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O NEORREALISMO ITALIANO
Pode-se dizer que o moderno surgiu entre as duas Grandes Guerras, mas estabeleceu-se
em definitivo no final da Segunda.
Diferente do clássico, aqui as filmagens eram mais cruas e realistas, enquanto que a
decupagem não seguia convenções do naturalismo Hollywoodiano. Além disso, os fatores
humanos e subjetivos eram mais valorizados. Sob o ponto de vista financeiro, as obras
tinham um orçamento menor.
No final dos anos 40, José Carlos Burle fez uma das primeiras obras brasileiras com
indícios modernos: o filme Também Somos Irmãos (1949). Porém em 1955, Nelson Pereira
dos Santos fez a primeira obra assumidamente moderna, com cenários realistas e temática
com forte apelo social, Rio, 40 Graus.
Glauber Rocha, Paulo César Saraceni, Joaquim Pedro de Andrade e Nelson Pereira
integraram o Cinema Novo Brasileiro. A obra mais importante desse ciclo é Deus e o Diabo
na Terra do Sol (1964), pois inaugurou definitivamente a estética e a temática desse
movimento, sob influência da literatura de cordel e da poesia popular nordestina. Rocha
reuniu elementos dissonantes, como a filmagem em estilo documental e atuações
exageradas, teatrais.
Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) - Glauber Rocha
Além do Cinema Novo, o Cinema Marginal foi outro movimento moderno brasileiro. O
Marginal trazia elementos mais urbanos e com locações reais, e buscava se apropriar da
cultura de massa, com referências que iam desde o rádio e a publicidade até quadrinhos
norte-americanos. Um dos nomes mais importantes desse movimento foi Rogério
Sganzerla.
O grande movimento moderno norte-americano foi a Nova Hollywood. Nos anos 60, a Nova
Hollywood passou por uma fase na qual os cineastas se inspiravam em obras européias
modernas enquanto dialogavam com o dinamismo do cinema clássico.
Já nos anos 70, diretores como George Lucas e Steven Spielberg inauguram o conceito de
blockbuster. Eles trazem para as telas o espetáculo esquecido com o fim da Era de Ouro,
através de premissas simples como um tubarão assassino ou guerreiros espaciais.
Além dessas questões históricas envolvendo contextos políticos, podemos dizer que a ideia
principal do Cinema Moderno é subverter os elementos do Cinema Clássico.
SUBVERSÕES MODERNAS
Nos filmes de Tarkovski, por exemplo, a ideia tradicional do tempo é subvertida. Um plano
de Tarkovski pode mostrar presente, passado ou futuro; há uma ambiguidade nesse ponto.
Stalker (1979) - Andrei Tarkovsky
Segundo André Bazin, Cidadão Kane (1941) também pode ser chamado de moderno.
Welles subverte a decupagem clássica, com planos sequências filmados com profundidade
de campo. A montagem não dita o ritmo e é possível passear o olhar pelas imagens.
Em síntese, mesmo que não façam explicitamente parte de algum movimento moderno,
existem diretores ou filmes modernos que são caracterizados por essas subversões de uma
representação tradicional.
No livro A Mise en Scène no Cinema, Luiz Carlos Oliveira Jr. apresenta a ideia de Rohmer
de que o cinema moderno economiza em escolhas de linguagem para se aprofundar no
viés dramático.
Júnior ainda fala que a abordagem de um diretor como Rossellini respeita o objeto filmado
como ele é, sem tentar deformar sua realidade. Rossellini busca evidenciar uma instância
criadora do mundo através da abordagem realista.
Stromboli (1950) - Roberto Rossellini