxima semana.
Transcrição Atendimento CT
Sessão 04 - 30/11/2022 às 17:00

O atendimento iniciou com a paciente querendo falar uma coisa sobre a mãe,
segundo ela, algo que ela queria falar na última sessão, mas que não sabia como
eu iria reagir, então pedi para que ela falasse quando se sentisse à vontade e então
ela falou "eu sinto raiva por minha mãe ser acomodada na casa dos meus avós, e
talvez por isso eu queira tanto sair de lá, pra não viver como minha mãe"
Terapeuta:
Como seus avós reagem a sua mãe querer ficar na casa deles?

"Eles até gostam que minha mãe fique lá, mas eu vejo que não tem que ser assim
pra sempre, mas ao mesmo tempo sei que meus avós vão ficar velhos, e que
alguém tem que cuidar deles"
Passamos a maior parte do tempo falando sobre essa questão de ser ou não certo,
cuidar dos pais até eles falecerem, morando na casa deles até esse momento.
Chegou num momento onde a paciente disse que queria liberdade também, então
fizemos um exercício mental, sobre como seria ser livre e mesmo assim cuidar dos
pais.
A paciente relatou que gostaria de morar sozinha, mas visitar a mãe as vezes, o que
ela não quer, é ter que sustentar a mãe na casa dela, e perder a privacidade.
Gostaria também de chamar quem quiser para a casa dela, e acha que se cuidaria
melhor, pois na casa, ela come o que o pessoal come, ela afirma que as pessoas
comem muitas besteiras, como frituras e doces, e as vezes ela não tem dinheiro o
suficiente pra comer diferente, então ela acaba se acostumando a comer como a
família dela. Tem medo de não ser tão saudável no futuro porque come bastante
fritura, mas ainda com 21 anos, talvez não sinta os efeitos disso.

Terapeuta:
Você consegue preparar ao menos alguns dias sua própria alimentação?
"Às vezes eu consigo, compro coisas saudáveis, mas como estou na casa, as vezes
é mãos fácil eu comer o que já tá pronto, geralmente minha avó faz a comida e eu
acabo comendo"
Ela diz que não se sente tão mal com o corpo dela, tem mais medo é de ter alguma
doença, pois a mãe dela tem diabetes, então o medo de também ter está com ela,
conversamos sobre exercícios físicos e ela disse que gosta muito de praticar
ciclismo. Esse é o exercício preferido, e a ajuda a se manter realizando alguma
atividade física, além de ela se sentir livre pedalando e vendo as paisagens das
matas, gosta bastante de pedalar onde os lugares tem muitas arvores e
preferencialmente pela manhã, que o clima é mais fresco.

Durante a sessão a paciente quis falar sobre como foi o convite para o cinema com
a amiga do trabalho, ela disse que ela foi ao cinema com a amiga na terça feira, um
dia antes da sessão. Ela percebeu que o convite realmente estava em aberto “era
mais um convite daqueles para manter a amizade, aquele convite mais para lembrar
de mim, do que realmente um querer ir lá”. Então depois de definir o dia e a hora,
elas conseguiram ir ao cinema.

Terapeuta:
E quanto ao sentimento de fobia social? Com isso, como você está se sentindo
agora?
“Acho que depois de eu conseguir chamar minha amiga, eu vi que eu estava tímida
mesmo, as vezes sinto que não sou interessante e que não vão querer sair comigo,
tinha hora que eu nem acreditava que chamei alguém pra sair, pois eu nunca tinha
feito isso”
Finalizamos o atendimento reforçando essa questão de ela conseguir chamar a
amiga para sair, e o retorno que ela teve. Conseguiu se divertir e se sentiu
importante naquele dia.

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Sessão 05 - 07/12/2022 às 17:00

Hoje a sessão iniciou com a paciente demonstrando tristeza na questão do trabalho.


