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origem do cinema :

A origem do cinema está relacionada com a antiga necessidade do homem em registrar o movimento. Pode-se dizer, entretanto, que a
mais primordial tentativa de fazer algo mais dinâmico, próximo à ideia de cinema, foi registrada na China por volta de 5000 a.C.
Tratava-se de um teatro de sombras, no qual figuras recortadas eram manipuladas para representar as personagens da história a ser
apresentada.
Ao longo do tempo, diversas invenções e melhoramentos tecnológicos possibilitaram a criação de aparelhos capazes de captar e
registrar o movimento. Entre eles podemos citar a câmara escura, princípio desenvolvido por Leonardo Da Vinci no século XVI, além
da lanterna mágica criada por Athanasius Kirchner durante o século XVII que era capaz de projetar imagens desenhadas em lâminas
de vidro.
Apesar de uma quantidade razoável de “inventores” terem se dedicado a produzir o cinematógrafo, como ficou conhecido o
primeiro aparelho de projeção cinematográfica, a invenção é atribuída aos irmãos Auguste e Louis Lumières no final do século XIX.
No entanto, foi o fenômeno da “persistência de visão”, descoberto pelo inglês Peter Mark Roger em 1826, além do desenvolvimento
da fotografia por Louis-Jacques Daguerre e Joseph Nicéphore Niépce na mesma época que deram o pontapé inicial para a criação das
filmadoras. A partir daí diversos equipamentos foram idealizados ao longo do século XIX. A captura da “imagem-movimento” foi
possível a partir de 1890 com a criação do Cinetoscópio por Thomas Edison, que é considerado um dos maiores inventores da
humanidade, criou junto com o seu assistente, William Dickson, o Cinetoscópio. O equipamento era uma grande caixa que permitia a
visualização de filmes, este invento foi o precursor das películas cinematográficas, que introduz o filme de celulóide perfurado para
projetar imagens no interior do invento, visto por uma única pessoa. Esse invento e os modelos que o sucederam na década seguinte
contribuíram para o desenvolvimento do cinema e da arte cinematográfica.
cinema mudo:
Desde o início os inventores e produtores tentaram juntar a imagem com um som sincronizado, até então já haviam sido feitos
experimentos com som, mas com problemas de sincronização e amplificação, nenhuma técnica deu certo até a década de 20, assim
sendo, durante 30 anos os filmes eram praticamente silenciosos, sendo acompanhados muitas vezes de música ao vivo, outras vezes
de efeitos especiais, narração e diálogos escritos presentes entre cenas. O famoso ator britânico Charles Chaplin, é considerado uma
das figuras mais importantes no cinema mudo, notabilizado pelo uso de mímica e da comédia pastelão.
A primeira sessão pública do cinematógrafo durou cerca de 20 minutos, dez filmes curtíssimos foram projetados num quadro
branco de tecido, certamente o filme que mais impressionou a plateia foi o intitulado “A Chegada de um trem na estação”, dizem que
algumas pessoas teriam se jogado ao chão quando viram a locomotiva avançar em direção a eles, outro filme exibido na mesma
ocasião foi “A saída da Fábrica Lumière em Lyon” que registrava a saída dos funcionários do interior da empresa Lumière, na cidade
de Lyon, na França, o cinematógrafo logo passou a registrar não apenas cenas do cotidiano, mas também cenas dramáticas,
elaboradas com certo nível de teatralidade.
Nas três primeiras décadas do século XX o cinema se afirmou como arte, e isso ocorreu sobretudo, pela ação de artistas
interessados em teatro, mágica (ilusionismo) e todo tipo possível de efeito cênico, um dos principais nomes dessa fase do cinema foi o
ilusionista francês Georges Meliès, considerado o primeiro produtor e cineasta da história do cinema, Meliès adquire o bioscópio de
Robert Paul, modificando-o e tornando-o um aparelho semelhante ao cinematógrafo, então começou a exibir filmes em 1896, ele foi
pioneiro em alguns efeitos especiais, seu filme "Viagem à Lua" em 1902, de apenas 14 minutos, foi provavelmente o primeiro a tratar
sobre o assunto de alienígenas.
