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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação a Distancia

A construção da Democracia na antiguidade Grega

Amélia Maera Ossiua-708220069

Curso: Licenciatura em ensino de História

Disciplina: História das Instituições Politicas I

Ano de frequência:1° Ano

1° Trabalho

Quelimane Outubro de 2022


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Categorias Indicadores Padrões Classificação


Pontuação Nota Sobtotal
máxima do
tutor
Estrutura Aspectos Capa 0.5
organizacionais Índice 0.5
Introdução 0.5
Discussão 0.5
Conclusão 0.5
Bibliografia 0.5
Conteúdo Introdução Contextualização 1.0
(Indicação clara do
problema)
Descrição dos 1,0
objectivos
Metodologia 2,0
adequada ao objecto
do trabalho
Análise e Articulação e 2.0
discussão domínio do discurso
académico
(expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
Revisão 2.0
bibliográfica
nacional e
internacionais
relevantes na área
de estudo
Exploração dos 2.0
dados
Conclusão Contributos teóricos 2.0
práticos
Aspectos Formatação Paginação, tipo de 1.0
gerais tamanho de letra,
paragrafo,
espaçamento entre
linhas
Referências Normas APA 6ª Rigor e coerência 4.0
bibliográficas edição em das
citações e citações/referências
bibliográficas bibliográficas
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Índice
1.0. Introdução .................................................................................................................. 4

2.0. Objectivo geral .......................................................................................................... 4

2.1. Objectivos específicos ............................................................................................... 4

3.0. Metodologia ............................................................................................................... 4

4.0. Democracia ................................................................................................................ 5

5.0. Democracia na antiguidade Grega ............................................................................. 5

6.0. Historicidade do surgimento da democracia ............................................................. 6

7.0. Os passos seguidos pela sociedade grega para a construção do sistema democrático
.......................................................................................................................................... 7

8.0. Características da Democracia Ateniense.................................................................. 8

9.0. Diferenças entre a Democracia Grega e Democracia Actual .................................... 8

10.0. A qualidade da democracia...................................................................................... 9

11.0. Conclusão .............................................................................................................. 10

12.0. Bibliografia ............................................................................................................ 11


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1.0. Introdução
A democracia grega, em particular o caso da grega, ele deve ser situado
historicamente, pois suas condições de surgimento e sua estruturação política tiveram
uma determinação histórica e somente nela encontram o sentido de sua ocorrência. As
fontes de que dispomos hoje são os textos de historiadores e de filósofos antigos,
bem como de estudiosos contemporâneos do tema. Quanto ao significado e ao
exercício da democracia, vale a observação de que “democracia tem significados
diferentes para povos diferentes em diferentes tempos e diferentes lugares”. Essas
diferenças devem ser identificadas quando se deseja comparar ocorrências da
democracia em locais ou épocas distintas.

2.0. Objectivo geral


Descrever os passos seguidos pela sociedade grega para a construção do sistema
democrático

2.1. Objectivos específicos


Apresentar os fundamentos da democracia na Grécia antiga
Enunciar os principais percursores da democracia grega
Caracterizar a democracia grega

3.0. Metodologia
Para a produção do trabalho, recorreu se a consulta de obras bibliográficas de vários
autores que versam sobre o tema.
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4.0. Democracia
Origens

O conceito de democracia ficou conhecido com a experiência de autogoverno dos


cidadãos atenienses durante o período de Péricles, no século V a C, embora já fosse
usado antes. A palavra democracia é formada por dois vocábulos gregos que, juntos,
implicam uma concepção singular de relações entre governados e governantes: “demos”
significa povo ou muitos, enquanto “kracia” quer dizer governo ou autoridade; assim,
em contraposição à prática política adoptada até então, ou seja, o governo de um sobre
todos (monarquia) ou de poucos sobre muitos (oligarquia), o conceito de democracia
passou a conotar, como tanto Aristóteles como Platão observaram, a ideia de uma forma
de governo exercido por muitos; mas é um equívoco considerar isso uma democracia
directa, pois mesmo sendo um governo para muitos e exercido por muitos, não o era por
todos, já que estavam excluídos da cidadania mulheres, escravos e trabalhadores
braçais.