Ela relatou que as atendentes de caixa foram praticamente obrigadas a embalar
frango, segundo ela, esses frangos são vendidos no mercado como produção do
próprio supermercado. Ela sabia que esse tipo de serviço, está fora do que o
contrato dela descreve. "faço um curso no Senac durante o sábado e trabalho no
supermercado de segunda a sexta, só posso trabalhar no caixa, segundo meu
contrato" ela ainda relatou que caso elas não fizessem esse trabalho de embalar os
frangos, elas ficariam numa "lista negra" e as vezes não tinham o contrato renovado
no fim do curso e estágio no mercado.
Terapeuta:
Você pode recorrer ao Senac, para rever essas questões que vão de encontro com
o contrato do trabalho?
“Eu posso até reclamar, mas o máximo que pode acontecer, é eu entrar com um
processo contra o mercado, mas conheço uma amiga que entrou, e está até hoje
tentando na justiça resolver isso”.
A paciente demonstra medo em perder o emprego, pois é o que a ainda mantém um
pouco emancipada na questão financeira em relação a família. Não quer perder o
emprego, pois junto com o auxílio da Unir, ela consegue comprar coisas para ela.
Sugeri então, que ela pesquisasse sobre ações possíveis na justiça do trabalho e no
ministério público do Trabalho e retornasse na semana que vem com essas
informações de possíveis ações.
Terapeuta:
Essas questões no trabalho podem aparentar normal para muitas pessoas, mas no
momento em que faz você se sentir mal, há um sinal de alerta da nossa saúde,
dizendo que aquilo não é saudável e tem algo errado.
“As meninas estão acostumadas com esse tipo de pressão, esse abuso dos
gerentes. Mas algumas precisam trabalhar pra se sustentar, e acabam nem falando
nada”
Falou sobre várias vezes que os funcionários se sentiam mal, e não podiam fazer
nada para se protegerem. Por isso ela percebe importante cuidar de sua saúde
mental, pois as dores emocionais as vezes não são demonstradas ou aliviadas, e
geralmente aliviam as dores fazendo bagunça ou conversando bastante no
intervalo, mas isso não é o suficiente segundo a paciente.
Uma outra questão que a afligiu bastante na semana, foi a questão de o governo ter
cortado verbas das universidades, e ela estava preocupada, pois ela recebe o
auxílio da Unir, e ela iria precisar muito nesse fim de ano, para pagar umas contas e
comprar materiais para o próximo ano letivo, nessa questão ela só poderia esperar,
aguardar a resposta da universidade, mas isso a gerou uma ansiedade.

Finalizamos a sessão com um pedido para que ela pesquisasse sobre essas
questões trabalhistas, afim de se inteirar sobre seus direitos, e perceber as
questões de abuso no trabalho e também manter-se informada sobre os auxílios da
Unir.

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Sessão 06 - 14/12/2022 às 17:00

Iniciamos o atendimento, e a paciente logo diz que está frustrada devido o bloqueio
de verbas da Unir. Pois sem o repasse de verbas para a Unir, não haverá
pagamento dos auxílios e bolsas para os alunos. O corte ainda é incerto, ainda não
há certeza se o corte é fixo ou é contingente. Mesmo assim, ela relata que já o
pagamento já está atrasado, e que os planos dela com o dinheiro foram todos
adiados. Ela também se preocupa porque ela iria pagar uma dívida com parte desse
dinheiro.
Terapeuta:
Não tem outra alternativa para conseguir o dinheiro?
"Até tem, mas tenho que esperar eu receber na semana que vem, mas mesmo
assim tudo vai ficar atrasado"
Ao longo da sessão, ela relata também que já tem um plano para sair do mercado
onde trabalha. Ela disse que conversou com algumas amigas no trabalho, e foi
desencorajada a sair, pois ela iria perder uma parte grande de um dinheiro que
todas recebem no fim da experiência junto ao Senac.
Terapeuta:
Você já tomou a decisão se irá sair se sair? esse dinheiro irá lhe fazer falta?
“Falta vai fazer sim, mas eu passei esses dias pensando, eu estou sendo sugada no
trabalho, não me sinto bem lá, a não ser pelas minhas amigas, pretendo sair até ano
que vem”
Ela relata que sofre muito abuso da gerência, faz trabalhos que não está no contrato
dela, e além disso, não se sente bem com os abusos dos clientes, segundo a
paciente, ela já foi várias vezes assediada, desrespeitada e até ameaçada por
clientes. Diz que não quer viver essa vida mais. E está disposta a procurar outro
emprego, um que seja um horário bom para conseguir estudar artes visuais na Unir.
Eu logo perguntei sobre o curso de artes visuais, e ela disse que se inscreveu, e
estava esperando o resultado, mas estava confiante que iria passar, mas depois
disse que estava com medo, em seguida falou “deixa nas mãos de deus”. Ela quer
um emprego que seja na parte da manhã e tarde, pois, o curso de artes visuais
seria a noite na unir. Então seria mais cômodo para ela, e daria para conciliar.
Terapeuta:
Você pesquisou sobre os direitos trabalhistas e formas de denunciar os abusos?
A paciente disse que pesquisou e fez uma denúncia de forma online, ela não
acredita que dará certo, pois não acredita muito nisso. Mas espera um retorno sobre
essa denúncia. Ela relatou mais algumas questões de abuso no trabalho, dentre
elas, uma de que um dos supervisores ficava abraçando algumas meninas sem
permissão, e algumas não falavam nada pois tinham medo de reclamar e ele dizer
que é um abraço qualquer. Disse também que quando uma funcionária reclamou
desse abuso, a gerência fingiu que não ouviu, e só disse para as funcionárias serem
mais observadores e diferencie abuso de gentileza. Ela disse que vai encorajar as
meninas a denunciarem, pois quanto mais denúncias, mais eles podem perceber
que é verdade

