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impressão da natureza, um certo modo de ver ao qual a obra dava corpo). Para o
expressionismo o que interessa é trabalhar sobre essa impressão de modo a criar algo
de mais permanente que revela o mundo como território desconhecido. Nesta postura
naturalista. É nesse sentido que se pode interpretar a conhecida frase de Lotte Eisner
no seu livro sobre o cinema alemão dos anos 1920 e 30, O Ecrã Demoníaco: “O
expressionismo não vê, tem ‘visões’.” A visão é aqui uma forma de reorganizar as coisas,
coisas. É como se a estilização permitisse ir ao fundo eterno das coisas para além das
aparências.
corte, esta clivagem entre o interior e o exterior, os elementos exteriores são abstraídos
do seu contexto e das suas relações orgânicas. Tudo isto está presente no texto de
novo mundo.
Há também outro aspecto que tem a ver com a contexto social no qual o
mais do lado da sombra do que da luz, mais do lado da morte do que da vida. Der Golem,
wie er in die Welt kam (O Golem, 1920) é um exemplo, no qual uma estátua ganha vida e
sobe a uma cobertura confundido-se com o que o circunda. Os ângulos oblíquos dos
movimento.
com a Primeira Guerra Mundial, de decorreu principalmente até 1918, e com o colapso
fez com que Adolf Hitler e os nazis chegassem ao poder. As obras deste movimento
Caligarismo
O filme realizado por Robert Wiene, Das Cabinet des Dr. Caligari (O Gabinete do Dr. Caligari,
1920) chega já depois de 1918. Podemos dizer que este filme chegou tarde, ou melhor,
cénicos desenhados por Hermann Warm, mas que afectam como um vírus outros
Fritz Lang, mas pode ser entendido como um protótipo, um modelo formal e narrativo
expressionistas. Por isso, fala-se por vezes de caligarismo. Ou seja, no sentido estrito os
cinema como este, que projecta uma sensação constante de inquietação, de incerteza.
As formas deformam e electrificam aquilo que seria uma pacata e monótona aldeia,
para criar um labirinto que expressa e provoca o espírito das personagens. A estrutura
como Orlacs Hände (As Mãos de Orlac, 1924), sem a mesma carga gráfica, mas
precisos, mas que nasce da conjunção de todos eles. Ao contrário de Das Cabinet des Dr.
Caligari, Nosferatu, eine Symphonie des Grauens (Nosferatu, o Vampiro, 1922) quase não foi
tempo da natureza através dos seus meios de composição e transforma espaço e tempo
o naturalismo. Este registo cria uma tipologia de imagens que criam um sentido
universo. Rudolf Kurtz, no estudo que fez sobre o expressionismo no cinema publicado
em 1926 escreve:
Murnau, que no seu filme Der letzte Mann (O Último dos Homens, 1924), com Jannings
possuem formas que se lhe assemelham. Esta aventura arrepiante que Henryk
Der letzte Mann é o mais famoso Kammerspielfilm, filme de câmara (câmara no sentido de
quarto, aposento) que deriva do termo teatral Kammerspiele, peça de câmara. Neste tipo de
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filmes, assim chamados por serem um retrato íntimo da vida familiar da classe média
são então parte integrante da forma cinematográfica, elementos da própria visão. Der
letzte Mann centra-se num homem que é despromovido de porteiro para ajudante de
casa de banho num hotel. O filme recorre a falsas perspectivas para ampliar o espaço
uso de superfícies estilizadas como em Das Cabinet des Dr. Caligari, mas também da simetria,
que o cineasta utilizou muito neste período da sua filmografia e que é do domínio da
(Os Nibelungos: A Morte de Siegfried, 1924), muitos planos são compostos a partir de
formas que se combinam num todo. A força da simetria permite conjugar actores,