No final da década de 1920, diversos sistemas de sincronização de som foram lançados por Hollywood, a partir de 1927, com a
estreia bem-sucedida de “O cantor de jazz” (Alan Crosland), que continha várias sequências cantadas e faladas, os filmes mudos
desapareceram, apenas Charles Chaplin insistiu em continuar e fez pelo menos duas de suas obras primas “Luzes da cidade” e
“Tempos Modernos”, mas acabou cedendo e dirigiu o filme “O grande ditador” com som sincronizado. O uso do som fez com que o
cinema se diversificasse mais em termos de gêneros, dessa nova tecnologia nascia o musical e algumas comédias, e da junção dos
dois, surgia a comédia musical.
cinema clássico:
Desde 1895, ano em que os críticos e historiadores oficializam a criação do cinema, que os filmes são realizados em diferentes
culturas, e com diferentes objetivos, várias escolas e gêneros surgem na história do cinema, mas o cinema clássico foi responsável
pelo surgimento da indústria cinematográfica.
Durante a I Guerra Mundial (1914-1918), a produção cinematográfica europeia foi abalada, e já nesta época Hollywood
começava a erguer-se com enormes estúdios, com um novo sistema de produção, produzia filmes numa escala industrial, de modo a
serem distribuídos e exibidos a nível mundial.
O cinema clássico tem suas raízes mais fortes no cinema norte-americano, mas que também pode ser encontrado em muitos
outros países, é aquele em que a história geralmente linear vai do começo até o fim, sem maiores complicações, girando em torno de
um conflito claramente estabelecido, e os personagens quase sempre heróis e heroínas dominam os filmes. O tipo de relação que o
cinema estabeleceu com o espectador entre 1927 e 1941 ainda é o mais bem-sucedido em termos comerciais, filmes históricos ou
bíblicos na maioria das vezes caminharam de mãos dadas, dentre os que misturavam estes dois gêneros se destacaram "Os dez
mandamentos" (1923), "Rei dos Reis" (1932) e “Cleópatra” (1934).
Alguns dos filmes icônicos do cinema clássico, realizados no período histórico que popularizou estratégias narrativas, são “A
grande ilusão” (1937), e em 1939 os maiores êxitos do cinema foram "O Maravilhoso Mágico de Oz" e o "E o vento levou", outro filme
clássico de grande destaque foi “Casablanca” (1942).
Não é necessário procurar filmes antigos para saber como funciona o cinema clássico, são esses tipos de filmes que dominam
o mercado de longas no mundo todo, mesmo tendo passado mais de setenta anos. As trilogias “O Senhor dos Anéis” (2001) e “A saga
crepúsculo” (2008), “The Hobbit” (2012), entre outras grandes produções contemporâneas fazem parte do cinema clássico.
cinema moderno:
A transição do cinema clássico para o cinema moderno não deve ser vista necessariamente como a substituição de um tipo de cinema
por outro, mas sim como uma transição natural. A base do cinema moderno é exatamente o cinema clássico, que transcendeu
determinados limites, se reinventou, quebrou barreiras e remodelou um conjunto de regras.
O cinema moderno nasceu com o “Neorrealismo Italiano”, que foi um movimento cinematográfico que despontou nos anos
1940, especialmente em Roma, que surgiu no pós-guerra, e acrescenta um dado importante: é possível fazer filmes com pouco
dinheiro e mesmo assim alcançar prestígio internacional. O italiano Roberto Rossellini, diretor de cinema, dirige “Roma Città Aperta”
(1945), e Vittorio de Sica (também diretor italiano) dirige “Ladrões de bicicleta” (1948), abrindo caminho para outros diretores e
cineastas, como Frederico Fellini, Pier Paolo Pasolini, Michelangelo Antonioni, Bernardo Bertolucci e Ettore Scola.
Já o cinema moderno, no modelo americano surgiu com “Cidadão Kane” (1941) do diretor e produtor norte-americano
George Orson Welles, sendo um divisor de águas, com uma estética que combina ficção e documentário, uma decupagem (divisão do
roteiro em cenas) extremamente criativa e o uso de grande profundidade de campo, que permitia acumular diversas informações
dramáticas num mesmo enquadramento, Welles realmente sacudiu a linguagem cinematográfica. O espectador moderno é convidado
a refletir sobre o que está vendo e comparar a mensagem do filme com a sua própria vida, podendo criticar, tomar consciência e
participar.
