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21 de julho de 2022
Eu tentei me anestesiar…
Relato de uma internação psiquiátrica.
Para começar esse relato vou me apresentar, me chamo Camile, atualmente
tenho 17 anos, moro na cidade de Botucatu-SP. Sofro de depressão, ansiedade
e síndrome do pânico, faço acompanhamento psiquiátrico no CAPS Infantil II.
lá não era nada acolhedor como aparentava, era um tédio que chegava a ser
fatal, tinha pacientes com depressão, esquizofrenia e muitos outros distúrbios
mentais… e aquelas pessoas estavam lá sozinhas sem sem acolhimento algum
em um momento em que oque elas mais precisavam era ser acolhidas e
tratadas corretamente, aquilo era de se partir o coração, lá conheci muitas
pessoas carentes pois não tinham a atenção necessária, havia muita falta de
empatia da parte de alguns profissionais, lá não tínhamos contato nenhum com
o mundo exterior a não ser quem tinha um celular que não era o caso da maioria
dos pacientes de lá, não tive contato com a luz do sol por seis longos e tristes
dias, o'que eu mais queria era ir embora daquele lugar terrível, tinha pessoas
que relataram estar la a um mês para mais, eu imagino o desespero e a tristeza
dentro deles.
Uma paciente em questão me chamou atenção pois ela era muito carente e a
mais "problemática" para os enfermeiros e médicos de lá, ela já havia tentado
fugir algumas vezes e sempre dopavam ela e ameaçavam mandar ela para o
cantidio onde diziam para ela que ela não sairia mais de lá eles faziam isso com
ela para ver se ela “parava de dar trabalho” uma coisa absurda, não havia
diálogo com ela as enfermeiras viam ela como um problema e não como alguém
que necessitava de ajuda.
Ela queria ir embora mas nem com o médico psiquiátrico ela conseguia
conversar direito, na real quase ninguém conseguia conseguia os médicos
ficavam lá em uma sala, mas mal olhava nos nossos rostos, e quando
conseguimos conversar com eles era muito rápido e como se ele só estivesse
fazendo aquilo por pura obrigação um descaso total, aquele lugar parecia um
presídio, falta muita empatia da parte das profissionais. Infelizmente a saúde
mental ainda é um tabu muito grande para a sociedade e quem mais sofre com
isso tudo, todo o preconceito, o descaso, a falta de empatia somos nós que
dependemos desse sistema precário, não foi fácil contar esse relato mas achei
necessário, espero que isso possa mudar alguma coisa na saúde mental.
Hoje continuo nessa luta contra depressão e os outros distúrbios, não é fácil e
nunca vai ser, mas espero um dia ser feliz de verdade e sentir essa sensação de
felicidade novo, e não só ver as memórias boas indo embora com o tempo e as
ruins tomando conta.
Camile Lobo
instagram:_lobo_camile