Segundo Heródoto, foi Péricles quem usou pela primeira vez, em sua oração fúnebre em
homenagem aos heróis da guerra do Peloponeso, a idéia de que a democracia é o
governo “do povo, pelo povo e para o povo”, um enunciado tornado célebre após ser
usado por Abraão Lincoln no século XIX. Mas a contribuição de Péricles, fruto de sua
reflexão como estadista, foi muito além; no seu famoso discurso, ele sugeriu, como
observaram alguns especialistas, que a democracia inventada em Atenas dizia respeito a
dois ideais complementares: a distribuição equitativa do poder de tomar decisões
coletivas e o julgamento dos cidadãos quanto ao processo de tomada dessas decisões e
os seus resultados. Esses ideais iriam converter-se, ao longo das transformações
históricas que deram origem à democracia moderna, nos principais pilares do conceito,
distinguindo claramente esse regime de alternativas como o autoritarismo e o
totalitarismo

5.0. Democracia na antiguidade Grega


Para compreendermos a democracia grega, em particular o caso ateniense, este deve
ser situado historicamente, pois suas condições de surgimento e sua estruturação
política tiveram uma determinação histórica e somente nela encontram o sentido de sua
ocorrência. As fontes de que dispomos hoje são os textos de historiadores e de filósofos
antigos, bem como de estudiosos contemporâneos do tema.
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O termo demokratía aparece em obras dos historiadores Heródoto (484 a.C -425 a.C) e
Tucídides (460 a.C. -395 a.C.), bem como na obra de filósofos como Platão (República)
e Aristóteles (Política). Nelas, é referida como governo exercido pelo dêmos(povo,
conjunto de cidadãos livres), ou como governo exercido pelos pobres(em
contraposição a demais classes) (FERREIRA, 1989; PEREIRA, 1993).

Após a Antiguidade, a ocorrência do termo democracia interrompe-se, ressurgindo no


século XVIII(Pereira, 1993; SARTORI, 1994; HANSEN, 1992). Quanto ao significado
e ao exercício da democracia, vale a observação de Robert Dahl (2001,p.13) de
que “democracia tem significados diferentes para povos diferentes em diferentes
tempos e diferentes lugares”. Essas diferenças devem ser identificadas quando se
deseja comparar ocorrências da democracia em locais ou épocas distintas.

Condições favoráveis à participação popular no governo que, segundo Dahl


(2001,p.20),seriam “a identidade do grupo, a pouca interferência exterior, um
pressuposto de igualdade” podem ter ocorrido em diferentes locais na Antiguidade,
contudo “os sistemas de governo que permitiam a participação popular de um
significativo número de cidadãos foram estabelecidos pela primeira vez na Grécia
clássica e em Roma, por volta do ano 500 a. C.” (p.21), ressalvando-se suas
diferenças.

6.0. Historicidade do surgimento da democracia


A abertura política proporcionada pelo governo de Clístenes à participação directa dos
cidadãos conforme cada região geográfica–não mais conforme a uma nobreza “de
sangue” ancorada em crenças mítico-religiosas–traz uma descentralização do poder,
mudanças políticas e também formativas (o que hoje chamaríamos de
sociopedagógicas).

Peixoto (1994) ressalta a importância da educação dos jovens filhos de comerciantes


promovida a essa época por sofistas que lhes ensinavam a arte da retórica, de modo a
capacitar tais jovens para defenderem ideias e projectos na Assembleia dos cidadãos.

A democracia era direta, isto é, exercida diretamente pelos cidadãos sorteados de cada
uma das 10 tribos existentes. Cada tribo enviava 50 cidadãos para formar a búle dos
500. Esta preparava as leis que eram aprovadas ou não na assembléia, ou Eclésia, onde
todos os cidadãos opinavam. Estas duas assembléias formavam o poder legislativo.
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Cada uma das 10 tribos enviava um estratego, cujo conjunto exercia o poder executivo.
Cada tribo escolhia 60 cidadãos que compunham os 12 tribunais da helieia,
responsáveis pela justiça. Clístenes propôs também um exílio forçado de 10 anos para
os cidadãos considerados indesejáveis.