Algumas características marcantes no cinema moderno, são a existência de personagens mais complexos, multifacetados, que
possuem características variadas e peculiares; além disso, a câmera ganhou mobilidade e o movimento se insinuou como um grande
vetor dessa mudança. A montagem não necessariamente criava um percurso linear e os finais eram frequentemente abertos, por um
lado, havia maior fidelidade à ideia de vida real, e, por outro, uma noção acurada do cinema como uma forma de arte única e
fascinante.
Em 1954, o cineasta francês François Truffaut, um dos maiores ícones da história do cinema do século XX, e um dos
fundadores do movimento cinematográfico conhecido como “Nouvelle Vague” (Nova onda), publica um artigo na revista Cahiers Du
Cinéma que é considerado como desencadeador do movimento francês.
A “Nouvelle Vague” (Nova Onda) foi um movimento feito por críticos de cinema, que resolveram passar da teoria à prática, na
busca por filmes políticos e politizadores, que atacassem as convenções de Hollywood. Surge então a figura do autor cinematográfico,
associada ao diretor que tem o controle estético de sua obra e não se deixa subjugar pela produção. François Truffaut faz “Os
incompreendidos” (1959) e “Acossado” (1960), de Jean-Luc Godard cineasta, roteirista e crítico de cinema franco-suíço, que ganhou
destaque como pioneiro no movimento de filmes franceses da Nouvelle Vague dos anos 1960, seu filme “Acossado” é aclamado como
um filme revolucionário.
No Brasil, surge o “Cinema Novo”, um gênero cinematográfico exclusivamente brasileiro que se estabeleceu no cenário
audiovisual nacional na segunda metade do século XX, destacando-se por dar ênfase à igualdade social e ao intelectualismo. Os filmes
produzidos com base no Cinema Novo, tinham o objetivo de se oporem ao cinema até então produzido no Brasil que consistiam,
principalmente em musicais, comédias e épicos, ao estilo Hollywoodiano. O Cinema Novo, comandado pelos diretores Nelson Pereira
dos Santos, Cacá Diegues e Glauber Rocha, cria a Estética da Fome e faz sucesso em festivais internacionais.
Hollywood percebe que os tempos mudaram, e sem renunciar a algumas receitas de sucesso que ainda funcionavam, busca
novos talentos no cinema independente e nas universidades.
Nesta geração, o grande nome é Francis Ford Coppola, um produtor, roteirista e cineasta ítalo-norte-americano, que,
com a trilogia “O poderoso chefão” (1972, 1974 e 1998) e “Apocalypse Now” (1979), prova que o cinema americano continua sendo o
melhor do mundo. O cineasta, produtor de cinema, roteirista e ator norte-americano Martin Scorsese, não fica atrás, com filmes como
“Caminhos perigosos” (1973), “O rei da comédia” (1983) e “Os bons companheiros” (1990).
A maior diferença entre o cinema clássico e o cinema moderno, é possivelmente a liberdade de se reinventar, de quebrar
supostas regras a favor de experiências múltiplas e, talvez, mais íntimas. Enquanto o cinema clássico buscava, majoritariamente,
envolver o espectador em um universo mágico e fantástico, o cinema moderno surgiu com preocupações mais profundas, como
refletir sobre sua própria natureza e seu papel social, até mesmo convidando o espectador a meditar sobre o processo durante a
sessão.
Vale ressaltar que um tipo de cinema não desmerece o outro, todos os momentos cinematográficos possuem seu lugar na
história e foram motivados por circunstâncias externas – políticas, econômicas, sociais ou culturais. O repertório dos espectadores
contemporâneos é composto de uma série de filmes considerados clássicos, obras de extrema maestria em sua composição narrativa e
estética. Curiosamente, muitos filmes que se encaixam na definição do cinema moderno já são considerados por muitos, nos dias de
hoje, como clássicos. De certo modo, os filmes notórios de hoje se tornam os clássicos de amanhã.

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