Reforcei essa atitude de denunciar esses abusos de forma online e a alertei sobre a
questão de segurança dela e das funcionárias do mercado, para que toda a
denúncia ficasse entre elas, afim de não haver retaliações dentro ou fora do
ambiente de trabalho.

Transcrição Atendimento CT
Sessão 07 - 21/12/2022 às 17:00

Pergunto como foi a semana da paciente e ela diz que tomou coragem e pediu
demissão do emprego. Disse que se sentiu muito bem em pedir demissão, e que
não se arrepende. Só a mãe dela que ficou um pouquinho incomodada, com essa
questão.
Terapeuta:
Que tipo de incômodo sua mãe apresentou?
"Ela disse que não era pra eu ter me demitido antes de eu receber minha rescisão.
Mas ela não entende"
Essa rescisão seria realizada somente em março, mas a paciente disse que não
conseguiria aguentar até lá com esse tanto de abuso, ela acha que foi a decisão
certa para a saúde mental dela. E que não se importava tanto com a opinião da
família sobre isso. Disse também que já estava entregando currículos pela cidade,
em busca de um emprego no período diurno, pois a meta de passar em artes
visuais na unir, estava de pé.
Terapeuta:
Como você está se sentindo agora? Depois de pedir demissão de onde estava se
sentindo mal.
Estou me sentindo mais leve, claro que estou em busca de outro já, mas eu tive
coragem, e pensei mais na minha saúde do que no dinheiro. Dinheiro conseguimos
depois, mas essas coisas(abusos) geram traumas"
Comentei sobre essa coragem que ela teve, e sobre a tomada de decisão, onde não
se assujeitou, e foi protagonista do seu querer. Ela comentou que nunca havia tido
tanta coragem, e voltei a ela dizendo que isso é uma base para futuras decisões,
onde ela pode analisar sua situação, e tomar as melhores decisões levando em
conta sua saúde.
Terapeuta:
E sobre os auxílios da unir?
"Ainda bem que deu tudo certo, recebi o dinheiro, e me ajudou bastante. Por
enquanto esse dinheiro vai me ajudar, até eu arrumar outro emprego"
Durante a sessão, ela me explicou que quando recebeu a notícia de que a bolsa da
unir iria parar, ela pensou em adiar o pedido de demissão. Mas depois que ficou
sabendo que iria voltar, e ela acabou recebendo, resolveu logo pedir demissão e
correr atrás de outro emprego, pois ela ainda consegue manter a compra de
materiais com o auxílio da Unir, assim como passagem de ônibus e a alimentação
no campus.
Finalizamos a sessão e eu expliquei sobre o recesso da clínica, e que voltaríamos
os atendimentos em fevereiro do ano que vem.

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