7.0. Os passos seguidos pela sociedade grega para a construção do sistema


democrático
Anterior a implementação da Democracia em Atenas, a cidade-estado era controlada por
uma elite aristocrática oligárquica denominada de “eupátridas” ou “bem nascidos”, os
quais detinham o poder político e económico na polis grega.

Entretanto, com o surgimento de outras classes sociais (comerciantes, pequenos


proprietários de terra, artesãos, camponeses, etc.), as quais pretendiam participar da vida
política, a aristocracia resolve rever a organização política das cidades-estados, o que
mais tarde resultou na implementação da “Democracia” Robert Dahl (2001) .

De tal maneira, por volta de 510 a.C. a democracia surge em Atenas através da vitória
do político aristocrata grego Clístenes. Considerado o "Pai da Democracia", ele liderou
uma revolta popular contra o último tirano grego, Hípias, que governou entre 527 a.C. e
510 a.C..

Após esse evento, Atenas foi dividida em dez unidades denominadas chamadas
“demos”, que era o elemento principal dessa reforma e, por esse motivo, o novo regime
passou a se chamar “demokratia”. Atenas possuía uma democracia directa, onde todos
os cidadãos atenienses participavam directamente das questões políticas da polis

. De tal modo, Clístenes, baseada nas legislações anteriormente apresentadas por Dracon
e Solon, iniciou reformas de ordem política e social que resultariam na consolidação da
democracia em Atenas.

Como forma de garantir o processo democrático na cidade, Clístenes adoptou o


“ostracismo”, onde os cidadãos que demostrassem ameaças ao regime democrático
sofreriam um exílio de 10 anos. Isso impediu a proliferação de tiranos no governo
grego.

Sendo assim, o poder não estava somente concentrado na mão dos eupátridas. Com isso,
os demais cidadãos livres maiores de 18 anos e nascidos em Atenas poderiam participar
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das Assembleias (Eclésia ou Assembleia do Povo), embora as mulheres, estrangeiros


(metecos) e escravos estavam excluídos. Diante disso, podemos intuir que a democracia
ateniense não era para todos os cidadãos sendo, portanto, limitada, excludente e elitista.
Estima-se que somente 10% da população desfrutavam dos direitos democráticos.

Além de Clístenes, Péricles deu continuidade à política democrática. Ele foi um


importante democrata ateniense que permitiu ampliar o leque de possibilidades para os
cidadãos menos favorecidos.

Por volta de 404 a.C., a democracia ateniense sofreu grande declínio, quando Atenas foi
derrotada por Esparta na Guerra do Peloponeso, evento que durou cerca de 30 anos.

8.0. Características da Democracia Ateniense


Democracia directa;
Reformas políticas e sociais;
Reformulação da antiga Constituição;
Igualdade perante a lei (isonomia);
Igualdade de acesso aos cargos públicos (isocracia);
Igualdade para falar nas Assembleias (isegoria);
Direito de voto aos cidadãos atenienses.

9.0. Diferenças entre a Democracia Grega e Democracia Actual


A democracia ateniense foi um modelo político que fora copiado por várias sociedades
antigas, e que influencia até hoje o conceito de democracia no mundo.

No entanto, a democracia actual é um modelo mais avançado e moderno da democracia


ateniense, em que todos os cidadãos (maiores de 16 ou 18 anos), inclusive mulheres,
podem votar e aceder a cargos públicos, sem que seja excludente e limitada.

Além disso, na democracia ateniense, os cidadãos tinham uma participação directa na


aprovação das leis e nos órgãos políticos da polis, enquanto na democracia actual
(democracia representativa) os cidadãos elegem um representante.
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10.0. A qualidade da democracia


A democracia envolve, portanto, contestação e participação, como sustentaram
Schumpeter e Dahl de modos diferentes. Na continuidade dos avanços anteriores, nos
séculos XIX e XX o direito de voto foi estendido a todos os adultos reconhecidos como
cidadãos, independentemente de sexo, cor da pele, posição social, filiação ideológica ou
crença religiosa; nesse período surgiram também os sistemas partidários que
consolidariam a competição eleitoral como centro da disputa pelo poder. Mas eleições e
direito de voto, por si só - mesmo quando a participação é universal ou quase - não é
suficiente para garantir a ligação entre interesses e preferências dos cidadãos – o que
desejam para si e para a sua coletividade - e as políticas públicas adotadas pelo Estado.
Além disso, tampouco garantem que o império da lei esteja completamente
estabelecido, nem que direitos baseados na igualdade e liberdade estejam garantidos a
todos. A conexão entre essas coisas depende da existência e do bom funcionamento de
instituições como o legislativo, o judiciário, o ministério público e outros; essencial aqui
é o mútuo controle e a fiscalização que elas realizam entre si em nome dos cidadãos,
como sustenta Morlino.
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11.0. Conclusão
No presente trabalho concluímos que a implementação da Democracia em Atenas, a
cidade-estado era controlada por uma elite aristocrática oligárquica denominada de
“eupátridas” ou “bem nascidos”, os quais detinham o poder político e económico na
polis grega. Entretanto, com o surgimento de outras classes sociais (comerciantes,
pequenos proprietários de terra, artesãos, camponeses, etc.), as quais pretendiam
participar da vida política, a aristocracia resolve rever a organização política das
cidades-estados, o que mais tarde resultou na implementação da “Democracia”. Mas a
qualidade da democracia depende também da disposição cultural e moral dos cidadãos
de viver e aperfeiçoar esse sistema de governo através da crítica e da participação. Não
existe democracia sem democratas, isto é, pessoas comuns que aceitam conviver com as
outras no ambiente de tolerância e cooperação que caracteriza a democracia e que
alimentam, mesmo quando desejam aperfeiçoar o regime, sentimentos, atitudes e
comportamentos favoráveis a ele; para isso, a participação é fundamental, assim como a
disposição de corrigir distorções como a corrupção.

Na análise do livro VIII da República, Newton Bignotto (1998) nos lembra que
a relação entre democracia e tirania ocorreu no plano histórico e pôde ser
pensada no plano teórico por filósofos como Platão. A consolidação da
democracia no século V a. C. ocorreu como regime político erguido em oposição à
tirania de Psístrato e seus filhos. Nas passagens da Repúblicade Platão, a democracia
pura é um regime conflitivo, capaz de produzir a tirania. A tirania, contudo, é
teorizada não apenas como resultado de tal decadência, mas como “o ideal
negativo da vida política”, por ser modeloda “destruição da vida pública pela lógica dos
desejos” (BIGNOTTO, 1998, p.135).
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12.0. Bibliografia
BIGNOTTO, Newton. O tirano e a cidade. São Paulo: Discurso Editorial, 1998.
(Coleção Clássicos & Comentadores).

Heródoto (1942) The Persian Wars by Herodotus (tradução para o ingles de George
Rawlinson), Bruce J. Butterfield;

DAHL, Robert A. Sobre a democracia. Tradução de Beatriz Sidou. Brasília: Editora


Universidade de Brasília, 2001. Cap. 2, p.17-35.

HANSEN, Mogens Herman. The Tradition of the Athenian Democracy A. D. 1750-


1990.

PEIXOTO, Miriam C. D. Reabilitando os sofistas.Revista da Fundação Educacional


Monsenhor Messias, Sete Lagoas, v.1, n. 1, 1994, p.39-53.

PEREIRA, M. H. da Rocha. O nascimento da democracia. In: PEREIRA, M. H. R.,


Estudos de história da cultura clássica. Cultura grega (v.1).

SARTORI, Giovanni. A democracia grega e a democracia moderna. In: SARTORI,


Giovanni.

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